ISBN 978-85-8015-054-4 Cadernos PDE VOLUME I Versão Online 2009 O PROFESSOR PDE E OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE O SISTEMA SOLAR NA HISTÓRIA DA ASTRONOMIA E SUA COMPREENSÃO ATRAVÉS DE ESCALAS DE MEDIDAS E DE DISTÂNCIAS Autor: Eliane Aparecida Dubieli Montipó 1 Orientador: Ricardo Yoshimitsu Miyahara 2 RESUMO A Astronomia é, possivelmente, a ciência mais antiga da Humanidade. Foi através da observação do céu e buscando explicações para fenômenos como o dia, a noite, as estações do ano, os eclipses do sol e da lua, as fases da lua, os cometas e outros, que os povos primitivos iniciaram a construção do conhecimento astronômico. Ao observarmos fenômenos astronômicos, procuramos explicações para acontecimentos como movimento aparente do sol, as fases da lua, as estações do ano e as marés, assim como viagens espaciais e outros. Satisfazer a curiosidade humana requer estudos, discussões e construção de significados e, no assunto em questão, há uma nítida necessidade do conhecimento de conceitos científicos para o entendimento das questões astronômicas. A execução da proposta propiciou aos envolvidos a oportunidade de compreensão de fenômenos ligados à astronomia, partindo de suas pré-concepções (identificadas em pesquisa prévia), através de inúmeras metodologias (exposição, construção e experimentação) e de estratégias (pesquisa, atividades em grupo, observação, modelagem utilizando vários materiais, recursos instrucionais e lúdicos). O trabalho realizado baseou-se num estudo dos conteúdos de Astronomia, especificamente sobre a História da Astronomia chegando até a nova configuração do Sistema Solar, mostrando também, para alunos do Ensino Fundamental, de forma simples e didática, as escalas de medidas e de distâncias do sistema planetário em que vivemos. Palavras chave: Astronomia; Sistema Solar; Abordagens; Estratégias; Modelagem. 1 Pós graduada em Educação Ambiental, Graduada em Ciências e Matemática, Professora atuante no Colégio Estadual Marina Marés de Souza em Paula Freitas – PR 2 Doutor em Engenharia de Materiais, Graduado em Física, Universidade Estadual do Centro-Oeste, Departamento de Física, Docente Adjunto ABSTRACT Astronomy is perhaps the oldest science of humanity. It was by observing the sky and searching for explanations for phenomena like the day, the night, the seasons, the sun and moon eclipses, the moon phases, the comets and other, that the primitive peoples has began building the astronomical knowledge. When observing astronomical phenomena, we look for explanations for events such as apparent movement of the sun, the moon phases, seasons and tides, as well as space travel and others. Satisfying human curiosity requires further studies, discussions and construction of meanings and, in the subject matter, there is a clear need for knowledge of scientific concepts to the understanding of astronomical questions. The implementation of the proposal provided an opportunity for those involved in understanding phenomena related to astronomy, from their pre-conceptions (identified in previous research), by various methods (exposure, construction and testing) and strategies (research, group activities , observation, modeling using various materials, instructional resources and recreational). The work was based on a study of the contents of astronomy, specifically on the History of Astronomy reaching a new configuration of the solar system, showing that, for elementary school students, in simple and didactic scales of measurements and distances from the system planet we inhabit. Keywords: Astronomy, Solar System Approaches, Strategies, Modeling. 1 INTRODUÇÃO A Astronomia é, possivelmente, a ciência mais antiga da Humanidade. Foi através da observação do céu e buscando explicações para fenômenos como o dia, a noite, as estações do ano, os eclipses do sol e da lua, as fases da lua, os cometas e outros que os povos primitivos iniciaram a construção do conhecimento astronômico. A partir dos povos primitivos, à cerca de 12000 anos, passando pelas sociedades mesopotâmicas (Sumérios, Babilônios e Assírios) onde nasceu a escrita e as primeiras civilizações; no Antigo Egito com a geometria, aritmética e as previsões de cheias do Rio Nilo; na Antiga Europa com os sítios megalíticos como Callanish na Escócia, Carnac na Bretanha e Stonehenge na Inglaterra (2500 a 1700 a.C.); na Grécia Antiga com Tales de Mileto, Pitágoras, Filolau, Aristarco de Samos, Eratóstenes (século III – II a.C.), Cláudio Ptolomeu (90-160 d.C.); na América PréColombiana com os Astecas no México, os Maias na Guatemala e os Incas no Peru; no Brasil Pré Cabralino com os índios Tembé; chegando ao Renascimento com a Astronomia Moderna de Nicolau Copérnico, Ticho Brahe, Johannes Kepler, Galileu Galilei, Isaac Newton e Willian Herschel, e no Período Contemporâneo com satélites, sondas espaciais, viagem a Lua e muita tecnologia, vemos a importância de conhecermos a História da Astronomia e as contribuições dos conhecimentos históricos da Ciência e também da Astronomia para o desenvolvimento da nossa civilização. Ao observarmos fenômenos astronômicos, procuramos explicações para acontecimentos como movimento aparente do sol, as fases da lua, as estações do ano e as marés, assim como viagens espaciais e outros. Satisfazer a curiosidade humana requer estudos, discussões e construção de significados e, no assunto em questão, há a nítida necessidade do conhecimento de conceitos científicos para o entendimento das questões astronômicas. Conforme apontam as Diretrizes Curriculares de Ciências (SEED, 2008), A aprendizagem significativa no ensino de Ciências implica no entendimento de que o estudante aprende conteúdos científicos escolares quando lhes atribui significados. Isso põe o processo de construção de significados como elemento central do processo de ensino e aprendizagem. Os conteúdos de Astronomia, há tempo, estão presentes no contexto escolar, porém, em muitos casos, não são trabalhados adequadamente. Isso resulta de um processo de pouca formação teórico-metodológica e científica do assunto. Muitos dos conteúdos dos livros didáticos estão colocados de forma incompleta e com conceitos equivocados, ou, foram tratados superficialmente, sendo colocados como conceitos prontos e incontestáveis, não proporcionando reflexão e significado para a vida do aluno, além da falta de metodologias apropriadas para o ensino da Astronomia. Segundo as Diretrizes Curriculares de Ciências, “a astronomia tem um papel importante no Ensino Fundamental, pois é uma das ciências de referência para os conhecimentos sobre a dinâmica dos corpos celestes”, mas, historicamente, no Brasil, não se tem dado muito valor a este conteúdo, apenas com as mudanças mais recentes é que os professores do Estado do Paraná estão se vendo na situação de terem de dar conta de um conteúdo que, muitas vezes, não tiveram na sua formação, sobre o qual possuem pouco ou nenhum conhecimento e sendo obrigados a buscar conteúdos e estratégias geralmente nos livros didáticos, enfrentando a dificuldade de não terem metodologias específicas para o ensino de Astronomia. Essas constatações nos levaram a indagar: como trabalhar os conteúdos e conceitos de Astronomia de forma que professores e alunos os relacionem com a sua vivência, percebam sua importância e significado? Qual a contribuição da História da Astronomia e o que devemos saber sobre Sistema Solar em sua configuração atual? Tais indagações e outras tantas foram refletidas no decorrer do trabalho e tornaram imprescindível a busca de diversas metodologias e estratégias, com o intuito de diminuir ou preencher as lacunas existentes no processo de ensino e aprendizagem da Astronomia. 2 O Ensino da Astronomia no Brasil O ensino de Astronomia é importante e necessário sob muitos pontos de vista (BRETONES, 1999). Por esta afirmação, a Astronomia faz parte do programa de ensino de Ciências ou de Geografia, no Ensino Fundamental, e está presente também na disciplina de Física, no Ensino Médio. Ao questionarmos sobre o porquê de ensinar Astronomia podemos obter muitas respostas, ao que PERCY (1988) apud BRETONES (1999), responde: A Astronomia está profundamente enraizada na história de quase todas as sociedades, como um resultado de suas aplicações práticas e suas implicações filosóficas. Ela ainda tem aplicações diárias na determinação do tempo, estações, navegação e clima, assim como para questões de períodos mais longos como mudança climática e evolução biológica. A Astronomia não apenas contribui para o desenvolvimento da Física e outras ciências, mas é uma ciência importante e excitante por si mesma. Ela lida com a origem das estrelas, planetas, e a própria vida. Ela mostra nosso lugar no tempo e espaço, e nosso parentesco com outras pessoas e espécies na Terra. Ela revela um universo que é vasto, variado e maravilhoso. Ela promove curiosidade, imaginação, e um senso de exploração compartilhada e descoberta. Ela proporciona um hobby agradável para milhões de pessoas, sejam elas astrônomos amadores sérios, astrônomos teóricos e observadores casuais. Em um contexto escolar, ela demonstra uma abordagem alternativa do “método científico” – a observação vs abordagem teórica. Ela pode atrair jovens para estudar ciência e engenharia, e pode aumentar o interesse público e compreensão da ciência e tecnologia – as quais são importantes em todos os países, sejam desenvolvidos ou em desenvolvimento. Muitas razões justificam a importância do ensino da Astronomia que, de uma forma ou de outra, aconteceu no Brasil desde o período dos indígenas (Pré Cabralino), passando pela época colonial, pela imperial e chegando à atualidade. A literatura na área indica que o ensino da Astronomia não é recente, já existia no país antes da presença do “homem branco”. Pesquisas na área da arqueoastronomia brasileira apontam para informações sobre o conhecimento astronômico das pessoas que viviam aqui há milhares de anos. Pinturas rupestres registram a passagem de cometas e meteoros e representam figuras tais como estrelas, Lua, Sol, eclipses e chuvas de meteoros. Diferentes tribos idealizaram um observatório astronômico a olho nu, geralmente usando um poste vertical (gnômon) e rochas no solo alinhadas com os pontos cardeais e as direções dos solstícios, o que lhes proporcionava a possibilidade de contar o tempo, preverem as estações do ano, identificar diferentes durações do dia e da noite e divulgar seus conhecimentos astronômicos para futuras gerações (AFONSO, 2003 apud LANGUI e NARDI, 2009). No período colonial, há indícios de que, junto a Pedro Álvares Cabral viajava o “cirurgião e físico” Mestre João, que foi quem pela primeira vez determinou uma latitude em terras brasileiras, em 27 de abril de 1500. Mestre João, em carta enviada a D. Manuel de Portugal, por intermédio de Gaspar de Lemos, mencionou a “Cruz”, nome pelo qual era conhecido o Cruzeiro do Sul. Na “Cruz”, Mestre João assinalou o fato de que suas “Guardas”, as estrelas alfa e beta, apontavam na direção do pólo sul celeste; observou ainda as principais estrelas da constelação do Centauro, do Triângulo e do Pavão (ARMBRUST, 1965). As observações feitas nesse período tiveram a intenção de determinar coordenadas geográficas para se fazer um mapa das costas brasileiras. O primeiro Observatório Astronômico no Brasil foi instalado numa das torres do Palácio de Friburgo de Nassau, na ilha de Antonio Vaz, Recife, em 1639 e aí foram feitas as primeiras observações astronômicas e meteorológicas sistemáticas do Novo Continente. Nesse período, destacaram-se os trabalhos do alemão Jorge Marcgrave. Afirma BRETONES (1999) que as primeiras referências ao ensino de Astronomia no Brasil estão ligadas aos jesuítas. Esta ciência não fazia parte dos cursos, mas, haviam vários professores com formação na área e estes continuaram a praticá-la no Brasil. São exemplos: Valentim Estancel, Aloísio Conrado Pfeil, Domingos Capassi, Diogo Soares e Inácio Szentmartonyi, conforme apontado por MORAES (1984). Após a expulsão dos jesuítas em 1759, foram criadas as aulas régias para disciplinas isoladas e sem pertencerem a qualquer escola. O aluno matriculava-se em quantas aulas desejasse. Ao final do século XVII chega ao Brasil Edmund Halley que, em 1682, descobriu o cometa que leva seu nome e previu sua reaparição para 1758. Durante sua permanência no Brasil, fez Halley várias determinações de latitudes, inclusive a do Rio de Janeiro (ARMBRUST, 1965). A partir de 1808, quando a Família Real Portuguesa veio para o Brasil, muitas transformações ocorreram na capital, dentre elas, em 1809, a construção de um observatório para uso da Companhia dos Guardas-Marinha (MORAES, 1984). Entre os cursos criados por D. João VI no Rio de Janeiro estão a Academia da Marinha (1808) e a Academia Real Militar (1810), que, transformou-se em Escola Militar (1840), Central (1858) e Politécnica (1874). A educação elitista entrou em crise na década de 20. O ensino secundário foi reformado, pelo Ministro da Educação Francisco Campos, em 1931, e foi dividido em duas partes: o fundamental (comum a todos), com duração de cinco anos e o complementar (para adaptação aos cursos superiores) com duração de dois anos. Os alunos que se candidatassem aos cursos de Engenharia e Arquitetura, teriam Cosmografia e Geofísica na primeira série complementar (BRETONES, 1999). Com o governo do Estado Novo, o ensino secundário foi novamente modificado, em 1942, por Gustavo Capanema, então, ministro de Vargas. Com a nova mudança o ensino secundário teria dois ciclos: o primeiro, Ginasial, com duração de quatro anos e o segundo, Clássico ou Científico, com duração de três anos. Os conteúdos de Astronomia e Cosmografia passaram a fazer parte dos programas de Ciências Naturais, Geografia e Física. As novas reformas aconteceram com a Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB) n.4024 de 1961 e n.5692 de 1971, modificada pela lei n.7044 de 1982. A Astronomia fazia parte dos programas das disciplinas de Ciências e Geografia no Primeiro Grau e de Física no Segundo Grau. A partir dessas reformas, a Astronomia passou a ter maior ou menor presença nas Propostas Curriculares dos Estados. No Estado do Paraná, ao final da década de 1980 e início da década de 1990, a Secretaria de Estado da Educação propôs o Currículo Básico para o ensino de 1º grau, construído sob o referencial teórico da pedagogia histórico-crítica (DCE, 2008). O Currículo Básico, no início dos anos 1990, ainda sob a LDB n.5692/71, apresentou avanços consideráveis para o ensino de Ciências. Sua proposta teve reorganização dos conteúdos em três eixos norteadores e integração dos mesmos em todas as séries do 1º grau, sendo: Noções de Astronomia; Transformação e Interação de Matéria e Energia; e Saúde – Melhoria da Qualidade de Vida. Nova reforma aconteceu com a LDB n.9394 de 1996, que estabeleceu as Diretrizes e Bases para a Educação Nacional. Os PCN de Ciências Naturais propõem o trabalho distribuído em eixos: “Vida e Ambiente”, “Ser Humano e Saúde”, “Tecnologia e Sociedade”, para o primeiro e segundo ciclos (compreendendo o ensino de 1ª a 4ª séries); o eixo “Terra e Universo” passa a estar presente a partir do terceiro e quarto ciclos (compreendendo o ensino de 5ª a 8ª séries). Para o Ensino Médio, o ensino de Física deve discutir a origem do universo e sua evolução, dentre outros conteúdos. A DCE (SEED, 2008) de Ciências propõe o trabalho com cinco conteúdos estruturantes, fundamentados na história da Ciência, e, são eles: Astronomia; Matéria; Sistemas Biológicos; Energia e Biodiversidade que devem ser trabalhados em todas as séries (5ª a 8ª séries), a partir da seleção de conteúdos específicos da disciplina e ao nível de desenvolvimento do estudante. Portanto, a Astronomia faz parte de um dos cinco pilares que fundamentam a história da Ciência, sendo considerado o início de todas as ciências. E dentro desse enfoque, uns dos principais assuntos geradores de diferentes teorias e que até hoje geram novas configurações, é o Sistema Solar. Logo, a configuração atual do Sistema Solar está diretamente ligada à História da Astronomia. 3 História da Astronomia Na Antiguidade, ao observar o céu, certas pessoas notaram que alguns astros faziam um trajeto muito estranho. Devido a esse movimento de ziguezague receberam o apelido de errantes (planetas, em latim). (COSTA, 2008). A princípio, eram cinco os planetas observados. Havia um que “corria” próximo ao Sol, ziguezagueando veloz, em seu caminho, às vezes pouco antes do nascer do Sol, outras vezes pouco depois do por do Sol. Recebeu o nome de Hermes, o mensageiro dos deuses. Nós usamos até hoje o nome latino: Mercúrio. Outro vagava por perto, belo e cintilante, recebeu significado feminino, era Afrodite ou Vênus, a deusa da beleza. Outro errante brilhava em vermelho, cor de sangue. Para os antigos era Ares, um planeta ferido de morte – ou Marte, o deus da guerra. O poderoso Zeus, senhor supremo, também estava lá. Para os antigos era o planeta mais brilhante depois de Vênus, era Júpiter, de cor branca alaranjado. Por fim, havia aquele que os gregos chamavam de Cronos, o senhor do tempo. Para nós ficou Saturno, o senhor dos anéis. A Terra não era considerada um planeta, pois, não vagava sem rumo pelo céu. (COSTA, 2008). Desde a Grécia antiga, acreditava-se que o Universo girava em torno da Terra. Para Tales de Mileto (600 a.C.) a Terra era plana e flutuava na água sob a imensa abóbada celeste. Pitágoras (530 a.C.) imaginava uma Terra esférica e em rotação em torno de um fogo central, circundada por dez esferas concêntricas contendo as estrelas e os planetas. Aristarco de Samos (280 a.C.) propôs a idéia revolucionária de um Universo centrado no Sol e não na Terra. Por suas ideias foi acusado de perturbar o descanso dos deuses. O primeiro a confirmar que a Terra era esférica foi Eratóstenes (250 a.C.) que mediu em Alexandria, no Egito, o raio da Terra. Ptolomeu (150 d.C.) em sua obra, O Almagesto, descreveu um modelo de Sistema Solar que permaneceu em vigor durante 1300 anos. Nele, a Terra ocupava o centro e tudo mais girava ao seu redor. A disposição dos astros em torno da Terra foi obtida admitindo-se que quanto mais distante um deles estivesse da Terra, mais tempo levaria para dar uma volta em torno dela. A disposição era na seguinte ordem: Lua, Mercúrio, Vênus, Sol, Marte, Júpiter e Saturno; englobando tudo estavam as estrelas. (FRIAÇA, 2006). A visão heliocêntrica do Universo chega com Copérnico, em 1543; ele propõe um modelo simples do Sistema Solar, com o Sol no centro do sistema. O modelo de Copérnico considerava as órbitas dos planetas circunferências perfeitas; foi o astrônomo alemão Johannes Kepler que, no início do século XVII, mostrou que as órbitas planetárias eram elípticas. Kepler utilizou as observações de Tycho Brahe; os dados obtidos por Tycho eram os mais precisos da época e no limite, do que o olho humano, sem instrumentos, pode conseguir. Foi usando esses dados que Kepler propôs três leis que descrevem corretamente os movimentos dos planetas. (RODRIGUES, 2001). Com o trabalho de Kepler desvendou-se como os planetas se movimentavam, mas, foi só com a Teoria da Gravitação Universal de Isaac Newton (publicada em 1687), que o porquê do movimento dos planetas ao redor do Sol foi explicado. A teoria da gravitação mostra que os corpos se atraem uns aos outros, isto é, um corpo cria em torno de si um campo gravitacional que é sentido por todos os outros corpos. Esse campo gravitacional é tanto mais intenso quanto maior a massa do corpo, e diminui proporcionalmente com o quadrado da distância. Newton também descreveu exatamente como um corpo se movimenta quando sujeito a certa força, qualquer que seja sua natureza. (RODRIGUES, 2001). Em sua obra, o “Principia”, Newton demonstrou as leis de Kepler, calculou fenômenos como as marés e os equinócios e determinou a forma achatada da Terra. (RODRIGUES, 2001). Os movimentos dos maiores corpos do sistema solar eram explicados tanto do ponto de vista de sua descrição, como de sua causa, mas, foi só em 1755 que o filósofo Immanuel Kant propôs a hipótese nebular (tentando explicar como surgiu o sistema solar). Posteriormente foi desenvolvida pelo matemático francês Pierre- Simon de Laplace. A hipótese nebular considera que o sistema solar formou-se a partir de uma nuvem de gás e poeira em rotação. (RODRIGUES, 2001). Foi, também, no início do século XVII que, Galileu direcionou sua luneta para Júpiter e observou quatro astros (mais tarde chamados satélites galileanos de Júpiter), que descreviam órbitas em torno desse planeta e não da Terra; descobriu, também, o relevo lunar, as manchas no Sol, identificou a estrela dupla Mizar e enunciou o princípio da inércia. Suas observações também contribuíram para a comprovação de que a Terra não era o centro de todos os movimentos celestes. (FRIAÇA, 2006). Em 1784, Herschel descobre Urano (céu, em grego) e várias nebulosas. Estudando a distribuição das estrelas, propõe uma nova estrutura para a galáxia, uma espécie de elipsoide centrado no Sol. (FRIAÇA, 2006). Netuno (na mitologia grega Poseidon, o rei dos mares), foi observado em 1846 por Johann Gottfried Galle, no Observatório de Berlim. Frequentemente, os créditos dessa descoberta vão para o inglês John Couch Adams e o francês Urbain Le Verrier, que não o observaram, mas previram a sua existência matematicamente. (COSTA, 2008). Plutão (na mitologia grega Hades, o senhor dos infernos), foi descoberto em 1930 por Clyde Wiliam Tombaugh, auxiliar de Percival Lowel. Um dos satélites de Plutão, Caronte, foi descoberto somente em 1978. (COSTA, 2008). Em 1951, o astrônomo holandês Gerard Kuiper, propôs a existência de um segundo cinturão de asteroides além da órbita de Plutão. Hoje essa região é conhecida como Cinturão de Kuiper e se conhecem mais de 600 objetos no cinturão. (COSTA, 2008). 4 Configuração Atual do Sistema Solar Segundo a Teoria da nebulosa solar, provavelmente, nosso sistema solar formou-se a partir de uma nuvem espiral de gás e poeira. Quando o Sol obteve luz suficiente, gases e poeira remanescentes foram afastados pelo espaço, originando planetas que orbitam o Sol. Isso ocorreu há cerca de 4,5 bilhões de anos. O Sistema Solar é muito mais que apenas os planetas e seus respectivos satélites. É o conjunto de todos os corpos celestes, independente de tamanho, estado físico ou propriedades, que estão gravitacionalmente ligados ao Sol e que descrevem órbitas em torno dele. Entre os objetos que orbitam ao redor do Sol estão os planetas, satélites naturais, asteroides, cometas e partículas de gás e poeira interplanetárias. (Observatório Nacional, 2009). No Universo, a distribuição e hierarquia dos objetos devem-se, basicamente, pela força gravitacional; no Sistema Solar, a maior parte da massa está concentrada no Sol (99,86%), que é o centro de referência em torno do qual todos os objetos pertencentes a ele descrevem suas órbitas. Entenda-se por órbita a trajetória que um corpo percorre ao redor de outro sob a influência de alguma força (normalmente gravitacional). Dentro do Sistema Solar, os planetas, asteróides, cometas e outros objetos de menor tamanho percorrem órbitas elípticas ao redor do Sol, enquanto que os satélites naturais o fazem ao redor dos planetas. Define-se como Estrela um astro de luz própria, em forma esferoidal formado por gases. A energia das estrelas é gerada por fusão nuclear e emitida no espaço sob a forma de radiação eletromagnética, vento estelar, neutrinos e outras formas de radiação. Classifica-se como Planeta o corpo celeste que orbita em torno do Sol; possui forma aproximadamente esférica e é grande o suficiente para ser dominante em sua órbita, tendo eliminado objetos menores de sua vizinhança; esta definição foi estabelecida pela União Astronômica Internacional em agosto de 2006. Asteroides são objetos rochosos e/ou metálicos, sem atmosfera, que estão em órbita em torno do Sol, mas são pequenos demais para serem considerados como planetas. A maior parte deles está espalhada na região situada após 2 e antes de 5 UA (Unidade Astronômica) do Sol. (Observatório Nacional, 2009) Cometas são corpos de forma irregular, frágeis e pequenos, em geral formados por uma mistura de grãos não voláteis e gases congelados. Essas massas congeladas de gases, gelo, restos rochosos e poeira descrevem órbitas altamente elípticas, bem definidas, que cruzam o Sistema Solar. (Observatório Nacional, 2009) Por todo o Sistema Solar estão espalhadas partículas de gás e poeira, resquícios da formação do próprio Sistema Solar. Essas partículas recebem o nome de matéria interplanetária. (Observatório Nacional, 2009) Para melhor descrever o Sistema Solar, os astrônomos preferem dividi-lo em partes que englobam corpos com características semelhantes: Sol – chamado de Hélio pelos gregos, Mitras pelos persas e Rá pelos egípcios. É uma estrela relativamente comum, descrita como uma bola de gás incandescente (composto basicamente de hidrogênio e hélio) com 1,4 milhões de quilômetros de diâmetro, sua massa é 333 mil vezes maior que a da Terra; com temperatura superficial de cerca de 6000 kelvin e temperatura nuclear de alguns milhões de graus; maior corpo de todo o sistema solar, contendo mais de 99% de toda sua massa; é ele que mantém o sistema coeso. Planetas internos ou terrestres – são os quatro planetas mais próximos do Sol (Mercúrio, Vênus, Terra e Marte); compostos basicamente por rochas e metais e aquecidos devido à proximidade com o Sol. Todos eles têm superfícies sólidas que registram processos geológicos como formação de crateras, montanhas e vulcões. Cinturão de Asteroides – localizado entre os planetas Marte e Júpiter; é o local onde está distribuída a maioria dos asteroides conhecidos (com tamanhos diversos e formas irregulares), pequenos demais para serem considerados planetas. Planetas externos ou gigantes – são os planetas Júpiter, Saturno, Urano e Netuno; são bem maiores que os planetas internos, compostos por materiais bem mais leves que se apresentam na forma de gases, gelos e líquidos. Planetas-anões – A União Astronômica Internacional estabeleceu, em assembleia geral, em agosto de 2006 uma classe provisoriamente chamada de “planetas-anões” – um grupo especial de objetos trans-neptunianos. Estes corpos para serem classificados como tal devem apresentar as características de órbita em torno do Sol; forma aproximadamente esférica e, além disso, não devem ser satélites de outros objetos e não podem ser grandes o suficiente para terem “limpado” a sua vizinhança, ou seja, não são dominantes em suas órbitas. Deste modo, Plutão foi reclassificado como planeta-anão, por não ser dominante em sua órbita (foi descoberto astro maior que ele em órbita além de Netuno, o objeto 2003 UB313), além de que Plutão é menor que a Lua e apresenta uma órbita bastante excêntrica e inclinada 17º em relação ao plano da órbita da Terra, muito maior quando comparada aos outros planetas. Alguns dias depois da reclassificação de Plutão, 2003 UB313 recebeu a sua nomenclatura definitiva: Éris, a deusa da discórdia. Cinturão Trans-Neptuniano ou Cinturão de Kuiper – esta região em forma de disco, com milhões de objetos, está localizado a partir da órbita do planeta Netuno; é o local de origem de vários cometas que cruzam o Sistema Solar. Nuvem de Oort – com possivelmente milhões de objetos, que seriam restos da formação do Sistema Solar, está situada muitíssimo depois do planeta-anão Plutão. A Nuvem de Oort tem a forma de uma imensa esfera que envolve todo o Sistema Solar. Nos últimos 30 anos os conhecimentos sobre o Sistema Solar ampliaram-se, graças à melhoria dos detectores e telescópios e às várias sondas espaciais que o cruzaram. A Astronomia é uma ciência e nenhuma ciência está terminada. As definições continuam evoluindo com o tempo. (COSTA, 2008). 5 O desafio para os Professores Como visto, no decorrer desta fundamentação, o conteúdo Astronomia há muito se faz presente nos currículos e programas das escolas, porém, há alguns agravantes que, interferem de uma forma ou outra no ensino deste conteúdo. Citado por autores como BRETONES (1999), pesquisas efetuadas na área do ensino de Ciências, constatam uma deficiente formação dos professores com relação à Astronomia; e Bizzo (2000 e 1996), Boczko (1998), Trevisan (1997), CANALLE (1994 e 1997) e Paula e Oliveira (2002) apud LANGHI e NARDI (2004) indicam a presença de erros conceituais em livros didáticos de Ciências, incluindo o tema Astronomia. As pesquisas realizadas apontam que, grande parte dos professores que lecionam a disciplina de Ciências são biólogos de formação ou matemáticos licenciados em Ciências, e que, em sua graduação não tiveram conteúdos de Astronomia; também apontam a falta de materiais disponíveis para esses professores trabalharem o conteúdo em questão. Muitos desses professores acabam por utilizar apenas o livro didático disponível em suas escolas (que, provavelmente, seja a única fonte de consulta) e, incorrem na reprodução de concepções equivocadas de fenômenos astronômicos e suas causas, como nos recortes citados por LANGUI e NARDI (2004): - estações do ano são causadas devido à distância da Terra ao Sol; - interpretação das fases da Lua como sendo eclipses lunares semanais; - possuem uma visão geocêntrica do Universo; - colocam estrelas entre os planetas do Sistema Solar; - desconhecem o movimento aparente das estrelas no céu; - associam a presença da Lua exclusivamente ao céu noturno; - associam a existência da força de gravidade com a presença de ar. Para desenvolver o seu trabalho, o professor precisa compreender os conteúdos das áreas do conhecimento que serão necessárias à sua prática docente (LANGUI e NARDI, 2005) e para tanto, vemos que, os cursos de formação de professores de Ciências necessitam de reformulações com relação às disciplinas ofertadas, pois, se o professor precisa trabalhar com seus alunos o conteúdo de Astronomia, que o tenha no seu curso de Graduação. Para os que já atuam na disciplina de Ciências e não tiveram Astronomia em sua graduação, percebe-se a necessidade de formação continuada relacionada ao tema para que se possa minimizar ou, até mesmo, corrigir a reprodução de concepções equivocadas e de erros conceituais. Considerando o fascínio que a observação do céu exerce sobre as pessoas e o conhecimento científico a cerca da sua dinâmica ser insuficiente, propôs-se a realização de um estudo com ênfase no processo de encaminhamento metodológico articulado, dos conteúdos de Astronomia, especificamente sobre História da Astronomia chegando até a nova configuração do Sistema Solar, mostrando também, para alunos do Ensino Fundamental, de forma simples e didática as escalas de medidas e de distâncias do sistema planetário em que vivemos. O objetivo geral deste trabalho foi de utilizar e desenvolver metodologias para o ensino de Astronomia e viabilizar estudos e discussões a cerca da construção dos conceitos científicos que levassem à compreensão dos fenômenos ligados à Astronomia, bem oportunizando, como, através de possibilitassem situações uma aprendizagem problemas, da significativa, modelagem e do desenvolvimento da criatividade, o registro da construção de conceitos. 6 Metodologia A execução da proposta propiciou aos envolvidos a oportunidade da compreensão de fenômenos ligados à astronomia, partindo de suas pré-concepções (identificadas em pesquisa prévia), através de várias metodologias (exposição, construção, experimentação e outras) e de estratégias (pesquisa, atividades em grupo, observação, modelagem utilizando vários materiais, recursos instrucionais e o lúdico). O incentivo a participação interativa dos alunos e a construção e aplicação dos conceitos científicos, foi realizada de forma a se efetivar uma aprendizagem significativa dos conteúdos de Astronomia. Especificamente foram trabalhados: a pesquisa e compreensão do desenvolvimento do ensino de astronomia no Brasil; a pesquisa e compreensão de metodologia no Ensino de Ciências, com ênfase em Astronomia; o conhecimento da História da Astronomia; a compreensão de medidas astronômicas através de escalas e com o uso de modelagem; o Ensino de Astronomia significativo para alunos e professores; a construção de conceitos científicos. O projeto foi desenvolvido no Colégio Estadual Marina Marés de SouzaEnsino Fundamental e Médio do Município de Paula Freitas – Paraná, nas aulas de Ciências com alunos da 6ª série do Ensino Fundamental. Como a teoria da aprendizagem de Ausubel propõe que os conhecimentos prévios dos alunos sejam valorizados, a atividade inicial foi a aplicação de um préteste, atividade avaliativa de caráter diagnóstico, com a intenção de verificar os conhecimentos prévios e as concepções dos alunos sobre astronomia. As questões versavam sobre: o que é astronomia; quais astros fazem parte do sistema solar; conhecimento da teoria heliocêntrica; porque ocorre o dia e a noite; porque plutão não é mais um planeta; comparação de tamanhos, (em escala), dos astros do sistema solar com objetos do dia a dia; representação das distâncias (em escala) entre o Sol e os planetas do sistema solar; diferença entre planeta e estrela na observação do céu noturno. A verificação dos conhecimentos prévios dos alunos serviu para orientar a abordagem dos conteúdos, a forma (metodologia) de desenvolvimento dos mesmos e as estratégias a serem utilizadas. A turma foi organizada em doze grupos, com dois ou três alunos, que escolheram o tema para pesquisar dentre os seguintes: Mercúrio, Vênus, Terra, Marte, Asteroides, Júpiter, Saturno, Urano, Netuno, Plutão, Cinturão de Kuiper e Nuvem de Oort. O laboratório de informática Paraná Digital foi utilizado para pesquisar os temas, acessando-se, principalmente, o material do Curso Astrofísica do Sistema Solar, ofertado pelo Observatório Nacional (riquíssimo em dados históricos, dados técnicos, imagens e explicações sobre o sistema solar). Alguns grupos utilizaram conteúdo do site http://www.zenite.nu e também de livros da Biblioteca. Com a pesquisa os alunos produziram um resumo, relatando as características gerais do astro, dados históricos como descoberta, nome, fatos curiosos, como é sua atmosfera, como é sua superfície, como é seu interior, se possui anéis e satélites. Após os resumos prontos, cada grupo apresentou, em sala de aula, informações sobre o astro pesquisado. Utilizaram-se imagens de cada astro e algumas curiosidades, exibidas na TV Multimídia. Após concluídas as apresentações, um painel foi montado com imagens e informações sobre cada astro pesquisado, mostrados na Figura 1. Figura 1: Painel montado pelos alunos (Foto: Eliane Ap. D. Montipó) Apesar da riqueza do material utilizado, das apresentações sobre os astros do Sistema Solar e da utilização de imagens, em nenhum momento, os alunos apresentaram curiosidade ou constatações acerca da comparação de tamanhos e de distâncias entre os astros pesquisados; somente exclamações do tipo: “parece ser muito grande; parece muito longe; não consigo imaginar toda essa distância”. Com base nessa análise, tornou-se necessária uma nova abordagem sobre o Sistema Solar, analisando tamanhos e distâncias, para tal, usou-se o filme Sistema Solar (Feira de Ciências), encontrado no endereço http://www.youtube.com/watch?v=S2-5Lnw517U. Este filme de 8’58” mostra imagens do Sistema Solar em sua atual configuração e algumas características de cada astro. Justifica-se o uso dos filmes por serem fontes valiosas de relação entre a realidade e o conteúdo discutido, por se tratarem de uma forma de linguagem mais próxima do aluno. No desenvolvimento dessa atividade os alunos foram orientados para que fizessem anotações das informações principais com o intuito de utilizá-las em discussão posterior à exibição. Após a exibição do filme, que, baseia-se em imagens obtidas pela NASA e que mostram a configuração atual do Sistema Solar, algumas características de cada astro e a comparação de tamanhos entre esses astros e a Terra, os alunos foram questionados e expuseram suas observações quanto à comparação de tamanhos entre os astros observados. Também foram utilizadas outras imagens na TV multimídia com a comparação, em escala, dos tamanhos do Sol e demais astros do Sistema Solar e, também, a comparação do Sol com outras estrelas da Via Láctea. A partir dessas observações os alunos apresentaram interesse em saber mais sobre a comparação de tamanhos e distâncias no Sistema Solar; buscaram-se, então, as medidas de diâmetro e distância ao Sol para cada astro. A turma foi organizada em grupos para na aula seguinte trabalhar a atividade experimental de modelagem dos astros do Sistema Solar. Na organização da atividade a turma foi dividida em cinco grupos para representarem o sistema solar em diferentes escalas (utilizando como diâmetros do Sol: 10, 30, 60, 80 e 100 cm). Como os alunos teriam dificuldades em realizar os cálculos de proporção entre as medidas (pois, é um conteúdo da matemática ainda não trabalhado com eles), assistiram à demonstração de como são realizados os cálculos dos diâmetros e das distâncias em escala e, também, o cálculo do comprimento de cada circunferência e cada grupo recebeu uma tabela, já preenchida, com as devidas medidas em escala e molde com o desenho das circunferências. Ressaltou-se a importância de se utilizar a mesma escala para diâmetros e distâncias, respeitando assim, a proporcionalidade. Para a atividade foram utilizados materiais como: massa epoxi; massa de modelar (colorida); bexigas de vários tamanhos; compressor de ar; papel sulfite; rolo de barbante; trena; pincéis e tintas; molde com o desenho das circunferências, conforme Figura 2. Figura 2: Materiais utilizados para simular o Sistema Solar (Foto: Eliane Ap. D. Montipó) O Sol foi representado por bexigas cujas circunferências foram medidas com barbante. Para determinar o diâmetro da bexiga usou-se um barbante com suas pontas amarradas, o qual foi colocado ao redor da bexiga, conforme ela foi enchendo através da saída de ar do compressor (para cada escala, usou-se a devida medida do Sol), conforme figura 3. Figura 3: Balão cheio, sendo medida sua circunferência com o barbante (Foto: Eliane Ap. D. Montipó) Como não foi possível encontrar balões grandes o suficiente, para os diâmetros de 80 cm e de 100 cm foram utilizadas circunferências moldadas em papel de cor laranja. Os planetas foram modelados utilizando-se a massa epóxi que, após secos, foram coloridos com tinta guache, procurando obter cor semelhante às imagens obtidas pela NASA, conforme figura 4. Figura 4: Representação do tamanho dos planetas (Foto: Eliane Ap. D. Montipó) Após prontas as representações dos planetas e do Sol, fizeram-se as comparações de tamanhos e demonstração das distâncias, conforme Figura 5 e 6, respectivamente. Para tanto, utilizou-se espaço fora do Colégio (rua lateral) e munidos com trena, as representações do Sol e dos planetas e as tabelas com as medidas de distâncias, cada grupo representou o sistema solar na escala em que o construíram, percebendo que não poderiam representar a posição de todos os astros, pois, necessitariam de espaço bastante amplo e, não conseguiriam enxergar o tamanho dos astros representados. Figura 5: Comparação do tamanho do Sol com os Planetas que estão por ordem de tamanho (Plutão, Mercúrio, Marte, Vênus, Terra, Netuno, Urano, Saturno e Júpiter) _ escala Sol 60 cm de diâmetro (Foto: Eliane Ap. D. Montipó) Figura 6: Representação da distância entre o Sol e a Terra – escala Sol com 100 cm de diâmetro (Foto: Eliane Ap. D. Montipó) Todas as representações foram fotografadas e na aula seguinte as imagens foram expostas na TV multimídia para conclusão das atividades e esclarecimento de dúvidas. O pré-teste serviu também como pós-teste, sendo aplicado após a abordagem teórica e o desenvolvimento das atividades propostas, caracterizando-se como instrumento de verificação da aprendizagem, do crescimento pedagógico dos alunos e da eficácia da metodologia utilizada. 7 RESULTADOS E DISCUSSÃO A análise do pré-teste indicou que mais de 60% dos alunos entrevistados desconheciam que astronomia é o estudo dos astros. Quanto aos astros que fazem parte do Sistema Solar, 90% dos alunos entrevistados reconheceram o Sol e os planetas, porém, em torno de 70% não reconheceram cometas, asteroides, satélites naturais e gás e poeira interplanetária e 40% indicaram, equivocadamente, constelações, estrelas, buraco negro, galáxias e Via Láctea, como componentes do Sistema Solar. Com relação ao conhecimento da Teoria Heliocêntrica que define o Sol como centro do Sistema Solar e outros astros orbitando ao seu redor, mais de 80% dos alunos entrevistados a desconheciam. Apenas 22% souberam responder que temos períodos de claridade e de escuridão (dia/noite) devido ao movimento de rotação que a Terra realiza em torno de seu próprio eixo. Quanto à nova definição de planeta, nenhum aluno entrevistado sabia explicar porque Plutão não é mais considerado planeta, mas sim, planeta anão. Ao comparar o tamanho do Sol e dos planetas com objetos esféricos conhecidos, mais de 70% dos alunos entrevistados reconheceram que o Sol é o maior astro do Sistema Solar e o compararam a uma bexiga gigante cheia, porém, quanto aos planetas, não conseguiram relacionar corretamente com objetos proporcionais. Nenhum aluno entrevistado possuía conhecimento ou noção sobre as distâncias entre o Sol e os planetas e não se acharam capazes de diferenciar um planeta de uma estrela ao observar o céu noturno. As constatações levaram à reflexão sobre alguns conceitos fundamentais da Astronomia como: o que é Astronomia, Teoria Heliocêntrica, Galáxias, Estrelas, Constelações, Movimentos da Terra, Planetas e Planetas Anões. Trabalharam-se primeiramente os conceitos: o que é Astronomia, Galáxias, Estrelas e Constelações. Através de imagens mostradas na TV multimídia, fez-se a abordagem histórica sobre a observação dos planetas, explicando-se o porquê do nome de cada astro e a evolução histórica dessas observações até chegarmos à configuração atual do Sistema Solar. A abordagem esclareceu quais são os astros pertencentes ao Sistema Solar, a definição de planeta, planeta anão, satélite natural, asteroide e cometa, que o Sol é a única estrela pertencente ao Sistema Solar e é o centro desse sistema, com outros astros orbitando ao seu redor (Teoria Heliocêntrica) e que o Sistema Solar é uma pequeníssima região situada na periferia de uma galáxia chamada Via Láctea. Provocada a curiosidade dos alunos, ocorreram diversos questionamentos sobre características mais específicas de cada astro, como: a que distância está; como a NASA obteve as imagens dos planetas; que equipamentos são utilizados nas observações; se “naves” espaciais já chegaram até eles e também se existem extraterrestres. Alcançado o objetivo de provocar a curiosidade dos alunos em conhecer mais sobre os astros do Sistema Solar, passamos para o trabalho de pesquisa, produção de resumo, apresentação oral e montagem de painel. A análise do pós-teste revelou que, mais de 80% dos alunos avaliados reconheceram que astronomia é o estudo dos astros. Quanto aos astros que fazem parte do Sistema Solar, 94% dos alunos reconheceram o Sol e os planetas e em torno de 55% reconheceram cometas, asteroides, satélites naturais, gás e poeira interplanetária. Porém, após várias semanas de trabalho e estudos, 21% dos alunos indicaram, equivocadamente, constelações, estrelas, buraco negro, galáxias e Via Láctea, como componentes do Sistema Solar. Sobre o conhecimento da Teoria Heliocêntrica que define o Sol como centro do Sistema Solar e outros astros orbitando ao seu redor, 44% dos alunos a reconheceram. Mais de 69% dos alunos souberam responder que temos períodos de claridade e de escuridão (dia/noite) devido ao movimento de rotação que a Terra realiza em torno de seu próprio eixo. Com relação à nova definição de planeta, 61% dos alunos souberam explicar porque Plutão não é mais considerado planeta e, até, citaram os nomes dos planetas anões (Ceres, Plutão e Éris). Ao compararem o tamanho do Sol e dos planetas com objetos esféricos conhecidos, 94% dos alunos reconheceram que o Sol é o maior astro do Sistema Solar e o compararam a uma bexiga gigante cheia, mas, quanto aos planetas, encontraram dificuldades com as comparações proporcionais; apenas 30% dos alunos compararam a Terra com um grão de soja; 26% compararam Júpiter a uma laranja; 32% compararam Mercúrio a uma bolinha de sagu; 20% compararam Urano a uma bola de tênis de mesa e 36% compararam Saturno com um limão (comparação esta, em escala, com o Sol medindo 60 cm de diâmetro). Quanto à noção de proporção das distâncias entre o Sol e os planetas, apenas 4% dos alunos souberam expressá-las usando medidas numéricas; 22% não souberam colocar as medidas, mas, escreveram que as distâncias são muito grandes entre o Sol e os planetas e mais de 70% dos alunos não souberam ou não responderam. Ao observar o céu noturno, 8% dos alunos afirmaram saber reconhecer o planeta Vênus; outros 8% escreveram que as estrelas são mais brilhantes que os planetas, porém, 84% deles afirmaram não saber diferenciar uma estrela de um planeta no céu noturno ou não responderam. 8 CONCLUSÃO Com a análise dos dados obtidos, percebeu-se uma melhora no conhecimento dos alunos, quanto a determinados conceitos da Astronomia, como: o que é Astronomia, Configuração atual do Sistema Solar, Teoria Heliocêntrica, Movimentos da Terra, Planetas e Planetas Anões. Quanto à comparação de tamanhos e de distâncias entre o Sol e os planetas, percebeu-se certa dificuldade de entendimento, talvez, por ser um conteúdo bastante abstrato para a faixa etária, ou para esses alunos, aos quais o projeto foi aplicado ou por não ser algo que esteja diretamente relacionado ao cotidiano ou que tenha certa importância para os alunos em questão. Pode-se concluir que houve aprendizagem, crescimento pedagógico dos alunos e que parte da metodologia utilizada foi eficaz. O desenvolvimento de atividades experimentais requer um preparo antecipado para que o professor se familiarize com a atividade, tenha total domínio dos conceitos, da metodologia e dos materiais com os quais irá trabalhar, lembrando ainda que sua intervenção (mediação didática) será essencial para a superação da observação como simples ação empírica e de descoberta. REFERÊNCIAS ARMBRUST, Álvaro de Freitas. História da Astronomia no Brasil. Disponível em WWW.uranometrianova.com, consultado em 04/09/2009 às 11h02m. AUSUBEL, D.P.; NOVAK, J.D.: HANESIAN, H. Psicologia Educacional. Rio de Janeiro: Interamericana, 1980. BIZZO, N. Falhas no ensino de ciências. Ciência Hoje. Abril, 2000. BRASIL – Secretaria de Educação Média e Tecnologia. Parâmetros Curriculares Nacionais: Ciências Naturais. Brasília: MEC/SEMTEC, 1998. 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