Documento 127092

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PROJETO DE REORGANIZAÇÃO DA
ASSISTÊNCIA PÚBLICA
ÀS DOENÇAS RESPIRATÓRIAS
PREFEITURA DE BELO HORIZONTE
SECRETARIA MUNICIPAL DE SAÚDE
FACULDADE DE MEDICINA - UFMG
1997
PROJETO DE REORGANIZAÇÃO DA ASSISTÊNCIA PÚBLICA ÀS
DOENÇAS RESPIRATÓRIAS
I - INTRODUÇÃO:
Este projeto visa a reorganização da assistência ambulatorial e hospitalar às
crianças portadoras de pneumopatias, particularmente a asma, no âmbito do
SUS em Belo Horizonte. Através de um convênio firmado entre a SMSA/BH
e a Faculdade de Medicina da UFMG, vem sendo desenvolvido este projeto
desde julho de 1996, objetivando aperfeiçoar a assistência às doenças
respiratórias e reduzir a morbi-mortalidade por estas causas.
Este projeto teve início no Distrito Sanitário Oeste em julho de 1996, a partir
de um diagnóstico realizado sobre a assistência pública às crianças asmáticas
em Belo Horizonteque demonstrou a fragmentação e falta de resolutividade
da assistência a estas crianças (Lasmar,L; Fontes, J, 1996). Verificou-se altos
índices de internação (até 10 vezes) e de procura aos serviços de urgência
(média de 2 vezes por mês) entre as crianças asmáticas. Em grande parte das
internações (60%) de crianças asmáticas, aparece o diagnóstico de pneumonia
ou broncopneumonia, sendo utilizados medicamentos broncodilatadores,
corticóides e antibióticos. Este fato distorce as estatísticas oficiais
superestimando o número de internações e a mortalidade por Pneumonia.
As Doenças Respiratórias (pneumonias; asma) representam a principal causa
de mortalidade em crianças menores de 5 anos, além de serem o principal
motivo de internação e de atendimento ambulatorial. Estima-se que a
prevalência de asma na população infantil atinja uma taxa de 6 a 10%,
correspondendo a 80.000 crianças na faixa entre 0 a 14 anos em Belo
Horizonte.
Considerando a dimensão deste problema e a importância de uma intervenção
a nível de Saúde Pública, a SMSA/BH está investindo na sensibilização e
capacitação técnica de pediatras e equipes de enfermagem da rede municipal,
na aquisição de medicamentos inalatórios e equipamentos (Peak Flow e
Espaçadores) para tratamento das crianças asmáticas.
Atualmente já dispomos de 90 Centros de Saúde com pediatras treinados e
equipados para dar assistência a estas crianças. Avaliação preliminar realizada
pela Coordenação de Atenção à Criança, mostrou que mais de 2.000 crianças
asmáticas já estão sendo acompanhadas pelos Centros de Saúde e destas,
apenas 12% (245) utilizam medicação inalatória.
Com este projeto estamos vinculando as crianças asmáticas às equipes dos
Centros de Saúde, garantindo acompanhamento regular e tratamento
profilático para aquelas que necessitam e referenciando os casos mais graves
para a atenção secundária ou terciária. Com isto já conseguimos reduzir as
internações e atendimentos em serviços de urgência entre as crianças
acompanhadas. No Distrito Sanitário Oeste verificou-se uma redução de
internações nas crianças acompanhadas de 21% para 8% entre o início do
projeto e o mês de março de 1997, mostrando o impacto destas ações.
II - OBJETIVOS
Gerais
1- Reorganizar a assistência pública ao paciente asmático no âmbito da
Secretaria Municipal de Saúde de Belo Horizonte envolvendo os três
níveis de assistência: primária, secundária e terciária.
2- Reduzir a morbidade (número de consultas de urgência e
internações) e a mortalidade por asma.
3- Melhorar a resolutividade e a satisfação no trabalho dos profissionais
da equipe de saúde através da educação continuada, visando a mudança
no processo de trabalho.
Específicos
1- Vincular as crianças portadoras de pneumopatias aos Centros de
Saúde para que sejam avaliadas e acompanhadas de forma regular.
2- Estabelecer critérios para o encaminhamento dos pacientes a atenção
secundária e terciária, reorganizando o fluxo da assistência e
melhorando a referência e contra-referência dos pacientes.
3- Promover atualização do conhecimento técnico dos pediatras e
equipes de enfermagem na abordagem das pneumopatias, diagnóstico e
acompanhamento clínico.
4- Incentivar a participação do pediatra e da equipe de saúde no
planejamento e na avaliação do acompanhamento às crianças asmáticas.
III - METODOLOGIA:
População alvo:
A população alvo deste projeto são as crianças menores de 5 anos de idade
residentes no município de Belo Horizonte, portadoras de pneumopatias, com
história de internação por Pneumonia, Broncopneumonia ou Asma ou
usuárias freqüentes de serviços de urgência ou Centros de Saúde para
micronebulização.
Fontes de Informação:
1) Listagem das crianças menores de 5 anos internadas com diagnóstico de
Pneumonia, Broncopneumonia e Asma, cadastradas através do Laudo de
Solicitação de AIH no Controle e Avaliação da SMSA/BH. Estas listas são
enviadas mensalmente aos 9 distritos sanitários, que separam as crianças de
cada área de abrangência e enviam aos Centros de Saúde para que estes
realizem a captação das crianças.
2) Boleta da Criança (CAC): existe a proposta de ampliar sua utilização para
crianças asmáticas acompanhadas pelo Centro de Saúde; registrar no campo
CID de Asma;
3) Protocolo para acompanhamento da criança asmática: elaborado para
orientar a anamnese, classificação da asma e acompanhamento às crianças
asmáticas. Será preenchido para as crianças com diagnóstico de asma
episódica freqüente ou persistente, no momento da primeira avaliação
pediátrica da criança e doze meses após, para avaliar o resultado do
acompanhamento.
Etapas de implantação do Projeto:
1-Sensibilização
A sensibilização do nível gerencial da SMSA e das Equipes dos Centros de
Saúde constitui-se como um dos mais importantes pontos deste projeto, já que
a grande maioria dos profissionais desconhece a dimensão da morbidade e
mortalidade das crianças asmáticas.
2-Capacitação das equipes de saúde
Capacitação de pediatras
Será ser realizada pelos professores do do Grupo de Pneumologia Pediátrica
da Faculdade de Medicina da UFMG, em conjunto com pneumologistas
pediátricos da rede municipal de saúde. A capacitação deverá ser
acompanhada pelo Setor de Recursos Humanos e Chefias de Atenção `a
Saúde de cada Distrito Sanitário e do nível central da SMSA/BH.
Capacitação da enfermagem
Esta capacitação deverá ser feita nos Centros de Saúde pelo pediatra treinado
ou referência secundária em pneumologia pediátrica do Distrito Sanitário,
com suporte do Setor de Recursos Humanos e Chefia de Atenção `a Saúde de
cada Distrito Sanitário. Esta capacitação visa resgatar os conhecimentos dos
profissionais de enfermagem sobre as Doenças Respiratórias, discutir a
necessidade de uma abordagem mais ampla do paciente, além de discutir a
abordagem do enfoque de risco em doença respiratória e técnicas de
terapêutica inalatória.
Na época da capacitação da equipe de saúde deverão ser discutidas
ESTRATÉGIAS para tratamento do asmático:
 Controle ambulatorial periódico com envolvimento multiprofissional, quando
deverão ser realizadas medidas de Pico de Fluxo Expiratório e verificado o uso
da medicação prescrita, inclusive a técnica inalatória
 Estudar possibilidade de implantar Programa Educativo para Pais e
Pacientes, já que a evolução da asma tem íntima relação com o nível de adesão
do paciente e de sua família ao tratamento
3-Captação do paciente.
A captação do paciente no Centro de Saúde poderá ser feita de duas formas,
ativa e passiva.
3-1 Captação ativa: através da listagem mensal das crianças internadas,
utilizando-se o banco de dados das AIH’s. No distrito sanitário as listas de
crianças internadas serão separadas por área de abrangência sendo então
encaminhadas aos Centros de Saúde para busca ativa (aerograma, visita
domiciliar ou visita pela Pastoral). A captação ativa será mensal.
3-2 Captação passiva: deverá ser realizada dentro do próprio Centro de
Saúde e nos Serviços de Urgências. Para esses locais serão enviados critérios
de pacientes que deverão ser encaminhados aos Centros de Saúde após o
atendimento da urgência - paciente alvo (Anexo 6). No Centro de Saúde a
captação será feita preferencialmente na farmácia, sala de injeções e vacinas.
Quanto à vacinação, é importante ressaltar a preocupação, dos pais de uma
criança que já foi internada várias vezes, em completar o esquema vacinal
básico. Assim que a criança apresenta condições para vacinação ela é levada
ao Centro de Saúde. Portanto a captação passiva no Centro de Saúde deverá
ser cotidiana, diária e ininterrupta.
4 - Reorganização do Fluxo da Assistência
O objetivo básico desse projeto é criar condições para que seja estabelecido
vínculo efetivo entre a criança, o pediatra e a equipe do Centro de Saúde
localizado próximo a sua residência. Qualquer encaminhamento à referência
secundária ou terciária deverá ser novamente contra referenciado com
resultado da propedêutica e o plano de tratamento a ser seguido no Centro de
Saúde, seu vínculo primário. Não há como organizar atenção secundária ou
terciária com o paciente ficando “eternamente” na atenção especializada,
perdendo seu vínculo inicial.
5 - Controle e Avaliação dos Hospitais Pediátricos
A atuação do Controle e Avaliação/Supervisão Hospitalar neste projeto é de
fundamental importância, considerando-se que grande parte das internações
por Asma são desnecessárias e as reinternações são muito frequentes.
Em 1993, foram gastos cerca de R$ 1.000.000,00 com internações e
atendimentos de urgência de crianças portadoras de doenças respiratórias.
Com a organização da assistência ambulatorial e a implementação de
tratamento profilático para estas crianças, estima-se uma economia de R$
500.000,00 (Quinhentos Mil Reais), ou seja, 50% dos gastos, através da
redução das internações e atendimentos em Unidades de Urgência.
6 - Insumos Necessários:
6.1) Medicamentos (padronizados pelo Comitê Científico da SMSA/BH)
- broncodilatadores (oral, spray e solução p/micronebulização);
- corticóides (Beclometazona spray; Prednisona oral)
- antibióticos (Amoxacilina; Clavulanato)
6.2) Equipamentos
- dispositivos espaçadores valvulados (Espaçadores Fisionaire)
- aparelhos para medir o fluxo expiratório (Peak flow)
- máscaras para adaptar espaçador p/ crianças menores de 3 anos (bebês
chiadores)
- aparelhos de micronebulização
6.3) Impressos
- Boletas da criança (CAC)
- Prontuários da Criança
- Ficha de cadastro da Criança (arquivo rotativo)
- Carteirinha de Identificação do Asmático
PROTOCOLO: “ACOMPANHAMENTO À CRIANÇA ASMÁTICA”
Secretaria Municipal de Saúde /UFMG - Dept Pediatria/ Pneumologia Pediátrica/ HC
Data:
/
/
Número do prontuário:
| Sexo: • M
Nome:
•F
Data de Nascimento:
Está em crise no momento: • Sim
/
/
• Não
Nos últimos 12 meses:
Intervalo entre as crises: • dias
Período intercrise:
• semanas
• meses
• Sintomático (• tosse; • chieira; • dispnéia)
• Assintomático
N de atendimentos em serviço de urgência: • Nenhum • Número de vezes _______
N de internações por asma/pneumonia:
• Nenhuma • Número de vezes _______
Medicação utilizada nas crises: Beta 2 :
• oral
Aminofilina:
Corticóide:
Faz uso de medicação contínua:
• Não
• inalatório
• oral
• oral
• venosa
• venoso
• inalatório
• Sim
• Beta 2: (• oral • inalatório)
• Corticóide: (• oral • inalatório)
História familiar:
Rinite alérgica: • Sim
Asma: • Sim
• Não
Fumante domiciliar: • Sim • Não
TBC: • Sim • Não
Eczema atópico: • Sim
Ambiente: Quarto do paciente:
• Não
• Não
n° de pessoas que dormem no quarto: ______
objetos armazenadores de poeira:
Contato com animais:
Falta escolar:
• asma episódica
• Sim. Especificar: _________________
• Sim (n° de dias/mês: ______)
Restrição à atividade física: • Sim • Não
Formas de Apresentação:
• Não
• cachorro • gato • outros
Poluição peridomiciliar: • Não
Qualidade de Vida:
• Sim
Perturbação do sono: • Sim
• Não
Intensidade das Crises:
• asma leve
• asma episódica freqüente
• asma moderada
• asma persistente
• asma grave
CARTÃO DE IDENTIFICAÇÃO
DO PACIENTE ASMÁTICO
 Nome:
 Unidade de Saúde onde é acompanhado:
 Tem Diagnóstico de Asma:
 Episódica
 Persistente
 Medicação que faz Uso (nome/dose):
 Sugestão em caso de Crise:
Secretaria Municipal de Saúde
Prefeitura de Belo Horizonte
Orientações ao Paciente e Familiares:
 Não espere pela chieira e cansaço, inicie
o
tratamento prescrito pelo médico, aos
primeiros
sinais de pré-crise e procure o Centro de
Saúde
mais próximo de sua casa.
 Evite contato com: fumaça de cigarro,
mofo,
poeira, bichos de pelúcia e pelos de
animais.
 Pratique exercícios físicos fora da crise
para
aumentar sua capacidade respiratória.
 Saiba que a Asma bem controlada,
permite uma
boa qualidade de vida.
CUIDE-SE!
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