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Incidência de abdômen agudo
eqüino no 3 0 Regimento de
Cavalaria de Guarda
Incidence of equine acute abdomen in the 3rd Cavalry Regiment Guard
PULZ, Renato S. – Médico Veterinário – 10 Tenente Veterinário do 30
Regimento de Cavalaria de Guarda, MSc, Professor da Faculdade de
Medicina Veterinária da Ulbra- disciplina de Cirurgia.
PETRUCCI, Bianca do P. L. – Médica Veterinária – Aluna de Mestrado
da UFRGS.
PEZZI, Alexandre F. – Médico Veterinário – 10 Tenente Veterinário do
30 Regimento de Cavalaria de Guarda.
SILVA, Clério Alves – Médico Veterinário – 10 Tenente Veterinário do
30 Regimento de Cavalaria de Guarda.
BERTOLO, Cíntia – Aluna da Faculdade de Medicina Veterinária da
Ulbra.
Data de recebimento: 03/01/05
Data de aprovação: 22/03/05
Endereço para correspondência: Faculdade de Medicina Veterinária da Ulbra
Av. Miguel tostes, 101, Canoas, RS CEP 92420-280 e 30 Regimento de Cavalaria de
Guarda. Av. Salvador França, 201. Porto alegre – RS.
RESUMO
A síndrome cólica ou abdômen agudo é uma das patologias que mais
causa morte na espécie eqüina. A incidência deste distúrbio digestivo pode
variar devido a inúmeros fatores, consequentemente são raros os dados a
este respeito. O objetivo deste trabalho foi de verificar a incidência dos
diferentes tipos de abdômen agudo nos eqüinos alojados no 30 Regimento
de Cavalaria de Guarda de Porto alegre, RS. Também foi verificado a incidência de casos que necessitaram tratamento cirúrgico. Foram estudados os registros de atendimentos de casos de cólicas realizados pela Seção
Veterinária do 30 RCG, no período de janeiro de 2002 a dezembro de 2004.
Veterinária em Foco
Canoas
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n.2
nov. 2004/abr. 2005 p.193-202
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Neste período foram atendidos ao todo 91 casos de cólicas em uma população total de 230 cavalos. Foram 57 casos de distensão gástrica, representando 62,6% dos casos atendidos. Foram verificados obstruções intestinais causadas por enterólitos, deslocamentos intestinais, impactações
do bolo fecal, encarceramento de alças do intestino delgado. Houve também casos de obstruções com estrangulamento vascular causadas por
vôlvulo do intestino delgado e do intestino grosso. Casos de cólica espasmódica, tromboembólica e de duodeno-jejunite proximal. Do total de atendimentos em 19 casos foi necessário o tratamento cirúrgico, o que representa 20% dos casos atendidos. Os resultados permitem concluir que a
maioria das cólicas são de origem gástricas e não requerem tratamento
cirúrgico. O manejo alimentar e o confinamento foram considerados os
principais fatores predisponentes.
Palavras-chave: abdômen agudo, cólica, eqüino, incidência.
ABSTRACT
The cramp’s condition or acute abdomen syndrome is one of the pathologies that causes many deaths in the equine species. The incidence of this
digestive disorder can vary due to numerous factors, thus detailed data is
sparse for this condition. The objective of this work was to verify the incidence of the different types of acute abdomen syndrome in the horses
lodged with the 3th Regiment of Cavalry of Guard of Porto Alegre, RS (3rd
RCG). Also the number of cases that needed surgical treatment was documented. The adverts registers cramps’ case study was conducted by the
Section Veterinary Medicine of the 3rd RCG, in the period of January of
2002 the December of 2004. In this period were treated 91 cases of cramps
in a total population of 230 horses. There were 57 cases of gastric distension, representing 62.6% of the treated cases; 02 cases of partial blockages caused by intestine’s displacements, 07 cases of blockages caused by
enteroliths, 01 case of blockage caused by brunt fecal cake, 03 cases of
blockages caused by confinement of handles of the thin Intestine, 04 cases of blockages with vascular strangulation caused by volvulus of the
thin intestine, 04 cases of volvulus of the thick Intestine, 04 cases of spasmodic cramp, 02 cases of sablose, 01 case of thromboembolic cramp, 01
incident caused by proximal duodeno-jejunitis. Of the total cases, 19 required surgical treatment, which represents 20% of the treated cases. The
results indicate that the majority of the gastric cramps are from gastric
origin and they require surgical treatment. The alimentary handling and
the confinement had been considered the main predisposition factors.
Key words: acute abdomen, colic, equine, incidence.
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v.2, n.2, nov.2004/abr.2005 - Veterinária em Foco
INTRODUÇÃO
A Síndrome Cólica ou abdômen agudo é um quadro de dor abdominal,
que pode envolver qualquer órgão da cavidade abdominal e poderá evoluir comprometendo progressivamente o estado cardiovascular do paciente. É uma das maiores causas de óbito na espécie eqüina (THOMASSIAN, 1990). O cavalo apresenta peculiaridades anatômicas e fisiológicas
do aparelho digestório, apropriadadas para a vida em seu habitat natural.
A sua domesticação, o confinamento e o uso na rotina do homem provocaram uma série de alterações, especialmente no comportamento alimentar. Goloubeff (1993) relacionou as características da anatomia digestiva
do cavalo, como a incapacidade de vomitar, um mesentério muito desenvolvido que predispõe o longo intestino delgado às ectopias e vôlvulos, o
grande diâmetro do cólon maior e suas curvaturas que são favoráveis às
impactações e como agravante encontra-se preso apenas à raiz mesentérica anterior com plena mobilidade que permite as ectopias. A mesma
autora salientou que são importantes as alterações do comportamento
alimentar em cavalos estabulados com restrita oferta de fibra. Eqüinos
selvagens pastam 60% do tempo e os estabulados comem somente 15%
do tempo, isto demonstra um grave desvio na fisiologia no eqüino estabulado. Os fatores estressantes como a permanência em condições de explícita privação de liberdade, produzem desconforto, sofrimento e dor. Este
estado emocional desprazeroso se reflete, de maneira variável, nas funções fisiológicas do trato gastrointestinal. Doenças têm sido expressas por
estados neuróticos como autoagressividade e violência no momento da
alimentação, distribuída geralmente em proporção e em horários determinados. Segundo Hillyer et al. (2002) a causa mais comum de cólica
poderia ser descrita por uma só palavra: domesticação. A perversão alimentar como o coprofagismo, a hipotonia intestinal, a impossibilidade de
caminhar pela restrição do espaço físico, a depressão psico-reativa, são
fatores que associados com a pobreza qualitativa do alimento, insatisfatório às necessidades diárias, comprometem a digestão do eqüino.
Existem vários fatores de risco que contribuem para o desenvolvimento
da doença. Austin (2001) e Hillyer et al. (2002) citaram a diminuição ou
variações no nível de atividade física, alterações súbitas na dieta, alterações nas condições de estabulação, uma alimentação rica em concentrados, um volumoso ou ração de má qualidade, consumo excessivamente
rápido da ração, privação de água e até mesmo o transporte em viagens.
O eqüino é mais exigente e sensível às alterações de manejo alimentar e
ambiental.
O quadro de abdômen agudo pode ser causado por diferentes patologias,
envolvendo as diferentes porções do trato gastrointestinal. Os distúrbios
podem ser gástricos ou intestinais, obstrutivos ou não, com ou sem estrangulamento vascular. O prognóstico da doença dependerá de vários
fatores, como a região afetada, o grau de comprometimento do órgão e
também do tempo para o início do tratamento (WHITE II, 1987).
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MATERIAL E MÉTODOS
Foram revisados todos os registros de atendimentos realizados pela Seção
Veterinária do 30 Regimento de Cavalaria de Guarda (30 RCG), Porto AlegreRS, de casos de abdômen agudo no período de janeiro de 2002 à dezembro
de 2004. Foi contado o número total de casos de abdômen agudo e
classificados quanto ao tipo de distúrbio gastrointestinal.
O Regimento possui uma população de 230 eqüinos , entre machos e fêmeas, adultos e em atividade diária de equitação, com alimentação a base
de ração comercial e alfafa.
RESULTADOS
A Tabela 1 mostra os resultados encontrados ao avaliar o número total de
casos.
Tabela 1 - Casos de cólicas e tratamentos cirúrgicos.
Abdômen agudo
Cirurgias
N0 de casos
91
19
A Figura 1 demostra o preparo do eqüino para a cirurgia e a Figura 2 a
laparotomia exploratória para o tratamento do abdômen agudo em eqüino realizada no Hospital Veterinário da ULBRA.
Figura 1 - Preparo do paciente
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Figura 2 - Abordagem do abdômen
Através da Tabela 2 verifica-se os resultados relativos aos diferentes tipos
de cólicas ocorridos no período de 2002 a 2004.
Tabela 2 - Tipos de cólicas e número de casos.
Tipo de cólica
n0 de casos
Enterólito
07
Impactação
01
Vôlvulo do Intestino delgado
04
Vôlvulo do Intestino Grosso
04
Deslocamentos do Intestino Grosso
02
Encarceramento do I. Delgado
03
Sablose
02
Distensão gástrica
57
Espasmódica
04
Tromboembólica
01
Duodeno jejunite proximal
01
Sem diagnóstico
05
Total
91
DISCUSSÃO
Pouco é conhecido sobre a incidência da cólica e as chances de sobrevida
nestes casos (WHITE II, 1986). O autor ressaltou que determinar a incidência da doença, dos fatores de risco associados ou a etiologia específica
é difícil na população eqüina, pois são inúmeros os fatores envolvidos. O
objetivo deste estudo foi relatar o número de casos de abdômen agudo no
30 RCG no período de janeiro de 2002 a dezembro de 2004, verificando a
incidência dos diferentes tipos de cólicas.
Após a análise dos dados pode-se concluir que a maioria dos casos de abdome agudo atendidos no 3o RCG foram causados por distensão gástrica e
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tiveram resolução com tratamento medicamentoso e sondagem nasogástrica para esvaziamento do estômago. Verificou-se que as distensões gástricas não ocorreram por sobrecarga alimentar, pois o volume fornecido de
alimento a cada refeição é constante, ou seja, 2,5 Kg de ração duas vezes
ao dia e 1,5 Kg de alfafa também duas vezes ao dia, sendo ao todo quatro
refeições diárias. A ocorrência deste distúrbio está relacionada provavelmente a condições de manejo alimentar e ao confinamento. Conforme citaram Goloubeff (1993), Carter (1987) e Hillyer et al. (2002), a qualidade
da ração, a alimentação em refeições intercaladas, a baixa ingestão de volumoso associados a fatores como o estresse e as alterações de comportamento provocadas pelo confinamento podem influenciar na fisiologia e
funcionamento do aparelho digestivo do eqüino.
A cólica por distensão é um tipo não cirúrgico e que responde a maioria
dos tratamentos clínicos. Incluem-se nesta categoria as cólicas espasmódicas, distensões gasosas, impactação com obstrução parcial. Este tipo
parece ser o mais comum na prática clínica de eqüinos (MESSER & BEEMAN, 1987). Os autores afirmaram que as alterações na motilidade têm
um papel significativo no desenvolvimento da distensão e que os distúrbios neuroendócrinos influenciam no peristaltismo. Um peristaltismo reduzido secundário ao espasmo ou ao íleo adinâmico, rapidamente provoca
distensão do estômago ou do intestino com gás ou fluídos, levando ao
aumento da tensão intramural e dor. A distensão primária do estômago
geralmente é causada por sobrecarga de grãos ou por gases produzidos
por alimentos fermentáveis, e ocorre em aproximadamente 10% dos casos (CARTER, 1987).
Segundo Foreman (2000) a cólica espasmódica é provavelmente a causa
mais comum de dor abdominal em eqüinos. Espasmos ou contrações descontroladas resultam em dor. Alguns mecanismos são propostos, como os
alimentos com excessiva produção de gás, fibra insuficiente, e a subseqüente distensão da parede intestinal. Também as influências ambientais
como a excitabilidade natural do cavalo e excitação ou fadiga pelo exercício. O autor alertou que o aumento do peristaltismo pode resultar em
deslocamentos de alças intestinais. Foram registrados 04 casos de cólica
espasmódica. Considerando a literatura e os fatores envolvidos na fisiopatologia da cólica por distensão é possível que tenha sido subestimada a
ocorrência de cólica espasmódica. Os eqüinos em estudo são submetidos
a todos os fatores que potencialmente podem provocar este tipo de cólica,
que pode evoluir levando a distensão do trato gastrointestinal.
Distopias ou deslocamentos de alças da sua posição dentro da cavidade
abdominal podem causar obstruções intestinais. São classificados como
estrangulantes e não estrangulantes. O vôlvulo é uma torção do intestino no seu eixo mesentérico e a torção é a rotação da alça ao longo de seu
próprio eixo, estes são casos de obstrução estrangulante com grave comprometimento vascular. O vôlvulo é mais comum no intestino delgado e a
torção, no intestino grosso (THOMSON, 1990; GOLOUBEFF, 1993).
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Neste estudo foi verificado uma ocorrência de 4,4% (4 casos) de vôlvulos
do intestino delgado, representando 19% de todos os casos cirúrgicos. As
obstruções do intestino delgado, segundo Mair (2002) são importantes
causas de cólica cirúrgica em eqüinos e relatou um estudo em que encontrou 40% dos casos cirúrgicos provocados por este tipo de patologia . White
(1987) registrou 4,3% de casos de vôlvulo de intestino delgado ao avaliar
2385 casos de cólica. Robertson (1987) afirmou que cavalos com mais de
6 anos de idade são predispostos a herniação do forame epiplóico devido a
atrofia do lobo caudal do fígado, favorecendo o encarceramento de alças
do intestino delgado neste orifício. Neste estudo foram operados três eqüinos com encarceramento de alças do intestino delgado. Os três com mais
de seis anos de idade.
O intestino do cavalo é anatomicamente predisposto aos deslocamentos
(HACKETT, 1987; SNYDER & SPIER, 1990). Hackett (1987), citou estudos que revelaram entre 11% e 17% dos casos cirúrgicos eram torções do
cólon maior. Hackett (1983) afirmou que o deslocamento não estrangulante do cólon ascendente é uma das maiores causas de obstrução do
intestino grosso e Jones et al. (2000) corroboraram esta afirmação explicando sobre a mobilidade do cólon ascendente e como o acúmulo de gás,
líquido ou ingesta podem fazer com que o cólon migre de posição. Goloubeff (1993) sugeriu que os padrões anormais de motilidade contribuam
para o deslocamento colônico e a correção cirúrgica é o meio mais eficaz
de tratamento. White II (1987) em um estudo relatou que 10,6% dos casos foram provocados por torções ou deslocamentos do cólon maior. Neste trabalho foi constatado que 6,6% dos casos foram de torção ou deslocamento do cólon maior, se aproximando dos registros encontrados na
literatura.
As impactações e os enterólitos também são responsáveis por obstruções
intestinais. Assim como nos deslocamentos os mecanismos de como se
desenvolvem estas patologias não são bem entendidos (WHITE II, 1986).
Segundo Jones et al. (2000) fatores como o tipo de alimentação, forragens grosseiras, exercício limitado, desidratação e privação de água podem predispor a desidratação do bolo fecal e levar a impactação. White II
(1987) registrou a incidência de 7,3% de casos de impactação do cólon
maior. Nos eqüinos que vivem em regiões com solo arenoso a areia ingerida ao pastar ou ao beber água, mesmo em pequena quantidade, pode
levar a obstrução, também chamada de sablose. O autor considerou que
o tratamento clínico pode ser efetivo, mas se a impactação persistir por 48
horas ou houver evidência de lesão no intestino e deterioração do estado
circulatório é indicada a cirurgia. Nos três casos de impactação registrados, somente em um, o tratamento clínico obteve sucesso. Em dois casos
a origem da impactação foi areia e os animais habitavam região litorânea, no outro caso a provável causa foi a privação de água.
O enterólito é um cálculo intestinal e é uma causa significante de obstrução do intestino grosso, é um composto de fosfato de magnésio-amônio
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(estruvita) e geralmente tem um pequeno corpo estranho que dá origem
ao depósito dos minerais (BOLES & HERTHEL, 1987; THOMSON, 1990).
Segundo Bray (1995) a maioria dos eqüinos com enterólitos têm entre 5
e 10 anos de idade. O autor considera que a patogenia é incerta mas
afirma que o consumo elevado de magnésio e proteína parece estar envolvido, componentes presentes em quantidade no feno de alfafa. O autor
salientou que apesar da alfafa poder estar envolvida na formação do concremento, a maioria dos cavalos que sempre comeram feno de alfafa não
desenvolvem o enterólito. No presente estudo foi verificado que 36,8%
dos casos cirúrgicos foram causados por enterólitos e que com o tratamento cirúrgico precoce demonstraram um bom prognóstico. Todos os
animais recebiam feno de alfafa na dieta e tinham mais de seis anos de
idade. Em todos os enterólitos havia algum pequeno núcleo que fora ingerido oralmente, como arames, pedriscos, cordões, plásticos e até penas
de pássaros.
O quadro de abdome agudo ainda pode ser provocado por larvas de parasitas como o S. vulgaris que provoca a formação de trombos nas artérias
(DRUDGE, 1979) e ainda por uma inflamação do intestino delgado chamada de duodeno-jejunite proximal ou enterite anterior, patologia de etiologia não identificada, mas com envolvimento de agente infeccioso e
geralmente predisposta após dietas ricas em concentrados ou alterações
bruscas na dieta (GOLOUBEFF, 1993). Somente um caso parece ter sido
provocado por trombose e embolia. É provável que o sistema de profilaxia adotado, com vermifugações sistemáticas a cada três meses, influencie neste resultado. O fato de não haver mudança na dieta dos animais,
também parece influenciar na baixa ocorrência da enterite anterior, isto
é, somente um caso em todo o período avaliado.
Em 5,5% dos casos não houve um diagnóstico definitivo e foram considerados de origem desconhecida. Segundo White II (1987) neste grupo incluem-se cólicas leves ou casos onde não foi possível identificar a origem
da dor e citou 25% de casos de origem desconhecida quando analisou um
estudo de 2385 casos.
Do total de 91 casos foi necessário o tratamento cirúrgico em 19 deles, correspondendo a 20% dos casos de cólica ocorridos no período de dois anos.
Austin (2001) relatou uma taxa de 3%, Hackett (1987) descreveu estudos
com 17% e 11% de casos cirúrgicos. Conforme salientou White II (1986) esta
proporção pode variar consideravelmente devido a inúmeros fatores.
CONCLUSÃO
A ocorrência de abdômen agudo no 30 RCG provavelmente está relacionada com as condições de confinamento e suas alterações na fisiologia
digestiva do cavalo e também com o manejo alimentar a que são subme-
200
v.2, n.2, nov.2004/abr.2005 - Veterinária em Foco
tidos. A maioria dos casos foram de origem gástrica e não necessitaram
de cirurgia para tratamento. Ao estudarmos as potenciais causas da cólica por distensão podemos afirmar que há uma estreita relação entre a
elevada ocorrência registrada deste tipo de cólica com uma série de fatores associados ao confinamento e a rotina dos cavalos. Novos trabalhos
com o objetivo de identificar e relacionar fatores que possam estar influenciando no comportamento e digestão dos animais poderão ser realizados e possibilitar adequações em benefício do manejo alimentar.
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