A ECONOMIA CONTEMPORÂNEA MUNDIAL E O CRESCIMENTO ECONÔMICO NOS PAÍSES EM DESENVOLVIMENTO Rodrigo da Rocha Gonçalves1 Rogério Piva da Silva 2 Samanda Silva da Rosa3 RESUMO: A economia contemporânea mundial, reflexo do processo de globalização e das consequentes crises econômico-financeiras tem causado efeitos devastadores nos países periféricos e seus processos de desenvolvimento sustentável. Em linhas gerais, esses países enfrentam diversas restrições em sua trajetória rumo ao crescimento, entre tais estão as limitações ao nível de investimento e poupança interna, a baixa relação capital/trabalho e elevados déficits em conta corrente do balanço de pagamentos. Dessa forma, esta pesquisa teve por objetivo analisar empiricamente os determinantes do crescimento econômico dos países emergentes na economia contemporânea mundial. Para que esse objetivo fosse alcançado, utilizou-se de uma pesquisa de caráter dedutivo, por meio da análise bibliográfica e quantitativa, com a estimação de um modelo de dados em painel. Os resultados mais robustos foram os do modelo de efeitos fixos, eles permitem afirmar que o crescimento dos países que compõem a amostra respondem: (i) positivamente a aumentos nas taxas de poupança interna e investimento e (ii) negativamente a aumentos nas taxa de juros real, ao grau de incerteza mensurado pela taxa de inflação e pela variável dummy crises financeiras. Ambas as afirmativas estão de acordo com a concepção dos modelos de hiatos. PALAVRAS CHAVE: Crescimento econômico; países em desenvolvimento; economia contemporânea mundial. ABSTRACT: The contemporary global economy, reflecting the process of globalization and the consequent economic and financial crisis has caused devastating effects in peripheral countries and their development processes sustainable. In general, these countries face various restrictions in its path toward growth, among such are the limitations to the level of domestic savings and investment, low capital / labor ratio and high current account deficits in the balance of payments. Thus, this study aimed to examine empirically the determinants of economic growth of emerging countries in the contemporary world economy. For this goal to be achieved, we used a survey of deductive character, through literature review and quantitative, with the estimation of a panel data model. The results were more robust than the fixed effects model, they have revealed that the growth of the countries in the sample answers: (i) positively to increases in the rates of domestic savings and investment and (ii) negatively to increases in interest rates real, the degree of uncertainty measured by the rate of inflation and the financial crisis dummy variable. Both these statements are consistent with the design models gaps. KEY WORDS: Economic growth; developing countries; contemporary global economy. Classificação do JEL: O40. O50. P10. Área temática 2: Desenvolvimento econômico 1 Professor Assistente do Instituto de Ciências Econômicas, Administrativas e Contábeis da Universidade Federal do Rio Grande – Mestre em Economia – UFPEL. E-mail: [email protected]. 2 Professor Associado do Instituto de Ciências Econômicas, Administrativas e Contábeis da Universidade Federal do Rio Grande – Doutor em Economia – UAM. E-mail: [email protected]. 3 Acadêmica do Curso de Ciências Econômicas – Universidade Federal do Rio Grande. E-mail: [email protected]. 1. INTRODUÇÃO A nova configuração do capitalismo mundial possibilitou um incremento sem precedentes do fluxo de capitais, especialmente a partir da década de 90 em decorrência direta da liquidez do mercado internacional, da desregulamentação das economias nacionais e das estratégias das empresas multinacionais. Consequentemente, as economias aumentaram a sua dependência em relação ao cenário econômico mundial, principalmente os países em desenvolvimento. As crises financeiras ocorridas em alguns países do mundo, entre os quais o México, no final de 1994, ou em países da Ásia e na Rússia, colocaram em dúvida os benefícios do processo de liberalização comercial e financeira. Dessa forma, com a globalização financeira e produtiva, é primordial para que os países obtenham mercados eficientes que ocasionem primeiramente um controle interno para adoção de políticas econômicas, podendo sentir menos os reflexos das crises externas. A crise cambial do México no final de 1994 gerou uma contração nas transferências internacionais de capitais, afetando vários países, inclusive o Brasil. No início de 1995, alguns destes começaram a utilizar o mecanismo de bandas cambiais e as taxas internas de juros mais elevadas. Medidas estas, adotadas para atrair capital. A crise financeira nos mercados do sudeste asiático, em 1997, gerou alterações no cenário mundial, pressionou o mercado de câmbio e ocasionou significativa perda das reservas internacionais. Posteriormente, os mercados emergentes foram afetados em 1998, como reflexo da crise asiática do ano anterior, além da instabilidade na Rússia. Os investidores voltaram-se aos ativos de menor risco, limitando seus recursos aos países em desenvolvimento, ocasionando a retração da liquidez externa. Assim, houve perda excessiva de reservas internacionais por parte de alguns países, inclusive o Brasil, que acabou voltando ao sistema de livre flutuação. Nos primeiros anos do século XXI, a economia mundial entra em um ciclo de expansão, com elevação do produto interno bruto de diversos países, oriundos da maior liquidez do mercado de capitais, do aumento expressivo dos fluxos comerciais e da redução da incerteza do cenário macroeconômico internacional. Entretanto, em 2008, o cenário financeiro foi marcado pela crise americana das hipotecas chamada subprime. O aumento da taxa de juros de 1% para 5,25% pelo Federal Reserve, entre o segundo trimestre de 2004 e o segundo trimestre de 2007 foi determinante para que em pouco tempo, os tomadores das hipotecas subprime não conseguissem honrar seus compromissos. Segundo Júnior e Filho (2008), a crise continuou se agravando, pois, em meados de setembro de 2008, as autoridades americanas decidiram não prover apoio financeiro ao banco de investimentos Lehman Brothers, culminando na sua falência. A nova configuração da economia mundial, fruto do processo de abertura comercial e financeira do final da década de 80, pode resultar em crises econômicas globais, as quais têm consequências adversas, entre tais, volatilidade no fluxo de capitais e contração do comércio internacional, fatos danosos, principalmente aos países em desenvolvimento. Países em desenvolvimento geralmente possuem um padrão de vida médio e um Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) variando entre médio e elevado, segundo dados do Relatório de Desenvolvimento Humano (2010). Além disso, estudos recentes indicam que a dinâmica de crescimento econômico desses países difere dos desenvolvidos, fato que pode ser observado na tabela 1 em anexo, a qual demonstra as diferenças de renda percapita entre tais países. Com o intuito de analisar as restrições ao crescimento econômico dos países em desenvolvimento, Chenery e Bruno (1962) formalizaram o chamado modelo de dois hiatos, 2 seguindo a fundamentação teórica Harrod (1948) e Domar (1957). Mais adiante, Bacha (1989 e 1990) inseriu o hiato fiscal, originando o modelo de três hiatos. A nova etapa da economia mundial, associada às consequentes crises econômicofinanceiras, tem causado efeitos devastadores, principalmente aos países em desenvolvimento, os quais enfrentam diversas restrições ao seu processo de crescimento sustentado. Sendo assim, o objetivo deste artigo é analisar os fatores determinantes do crescimento econômico desses países. Para que isso fosse alcançado, utilizou-se de uma pesquisa de caráter dedutivo, por meio da análise bibliográfica e quantitativa, com a estimação de um modelo de dados em painel, através da coleta de dados em organismos internacionais. Quanto à estrutura da pesquisa, após a introdução, na seção 2, realizou-se uma revisão de literatura dos modelos de crescimento econômico e de hiatos. Na seção 3, apresentam-se os dados e os procedimentos metodológicos. Na seção 4, os resultados serão descritos e discutidos, enquanto que a seção 5 apresentará as conclusões da pesquisa. 2. TEORIAS DO CRESCIMENTO ECONÔMICO 2.1 Modelos Neoclássicos de crescimento econômico Nesta seção, realiza-se uma análise da teoria Neoclássica do crescimento, baseando-se em trabalhos como Solow (1956), Swan (1956), Lucas (1988), Romer (1986, 1990), Simonsen (1991). Os quais teorizam sobre as principais variáveis que afetam a dinâmica de crescimento dos países. Os modelos neoclássicos exógenos explicitam que a acumulação de capital é propulsora do crescimento econômico. Entre tais modelos, os de Solow e Swan, utilizam uma função de produção que busca satisfazer a condição de proporções flexíveis no uso dos fatores. A concepção dos autores é que a produtividade marginal do capital é decrescente, sendo assim, os países pobres crescem mais rapidamente que os países ricos, à medida que os primeiros possuem baixas taxas de acumulação de capital. O modelo de Solow (1956) conclui que a propensão marginal a poupar determina somente a relação capital-trabalho e a velocidade do ajustamento da economia ao estado estacionário, a qual é determinada exogenamente pelas taxas de progresso tecnológico e de crescimento populacional. Adicionalmente, aumentos na taxa de poupança proporcionam apenas a passagem da economia de um estado estacionário para o outro. Arraes e Teles (2000) indicam quatro diferenças entre os modelos exógenos e endógenos, entre tais: i) Os modelos tradicionais enfatizam o capital físico como força motriz do crescimento econômico, enquanto os modelos endógenos atribuem a mudança tecnológica e ao estoque de capital humano LUCAS (1988). Nesse caso, ambos sendo encarados como mensurações do nível de conhecimento agregado do modelo de ROMER (1986); ii) Os modelos de crescimento exógeno, ao contrário dos modelos endógenos, não consideram a possibilidade de ocorrer alteração no preço do processo de difusão do conhecimento diante de alterações nos parâmetros tecnológicos da economia; iii) Os modelos de crescimento endógeno permitem um entendimento da dinâmica dos efeitos da política econômica em geral sobre diferentes patamares de crescimento, na medida em que políticas de comércio exterior, fiscal, educacional, de distribuição de renda, de formação de infraestrutura e de incentivos ao progresso tecnológico constituem-se em externalidades ao processo produtivo (spillovers). iv) Os modelos de crescimento endógeno possibilitam a divergência entre os níveis de renda de economias distintas ROMER (1990). 3 Simonsen (1991) realizou um estudo importante dos principais modelos de crescimento econômico, pertencentes à controvérsia Cambridge-Cambridge4, o autor teve como objetivo explicar como as taxas de poupança afetam o crescimento econômico dos países no longo prazo. Segundo Simonsen (1991), o modelo de Solow (1956) omitiu essa relação. Na concepção de Simonsen (1991), a controvérsia Cambridge-Cambridge, com os modelos de Solow (1956), Kaldor-Pasinetti (1974) e a síntese de Samuelson e Modigliani (1966), também pouco adicionou de prático a teoria do crescimento econômico. O fulcro da discussão era saber se a relação capital/produto se adaptava à taxa de poupança, como no modelo de Solow (1956), ou se a taxa de poupança se ajustava à relação capital/produto, como no de Kaldor-Pasinetti. Segundo Simonsen (1991) o mérito dos modelos Solow, Kaldor-Pasinetti e a síntese de Samuelson e Modigliani era revelar que, na ausência de progresso tecnológico, o produto per capita não poderia crescer geometricamente. O problema é que, nesses modelos, o progresso tecnológico caía do céu. Além disso, a taxa de crescimento a longo prazo da economia dependia, essencialmente, da taxa de progresso tecnológico, sendo pouco ou nenhum papel reservado a taxa de poupança. Lucas (1988) teve relevância na teoria do crescimento econômico, introduzindo o capital humano na função de produção. Para ele, quanto menores forem as taxas de desconto das utilidades do consumo futuro, maiores serão as taxas de poupança. Os investimentos em capital humano e as taxas de crescimento a longo prazo são o resultado conjunto de menores taxas de desconto das utilidades do consumo futuro. Visando remodelar a teoria do crescimento econômico, Romer (1986, 1990) e Lucas (1988) como outros, endogenizaram o progresso tecnológico, considerando tecnologia e capital humano como essenciais para afetar o rendimento dos fatores produtivos. Os autores desses modelos consideram o estoque de capital físico como um índice de conhecimento acumulado e de experiências do tipo learning by doing, de forma a gerar externalidades que promovem rendimentos crescentes no uso dos fatores ou spillovers ARRAES e TELES (2000). 2. 2. Crescimento econômico em países em desenvolvimento: Modelo de hiatos 2. 2. 1. Modelo de Hiatos5 As primeiras discussões sobre a necessidade de ajuda externa para o crescimento econômico ocorreram nos anos 40 e 50, após a Segunda Guerra Mundial e a reconstrução da Europa. Ao final dos anos 40, a percepção da existência de restrição ao crescimento econômico de uma nação tornou-se bastante difundida entre os economistas norte-americanos, europeus e latino-americanos. O norte-americano Hollis Chenery argumentou que essas restrições eram oriundas da escassez de dólares. Por outro lado, os economistas latino-americanos, cuja maior parte pertência a Comissão Econômica para América Latina e Caribe (CEPAL), órgão da Organização das Nações Unidas (ONU), acreditavam que tal restrição ocorria em decorrência do chamado estrangulamento 4 As evidências do modelo de Solow (1956) geraram algumas controvérsias na teoria de crescimento econômico por cerca de 20 anos. A fundamental dessas é que o crescimento de longo prazo e a poupança não mantinham relação de dependência. Essas prerrogativas do modelo de Solow (1956) foram conhecidas como a controvérsia CambridgeCambridge, com isso, as contribuições subsequentes de Kaldor (1956); Samuelson e Modigliani (1966) e Pasinetti (1974), pouco acrescentaram para o restabelecimento das ideias iniciais do modelo de Harrod-Domar, o qual inferia que o crescimento era afetado pela taxa de poupança. 5 As considerações sobre modelo de hiatos foram realizadas com base na dissertação de mestrado do autor. 4 externo dos países em processo de desenvolvimento. O principal teórico que defendeu esta análise foi o argentino Raul Prebisch. O modelo de dois hiatos, desenvolvido inicialmente por Chenery (1950) e formalizado por Chenery e Bruno (1962), foi concebido para analisar as restrições ao crescimento econômico dos países em desenvolvimento, especialmente o caso de Israel. Ele se fundamenta no modelo Harrod-Domar6, incluindo a análise de uma economia aberta. A análise defende que os países em desenvolvimento enfrentam duas limitações ao investimento: a insuficiência de reservas em moeda estrangeira (hiato de divisas) e a escassez de poupanças pública, privada e externa. O modelo de dois hiatos na visão de Damico (1984. p. 86) “é essencialmente de um modelo de crescimento baseado na noção de acelerador de Harrod-Domar que permite prever uma taxa de crescimento equilibrado do tipo fio da navalha”. Partindo da visão clássica do financiamento externo como mera edição à poupança interna tomada como necessariamente insuficiente, As consequências normativas advindas da concepção clássica de estrangulamento do crescimento por insuficiência de poupança interna são claras: “i) aumento da propensão a poupar, via concentração de renda ou pela potencializarão de um mercado de capitais; ii) elevação da relação produto-capital”. (DAMICO, 1984. p. 860). Bacha (1982) enfatiza que o modelo de dois hiatos, com o progresso da liberalização comercial e financeira entre os países industriais, o florescimento das exportações mundiais e o aumento da complexidade das relações econômicas (fluxo de capitais e mercadorias), geraram descrédito entre os economistas com relação aos seus resultados, especialmente os ortodoxos. Dessa forma, Bacha (1982) propõe uma reavaliação do modelo de dois hiatos, considerando a sua importância na interpretação das condições econômicas dos países em desenvolvimento nos anos 80 maior do que a dos modelos alternativos da escola neoclássica. No entendimento de Zini Jr. (1995, pág. 90), “o modelo de dois hiatos vem da literatura sobre desenvolvimento econômico e aborda os fatores que limitam o crescimento de um país”. Portanto, pode ser considerado um modelo de crescimento e não um modelo de estabilização. Ele se orienta para questões de política econômica e integra ideias e preocupações existentes entre teóricos de desenvolvimento, dentre os quais se podem destacar Chenery e Bruno (1962), Chenery e Strout (1966) e Mckinnon (1964). A idéia básica do modelo de dois hiatos, segundo Junior (1995) é que nos países em desenvolvimento o crescimento é constrangido pela falta de recursos e não pela falta de oportunidades de investir. “O crescimento pode ser constrangido pela poupança doméstica insuficiente para derivar investimento necessário, bem como pela falta de moeda estrangeira necessária para importar as máquinas e equipamentos requeridos pela indústria.”(JUNIOR.1995. p. 90). Adicionalmente ao modelo de dois hiatos, Bacha (1989) expõe um terceiro hiato, chamado de hiato fiscal, que ocorre devido às dificuldades de investimentos públicos em infraestrutura e em indústria de base por parte dos países em desenvolvimento. Tais dificuldades se explicam pelas restrições orçamentárias governamentais, motivadas pelas altas taxas de inflação e por outros desequilíbrios macroeconômicos. Dessa forma, o investimento privado é condicionado pela incapacidade de geração de poupança pública. 6 Segundo Simonsen (1995. p.490), o chamado modelo de Harrod-Domar é uma adaptação das contribuições Harrod (1948) e Domar (1957) à teoria do crescimento econômico e cuja formalização se dá em uma economia fechada. Embora se constituam em estudos separados, o modelo recebeu essa denominação devido à similaridade entre os resultados obtidos na abordagem das determinantes das taxas de crescimento. 5 O modelo de três hiatos proposto por Bacha (1989) é considerado uma extensão do modelo de dois hiatos de Chenery e Bruno (1962). A derivação completa do modelo de três hiatos pode ser visualizada em Bacha (1989). Resumidamente, segundo Bacha (1989), o modelo de três hiatos é um exercício de maximização do investimento, considerado como um modelo de crescimento de um período com preços fixos, sujeito a algumas restrições representadas por: i) equações, entre tais, em igualdade: renda e absorção; identidade do balanço de pagamento e a igualdade entre os fluxos de oferta e demanda, e por restrições em desigualdade: a renda observada não pode ser maior que a potencial as exportações realizadas não podem superar a por exportações; e o investimento privado não pode ser maior do que K*. Além disso, são consideradas predeterminadas as seguintes variáveis: “consumo privado; as importações de não sejam em bens de capital; superávit na conta corrente do orçamento do governo; taxa de inflação; e as transferências externas; e ii) inequações.” (BACHA. 1989. p. 219). Um resultado inicial do modelo de três hiatos é que o conceito de transferências externas é mais relevante do que o de poupança externa para analisar as interações financeiras entre o país em desenvolvimento e o resto do mundo. Isso ocorre porque o cálculo da poupança externa não leva em conta as saídas a título de serviços de fatores, as quais são internamente predeterminadas pela dinâmica interna da política econômica. Outro resultado do modelo é o de que a restrição fiscal pode ser definida independentemente da restrição global de poupança. Para isso, são necessárias as seguintes condições, as quais correspondem à realidade de muitos países em desenvolvimento: 1) a de que nos países de industrialização tardia o investimento público seja complementar ao privado; e 2) a de que o mercado doméstico de capitais seja restrito, o que leva à necessidade da existência da senhoriagem ou do imposto inflacionário, como únicas alternativas para o financiamento dos déficits públicos dos governos desses países. Bender e Lowenstein (2005) realizaram uma aplicação empírica do modelo de dois hiatos com uma reformulação baseada nos modelos de crescimento neoclássicos. Para um conjunto de países, constataram que o coeficiente de poupança doméstica tem uma correlação positiva com o nível de investimento e com as taxas de crescimento do produto. 3. BASE DE DADOS, PAÍSES DA AMOSTRA E METODOLOGIA 3.1. Base de dados Com o objetivo de analisar os determinantes do crescimento dos países em desenvolvimento 1990-2008, será utilizada a metodologia bibliográfica e quantitativa com a utilização de um modelo de dados em painel7, com variáveis oriundas dos modelos de crescimento, as quais são explicitadas abaixo: Crescimento econômico (CRESC): Considerou-se a taxa de variação do PIB percapita real de cada pais, a série foi extraída Development Research Institute8, com ano base 1990; 7 Para mais informações sobre dados em painel, ver em Greene (2002), Gujarati (2003), Johnston e Dinardo (1997), Wooldridge (2002). 8 Todas as séries extraídas do Development Research Institute tem fonte primária. O Fundo Monetário Internacional e o Banco Mundial e estão disponíveis em: http://nyudri.org/resources/global-development-network-growthdatabase/ 6 Taxa de investimento (INV): Taxa de investimento de cada país em percentual do PIB. A série foi extraída do Development Research Institute, com ano base 1990; Poupança interna (PINT): A soma das poupanças pública e privada em percentual do PIB. A série foi extraída do Development Research Institute, com ano base 1990; Taxa de juros real (JUROS): A variação da taxa de juros real em cada país. A série foi extraída do Development Research Institute, com ano base 1990; Inflação (INF): A variação da taxa inflação, serve como referência da incerteza em cada país, série foi extraída do Development Research Institute, com ano base 1990; Poupança externa (PEXT): O saldo da conta corrente do balanço de pagamentos, pode ser considerado um indicador de solvência externa do país. A série foi extraída do Development Research Institute, com ano base 1990. Dummy crises financeiras (Dcrises): Variável binária com valor zero (0) para anos que não ocorreram crises financeiras com desdobramentos internacionais e um (1) para anos que ocorreram crises financeiras. Cabe ressaltar, que o conjunto de dados coletados das variáveis anteriores está expresso em termos reais. Os países em desenvolvimento que compõem a amostra 9 foram selecionados com base na definição do Relatório de Desenvolvimento Humano (RDH) das nações Unidas. Considerou-se também a disponibilidade de séries históricas de cada país 3.2. Dados de painel 10 Para analisar empiricamente os determinantes do crescimento econômico dos países em desenvolvimento de 1990-2008, utilizou-se a metodologia de dados em painel. O uso de dados em painel deve-se a disponibilidade de dados de corte para todos os países que compõem a amostra, mas poucos com série de tempo; além de apresentar a vantagem de contar com mais graus de liberdade do que análise cross-section. Dessa forma, o resultado obtido na regressão de dados de painel possui maior confiabilidade e robustez. Considere a seguinte especificação, segundo Wooldridge (2002), a respeito da estimação em dados de painel: Onde as unidades de cross-section possuem n>1 e períodos T > 1: Yit ai X itj it (1) Onde: a i =Constante; Yit = o valor da variável dependente para a unidade i no instante t, sendo i = 1,..., n e t = 1,... T; X itj = o valor da j-ésima variável explicativa para a unidade i no instante t (onde há j = 1,..., K); it = termo de erro para i-ésima unidade em t. Na literatura econométrica, observa-se três tipos de modelos em painel: i) Modelos agrupados “Pooled” (MAG), neste caso a estimação é feita assumindo que os parâmetros a i e 9 Os países da amostra são: Argentina (ARG), Bolívia (BOL), Brasil (BRA), Chile (CHL), China (CHIN), Colômbia (COL), Costa Rica (CRI), Equador (EQUA), Egito (EGT). Guatemala (GTM), Índia (IND), Indonésia (IDN), México (MEX), Paquistão (PAK), Paraguai (PAR), Peru (PER), África do Sul (ZAF), Tailândia (THA), Uruguai (URY) e Venezuela (VEN). 10 Mais detalhes ver Greene 2000 e Johnston e Dinardo 1997. 7 são comuns para todos os indivíduos; ii) Modelos com efeitos fixos (MEF), Modelos com efeitos aleatórios (EA). Cabe ressaltar que os modelos de dados de painel (MEF) e (MEA) são diferenciados pelos seus it , que são constituídos por um elemento que varia com i, mas que permanece constante ao longo do tempo, podendo ser correlacionado com as variáveis explicativas, representadas por it e um componente que varia não sistematicamente com i e t, representado por it . Se it , não for correlacionado com X itj , origina o chamado modelo de efeitos aleatórios (MEA). Já se it , for correlacionado com X itj , temos o modelo de efeitos fixos (MEF). O modelo de dados de painel admite o uso de dois estimadores com distintas propriedades: se os efeitos não estão correlacionados com as variáveis explicativas, o estimador de MEA é consistente eficiente, e neste caso o estimador de MEF originará estimativa consistente, no entanto não eficiente. Contudo, se os efeitos estão correlacionados com as variáveis explicativas, o estimador de MEF é consistente e eficiente, enquanto o de MEA é não consistente. A definição da escolha do modelo mais adequado ao conjunto de dados, pode ser realizada a partir de alguns testes econométricos, entre tais, o teste F, para avaliar a hipótese nula de que todas as unidades seccionais possuem o mesmo intercepto. Caso o p-valor obtido no teste F seja baixo, rejeita-se a hipótese de que o modelo de Mínimos Quadrados Agrupados seja o mais apropriado. Através da verificação do teste de Hausman (1978), pode escolher por uma ou outra (MEF ou MEA) especificação. A estatística deste teste terá sob a hipótese nula que o estimador de MEA é o mais adequado, distribuição assintótica de um 2 com k graus de liberdade. Recentemente os trabalhos empíricos com dados em painel, incluindo Lin e Chu (2002), verificaram analogamente aos estudos em séries temporais, a necessidade do teste de estacionariedade das variáveis em dados em painel, sendo necessário, a realização do teste da raiz unitária, pois a existência de variáveis não estacionárias prejudica análise dos modelos estimados, confrontando a hipótese nula de que as séries são integradas de primeira ordem, com a hipótese alternativa de que essas não apresentam raiz unitária, ou seja, são estacionárias. Para atender o objetivo do trabalho, vamos usar um modelo de painel desequilibrado, ou seja, com diferente número de observações para cada unidade seccional, onde as unidades de cross-section possuem n>1 e períodos T > 1. O modelo a ser estimado segue abaixo: Modelo (1) (1) cresc ai B1P int it B 2 Invit B3 Jurosit B 4 Inf it B5 X it B6 DCRISES u it Onde: Crescit é a variação do PIB Percapita de cada país i do período t ; P int it poupança interna de cada país i no período t ; INVit taxa de investimento de cada país i no período t ; JUROSit taxa de juros real de cada pais i no período t ; INFit taxa de inflação de cada país i no período t , PEXT it poupança externa de cada país i no período t ; DCRISES it dummy que capta os efeitos das crises financeiras em de cada país i no período t e u it é o termo de erro aleatório (ruído branco). Considerando t (1,2,3...............T ) onde 1 1990 e T 2008 . 8 4. RESULTADOS Abaixo, faz-se a exposição dos resultados obtidos com suas respectivas análises. A variável dependente é a variação do PIB percapita real (CRESC). A tabela 2 apresenta os resultados das regressões. A definição entre os modelos de dados em painel ocorreu levando em consideração: i) O teste F; ii) O teste de Hausman; iii) Equilíbrio dos dados no painel. Os critérios anteriores indicaram o modelo de efeito fixo. TABELA 2 – Estimação dos determinantes do crescimento econômico dos países em desenvolvimento Modelo agrupado Variáveis independentes -1.942002* Constante INV PINT JUROS INF (-2.286282) Modelo I Modelo II MEF MEA -6.061259*** (-3.685142) -2.296117* (-2.253727) 0.243444*** 0.273935*** 0.230190*** (5.509624) (4.634776) (4.874307) 0.084237** 0.226307*** 0.108309** (2.737407) (3.650340) (2.988547) -0.025439*** -0.053740** -0.037391** (-1.940992) (-2.993836) (-2.607103) -0.001481** -0.001699*** -0.001597* (-3.223847) (-3.710167) (-3.608717) -0.042652** -0.020768 -0.034733* (-2.750121) (-0.648554) (-1.826661) -1.548384*** -1.192066 -1.440485*** (-4.091793) (-3.299571) (-4.033376) R² 0.334907 0.413622 0.276378 Estatística F 6.101395 14.50858 12.45214 Nº. Obs. 338 338 338 DW. Durbin-Watson stat 1.42 1.66 1.51 PEXT DCRISES 24.916011 Teste Hausman (0.0004) FONTE: cálculos efetuados no software Eviews 7. Obs. 1: *** significativo a 1%, ** significativo a 5% e * significativo a 10% Obs. 2: Os números entre parênteses representam os valores dos testes t. Os resultados explicitados na tabela 2 do MEF demonstram que apenas a variável exportação (PEXT) não se mostrou estatisticamente significante com a variável dependente. Por outro lado, as variáveis: investimento (INV); Poupança interna (PINT); taxa de juros real (JUROS) e taxa de inflação foram estatisticamente significantes com a variável dependente. Analisando o coeficiente de determinação R 2 , ajustado do modelo de efeito fixo, percebe-se que 9 cerca de 41% das variações no crescimento econômico dos países em desenvolvimento selecionados foram explicados por alterações (INV), (PINT), (JUROS), (INF) e (DCRISES). O resultado do MEF representado na tabela 2 indicou que as taxas de investimento tiveram maior impacto no crescimento econômico dos países em desenvolvimento do que as outras variáveis. Um aumento de 1% no investimento promove um incremento 0,27% do crescimento desses países. Os modelos de crescimento, especialmente o modelo de hiatos, explicitam a importância da acumulação de capital físico para o incremento na capacidade produtiva de uma região ou país. Adicionalmente, Musgrave (1980) e Wagner (1983) mencionam a importância do fomento ao investimento do setor público, sendo um importante fator nos primeiros estágios de desenvolvimento dos países. Tal fato se dá em virtude de que, nesta fase inicial existe a necessidade de investimentos, especialmente em infraestruturas sociais e econômicas, tais como transporte, estradas, saneamento e educação, isso é valido principalmente aos países em desenvolvimento. Além disso, uma elevação da poupança interna em 1% aumenta o crescimento econômico dos países em desenvolvimento em 0.22%, segundo os resultados do MEF. Isso ocorre porque a maior poupança interna significa menor dependência de geração de déficits em transações correntes (poupança externa) e mais recursos disponíveis para o governo financiar o investimento público e privado. Cabe ressaltar, que o resultado anterior foi defendido por Simonen (1991). Com relação aos impactos positivos do investimento e da poupança interna sobre o crescimento econômico, os dados internacionais indicam que países que obtém maior crescimento do PIB são os que possuem maiores taxa de investimento e poupança. Isso é válido principalmente para países em desenvolvimento, como por exemplo, Índia, Chile e China (ver tabelas 3, 4 e 5 em anexo). Outro resultado importante do MEF, explicitado na tabela 2, foi que a taxa de juros real apresentou relação inversa com a taxa de crescimento econômico dos países selecionados, e uma redução da taxa de juros real de 1% promove um crescimento do produto percapita de 0,05%. Sendo assim, quanto maiores forem essas taxas de juros, menores serão as possibilidades de concessão de crédito e acumulação de capital. Salienta-se ainda, que alguns dos países analisados possuíam altas taxas de juros real no período 1990 a 2008, entre tais, Brasil, Bolívia, Uruguai e Equador. A inflação, variável explicativa que mensurou o grau de incerteza de cada país, apresentou uma relação negativa com o crescimento econômico desses países, conforme demonstra o resultado do MEF da tabela 2. Essa relação inversa é teorizada na literatura econômica11. O modelo de três hiatos proposto por Bacha (1989) enfatiza que países em desenvolvimento apresentam um histórico de inflação alta, e por isso, incapacidade de realizar os investimentos públicos, dessa forma, o crescimento econômico desses é restringido pelo chamado hiato fiscal. Ressalta-se ainda, que a variável dummy crises financeiras mostrou-se estatisticamente significante, essa variável apresentou uma relação inversa com a variável dependente, como demonstra a tabela 2. Percebe-se que entre 1990 a 2008 ocorreram algumas crises financeiras 11 Pode-se destacar a opinião de Stockman (1981) quando ele enfatiza que, em uma economia com restrição de liquidez, uma alta taxa de inflação esperada reduziria a atividade econômica, pois esta tem um efeito similar a uma taxação sobre o capital produtivo. Na concepção de Friedman (1977), a variabilidade da taxa de inflação distorce a informação contida em preços de mercado, o que contribui para a redução do crescimento do produto. Fischer (1993) encontra uma relação negativa e estaticamente significativa entre inflação e crescimento. 10 com reflexos na economia internacional, entre os quais o México, no final de 1994, Ásia 1997 e na Rússia 1998, Brasil 2001, e recentemente EUA, essas restringiram o crescimento econômico dos países em desenvolvimento que compuseram a amostra. A partir da tabela 2.A, em anexo, relaciona-se a constante comum do MEF com o coeficiente específico de cada país, percebe-se que os coeficientes de países como Bolívia, Brasil, Costa Rica, Guatemala, Egito, Paquistão, Paraguai, Peru e Uruguai foram positivos, diferentemente do resultado negativo da constante do MDEF. Com isso, infere-se que a dinâmica do crescimento econômico desses países pode ser distinta dos demais que compõem a amostra. Em linhas gerais, as análises anteriores realizadas com relação ao MEF corroboram com a concepção teórica dos modelos de hiatos, ou seja, países em desenvolvimento são dependentes de poupança interna e investimento, historicamente possuem taxa de juros real alta e a presença de um elevado grau de incerteza em suas economias. 5. CONCLUSÕES Os dados internacionais demonstram que países em desenvolvimento nas duas últimas décadas apresentaram um produto interno percapita médio inferior a US$ 13.000 (ver tabela 1 em anexo). Esse período foi marcado pela mudança do paradigma na economia mundial, prevalecendo a maior liberdade comercial e financeira, o que aumentou os efeitos das crises econômicas globais, principalmente em países da periferia. Dessa forma, buscou-se verificar os fatores que explicam o crescimento econômico desses países no período 1990-2008, partindo dos pressupostos dos modelos de crescimento, principalmente associados aos países em desenvolvimento. Após as regressões efetuadas, os resultados mais robustos foram os do modelo MEF, Esses permitem afirmar que o crescimento dos países em desenvolvimento que compõem a amostra respondem: (i) positivamente a aumentos nas taxas de poupança interna e investimento e (ii) negativamente a aumentos nas taxa de juros real, ao grau de incerteza mensurado pela taxa de inflação e ao impacto das crises financeiras. Ambas as afirmativas estão de acordo com a concepção dos modelos de crescimento econômico aplicados a países em desenvolvimento, conhecidos como modelo de hiatos. Em suma, os resultados da pesquisa indicaram a importância de políticas econômicas que estimulem as taxas de poupança interna e de investimento em capital fixo, assim como, a redução gradativa das taxas de juros real e a criação de mecanismos institucionais que reduzam a vulnerabilidade externa dos países. Essas medidas conjuntas visam estimular o produto interno percapita dos países em desenvolvimento ao longo do tempo, e reduzir a dependência externa, fator marcante na nova configuração da economia mundial. Dessa forma, os impactos das crises econômicas não trariam efeitos perversos a tais países. Por fim, como sugestão para trabalhos posteriores, faz-se duas recomendações: I) Analisar os coeficientes específicos expostos na tabela 2.A a partir da história econômica de cada país; II) Criar variáveis dummies que mensurem a produtividade de cada país, tendo como base o nível de educação e III) Expandir a amostra até 2011, com a finalidade de mensurar o impacto da crise européia no crescimento econômico dos países em desenvolvimento. 11 REFERÊNCIAS ARRAES, R. A. e TELES, V. K. Endogeneidade versus Exogeneidade do Crescimento Econômico: Uma Análise Comparativa entre Nordeste, Brasil e Países Selecionados. Revista Econômica do Nordeste, Vol. 31, Edição especial, p. 754-776. 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Tabela 2. A- Coeficientes do MDEF de cada País País Coeficiente específico ARG BOL BRA -0.295024 CHL CHIN COL CRI -0.664657 2.864558 2.753317 -2.396741 -0.625414 1.736608 EQUA EGT GTM -0.363012 IND IDN -0.907554 1.540868 2.710540 -2.493855 15 País Coeficiente específico MEX PAK -1.325875 2.422931 PAR PER ZAF THA URY VEM Fonte: cálculos dos autores no Eviews 7. 0.146769 1.661339 -0.567539 -4.114704 3.666171 -3.893839 Tabela 3: Comparativo internacional taxa de crescimento do produto Taxa de crescimento do produto Período/País 1990-1994 1995-1999 2000-2004 2005-2008 Argentina Bolívia Brasil Chile China Colômbia 6,79 4,10 1,35 7,33 10,60 4,31 2,25 3,89 2,05 5,43 9,12 1,41 0,35 2,71 3,03 4,00 9,18 3,37 8,32 5,04 4,47 4,50 11,00 5,68 Costa Rica Equador Egito Guatemala Índia Indonésia 5,55 2,88 3,62 3,91 4,70 7,99 5,40 0,80 5,05 4,22 6,55 1,68 3,29 4,79 3,71 3,10 5,93 4,57 6,35 4,72 6,37 4,73 8,79 5,88 México Paquistão Paraguai Peru África do Sul Tailândia Uruguai 3,87 4,54 3,32 2,84 0,20 9,01 4,34 2,90 3,41 1,59 3,65 2,59 1,54 2,17 2,53 4,34 1,33 3,44 3,71 5,14 -0,37 3,25 6,45 4,93 8,32 4,61 4,33 6,94 Países em desenvolvimento Venezuela 4,04 0,89 1,75 8,47 Fonte: elaboração dos autores a partir de dados do Development Research Institute e do Banco Mundial. 16 Tabela 4: Comparativo internacional das taxas de investimento Taxa de investimento em percentual do PIB Período/País 1990-1994 1995-1999 2000-2004 2005-2008 Argentina Bolívia Brasil Chile China 19,09 14,97 19,44 23,55 31,79 18,67 18,59 17,04 25,12 33,78 15,33 14,36 16,32 20,64 36,98 23,34 14,22 17,22 21,75 41,38 Colômbia Costa Rica Equador Egito Guatemala Índia 17,76 19,54 18,86 21,44 14,22 22,21 19,28 18,52 18,33 19,31 15,49 23,35 * 18,54 21,62 17,44 18,15 24,70 * 21,18 21,60 20,31 19,77 33,03 Indonésia México Paquistão Paraguai Peru África do Sul 26,99 18,80 18,13 22,88 17,74 16,36 26,38 19,09 15,95 21,22 23,11 16,25 20,18 19,85 15,38 17,99 18,40 15,46 25,09 20,91 19,81 18,59 21,30 19,53 Países em desenvolvimento Tailândia 40,16 31,82 23,56 28,95 Uruguai 13,82 15,03 13,44 17,65 Venezuela 18,28 22,00 20,16 22,03 Fonte: elaboração dos autores a partir de dados do Development Research Institute e do Banco Mundial. * Número de observações insuficiente para cálculo da média. Tabela 5: Comparativo internacional das taxas de poupança interna Taxa de poupança interna em percentual do PIB Período/País 1990-1994 1995-1999 2000-2004 2005-2008 Argentina Bolívia Brasil 16,93 9,05 21,62 17,14 10,53 15,40 22,01 11,32 18,12 28,34 23,07 19,46 Chile China Colômbia Costa Rica Equador Egito 26,57 40,99 20,97 14,26 21,27 15,41 25,30 42,00 15,63 16,57 20,42 12,91 25,17 41,11 13,68 18,62 21,30 14,03 33,56 51,07 20,43 19,19 22,39 16,57 Guatemala Índia 9,36 22,44 8,63 22,82 6,87 25,21 4,369 33,34 Países em desenvolvimento 17 Taxa de poupança interna em percentual do PIB Período/País 1990-1994 1995-1999 2000-2004 2005-2008 32,72 18,97 15,42 14,42 16,52 20,35 27,62 23,59 14,83 12,73 18,78 18,52 30,59 20,74 16,68 12,81 18,51 18,91 29,49 23,79 14,16 17,03 27,83 17,72 Países em desenvolvimento Indonésia México Paquistão Paraguai Peru África do Sul Tailândia 35,45 35,08 31,19 34,15 Uruguai 16,45 14,17 15,12 19,29 Venezuela 23,14 29,86 34,26 38,11 Fonte: elaboração dos autores a partir de dados do Development Research Institute e do Banco Mundial. 18