Intervenção do Presidente do Conselho da Autoridade da Concorrência na Cerimónia de Posse Senhor Ministro da Economia Senhora Procuradora-Geral da República Senhores Presidentes de Comissões Permanentes da Assembleia da República Senhores Secretários de Estado Senhores Deputados Senhor Governador do Banco de Portugal Senhores Presidentes e Representantes de Entidades Reguladoras Minhas Senhoras e Meus Senhores, Começo por expressar o meu agradecimento pela confiança em mim depositada pelo Sr. Ministro da Economia e pelo Governo Português no desempenho das funções que hoje inicio. Assumo as funções de Presidente da Autoridade da Concorrência num contexto muito particular e difícil da economia portuguesa. Deixem que seja perentório, a importância de uma política de concorrência eficaz é primordial: para manter e sustentar o processo de recuperação económica, de aumento de produtividade e de competitividade, e permitir condições para um sólido crescimento económico. A Autoridade da Concorrência celebrou este ano a sua primeira década de existência. Em dez anos, afirmou-se como uma instituição de incontornável relevância no quadro institucional português. Granjeou o respeito pela missão de interesse público que lhe foi confiada. Deixo, por isso, uma palavra de justo apreço pelo trabalho desenvolvido pelos meus antecessores, o Prof. Abel Mateus e o Prof. Manuel Sebastião. O Prof. Abel Mateus e a equipa do primeiro Conselho da Autoridade da Concorrência conseguiram, com a sua visão e dinamismo, um ciclo de lançamento e afirmação da instituição como entidade independente. A instituição viveu um segundo ciclo liderado pela equipa do Prof. Manuel Sebastião que procurou, com intencional discrição, um reconhecimento digno de nota, quer a nível nacional quer internacional. Esta fase corresponde também a um ciclo de consolidação institucional a que se aliou um impulso e comprometimento com a reforma ao regime jurídico da concorrência, concretizada em 2012. Um período de consolidação que potencia, com natural expectativa, a actuação da Autoridade da Concorrência no novo ciclo que hoje se inicia. Gostaria ainda de expressar publicamente uma palavra de reconhecimento ao Prof. Jaime Andrez, cuja permanência, numa fase inicial do novo Conselho que hoje assume funções, permitirá, pela sua experiência e conhecimento concreto do trabalho em curso, uma transição serena em benefício da instituição. Inicia-se então hoje um novo ciclo na vida da Autoridade da Concorrência. Um ciclo de confiança! Que resulte do seu passado e presente, mas também da sua visão de futuro. Confiança na sua independência e isenção. Confiança na sua competência técnica. Confiança na sua actuação transparente. Confiança no respeito pela liberdade empresarial baseada no mérito. Confiança no exercício dos seus poderes sancionatórios e no uso dos seus poderes de investigação, com respeito pelos direitos de defesa e pela equidade processual. Confiança no exercício dos seus poderes de supervisão e dos seus poderes de regulamentação. Confiança na condução de processos e na qualidade das suas decisões. Confiança no escrutínio institucional e público da sua actuação. Confiança na defesa estrita das regras da concorrência e do bem-estar do consumidor. Confiança na importância da concorrência para a economia portuguesa. Compete à instituição assegurar o respeito pelas regras de promoção e de defesa da concorrência no território nacional, mais a mais dado o contexto económico actual para que haja uma sólida recuperação económica. A violação das regras da concorrência prejudica substancialmente a economia de um país e a vida dos consumidores. A Autoridade da Concorrência tudo fará para prevenir, dissuadir, e sancionar comportamentos lesivos da concorrência. Guardiã de regras e princípios, à Autoridade da Concorrência incumbe igualmente, num esforço permanente, a promoção de uma cultura de concorrência que assegure a saudável rivalidade entre empresas, promova o mérito, a eficiência e a inovação. Um país exposto a concorrência resiste com maior flexibilidade aos choques que enfrenta e está em melhores condições para fazer face aos ajustamentos que se impõem numa sociedade cada vez mais global. A Autoridade da Concorrência não está sozinha nesta missão. Através das políticas públicas, da produção legislativa e regulamentar, o Estado deve criar condições para uma livre concorrência, evitando que a sua intervenção, ainda que de modo não intencional, permita que se criem ou mantenham restrições à concorrência. Tal é particularmente relevante em sectores que tenham uma importância transversal na economia e que afectem não apenas o consumidor final, mas as empresas que deles dependem para o desenvolvimento da sua actividade. É fundamental consolidar uma cultura de contínua avaliação de impacto das políticas públicas na concorrência, para a qual a Autoridade da Concorrência sempre procurará contribuir. Igualmente basilar para uma política de concorrência verdadeiramente eficaz em Portugal é a colaboração permanente entre a Autoridade da Concorrência e os Reguladores Sectoriais. Estou certo que cada uma das Entidades Reguladoras em Portugal está bem consciente da necessidade e do benefício de um continuado esforço conjunto em prol de mercados cada vez mais concorrenciais. A esta dimensão nacional junta-se igualmente uma dimensão internacional que é importante relevar. Esta dimensão internacional estabelece-se no quadro da Rede Europeia de Concorrência, na cooperação com instituições equivalentes dos Estados-membros da União Europeia, na relação com a OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico), a UNCTAD (United Nations Conference on Trade and Development), a ICN (International Competition Network) e até a Rede Lusófona da Concorrência. Relação esta que visa potenciar o papel da instituição na consolidação das melhores práticas que fomentem uma sólida cultura de concorrência. Em Portugal, a aprovação a breve trecho de novos Estatutos da Autoridade da Concorrência completará a reforma do quadro jurídico e institucional da concorrência iniciada em 2012, com a publicação da nova Lei da Concorrência e a criação do novo Tribunal da Concorrência, Regulação e Supervisão. Espera-se que os novos Estatutos dotem a Autoridade da Concorrência da necessária autonomia que lhe permita, com independência e qualidade de actuação, o desenvolvimento da missão que lhe está confiada através de uma gestão equilibrada dos seus recursos humanos, patrimoniais e financeiros. Minhas Senhoras e meus Senhores, Encontram-se lançadas as bases para que a Autoridade da Concorrência assuma a entrada num novo ciclo. A próxima década da Autoridade da Concorrência espera-se dinâmica, segura, transparente, independente e firme. Uma Autoridade da Concorrência que, em cada momento, procure superar-se a si própria e inovar, aperfeiçoando procedimentos, melhorando a sua capacidade de intervenção e o cumprimento da sua missão de interesse público. Uma Autoridade da Concorrência que ambicione, em cada uma das suas áreas de actuação, ombrear com as mais prestigiadas autoridades de concorrência internacionais. Permitam-me que a última palavra seja dirigida aos colaboradores da Autoridade da Concorrência. A importância da instituição e o respeito por esta granjeado devem-se não apenas à visão e bom senso dos seus decisores, mas também à dedicação, empenho e reconhecida competência técnica dos seus colaboradores. Estou certo que o seu ensejo não esmorece e que estarão, neste novo ciclo, disponíveis para vencer novos desafios, reforçando competências, dominando a complexidade e abrangência das matérias, actuando com zelo, ponderação e grande sentido de responsabilidade, em prol da concorrência em Portugal. Muito obrigado. António Ferreira Gomes