UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAPA PRÓ-REITORIA DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO DEPARTAMENTO DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO/MESTRADO EM DESENVOLVIMENTO REGIONAL ARY CAMARGO DE FREITAS MANGABA (Hancornia speciosa Gomes): Localização de populações nativas no cerrado amapaense e caracterização morfológica das progênies do banco ativo de germoplasma da EMBRAPA Amapá MACAPÁ - AP 2012 ARY CAMARGO DE FREITAS MANGABA (Hancornia speciosa Gomes): Localização de populações nativas no cerrado amapaense e caracterização morfológica das progênies do banco ativo de germoplasma da EMBRAPA Amapá. Dissertação apresentada à UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAPÁ como parte das exigências para a obtenção do título de Mestre, do Mestrado Integrado em Desenvolvimento Regional ofertado pela Universidade Federal do Amapá (UNIFAP) em parceria com a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (EMBRAPA) e o Instituto de Pesquisas Científicas e Tecnológicas do Amapá (IEPA). Área de concentração: Meio Ambiente, Cultura e Desenvolvimento Regional. Orientador: Gilberto Ken-Iti Yokomizo MACAPÁ - AP 2012 FICHA CATALOGRÁFICA Autorizo a reprodução e divulgação total ou parcial deste trabalho, por qualquer meio convencional ou eletrônico, para fins de estudos e pesquisas, desde que a fonte seja citada. Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) Biblioteca Central da Universidade Federal do Amapá Freitas, Ary Camargo. MANGABA (Hancornia speciosa Gomes): Localização de populações nativas no cerrado amapaense e caracterização morfológica das progênies do banco ativo de germoplasma da EMBRAPA Amapá./Ary Camargo de Freitas; orientador Gilberto Ken-Iti Yokomizo. – Macapá, AP. 2012. 79 f. Mangaba (Hancornia speciosa Gomes), seleção, frutos. Dissertação (mestrado) – Fundação Universidade Federal do Amapá, Mestrado Integrado em Desenvolvimento Regional, 2012. 1. Mangaba (Hancornia speciosa).2. seleção. 3. frutos. I. Yokomizo, Gilberto Ken-Iti, orient. II. Fundação Universidade Federal do Amapá. III. Título. CDD. 22. ed. 575.1 ARY CAMARGO DE FREITAS Dissertação apresentada à UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAPÁ como parte das exigências para a obtenção do título de Mestre, do Mestrado Integrado em Desenvolvimento Regional ofertado pela Universidade Federal do Amapá (UNIFAP) em parceria com a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (EMBRAPA) e o Instituto de Pesquisas Científicas e Tecnológicas do Amapá (IEPA), área de concentração: Meio Ambiente, Cultura e Desenvolvimento Regional. Avaliado em: ____/____/2012 Banca Avaliadora: ____________________________________ Prof. Dr. Gilberto Ken-Iti Yokomizo EMBRAPA – Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária ____________________________________ Prof. Drª Eleneide Doff Sotta EMBRAPA – Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária ____________________________________ Prof. Dr. Arnaldo Bianchetti Bioverde Consultoria Empresarial Ltda. ____________________________________ DADOS DO AUTOR Ary Camargo de Freitas nasceu em 02 de abril de 1957 em Dourados-MS, Bacharel em Engenharia de Florestas Tropicais (2006), Especialista em Docência do Ensino Superior (2008), Educação Ambiental (2009), Geoprocessamento e Georreferenciamento de Imóveis Rurais (2011) e Mestrando MINTEG/UNIFAP em 2012. "La vraie philosophie se moque de la la philosophie" BLAISE PASCAL A Marily Mytiko, Suely, Rosangela Maria, Inês, Itaciana, Maria, Edna, Conceição Maria que dividiram seu afeto e enriqueceram com amor a minha vida, OFEREÇO Aos meus amados filhos e filhas, Adriana, Eugênia, Gisele, Maria, Danilo, Ariadne e Daniele; aos meus netos e netas pela inspiração e carinho, DEDICO AGRADECIMENTOS Agradeço a Universidade Federal do Amapá (UNIFAP), Instituto de Pesquisas Científicas e Tecnológicas do Estado do Amapá (IEPA), Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (EMBRAPA) por possibilitarem a minha formação no curso de Mestrado Integrado em Desenvolvimento Regional (MINTEG), ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) pelo apoio financeiro recebido através de bolsa de estudos. Aos professores Willian Dagher, Gilberto Ken-Iti Yokomizo, Fabiano Cesarino, Marcelino Guedes, Lino Medeiros, Rosângela Sarquis, Fernando Rabelo, Marinalva Silva de Oliveira, Ricardo Ângelo Pereira de Lima, Jadson Luis Rebelo Porto, Arley José de Oliveira Costa, Antonio Sergio Monteiro Filocreão, Antonio Carlos Lola da Costa, Everaldo Barreiros de Souza, Ricardo Adaime da Silva; aos técnicos da Embrapa Amapá, Adalberto Azevedo Barbosa, Edilaldo Santana Nunes, Leila de Almeida Guerra, Claudeci F. da Trindade e aos diletos pesquisadores Raimundo Pinheiro Lopes Filho e Rogério Mauro Machado Alves pelo café com filosofia e compreensão, inerentes aos mais experientes, aos meus colegas de mestrado, a Secretaria do MINTEG. Um tríplice e fraternal abraço ao meu irmão adepto do malte escocês antigo e aceito Fernando Canto e cunhada, por haver carinhosamente recebido em sua casa a turma de mestrandos para um “sarau”. Agradeço em especial aos meus ancestrais, amigos visíveis e invisíveis, que partilharam seu saber no decorrer de minha existência acrescentando novos conhecimentos e formas de vislumbrar a ciência e o mundo em que vivemos. RESUMO Os frutos das mangabeiras (Hancornia speciosa Gomes) são coletados em populações nativas nos tabuleiros costeiros e no litoral do Nordeste brasileiro, apresentando importância social e econômica na produção, principalmente de sorvetes, sucos e doces. As plantas de mangabeira apresentam alta variabilidade no tamanho, forma, coloração e produtividade dos frutos. Essa variabilidade é de extrema importância ao melhoramento genético associado à presença de populações dispersas no semiárido e cerrado, que constituem importante fonte de germoplasma possivelmente divergente. A seleção de materiais superiores permitiria a estruturação de plantios racionais e sustentáveis para fins comerciais, evitando a extinção desta espécie que se encontra sob elevado efeito antrópico desfavorável. Desta forma a presente dissertação visou localizar as populações nativas existentes no cerrado amapaense e também verificar se existem diferenças morfológicas entre progênies provenientes do cerrado amapaense em comparação com as oriundas da Paraíba. O Banco Ativo de Germoplasma (BAG) instalado no Campo Experimental do Cerrado, localizado na Rodovia BR 156, km 44, pertencente à Embrapa Amapá, possui progênies coletadas nas populações nativas e oriundas do Estado da Paraíba, região nordeste do País. O material genético foi composto de um total de 239 progênies nativas e 72 progênies da Paraíba, todas adultas, com a mesma idade e produzindo frutos, o delineamento da área experimental foi em látices, com duas repetições e seis plantas por parcela. Nas duas populações foram avaliados caracteres relativos a aspectos vegetativos e reprodutivos, bem como realizada análise estatística para verificar diferenças significativas entre ambas. Os caracteres avaliados foram número de plantas vivas na parcela (NPV); arquitetura da planta (ARP); valor agronômico (VA); circunferência da copa da planta (RCP); densidade da copa da planta (DCP); altura da planta (ALT); número estimado de frutos na planta (NEF); formato do fruto (FOF); matiz do fruto (COR); peso médio de dez frutos (PDF); diâmetro do fruto (DF); média do comprimento de dez frutos (MCF); média do número de sementes de dez frutos (MNS); tempo em dias de frutificação (TF) e peso médio de polpa de dez frutos (PDP). Com a conclusão da bioprospecção e análise estatística observou-se no georreferenciamento a presença de importantes populações nativas de mangabeiras, as quais devem ser conservadas no cerrado in situ ou de forma ex situ no BAG, por representarem importante germoplasma com potencial para uso no melhoramento genético da espécie. Com relação as análise estatísticas dos caracteres avaliados observou-se que as progênies da população nativa apresentaram diferenças significativas em quase todos os caracteres avaliados, demonstrando a presença de variabilidade, importante ao melhoramento genético. As progênies da população oriunda da Paraíba não apresentaram variabilidade nos caracteres avaliados. Na comparação entre as duas populações foram detectadas diferenças estatísticas significativas, demonstrando as mesmas são distintas e, portanto importantes para uso no melhoramento genético da espécie. Palavras Chave: Hancornia speciosa Gomes, seleção, frutos. RÉSUMÉ Les fruits de cautchouc de pernambouc ( Hancornia speciosa Gomes), em portugais <Mangabeiras> sont ramassés dans parmi les populations natives dans les pleines côtiers ainsi que dans le litoral du nord-est brésilien et presente sûrement une importance social e économique dans la production principalement de sorbets,jus et confiseries. Les arbres natives néamoins présentent une grande variation em ce qui concerne la grandeur; la forme; la coloration et la productivité des fruits. Cette diversité est d’extrême importance pour s’améliorer la génétique associée à la présence des populations disperses qui se trouvent des regions arides et des régions de savanes que constituent une importante source de germoplasme possiblement différent. La selection de materiaux de qualité superieur permettrait une struturaction des plantations convenables et durables pour atteindre la comercialisacion et s’éviter la disparition de cette spéce végétale qui se trouve sous l’actions anthropique défavorable. Cette dissertation a pour bu localiser des plantes natives dans les savanes amapeéne et aussi vérifier l’existence des diferentes morfologiques entre les descendances des arbres natives et ceux descendances des arbres de état du Paraíba, qui est située dans le banque actif génetique (BAG), qui se trouve dans la savane sur l’autorute Br 156, à 44 km de la ville de Macapá. Le materiel recuilli dans les plantations natives et derive du Paraíba ao nord-est du Brésil. Le materiel génétique etait composé d’un total de 239 descendances natives et 72 descendants du Paraíba, tous adultes ayant le même âge et produisant des fruits. La délimitacion de la zone de experimentation a été em lattices avec deux répétitions e six plantes pour parcelles. Dans les deux populations mise en evidence ont été évalués des caracteres relatifs aux aspects végétatifs et reproductifs ainsi a été réalisé des analyses statistiques pour verifiér les différences significatives entre les deux populations, les caracteres évalués ont été le quantitatif des plantes vivantes dans les parcelles choisie (NPV); la architeture de la plante (ARP); le valeur agronomique (VA); la circonferérence de la plante (DCP); la hauter de la plante (ALT); le nombre estimatif de fruits dans l’arbre (NEF), la forme du fruit (FOF), la coloration du fruit (COR), le poid moyen de pulpe de dix fruits (PDP). Avec la bioprospection réalisée il a éte observé em présence de géorreférrencement la presence d’importantes populations natives de (Hancornia speciosa Gomes) qui doivent ètre prétégées dans la savane, “in situ” et aussi en “ex situ” no BAG, pour représenter importante germoplasme avec um potentiel pour l’amélioration génétique de l’espèce. Em ce qui concerne l’ analyse statistique des caracteres évalués on remarque que les progénies de la population provenante du Paraíba n’ont pas présentée de variabilité dans les caracteres évalués ainsi, dans la compairaison mise en effect entre les deux populations on a remarque des différences significatives, les deux son distinctes donc importantes pour l’emploi dans l’amélioration génétique de l’ espéce. Mots-clés: Hancornia speciosa Gomes, sélection, les fruits. LISTA DE TABELAS Tabela Título Páginas Tabela 1 Bioprospecção de campo para localização de populações nativas de mangabeiras no cerrado do Estado do Amapá 47 Tabela 2 Resumo da análise de variância para onze caracteres avaliados em progênies nativas de mangabeiras 48 Tabela 3 Resumo da análise de variância para onze caracteresa avaliados em progênies provenientes da Paraíba 49 Tabela 4 Parâmetrosa genéticos e fenotípicos de onze caracteres avaliados em progênies de mangabeiras (Hancornia speciosa Gomes) de população nativa do cerrado amapaense 51 Tabela 5 Parâmetrosa genéticos e fenotípicos de onze caracteresb avaliados em progênies de mangabeiras (Hancornia speciosa Gomes) de população proveniente da Paraíba 52 Tabela 6 Resumo da análise de variância conjunta para onze caracteresa avaliados em progênies nativas comparadas com as provenientes da Paraíba 53 Tabela 7 Classificação de médiasa pelo teste de Scott-Knott para 11 caracteresb em progêniesG de mangabeiras nativas 54 Tabela 8 Classificação de médiasa pelo teste de Scott-Knott para 11 caracteresb em progêniesG de mangabeiras do Estado da Paraíba 55 Tabela 9 Correlações fenotípicas de Pearson para 11 caracteresa em população nativa de mangabeiras do cerrado amapaense 56 . a Tabela 10 Correlações fenotípicas de Pearson para 11 caracteres em população provenientes do Estado da Paraíba 58 LISTA DE FIGURAS Figuras Título Páginas Figura 1 Distribuição do cerrado brasileiro 19 Figura 2 Tipos de vegetação presentes no Bioma Cerrado 22 Figura 3 Região de cerrado ao norte de Macapá, observado por satélite LANDSAT 25 Figura 4 Mapa das alterações antrópicas do ecossistema de cerrado no Amapá 28 Figura 5 Identificação individual com plaquetas em alumínio numeradas 37 Figura 6 Disposição esquemática das progênies das populações nativas 38 Figura 7 Distribuição espacial das progênies de mangabeira no BAG da Embrapa Amapá 39 LISTA DE GRÁFICOS Gráficos Título Páginas Gráfico 1 Box Plot das progênies de mangabeiras nativas e oriundas da Paraíba para o caráter número de plantas vivas na parcela (NPV) 59 Gráfico 2 Box Plot das progênies de mangabeiras nativas e oriundas da Paraíba para o caráter valor agronômico (VA) 60 Gráfico 3 Box Plot das progênies de mangabeiras nativas e oriundas da Paraíba para o caráter altura das plantas (ALT) 61 Gráfico 4 Box Plot das progênies de mangabeiras nativas e oriundas da Paraíba para o caráter raio da circunferência da copa (RCP) 62 Gráfico 5 Box Plot das progênies de mangabeiras nativas e oriundas da Paraíba para o caráter número estimado de frutos por planta (NEF) 63 Plot das progênies de mangabeiras nativas e oriundas da Paraíba para o caráter cor de frutos (COR) 64 Gráfico 6 Gráfico 7 Box Plot das progênies de mangabeiras nativas e oriundas da Paraíba para o caráter peso médio de dez frutos (PDF) 65 Gráfico 8 Box Plot das progênies de mangabeiras nativas e oriundas da Paraíba para o caráter densidade da copa (DCP) 66 Gráfico 9 Box Plot: Progênies de mangabeiras nativas e oriundas da Paraíba para o caráter médio do número de sementes nos frutos (MNS) 67 Gráfico 10 Box Plot das progênies de mangabeiras nativas e oriundas da Paraíba para o caráter comprimento médio de dez frutos (MCF) 68 Gráfico 11 Box Plot das progênies de mangabeiras nativas e oriundas da Paraíba para o caráter peso médio de polpa em dez frutos (PDP) 69 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................. 2 HIPÓTESE.......................................................................................................................... 3 OBJETIVOS....................................................................................................................... 4 REVISÃO DE LITERATURA ........................................................................................ 15 17 18 19 4.1.1 O CERRADO BRASILEIRO...................................................................................... 19 4.1.2 Recursos Hídricos........................................................................................................................ 4.1.3 Flora.............................................................................................................................. 4.1.4 Fauna.............................................................................................................................. 4.1.5 Clima.………………………………………………………………………………..... 4.1.6 Solo .............................................................................................................................. 4.1.7 Fotofisionomia do cerrado.............................................................................................. 4.1.8 Ocupação humana do cerrado......................................................................................... 4.1.9 Frutos nativos do cerrado ............................................................................................... 5 O CERRADO DO ESTADO DO AMAPÁ....................................................................... 5.1.1 Clima .............................................................................................................................. 5.1.2 Solo ................................................................................................................................ 5.1.3 Alterações do Cerrado no Estado do Amapá 5.1.4 Sustentabilidade do Cerrado.......................................................................................... 5.1.5 Frutíferas Nativas do Cerrado Amapaense com potencial para cultivo e produção 6 A MANGABA (Hancornia speciosa Gomes) ................................................................... 6.1.1 locais de ocorrência da mangaba no cerrado brasileiro ................................................. 6.1.2 Caracterização morfológica ........................................................................................... 6.1.3 Fenologia ....................................................................................................................... 6.1.4 Variabilidade e divergência genética ............................................................................. 6.1.5 Conservação e melhoramento de matrizes, frutos e sementes de mangaba.................... 6.1.6 Composição nutricional ................................................................................................. 6.1.7 Pragas e doenças ............................................................................................................ 6.1.8 Relevância ambiental .................................................................................................... 7 MATERIAL E MÉTODOS ............................................................................................. 7.1.1 Área de Estudo .............................................................................................................. 7.1.2 Localização e histórico do Banto Ativo Genético (BAG)............................................ 7.1.3 Disposição esquemática do BAG de mangabeiras ........................................................ 7.1.4 Bioprospecção de população nativa de mangaba no cerrado amapaense ...................... 7.1.5 Caracterização do BAG ................................................................................................. 8 ANÁLISES ESTATÍSTICAS............................................................................................ 8.1.1 Análise de variância individual e conjunta ................................................................... 8.1.2 Correlação fenotípica de Pearson................................................................................... 8.1.3 Classificação de médias de Scott-Knott modificado..................................................... 8.1.4 Gráfico de caixa (Box Plot)........................................................................................... 9 RESULTADO E DISCUSSÃO ....................................................................................... 20 20 20 20 21 21 22 23 25 26 26 27 28 29 30 30 31 32 32 33 34 35 35 36 36 36 37 39 40 41 41 42 43 44 47 9.1.1 Georreferencimento das populações de mangaba.......................................................... 9.1.2 Análise de Variância ..................................................................................................... 9.1.3 Classificação de médias de Scott-Knott......................................................................... 9.1.4 Correlações fenotípicas de Pearson ............................................................................... 9.1.5 Análises de Box Plot (Gráfico de Caixa) ...................................................................... 10 CONCLUSÃO 47 47 53 55 58 70 10.1.1 Populações naturais do Cerrado .................................................................................. 10.1.2 Para os resultados obtidos do BAG ............................................................................. 11 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ........................................................................... 70 70 71 15 1 INTRODUÇÃO O cerrado amapaense em áreas disjuntas detém em seu território aproximadamente 903.200 hectares do bioma cerrado, o que corresponde a 9,25% da superfície do Amapá e 1,0% do total do cerrado brasileiro (MELO et.al., 2008). Tem seu início no Município de Macapá e se estende na direção norte do Estado até o Município de Calçoene (MELÉM Jr. et al., 2003; IBGE, 2004; IEPA, 2008). Neste bioma a principal atividade desenvolvida, é o plantio de espécies exóticas de Pinus sp. e Eucalyptus sp., sendo a agropecuária explorada em menor proporção (YOKOMIZO, 2004, FREITAS e SILVA, 2006; ARRUDA et al., 2008). Cm a ocupação do cerrado por estas atividades, com capacidade elevada de modificação ambiental é possível que a vegetação natural venha a ser totalmente retirada e diversas espécies de fruteiras nativas como o Pequi (Caryocar brasiliense Camb.); Mangaba (Hancornia speciosa Gomes); Baru (Dipteryx alata Vog.); Araticum (Annona crassiflora Mart.); Caju (Anacardium othonianum Rizzini); Buriti (Mauritia flexuosa L.f.); Jatobá (Hymenaea courbaril Mart. ex Hayne); Araçá (Psidium guineense Swartz); Abacaxi do cerrado (Annanas ananassoides (Baker) L.B. Smith); Murici (Byrsonima verbascifolia (L) DC.) entre outras, tenham sua variabilidade genética perdida, além de redução ou até a extinção do potencial de produção alimentar, medicinal e econômico (RIZZINI e MORS, 1995; ALMEIDA et al., 1998; FELFILI et al., 2005; MENDONÇA et al., 2008). A mangaba (Hancornia speciosa Gomes), objeto deste estudo foi incluída pelo Ministério do Meio Ambiente entre as doze espécies nativas frutíferas em risco de extinção com prioridade para pesquisas no Brasil (BRASIL, 2007). Portanto esta espécie vem sofrendo nos biomas em que há ocorrência de populações nativas elevadas agressões antrópicas e apesar de sua ampla distribuição por quase todo o cerrado e semi-árido vem enfrentando uma drástica redução em suas populações nativas, principalmente nos tabuleiros e baixadas litorâneas nordestinas (LEDERMAN, 2000; ALENCAR, 2007). O consumo maior desta fruta encontra-se nas regiões Norte e Nordeste do Brasil, principalmente em Sergipe, onde a mangaba é uma das frutas mais abundantes e procuradas nas feiras livres, e atinge preços superiores em relação a uva e outras frutas nobres. Atualmente a fruta é comercializada em bandejas de isopor revestidas com filme PVC em muitos supermercados (VIEIRA NETO, 1994). O seu fruto apresenta ótimo aroma e sabor, 16 sendo utilizado para consumo in natura ou para produção de doces, compotas, xarope, vinho, vinagre, licor, refresco, suco e sorvete, demonstrando seu potencial para geração de recursos econômicos regionais. No cerrado amapaense há a ocorrência de populações nativas de mangabeiras, porém a espécie é praticamente negligenciada no Estado, sendo pouco conhecida em termos de consumo e também do seu potencial econômico, havendo, portanto a necessidade de pesquisas sobre a localização das populações nativas, além da caracterização morfológica, fisiológica e genética destas, para verificar seu potencial para uso em programas de melhoramento genético e difundir a espécie junto a pessoas residentes no Amapá, principalmente em termos de importância de conservação, devido ao seu elevado risco de extinção, associado com a possibilidade de processamento e agregação de valor que poderia melhorar as condições socioeconômicas regionais. Desta forma os objetivos deste trabalho foram localizar as populações nativas de mangaba existentes em áreas de cerrado amapaense às margens da BR 156, visando à confirmação da presença da espécie no Estado e, também comparar morfologicamente as progênies de duas diferentes populações (nativa e da Paraíba) existentes no Banco Ativo de Germoplasma (BAG) pertencente à Embrapa Amapá, buscando verificar as diferenças significativas por meio de análises estatísticas, que seriam de elevada importância para uso no melhoramento genético. 17 2 HIPÓTESE No percurso ao longo das principais rodovias existentes no cerrado amapaense tem-se observado a presença de indivíduos da fruteira denominada mangabeira, e como geralmente esta espécie tem o hábito de desenvolvimento natural em forma de pequenos agrupamentos, espera-se que existam populações nativas representativas na região, associado ao fato de que o BAG da Embrapa Amapá foi composto por coletas realizadas neste ecossistema, no ano de 1998, em árvores nativas que foram localizadas em expedições sem registros de georreferenciamento e que ainda hoje podem estar presentes. Sobre a caracterização morfológica espera-se que haja distinção entre as progênies de indivíduos nativos em relação às progênies oriundas de plantas da Paraíba, pois não existem relatos e nem registros que houve ocorrência de processos de introdução desta espécie no cerrado amapaense pelos fluxos de imigrantes nordestinos que ali se instalaram durante os anos. Portanto pode ter ocorrido um processo de evolução que tenha gerado ou ampliado diferenças morfológicas adaptativas entre as diferentes origens das progênies, pois ambos os ecossistemas de ocorrência apresentam características edafoclimáticas distintas. Caso seja comprovada a existência de diferenças morfológicas entre as progênies das populações nativas do cerrado amapaense em comparação as provenientes do Estado da Paraíba, o material genético se tornará de extrema importância por representar variabilidade disponível para processos de melhoramento genético da espécie. 18 3 OBJETIVOS Localizar populações nativas de mangabeiras (Hancornia speciosa) Gomes, em levantamento rápido em parte da área de cerrado às margens da rodovia BR 156 no Estado do Amapá. Caracterizar morfologicamente as progênies do germoplasma de mangabeiras existentes no Banco Ativo de Germoplasma (BAG) do Campo Experimental do Cerrado (CEC) da Embrapa Amapá, visando distinguir as mangabeiras nativas em relação às oriundas da Paraíba. 19 4 REVISÃO DE LITERATURA 4.1.1 Cerrado brasileiro O Cerrado representa o segundo maior bioma do território brasileiro, com cerca de 203 milhões de hectares, possuindo extensas áreas contínuas nos estados de Goiás, Tocantins, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Bahia, Maranhão, Piauí, Rondônia, Paraná, São Paulo e Distrito Federal, além dos encraves no Amapá, Roraima e Amazonas. É reconhecida como a savana mais rica do mundo em biodiversidade com a presença de diversas variações, apresentando riquíssima flora com mais de 11.000 espécies de plantas, sendo destas, aproximadamente 4.400 endêmicas. Das espécies estudadas é grande a quantidade de gramíneas, e os vertebrados possuem uma alta multiplicidade de espécies. E esse ecossistema esta em quarto lugar no mundo em diversidade de aves (Fig. 1), (EITEN, 1972; RIGONATO e ALMEIDA, 2003; KLINK e MACHADO, 2005; IBAMA, 2008; FELFILI et al., 2008). Figura 1. Distribuição do ecossistema de cerrado nos Estados do Brasil. CERRADO BRASILEIRO CERRADO AMAPÁ AM, RO, RR, PA, MT, MS, TO, PR, RS, GO, SP, MG,MA,PI, TO, PR, SC, MA, AP, AM, RO, PA,SE,RN Fonte: FERREIRA, 2007 Fonte: adaptado pelo autor,da imagem de satélite ao lado (2012). 20 4.1.2 Recursos Hídricos Neste espaço territorial encontram-se as nascentes das três maiores bacias hidrográficas da América do Sul (Tocantins, Amazônica, São Francisco e Prata), o que resulta numa grande disponibilidade de recursos hídricos (LIMA e SILVA, 2005). 4.1.3 Flora Apresenta elevada riqueza de espécies, com valores que fazem deste bioma a mais diversificada savana tropical do mundo, com a presença de frutíferas nativas, plantas herbáceas, arbustivas, arbóreas e cipós que somam mais de 7.000 espécies, sendo 44% desta flora, endêmica (MENDONÇA et al., 2008). 4.1.4 Fauna Vivem no cerrado cerca de 200 espécies de mamíferos identificadas e a rica avifauna compreende cerca de 840 espécies. Os números de peixes (1200 espécies), répteis (180 espécies) e anfíbios (150 espécies) são elevados. O número de peixes endêmicos não é conhecido, porém os valores são bastante altos para anfíbios e répteis: 28% e 17%, respectivamente (IBAMA, 2011). 4.1.5 Clima O clima predominante é o Tropical Sazonal, de inverno seco. A temperatura média anual fica em torno de 22-23ºC, sendo que as médias mensais apresentam insignificantes variações. A precipitação média anual varia entre 600 a 2000 mm. O clima do Cerrado apresenta duas estações bem definidas, uma seca, que tem início no mês de maio, terminando no mês de setembro, e outra chuvosa, que vai de outubro a abril, com a ocorrência frequente de veranicos, períodos sem chuva desta estação nesta região. Devido a grande extensão do cerrado e das áreas disjuntas existentes espalhadas por todo território brasileiro, as variações climáticas podem ser diferentes (ASSAD, 1994; AB’SABER, 1997). 21 4.1.6 Solo Conforme REATTO et al. (2008) a formação do solo do ecossistema de cerrado foi resultante de cinco variáveis interdependentes denominadas fatores de formação do solo, que seriam o clima, os organismos, o material de origem, o relevo e o tempo. Sendo necessário conhecer o ambiente e a distribuição dos solos que o cerca para compreender a paisagem e considerar que o homem interage com esses componentes da natureza, transformando o ambiente e o degradando no processo da utilização dos recursos naturais (HENRIQUES, 2005). A maior parte dos solos existentes neste bioma é dominada por Latossolos, e pertencem as classes de solos: Latossolo Vermelho-Escuro, Latossolo Vermelho-amarelo e Latossolo Roxo. Apesar das boas características físicas, são solos moderadamente ácidos (pH entre 4,5 e 5,5), com carência generalizada dos nutrientes essenciais, principalmente fósforo e nitrogênio, esse déficit de nutrientes do solo, manifesta-se de forma heterogênea e refletem na fitofisionomia (RIGONATO e DIAS, 2003). De acordo com DANIELE SILVA (2009) “em associação com o clima, existe um número significativo de solos, que deve ser considerado não como um recurso inerte, mas como um componente do ecossistema que abriga uma infinidade de organismos necessários à sobrevivência do homem”. 4.1.7 Fitofisionomia Fisionomicamente esse bioma é caracterizado pela existência de um extrato herbáceo formado basicamente por gramíneas, arbustos e um extrato arbóreo de caráter lenhoso. A predominância de um ou outro extrato caracteriza as diferentes formações, desde o campo limpo, onde predomina o extrato herbáceo, gramíneas e arbustivas, até o cerrado, em que predomina o extrato arbóreo. Estas diferentes formações se alternam dentro da região, na dependência, principalmente, da fertilidade do solo, declividade e presença ou ausência de concreções A formação mais comum é o chamado stricto sensu, uma formação do tipo savana, onde convivem gramíneas com espécies lenhosas. Possui altura e biomassa vegetal em ordem decrescente e denominações de acordo com as diversas formações ecossistêmicas: 22 cerradão, o cerrado típico, o campo cerrado, o campo sujo e o campo limpo, sendo o cerradão o único com formação florestal (WALTER, 2006). Esta formação de cerrados é a mais rica em espécies nativas frutíferas com interesse para aproveitamento alimentar. Estimativas da biodiversidade vegetal deste bioma, como um todo, apontam para um número de 5.000 a 7.000 espécies de plantas vasculares. A vegetação deste bioma tem como constitutivo: raízes profundas, ritidomas tortuosos, ramos retorcidos, folhas grossas, constituídas por espécies arbóreas relativamente baixas de 7 a 10 metros, com exceção de algumas que alcançam até vinte metros de altura, esparsas entre os arbustos, subarbustos e gramíneas, não por falta de água, mas por fatores edáficos, como o desequilíbrio de nutrientes, a exemplo de excesso de alumínio (Fig. 2), (ALVES et al., 2001). Figura 2 Tipos de vegetação presentes no bioma Cerrado. Fonte: Ribeiro e Walter, p. 165,2008. 4.1.8 Ocupação humana do cerrado Até a década de 1950, os Cerrados mantiveram-se quase inalterados. A partir de 1960, com a abertura de rodovias, início da prática da agricultura extensiva (soja, arroz e trigo), junto com o desenvolvimento de cultivares adaptados à região. Durante as décadas de 1970 e 1980, ocorreu o deslocamento da fronteira agrícola, através de desmatamentos, queimadas e usos de fertilizantes químicos, modificando em 67% das áreas devido às práticas de manejos inadequadas, com voçorocas, assoreamento e envenenamento dos ecossistemas. 23 A contínua pressão humana desordenada neste bioma através do cultivo de espécies florestais exógenas, pecuária e agricultura, tem destruído a biodiversidade existente e pouco estudada, além de reduzir o potencial de produção e possibilidade de cultivo e melhoramento dos frutos nativos para aproveitamento alimentar, medicinal e econômico (ALMEIDA et al., 1998; FARIAS NETO e QUEIROZ, 2000; FERREIRA, 2007; AQUINO, 2009). Atualmente 30% da produção agrícola do Brasil (milho, sorgo, café, arroz, algodão) e metade da produção de carnes são produzidas nas áreas de Cerrado. A soja é a principal cultura agrícola em volume e geração de renda com cerca de 23 milhões de hectares em áreas plantadas. Em 2010 cerca de 67 milhões de toneladas de soja foram exportados. Representou 11% das exportações totais e aproximadamente 1,5% do Produto Interno Bruto e geração de 1,5 milhões de empregos diretos e indiretos em 17 estados brasileiros (ABIOVE, 2010). Apesar de todo esse saldo econômico positivo, o passivo ambiental para se chegar a esses resultados são incalculáveis. Somente 7,44% de toda a área original deste bioma estão protegidas por leis ambientais em unidades de conservação municipais, estaduais e federais. São reservados 2,91% na forma de unidades de proteção integral, fragmentados em áreas inferiores a 100.000 hectares de áreas federais que compreendem dez Parques Nacionais, três Estações Ecológicas e seis Áreas de Proteção Ambiental. Entre os mais importantes estão a Chapada dos Guimarães, a Serra da Canastra, Serra das Emas e o Grande Sertão Veredas, o que é muito pouco, considerando a área total do cerrado (RIBEIRO et al., 2008). 4.1.9 Frutos nativos do cerrado Esse bioma, rico em frutas nativas possui espécies não estudadas, produzindo alimentos naturais e tendo suas sementes disseminadas por animais, entre outros processos de dispersão. Os frutos mais conhecidos, segundo COSTA-AGOSTINI et al. (2006), são: Caju rasteiro (Anacardium pumilum), Gabiroba ou Guavira (Campomanesia pubescens;C. cambessedeana), Jatobá (Hymenaea stigonocarpa, H.stilbocarpa, H. coubaril, Mangaba (Hancornia speciosa Gomes), Murici (Byrsonima coccolobifolia, B. crassa, B. pachyphylla, B. umbelata, B. variabili), Pequi (Caryocar brasiliense; C.coriaceum ), Pêra do cerrado (Eugenia klostzchiana), Bacuri (Platonia insignis L.), Baru (Dipteryx alata L.), Buriti (Mauritia flexuosa), Coco-guariroba (Syagrus oleracea), Coco-indaiá (Attalea geraensis), 24 Coquinho (Syagrus flexuosa), Curriola ou Grão-de-galo (Pouteria ramiflora), Fruta-de-ema (Parinari obtusifolia), Gravatá (Bromelia balansae), Guapeva (Pouteria cf. guardneriana), Ingá (Inga Alba), Jacaratiá (Jacaratia heptaphylla), Jenipapo (Genipa americana), Jeriva (Syagrus romanzoffana, Melancia do cerrado (Melacium campestre), Murici (Byrsonima coccolobifolia), Murici ou muricizão (Byrsonima verbascifolia), Murta (Eugenia punicifolia), Mutamba ou embira (Guazuma ulmifolia),Pitanga vermelha (Eugenia calycina), Pitanga-roxa (Eugenia uniflora), Pitomba da mata (Talisia esculenta), Pitomba-de-Leite (Manilkara spp), de acordo com o mesmo autor a experiência dos países desenvolvidos em sustentabilidade os leva a redescoberta dos produtos nativos, onde se procura agregar valores com atividades associadas aos produtos locais respeitando-se as características da cultura regional, aliando o eco-turismo rural com agricultura e pecuária. 25 5 O CERRADO DO ESTADO DO AMAPÁ O cerrado amapaense em áreas disjuntas detém em seu território aproximadamente 970.000 hectares do bioma cerrado, o que corresponde a 9,25% da superfície do Amapá e 1,0% do total do cerrado brasileiro, possuindo cinco grandes domínios florísticos. As florestas de terra firme possuem a maior extensão, ocupando mais de 70% da superfície do Estado. Na sua porção oriental, as florestas dão lugar a cerrados, campos inundáveis, florestas de várzea e extensas faixas de manguezais. O Cerrado do Amapá é representado pelas formas campestres de terra firme de natureza savanítica, que se estendem em dois sentidos geográficos norte/sul município de Calçoene até a cidade de Macapá e centro/sul nos limites dos municípios de Mazagão e Laranjal do Jari. Apresenta fitofisionomia homogênea atribuída á característica da vegetação que delineia um estrato lenhoso aberto e um estrato herbáceo/arbustivo denso, ambos entrecortados por pequenas matas de galerias e pequenas ilhas de mata, conforme imagem do satélite LANDSAT na Fig.3, pg.25 (IEPA, 2008). Figura 3 Região de cerrado ao norte de Macapá, observado por satélite LANDSAT. Fonte: IEPA/Macrodiagnóstico primeira aproximação ZEE, 2008. 26 Dentre as características de relevo, sobressaem as formas onduladas à suave onduladas, com presença de tabuleiros. No aspecto funcional, todo o Cerrado é regulado por condições naturais determinantes, com destaque para o solo e o clima e os denominados não naturais, que envolvem toda a história de queimadas em ciclos variáveis de tempo, limitando seu desenvolvimento e evolução (AMAPÁ, 2005). Constituem o ambiente de Cerrado do Amapá, além das formas campestres dominantes, as matas de galeria e veredas de buriti (Mauritia flexuosa sp.) em vales úmidos. A drenagem depende da variação do relevo e o ambiente é regulado por condições naturais existentes nos regimes amazônicos específicos desta região, dentre as quais se destacam os gradientes clima e solo (MELÉM Jr. et al., 2003). 5.1.1 Clima A área do cerrado amapaense, segundo BRASIL (1990), apresenta tipo climático Ami, segundo classificação de Köppen, tropical chuvoso, com temperatura média do mês mais frio não inferior a 22,5 ºC, precipitação média do mês mais seco de 10 mm. O regime climático apresenta precipitação média anual de 2500 mm, com uma concentração entre os meses de janeiro a junho, temperatura anual de 26 ºC e umidade relativa do ar de 85%. 5.1.2 Solo O solo é do tipo Latossolo Amarelo de textura média e profunda, de baixa fertilidade natural e acidez elevada com drenagem dependente das variações do relevo, que apresentam topografias planas ou levemente onduladas (RADAMBRASIL, 1974). 27 5.1.3 Alterações do Cerrado no Estado do Amapá Segundo o IBGE (2004), atualmente no estado do Amapá existem 31 assentamentos, sendo que sete estão sob a jurisdição do Instituto do Meio Ambiente e de Ordenamento Territorial do Estado do Amapá (IMAP) e os demais são gerenciados pelo Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (INCRA). A partir da década de 50 várias atividades econômicas foram inseridas e permanecem no território amapaense. Neste período foi estimulada a ocupação do cerrado para se estabelecer a pecuária extensiva e atividades agrícolas de menor porte com a criação de colônias ou polos agrícolas que, entre as décadas de 1980 e 1990, transformaram-se em assentamentos federais (LIMA e PORTO, 2008; PPCDAP, 2009). Porém não foi conseguido gerar desenvolvimento neste local. Em análise feita por OLIVEIRA (2009) todos os municípios do Estado do Amapá estão ou no interior do cerrado ou na região limítrofe, influindo ou sofrendo dominância deste bioma, tendo a via principal de acesso a BR 156 e ao longo da costa litorânea, contendo a maior parte das comunidades rurais e das áreas urbanas. Concentração notadamente influenciada pela acessibilidade das rodovias federais e estaduais que cortam este ecossistema, sendo ainda o ambiente dominante nos dois principais eixos urbanos do Amapá, a capital Macapá e a cidade de Santana. Sua proximidade com áreas florestais e de várzea permitem que os moradores do Cerrado possam utilizar os recursos destes ambientes, sendo mais um fator na localização mais concentrada das comunidades (Fig. 4). 28 Figura 4 Mapa das alterações antrópicas observadas no ecossistema de cerrado no Amapá. Fonte: OLIVEIRA, (2009). 5.1.4 Sustentabilidade do Cerrado Segundo KLINK et al. (2008), nos últimos trinta anos, órgãos de pesquisa, ensino, proteção ambiental e extensão rural tem estudado e divulgado o potencial de utilização das espécies do Cerrado. A realização e implantação de pesquisas participativas com as comunidades podem garantir a sustentabilidade ecológica do Cerrado e a sobrevivência destas comunidades, alterando assim a forma de exploração atual extrativista e predatória. 29 5.1.5 Frutíferas Nativas do Cerrado Amapaense com potencial para cultivo e produção O Cerrado do Amapá apresenta diversas espécies nativas frutíferas como o Pequi (Caryocar brasiliense Camb.); Mangaba (Hancornia speciosa Gomes); Baru (Dipteryx alata Vog.); Araticum (Annona crassiflora Mart.); Caju (Anacardium othonianum Rizzini); Buriti (Mauritia flexuosa L.f.); Jatobá (Hymenaea courbaril Mart. ex Hayne); Araçá (Psidium guineense Swartz); Abacaxi do cerrado (Annanas ananassoides (Baker) L.B. Smith); Murici (Byrsonima verbascifolia (L) DC.), as quais possuem potencial de produção e possibilidade de cultivo para aproveitamento alimentar e econômico (ALMEIDA et al., 2008; PEREIRA et al., 2006). Dentre as espécies promissoras para o melhoramento ente as frutíferas do Cerrado, a Mangabeira atende as premissas de maior proteção e melhor adaptação à pobreza química do solo podendo vir a ser uma alternativa para contornar os problemas do desmatamento (RIZZO e FERREIRA, 1990). O uso crescente do Cerrado para uso na agricultura, pecuária, silvicultura pode acelerar a perda de material genético das fruteiras nativas ainda desconhecidas. Portanto projetos e pesquisas são recomendados para conservação e melhoramento dessas espécies, resgatando seu espaço em cultivo ordenado e racional (ALENCAR, 2007; AQUINO e MIRANDA, 2009). Apesar da enorme utilidade que pode vir a ser para a população do estado, essa espécie, ainda, sofre as consequências do desconhecimento, da importância de manutenção de seu patrimônio genético, da sua distribuição geográfica e contribuição para a conservação ambiental (QUEIROZ, 2000). 30 6 MANGABA (Hancornia speciosa Gomes) 6.1.1 Locais de ocorrência da mangaba no cerrado brasileiro A mangabeira vegeta de forma natural no Brasil (GUERRA et al., 2002), em solo arenoso e de baixa fertilidade natural, característico do cerrado, tendo como provável centro de dispersão e distribuição preferencial o Nordeste (SILVA et al., 2001). A espécie ocorre em áreas disjuntas no Amapá (FARIAS NETO e QUEIROZ, 2000), e dispersa no Alagoas, Amazonas (RIBEIRO e WALTER, 2008), Bahia, Distrito Federal, Espírito Santo, Goiás, Maranhão, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul (VIEIRA NETO, 1997), Minas Gerais (LIMA, 2008), Pará (FELFILI et al., 2008), Paraíba, Pernambuco, Piauí, São Paulo e Tocantins (OLIVEIRA, 2008). A ampla dispersão comprova a eficiência reprodutiva natural e a capacidade de adaptação da espécie a diversos ambientes, vegetando e produzindo normalmente em latitudes de 20° Sul, clima frio durante o inverno, até 10° Norte, clima quente o ano todo, desde o nível do mar, clima mais quente, até altitudes de 1500 m no Planalto Central, clima mais ameno com período de inverno seco (MARENGO, 2007). Um aspecto extremamente importante é sua ocorrência natural em solos marginais para fins agrícolas, acidentados, pedregosos, arenosos ou areno-argilosos, pobres e ácidos, sujeitos a longos períodos de estiagem (áreas de Cerrado e semiárido do Nordeste). A espécie também é resistente ao fogo, o que constitui fator seletivo da vegetação nessas regiões. No cerrado, essas frutíferas ocorrem principalmente nas encostas pedregosas, em formações abertas, com padrão de distribuição agregado (AGUIAR FILHO et al., 1998; BUSTAMANTE et al., 2008). Para preservar a mangabeira nativa, segundo LEDERMAN et al. (2000), tem-se informação da existência de duas coleções de germoplasma. A primeira mantida pela Empresa Pernambucana de Pesquisa Agropecuária (IPA), implantada em 1970, na Estação Experimental de Porto de Galinhas, em Ipojuca, PE, com uma reserva de 1,3 ha, com aproximadamente 125 matrizes. A Segunda pertence à Empresa Estadual de Pesquisa Agropecuária da Paraíba (EMEPA), possuindo na Estação Experimental de Mangabeira, em João Pessoa, a maior coleção ex situ do país com 220 acessos procedentes dos Estados da Paraíba, Pernambuco e Rio Grande do Norte (LEDERMAN et al., 2003). 31 De acordo com CHITARRA E CHITARRA (2005), a identificação de materiais genéticos produtivos e de qualidade superior para o aproveitamento industrial e consumo in natura é de vital importância para formação de pomares e fundamental para preservação de genes de origem. 6.1.2 Caracterização morfológica A mangabeira pertence ao grupo Eudicotiledoneas divisão: Magnoliophyta (Angiospermae); classe: Magnoliopdida, ordem: Gentianales; família: Apocynaceae; gênero Hancornia; e a espécie Hancornia speciosa Gomes, é conhecida popularmente como mangabiba, mangaíba, mangaíba-uva, mangabeira de minas e mangaba, palavra com origem na língua Tupy Guarany “mã gawa” que significa “coisa boa de comer” (SOARES et al., 2001). A planta é perenifólia de clima tropical, desenvolvendo-se numa árvore de porte médio, possuindo de 2 a 10 metros de altura, podendo chegar até 25 metros dotados de copa ampla, espalhada e irregular, tronco tortuoso, bastante ramificado, áspero; ramos lisos e toda planta exsuda látex. Ocorrendo, sobretudo, em áreas de vegetação aberta, com temperatura média ideal entre 24 e 26°C. Apresenta maior desenvolvimento vegetativo nas épocas com temperatura mais elevada, com pluviosidade ideal entre 750 e 1.600 mm anuais. Os solos nos quais se desenvolve são pobres e arenosos, predominantes na região do cerrado. Apresenta, normalmente, floração durante o período de agosto a novembro, com pico em outubro. A frutificação pode ocorrer em qualquer época do ano, mas concentra-se principalmente de julho a outubro ou de janeiro a abril (SANO e FONSECA, 2003). As árvores apresentam folhas simples, alternas e opostas, de forma e tamanho variado, são pilosas, ou glabras e curto-pecioladas, brilhantes e coriáceas (ALMEIDA et al., 1998). Suas flores são hermafroditas, brancas, em forma de campânula alongada (tubular). A inflorescência é do tipo dicásio ou cimeira terminal com 1 a 7 flores ocorrendo até 10 flores por ápice. Sua inflorescência possuem flores perfumadas de coloração branca (GANGA et al., 2009). Os frutos da mangabeira são do tipo baga elipsoide de cores variando do esverdeado ao vermelho, possui formato arredondado, com dois a seis cm, exocarpo amarelo, com 32 pigmentos avermelhadas, polpa bastante doce, carnoso-viscosa, ácida, contendo geralmente duas a quinze sementes discoides com sete a oito mm de diâmetro, castanho claras, delgadas e rugosas formato e cores variados (QUEIROZ, 2001). 6.1.3 Fenologia A árvore da Hancornia speciosa Gomes é decídua ou semidecídua, trocando a folhagem durante o período mais seco do ano. No ápice dos ramos das plantas adultas surgem brotações contendo flores e folhas novas, tendendo a maior floração e produção de frutos em plantas mais ramificadas, ou por meio de podas de formação ou de produção. Nas floradas da baixada litorânea e tabuleiros costeiros do Nordeste, a mangabeira apresenta duas floradas por ano, sendo uma no início da estação chuvosa (abril/maio), com colheita entre julho e setembro, e a outra no período seco (outubro/dezembro), com colheita entre janeiro e março (AGUIAR FILHO et al., 1998). No cerrado amapaense a mangabeira produz frutos de agosto a novembro (QUEIROZ e BIANCHETTI, 2001). 6.1.4 Variabilidade e divergência genética De acordo com MONACHINO (1945), o gênero Hancornia é considerado monotípico e, por isso, sua única espécie é Hancornia speciosa, sendo aceitas as seis variedades botânicas: H. speciosa var. maximiliani A. DC.; H. speciosa var. cuyabensis Malme; H. speciosa var. lundii A. DC.; H. speciosa var. gardneri (A. DC.) Müell. Arg.; H. speciosa var. pubescens (Nees et Martius) Müell. Arg.; H. speciosa Gomes (variedade típica) ou H. speciosa Var. speciosa Gomes. Os autores RIZZO e FERREIRA (1985) em estudo das mangabeiras dos Estados de Goiás e Tocantins, com base em caracteres morfológicos, verificaram a existência de três variedades botânicas da espécie: H. speciosa Var. speciosa, H. speciosa Var. pubescens e H. speciosa Var. gardneri. A variedade speciosa tem folhas glabras, com pecíolo de 9 a 15 mm de comprimento e limbo foliar com até seis cm de comprimento e dois cm de largura, e estão presente na divisa entre Bahia, Piauí e Maranhão. A variedade gardneri também possui folhas glabras, enquanto a pubescens tem folhas pilosas. Ambas apresentam pecíolos de 3 a 5 mm de 33 comprimento e limbo foliar de 6 a 12 cm de comprimento e 3 a 6 cm de largura, frutos maiores e de coloração verde predominante, estando presentes em todo o Estado de Goiás. A variedade speciosa também ocorre na Costa Atlântica do Brasil e é bastante diferente das demais quanto ao porte da planta e seu aspecto geral, apresentando ramos finos e pendentes, folhas miúdas com pecíolo mais longo, frutos menores e com manchas avermelhadas típicas, quando maduros. CHAVES (2000) relataram que na divisa entre o nordeste de Goiás e a Bahia existem plantas com características intermediárias, levando à hipótese de hibridação entre as variedades que apresentam florescimento simultâneo. Segundo DARRAULT e SCHLINDWEIN (2003), a mangabeira é auto-incompatível e, portanto, uma planta alógama, exigindo genótipos diferentes da espécie e polinizadores específicos para que ocorra a fecundação cruzada e a produção de frutos. Esses autores concluíram que: a) o aumento da frequência de polinizadores leva a uma taxa de frutificação mais alta, frutos maiores e com mais sementes; b) os polinizadores da mangabeira são de diferentes grupos taxonômicos, como Sphingidae, abelhas (Euglossini), Hesperiidae e Nymphalidae (Heliconius); c) cada polinizador tem uma demanda ambiental particular, como alimento para a prole e os adultos, plantas hospedeiras para lagartas e locais de acasalamento e nidificação; d) considerando apenas os recursos florais utilizados pelos esfingídeos, por exemplo, H. speciosa compartilhou visitantes florais com pelo menos 32 espécies de plantas. Para o incremento da produção de mangabas é necessário que cultivos dessa planta sejam estabelecidos em locais que sustentem populações fortes de polinizadores; esteja inserida em uma matriz de vegetação natural com alta heterogeneidade ambiental e elevada diversidade de plantas que forneçam: (1) alimento para os polinizadores adultos em períodos em que a mangabeira não estiver em período de floração; (2) sítios de nidificação para abelhas; (3) fontes de alimento para larvas (pólen para larvas de abelhas e folhas para larvas de borboletas e esfingídeos) e (4) recursos florais, como perfumes e resinas, para manutenção de Euglossini, (FERREIRA e MARINHO, 2007). 6.1.5 Conservação e melhoramento de matrizes, frutos e sementes de mangaba Devido às sementes terem um período curto de tempo para germinar e às dificuldades de micropropagação e conservação in vitro, o germoplasma de mangabeira deve ser conservado na forma de coleções de plantas vivas mantidas ex situ ou através de conservação in situ, em áreas de preservação permanente ou reservas (SILVA, 1998). Também 34 conscientizar os produtores rurais que tenham a presença de populações nativas da importância da conservação deste germoplasma. Em função do interesse pelo cultivo das plantas e melhoramento genético, visando a obtenção de melhores frutos, associados ao risco de erosão genética, se tornam necessários e urgentes os trabalhos de coleta, conservação, avaliação e intercâmbio entre regiões dos germoplasma da espécie (MELO et al., 2008). É importante considerar que esta coleta deve ser bem planejada para permitir o plantio rápido das sementes antes da perda de sua viabilidade, bem como haver local adequado para o plantio das sementes coletadas. A coleta pode ser feita por meio de sementes ou através de garfos ou hastes para a enxertia. Esse modo de enxertia apresenta sucesso superior a 90% de pegamento, é o único método viável de clonagem da mangabeira até o momento. Representa um atalho no melhoramento de espécies perenes, pois elimina a segregação genética e permite a fixação de caracteres agronômicos desejáveis em qualquer etapa do melhoramento. As coleções de clones selecionados diretamente da natureza servirão de base para o melhoramento da espécie (RIBEIRO et al., 2008; VIEIRA, 2011). 6.1.6 Composição nutricional Existem citações de que a mangaba possui efeitos medicinais. Em estudos desenvolvidos por MOURA (2005) e PEREIRA et al. (2006) visando à utilização do fruto da mangaba em forma de passas, foi comprovado através em avaliações químicas que o fruto possui elevado teor de ácido ascórbico, colocando-a entre as frutas mais ricas em vitamina C. Segundo ALMEIDA et al. (2008) a mangaba apresenta pequenos teores de lipídios (0,3-1,5%), porém são ricos nas frações de ácido palmítico (29%); oléico (12%), linoleico (18%) e linolênico (8%). O teor de lipídios presentes na polpa da mangaba é insuficiente para a extração comercial dos mesmos, mas, o elevado teor de ácidos graxos poliinsaturados enriquece o potencial nutricional da fruta. Na polpa da mangaba, estes ácidos graxos são representados pelo ácido linoléico e, especialmente, pelo ácido linolênico, que são considerados essenciais para o organismo humano. 35 6.1.7 Pragas e doenças A planta da mangaba sofre ataques por pragas e doenças em cultivos em monocultura em larga escala e por este motivo deve ser visto com cautela. As principais pragas são as formigas cortadeiras, cupins subterrâneos, pulgões, cochonilhas, lagartas, abelha arapuá, percevejo e mosca das frutas. O controle cultural e biológico de pragas parece ser a alternativa para esta planta, por se tratar de uma espécie frutífera de fecundação cruzada e dependente de insetos polinizadores (DARRAULT e SCHLINDWEIN 2003). 6.1.8 Relevância ambiental A espécie é um importante componente dos ecossistemas, servindo de alimento para as populações humanas e animais nas localidades onde ocorrem. O seu padrão natural de distribuição agregado, facilita o extrativismo, sendo a exploração comercial e sustentável dos frutos praticada pelas populações locais. A limitação da expansão dessa exploração está condicionada pelas grandes distâncias entre os locais das coletas dos frutos e os centros urbanos de comercialização e pela delicadeza do fruto, que amolece rapidamente após a maturação. A casca do fruto é muito fina e pouco resistente ao manuseio e ao transporte. Como a mangabeira tem maior ocorrência natural em ambientes marginais para a agricultura, o enriquecimento dessas áreas poderia representar uma boa alternativa para a valorização desses ambientes e a sua exploração racional e sustentada pelas populações locais que dependem deles para sobreviver (DURÃES et al., 2008). 36 7 MATERIAL E MÉTODOS 7.1.1 Área de estudo Na região do Campo Experimental do Cerrado (CEC), da Embrapa Amapá o clima segundo classificação de Köppen é do tipo Ami - tropical chuvoso, com chuvas entre os meses de janeiro a junho e estiagem de julho a início de dezembro. Com precipitação pluviométrica média anual em torno de 2.700 mm, com temperatura média de 26ºC. (BRASIL, 1990). O solo da área de estudo é classificado como latossolo amarelo distrófico com textura média com as seguintes granulometrias: 230 g kg-¹ Argila, 440 g kg-¹ Areia grossa,170g kg-¹ Areia fina e 160g kg-¹ Silte, com baixa fertilidade natural, baixos teores de matéria orgânica e média acidez (MELÉM Jr. et al., 2003). 7.1.2 Localização e histórico do Banto Ativo Genético (BAG) O Banco Ativo de Germoplasma (BAG) de mangabeiras esta instalado no Campo Experimental do Cerrado (CEC), na rodovia BR 156, km 44, possuindo uma área total de 1.200 hectares, localizado entre as coordenadas geográficas N 00º 22’55” e W 51º 04’10” no Município de Macapá. A área de mangabeiras implantado em maio de 1998, com a introdução de plantas nativas e plantas oriundas do Estado da Paraíba (Figura 5), segundo o sub projeto da Embrapa Amapá quando da instalação do BAG as 36 progênies nativas foram coletadas nos meses de dezembro de 1997 a janeiro de 1998 em populações próximo ao Campo Experimental, no Sítio do Sr. Barbosa e em populações existentes no Município de Ferreira Gomes. E o plantio de progênies de oito variedades (PAR8, PC3, EXT 20, PC4, EXT1, Z6, NZ1, RT7), procedera do Estado da Paraíba (TRINDADE, 2010). 37 Figura 5 Identificação individual com plaquetas em alumínio numeradas em cada progênie de populações nativas e procedentes da Paraíba. Fonte: Autor (2010) 7.1.3 Disposição esquemática do BAG de mangabeiras No BAG atual (Fig.06, pg. 37), foi adotado o delineamento experimental de látice completo com duas repetições, com uma bordadura em torno de todo o BAG para atenuar os efeitos ambientais externos. 38 Figura 6 Disposição esquemática das progênies das populações nativas e oriundas da Paraíba de mangabeiras no BAG instalado no Campo Experimental do Cerrado da Embrapa Amapá. II Repetição I Repetição m m m B m B B m B m m m m m B m B B m m B m B B B m B B B B B m B B B B B m B 16 16 m m 16 m 36 36 36 36 m 36 21 m 21 21 21 21 1 1 m 1 m 1 35 35 35 35 35 35 32 32 32 32 32 32 B B B m M 4 34 M m 34 M 4 34 M 4 m 10 4 34 10 4 m M m 18 M 30 18 M m m 24 30 18 24 30 18 M 30 18 15 3 27 M 3 27 15 m 27 M m 27 15 3 27 M m 27 M m m M m 13 19 m 13 19 m 13 M m 13 19 25 m 29 17 m 29 17 m 29 17 m 29 17 m M 17 m 29 m m 20 26 m 20 26 m 20 26 m 20 26 m 20 m 2 20 26 2 M B B II Repetição B B B B B B B B B B B B B m m 28 m m 28 28 6 m 6 m 6 m 33 33 33 m 33 m 7 7 m m m 7 23 23 23 m 23 23 m 14 14 m m m B B g g g g g g a a a a a a m m 22 22 m 22 22 12 m m m 12 12 m m m m m m 31 31 m m 31 m 5 5 5 5 5 5 8 8 m 8 8 8 B B h h h h h h b b b b b b m m m B m m m m m B m B m B m m B m B m B B m m B m m m m B B B B B B B B B B b b b b b b c c c c c c B m 19 m m m 19 m m 5 5 5 5 26 26 26 26 m 26 m m 14 m 14 14 8 8 8 8 8 8 34 34 m 34 m m B B B B f a d f a d f a d f a d f a d f a d d e f d e f d e f d e f d e f d e f B B B m 21 m m 21 m m 21 m m 21 22 m 21 m m 21 22 m 6 m m 6 m m 6 m m 6 m 2 m m m 6 m 30 28 m 30 28 m 30 28 m 30 28 m m m m 30 28 25 17 m m m 18 m 17 m m 17 18 m 17 18 m 17 m m 11 m 9 11 7 9 11 7 9 11 m m 11 m m 11 7 9 36 33 31 m 33 31 36 33 31 36 33 31 36 33 m 36 33 31 B B B I Repetição B e e e e e e g g g g g g B m m 24 24 24 24 m m 1 1 m m 29 m 29 29 29 29 16 16 m 16 16 m m m m m m m 35 35 35 35 35 35 B B c c c c c c h h h h h h m m m m 23 m 23 m 3 m 3 m m m 27 m m 27 m m 15 15 15 15 m 10 m 10 m m 10 m m 32 32 32 32 B B B B B B B B B B B B B B m B m m B m B m B m B m B B m m m B B B m m B B B m B B m m B B m m B B m B 283 metros Fundos 60 metros Estrada a: plantio em látice, identificadas com letras de a à h progênies da Paraíba, por B plantas de bordadura, m planta morta e 1 a 36 progênies nativas Fonte: EMBRAPA, AP (1997/1998) 39 No BAG as plantas de mangabeiras têm como espaçamento 6x6 metros entre indivíduos, com seis plantas por parcela e identificadas com placas de alumínio (Figura 7). Figura 7 Distribuição espacial das progênies de mangabeira no BAG da Embrapa Amapá 7.1.4 Bioprospecção de população nativa de mangaba no cerrado amapaense As populações de mangabeira (Hancornia speciosa Gomes) nativas ou naturais foram localizadas de forma preliminar através de consultas junto à população residente nas proximidades da rodovia BR 156, abrangendo parte do cerrado dos Municípios de Tartarugalzinho, Ferreira Gomes e Macapá, Estado do Amapá. Prospecções adicionais foram realizadas adotando-se o sistema de caminhadas para áreas internas ao longo da rodovia, sempre que fosse visualizado um ambiente adequado para a espécie ou então, quando fosse visto ao menos um exemplar, que pela distância aparentasse semelhança ou pertencesse a espécie. As populações foram encontradas em caminhadas de até 300 metros a partir da rodovia, dos lados direito e esquerdo. As mangabeiras nativas visualizadas foram georreferenciadas com auxílio de GPS e anotadas as posições geográficas em planilhas com a finalidade de conseguir plotar as mesmas posteriormente em mapas geográficos. Dentro do município de Macapá os registros foram efetivados na rodovia BR 156 até o Distrito de Ambé e também percorrendo a rodovia estadual AP 70. 40 7.1.5 Caracterizações do BAG Para a caracterização morfológica das plantas pertencentes ao BAG foram realizadas avaliações com base no aspecto vegetativo, reprodutivo e de fitossanidade (WALTER e CAVALCANTI, 2005). Os dados foram coletados nos meses de abril de 2009 a março de 2010, abrangendo 239 plantas nativas e 72 plantas da Paraíba, adultas e produzindo frutos. Nas plantas foram avaliados os seguintes caracteres: NPV: número de plantas vivas na parcela, variando desde a perda total da parcela até o máximo de seis plantas; ARP: arquitetura da planta, conforme o formato da copa, sendo classificada em cônica(C), redonda(R), achatada (A), redonda e achatada (RAC) e redonda alongada (RA); VA: valor agronômico, notas subjetivas e visuais, associando aspectos vegetativos, de frutificação e sanidade, variando numa escala de planta ruim com doenças (1) a planta excelente de alta produção (5); RCP: circunferência da copa da planta, sendo a distância média da projeção final da copa até o caule em metros; DCP: densidade da copa da planta, seguindo a classificação de densa (D), permeável (E) e média permeável (ME), sendo indicativo do número de folhas presentes na copa; ALT: altura da planta, estimado em metros, com uso régua graduada de 1 em 1 metro;NEF: número estimado de frutos na planta, estimado através de amostragem em uma das faces da copa; FOF: formato do fruto, classificado entre redondo (R) ou alongado (A); COR: matiz do fruto, com variação de amarelo (1), amarelo pouco variegado (2), amarelo médio variegado (3), amarelo muito variegado (4) e vermelho (5);PDF: Peso médio de dez frutos em gramas; DF: diâmetro do fruto (mm), obtido com auxílio de paquímetro;MCF: média do comprimento de dez frutos (mm), obtido com auxílio de paquímetro; MNS: média do número de sementes de dez frutos;TF: tempo em dias de frutificação; PDP: peso médio de polpa de dez frutos em gramas. Nos frutos após a maturação completa, foi realizada a separação da polpa das sementes através de peneiração e lavagem A polpa foi pesada em balança eletrônica de precisão e verificada a massa, sendo anotadas e posteriormente, inseridos os dados em planilhas eletrônicas. A massa e as medidas da semente e da polpa foram verificadas separadamente, a massa da semente e a massa da polpa do fruto em balança eletrônica, para medir as dimensões das sementes e dos frutos foram empregadas o paquímetro. 41 8 ANÁLISES ESTATÍSTICAS Para avaliação das progênies de mangabeiras do BAG, foram utilizados procedimentos estatísticos para detectar a presença de diferenças entre as oriundas do cerrado do Amapá e as provenientes do Nordeste. Inicialmente foi realizada a análise de variância individual e posteriormente, a conjunta, nas duas populações. Foram estimados os parâmetros fenotípicos e genotípicos entre ambas. Estas análises e as demais foram realizadas com o auxílio dos programas computacionais GENES 7 (CRUZ, 2006), desenvolvidos pela Universidade Federal de Viçosa, MG e SAS desenvolvido por SAS Institute Inc., Cary, North Carolina, USA (2000). A análise de variância foi realizada para estimar parâmetros fenotípicos e genotípicos e detectar eventuais diferenças entre tratamentos. Também foram estimadas as correlações entre os caracteres, além da herdabilidade, no sentido amplo pela relação entre as variâncias genotípicas e fenotípicas. 8.1.1 Análise de variância individual e conjunta Para cada população separadamente foram estimadas as médias de parcelas dos dados obtidos ao nível de plantas individuais para cada caráter e progênie. A média foi estimada pela divisão da soma dos valores individuais pelo número de plantas existentes na parcela (i = 1,..., n; sendo n = até 6). A partir das médias das parcelas foi realizada a análise de variância, segundo o modelo adaptado de RESENDE (2002) e CRUZ et al. (2004): Yij = µ + Gi + Rj + eij Considerando que: Gi: efeito do i-ésimo genótipo; Rj: efeito da j-ésima repetição; eij: erro aleatório A variância para cada repetição foi estimadas por: (Yi − y)2 V2 = ∑ n −1 42 Para avaliar se existem diferenças entre as populações nativas e as provenientes da Paraíba, foram realizadas as análises de variância, segundo o modelo: Yij = µ + Pi + Gj + Rk + eijk Considerando que: Pi: efeito da i-ésima população; Gj: efeito do j-ésimo genótipo, dentro da i-ésima população; Rk: efeito da k-ésima repetição, dentro da i-ésima população; eijk: erro aleatório. 8.1.2 Correlações fenotípicas de Pearson Os caracteres foram combinados dois a dois e a seguir determinaram-se as correlações fenotípicas (rF) de Pearson entre eles, para cada grupo de genótipos, ou seja, para o grupo das progênies nativas e para o grupo das progênies oriundas da Paraíba, conforme as seguintes equações (VENCOVSKY e BARRIGA, 1992): Correlação fenotípica: r COVF(x, y) F(XY)= VF(x)VF(y) Sendo: rF(XY): correlação fenotípica entre os caracteres x e y; covF(x,y) : produto médio de tratamentos para os caracteres x e y envolvidos; VF(x) e VF(y): variância fenotípica de tratamentos para os caracteres x e y, respectivamente. 43 8.1.3 Classificação de médias de Scott-Knott modificado Nos caracteres em que foram observadas diferenças significativas para o efeito de tratamento pelo teste F (P<0,05), promoveu-se o agrupamento de médias de progênies pelo método de SCOTT e KNOTT (1974); para cada população individualmente, porém na metodologia modificada, apresentada por VASCONCELOS et al. (2007). Por este método as médias de tratamentos são classificadas em grupos, sem sobreposição, através das diferenças significativas existentes, sendo indicado para experimentos com delineamento balanceado e com número de tratamentos superior a 20. O critério de classificação da metodologia modificada diferencia-se por realizar os agrupamentos de forma simultânea das progênies, separando as mesmas num único processo, em relação ao método tradicional baseada num processo hierárquico ou de ramificação, dividindo-se as médias de tratamentos em dois grupos e, assim, sucessivamente em novos subgrupos, cada subgrupo contendo padrões de similaridade em seu conjunto de médias,. O processo de divisões encerrou-se quando se tentou dividir em subgrupo em dois novos e estes não apresentaram diferenças significativas. O método de divisão adotado foi o de EDWARDS e CAVALI-SFORZA (1965) que consiste em medir a similaridade das médias individuais de tratamentos dentro dos grupos pela soma dos mínimos quadrados (SQ) dos indivíduos. O procedimento básico adotado para o teste de Scott-Knott esta descrito a seguir, considerando: λ = πB 0 / 2σˆ 2 (π − 2 ) 0 Sendo: λ: teste da razão de verossimilhança; π: 3, 14159…; B0: valor máximo da soma de quadrados entre grupos obtidos sobre todas as possíveis divisões dos t tratamentos em 2 grupos: σˆ 02 = [∑( xi . - x.. )2 + νs 2x ] /(t + ν ) 44 σ̂02 : estimador de máxima verossimilhança; x i. : média do i-ésimo tratamento x.. : média geral de todos os tratamentos t: número de médias de tratamentos sendo divididas S 2x : variância da média de tratamento (QMerro / r) ν: graus de liberdade do quadrado médio do erro; A distribuição de λ foi então comparada a uma de distribuição X2 com graus de liberdade para V0, sendo: V0 = t (π - 2) Quando o λ calculado foi menor que o correspondente X2 tabulado ao nível de significância escolhido, todas as médias foram consideradas homogêneas; caso contrário, ou seja, se λ foi maior que o valor tabulado, os dois grupos avaliados não diferiram significativamente entre si. 8.1.4 Gráfico de caixa (Box Plot) O gráfico de caixa (Box Plot) é um procedimento que auxilia a análise exploratória dos dados, baseado nas estimativas das separatrizes, que são a mediana (md) e os quartis (Qi) e insere informações de um conjunto de dados dentro de um gráfico que permite a fácil visualização e compreensão desses dados (IEMMA, 1992a e b). Este gráfico foi utilizado para observação de população de pupunheiras por YOKOMIZO E OLIVEIRA (2002) e avaliação em produção de palmitos das progênies desta população (YOKOMIZO (2005). A mediana corresponde ao ponto que divide os dados em duas metades iguais (50%) da distribuição e é estimada segundo a equação: 45 md = l md + (n / 2 − F ant f md ) .a md Sendo: lmd: limite inferior da classe mediana; Fant: frequência acumulada à direta da classe anterior à classe mediana (valor acumulado); fmd: frequência absoluta simples da classe mediana (valor do número de dados observados); amd: amplitude da classe mediana (subtração entre o valor máximo e mínimo da classe).Os quartis representam porcentagens dos dados, sendo que o primeiro quartil (Q1) envolve 25% dos dados e o terceiro quartil (Q3) envolve 75%, e representados pelas equações: Q1 = lQ1 + (n / 4 − Fant) .a fQ1 e Q 3 = lQ3 + (3n / 4 − Fant ) .a fQ3 Sendo: lQ1 e lQ3: limites inferiores das classes que contém o primeiro quartil (Q1) e o terceiro (Q3); Fant: frequência acumulada da classe anterior à classe que contém o quartil que está sendo estimado; fQ1 e fQ3: frequências absolutas simples das classes que contém os quartis; a: amplitude da classe do quartil que está sendo estimado. Após as estimativas da mediana e dos quartis, o gráfico de caixa é esquematizado conforme descrição abaixo: X valores muito discrepantes (3H) O valores discrepantes (entre 1,5H e 3H) 75% dos dados + H Média Mediana 25% dos dados As medianas com valores Xmenores a média indica a existência de assimetria valoresque muito discrepantes (3H) positiva, enquanto que as medianas menores que a média corresponde à assimetria negativa. 46 Valores discrepantes são os valores que apresentam médias bem diferentes em relação à média dos demais tratamentos, mas que podem ser considerados aceitáveis. Os valores muito discrepantes são valores extremamente diferentes em relação aos demais e devem ser estudados com maior cuidado (IEMMA, 1992). Adicionalmente, aproveitando os dados obtidos nas avaliações de campo do BAG, foram estruturados gráficos apresentando os percentuais comparativos entre as diferenças dos caracteres, visando permitir quantificar de forma simples a composição das populações, identificando as classes que aparecem, além de verificar as proporções entre as mesmas. 47 9 RESULTADO E DISCUSSÃO 9.1.1 Georreferenciamento das populações de mangaba O georreferenciamento das populações nativas de Hancornia speciosa Gomes no estado do Amapá totalizou em quatro populações localizadas, as principais com mais de 160 indivíduos, associado com o processo de conscientização dos proprietários das áreas em conservar o material genético desta espécie. Para tanto os deslocamentos de técnicos devem ser constantes para visitar in loco as populações monitorando a situação das plantas e assim subsidiar ações corretivas. Tabela 1 Bioprospecção de campo para localização de populações nativas de mangabeiras no cerrado do Estado do Amapá. Município Localidade Macapá Ambé Macapá N Altitude (m) Referências geográficas 300 4 N00º2019,99’’ W50º57’12,03’’ São Jose do Mata Fome (70km de Macapá) 80 3 N00°13’00,09’’ W50º 58’19,04’’ Macapá Ambé/ Faz. do Sr.Didi 600 3 N00º29’30’’ W50º53’21,09’’ Tartarugalzinho Comunidade Entre Rios 04 64 N01º07’41,06’’ W51º03’02,06’’ Tartarugalzinho Margem esquerda da BR 156, Km 257 01 17 N01º29’53,04’’ W50º54’41,02’’ Tartarugalzinho Fazenda Novo Horizonte Ponto 1 15 56 N01º08’05,09’’ W051º02’43,01 Tartarugalzinho Fazenda Novo Horizonte Ponto 2 10 64 N01º07’34,05’’ W51º02’46,08’’ Tartarugalzinho Fazenda Novo Horizonte Ponto 3 17 60 N01º07’25,06’’ W51º02’45,7’’ Tartarugalzinho/ F.Gomes Margem direita da BR 156, Km 315 02 82 N00º56’53’’ W51º10’30,03’’ Ferreira Gomes Margem direita da BR 156, Km 350 Ponto 1 BR 156, Km 350, 300metros sentido NorteSul 200 60 N00º52’45,07’’ W51º11’13,8’’ 160 62 N00º53’06,04’’ W51º11’15,04’’ Ferreira Gomes 9.1.2 Análise de variância 48 No resumo da análise de variância para onze dos caracteres avaliados em progênies nativas de mangabeiras do cerrado amapaense, não foram encontradas diferenças estatísticas significativas para NPV, NEF, COR, PDF, PDP, MNS, DF e MCF. Os caracteres VA, RCP e ALT apresentaram diferenças estatísticas significativas, indicando a existência de comportamentos distintos nas progênies o que possibilita a seleção de materiais de interesse. A diferença observada para os graus de liberdade de progênies com 27, 33, 34 e 35 deve-se a perda de parcelas em quantidades diferentes para os caracteres associados. Quanto à coloração dos frutos ESPÍNDOLA et al. (1995) e SILVA JUNIOR (2006) citam a existência de grande variabilidade não só entre procedências, mas também na mesma planta, o que confirma as diferenças significativas aqui observadas entre as progênies do BAG de Embrapa Amapá (Tab.2). a Tabela 2 Resumo da análise de variância para onze caracteres avaliados em progênies nativas de mangabeiras. F.V. GL Prog 34 2,649 NPV Bl 1 0,308 Erro 25 ns ns NEF 120,50 64,82 COR ns ns 0,189 0,113 GL PDF ns 27 2192,8 ns 1 1352,0 ns 1758,4 2200,1 MNS ns ns 15,584 2,722 ns ns GL DF 33 11,602 1 24,041 23 MCF ns ns 14,529 ns 27, 786 ns GL VA RCP ALT 35 0,348** 0,170** 0,635* 1 0,266 27 ns 0,146 ns 0,196 1,708 106,92 0,247 3309,0 2304,4 14,961 7,771 17,692 0,088 0,064 0,321 Med 3,77 18,11 1,89 241,18 195,32 13,00 32,80 40,96 2,055 1,877 5,673 CV 34,66 57,11 26,28 23,86 24,58 29,75 8,50 10,27 14,44 13,47 9,98 a 8 PDP ns ns NPV: número de plantas vivas na parcela; VA: valor agronômico; RCP: circunferência da copa da planta; ALT: altura da planta; COR: matiz do fruto; PDF: Peso médio de dez frutos; DF: diâmetro do fruto; MCF: média do comprimento de dez frutos; MNS: média do número de sementes de dez frutos; PDP: peso médio de polpa de dez frutos. O coeficiente de variação (CV%) experimental foi considerado alto para os caracteres NPV e NEF, devido principalmente a materiais oriundos de propagação por semente e que não sofreram qualquer processo de seleção ainda. Para os demais caracteres os valores foram médios a baixos devido à inexistência de processos de seleção. RESENDE et al. (2002), em seu estudo observaram valor alto no caráter ALT, comportamento dissimilar ao que foi aqui observado. Isto pode ser atribuído à origem do material avaliado, onde os autores estudaram populações naturais com indivíduos de diversas idades, diferindo com as progênies aqui utilizadas que possuem a mesma idade. Para o NEF o comportamento foi semelhante a ALT. 49 SANO, (2003) obteve variabilidade alta em todos os caracteres avaliados distinto em relação a alguns caracteres aqui avaliados, que conforme já foi citado apresentaram valores de médios a baixos. No resumo da análise de variância, apresentado, não foram encontradas diferenças expressivas, isso significa que todas as progênies sem exceção, comportaram-se de forma semelhante baseado nas médias de parcelas. O CV% experimental das progênies oriundas da Paraíba foi alto para os caracteres NEF, PDF, MNS e PDP. Tendo em vista que os materiais foram oriundos de propagação com processo de seleção iniciado, onde são esperados menores valores de CV. Para os demais caracteres os valores médios de CV foram baixos, por já terem sofrido processo de seleção, que tende a diminuir as variações entre as progênies e com isso tendem a uniformizar as plantas, resultando em menores coeficientes de variação. RESENDE et al. (2002), em seus estudos, com dados de indivíduos de diferentes idades, observaram valor alto no CV para o caráter ALT, diferente do que foi aqui observado. Em NEF o comportamento foi semelhante. SANO et al. (2003), também obtiveram variabilidade alta em todos os caracteres avaliados, distinto em relação a alguns caracteres aqui avaliados. a Tabela 3 Resumo da análise de variância para onze caracteres avaliados em progênies provenientes da Paraíba. F.V. GL NPV Prog 7 1,348 Bl 1 1,563 Erro 15 ns ns VA 0,0872 0,1225 ns ns RCP ALT ns ns 0,212 0,551 ns 0,116 NEF 2854,1 1,066* 5304,6 ns ns COR 0,081 0,194 ns ns PDF 577,573 0,286 ns ns DF 6,493 0,031 ns ns PDP 117,5 480,3 ns ns MNS 7,569 2,580 ns ns MCF 6,117 3,500 0,991 0,0582 0,613 0,158 1346,0 0,082 2245,286 20,097 1212,0 19,682 9,919 Med 3,44 2,03 3,38 5,13 93,73 1,22 140,3 25,49 110,3 11,47 29,91 CV 28,96 11,91 23,14 7,74 39,14 23,41 33,77 17,59 31,55 38,69 10,53 ns ns a NPV: número de plantas vivas na parcela; ARP: arquitetura da planta; VA: valor agronômico; RCP: circunferência da copa da planta; ALT: altura da planta; COR: matiz do fruto; PDF: Peso médio de dez frutos; DF: diâmetro do fruto; MCF: média do comprimento de dez frutos; MNS: média do número de sementes de dez frutos; PDP: peso médio de polpa de dez frutos. Considerando os dados referentes aos parâmetros fenotípicos e genotípicos apresentados para a população nativa de mangabeiras, os resultados demonstram que os caracteres VA, RCP e ALT possuem variâncias genéticas superiores as residuais (efeitos 50 ambientais), desta forma, a manifestação fenotípica tem maior contribuição devido aos fatores genéticos dos indivíduos, com menor influência ambiental (Tab 4,pg.50). Já os caracteres NPV, NEF e DF, apresentaram a variância residual, devido aos efeitos ambientais, considerado principal componente pela manifestação destes caracteres, enquanto que COR, MCF, MNS e PDP apresentaram variância residual apenas como responsáveis pela contribuição na manifestação dos citados caracteres devidos ao ambiente. Quanto à herdabilidade, adotando-se os limites citados por RESENDE (2002), se obteve para os caracteres VA, RCP e ALT, valores acima de 50%, considerados portanto como de alta herdabilidade. Para os caracteres NPV, NEF e DF possuidores de herdabilidade média, as progênies apresentaram a tendência de transferirem ainda com certa facilidade para sua descendência as suas características. Nos caracteres, onde não foi possível estimar a herdabilidade neste trabalho, há indicativos de que não seja possível a transferência das características médias para seus descendentes. A relação CVg/CVe é um indicador da facilidade do processo de seleção em determinadas populações. Para as progênies nativas de mangabeiras, o caráter VA com valor acima de 1,0, indica maior facilidade de selecionar indivíduos de interesse na população. Se o processo de seleção for realizado com base nos caracteres de forma individualizada, haverá grande dificuldade em se selecionar os melhores materiais, enquanto que o uso do VA que soma várias características em seu processo de avaliação pode permitir uma seleção dentro da população. Estes resultados diferem dos de GANGA et al. (2010), que constataram alta variabilidade disponível para os caracteres ALT, DF e PDF. 51 Tabela 4 Parâmetrosa genéticos e fenotípicos de onze caracteresb avaliados em progênies de mangabeiras (Hancornia speciosa Gomes) de população nativa do cerrado amapaense. Parâmetros NPV VA RCP ALT NEF COR PDF DF MCF MNS PDP σ 2F 1, 118 0, 166 0, 075 0, 298 57,49 0, 090 531,91 4,874 390,357 3, 540 6, 224 σ 2r 0, 785 0, 043 0, 034 0, 144 42,35 0, 098 692,28 3, 194 553,204 4, 214 6, 488 σ2G 0, 333 0, 123 0, 041 0, 154 15,14 0,00 0,00 1, 680 0,00 0,00 0,00 H2 % 29,81 74,01 54,51 51,65 26,33 0,00 0,00 34,46 0,00 0,00 0,00 CVg % 15,17 17,04 10,80 6,911 21,49 0,00 0,00 3,951 0,00 0,00 0,00 CVg/CVe 0,460 1,193 0,774 0,731 0,423 0,00 0,00 0,513 0,00 0,00 0,00 a σ2f : variância fenotípica com base em média de plantas dentro da repetição; σ2e: variância ambiental com base em média de plantas dentro da repetição; σ2g variância genotípica com base em média de plantas dentro da repetição; H2%: herdabilidade no sentido amplo em porcentagem; CVg (%): coeficiente de variação genotípica em porcentagem; CVg/CVe: relação entre coeficiente de variação genotípica pelo coeficiente de variação ambiental. b NPV: número de plantas vivas na parcela; ARP: arquitetura da planta; VA: valor agronômico; RCP: circunferência da copa da planta; ALT: altura da planta; COR: matiz do fruto; PDF: Peso médio de dez frutos; DF: diâmetro do fruto; MCF: média do comprimento de dez frutos; MNS: média do número de sementes de dez frutos; PDP: peso médio de polpa de dez frutos. Considerando os dados referentes aos parâmetros fenotípicos e genotípicos apresentados para as progênies da população de mangabeiras provenientes da Paraíba, os resultados demonstraram que somente o caráter NEF, com variância genética superior a residual (efeitos ambientais), tem sua manifestação fenotípica devido a maior contribuição genética (Tab 5,pg.51). Nos demais caracteres avaliados a variância residual (efeitos ambientais) foi o principal componente da manifestação fenotípica, chegando a ser o fator responsável pela totalidade da variabilidade observada em alguns caracteres. Para COR, PDF, DF, PDP, MNS e MCF, não foi observada variabilidade genética entre os materiais, devido à alta uniformidade das progênies provenientes da Paraíba. Para a herdabilidade, o caráter NEF apresentou valor acima de 50%, considerado alto, desta forma existe tendência de facilidade de transferência desta característica para suas progênies. Os caracteres NPV e VA, possuidoras de herdabilidade média, com valores de 20 a 49%, apresentam indicativo de transferência destas características para suas progênies, porém em menores proporções do que o caráter NEF. Para os demais caracteres não foi possível estimar a herdabilidade, verificando-se que há pequena ou nenhuma possibilidade de transferência das características médias das progênies para seus descendentes, pois praticamente toda a manifestação fenotípica foi devida aos fatores ambientais. 52 A relação CVg/CVe, que é um indicador da facilidade do processo de seleção em determinadas populações, teve valores abaixo de 1,0 para as progênies da Paraíba, que pode ser atribuído aos processos de seleção que essas progênies já sofreram, tornando-as mais uniforme e com baixa variabilidade disponível para fins de seleção. Estes resultados diferem dos de GANGA et al. (2010), que constataram alta variabilidade disponível para os caracteres ALT, DF e PDF (Tab.5). a b Tabela 5 Parâmetros genéticos e fenotípicos de onze caracteres avaliados em progênies de mangabeiras (Hancornia speciosa Gomes) de população proveniente da Paraíba. Parâmetros NPV VA RCP ALT NEF COR PDF DF PDP MNS MCF σ 2F 0,674 0,044 0,106 0,058 1427,04 0,041 283,35 3,219 57,64 3,429 2,586 σ 2r 0,496 0,029 0,306 0,079 673,00 0,041 967,78 8,640 523,00 8,794 4,729 σ2G 0,179 0,015 0,00 0,00 754,04 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 H2 % 26,49 33,26 0,00 0,00 52,84 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 CVg % 12,29 5,94 0,00 0,00 29,30 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 CVg/CVe 0,425 0,499 0,00 0,00 0,749 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 a σ2f : variância fenotípica com base em média de plantas dentro da repetição; σ2e: variância ambiental com base em média de plantas dentro da repetição; σ2g variância genotípica com base em média de plantas dentro da repetição; H2%: herdabilidade no sentido amplo em porcentagem; CVg (%): coeficiente de variação genotípica em porcentagem; CVg/CVe: relação entre coeficiente de variação genotípica pelo coeficiente de variação ambiental. b NPV: número de plantas vivas na parcela; ARP: arquitetura da planta; VA: valor agronômico; RCP: circunferência da copa da planta; ALT: altura da planta; COR: matiz do fruto; PDF: Peso médio de dez frutos; DF: diâmetro do fruto; MCF: média do comprimento de dez frutos; MNS: média do número de sementes de dez frutos; PDP: peso médio de polpa de dez frutos. Apesar de que não foram observadas diferenças significativas para as progênies de cada população avaliada, desejou-se verificar se haveriam diferenças entre as populações, Sendo que somente os caracteres NPV, VA e MNS não distinguiram as populações, ou seja, ambas foram similares nestes três aspectos. Nos demais foram observadas diferenças significativas a 1%, indicando que há diferenças entre as progênies da população nativa em relação às da Paraíba, principalmente nos caracteres relativos aos aspectos vegetativos e reprodutivos. Resultados semelhantes foram observados por RESENDE et al. (2002), nos estudos de caracteres morfológicos (altura, diâmetro do caule e número de frutos), onde houve maior diversidade entre populações do que dentro de populações. Também SANO et al. (2003), notaram em avaliações entre populações, a existência de maior variabilidade entre do que dentro, para NP, VA, ALT, NEF em comparação com a análise individual das duas populações (Tab. 6). 53 a Tabela 6 Resumo da análise de variância conjunta para onze caracteres avaliados em progênies nativas comparadas com as provenientes da Paraíba. GL POP 1 Erro 75 NPV 1,405 ns 2,010 VA 1 78 RCP ALT 29,053** 3,846** 0,205 0,181 0,436 0,011 ns NEF COR 1 72968,30** 5,704** 77 542,23 0,189 PDF PDP MNS 1 108332,89** 77096,64** 50 2064,56 1494,19 14,33 25,07 ns DF MCF 1 636,80** 1454,16** 71 10,48 14,18 Média 3,70 2,05 2,18 5,56 33,42 1,76 212,02 170,81 12,56 31,30 38,69 CV% 38,30 22,09 19,52 11,87 69,67 24,78 21,43 22,63 30,15 10,34 9,73 a NPV: número de plantas vivas na parcela; ARP: arquitetura da planta; VA: valor agronômico; RCP: circunferência da copa da planta; ALT: altura da planta; COR: matiz do fruto; PDF: Peso médio de dez frutos; DF: diâmetro do fruto; MCF: média do comprimento de dez frutos; MNS: média do número de sementes de dez frutos; PDP: peso médio de polpa de dez frutos. 9.1.3 Classificações de médias de Scott-Knott O agrupamento de médias de SCOTT-KNOTT (1974) modificado foi realizado para classificar as progênies de mangabeiras nativas do Cerrado do Estado do Amapá e as provenientes do Estado da Paraíba, de forma individual e determinar as que possuem caracteres de interesse em cada população. Para VA, foi verificada a formação de três grupos, sendo que os grupo superiores (a e b) contiveram sete progênies com médias entre 3,25 a 2,33, as demais compuseram o grupo inferior (c) com médias de 2,27 a 1,30, indicando que o somatório de várias características, ou seja, o estado geral que se encontra a planta no momento da avaliação (desenvolvimento da planta, aspecto da sanidade e produção de frutos) permitiu identificar progênies com caracteres que interessam a esse estudo, entre os materiais avaliados. Para RCP foi verificada 20 progênies formando o grupo superior (a) com média entre 2,45 e 1,87 enquanto que foram agrupados 16 progênies no grupo b com médias entre 1,84 e 1,30. Sendo interessante observar que existiram diferentes circunferências de copas tanto entre como dentro das populações, indicando a existência de variabilidade suscetível à seleção. Neste caso plantas com maiores diâmetros seriam as mais interessantes. Apesar do teste de agrupamento não ter distinguido as progênies para o caráter COR, houve variação no nível de matização avermelhada do tegumento dos frutos, havendo desde o amarelo sem variegação até o muito avermelhado, devendo ser avaliado junto ao consumidor qual intensidade de cor é mais atrativo, comportamento semelhante foi observado por Espíndola et al. (1995) e Silva Junior (2006), que citam a existência de grande variabilidade não só entre 54 procedências, mas também na mesma planta. Nos demais caracteres o teste não conseguiu diferenciar as diferentes progênies, mas convém ressaltar que existiram valores extremos que podem ser interessantes em processos futuros de seleção. a Tabela 7 Classificação de médias pelo teste de Scott-Knott para 11 caracteres G progênies de mangabeiras nativas. G 35 33 32 29 26 21 20 17 11 8 5 36 30 28 27 15 13 9 35 31 23 18 12 6 22 16 14 10 7 2 24 19 4 3 1 25 a b NPV 5,5a 5,0a 5,0a 5,0a 5,0a 5,0a 5,0a 5,0a 5,0a 5,0a 5,0a 4,5a 4,5a 4,0a 4,0a 4,0a 4,0a 4,0a 3,5a 3,5a 3,5a 3,5a 3,5a 3,5a 3,0a 3,0a 3,0a 3,0a 3,0a 3,0a 2,5ª 2,5ª 2,5ª 2,5ª 2,5ª 1,0a G VA 10 3,25a 27 2,87a 32 2,83a 24 2,62b 23 2,47b 36 2,37b 1 2,33b 4 2,27c 28 2,18c 30 2,16c 26 2,15c 29 2,12c 20 2,11c 9 2,11c 35 2,06c 31 2,06c 16 2,06c 14 2,06c 15 2,02c 02 2,02c 22 2,00c 13 1,96c 33 1,96c 21 1,96c 6 1,86c 34 1,83c 8 1,80c 3 1,79c 11 1,77c 25 1,75c 12 1,69c 7 1,66c 19 1,50c 05 1,46c 17 1,45c 18 1,30c G RCP 24 2,45a 16 2,24a 35 2,21a 27 2,21a 1 2,16a 23 2,14a 10 2,12a 2 2,11a 28 2,08a 36 2,07a 29 2,06a 32 2,05a 9 2,04a 4 2,04a 21 1,96a 13 1,96a 31 1,93a 30 1,93a 22 1,91a 20 1,87a 3 1,84b 34 1,83b 33 1,77b 26 1,77b 6 1,75b 14 1,71b 8 1,68b 15 1,67b 11 1,62b 7 1,61b 19 1,57b 12 1,54b 5 1,52b 17 1,44b 18 1,31b 25 1,30b G ALT 33 7,10a 35 6,77a 26 6,70a 29 6,28a 23 6,20a 6 6,17a 31 6,11a 24 6,11a 8 6,02a 32 5,91a 4 5,83a 28 5,77a 9 5,75a 14 5,74a 22 5,71a 27 5,70a 36 5,67a 20 5,66a 21 5,65a 34 5,63a 30 5,58a 5 5,56a 2 5,53a 3 5,52a 10 5,42a 13 5,40a 11 5,31a 25 5,25a 12 5,25a 7 5,24a 17 5,21a 15 5,17a 1 5,07a 16 5,05a 19 4,68a 18 4,43a G NEF 32 41,25ª 27 36,66ª 25 30,00a 36 29,75ª 10 25,00a 29 24,75ª 35 24,66ª 24 23,75ª 13 21,55ª 31 21,25ª 26 19,50ª 4 19,05ª 28 18,66ª 12 18,11ª 23 18,00a 11 17,80ª 2 17,80ª 20 17,55ª 14 16,87ª 33 15,83ª 18 15,72ª 9 15,72ª 6 14,05ª 30 14,00a 34 13,12ª 15 13,12ª 7 12,91ª 16 12,50ª 8 12,50ª 22 11,24ª 21 11,25ª 1 11,25ª 5 10,83ª 3 9,58ª 17 8,37ª 19 7,5ª G COR 1 2,50a 23 2,45a 15 2,37a 21 2,32a 25 2,25a 14 2,25a 10 2,25a 29 2,15a 35 2,11a 32 2,05a 7 2,00a 3 2,00a 20 1,94a 13 19,4a 9 1,94a 6 1,94a 28 1,90a 26 1,90a 12 1,89a 33 1,87a 24 1,87a 18 1,83a 11 1,82a 36 1,72a 4 1,69a 2 1,69a 34 1,69a 31 1,66a 22 1,62a 30 1,57a 5 1,54a 27 1,50a 19 1,50a 17 1,50a 8 1,40a 16 1,37a G PF 35 2,92a 10 2,82a 21 2,78a 20 2,72a 34 2,71a 31 2,71a 14 2,59a 7 2,59a 29 2,56a 4 2,54a 27 2,50a 9 2,50a 24 2,41a 19 2,41a 18 2,41a 16 2,41a 15 2,41a 13 2,41a 12 2,41a 3 2,41a 6 2,40a 5 2,39a 11 2,37a 32 2,34a 36 2,30a 22 2,30a 30 2,28a 26 2,23a 8 2,23a 1 2,21a 23 2,19a 2 2,19a 17 2,10a 33 2,04a 25 1,98a 28 1,93a G DF 27 37,50a 22 37,50a 24 37,00a 7 36,00a 20 33,00a 9 34,73a 21 34,66a 34 34,56a 35 33,73a 31 33,50a 26 33,50a 16 33,50a 6 33,50a 29 33,40a 5 33,33a 18 33,00a 19 32,80a 12 32,80a 23 32,73a 4 32,73a 11 32,06a 15 31,99a 17 31,83a 13 31,73a 14 31,66a 36 31,50a 2 31,40a 32 31,33a 3 31,33a 30 31,16a 1 31,16a 10 31,00a 28 30,00a 8 29,83a 33 29,16a 25 27,67a G PDP 35 242,5a 20 231,5a 34 227,5a 21 225,5a 10 222,0a 31 218,5a 7 211,0a 5 207,5a 27 206,0a 29 205,0a 4 204,0a 14 201,0a 9 198,5a 11 196,5a 24 195,0a 19 195,0a 18 195,0a 16 195,0a 15 195,0a 13 195,0a 12 195,0a 3 195,0a 36 190,0a 22 187,5a 30 185,5a 32 185,0a 8 183,0a 6 182,5a 1 180,0a 23 175,5a 26 170,0a 2 168,5a 25 168,0a 17 166,5a 33 166,0a 28 161,0a G MNS 4 17,66a 9 16,50a 28 15,50a 27 15,50a 10 15,50a 31 15,17a 26 15,16a 22 14,83a 11 14,50a 5 13,66a 32 13,50a 35 13,33a 20 13,33a 29 13,16a 24 13,00a 19 13,00a 18 13,00a 16 13,00a 15 13,00a 13 13,00a 12 13,00a 3 13,00a 34 12,66a 36 12,00a 23 12,00a 2 11,83a 21 11,66a 1 11,50a 6 11,33a 8 11,16a 7 11,16a 30 11,00a 25 10,33a 14 10,16a 33 10,00a 17 9,83a b em G MCF 22 47,16ª 7 45,66ª 16 45,00a 30 44,33ª 24 43,67ª 36 43,16ª 21 43,16ª 27 43,00a 29 42,64ª 20 42,64ª 34 42,48ª 4 41,81ª 26 41,66ª 9 41,48ª 19 40,96ª 12 40,96ª 14 40,66ª 10 40,66ª 23 40,64ª 2 40,64ª 35 40,48ª 18 40,33ª 32 40,00a 11 39,98ª 33 39,83ª 31 39,83ª 6 39,50ª 3 39,33ª 1 39,00a 17 38,67ª 5 38,50ª 13 38,48ª 28 38,33ª 15 37,75ª 8 36,66ª 25 35,33ª Médias seguidas da mesma letra não diferem a 5% de significância NPV: número de plantas vivas na parcela; ARP: arquitetura da planta; VA: valor agronômico; RCP: circunferência da copa da planta; ALT: altura da planta; COR: matiz do fruto; PDF: Peso médio de dez frutos; DF: diâmetro do fruto; MCF: média do comprimento de dez frutos; MNS: média do número de sementes de dez frutos; PDP: peso médio de polpa de dez frutos. Nas progênies oriundas do Estado da Paraíba, na classificação de médias de ScottKnott observa-se que em nenhum dos caracteres avaliados houve a formação de grupos distintos, contudo a presença de valores superiores e inferiores devem ser consideradas nos processos de melhoramento genético neste grupo. Um fato interessante a ser recordado quando não foram obtidos grupos distintos é a provável pequena diversidade fenotípica entre os materiais coletados, o que sem dúvida denota que a seleção dos materiais realizada na Paraíba foi baseada em plantas muito próximos da média, com isso não há presença de progênies com desempenho superiores (Tab. 8). 55 a b Classificação de médias pelo teste de Scott-Knott para 11 caracteres em G progênies de mangabeiras do Estado da Paraíba Tabela 8 a b G NPV G VA G RCP G ALT G NEF G COR G PDF G DF G PDP G MNS G MCF 3 4,50ª 5 2,37a 5 4,00a 8 5,35a 5 155,83a 7 1,50ª 2 161,50a 7 27,67a 6 123,50a 2 14,67a 1 31,83ª 7 4,00a 3 2,22a 2 3,62a 7 5,35a 3 129,25a 4 1,41ª 8 157,50a 8 27,33a 8 116,50a 4 12,73a 7 31,00a 4 4,00a 7 2,12a 3 3,50a 6 5,34a 1 100,83a 3 1,36ª 7 155,00a 6 26,50a 2 113,00a 5 12,50a 6 31,00a 8 3,50ª 6 2,00a 7 3,37a 1 5,21a 6 100,00a 8 1,25ª 6 146,00a 4 25,91a 1 110,50a 8 11,66a 8 30,50ª 5 3,50ª 2 2,00a 6 3,31a 2 5,07a 7 97,50a 6 1,25ª 4 133,50a 2 25,83a 4 109,50a 6 11,00a 3 30,00a 1 3,50ª 4 1,90a 4 3,16a 3 5,01a 8 70,41a 5 1,0a 5 126,00a 1 24,66a 7 107,50a 3 10,33a 2 29,66ª 6 2,50ª 8 1,85a 1 3,08a 4 4,98a 2 52,50a 2 1,0a 1 125,50a 5 23,00a 3 102,00a 1 10,17a 4 28,45ª 2 2,00a 1 1,73a 8 3,00a 5 4,66a 4 43,50a 1 1,0a 3 117,50a 3 23,00a 5 100,00a 7 8,66a 5 26,83ª Médias seguidas da mesma letra não diferem a 5% de significância NPV: número de plantas vivas na parcela; ARP: arquitetura da planta; VA: valor agronômico; RCP: circunferência da copa da planta; ALT: altura da planta; COR: matiz do fruto; PDF: Peso médio de dez frutos; DF: diâmetro do fruto; MCF: média do comprimento de dez frutos; MNS: média do número de sementes de dez frutos; PDP: peso médio de polpa de dez frutos. 9.1.4 Correlações fenotípicas de Pearson Nas avaliações de correlações fenotípicas de Pearson, em 11 caracteres, nas progênies de mangabeiras nativas e provenientes da Paraíba foram utilizados os limites citados por COHEN (1988), onde as correlações baixas apresentaram valores entre 0 a 29%, as médias entre 30 a 49% e altas acima de 50%. Desta forma, as estimativas de correlações foram altas e positivas para as combinações duas a duas de VA com RCP, PDF com DF, PDP com DF, PDF com PDP, MCF com PDF, MCF com DF e MCF com PDP, sendo que a maioria das correlações está diretamente relacionada às características de peso e dimensões de frutos. Na correlação entre VA e RCP, tem-se que maiores notas relativo à combinação dos aspectos vegetativo, reprodutivo e de sanidade, foram atribuídas a plantas com maiores circunferências de copa, pois conferiu sempre a melhores plantas em relação as demais características. As correlações das combinações de VA com NEF, VA com MNS, RCP com ALT, RCP com NSF foram positivas médias. Na correlação entre RCP com ALT, existe a tendência de plantas com maiores circunferências de copa também apresentarem maiores alturas, ou seja, as plantas apresentam tendência de copas mais arredondadas. 56 A associação obtida de MNS com VA e RCP, talvez seja devido presença de correlações indiretas do quantitativo de sementes com necessidade de maiores frutos, não detectados nas correlações diretas entre MNS com PDF ou DF. Já as correlações entre VA com ALT e RCP com NEF foram positivas e baixas, apesar disso, pode-se deduzir que plantas mais alta tendem a apresentar melhores avaliações de notas para VA e, na combinação RCP com NEF, há indícios de que, apesar de baixa, plantas com maiores circunferências tendem a produzir maior quantidade de frutos. Na correlação VA com COR, o valor estimado foi baixo e positivo também, indicando leve tendência de plantas com frutos mais coloridos com matizes avermelhadas, serem melhores avaliadas em termos agronômicos. a Tabela 09. Correlações fenotípicas de Pearson para 11 caracteres em população nativa de mangabeiras do cerrado amapaense. NPV VA RCP ALT NEF COR PDF DF PDP MNS a VA RCP ALT NEF COR PDF DF PDP MNS MCF -11,13 -4,90 17,12 11,45 -5,58 26,57 -0,12 32,62 -11,12 2,66 73,26** 28,54* 40,34** 28,85* 20,43 10,70 15,23 40,43* 17,25 31,82* 26,47* 15,80 12,86 20,95 5,06 47,79** 23,38 22,98 5,99 2,37 -0,65 -14,44 18,16 3,99 18,64 -12,21 -15,21 -11,69 14,57 -7,20 16,30 -10,49 17,59 -12,02 -17,34 72,63** 93,97** 23,14 56,48** 75,10** 18,87 66,95** 17,75 56,11** -0,78 NPV: número de plantas vivas na parcela; ARP: arquitetura da planta; VA: valor agronômico; RCP: circunferência da copa da planta; ALT: altura da planta; COR: matiz do fruto; PDF: Peso médio de dez frutos; DF: diâmetro do fruto; MCF: média do comprimento de dez frutos; MNS: média do número de sementes de dez frutos; PDP: peso médio de polpa de dez frutos. Na população de mangabeiras provenientes da Paraíba (Tab. 10, pag.57) foi observado que na correlação entre VA e RCP, maiores notas para valor agronômico foram atribuídas às plantas com maiores circunferências de copa, influenciado pelo melhor aspecto de desenvolvimento da planta, dando uma impressão de copa mais fechada e mais apropriada para suportar e produzir maior quantitativo de frutos, assim como nos caracteres relativos ao 57 diâmetro da copa da planta (RCP) em que plantas com maiores valores também apresentaram maior produtividade de frutos (NEF) e com isso maior média de número de sementes (NSF), ou seja, no processo de seleção existe a tendência de plantas maiores em diâmetro também apresentarem maiores produtividades de frutos, com base nestas correlações. O aumento da sobrevivência de plantas na parcela experimental (NPV) teve como reflexo a diminuição no valor dos caracteres PDF e PDP, pois as correlações foram altas e negativas, ou seja, quanto o maior número de plantas na parcela, diminuindo o espaçamento entre as mesmas, gera uma tendência dos frutos serem menores, isso pode significar que o espaçamento adotado não é o adequado para os materiais da Paraíba, devendo-se testar espaçamentos maiores entre as plantas nas condições locais. Nas correlações relacionadas a dimensões ou peso de frutos, no caso entre PDF com DF, PDF com PDP, PDF com MCF, DF com PDP, DF com MCF, PDP com MNS e PDP com MCF, os valores obtidos foram altos e positivos, comportamento esperado já que qualquer aumento em uma de dimensão do fruto reflete diretamente no aumento de peso ou vice versa. A correlação entre NPV e DF foi média e negativa e para VA e MNS, ALT e DF e ALT e MCF, na população proveniente da Paraíba, foram positivas médias, sendo que para a primeira correlação há indicativo de tendência moderada de que quando ocorre aumento no número de plantas sobreviventes na parcela (NPV) há geração frutos com menor diâmetro (DF). Também se tem que o aumento na altura das plantas haveria produção de frutos com maior diâmetro e comprimento. As demais correlações foram baixas e com isso não há indicativos de interagirem significativamente. 58 Tabela 10 Correlações fenotípicas de Pearson para 11 caracteres a em população de mangabeiras provenientes da Paraíba. NPV VA RCP ALT NEF COR PDF DF PDP MNS MCF 23,79 4,21 14,64 10,76 21,91 -52,80* -33,97 -60,15* -45,79 -24,22 80,82** 6,78 68,19** -0,48 19,78 10,05 12,77 30,92 -12,64 11,21 65,43** -8,77 21,21 5,13 21,11 56,01* -10,38 12,70 -7,88 4,48 31,73 12,95 15,71 33,92 -17,51 -1,02 -14,91 12,15 10,39 4,36 -9,82 -3,79 0,83 -29,79 -28,86 89,03** 81,31** 44,34 68,45** 79,73** 43,82 73,19** 63,42* 63,71* VA RCP ALT NEF COR PDF DF PDP MNS a 16,39 NPV: número de plantas vivas na parcela; ARP: arquitetura da planta; VA: valor agronômico; RCP: circunferência da copa da planta; ALT: altura da planta; COR: matiz do fruto; PDF: Peso médio de dez frutos; DF: diâmetro do fruto; MCF: média do comprimento de dez frutos; MNS: média do número de sementes de dez frutos; PDP: peso médio de polpa de dez frutos. 9.1.5 Análises de Box Plot (Gráfico de Caixa) O gráfico de caixa é uma alternativa obtida através da estatística que visa comparar dados de dois ou mais grupos, neste caso em específico, os grupos seriam as populações, colocando os lado a lado (MONTGOMERY, 1991a e 1991b; LANE, 2012), e com isso observar o comportamento das progênies nos caracteres avaliados. De acordo com ROSE (1994) este gráfico permite a visualização da distribuição geral dos dados, sua média e sua mediana, permitindo a inferência das diferenças entre as populações nativa e oriunda da Paraíba. Para o caráter número de plantas vivas (NPV), as progênies oriundas da Paraíba apresentaram uma média inferior em relação à população nativa do cerrado do Amapá, isso significa que na média existe maior quantidade de plantas vivas nas parcelas. Complementando há na população nativa uma variação maior entre os limites de zero a seis plantas presentes e as provenientes da Paraíba apresentaram maiores similaridade do quantitativo de plantas vivas presentes na parcela. 59 Isso representa o fato de que as progênies nativas possuem uma capacidade muito diferenciada de sobrevivência enquanto que as provenientes da Paraíba apresentam maior uniformidade (Gráf. 1). Gráfico 1 Box Plot das progênies de mangabeiras nativas e oriundas da Paraíba para o caráter número de plantas vivas na parcela (NPV) 6 6 5 5 5 4 4 4 3.77 NN PP V V 3.44 3 3 3 Paraíba 2 2 Nativa 1 No caráter Valor Agronômico (VA) tanto nas progênies nativas e provenientes da Paraíba, houve uma média populacional similar com médias entre 2,10 a 2,55, pouco superior para as progênies da Paraíba. Na análise do Box Plot as nativas apresentaram maior dispersão no gráfico, indicativo de maior variabilidade entre as plantas para seleção disponível para seleção das superiores, contudo o limite superior das caixas foram muito semelhantes, com isso, espera-se para este caráter que as plantas superiores entre as populações tenham características próximas para VA (Gráf.2). 60 Gráfico 2 Box Plot das progênies de mangabeiras nativas e oriundas da Paraíba para o caráter valor agronômico (VA) 3.5 3.0 3.00 2.5 2.50 V V A A 2.25 2.25 2.0550 2.0 2.0263 2.00 2.00 1.83 1.71 Paraíba 1.50 1.5 Nativa 1.10 Na altura das plantas (ALT) para as progênies da população da Paraíba a média foi de 5,12 metros e nas nativas foi de 5,67m, sendo que a presença de progênies de menor altura é interessante, por facilitar a coleta dos frutos. No Box Plot (Gráf.03), a população nativa apresentou mais dispersão dos dados, indicando presença tanto de progênies baixas como altas, demonstrando variabilidade 61 disponível para seleção neste caráter. Nas da Paraíba, cuja caixa foi mais curta, seria indicativo da maior semelhança entre as progênies neste caráter. Gráfico 3 Box Plot das progênies de mangabeiras nativas e oriundas da Paraíba para o caráter altura das plantas (ALT) 7.14 7.0 6.5 A LA TL 6.14 6.0 5.93 T 5.6738 5.62 5.5 5.47 5.18 5.1256 5.10 5.0 4.86 Paraíba 4.40 Nativa 4.02 Para o raio médio da circunferência da copa (RCP), a característica que representa o desenvolvimento da copa lateralmente, pode-se visualizar que as progênies oriundas da Paraíba foram muito superiores, principalmente devido a características do formato da copa, mais achatada, formando com isso uma área de cobertura maior, enquanto que o material nativo com copas mais arredondadas acabam gerando menor desenvolvimento em largura. Apesar deste fato, o Box Plot (Gráf.04), demonstra que houve maior variabilidade neste caráter para as progênies da população da Paraíba em relação as nativas. A diferença 62 pode ser devido principalmente devido a tendência das plantas nativas em desenvolverem copas mais arredondadas e nas oriundas da Paraíba em mais achatadas. Gráfico 4 Box Plot das progênies de mangabeiras nativas e oriundas da Paraíba para o caráter raio da circunferência da copa (RCP) 4.50 4.0 3.84 3.5 3.3831 3.38 3.0 R R C C P P 3.00 Paraíba 2.70 2.5 2.33 2.12 2.0 1.8766 1.94 1.61 1.5 Nativa 1.02 1.0 Adotou-se um sistema de amostragem em uma das faces para o número de frutos por 1 2 plantas (NEF) e depois multiplicar-se por dois, obtendo uma estimativa total. Nas progênies da Paraíba pode-se observar que na média há muito maior quantitativo de frutos por planta, associado com uma ampla variação entre as progênies, enquanto que nas progênies da população nativa a estimativa foi muito menor e com pouca variabilidade dentro da referida população (Gráf. 5). 63 Gráfico 5 Box Plot das progênies de mangabeiras nativas e oriundas da Paraíba para o caráter número estimado de frutos por planta (NEF) 166.67 150 140 130 129.25 120 110 100 96.67 N N E E F F 93.7294 90 80 70 60 59.75 50 40 42.50 Paraíba 30 20 10 Nativa 25.00 18.1070 5.00 15.00 10.00 15.00 Visando facilitar as avaliações de coloração dos frutos (COR) das progênies foi adotado uma escala de cores, desde frutos com coloração amarelada e com quase nenhuma mancha vermelha da casca, recebendo nota 1, até frutos bem ou totalmente avermelhados, recebendo nota 5. Neste caráter ao se observar o Box Plot nota-se claramente que as avaliações médias foram superiores nas progênies nativas, significando que há tendência dos frutos nativos serem mais avermelhados em relação aos provenientes da Paraíba. Nota-se maior variabilidade dentro da população de progênies da Paraíba, apesar de ser pouco superior em relação às nativas. A população nativa teve média próxima de 1,9, indicando certa tendência à uniformização indo da cor amarelo avermelhado até vermelho variegado. Na população da Paraíba com média de 1,22 pontos teve-se coloração variando do verde claro ao amarelo avermelhado. (Gráf. 6). 64 Gráfico 6 Box Plot das progênies de mangabeiras nativas e oriundas da Paraíba para o caráter cor de frutos (COR) 2.5 2.40 CC OO RR 2.0 2.00 2.00 1.8911 1.67 1.5 1.45 Nativa 1.25 1.2225 Paraíba 1.00 1.00 1.0 1 2 O peso médio de dez frutos (PDF) é um indicativo rápido de se verificar o tamanho dos mesmos. Neste caráter as progênies da população nativa apresentaram média próxima de 24,0 gramas enquanto que às oriundas da Paraíba apresentaram média próxima de 14,0 gramas, indicando que os frutos nativos são maiores, tornando interessante as existentes no cerrado amapaense, por facilitar o processo de colheita, além de poder estimular seu uso para consumo in natura. Há também uma discreta, porém maior variabilidade em PDF na população nativa, podendo-se observar pela presença de Box Plot mais alongado (Gráf 7). 65 Gráfico 7 Box Plot das progênies de mangabeiras nativas e oriundas da Paraíba para o caráter peso médio de dez frutos (PDF) 359 300 280 272 260 P PPD D 1F 0F F 240 Nativa 241.08 238 220 Paraíba 204 200 207 180 165 160 152 140 140.33 131 120 113 98 100 1 2 No DCP o caráter foi verificado com base no quantitativo de enfolhamento da árvore, sendo indicado pelo Box-plot certa similaridade em relação a variabilidade dentro das progênies de cada população, porém, a população nativa apresentou em média maior densidade, porém com pouco menor variabilidade (Gráf. 8), Isso indica que as copas das progênies nativas tendem a apresentar maior enfolhamento, demonstrando serem mais densas. 66 Gráfico 8 Box Plot das progênies de mangabeiras nativas e oriundas da Paraíba para o caráter densidade da copa (DCP) 40.67 40.0 37.5 35.0 35.00 32.7984 32.5 D D CC P P 32.33 31.67 31.00 30.0 Nativa 28.33 27.5 27.00 26.33 25.4887 25.0 23.00 22.5 Paraíba 20.0 19.33 1 2 O quantitativo de sementes nos frutos (NSF) é um caráter em que são desejadas médias baixas, pois como o produto final é o fruto, a presença de sementes é um entrave em alguns processamentos e também para o consumo in natura. No Box Plot pode-se observar que as progênies da população nativa apresentaram média pouco superior para NSF em relação às oriundas da Paraíba. Enquanto que a variabilidade existente nas progênies de ambas as populações foram semelhantes (Gráf. 9) 67 Gráfico 9 Box Plot: Progênies de mangabeiras nativas e oriundas da Paraíba para o caráter médio do número de sementes nos frutos (MNS) 22.33 20.0 18.67 17.5 M MN NS S 15.67 15.0 14.00 13.0000 12.67 12.5 11.4673 10.67 10.0 10.00 8.33 Nativa Paraíba 6.67 6.33 1 2 Quanto a média do caráter comprimento dez frutos (MCF) pode ser observado no Box Plot que tanto as progênies da população nativa foi muito superior em relação às provenientes da Paraíba, apresentando média de 40,9 e 29,9 mm, respectivamente, sendo indicativo da presença de frutos maiores as nativas. O gráfico 10 do Box-Plot mostra que a variabilidade existente foi superior nas progênies da população nativa, demonstrando uma tendência de maior possibilidade de seleção de materiais superiores neste grupo, enquanto que na 68 população da Paraíba devido à média do comprimento dos frutos serem similares há menor variabilidade disponível. Gráfico 10 Box Plot das progênies de mangabeiras nativas e oriundas da Paraíba para o caráter comprimento médio de dez frutos (MCF) 49.33 45.0 44.33 42.5 40.9567 40.17 40.0 M MC CF F 38.33 37.5 Nativa 35.0 35.33 33.67 32.5 32.00 30.0 29.9107 30.00 27.5 27.33 Paraíba 25.0 24.33 O caráter peso médio de dez polpas (PDP) está associado de forma inversa ao número de sementes (NSF). Elevados PDP comestível, 1 indicam que no fruto há grande proporção 2 aspecto desejável para o melhoramento, sendo que o desejável seria a quantidade de sementes reduzida, gerando proporcionalmente mais polpa. No gráfico de Box-plot pode-se observar 69 que na média a população nativa teve PDP de 195 g muito superior as das progênies da Paraíba, de 110 g e também maior variabilidade disponível para seleção (Gráf.11). Gráfico 11 Box Plot das progênies de mangabeiras nativas e oriundas da Paraíba para o caráter peso médio de polpa em dez frutos (PDP) 294 250 225 215 200 195.32 194 175 P D P Nativa P D P 160 162 150 138 125 123 110.33 112 100 Paraíba 92 75 60 50 25 1 2 70 10 CONCLUSÃO 10.1.1 Populações naturais do Cerrado No rápido levantamento feito nas áreas de cerrado em ambos os lados da rodovia Br.156, do município de Macapá ao município de Tartarugalzinho, entende-se que há populações importantes da espécie Hancornia speciosa Gomes, que devem ser conservadas por terem materiais genéticos importantes. São necessários mais estudos e pesquisas em seu habitat natural com bioprospecção mais aprofundada para esta fruteira ser conhecida e avaliada. 10.1.2 Populações do BAG 1- As progênies da população nativa apresentaram variação na produção de frutos, demonstrando variabilidade necessária para o melhoramento, seleção e inserção em sistemas de cultivo. 2- A comparação entre a população nativa com a oriunda da Paraíba demonstrou haver diferenças em vários caracteres, indicativo de serem materiais bem divergentes. 3- As progênies oriundas da Paraíba demonstraram boa adaptabilidade ao BAG do Campo Experimental do Cerrado-Embrapa-AP. 5- Para cor do fruto as progênies nativas apresentaram predominância do amarelo pouco variegado, enquanto que nas progênies oriundas da Paraíba a predominância é da cor vermelho variegado indicando que talvez os processos de melhoramentos pelo quais tenham passado tenham selecionado materiais com colorações mais intensas. 6- As variedades oriundas da Paraíba se destacam como as de maior potencial para a utilização em cultivo com base em caracteres de tamanho e massa dos frutos. 7 – A população nativa demonstrou possuir variabilidade disponível em quase todos os caracteres avaliados, interessante à seleção genética, enquanto que a oriunda da Paraíba mostrou não possuir variabilidade para estes genes, possivelmente por ter passado por processos de seleção anteriormente. 71 11 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS AB’SABER, A.N. 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