ALZHEIMER A MENTE EM DEGENERESCÊNCIA NA MEDICINA NUCLEAR. Descrita pela primeira vez há quase um século por Alois Alzheimer, a doença de Alzheimer (DA) é uma doença neurodegenerativa progressiva que atinge aproximadamente 35 bilhões de pessoas em todo o planeta. A possibilidade de estudos em pacientes vivos animou pesquisadores, pois, a visualização simultânea das proteínas Beta-amilóide e Tau – Foco teórico precedente da DA – proporcionou uma nova compreensão em torno da DA. Segundo o pesquisador Makoto Higuchi, do Instituto Nacional de Ciências Radiológicas em Chiba, Japão, “os exames preliminares demonstram que os emaranhados se acumulam primeiro no hipocampo quando as placas de beta-amilóide já são generalizadas”. “As imagens sugerem que as placas são por si só inofensivas, mas promovem o avanço da doença”, sugere Higuchi, contrariando pesquisas anteriores que apontavam as placas como as principais causadoras das degenerescências dos neurônios. Através de técnicas de imageamento é possível definir que o processo desenvolvido da doença se inicia anos (estimativa de 10 à 15 anos) antes das manifestações sintomáticas resultante do processo de agregação de peptídeo amilóide do lado de fora do neurônio. Através do composto B de imageamento de Pittsburgh (PIB), que se liga ao amilóide no cérebro, é realizado o imageamento com o uso de tomografia por emissão de pósitrons (PET). Posteriormente a agregação peptídeo amilóide, porém, antes do diagnóstico outra proteína sofre alterações estruturais contribuindo para a progressão da doença, a chamada proteína Tau que normalmente auxilia estruturalmente os neurônios sofre uma desfragmentação (despolimerização). Através do exame de amostras do líquido cerebrospinal é possível detectar o acúmulo de célulasTau, o mesmo estudo detecta os níveis de decrescência de amilóide à medida que são removidos para formar as placas no cérebro do portador do Alzheimer, o aumento das células Tau e a diminuição dos níveis de beta-amilóide no líquido cerebrospinal denunciam que a doença esta avançando (RIBEIRO, 2014). PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS DO ALZHEIMER MEMÓRIA A característica mais evidente da doença de Alzheimer é a perda gradativa da memória conduzida pela demência. Memória significa aquisição, formação, conservação e evocação de informações (IZQUIERDO, 2011). Faz-se necessário a consideração dos diferentes tipos de memórias para a compreensão dos danos gerados pelo Alzheimer. As memórias pelas quais podemos relatar fatos, experiências ou conhecimentos são conhecidas como memórias declarativas, tais memórias se ramificam em memórias episódicas e semânticas. As memórias episódicas remetem aos fatos registrados no qual há uma participação efetiva ou assistida do formador daquela memória, enquanto memória semântica abrange uma visão geral, não subjetiva (IZQUIERDO, 2011). As memórias também podem ser classificadas pelo tempo que duram, as ditas memórias implícitas possuem uma durabilidade estendida por quase toda a vida do indivíduo. A classificação das memórias explícitas remetida ao tempo de duração nos oferece algumas categorizações, sendo elas: A memória de curta duração, memória de longa duração e as memórias remotas. Segundo Izquierdo as memórias de longa e curta duração são sustentadas pelas mesmas estruturas nervosas, porém, envolvem mecanismos distintos, sendo as memórias de curta duração possuidoras de uma durabilidade de 1 à 6 horas, tempo necessário para a consolidação (processo de fixação definitiva da memória) das memórias de longa duração. As memórias de longa duração que permanecem por meses ou anos costumam ser denominadas de memórias remotas. O portador do Alzheimer em estágio inicial consegue manter as memórias de longa duração, mas podem apresentar dificuldades em evocar as memórias de curta duração, neste momento pode haver uma confusão de seu “status quo” levando o paciente a repetir tarefas rotineiras de seu passado que já não tem mais importância. Uma vez que as memórias episódicas e semânticas não estão no mesmo sítio, uma pode ser afetada e a outra não (BENTO, 2010; KENKIEWITZ, 2010; LEITE, 2010; MAGRIELLI, 2010; MENOGOTTO, 2010; SALES, 2010). LINGUAGEM A doença estende-se para a porção posterior do lobo frontal, região de processamento da linguagem no cérebro, neste estádio da doença o processo de verbalização se torna difícil, o individuo apresenta uma dificuldade de transmissão e compreensão da linguagem podendo resultar na incapacidade de ler e interpretar sinais (BENTO, 2010; KENKIEWITZ, 2010; LEITE, 2010; MAGRIELLI, 2010; MENOGOTTO, 2010; SALES, 2010). MUDANÇA DE PERSONALIDADE E COMPORTAMENTO Os portadores da DA estão classificados no grupo dos aéticos/amorais descrito pelo código civil brasileiro como incapazes, pois, não possuem a capacidade de avaliar, julgar e decidir suas atitudes de forma clara, podendo manifestar comportamentos típicos de indivíduos de caráter duvidoso sendo agressivos e doentios e apresentando uma deambulação excessiva com desorientação de tempo e espaço. Nos últimos estádios da doença há a redução de massa muscular e escaras de decúbito. APRAXIA/AFASIA/AGNOSIA Mesmo sendo possuidor de uma determinada força muscular o portador da DA pode ser incapaz de abotoar roupas, ligar a televisão, acender a luz, devido à incapacidade de efetuar movimentos voluntários e propositais (apraxia). Outra deficiência manifestada pelo portador da DA é a afasia, incapacidade de compreender qualquer tipo de linguagem, podendo resultar em ecolalia, substituição por termos associativos ou pela substituição incorreta das palavras. E por fim uma terceira sindrome afeta a vida do portador da DA, essa sindrome é a agnosia que se refere à perda de capacidade de reconhecimento de objetos e de suas respectivas funções, tal comportamento é resultado da não identificação dos objetos pelas bases de informações visuais (BENTO, 2010; KENKIEWITZ, 2010; LEITE, 2010; MAGRIELLI, 2010; MENOGOTTO, 2010; SALES, 2010). FASES DO ALZHEIMER FASE INICIAL Apesar de não existir nenhum tratamento curativo para a DA, o diagnóstico precoce é de fundamental importância para o retardamento da progressão da doença através dos métodos farmacológicos disponíveis. Suas alterações iniciais são sutis, apresentando no indivíduo uma dificuldade de consolidar informações recentes e uma desorientação temporo-espacial, sem constância. Alterações comportamentais também são evidenciadas nesta fase, as alterações da memória e alterações temporo-espacial podem causar irritabilidade e agressão em alguns pacientes, em contrapartida outros pacientes desenvolvem estados depressivos causando apatia e desinteresse pelas atividades habituais, neste momento os diagnósticos por imagens são de extrema importância para diferenciar a DA de outras patologias. A dificuldade para encontrar palavras que descrevam suas ideias pode estar presentes nesta fase dificultando a comunicação do portador da DA, distúrbio do sono e confusão entre a realidade e o pensamento abstrato se manifestam ainda nesta fase (BENTO, 2010; KENKIEWITZ, 2010; LEITE, 2010; MAGRIELLI, 2010; MENOGOTTO, 2010; SALES, 2010). FASE INTERMEDIÁRIA Esta fase tem como característica principal o agravamento dos sintomas iniciais com comprometimento cortical do lobo parietal resultando em danos às atividades operativas, nesta fase também se instalam as síndromes de afasia, apraxia e agnosia, anteriormente citadas. Outra característica da fase intermediária é a total desorientação têmporo-espacial e ausência de reconhecimento de familiares. As alucinações começam a se tornar presentes e as manifestações repetitivas de palavras sem nexo com o ambiente se tornam características do portados da DA, a capacidade de leitura e interpretação das palavras pronunciadas tornam-se incompreensíveis. A agressividade típica desta fase pode estar ligada à inflexibilidade a novas ideias, a inafetividade passa a ser presente. Agora a memória de longo prazo começa a ser prejudicada e a vagância geralmente associada à confabulação passa a ser presente, nesta fase o portador da DA já apresenta total dependência a terceiros (BENTO, 2010; KENKIEWITZ, 2010; LEITE, 2010; MAGRIELLI, 2010; MENOGOTTO, 2010; SALES, 2010). FASE FINAL Agora as memórias de longa duração tornam-se seriamente prejudicadas, assim como a capacidade intelectual. O indivíduo se torna inexpressivo e inicia-se um confinamento ao leito, há um aumento considerável da rigidez e as convulsões e tremores são mais frequentes. É nesse momento que ocorre o aparecimento da incontinência urinária e fecal, tornando o paciente totalmente dependente e incapaz de recordar rostos familiares, são incapazes de reconhecer até mesmo sua própria imagem diante de um espelho. Devido à permanência no leito o portador da DA desenvolve com maior intensidade as escaras de decúbito (BENTO, 2010; KENKIEWITZ, 2010; LEITE, 2010; MAGRIELLI, 2010; MENOGOTTO, 2010; SALES, 2010). FASE TERMINAL Nesta fase o portador da DA se encontra restrito ao leito adotando uma posição fetal, apresenta total indiferença ao meio externo e um estado vegetativo alimentando-se por sucção, quando não por sonda enteral. Normalmente a morte advém de processos infecciosos, cujo foco são pulmonar e urinário, em uma média de 12 meses. Nesse momento áreas do cérebro relacionadas às funções vitais como função cardíaca e respiratória são atingidas (BENTO, 2010; KENKIEWITZ, 2010; LEITE, 2010; MAGRIELLI, 2010; MENOGOTTO, 2010; SALES, 2010). 1906 Alois Alzheimer descreve pela primeira vez o achado de placas extracelulares e emaranhamentos nos neurônios. Anos 80 Começa a ser desvendada a bioquímica de formação de placas e emaranhamentos. Nos 50 anos seguintes Perda de memória e outros sintomas são classificados parte da senilidade. Anos 90 Identificam-se os fatores genéticos ligados à patologia e entram no mercado os primeiros medicamentos que trouxeram resultados positivos. Anos 60 Estabelece a ligação entre os números de placas e emaranhamento de neurônios e o declínio cognitivo. De 2000 em diante Após falhas nos tratamentos convencionais especialistas concluem que é necessário tratamento mais precoce. FISIOPATOLOGIA DO ALZHEILMER Antes de explorarmos os conceitos fisiopatológicos se faz necessário uma pequena revisão anatômica sobre os neurônios. Há algumas pluralidades de neurônios,, porém, sua fisiologia se universaliza em meio a essas diversificadas classificações,, logo o presente artigo não terá como objetivo as diferenças categóricas de cada neurônio e sim sua anatomia e fisiologia global. As partes integrantes de um neurônio são basicamente: o soma, os dendritos e o axônio. A figura abaixo representa o esqueleto esquelet interno de um neurônio típico. Fig1. Estruturas De um neurônio típico. NEUROCIÊNCIAS Desvendando o Sistema Nervoso Nervoso. O soma de um neurônio possui em seu interior uma solução rica em sais e potássio denominada citosol sol e diversas organelas, tais, organelas também estão presentes nas demais células animais, sendo as mais importantes importantes: O núcleo, o retículo endoplasmático rugoso, retículo endoplasmático liso, o aparelho de golgi e as mitocôndrias. Excluindo o núcleo todas as demais estruturas são refer referidas coletivamente como citoplasma. Núcleo. Essa organela é de formato esférico com uma dupla camada chamada envelope nuclear que a delimita, em seu interior estão os cromossomos contendo o material genético denominado DNA que possui informação para formar todo o seu corpo, a leitura desse DNA resulta na síntese proteica (BEAR, 2008; CONNORS, 2008; PARADISO, 2008). Necessário é que se chame atenção para o fato da presença da APP, responsável pela síntese de beta-amilóide no cromossomo 21, de forma anormal desencadeia placas fora do neurônio contribuindo para sua degenerescência. Retículo endoplasmático rugoso. É um importante sítio de produção de proteínas, denominada como uma pilha de estruturas membranosas tem agregado em si estruturas globulares que produzem moléculas de proteínas, os ribossomos. Retículo endoplasmático liso. Promove diferentes funções de acordo com sua localização, alguns tipos de RE liso regulam a concentrações internas de algumas substâncias. Aparelho de golgi. Segundo Camilo Golgi é uma região de processamento bioquímico, onde sua principal função é distribuir proteínas para diferentes partes do neurônio. Mitocôndrias. É a região de respiração celular, abundante no soma irá gerar energia através dos produtos bioquímicos do ciclo de Krebs (BEAR, 2008; CONNORS, 2008; PARADISO, 2008). É sabido que existem microtúbulos que percorrem longitudinalmente os neuritos (dendrito e axônio), tais estruturas medem aproximadamente 20nm de diâmetro, sua parede é composta por uma aglomeração de tubulas, o processo de união dessas proteínas para formar uma longa fita é chamado de polimerização. As proteínas associadas aos microtúbulos (Map’s) regulam a polimerização dos microtúbulos, tais proteínas ancoram os microtubulos uns aos outros e a outras partes dos neurônios. A DA está relacionada à alteração em uma Map dos axônios, a chamada proteína Tau. Essa proteína exerce o papel de manter a conexão entre os microtúbulos nos axônios garantindo seu paralelismo, o axônio de um neurônio possui características distintas do soma, o que reflete a uma diferença funcional, uma característica marcante que evidência essa diferença estrutural é a ausência de retículo endoplasmático rugoso e ausência ou pouquíssima presença de ribossomos livres nos axônios, com a ausência de ribossomos nos axônios não há síntese proteica nessa região, logo, todas as proteínas presentes nos axônios originam-se no soma e percorrem os neuritos através dos microtúbulos. Augustus Malher evidenciou tal informação ao comprovar a não sobrevivência do axônio quando separado do soma. O transporte de materiais ao longo do axônio é conhecido como transporte axoplasmático, apresentado pelo neurobiólogo americano Paul Waiss e seus colegas na década de 1940, para a ocorrência desse tipo de transporte o material é incluso dentro de uma vesícula que percorrerá os microtúbulos. Especificamente na DA a proteína Tau desconecta-se dos microtúbulos e se acumulam no soma e em suas projeções ramificadas impossibilitando que as informações e nutrientes percorram os neurônios. Acredita-se que a secreção anormal de beta-amilóide seja o primeiro passo para o desencadeamento dos emaranhados neurofibrilares (BEAR, 2008; CONNORS, 2008; PARADISO, 2008). AMILÓIDE A secreção anormal da proteína Beta-amilóide é responsável pela formação de placas senis na região externa do neurônio, tal proteína é sintetizada por uma proteína maior denominada APP, suas moléculas se acondicionam na membrana celular mantendo parte de sua estrutura no meio intracelular e outra no meio extracelular. Duas proteases (beta-secretase e gama-secretase) extraem a betaamilóide da APP, não há uma clareza na objetividade deste processo, porém, acredita-se que esse processo faça parte de uma rota de sinalização. Quando a Beta-amilóide é retirada da APP e direcionada ao ambiente externo da membrana celular formam pequenos blocos solúveis. Peter T. Lansbury Jr. Demonstrou em suas experiências em tubos de ensaios que altas concentrações de Beta-amilóide podem se unir e formar estruturas similares às encontradas nas placas da doença de alzheimer, tanto as placas solúveis quanto as fibras de Beta-amilóide são tóxicas aos neurônios criados em laboratórios, tal achado apoia a hipótese da cascata de Beta-amilóide. Os cientistas acreditam que os aglomerados de Beta-amilóide no exterior dos neurônios iniciam os efeitos danosos ao cérebro, os aglomerados de Beta-amilóide chegam a modificar a atividade celular de enzimas quinases, as quinases afetadas adicionam fosfato em excesso na proteína Tau mudando suas propriedades químicas o que desencadeia a anormalidade no interior do neurônio citada anteriormente neste texto (WOLFE, 2013). NEURÔNIOS COLINÉRGICOS Há perda de neurônios colinérgicos do núcleo basal de Meynert de forma precoce na DA, tal fator é responsável pela perda de inervação colinérgica cortical. Além de ser o neurotransmissor da junção neuromuscular a acetilcolina (ACo) é importante em uma série de funções, entre elas a memória e atenção, na DA o indivíduo tem perda de uma grande quantidade de ACo o que atrapalha a comunicação entre os neurônios colinérgicos. A colina acetiltransferase (CoAT) é a enzima responsável pela síntese da ACo e sua produção provém do soma de um neurônio e posteriormente a sua síntese esta enzima é transportada até o terminal axonal. A produção de ACo é realizada no citosol do terminal axonal e transportada para o interior das vesículas sinápticas. A CoAT transfere acetil CoA de um grupo de acetila para a colina, a colina sintetizada no meio extracelular é captada pelos terminais dos axônios por meio de um transportador específico. Outra enzima é produzida pelos neurônios colinérgicos, a acetilcolinesterase (ACoE), responsável por degradar a ACo, tal degradação resulta em colina e ácido acético, sendo a maioria da colina reutilizada para a produção de nova ACo (BEAR, 2008; CONNORS, 2008; PARADISO, 2008). Fig 2. Ciclo de ACo. NEUROCIÊNCIAS Desvendando o Sistema Nervoso. De forma resumida e clara, haverá a liberação de ACo na fenda sináptica, conseguinte a ACo liberada se ligará ao receptor do neurônio pós-sináptico, pós sináptico, isso faz com que um novo estímulo elétrico se inicie no neurônio pós-sináptico. pós sináptico. Quando temos uma grande quantidade de ACo na fenda sináptica, a mesma tem que ser removida e para que essa remoção ocorra orra a ACo será quebrada pela ACoE em duas substâncias, que são: a colina e o ácido acético, quando essa quebra ocorre ela perde seu efeito, então essa colina será captada por um transportador específico e levada ao terminal axonal para formação de nova acetilcolina, etilcolina, tal evento se repete de forma cíclica e com a perda de ACo há um dano direto a esse sistema. MÉTODOS DE DETECÇÃO DO ALZHEIMER ATRAVÉS DE EXAMES DE NEUROIMAGEM O diagnóstico de DA é estabelecido por meio da aplicação de critérios clínicos padronizados, como os do DIAGNÓSTIC AND STATISTIC MANUAL – DSM III-R, DSM IV E NATIONAL INSTITUTE OF NEUROLOGICAL AND COMMUNICATIVE DISORDERS ASSOCIATION – NINCDS-ADRDA, tais critérios envolvem uma anamnese qualitativa seguido de exames físicos e avaliação cognitiva do paciente. Ao submeter um paciente com declínio cognitivo a exames por imagens temse por objetivo descartar causas consideradas reversíveis como hidrocefalia e neoplasias, as imagens de Tomografia Computadorizada(TC) e Ressonância Magnética (RM), sem contraste, apresentam resultados semelhantes havendo uma primazia da RM pela sua capacidade em detectar lesões vasculares não reveladas na TC, há ainda uma melhor caracterização da atrofia de determinadas regiões encefálicas como o hipocampo, evidente em um corte coronal do encéfalo, porém, a acurácia da RM para detecção de tal patologia ainda não é bem estabelecida, devido a presença de manifestações fisiológica antes mesmo dos primeiros sintomas clínicos. Porém, uma terceira especialidade de diagnóstico por imagem apresenta resultados evidentemente mais satisfatórios, a Tomografia por Emissão de Pósitrons (PET). A imagem por PET capta sinais de hipometabolismo e de atrofia na região cinzenta do cérebro, especialmente em regiões ligadas à cognição, é possível também notar através da imagem de PET uma redução do lobo parietal e temporal, com metabolismo diferente daqueles apresentados em um envelhecimento normal. Um dos objetivos, e em minha opinião o mais importante já que as alterações fisiológicas começam a ocorrer cerca de 10 a 15 anos antes das primeiras manifestações clínicas, é proporcionar um diagnóstico precoce, podendo com isso, retardar a progressão da doença. Estudos apontam uma acurácia de 97,8% para o diagnóstico de DA por imagens de PET contra 95% de concordância por meio de critérios NINCDS-ADRDA, porém a PET sempre será aplicada após evidências clinicas primárias (APOLINÁRIO, 2011; ARAÚJO, 2011; CHAVES, 2011; LOPES, 2011; OKAMOTO, 2011; RAMOS, 2011; STEIN, 2011; ANDRADA, 2011). Em casos de DA a PET proporciona aos médicos informações fisiológicas do cérebro do paciente. Para a execução diagnóstica, o paciente receberá uma determinada quantidade de um elemento radioativo marcado a um fármaco, tal como 18FDG. Ao ser absorvido pelo cérebro, o marcador será detectado pelo equipamento em relação ao consumo de açúcar nas diferentes regiões do cérebro; o cérebro de pacientes com demência consome uma baixa quantidade de energia, logo, menos açúcar percorrerá determinadas regiões do cérebro, de acordo com o nível de redução no consumo de açúcar é possível detectar diferentes tipos de demência. Traçadores para placas de amilóide têm sido desenvolvido a fim de detectar a presença e extensão das placas de amilóide no cérebro, permitindo assim uma detecção precoce. Após a injeção do radionuclídeo paciente é acondicionado em uma maca de exames e sua cabeça será direcionada ao centro do aparelho de PET tornando possível a aquisição das imagens fisiológicas. A PET é especialidade dentro da Medicina Nuclear (ALZHEIMER’S..., 2014). MEDICINA NUCLEAR A Medicina Nuclear é uma especialidade médica que proporciona o estudo funcional dos órgãos e sistemas do corpo humano através da captação da radiação emitida por radionuclídeos que serão incorporados ao organismo do paciente através de ingestão, inalação, ou quando injetados. Toda imagem médica é a tradução da interação de energia com os tecidos biológicos; A imagem gerada através de fontes de raios-X corresponde à absorção e atenuação por diferentes tipos de tecidos estruturais do corpo humano, distinguindo-os, devido ao coeficiente de absorção diferente para cada tecido; Na RM a quantidade de hidrogênio (¹H), a química que o sustenta e a física de seu núcleo fornece a informações básicas para as distinções estruturais; As imagens por Ultrassonografia seguem a dinâmica da capacidade refletora de cada tipo de tecido diferenciando-os nas imagens; Na Medicina Nuclear a conclusão diagnóstica é adquirida através de registro da distribuição do material radioativo no tempo e espaço, tendo como base diagnóstica a captação seletiva dos tecidos (THRALL, 2003; ZIESSMAN, 2003). PRECEITOS BÁSICOS EM MEDICINA NUCLEAR Antagonista aos métodos radiológicos tradicionais, a medicina nuclear utiliza fontes de radiação abertas, de forma segura, e com períodos de meia-vida curtos, logo, a fonte de radiação se torna exaurida em um pequeno ínterim. Mas para que a fonte radioativa seja incorporada ao organismo há a associação da fonte radioativa a moléculas que possuem afinidade com a região de estudo, o resultado desta junção são os radiofármacos. A base fundamental que constitui os radiofármacos são os isótopos radioativos, ou seja, isótopos que possuem a capacidade de emissão de radiação, como já citado esses isótopos possuem um tempo de meia-vida curto, assim o paciente se torna uma fonte radioativa por tempo diminuto. O nosso organismo não é capaz de diferenciar os isótopos elementares, por isso quando um radioisótopo é inserido no organismo ele o distribui da mesma forma que os demais isótopos deste mesmo elemento. Na imagem por PET os radioisótopos utilizados são emissores de pósitrons (B+) – partículas com a mesma massa dos elétrons e com carga positiva (MOURÃO, 2009; OLIVEIRA, 2009). Os fundamentos basais da PET segue uma dinâmica de reciprocidade entre envio e captação de fótons de radiação para posterior conversão em cintilação – a cintilação produzida é proporcional à energia depositada pela radiação no detector. Com a desintegração do elemento radioativo, fótons de radiação serão emitidos e conseguintes depositados em cristais de detecção. Alguns radioisótopos – elementos com antagonismo na relação prótons/neutrons e com o mesmo número de prótons – durante a sua desintegração emitem pósitrons (B+), o pósitron emitido nesse processo, ao entrar em contato com um elétron, produzirá sua aniquilação e emitirá dois fótons de radiação gama com energia de 511keV que se propagarão na mesma direção, porém, em sentidos opostos. A radiação gama emitida nesse processo só será aceita para a produção de cintilação se ambos os fótons atingirem os pares de detectores ao mesmo tempo e com valores próximos de energia. Pesquisadores se esforçam para promover uma maximização das coincidências verdadeiras, linhas de respostas de coincidências (LRC) originadas da desintegração do mesmo B+, pois, mais detalhes poderão ser fornecidos com a diminuição das coincidências randômicas e de espalhamento (DIMENSTEIN, 2012; JASINOWODOLINSKI, 2012). A REGENERAÇÃO DO CÉREBRO “Células-tronco podem se dividir indefinidamente e originar unidades especializadas capazes de reparar danos cerebrais provocados por doenças degenerativas” (DENWORTH, 2014). Descobertas recentes relatam o uso promissor das células-troncos para o tratamento de demências, sendo este ano o anfitrião do grande ensaio clínico realizado na universidade de Cambridge, primeiramente para tratamento contra Parkinson. As células estaminais – células com a extraordinária capacidade de se transformar em células especializadas – são componentes basais para essa nova técnica que pretende reparar danos cerebrais de doenças degenerativas, mas, devido, sua origem ser derivada de tecidos de bebês abortados sua aplicação na medicina enfrenta um dilema ético (DENWORTH, 2014). No Brasil a lei de Biossegurança, lei nº 11.105, de 24 de março de 2005 disciplinou as pesquisas com células troncos, posteriormente foi regulamentada pelo decreto nº 5.591, de 22 de novembro de 2005 definindo-os como “embriões inviáveis”, o que significa que a constituição Brasileira autorizou as pesquisas, preferencialmente, em embriões que não serão utilizados para fins reprodutivos, aqueles com ausência de clivagem (AVELINO, 2009; DINIZ, 2009). Dados comparativos forneceram fontes acerca de 25 países, a fim de confirmar a sua validade, pertinência e vigência em relação às pesquisas com células-tronco. Para uma maior veracidade literária serão citados apenas os países que possuem normatizações sobre o tema, descartando, portanto, àqueles sobre os quais não se pôde encontrar normas específicas. Isso definiu a amostra estudada em 25 países: Canadá, Comunidade da Austrália, Confederação Suíça, Coréia, Estado de Israel, Estados Unidos da América, Estados Unidos Mexicanos, Federação Russa, Japão, Reino da Dinamarca, Reino da Espanha, Reino da Noruega, Reino da Suécia, Reino dos Países Baixos, Reino Unido da Grã-Bretanha e Irlanda do Norte, República da África do Sul, República da Finlândia, República da França, República da Índia, República de Cingapura, República de Portugal, República Federal da Alemanha, República Islâmica do Irã, República Italiana e República Popular da China (AVELINO, 2009; DINIZ, 2009). Os países foram classificados nas seguintes categorias: 1. Países que permitem a pesquisa embrionária apenas com linhagens importadas. Consolida casos em que a pesquisa embrionária é permitida apenas com linhagens importadas, admitida a manipulação de células-tronco já extraídas, segundo rigorosos critérios éticos, mas proibida a coleta de novas linhagens de origem embrionária. 2. Países que permitem a pesquisa com linhagens nacionais e importadas. Envolve uma larga variedade de situações em que a pesquisa embrionária é permitida por normas legais ou administrativas, ou ainda de acordo com critérios definidos por órgãos oficiais de ética em pesquisa, com um controle de procedimentos biomédicos e administrativos com rigor variado. Considerando os casos em que a legislação não é explícita sobre a permissão e a pesquisa efetivamente ocorre segundo outras normas, para evitar eventuais contradições entre o texto do marco legal e a dimensão prática das pesquisas nesses países, optamos por reunir nessa mesma segunda categoria todas as situações em que a pesquisa ocorre com fundamento em uma manifestação oficial de autoridades daquele país, legislada ou não. 3. Países que não permitem a pesquisa embrionária em nenhuma hipótese, segundo as leis vigentes. Dentre os países estudados, apenas Itália e Alemanha explicitamente condenam a extração de células-tronco e apenas Itália proíbe seu uso subsequente (AVELINO, 2009; DINIZ, 2009). Devido a delicadas questões políticas pesquisadores investiram em novas fontes de células isentas de conotações éticas e sem qualquer risco de rejeição pelo próprio organismo. Essa nova técnica proporciona criar células-tronco a partir de tecidos do próprio paciente, esta célula será manipulada quimicamente para que retornem a um estado embrionário, conseguinte são transformadas em células específicas e transplantadas ao cérebro para restaurar diretamente as células mortas durante a progressão da doença. Esse feito rendeu o prêmio Nobel em Fisiologia ou medicina de 2012 para a bióloga Shinya Yamanaca (DENWORTH, 2014). O entusiasmo é gigantesco entre os cientistas, pois, a promissora aplicabilidade dessas novas células para reparar parte do cérebro é o apogeu da neurologia moderna. Ao transplantar células estaminais para parte do cérebro com lesões, os cientistas esperam substituir o tecido cerebral que se perdeu durante o processo de degenerescência. E mais uma vez a PET conquista sua importância nesse processo, pois, é através de sua tecnologia que esses novos neurônios serão rastreados no cérebro, avaliando sua íntegra funcionalidade. “O método faz toda a diferença. Temos mais experiências, além de técnicas e instrumentos capazes de introduzir essas células em segurança no cérebro humano”, diz Mendez. REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS BEAR Mark F; CONNORS Barry W; PARADISO Michael A; NEUROCIÊNCIAS Desvendando o Sistema Nervoso; 3° Edição; Porto Alegre, 2008. JASINOWODOLINSKI Dany; DIMENSTEIN Renato; Bases físicas e tecnológicas PET e CT; São Paulo, 2012. SHERWOOD Lauralee; FISIOLOGIA HUMANA das células aos sistemas; 7° Edição; São Paulo, 2011. DENWORTH Lydia; O CÉREBRO REGENERADO Scientific American mente e cérebro; 2014. RIBEIRO Fernanda Teixeira; Para combater o Alzheimer Scientific American mente e cérebro; 2014. DOENÇA DE ALZHEIMER E IMAGEM MOLECULAR. Novembro 2011. PEREIRA Pedro Miguel Cabral de Melo; Doença de Alzheimer Perspectiva de tratamento;2013