distúrbios do equilíbrio ácido- base: acidose e alcalose

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Promovendo Saúde na Contemporaneidade:
desafios de pesquisa, ensino e extensão
Santa Maria, RS, 08 a 11 de junho de 2010
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DISTÚRBIOS DO EQUILÍBRIO ÁCIDO- BASE: ACIDOSE E ALCALOSE RESPIRATÓRIA
Flores, A. L.² Friedrich, C. B.²; Guerine, S².; Desconci, M².; Prevedello, L. L².; Moreschi, C.³; Sá,
4
5
R. G. C. de . Hoelzel, S .
1
Reflexão teórica.
2
Acadêmicos do Curso de Enfermagem do Centro Universitário Franciscano (UNIFRA), Santa Maria,
RS, Brasil
³Acadêmica do Curso de Enfermagem do Centro Universitário Franciscano (UNIFRA), Santa Maria,
RS, Brasil. Membro do GEPESES.
4
Acadêmico do Curso de Enfermagem FISMA, Santa Maria,RS, Brasil.
5
Enfermeira Docente do Centro Universitário Franciscano (UNIFRA), Santa Maria, RS, Brasil.
E-mail: [email protected].
RESUMO
O presente estudo tem por objetivo defender reflexões acerca das experiências vivenciadas pelos
acadêmicos de enfermagem, frente aos distúrbios do equilíbrio ácido-base: acidose e alcalose
respiratória. O trabalho trata de uma análise teórica, em que o tema em questão foi explorado e
discutido através da revisão bibliográfica, enfatizando a importância do conhecimento da patologia em
tese. Tendo em vista que o equilíbrio ácido-básico do sangue deve ser controlado com precisão, pois
um pequeno desvio da escala normal pode afetar gravemente vários órgãos. Sabe-se ainda que tal
patologia gera períodos de ansiedade , e desconforto respiratório, baseado nisso buscou-se explorar
as questões inerentes ao processo de recuperação dos clientes acometidos que necessitam de um
suporte emocional adequado na espera da estabilização do quadro clínico, desse modo contribuindo
de forma humanizada desenvolvendo uma relação de confiança e carinho com o paciente.
.
Palavras-chave: Acidose Respiratória; Alcalose Respiratória; Cuidados de Enfermagem.
1.INTRODUÇÃO
Os desvios da concentração de íons hidrogênio são ocorrências comuns nas práticas clinicas.
O pH indica o estado ácido-base do organismo, e em condições normais o pH dos líquidos
extracelulares é mantido em torno de 7,35 a 7,45. Quando o pH do sangue é inferior a 7,35, ocorre
acidose; quando o pH é superior ocorre alcalose. De um modo geral valores alterados para mais ou
para menos são incompatíveis à vida. A concentração de H+ é muito importante, pois quanto maior
for a concentração, mais ácida será a solução e menor o pH. Quanto menor for a concentração de H+
mais alcalina será a solução e mais elevado será o pH. (BRUNNER, 2005).
A intensidade de acidez é uma característica química essencial do sangue e outros líquidos
corpóreos. A acidez é expressa na escala de pH, na qual 7,0 é o valor neutro, acima de 7,0 é básico
(alcalino) e abaixo de 7,0 é ácido. O organismo utiliza três mecanismos para controlar o equilíbrio
ácido-base do sangue, primeiramente o excesso de ácido é excretado pelos rins, sobretudo em forma
de amônia. Em segundo lugar o corpo utiliza soluções tampão do sangue para se defender contra
alterações bruscas de acidez e o terceiro mecanismo de controle do pH do sangue envolve a
excreção do dióxido de carbono. (MANUAL MERCK, 2004)
Em algumas ocasiões, os pacientes podem sentir simultaneamente dois ou mais distúrbios
ácido-básicos independentes. Um pH natural na presença de alterações na PaCO 2 e na concentração
plasmática de HCO3 sugere logo um distúrbio misto. O único distúrbio misto que não pode incidir é
uma alcalose e acidose respiratórias mistas, porque é impraticável ter hipoventilação e
hiperventilação alveolares ao mesmo tempo. Um exemplo de um distúrbio misto é o evento
simultâneo da acidose metabólica e acidose respiratória durante a parada cardiorrespiratória.
(BRUNNER; SUDDARTH, 2002)
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2. OBJETIVO
Este estudo apresenta como objetivo beneficiar reflexões acerca das experiências
profissionais dos acadêmicos de enfermagem, frente aos distúrbios do equilíbrio ácido-base: acidose
e alcalose respiratória.
3. METODOLOGIA
Trata-se de uma análise teórica, em que o tema em questão foi explorado e discutido através
da revisão bibliográfica, favorecendo reflexões acerca das experiências profissionais dos autores
frente aos distúrbios do equilíbrio ácido-base: acidose e alcalose respiratória.
Segundo Lakatos e Marconi (1999) a pesquisa bibliográfica trata de levantamento de
bibliografias já publicadas, com a finalidade do pesquisador ter conhecimento de tudo que foi escrito
sobre determinado assunto.
O levantamento bibliográfico foi realizado no período de setembro a novembro de 2009, em
periódicos e livros da Área da Saúde. A busca por tais documentos foi realizada por meio da análise
dos volumes disponíveis na biblioteca do Campus I do Centro Universitário Franciscano - UNIFRA.
Foi utilizada a Internet como meio de busca eletrônica para enriquecer o levantamento da bibliografia
disponível.
4. REFERENCIAL TEÒRICO
4.1 Acidose e Alcalose Respiratória
A acidose respiratória é a acidez demasiada do sangue causada quando os pulmões não
eliminam apropriadamente o dióxido de carbono, isso pode ocorre em doenças que afetam
intensamente os pulmões, tais como o enfisema pulmonar, a bronquite crônica, a pneumonia, o
edema pulmonar e a asma. A alta concentração de dióxido de carbono no sangue afetam partes do
cérebro que regulam a respiração, as quais também provocam o aumento da freqüência e
profundidade da respiração. (MANUAL MERCK, 2004).
Ainda de acordo com a mesma fonte, a alcalose respiratória é uma espécie na qual o sangue
é alcalino porque a respiração rápida ou profunda ocasiona uma concentração baixa de dióxido de
carbono no sangue. A hiperventilação provoca uma eliminação exagerada de dióxido de carbono no
sangue. A causa mais comum da hiperventilação e consequentemente da alcalose respiratória é a
ansiedade.
Denomina-se acidose respiratória por ser uma acidose causada por anormalidade na
respiração, ou seja redução da ventilação e aumento da PCO 2. A acidose respiratória pode ocorrer
em conseqüência de algumas patologias que danificam os centros respiratórios ou que diminuem a
capacidade dos pulmões de eliminar CO2, como exemplo, a lesão do centro respiratório do bulbo
pode gerar ao desenvolvimento de acidose respiratória, além disso, a obstrução das vias
respiratórias, a pneumonia, ou a diminuição da área da superfície pulmonar, bem como qualquer
intervenção passível na troca de gases entre o sangue e o ar alveolar, podem provocar acidose
respiratória. (GUYTON; HALL, 2002).
Ainda de acordo com a mesma fonte supra-citada, a alcalose respiratória é causada por
hiperventilação dos pulmões, isso ocasionalmente ocorre devido a condições patológicas físicas.
Entretanto, uma psiconeurose pode, por vezes, levar a respiração excessiva, e isso faz com que o
indivíduo desenvolva a alcalose. Além disso, ocorre um tipo fisiológico de alcalose respiratória
quando o indivíduo sobe a grandes altitudes. O baixo teor de oxigênio do ar estimula a respiração,
provocando perda exagerada de CO2, desse modo desenvolvendo uma alcalose respiratória leve.
Assim sendo, as principais formas de equilíbrio incluem os tampões químicos dos líquidos corporais e
a capacidade dos rins de aumentar a excreção de bicabornato.
Conforme Brunner e suddarth (2002), a acidose respiratória é um distúrbio clínico em que o
pH é inferior a 7,35 e a PaCO2 é superior a 42 mm Hg. Ela pode ser aguda ou crônica. A acidose
respiratória sempre se deve à excreção imprópria do CO 2, com a ventilação imprópria, resultando em
níveis plasmáticos aumentados de CO2 e assim em níveis aumentados de ácido carbônico. A acidose
respiratória aguda ocorre em situações de emergência, como edema agudo de pulmão, aspiração de
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um corpo estranho, atelectasia, pneumotórax, overdose de sedativos, síndrome da apnéia do sono,
também pode ocorrer em patologias que comprometem os músculos respiratórios, como a distrofia
muscular, miastenia grave e síndrome de Guillain-Barré.
Dando continuidade a sua idéia, o mesmo autor supracitado afirma que a alcalose respiratória
é uma condição clínica em que o pH arterial é superior a 7,45 e a PaCO 2 é menor que 38 mm Hg.
Como na acidose respiratória, podem ocorrer situações agudas e crônicas. A alcalose respiratória
sempre se deve à hiperventilação, o que causa a excessiva retirada do CO 2, e, apartir daí, uma
redução na concentração plasmática de ácido carbônico, tendo como causas à ansiedade extrema,
hipoxemia, a fase inicial da intoxicação por salicilato, bacteremia por Gram-negativos.
A alcalose respiratória crônica resulta da hipercapnia crônica, os níveis reduzidos de
bicabornato sérico são a conseqüência. Os fatores predisponentes são insuficiências hepáticas
crônica e os tumores cerebrais. (BRUNNER; SUDDARTH, 2002).
Boundy e colaboradores (2004) nos mostra algumas das alterações que aparecem nos
exames laboratoriais.Acidose respiratória: Gasometria arterial: PaCO 2 acima do valor normal de
45mmHg; pH geralmente abaixo da variação normal de 7,35 a 7,45; Níveis normais de HCO 3 – (22 a
26mEq/L) na acidose respiratória aguda, mas elevados acima de 26mEq/L na acidose respiratória
crônica. Alcalose respiratória: Gasometria arterial: PaCO2 abaixo de 35 mmHg; pH sangüíneo em
elevação proporcional à queda da PaCO2 em estagio agudo; pH caindo aos valores normais (7,35 a
7,45) no estagio crônico.
Os sinais clínicos na acidose respiratória aguda e crônica variam. A hipercapnia súbita
(PaCO2 elevada) pode provocar taquicardias, taquipnéias e hipertensão, turvação mental e sensação
de plenitude na cabeça. Uma PaCO2 elevada causa vaso dilatação cerebral e fluxo sanguíneo
cerebral aumentado, principalmente quando é superior a 60 mm Hg. A fibrilação ventricular pode ser
o primeiro sinal da acidose respiratória em pacientes anestesiados. Se a acidose respiratória é grave,
a pressão intracraniana pode aumentar, resultando em papiledema e vasos sanguíneos conjutivais
dilatados. Os sinais clínicos consistem em tonteira decorrente da vaso dilatação e do fluxo sanguíneo
cerebral diminuído, incapacidade de concentrar, dormência e formigamento devido à ionização
diminuída do cálcio, zumbido e, por vezes, perda da consciência. Os efeitos cardíacos da alcalose
respiratória englobam taquicardia e disritmias ventriculares atrial.
O tratamento efetivo tem como objetivo corrigir a causa da hipoventilação alveolar, utilizandose oxigenação e ventilação adequadas, manutenção das vias aéreas livres, se a ventilação alveolar
estiver significativamente reduzida pode utilizar-se a ventilação mecânica, visando a correção da
hipóxia e/ou hipercapnia, remoção de secreções e tratamento das infecções respiratórias, quando
presentes. (BRUNNER, 2005).
Consoante com o autor citado anteriormente, os agentes farmacológicos são utilizados
quando indicados. Como por exemplo, os bronco dilatadores que ajudam a diminuir os espasmos
brônquicos, os antibióticos são usados para as infecções respiratórias e os tromboliticos ou
anticoagulantes são usados nos casos de embolia pulmonar. Um erro freqüente é a administração de
bicarbonato de sódio com base apenas no valor do pH. São iniciadas as medidas de higiene
pulmonar, como também a hidratação adequada é indicada para manter úmidas as mucosas,
facilitando a remoção das secreções.
A alcalose respiratória é um distúrbio freqüente em pacientes submetidos à assistência
respiratória, principalmente se curarizados. O tratamento tem como objetivo corrigir o distúrbio
subjacente, bem como eliminar as toxinas ingeridas, tratar a febre, sepse ou doença do SNC. Na
alcalose respiratória grave o paciente é instruído a respirar mais lentamente, para permitir o q CO2 se
acumule ou respirar em um sistema fechado (como um saco de papel). Se a alcalose respiratória for
causada por ansiedade, os sedativos e tranqüilizantes podem ajudar o paciente. (BOUNDY et al.,
2004).
4.4 Cuidados de enfermagem
Na acidose respiratória deve- se atender as necessidades, visando tratar ou corrigir a causa
subjacente, como por exemplo, uma obstrução das vias respiratórias; manter a hidratação adequada,
administrando líquidos IV; administrar oxigênio (em concentrações baixas para os pacientes em
doença pulmonar obstrutiva crônica), se o nível da pressão parcial do oxigênio arterial baixar;
administrar broncodilatores por aerossol ou infusão IV, de acordo com a prescrição; promover a
respiração artificial se a hipoventilação não puder ser corrigida imediatamente. manter as vias
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respiratórias pérvia e aplique umidificação adequada, se a acidose necessitar de ventilação
mecânica; realizar a aspiração traqueal a intervalos regulares e fisioterapia respiratória, caso tenha
sido prescrita; tranqüilizar o cliente na medida do possível, dependendo do seu nível de consciência;
reduzir os medos e as preocupações dos familiares mantendo-os informados quanto ao estado do
paciente (BRUNNER; SUDDARTH 2005).
Na alcalose respiratória deve-se proporcionar medidas de suporte para a causa subjacente
da alcalose respiratória, de acordo com a prescrição; permanecer com o cliente durante os períodos
de estresse e ansiedade extrema, tranqüilizando-o; manter um ambiente calmo e tranqüilo; Se o
paciente estiver desenvolvendo alcalose respiratória induzida por ansiedade, ajude-o a identificar os
fatores que desencadeiam a ansiedade ajude-o a descobrir mecanismos de resolução e atividades
que promovam relaxamento; monitorizar alterações neurológicas, neuromusculares e
cardiovasculares (BRUNNER; SUDDARTH 2005).
5. CONCLUSÃO
A presente abordagem objetivou registrar e refletir questões acerca do impacto do
desequilíbrio ácido-base em um paciente, enfatizando a acidose e alcalose respiratória. Tendo em
vista que o equilíbrio ácido-básico do sangue deve ser controlado com exatidão porque um pequeno
desvio da escala normal pode afetar gravemente vários órgãos. Sabe-se ainda que tal patologia gera
períodos de ansiedade , e desconforto respiratório, baseado nisso buscou-se explorar as questões
inerentes ao processo de atenção aos clientes acometidos e seus familiares, que necessitam de um
suporte emocional adequado na espera da estabilização do quadro clínico.
Para os acadêmicos de enfermagem, enquanto futuros profissionais da área da saúde, a
realização deste trabalho foi de grande valia para um melhor entendimento sobre os processos
fisiopatológicos da acidose e alcalose respiratória, bem como o as manifestações clínicas , o
tratamento e a importância dos cuidados de enfermagem na busca de uma apropriada recuperação,
promovendo o bem estar do cliente, desse modo contribuindo com uma assistência holística e
humanizada, desenvolvendo uma relação de confiança e carinho com o paciente.
REFERÊNCIAS
BOUNDY, J.[et al.]. Enfermagem Médico Cirúrgica. 3ed. Rio de Janeiro: Reichmann & Affonso
Editores, 2004.
BRUNNER & SUDDARTH. Tratado de Enfermagem Médico-Cirúrgica. 7ª ed.,
Rio de Janeiro: Guanabara Koogan S.A., 2002.
BRUNNER & SUDDARTH. Tratamento de Enfermagem Médico-Cirúrgica. 1ª ed. Rio de
Janeiro: Guanabara Koogan, 2005.
GUYTON E HALL, Tratado de Fisiologia Médica. Editora Guanabara, Rio de Janeiro, 2002.
MANUAL MERCK, Seção 12 - Distúrbios da Nutrição e do Metabolismo capítulo 138 – Equilíbrio
Ácido-Básico, 2004. Disponível em:
http://www.msd-brazil.com/msdbrazil/patients/manual_Merck/sumario.html. Acesso em 11 de outubro
de 2009.
MARCONI, M. A.; LAKATOS, E. M. Fundamentos da Metodologia Cientifica. 6. ed. São Paulo:
Atlas, 2005.
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