.CENTRO UNIVERSITÁRIO FUNDAÇÃO SANTO ANDRÉ FACULDADE DE ENGENHARIA CELSO DANIEL ENGENHARIA ELETRÔNICA – ÊNFASE EM ELETRÔNICA INDUSTRIAL ARYEL GIL CARVALHO DE SOUZA ESTUDO DE UMA TOCHA DE PLASMA TÉRMICO PARA TRATAMENTO DE RESÍDUOS SANTO ANDRÉ 2013 ARYEL GIL CARAVALHO DE SOUZA ESTUDO DE UMA TOCHA DE PLASMA TÉRMICO PARA TRATAMENTO DE RESÍDUOS Relatório apresentado ao Programa de Iniciação Científica do Centro Universitário Fundação Santo André 2013. Orientador: Prof. Mário Gonçalves Garcia SANTO ANDRÉ 2013 SUMÁRIO 1 – Introdução ............................................................................................................................. 4 2 – Objetivo ................................................................................................................................. 4 3 – Definição de plasma ............................................................................................................ 4 3.1 – Tipos de plasma ........................................................................................................... 5 4 – O plasma para tratamento de resíduos ............................................................................ 5 5 – O equipamento em laboratório..........................................................................................9 6 – Resultados finais ................................................................................................................ 14 7 – Conclusão............................................................................................................................14 1 – Introdução O uso de tocha de plasma térmico teve suas primeiras aplicações nos anos 60 e daí a diante está sendo considerado um dos processos eletro térmicos promissores pela sua grande gama de aplicações e por ser um dos métodos que menos poluem. A utilização de plasma térmico abre um leque para suas aplicações como: purificação de silício, cortes e soldagens de materiais, destruição de materiais tóxicos ( hospitalares por exemplo), reciclagem de resíduos. Embora sua utilidade seja de grande valor para o ser humano, ainda é uma tecnologia pouco conhecida e pouco utilizada. 2 – Objetivo Estudo do sistema gerador de plasma térmico, tocha e retificador e sua utilização para tratamento de resíduos tóxicos ou lixo comum; e como o mesmo pode contribuir no planejamento do tratamento de resíduos sólidos de uma cidade como Santo André. 3 – Definições de plasma O termo plasma foi pioneiramente empregado na física pelo cientista norte americano Irving Langmuir 1929 para um gás parcialmente ionizado (FELIPINI, 2005). O plasma pode ser entendido como um gás extremamente aquecido, podendo atingir temperaturas da ordem de 5.000ºC a 20.000ºC, onde as propriedades do três estados da matéria não são verificadas, razão pela qual é denominado como sendo o quarto estado da matéria. Do ponto de vista macroscópico, o plasma é eletricamente neutro. 3.1 – Tipos de plasma Dependendo de quanto da energia é entregue ao plasma, suas propriedades mudam, em termos de densidade eletrônica e temperatura (CHEN, 1984). Esses dois parâmetros distinguem o plasma em duas grandes categorias: plasmas frios e plasmas térmicos. Quando a pressão do plasma é abaixo de 10 kPa, prevalece uma diferença de temperatura entre os elétrons e os íons, e neste caso a descarga é conhecida como “glow discharge” ou plasma frio.Este tipo de plasma é o que podemos encontrar nas lâmpadas fluorescentes ou lâmpadas compactas. Já os plasmas térmicos são caracterizados por alcançarem altas temperaturas com elevada densidade de energia. Os plasmas térmicos gerados à pressão atmosférica, da ordem de 100 KPa, sendo que este é o tipo de plasma objeto deste trabalho. O plasma térmico ainda pode se dividido em plasma de baixa potência (para corte, soldagem, spraying) e plasma de alta potência (metalurgia e siderurgia ). 4 – O plasma para tratamento de resíduos O plasma para tratamento de resíduos é conhecido como “plasma pirólise” (Pirólise - (do Grego pyr, pyrós = fogo + lýsis = dissolução). Cabe entender que na realidade não se trata de uma pirólise ou queima convencional. De uma forma simplificada, trata-se de uma reação de análise ou decomposição que ocorre pela ação de altas temperaturas pois ocorre uma ruptura da estrutura molecular original de um um ambiente com pouco determinado composto pela ou ação nenhum oxigênio),constituindo-se do calor em em uma tecnologia dedicada de destruição de resíduos, que associa as altas temperaturas geradas pelo plasma com a destruição dos resíduos. Variantes do processo vêm sendo estudadas há mais de 15 anos. Quando um gás é aquecido a temperaturas elevadas, há mudanças significativas nas suas propriedades. A cerca de 2 000 ºC, as moléculas do gás começam a dissociarem-se em estado atômico. A 3 000 ºC, os átomos são ionizados pela perda de parte dos elétrons. Este gás ionizado é chamado de plasma. O plasma é gerado pela formação de um arco elétrico, através da passagem de corrente entre o cátodo e anôdo, e a injeção de um gás que é ionizado, e pode ser usado sobre os resíduos. O mesmo apresenta boa condutividade elétrica e alta viscosidade quando comparado a um gás no estado normal. Tanto corrente contínua como a corrente alternada podem ser empregues para a geração de plasma, mas o processo com corrente contínua predomina amplamente até o momento. O plasma é gerado e controlado em tochas de plasma. A tocha de plasma é um dispositivo que transforma energia elétrica em calor transportado por um gás. Com estes dispositivos, virtualmente, qualquer gás pode ser levado ao estado de plasma e o gás utilizado pode ter participação significativa na reação. As tochas de plasma podem ser de dois tipos: Tochas de arco não transferido: onde o arco elétrico permanece estabilizado dentro da tocha de plasma e a energia é transportada para o sistema unicamente pelo gás de plasma (Fig.1). Na Fig.2 é apresentada uma tocha de plasma de 350 kW em operação onde podemos notar que a luz presente na extremidade da tocha não se trata de uma chama de combustão e sim gás aquecido a aproximadamente 10.000ºC. Fig.1 – Desenho esquemático de uma tocha de plasma de arco não transferido. Tocha de arco transferido: o arco elétrico permanece exposto ao sistema, permanecendo estabilizado fora da tocha de plasma e a energia é transmitida ao sistema pelo gás de plasma e pela irradiação direta do arco elétrico (Fig.3). A Fig.4 mostra uma tocha de arco transferido de 100 kW onde o arco elétrico está exposto ao sistema. Fig.2 – Foto da tocha de arco não transferido de 350 kW em operação. Fig.3 – Desenho esquemático de uma tocha de plasma de arco transferido. A eficiência de transformação de uma tocha de plasma está em cerca de 85%, podendo ultrapassar os 90% da energia elétrica utilizada na geração do plasma. Tipicamente as temperaturas alcançadas por plasmas térmicos são da ordem de 15 000 ºC, embora temperaturas até 50 000 ºC sejam possíveis. Atualmente plasma no meio ambiente é utilizado para tratamento de resíduos inorgânicos industriais, resíduos de saúde, embalagens longa vida, solos contaminados, alumínios e escórias metálicas. E em um futuro próximo, o uso de plasma térmico para reciclagem de pneus, baterias de automóveis, mercúrio e catalisadores exauridos. Fig.4 – Foto da tocha de arco transferido de 100 kW em operação. 5 – O equipamento de estudo no laboratório O equipamento construído é constituído por um conversor eletrônico de corrente alternada - corrente contínua (CA-CC) para aplicação em tocha de plasma, para operação em um reator, cujo diagrama de blocos pode ser visto conforme “ANEXO I”.O mesmo pode ser dividido em duas partes, a saber: “conjunto eletro-mecânico” e “sistema de controle de potência”; onde, o conjunto eletromecânico e constituído por gabinete, transformador, indutor de CC, tiristores e diodos rápidos de retificação e circulação livre, barramentos CA e CC, proteção termo-magnética de entrada de energia, filtro CA da entrada do conversor, sensores isolados de corrente, ventilações forçadas, sensores térmicos dos componentes magnéticos e dos semicondutores, dissipadores, comandos elétricos, conexões de interface e acessórios. O esperado é que o equipamento atenderá às especificações de projeto, operando com uma potência máxima de saída da ordem de 20 kW alimentando uma tocha de plasma térmico com as seguintes características básicas: Item Descrição Especificação 1 Tensão de alimentação 220 Vca, 60 Hz (*) 2 Tensão de saída 150 Vcc (máxima) 3 Tensão de saída 120 Vcc (operacional) 4 Corrente de saída 150 A (operacional) 5 Potência de saída 20 kW (operacional) 6 Regime de trabalho 24 horas 7 Freqüência do conversor 360 Hz 8 Indutância de saída (LDC01) 50 uH 9 Fator de potência 0,92 (*) dependente do transformador de entrada considerado. Segue abaixo algumas fotos do equipamento em questão: Fig, 5 – Parte traseira do painel de controle da tocha de plasma. Fig.6 – Placa de controle do retificador Observação: O diagrama de controle do retificador e mostrado no “ANEXOII”. Fig.7 – Ponta da tocha de plasma em laboratório fixada na mesa. 6 – Resultados finais Durante o desenvolvimento dos trabalhos de 2013, foi possível estudar e conhecer o retificador gerador de plasma, conhecendo a sua construção, a etapa de potência, o circuito de controle e seus sensores de tensão e corrente necessários para a estabilidade do plasma. Como se trata de um equipamento existente foram necessárias várias adaptações e adequações para permitir sua operação a nível laboratorial. Os principais trabalhos realizados foram: a) Estudo básico sobre plasma e suas aplicações. b) Refazer parte da fiação elétrica de alimentação do painel, c) Refazer a interligação do sistema e transformadores de referência e dos sensores. d) Estudo do sistema eletrônico, com especial atenção ao sistema de controle e disparo dos tiristores e) Elaboração do novo diagrama elétrico do conjunto (ainda em elaboração) f) Construção de uma carga resistiva com um tambor plástico e banho de sal. 7 – Conclusão O trabalho com este equipamento gerador de plasma, além de permitir um amplo contato com circuitos elétricos de potência, vai abrir possibilidades para estudos da aplicação de plasma térmico tanto na área de engenharia ambiental com tratamento de resíduos como na área de engenharia de matérias com a elaboração de novas ligas metálicas e cerâmicas avançadas.