História da Medicina

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HISTÓRIA DA MEDICINA
Corpus Hippocraticum
GIOVANO IANNOTTI
Prática Médica na Comunidade
ACADÊMICOS
Joyce Costa
Mário Neto
3º Período/2011
“A ciência suprema é a história, pois é a única obra construída pelos homens.”
[Vico. Principi de una Scienza Nuova, 1725]
“A história da medicina não é o testamento de idealistas à procura da saúde e da vida,
assim como a história do homem não é mais gloriosa do que uma lista de
irracionalidades brutais e egoístas com eventuais lampejos de sanidade.”
INTRODUÇÃO
 Etimologia: vem do grego “historie” e significa inquirição ou pesquisa;
 O processo histórico começou com a emergência da cultura no princípio do período
paleolítico, uma vez que, com o surgimento da cultura, o homem passou a transmitir
condutas não herdadas geneticamente;
“A herança é a lei.”
 Este, no entanto, torna-se objeto da História somente à medida que transmite ao
historiador informação sobre si mesmo;
“Os homens se parecem mais com sua época do que com seus pais.”
 A História remonta às cronologias da Mesopotâmia e do Egito, às escrituras bíblicas
e aos relatos de Heródoto – “Pai da História” – o primeiro a utilizar este termo com a
atual acepção;
 Define-se, portanto, História a ciência que estuda o homem e sua ação no tempo e no
espaço, concomitante à análise de processos e eventos ocorridos no passado.
“Não se passa pela vida sem deixar marcas. Um objeto, uma canção, uma hipótese formulada…
são traços da passagem do homem.”
HERÓDOTO
Nasceu em Halicarnasso, atual Turquia,
aproximadamente em 484-425 a.C.
MITOLOGIA
A medicina está diretamente relacionada com alguns entes mitológicos importantes:
 Apolo: deus grego da beleza, da juventude e patrono das artes. Filho de Zeus e Leto.
Simbolizava a ordem, a medida e a inteligência. Pai de Asclépio;
 Asclépio: deus grego da cura. Filho de Apolo e Corônis. Representava a medicina
mística e itinerante. Aprendeu sua arte com o mais sábio dos centauros – Quíron.
Pai de Macaão, Podalírio, Higeia, Panaceia, etc.
“Esculápio em toda parte.”
Apolo
Corônis
Asclépio
Epione
(Cura)
(Anestesia)
Macaão
Podalírio
Higeia
Panaceia
(Cirurgião)
(D. Clínico)
(Higiene)
(Medicamentos)
ICONOGRAFIA
Apolo
Asclépio
EMBLEMA DA MEDICINA
É um amálgama de duas vertentes, assim constituído:
 Argiva: retratado pelo cajado de Asclépio. Usava-o como amparo em sua longa
jornada por terrenos íngremes e acidentados;
 Mesopotâmica: manifesto pela efígie da serpente. Expressava a vida e a renovação,
pelo constante rejuvenescimento após suas mudas características. Resumia o poder
típico da deusa Ea.
ICONOGRAFIA
Bastão de Esculápio
Bastão de Hermes
ORIGENS DA MEDICINA
 Há registros, desde o Paleolítico, por meio da paleopatologia, de enfermidades e do
tratamento destas – medicina primitiva pré-histórica – como a trepanação craniana;
 Documentos da Mesopotâmia e do Egito registraram a evolução da medicina arcaica,
baseada na magia e no empirismo;
 A medicina como ciência, baseada na observação dos fatos e na interpretação
natural da doença, surge apenas no século V a.C. com Hipócrates – “Pai da Medicina”.
HIPÓCRATES
Nasceu na ilha grega de Cós, atual Turquia,
por volta de 460-375 a.C.
MEDICINA CLÁSSICA
 Na Grécia antiga, houve uma mudança do pensamento até então místico-religioso
para um saber técnico mais sistematizado e alicerçado na “phýsis” - a natureza em sua
essência cósmica bem como sua dinâmica;
 Entende-se por “phýsis” também uma força interna invencível que regula o equilíbrio
entre o homem e o meio, capaz de restaurar a ordem natural e promover harmonia;
 Associava-se a uma potência curativa denominada “vis medicatrix naturae”.
Mudanças podem ocorrer por necessidade ou azar, sendo a primeira inexorável e a
última, passível de intervenção pelo homem (“Ars Medica”).
 Havia um forte paternalismo que cingia a relação médico-paciente, em que o médico
(detentor do conhecimento) deveria zelar pela saúde do enfermo – permanecendo este
sempre na condição passiva;
 Agindo o médico como “pai”, cabia a ele livrar seu paciente de fortuitas injustiças,
inclusive iatrogênicas (“Primum Non Nocere”);
 A perpetuação do conhecimento era garantida através do elo consanguíneo ou ainda
incorporando-se um aprendiz à família. A medicina assemelhava-se ao sacerdócio.
OBRA HIPOCRÁTICA
O “Corpus Hippocraticum” é um compêndio heterogêneo de cerca de mil páginas –
reunindo 53 tratados (escritos em dialeto jônico) – que abarca o pensamento hipocrático.
Do acervo, citam-se alguns, dos quais 2 merecem destaque:
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Aforismos
Da Medicina Antiga
Da Doença Sagrada
Epidemias
Da Cirurgia
Das Fraturas
Das Articulações
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Dos Ferimentos na Cabeça
Prognósticos
Das Úlceras
Das Fístulas
Das Hemorroidas
Juramento
Lei
AFORISMOS
Conceito: é um texto curto e sucinto,
de cunho filosófico, que encerra uma
reflexão prática ou preceito moral.
Hipócrates legou-nos 412 aforismos,
entre os quais, o primeiro, que, talvez
seja uma das reflexões mais solenes
da prática médica.
Os aforismos contêm diretrizes éticas
fundamentais para o exercício da
profissão e à conduta do médico.
AFORISMO I
“A vida é breve,
A arte, longa;
A ocasião, fugidia;
A experiência, enganadora;
O julgamento, difícil.”
 A vida inteira de um médico não seria
suficiente para o domínio cabal da arte e
de todo o conhecimento existente;
 O médico deve ser rápido no
diagnóstico, a fim de obter os melhores
resultados no tratamento do paciente;
 O excesso de autoconfiança pode
induzir o médico a falsas interpretações;
 A decisão terapêutica é árdua,
considerando-se que cada indivíduo é
único e as variáveis podem ser infinitas.
JURAMENTO
“Eu juro, por Apolo, médico, por Asclépio, Higeia e Panaceia e por todos os deuses e deusas, a quem
conclamo como minhas testemunhas, juro cumprir, segundo meu poder e minha razão, a promessa
que se segue: estimar, tanto quanto a meus pais, aquele que me ensinou esta arte; fazer vida comum
e, se necessário for, com ele partilhar meus bens; ter seus filhos por meus próprios irmãos; ensinarlhes esta arte, se eles tiverem necessidade de aprendê-la, sem remuneração e nem compromisso
escrito; fazer participar dos preceitos, das lições e de todo o resto do ensino, meus filhos, os de meu
mestre e os discípulos inscritos segundo os regulamentos da profissão, porém, só a estes. (...)
Aplicarei os regimes para o bem do doente segundo o meu poder e entendimento, nunca para
causar dano ou mal a alguém. A ninguém darei por comprazer, nem remédio mortal nem um
conselho que induza a perda. Do mesmo modo não darei a nenhuma mulher uma substância
abortiva. Conservarei imaculada minha vida e minha arte. Não praticarei a talha, mesmo sobre um
calculoso confirmado; deixarei essa operação aos práticos que disso cuidam. Em toda a casa, aí
entrarei para o bem dos doentes, mantendo-me longe de todo o dano voluntário e de toda a sedução
sobretudo longe dos prazeres do amor, com as mulheres ou com os homens livres ou escravizados.
Àquilo que no exercício ou fora do exercício da profissão e no convívio da sociedade, eu tiver visto ou
ouvido, que não seja preciso divulgar, eu conservarei inteiramente secreto. (...)
Se eu cumprir este juramento com fidelidade, que me seja dado gozar felizmente da vida e da minha
profissão, honrado para sempre entre os homens; se eu dele me afastar ou infringir, o contrário
aconteça.”
VÍDEO
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Agência: AG_407
Direção: InkedPig
Produtora: InkedPig
Criação: Ana C. Wicher e Paulo Lemos
Fonte: YouTube
ANÁLISE
O juramento divide-se em três segmentos:
1ª - Invocação aos numes protetores da
prática médica e um enlace moral para com
os mestres;
2ª - Enunciação de um código ético com seis
parágrafos de compromisso;
3ª - Imprecação quanto às consequências
advindas de sua obediência ou transgressão,
resultando os atos em glória ou punição.
CONCLUSÃO
“O médico não deve prometer curar o
impossível, ele não pode pedir à arte o que
não é da arte, nem da natureza o que não
é da natureza.”
BIBLIOGRAFIA
• BEIER, M.; IANNOTTI, G.C. O paternalismo e o juramento hipocrático. Rev. Bras.
Saude Mater. Infant., Recife, 2011.
• GUSMÃO, S.S. História da Medicina: evolução e importância / History of medicine:
its evolution and importance. J. Bras. Neurocir.; 15(1):5-10, 2004.
• Gordon, R. A Assustadora História da Medicina. 4ª Edição. São Paulo: Ediouro,
2004.
• Scliar, M. A Paixão Transformada. 1ª Edição. São Paulo: Companhia das Letras,
1996.
• Tuoto, E. A. "O Primeiro Aforismo de Hipócrates.“ In: História da Medicina by Dr
Elvio A Tuoto [Internet]. Brasil, 2010. Acesso em: 21 de maio de 2011.
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