MARIA LUIZA MELO ALVES DA SILVA RELAÇÃO ENTRE MECANISMOS PSICOLÓGICOS E DOR PÓSOPERATÓRIA EM PACIENTES SUBMETIDAS A TRATAMENTO CIRÚRGICO DE CÂNCER DE MAMA Tese apresentada ao Curso de Pós-Graduação da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo, para obtenção do Título de Doutor em Medicina. Orientadora: Profª. Drª. Ligia Andrade da Silva Telles Mathias Co-orientadora: Profª. Drª. Judymara Lauzi Gozzani Área de Concentração - Cirurgia Geral São Paulo 2010 2 FICHA CATALOGRÁFICA Preparada pela Biblioteca Central da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo Silva, Maria Luiza Melo Alves da Relação entre mecanismos psicológicos e dor pós-operatória em pacientes submetidas a tratamento cirúrgico de câncer de mama./ Maria Luiza Melo Alves da Silva. São Paulo, 2010. Tese de Doutorado. Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo – Curso de Pós-Graduação em Medicina. Área de Concentração: Cirurgia Geral Orientador: Ligia Andrade da Silva Telles Mathias Co-Orientador: Judymara Lauzi Gozzani 1. Neoplasias da mama 2. Adaptação psicológica 3. Dor pósoperatória 4. Ansiedade 5. Depressão 6. Analgesia BC-FCMSCSP/48-10 3 O meu amor e gratidão são eternos àqueles que me ajudaram a dar os primeiros passos... Na vida, meus pais, Lucio Jorge e Marinalva, o início de tudo, Na medicina, meu avô Emídio, por ter possibilitado o vestibular de medicina na UPE, Na anestesia, vovó Lilia, pelo apoio financeiro no início de minha especialização, Na pós-graduação, meu mestre, Roberto Simão Mathias, pelo estímulo inicial. Às minhas filhas, Karla e Adriana, razão da minha existência; A Jerónimo por seu apoio carinhoso, cumplicidade e companheirismo ao longo de mais este trabalho; Ao meu genro, Horácio, o filho homem que a vida me deu. Dedico a todos eles este estudo! 4 A minha homenagem ao mentor desta tese, Prof. Dr. José Álvaro Marques Marcolino, meu primeiro orientador, na esperança de que ele possa estar feliz com a conclusão desse trabalho: A Morte Não é Nada (Oração de Santo Agostinho) "A morte não é nada. Eu somente passei para o outro lado do Caminho. Eu sou eu, vocês são vocês. O que eu era para vocês, eu continuarei sendo. Me dêem o nome que vocês sempre me deram, falem comigo como vocês sempre fizeram. Vocês continuam vivendo no mundo das criaturas, eu estou vivendo no mundo do Criador. Não utilizem um tom diferente, não façam um ar solene ou triste. Vivam, sorriam, pensem em mim, rezem por mim. Continuem a rir daquilo que nos fazia rir juntos. Que meu nome seja pronunciado como sempre foi, sem ênfase de nenhum tipo, sem nenhum traço de sombra ou tristeza. A vida significa tudo o que ela sempre significou, o fio da união não foi cortado. Porque eu estaria fora de seus pensamentos? Simplesmente porque agora estou fora de suas vistas? Eu não estou longe, apenas estou do outro lado do Caminho... Você que aí ficou, siga em frente, a vida continua, linda e bela como sempre foi..." 5 ―É preciso entrar prá valer nos projetos da vida, até que o rio se transforme em mar. Não procure o sofrimento. Mas, se ele fizer parte da conquista, enfrente-o e supere-o. Arrisque, ouse, avance na vida. Ela é uma aventura gratificante para quem tem coragem de arriscar." ROBERTO SHINYASHIKI “As pessoas mais felizes não têm as melhores coisas. Elas sabem fazer o melhor das oportunidades que aparecem em seus caminhos.‖ CLARICE LISPECTOR 6 Esta dissertação é um processo construído a várias mãos. É fundamental agradecer àqueles que, em diferentes fases, contribuíram para sua realização e assim deixaram um pouco de si mesmos neste trabalho. Agradeço à minha orientadora, Profª. Drª. Ligia Andrade da Silva Telles Mathias, que por sua amizade, competência e dedicação possibilitou a realização de mais este sonho e por assumir a minha orientação após o falecimento de Dr. Álvaro Marcolino. A sua ―última dívida‖ está liquidada, amiga. Agradeço à minha co-orientadora, Profª. Drª. Judymara Lauzi Gozzani, pelo apoio, paciência e esclarecimentos na interpretação dos dados. Os seus conhecimentos sobre dor foram preciosos para a compreensão do tema. Sua orientação e correções precisas foram o esteio necessário e decisivo para a conclusão deste estudo. Obrigada por sua confiança e incentivo e, por ter dividido comigo esta tarefa. Agradeço aos chefes dos Serviços de Patologia Mamária, Dra. Isabel Cristina Areia Lopes Pereira (IMIP e Realmama) e Dr. Paulo Vicente (Hospital do Câncer) por me permitirem o acesso às suas pacientes. Sem isso meu trabalho não teria sido realizado. Um agradecimento especial a Daniel Kashiwamura Scheffer e à Ting Hui Ching, do Departamento de Medicina Social da FCMSCSP, pela paciência e competência no estudo estatístico deste trabalho. Agradeço à colega e amiga Tânia Cursino de Menezes Couceiro pela ajuda em vários momentos deste estudo. Agradeço à Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo e à Irmandade da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo pela oportunidade de realizar meu doutorado. Agradeço à FAPESP pela bolsa concedida. Agradeço à Faculdade de Ciências Médicas e à Universidade de Pernambuco pelo estímulo para a realização deste doutorado. Agradeço aos professores que participaram da Banca de Qualificação Drs. Luiz Antonio Rivetti, Quirino Cordeiro Junior e Mônica Maria Siaulys. Suas observações enriqueceram este estudo. 7 Este espaço é dedicado àqueles que também deram a sua contribuição para que esta dissertação fosse realizada. A todos eles deixo aqui o meu agradecimento sincero. Aos meus cirurgiões Isabel Cristina Areia Pereira, Leandro Araújo, Patricia Cavalcante e Rui Pereira, pelo incentivo amigo e por terem entendido minhas constantes ausências para a realização deste trabalho. Aos meus colegas e amigos Airton Aires da Costa, Teresa Neumann Bezerra e Fernanda Bezerra pelo suporte profissional nas minhas constantes viagens. Ao Prof. Dr. Jair Mari por sua orientação sobre o uso e interpretação do SelfReporting Questionnaire - SRQ 20 e pela bibliografia fornecida. À Profª. Drª. Andréa Golfarb Portnoi por sua orientação sobre o uso e interpretação do Coping Strategies Questionnaire – CSQ. Aos meus familiares, amigos e colegas de trabalho que entenderam minha ausência e me incentivaram a mais uma busca. À minha sobrinha e secretária, Andréa, pela ajuda na digitação dos dados. Às funcionárias da Realplástica e Realmama pela ajuda no atendimento das pacientes no consultório de pré-anestesia. Aos secretários do Disciplina de Anestesiologia da FCMSCSP, Gabriela Cândida Matheus, Paulo Gava e Marlon Oliveira do Carmo pelo empenho e dedicação, sempre prontos a me ajudar. A Daniel Gomes, secretário da pós-graduação, pela atenção em todos os momentos. A todas as pacientes que concordaram em participar desse estudo. 8 ABREVIATURAS E SÍMBOLOS APA Avaliação pré-anestésica CSQ Coping Strategies Questionnaire DPO Dia de pós-operatório EV Escala Verbal HADS Hospital Anxiety Depression Scale IDATE Inventário de Ansiedade Traço-Estado IMC Índice de massa corpórea INCA Instituto Nacional do Câncer OMS Organização Mundial de Saúde PCS Pain Catastrophizing Scale SDPM Síndrome Dolorosa Pós-mastectomia SISAM Secretaria de Saúde do Estado de Pernambuco SPSS Statistical Package for the Social Sciences SRQ Self-Reporting Questionnaire UPE Universidade de Pernambuco VAS Visual Analogic Scale 9 SUMÁRIO PAG. 1. INTRODUÇÃO ............................................................................... 10 1.1. Tumores mamários ............................................................ 12 1.2. Procedimentos cirúrgicos na mama ...………………….... 14 1.3. Ansiedade e Depressão ...........…………........................... 15 1.4. Estratégias de enfrentamento .........................….............. 21 1.5. Dor pós-operatória ............................................................ 25 1.6. Avaliação da dor pós-operatória ..............................….... 28 2. OBJETIVOS .................................................................................. 35 3. CASUÍSTICA E MÉTODO ............................................................ 36 4. RESULTADOS ............................................................................. 42 5. DISCUSSÃO ..........................................…................................... 78 6. CONCLUSÕES ..........................................................……………. 89 7. ANEXOS ....................................................................................... 90 8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................. 101 9. ELEMENTOS DO PÓS-TEXTO FONTES CONSULTADAS ............................................................ 111 RESUMO ....................................................................................... 112 ABSTRACT .................................................................................... 113 10 INTRODUÇÃO O câncer de mama é a neoplasia mais comum em mulheres e o tratamento cirúrgico é indicado na maioria das pacientes de acordo com o estadiamento clínico na ocasião do diagnóstico (Couceiro et al, 2009a). Apesar dos avanços da medicina no tratamento do câncer e do aumento de informações veiculadas pela mídia, o câncer ainda equivale, muitas vezes, a uma "sentença de morte‖, comumente associada à dor, sofrimento e degradação. O diagnóstico de câncer e todo o processo da doença são vividos pelo paciente e pela sua família como um momento de intensa angústia, sofrimento e ansiedade. Além do rótulo de uma doença dolorosa e mortal, o paciente comumente vivencia no tratamento, perdas e sintomas adversos, como a dor, acarretando prejuízos em suas habilidades funcionais e incerteza quanto ao futuro (Bergamasco, Ângelo, 2001). Com relação especificamente às pacientes com câncer de mama, preocupações ligadas à feminilidade, maternidade e sexualidade podem estar presentes, já que o seio é um órgão repleto de simbolismo para a mulher. Sendo assim, o anúncio desse diagnóstico, seguido pelos tratamentos, pode ocasionar abalos significativos na vida da paciente (Alves et al, 2007). A dor no período pós-operatório é um evento frequente, apesar do arsenal terapêutico existente. Sua ocorrência está relacionada a fatores inerentes ao procedimento cirúrgico e ao paciente (Barros et al, 2001; Couceiro et al, 2009b) A situação do paciente que aguarda procedimento cirúrgico, mesmo que simples, deve ser considerada no âmbito de sua gravidade, quando estão presentes fragilidade, angústia e muita apreensão (Ramsay et al, 1972; Kiyohara et al, 2004). A abordagem das pacientes submetidas a tratamento cirúrgico para o câncer mamário exige acompanhamento pré e pós-cirúrgico por equipe multidisciplinar. Esta abordagem poderá proporcionar escolha racional da técnica cirúrgica, identificar as pacientes que apresentem fatores de risco, minimizar ou eliminar esses fatores quando possível, diagnosticar o mais precocemente a síndrome dolorosa pós- 11 mastectomia (SDPM) e proporcionar o tratamento adequado visando uma melhor qualidade de vida para essa população específica (Couceiro et al, 2009a). Tem sido demonstrado sistematicamente que saúde mental é crucial para o bem-estar geral dos indivíduos, das sociedades e dos países. Segundo a Organização Mundial de Saúde-OMS, os transtornos mentais representam algo em torno de 13% da sobrecarga de doenças no mundo e quase 20% das doenças na Europa. Problemas mentais prejudicam um em cada quatro pessoas em algum momento da vida. Nove dos dez países com maiores taxas de suicídio no mundo estão no território europeu (World Health Organization, 2010). Apesar dessas constatações, a lacuna entre oferta e demanda de assistência em saúde mental é grande, com estimativas de até 70% para transtornos de humor e 90% para transtornos por uso de álcool em países desenvolvidos. Os dados para países em desenvolvimento são escassos (World Health Organization, 2001). O subdiagnóstico dos transtornos mentais é um dos principais fatores para essa lacuna. De 25% a 50% dos pacientes que procuram assistência médica em centros de atendimento primário tem pelo menos um transtorno psiquiátrico ou neurológico. Destes, a não detecção dos casos pode ser de 55% para diagnóstico de depressão e até 77% para transtorno de ansiedade generalizada (World Health Organization, 2001). Segundo a OMS, a depressão é classificada como principal causa de incapacidade e afeta cerca de 120 milhões de pessoas no mundo inteiro. Aproximadamente um milhão de pessoas comete suicídio a cada ano, 86% deles vivem em países de baixa e média renda. Estima-se que cerca de 20% das crianças e adolescentes para tenham distúrbios ou problemas mentais (World Health Organization, 2001). Estratégias para modificação desse contexto incluem utilização de instrumentos de rastreamento psiquiátrico que preferencialmente, devem ser de fácil aplicação e baixo custo. Essas características são de grande relevância para seu emprego em larga escala na prática clínica e nos estudos de epidemiologia psiquiátrica (Sen et al, 1987). 12 Os estudos não discutem a presença de mecanismos de enfrentamento ou de catastrofização da dor aguda nas pacientes submetidas aos procedimentos cirúrgicos da mama para tratamento de câncer, no momento da avaliação préanestésica ou no pós-operatório imediato. 1.1. TUMORES MAMÁRIOS O câncer de mama é o segundo tipo de câncer mais frequente no mundo, sendo o mais comum entre as mulheres e a primeira causa de morte feminina nos Estados Unidos, Canadá e Europa (Garfinkel et al, 1994; Ries et al, 2000; INCA, 2010). No Brasil, as taxas de mortalidade por câncer de mama continuam elevadas, muito provavelmente porque a doença ainda é diagnosticada em estádios avançados. Em 2007, 11.194 mulheres morreram por câncer de mama. Na população mundial, a sobrevida média após cinco anos é de 61% (Brasil. Ministério da Saúde, Instituto Nacional do Câncer-INCA, 2010). A cada ano 22% dos novos casos de câncer em mulheres são de mama (Brasil. Ministério da Saúde, Instituto Nacional do Câncer-INCA, 2010). Tem sido observado que tanto a incidência como a mortalidade vem apresentando aumento significativo nas últimas décadas (INCA 2010/ Secretaria de Saúde do Estado de Pernambuco). A estimativa é de 49.240 novos casos para 2010, com um risco estimado de 49 casos a cada 100 mil mulheres e, para 2020 estima-se que o número de casos novos anuais seja da ordem de 15 milhões. Na Região Sudeste, o câncer de mama é o mais incidente entre as mulheres, com um risco estimado de 65 casos novos por 100 mil. Este tipo de câncer também é o mais frequente nas mulheres das regiões Sul (64/100.000), Centro-Oeste (38/100.000) e Nordeste (30/100.000). Na Região Norte é o segundo tumor mais incidente (17/100.000). Cerca de 60% destes novos casos ocorrerão em países em desenvolvimento (Brasil. Ministério da Saúde. INCA, 2010). O conhecimento do estágio clínico da doença permite estabelecer a extensão da área atingida e a gravidade para o planejamento do tratamento. A escolha do método terapêutico dependerá, também, de vários fatores, tais como a idade da paciente, a localização e o tamanho do tumor, a disponibilidade financeira, a análise 13 dos exames radiológicos e laboratoriais e o modo da paciente lidar com a mama afetada (Malzyner, 1997). O tamanho do tumor não é um fator limitante por si só. A relação do volume da mama com o tamanho do tumor é o fator anatômico mais limitante para a cirurgia conservadora (Tiezzi, 2007). O câncer de mama, depois do câncer de pulmão, é o mais letal. Além destes fatores observa-se que a história familiar, menarca precoce, gravidez tardia, menopausa tardia, radiação e expressão de estrógeno após a menopausa aumentam a incidência. O risco do câncer de mama também está relacionado às flutuações hormonais (Guimarães, 2006). Sasse (2002) afirma que nos Estados Unidos o câncer de mama é o tipo de tumor mais comum nas mulheres (com exceção dos tumores de pele) e a segunda causa de morte por câncer em mulheres, vindo após o câncer de pulmão. Os homens também podem desenvolver câncer de mama, porém é raro, constituindo menos de 1% dos casos de câncer de mama. Se diagnosticado em fases iniciais, o câncer de mama tem ótimas chances de cura, com uma sobrevida de 97% em cinco anos. Mesmo quando o diagnóstico não é tão precoce, novas terapias tem possibilitado muitas mulheres viver com a doença tendo uma boa qualidade de vida. O câncer de mama lidera o índice de mortalidade no Brasil, só ficando atrás dos acidentes automobilísticos, atropelamentos e assassinatos. A cada ano, morrem de câncer no Brasil dez mil mulheres e a faixa etária está acima dos 35 anos (De Cicco, 2005). É um tumor visto como potencialmente estressor e provoca transformações na vida, tanto da mulher acometida quanto de seus familiares, pois além do medo da morte que a doença suscita, há, também, a ameaça da mutilação da mama. Alguns estudiosos afirmam que a mama remete às representações que simbolizam a feminilidade, a estética, a sexualidade, erotismo, imagem corporal, maternidade e outros (Carver et al, 1993; Gandini, 1995; Gimenes, 1997; Duarte, Andrade, 2003). O diagnóstico do câncer é visto como ameaça para a paciente e sua família em todos os níveis de suas vidas. A dinâmica familiar é alterada por ocasião da doença e vários medos começam a fazer parte do cotidiano (Duarte, Andrade, 2003). 14 Ao analisar a literatura especializada no assunto, pode-se observar que a preocupação central da mulher e sua família após receber o diagnóstico do câncer de mama é a sobrevivência. Em seguida, surge a preocupação com o tratamento e condições econômicas para realizá-lo. Por fim, a preocupação com mutilação, desfiguração e suas consequências para sua vida sexual da mulher (Gimenes, 1997). Pesquisas realizadas com pacientes diagnosticadas com câncer de mama demonstram que tanto o diagnóstico quanto o tratamento e suas sequelas são muito estressantes para a mulher (Carver et al, 1993; Gandini, 1995; Gimenes, 1997). 1.2. PROCEDIMENTOS CIRÚRGICOS NA MAMA Mudanças extremas na abordagem cirúrgica do câncer de mama ocorreram nos últimos 30 anos (Tiezzi, 2007). Busca-se cada vez mais aperfeiçoar o diagnóstico precoce e técnicas de tratamento menos invasivas, para mortalidade e morbidade menores. Apesar da evolução do tratamento cirúrgico do câncer de mama, principalmente com o advento da pesquisa do linfonodo sentinela, a linfadenectomia axilar ainda é uma realidade para muitas pacientes, devido ao comprometimento metastático axilar (Liu, McFadden, 1997). O tratamento cirúrgico para o câncer de mama compreende procedimentos não conservadores e conservadores. Os tipos de cirurgia conservadoras são: Tumorectomia (exérese do tumor sem margens) e Ressecção segmentar ou setorectomia (exérese do tumor com margens). As não conservadoras são: Adenomastectomia subcutânea ou mastectomia subcutânea (retirada da glândula mamária, preservando-se pele e complexo aréolo-papilar); Mastectomia simples ou total (retirada da mama com pele e complexo aréolo-papilar); Mastectomia com preservação de um ou dois músculos peitorais com linfadenectomia axilar (radical modificada); Mastectomia com retirada do(s) músculo(s) peitoral(is) com linfadenectomia axilar (radical) (Barros et al, 2001; Shons, Cox, 2001). A mastectomia radical representa a operação não conservadora e foi desenvolvida no século XIX por Halsted (Barros et al, 2001). Sua técnica cirúrgica consiste na retirada da glândula mamária, pele, tecido adiposo, músculos peitoral maior e peitoral menor e dos linfonodos da axila homolateral. 15 Em alguns casos, se faz necessária a realização de linfadenectomia axilar, através de segunda incisão na região axilar. A quadrantectomia com biópsia do linfonodo sentinela é a técnica cirúrgica mais recentemente empregada e menos invasiva. Nessa técnica, apenas as pacientes que tiverem biópsia positiva do linfonodo sentinela se submeterão à linfadenectomia axilar (Barros et al, 2001; Jung et al, 2003). Rezende et al (2006) apresentaram estudo com 60 pacientes onde o percentual das cirurgias para tratamento cirúrgico do câncer de mama é de 61% para mastectomia radical modificada, 17% para quadrantectomias e 6% para Halsted. Desde que não haja contra-indicações ao procedimento, a cirurgia conservadora estará indicada, caso a relação volume da mama/tamanho do tumor permita uma ressecção cirúrgica com resultado cosmético satisfatório seguindo conceitos da cirurgia oncológica (Tiezzi, 2007). Apesar da eficiência da abordagem cirúrgica para o tratamento do câncer de mama, várias complicações têm sido relatadas decorrentes desses procedimentos (Freitas-Junior et al, 2006). Dentre elas destacam-se: linfedema (Box et al, 2002), infecção da ferida operatória (Watt-Boolsen et al, 1988) e dor crônica pós-cirúrgica (Poleshuck et al, 2006). 1.3. ANSIEDADE E DEPRESSÃO A ansiedade e a depressão são os transtornos psiquiátricos mais associados às doenças físicas (Moffic, Paykel, 1975; Maguire et al, 1993) Antecipação da dor, separação da família, perda da independência, medo de se tornar incapacitado, medo do procedimento cirúrgico e da morte são fatores que com frequência desencadeiam sintomas de ansiedade nesse período, 11% a 80% em pacientes adultos (Maranets, Kain, 1999). Na trajetória do câncer, a ansiedade se manifesta precocemente, ainda durante o diagnóstico e continua até após o tratamento. Esses pacientes começam a sentir ansiedade moderada ou intensa enquanto esperam o resultado dos exames de diagnóstico (Ballone, 2005). 16 Vários fatores são identificados como responsáveis pela ansiedade que cerca o momento do ato anestésico-cirúrgico: preocupação com lesões que podem ocorrer durante a operação, receio de dor no pós-operatório, separação da família, perda da independência, medo de ficar incapacitado, medo de não acordar mais, medo de acordar no meio da anestesia, medo do diagnóstico e das complicações (Ramsay, 1972; Maranets, Kain, 1999). Altos níveis de ansiedade pré-operatória estão associados com natureza da experiência anestésica prévia, história de câncer, tabagismo, desordens psiquiátricas, percepção negativa do futuro, sintomas depressivos moderados a intensos e presença de dor moderada ou intensa (Mackenzie, 1989; Caumo et al, 2001; Magalhães Filho et al, 2006). Com relação especificamente às pacientes com câncer de mama, existem várias publicações sobre a condição emocional antes, durante e após o tratamento clínico e/ou cirúrgico (Schag, Heinrich, 1989; Razavi, Stiefel, 1994; Breitbart, 1995). No entanto, não são encontrados muitos estudos sobre a ansiedade de pacientes com suspeita de câncer de mama, no momento da APA antes da biópsia, quando preocupações ligadas à feminilidade, maternidade e sexualidade podem estar presentes, já que o seio é um órgão repleto de simbolismo para a mulher (Carrol et al, 1993; Bergamasco, Ângelo, 2001; Sasse, 2002). Em Alves et al, 2007, as pacientes com suspeita de câncer de mama a serem submetidas a exérese de nódulo ou tecido mamário para diagnóstico apresentaram níveis e prevalência de ansiedade-estado alta maiores do que as pacientes a serem submetidas a cirurgia plástica estética; O conceito de ansiedade não envolve um construto unitário, principalmente no contexto psicológico. A ansiedade pode ser generalizada ou focada em situações específicas, como nos transtornos fóbicos. A ansiedade não situacional pode ser um estado de início recente ou uma característica persistente da personalidade do indivíduo (Andrade, Gorenstein, 1998). O termo ansiedade abrange sensações as mais variadas possíveis, que vão do sentimento de insegurança até desconfortos somáticos com hiperatividade do sistema nervoso autônomo. Medir ansiedade é bastante complexo. Algumas escalas tentam 17 cobrir todos esses aspectos da ansiedade, mas a maioria prioriza um ou outro (Andrade, Gorenstein, 1998). Ballone em 2005 cita que o termo ―depressão‖ pode significar um sintoma que faz parte de inúmeros distúrbios emocionais sem, entretanto, ser exclusivo de nenhum deles, pode significar uma síndrome com muitos e variáveis sintomas somáticos ou ainda, uma doença caracterizada por fortes alterações afetivas. Do ponto de vista clínico seria fácil e cômodo se a depressão fosse caracterizada, exclusivamente, por um rebaixamento do humor com manifestação de tristeza, choro, abatimento moral e desinteresse. No entanto, os sintomas depressivos são variados e muito diferentes entre os indivíduos. A psicopatologia considera a existência de três sintomas depressivos básicos: sofrimento moral, inibição global e estreitamento vivencial. Irritabilidade aumentada, explosividade, ataques de ira e frustração exagerada também podem ser manifestação de depressão (Ballone, 2005). Para entender porque e como existem sintomas atípicos de depressão, aqueles que sugerem apenas indiretamente a sua presença, deve-se considerar a coexistência da depressão com a ansiedade, sabendo que essa última é pródiga em sintomas somáticos e emocionais atípicos (Ballone, 2005). Na psiquiatria, a quantificação demorou muito a aparecer e ainda há muitos que a ela resistem. Contudo, devido a uma série de fatores, principalmente a introdução de psicofármacos exigindo avaliação clínica replicável, aumentou muito o interesse na quantificação de fenômenos psicopatológicos. Dentre os métodos desenvolvidos, destacaram-se as escalas de avaliação. As escalas para avaliação de ansiedade permitiram rápido progresso científico nas investigações com transtornos de ansiedade, por meio de obtenção sistematizada de dados e informações, possibilitando a replicação dos resultados. Elas consistem em tentativa de quantificar intensidade de determinado traço de personalidade, sintoma ou avaliação geral de síndrome psicopatológica. A aplicação de escalas auxilia na melhora da qualidade e no refinamento de avaliações diagnósticas ou de acompanhamento de pacientes em pesquisas clínicas (Nardi, 1998). 18 O relato verbal é forma confiável de avaliação de estados subjetivos (Guimarães, 1998) e o uso de instrumentos é necessário para facilitar o registro padronizado e reproduzível desses relatos. Esses instrumentos são as escalas de avaliação classificadas em dois grandes grupos de acordo com o preenchimento: as preenchidas pelo observador e as preenchidas pelo próprio sujeito, que são escalas de auto-avaliação (Snaith, 1981). As escalas de auto-avaliação apresentam limitações por maior dificuldade de compreensão, falsificação e maior necessidade de cooperação do sujeito, enquanto as primeiras apresentam problemas relativos à capacidade do observador. Uma boa escala deve ser constituída de itens relacionados tanto pela intuição e experiência clínica quanto por estudos de validação que incluam processo estatístico de análise de itens (Snaith, 1981). As escalas de auto-avaliação podem ser de natureza discreta ou analógica. Enquanto nas primeiras as pessoas devem assinalar "categorias" intervalares ou não (por exemplo, pouco, mais ou menos, intensamente, etc.), nas segundas eles devem assinalar seu estado subjetivo em uma linha reta contínua que supostamente representa toda a gama daquela situação (Guimarães,1998). Questionários envolvendo escalas de classificação são medidas populares para induzir os pacientes a recordarem sinais de ansiedade antes da anestesia e procedimentos cirúrgicos. A avaliação deve ser feita usando-se descritores. Por exemplo, na HADS (Hospital Anxiety Depression Scale), os pacientes são solicitados a expressar seu estado emocional usando questionários com termos que são familiares no dia-a-dia (Millar et al, 1995). Uma das dificuldades teóricas encontradas na avaliação da ansiedade é a concomitância com sintomas depressivos. Essas duas síndromes são construtos, assim, o que se chama de depressão ou ansiedade pode mudar frente a determinados parâmetros teóricos. Nos pacientes é impossível caracterizar alguns sintomas como "puramente" depressivos ou "puramente" ansiosos (Nardi, 1998). Na clínica psiquiátrica cotidiana não há justificativa para a utilização de escalas de avaliação. O julgamento clínico é o ideal. As escalas devem ficar restritas às 19 necessidades de quantificação, comparação e replicação de observações (Nardi, 1998). Apesar de muito utilizadas em pesquisas clínicas não há acordo em relação ao grupo de escalas mais indicado para a avaliação da ansiedade. O treinamento em psicopatologia fenomenológica e a aplicação criteriosa de escalas em ensaios clínicos podem favorecer melhor sistematização de dados. A objetividade e a fidedignidade caminham juntas e são tão importantes quanto à validade da escala. As escalas de avaliação da depressão ajudam na avaliação dos sintomas e na elaboração do próprio diagnóstico, além de auxiliarem o acompanhamento do paciente e o resultado dos tratamentos (Calil, Pires, 1998). Há na literatura vários instrumentos descritos para a avaliação da ansiedade e da depressão, tais como a Escala de Ansiedade de Hamilton, o Inventário de Ansiedade IDATE I e II, os Inventários de Ansiedade e de Depressão de Beck e a HADS. A maior parte deles foi criada para ser aplicada pelo entrevistador em pacientes com transtornos psiquiátricos. A HADS foi desenvolvida inicialmente para identificar sintomas de ansiedade e de depressão em pacientes de hospitais clínicos não-psiquiátricos, sendo depois utilizada em outros tipos de pacientes, em pacientes não-internados e em indivíduos sem doença (Calil, Pires, 1998; Carneiro et al, 2009). A HADS é um instrumento útil no rastreamento diagnóstico para separar ansiedade e depressão. A utilização de um instrumento simples como a HADS poderia revelar casos de transtorno do humor que podem passar despercebidos pela equipe assistencial (Zigmond e Snaith, 1983). A escala foi limitada em 14 itens, divididos em sub-escala de ansiedade e de depressão. Zigmond e Snaith (1983) recomendaram dois pontos de corte para serem utilizados em ambas as subescalas: casos possíveis recebem pontuação superior a 8 e casos prováveis, superior a 11 pontos. Propuseram ainda um terceiro ponto de corte: distúrbios graves recebem mais de 15 pontos. A HADS foi traduzida para vários idiomas. Botega et al (1995) produziram estudo de validação da HADS em português. Um ponto importante diferencia a HADS das demais escalas é que, para evitar interferência dos distúrbios somáticos na pontuação foram excluídos todos os sintomas de ansiedade ou de depressão 20 relacionados a doenças físicas. Nessa escala não figuram itens como perda de peso, anorexia, insônia, fadiga, pessimismo sobre o futuro, dor de cabeça, tontura, etc., que poderiam também ser sintomas de doenças físicas. No caso de haver comorbidade, os sintomas psicológicos mais do que os sintomas somáticos diferenciam os transtornos do humor de outras doenças clínicas. Algumas morbidades psiquiátricas são consideradas menores, porém são transtornos muito comuns e de difícil caracterização. A maioria dos indivíduos com morbidades psiquiátricas menores apresenta queixas como tristeza, ansiedade, fadiga, diminuição da concentração, preocupação somática, irritabilidade e insônia. Morbidades psiquiátricas menores também podem ser denominadas de transtornos mentais comuns, termo abrangente e que reforça a ocorrência freqüente desses transtornos (Kac et al, 2006). Goldberg (1972) propôs um instrumento de caráter auto-aplicável, para detecção dessas morbidades, denominado Questionário de Saúde Geral (QSG) e da sigla do inglês, mais conhecida, General Health Questionnaire (GHQ), contendo, na versão original, sessenta itens. O SRQ-20 (Self-Reporting Questionnaire) foi desenvolvido no Brasil como um instrumento breve para avaliar a presença de sintomas psiquiátricos na população geral. É um instrumento de rastreamento de transtornos mentais em serviços de atendimento primário, recomendado pela OMS. Foi originalmente composto por 30 itens. A versão brasileira do SRQ-20 consiste de 20 questões para rastreamento de transtornos mentais não-psicóticos, foi validada para a população brasileira no início da década de 1980 por Mari, Williams (1986). Em Gonçalves et al (2008), um estudo com 485 indivíduos, o SRQ-20 apresentou como ponto de corte ideal 7/8, independente de sexo, com sensibilidade de 86,33% e especificidade de 89,31%. O poder discriminante para diagnóstico psiquiátrico do SRQ-20 foi 0,91. O coeficiente Cronbach alfa foi 0,86. Na primeira validação no Brasil, feita por Mari e Williams (1986), o ponto de corte para homens era menor (5/6) que para mulheres (7/8), já Gonçalves et al (2008) não encontraram esta diferença em sua amostra. Quanto ao poder de discriminação de rastreamento psiquiátrico dos transtornos não-psicóticos do SRQ-20, ou seja, da sua capacidade de discriminar casos de não- 21 casos, foram obtidos resultados muito satisfatórios por Gonçalves et al, 2008. Neste trabalho, os autores consideraram que as pacientes que obtivessem escores de até 7 pontos seriam consideradas SRQ negativo, enquanto as que obtivessem pontuações acima desta teriam a denominação de SRQ positivo. Escores superiores a 12 permitem levantar suspeita de distúrbios psiquiátricos (Mari et al, 1987). 1.4. ESTRATÉGIAS DE ENFRENTAMENTO Pesquisas foram desenvolvidas nos últimos vinte anos sob enfoque, principalmente, da Teoria das Estratégias de Enfrentamento ou coping, elaborada por Lazarus, Folkman (1984), sendo definida como um processo dinâmico em que o indivíduo desenvolve diversas formas para lidar com determinadas situações que lhe sejam ameaçadoras. O câncer de mama provoca alterações no universo biopsicossocial da mulher acometida e a retirada da mama pode ocasionar vários danos (Segal, 1994; Duarte, Andrade, 2003). Após a mastectomia, a mulher pode vir a apresentar dificuldades ao reassumir a sua vida profissional, social, familiar e sexual. Entende-se por mecanismos de enfrentamento as habilidades desenvolvidas na tentativa de domínio e adaptação às situações de estresse. Autores como Ray et al (1982), Lazarus, Folkman (1984), Moss e Billings (1984), preferem falar de estratégias ou processos de enfrentamento, em vez de respostas de enfrentamento. Mecanismo de enfrentamento é definido então como todos os esforços de controle, sem considerar as consequências, ou seja, é uma resposta ao estresse (comportamental ou cognitiva) com a finalidade de reduzir as suas qualidades aversivas. Assim, o mecanismo de enfrentamento é uma resposta com o objetivo de aumentar, criar ou manter a percepção de controle pessoal (Savoia, 1999). O processo de enfrentamento ocorre ao longo do tempo e envolve as transações entre indivíduo e ambiente. Sua função é administrar tais transações, visando aperfeiçoar a adaptação do indivíduo e sua sobrevivência; para tal recorre a vários métodos – as estratégias de enfrentamento. É importante distinguir entre processo de enfrentamento, estratégias de enfrentamento e os resultados ou consequências do uso das estratégias, especialmente porque muitas pesquisas se 22 dedicam à procura e análise de estratégias de enfrentamento eficientes, na adaptação à dor crônica. Dentre os fatores situacionais que influenciam as avaliações cognitivas sobre a dor, encontram-se as considerações do indivíduo sobre os recursos que possui para lidar com situações criadas pela experiência dolorosa. Esta avaliação é chamada de avaliação de mecanismos de enfrentamento (Portnoi, 1999). Lazarus e Folkman (1984) apresentam sua própria definição de enfrentamento: como "os esforços cognitivos e comportamentais constantemente alteráveis para controlar (vencer, tolerar ou reduzir) demandas internas ou externas específicas que são avaliadas como excedendo ou fatigando os recursos da pessoa". Essa definição distingue os esforços de enfrentamento de comportamentos adaptativos automatizados, quando cita mudanças constantes como resposta às necessidades de estímulos específicos. Evita-se a confusão entre a resposta de enfrentamento com consequências, quando se define como esforços de controle, permitindo incluir qualquer coisa que a pessoa faz ou pensa, sem considerar esse comportamento como certo ou errado. Já Justice (1988), enfatiza que o enfrentamento é um conceito a ser explorado em pesquisas, mais até do que o estresse. Isso porque pode ser definido com maior grau de precisão por ser um processo pelo qual as pessoas tendem a modificar ou eliminar os problemas que surgem. Pode ser correlacionado com medidas quantitativas de cognições, emoções, comportamentos, reações fisiológicas e situações sociais, tanto em ambientes controlados quanto naturais. O enfrentamento é também determinado por variáveis que diminuem o uso dos recursos pessoais. Essas variáveis podem ser de natureza pessoal incluindo valores e crenças; ambientais ou institucionais (Lazarus, Folkman, 1984; Savoia, 1999). Os mecanismos de enfrentamento possuem duas funções principais: modificar a relação entre a pessoa e o ambiente, controlando ou alterando o problema causador de "distress" (enfrentamento centrado no problema); adequar a resposta emocional ao problema (enfrentamento centrado na emoção). Em geral, as formas de enfrentamento centradas na emoção são mais passíveis de ocorrer quando já houve uma avaliação de que nada pode ser feito para modificar as condições de 23 dano, ameaça ou desafio ambientais. Formas de enfrentamento centrados no problema, por outro lado, são mais prováveis quando tais condições são avaliadas como fáceis de mudar. Os enfrentamentos centrados no problema e na emoção influenciam-se mutuamente em todas as situações estressantes. As pessoas utilizam ambas as formas de enfrentamento, o que pode impedir ou facilitar a manifestação de uma ou outra forma. A forma pela qual uma pessoa usa mecanismos de enfrentamento está determinada, em parte, por seus recursos, que incluem saúde, energia, crenças existenciais, habilidades de solução de problemas, habilidades sociais, suporte social e recursos materiais. A dificuldade de resolução da condição dolorosa no caso da dor crônica implica, geralmente, em maior utilização de estratégias centradas na emoção (Lazarus, Folkman, 1984; Portnoi, 1999). A literatura oferece diferentes categorizações de estratégias de enfrentamento, no entanto, existem algumas categorias que são especialmente utilizadas por doentes com dor crônica. São estratégias tais como minimização, evitação, distanciamento, atenção seletiva, comparações positivas e extração de valores positivos de eventos negativos (Lazarus, Folkman, 1984). A frequência no uso e a eficiência destas estratégias no enfrentamento da dor independem da idade dos doentes. Keefe, Williams(1990) examinaram os efeitos da idade na frequência do uso e eficiência percebida das estratégias de enfrentamento em doentes com dor crônica. Eles avaliaram doentes em quatro faixas etárias (jovem, médio, mais velho e geriátrico) através do Coping Strategies Questionnaire (CSQ), medidas de dor, depressão e distress psicológico (efeitos nocivos do stress e que envolvem sentimentos desagradáveis). Doentes que qualificaram sua habilidade para diminuir a dor como relativamente alta, apresentaram níveis mais baixos de depressão e gravidade da dor. Em estudo realizado com mastectomizadas Rodrigues et al (2002) observaram que um dos mecanismos de enfrentamento utilizados pelas mulheres para superar a perda da mama foi a minimização de sentimentos negativos relacionados a essa perda, e, como conseqüência, a aceitação da condição de mastectomizada. 24 Estratégias de enfrentamento psicológico correspondem a mecanismo mental que protege o indivíduo de aspectos considerados ameaçadores, originários do ambiente ou de pensamentos. As diferentes situações que acometem um indivíduo exigem também diferentes formas de enfrentamento. O que significa que este processo é dinâmico e contínuo. É preciso então, que cada indivíduo desenvolva técnicas de enfrentamento cada vez mais eficazes, para que assim consiga obter maior equilíbrio (homeostase) e, consequentemente, ocorra fortalecimento do sistema imunológico (Guido, 2003). O CSQ, versão adaptada para o Brasil por Portnoi em 1999, tem como objetivo avaliar as estratégias de enfrentamento do doente diante da dor crônica, nomeadas como: distração da atenção, reinterpretação das sensações dolorosas, autoafirmações de coping, ignorar as sensações de dor, rezar/esperar, catastrofização e aumento da atividade comportamental. Além de identificar as estratégias, também avalia a habilidade percebida, pelo indivíduo, de controle e diminuição da dor a partir de mecanismos comportamentais (Robinson et al, 1997). Possui 50 questões que devem ser classificadas em termos de frequência numa escala de 0 a 6 pontos. Os escores são obtidos por estratégia, através da somatória da pontuação atribuída (Rosenstiel, Keefe, 1983). A catastrofização, um dos mecanismos de enfrentamento da dor, consiste em uma má adaptação psicológica à dor, que leva a uma experiência de dor intensificada, uma maior incapacidade funcional e a uma dificuldade de desconectarse da sensação dolorosa (Sullivan et al., 2001). Beck et al (1997) discutiram a catastrofização como a convicção no pior desdobramento possível para qualquer situação em que exista a possibilidade de acontecer algo desagradável. Este pessimismo está associado a uma sensação de vulnerabilidade e de possuir controle insuficiente sobre o que está acontecendo ou irá acontecer. ―Como esta situação é terrível; eu definitivamente não posso suportá-la!‖ Este foi o exemplo de catastrofização dado por Albert Ellis, o fundador da terapia ―emocional-racional‖ e o primeiro a utilizar o termo (Turner, 2001). Dr. Beck et al (1997) referem-se à catastrofização, como uma distorção cognitiva presente no indivíduo com transtornos de ansiedade. Os indivíduos ansiosos podem interpretar sensações somáticas normais como distorções catastróficas. A catastrofização tem sido estudada como o processo de pensamento que mais influencia a percepção da dor. Os indivíduos 25 apresentam uma tendência a exagerar o valor da ameaça ou a gravidade das sensações de dor. Assim, a catastrofização está relacionada à ansiedade na medida em que esta última inclui a tendência a superestimar a probabilidade de eventos catastróficos e aos possíveis resultados de tal evento (Edwards et al, 2009). As interpretações catastróficas dos sintomas físicos podem ser uma percepção errônea de sinais corporais não patológicos como sinal de doença orgânica grave. O indivíduo desenvolve um viés ao dirigir sua atenção seletivamente para a informação que confirme a idéia de doença e que ignore aquela que evidencia seu bom estado de saúde. A ativação de crenças problemáticas provoca o surgimento de imagens desagradáveis e pensamentos automáticos negativos, cujo conteúdo implica numa interpretação catastrófica das sensações ou sinais corporais (Mercante, 2010). 1.5. DOR PÓS-OPERATÓRIA A dor no pós-operatório é evento frequente e ocorre naturalmente como forma de alerta (Apfelbaum et al, 2003). A lesão tecidual produzida pelo trauma cirúrgico é o fator desencadeante para o aparecimento da dor pós-operatória (Menezes, 2009). Por ser fenômeno previsível, após qualquer procedimento cirúrgico, ela deveria ser prevenida e tratada adequadamente (Power I, 2005) . Além do aspecto desagradável e das repercussões fisiológicas no pós-operatório, a dor retarda a deambulação precoce do paciente e sua alta hospitalar. Alguns autores acreditam que, apesar dos fármacos e técnicas analgésicas disponíveis, a prevalência de dor no pós-operatório é surpreendentemente alta (Apfelbaum et al, 2003; Power, 2005; Omote, 2007). A prevalência da dor pós-operatória foi estimada nas décadas de 70 e 80 em 73% e 58% respectivamente (Marks, Sachar, 1973; Donovan et al, 1987). Em serviços com protocolos rígidos para o controle da dor pós-operatória, a prevalência pode diminuir significativamente observando-se prevalência de dor de apenas 7% nos pacientes operados em regime ambulatorial (Chung et al, 1997). Em Couceiro et al (2009b), a prevalência de dor pós-operatória nas primeiras 24 horas foi igual a 46%. Não houve diferença significativa da prevalência entre os sexos (p = 0,681) e 26 em relação à idade (p = 0,469). No que se refere ao tipo de operação, os dados revelaram associação significativa com 59% dos pacientes da Cirurgia Geral referindo dor contra 35,8% das demais clínicas (p = 0,003). Sabe-se que o tratamento inadequado da dor pós-operatória resulta no longo prazo em retardo na recuperação (Burckhardt, Jones, 2005) e ocorrência de dor crônica pós-cirúrgica (Joshi, White, 2001; Nikolajsen et al, 2004; Avasvang, Kehlet, 2005) causando interferência na qualidade de vida dos pacientes. Couceiro et al (2009b), apesar da alta prevalência de dor encontrada, em sua maioria de moderada a forte intensidade não identificaram retardo na alta hospitalar. Além da dor aguda, inerente a todos os procedimentos cirúrgicos, as pacientes submetidas a tratamentos cirúrgicos para câncer de mama podem desenvolver Síndrome Dolorosa Pós-mastectomia (SDPM), que é descrita como dor crônica, de origem neuropática (Carpenter et al, 1998; Jung et al, 2003), na qual o exame neurológico detecta lesão do nervo intercostobraquial (Wallace et al, 1996; Jung et al, 2003). A dor crônica secundária ao procedimento cirúrgico pode ser nociceptiva resultante da lesão dos músculos e ligamentos, e neuropática – resultante da lesão de nervos ou disfunção do sistema nervoso, entidade esta que tem sido mais estudada por ser mais frequente e corresponde à SDPM (Merskey, Bogduk, 1994). Os fatores de risco para o desenvolvimento da SDPM podem estar relacionados à paciente ou ao procedimento cirúrgico. Dentre os fatores relacionados à paciente, pode-se citar: idade (Smith et al, 1999), não ter companheiro (Katz et al, 2005) e o índice de massa corpórea (IMC) (MacDonald et al, 2005). No que se refere à idade, quanto mais jovens as mulheres, maior a probabilidade de desenvolver a SDPM (Kennedy et al, 1999; Smith et al, 1999; MacDonald et al, 2005; Couceiro et al, 2009b). Alguns autores tentam explicar os motivos que levam à maior frequência desta síndrome em pacientes mais jovens: 1) aumento da sensibilidade nervosa; 2) natureza do câncer em paciente prémenopausa; 3) menor limiar sensitivo decorrente da maior ansiedade; 4) maior invasão cirúrgica na dissecção axilar (Leong et al, 2000). Wallace et al (1996) consideraram o IMC elevado como fator de risco para o aparecimento da síndrome, diferente de outros autores que não encontraram correlação entre IMC e SDPM (MacDonald et al, 2005; Poleshuck et al, 2006). 27 Quanto aos fatores relacionados ao procedimento cirúrgico são citados: 1) a presença e a intensidade da dor no pós-operatório (Perkins, Kehlet, 2000; Kehlet et al, 2006) - quanto maior a intensidade da dor pós-operatória e o consumo de analgésicos, maior o risco de ocorrer dor da mama fantasma ou qualquer dor neuropática correlata (Tasmuth et al, 1995; 1996; 1997); 2) o tipo da operação, a mastectomia radical é citada por alguns autores como sendo o fator de risco de maior importância quando comparada às técnicas mais conservadoras como a quadrantectomia (Poleshuck et al, 2006). Já estudos recentes demonstraram que este fator de risco está relacionado à linfadenectomia axilar e não à mastectomia ou à quadrantectomia (Mansel et al, 2006). A morbidade resultante da linfadenectomia axilar seletiva (retirada de linfonodo sentinela para biópsia) é menor quando comparada à linfadenectomia axilar (Schrenk et al, 2000), o que é confirmado por estudo multicêntrico com distribuição aleatória dos pacientes nos grupos onde foram estudadas 1.031 pacientes divididas em dois grupos; um grupo com 515 pacientes submetidas à linfadenectomia axilar seletiva e outro grupo com 516 pacientes submetidas à linfadenectomia axilar. Os autores encontraram menor morbidade relacionada aos sintomas relatados no braço pelas pacientes que foram submetidas à linfadenectomia axilar seletiva (Mansel et al, 2006). Também essa técnica cirúrgica está associada ao menor risco de dor crônica pós-operatória (Schrenk et al, 2000; Miguel et al, 2001). Para Wallace et al (1996), a reconstrução mamária imediata resulta em prevalência maior de SDPM, diferente de Caffo et al (2003) que demonstraram não haver diferença significativa entre as diversas técnicas cirúrgicas empregadas. A radioterapia, empregada como tratamento coadjuvante, tem sido identificada como fator de risco (Poleshuck et al, 2006). São características da dor após mastectomia: dor em queimação e sensação de aperto ou constrição na axila, terço medial e superior do braço e tórax, com sensação lancinante sobreposta e sensibilidade aumentada na cicatriz. Segundo Elliott, Foley (1990), menos de 10% das pacientes submetidos à mastectomia desenvolveu dor crônica. Pesquisa mais recente relatou dor crônica, parestesias e sensações fantasma em até metade dos casos (Tasmuth et al, 1995). Outros fatores que podem contribuir para o desenvolvimento da SDPM incluem dissecção axilar (Maunsell et al, 1993) e reconstrução mamária com implantes após a mastectomia (Wallace et al, 1996). A colocação do implante submuscular pode causar lesões nos 28 nervos peitorais torácico, toracodorsal, peitoral lateral e medial. Formação da cápsula ao redor do implante também pode envolver o torácico longo e os dois nervos peitorais causando dor (Couceiro et al, 2009b). 1.6. AVALIAÇÃO DA DOR PÓS-OPERATÓRIA Todas as pessoas em algum momento da vida terão dor, seja ela de causa traumática, infecciosa, neuropática, psicogênica ou idiopática. A maior parte delas é autolimitada e não traz maiores repercussões para o indivíduo, exceto o desconforto passageiro, e, desaparecem espontaneamente com o uso de métodos não medicamentosos ou com analgésicos comuns (Carvalho, Kowacs, 2006). Para o adequado alívio da dor é de fundamental importância sua avaliação. Porém, no pós-operatório imediato, o paciente se encontra sob efeitos residuais de anestésicos, podendo não colaborar na aplicação das várias escalas disponíveis. No entanto, é necessário que se quantifique a dor e assim, seja iniciado o seu tratamento (Couceiro, Brawn Filho, 2009c). A dor pode ser medida através do relato do paciente, usando escalas e pela quantidade de analgésicos que o paciente solicita (Sakata, 2004). As dores podem ser classificadas de diversas maneiras, segundo o paradigma adotado, em agudas, crônicas, recorrentes, nociceptivas, neuropáticas etc. A intensidade, pode ser um desses paradigmas de classificação em, por exemplo, leve ou fraca, moderada ou média, forte ou intensa e muito forte ou insuportável (Carvalho e Kowacs, 2006). A informação do paciente em relação à intensidade da dor é subjetiva, uma vez que varia de acordo com as experiências dolorosas anteriores, com a etnia, com o sexo, a idade e ainda em função de vivências culturais, emocionais e ambientais e de processo fisiopatológico (Garcia, Goto, 2003). A dor é experiência pessoal e subjetiva, com tendência a alterações e cronicidade e, portanto deve ser avaliada regularmente (Gomes et al, 2006). Essa subjetividade dificulta a definição paradigmática como também sua avaliação e, aponta mais para que a intensidade da dor seja conceituada, ao invés de definida (McCaffery, Pasero, 1999; Garcia, Goto, 2003). Muitos pacientes relatam 29 dificuldade em distinguir a dor leve da dor moderada, indicando que essa redução deve ser interpretada com cautela, enquanto a redução de dor intensa e insuportável para leve ou ausente são significativas (International Headache Society, 2006). A dor foi descrita em 2001, pela Agência Americana de Pesquisa e Qualidade em Saúde Pública e pela Sociedade Americana de Dor, como o ¨quinto¨ sinal vital, devendo sempre ser registrada ao mesmo tempo e no mesmo ambiente clínico em que são avaliados temperatura, pulso, respiração e pressão arterial. A partir daí, a mensuração da dor começou a ser enfatizada para que fosse determinada a necessidade do tratamento, sua eficácia e sua continuidade. Avaliações regulares da dor permitem individualizar um tratamento em relação às doses e aos intervalos de tempo, melhorando, em última análise a qualidade do período pós-operatório (Menezes, 2009). A mensuração da dor é também um desafio aos pesquisadores da área em razão da subjetividade, complexidade e multidimensionalidade da experiência dolorosa (Sakata, 2004). Em relação à mensuração da dor aguda, mais especificamente da dor pósoperatória, estudos têm sido realizados com uso das escalas de avaliação que possibilitam conhecer a intensidade da dor e o consequente alívio obtido pela utilização de técnicas analgésicas (Pereira, Sousa, 1998). Porém, no pós-operatório imediato, o paciente se encontra sob efeitos residuais dos anestésicos, podendo não colaborar na aplicação das várias escalas disponíveis, daí ser importante que as explicações sobre as escalas sejam dadas antes da administração da anestesia (Couceiro, Brawn Filho, 2009c). Existem vários métodos para avaliação da dor e cada um tem o seu uso em diferentes situações clínicas. Os instrumentos podem ser unidimensionais e multidimensionais (Gomes et al, 2006). As escalas unidimensionais de dor, nas quais o paciente é questionado para descrever a intensidade de sua dor, são utilizadas na maioria das vezes, para mensurar a intensidade da dor e consequente alívio obtido pelo emprego de diferentes analgésicos (Pereira e Souza, 1998; Gomes et al, 2006). Podem ser de três tipos: 1) analógica visual: na qual há possibilidade de julgamentos visuais numa 30 dimensão tomada como padrão onde o paciente, através de uma régua, indica a intensidade de sua dor; em uma extremidade tem-se ―ausência de dor‖ e na outra ―a pior dor possível‖; 2) numérica: o paciente quantifica a intensidade de sua dor em uma escala de 0 a 10; 3) categórica: são as escalas verbais nas quais utilizam-se categorias adjetivais e o paciente classifica a sua dor como ausente, leve, moderada ou intensa (Gomes et al, 2006). Nessas escalas ordinais o número de categorias utilizadas varia de acordo com o problema a ser investigado. Nas numéricas, esse número pode variar de 0 a 100 (até 101 pontos), sendo aquelas de 0 a 5 (6 pontos), 0 a 10 (11pontos) e 0 a 20 (21 pontos) as mais utilizadas, tendo essas a vantagem de serem familiares aos participantes, uma vez que o ser humano utiliza números desde sua infância (Pereira e Sousa, 1998). As escalas são confiáveis e válidas e podem ser usadas em associação com as recomendações analgésicas da OMS (Chapman et al, 1985). São frequentemente empregadas em ambientes clínicos por serem de aplicação fácil e rápida. Particularmente, as escalas numérica e categórica são fáceis para os pacientes e, em geral, podem ser usadas para avaliar a intensidade da dor tanto em ambulatórios quanto em hospitais. A escala categórica é facilmente entendida até mesmo por aqueles pacientes com déficit cognitivo (Gomes et al, 2006). A VAS, mais frequentemente utilizada na mensuração da dor pós-operatória, consiste de uma faixa limitada de 10 cm de comprimento, a qual representa o contínuo da experiência dolorosa e tem em suas extremidades palavras-âncora como: sem dor e pior dor possível, ou frases análogas. Os participantes são instruídos a assinalar a intensidade da sensação dolorosa em um ponto dessa reta, sendo que os escores podem variar de 0 (zero) a 10 (dez) e são obtidos medindo-se, em milímetros, a distância entre a extremidade ancorada pelas palavras sem dor e o ponto assinalado pelo participante. A magnitude da dor é indicada pelo paciente marcando a linha no local que julga ser o mais adequado para sua dor e, uma régua é utilizada para quantificar a mensuração numa escala de 0-100 mm. O escore é obtido medindo-se a distância entre ausência de dor e o local assinalado. Tanto a linha horizontal como a vertical são usadas com boa correlação, entretanto, os escores da vertical costumam ser um pouco maiores do que os da horizontal. Algumas escalas colocam pontos nas extremidades, porém isso pode influenciar na 31 localização da marca pelo paciente, fazendo com que ele não selecione as extremidades (Sakata, 2004). Tal escala tem a vantagem de ser de fácil aplicação, porém, alguns participantes, especialmente crianças e idosos, referem dificuldades em utilizá-la, o que, possivelmente, é decorrente da necessidade de certa abstração para compreendê-la (Pereira, Sousa, 1998). A VAS também pode ser usada para avaliar o alívio da dor, a satisfação com o tratamento e ainda a intensidade de outros sintomas como a náusea. Ainda, pode ser utilizada com vários programas de computação o que permite resultados consistentes. Pode ser aplicada na dor aguda ou crônica e experimental e pode ser avaliada por testes paramétricos (Sakata, 2004). De acordo com Huskisson* citado por Sousa e Silva (2005) este instrumento tem sido considerado sensível, simples, reproduzível e universal, ou seja, pode ser compreendido em distintas situações onde há diferenças culturais ou de linguagem do avaliador, clínico ou examinador. Entretanto, Collins et al (1997) publicou estudo em que foi verificado que uma marca acima de 3 cm numa escala de 10 cm poderia incluir 85% dos sujeitos que estimaram sua dor como moderada numa escala de categorias de 4 pontos, e 98% dos sujeitos que registraram dor intensa. Para Sousa e Silva (2005) isto indica que, uma estimativa acima de 3 cm é razoavelmente fidedigna para incluir pacientes com dor intensa, mas, ela também pode abarcar pacientes com dor moderada ou menos. Isto demonstra que a VAS pode ser útil para comparar um paciente com ele próprio ao longo do tempo, mas, é menos confiável em comparar indivíduos um com o outro (Collins et al, 1997). No entanto, é importante assegurar que o paciente tenha entendido a explicação, pois mesmo um conceito simples pode ser difícil de ser entendido, numa situação de estresse. Quando possível a explicação deve ser dada antes da anestesia. Há necessidade de maior concentração e coordenação motora para assinalar a VAS, podendo ser difícil no pós-operatório imediato, ou quando há * Huskisson APUD Sousa FF, Silva JA. A métrica da dor (dormetria): problemas teóricos e metodológicos. Rev Dor. 2005; 6:469-513. 32 alteração cognitiva e desordem neurológica. A VAS é mais sensível que a observação ou a escala descritiva, mas a sensibilidade diminui quando a distribuição não é uniforme (Sakata, 2004). Como a VAS mede a intensidade, no momento, é necessário fazer várias avaliações e os testes realizados com muita frequência podem ter redução na acurácia, porque os pacientes tornam-se não cooperativos ou se lembram dos escores anteriores, sendo por eles influenciados (Sakata, 2004). A EV geralmente usa palavras para descrever a intensidade da dor, pois é a maneira mais fácil de medir a dor. O paciente relata ou assinala a palavra mais apropriada. A maioria dos autores utiliza quatro palavras: ausente, leve, moderada e intensa. Para análise, as palavras são enumeradas: ausente=0; leve=1; moderada=2 e intensa=3. Já o alívio da dor é avaliado através de cinco palavras: nenhum, discreto, moderado, bom e completo. Alívio ausente=0; discreto=1; moderado=2; bom=3 e completo=4 (Sakata, 2004). A verbalização da dor pelo paciente com uso de adjetivos leva a uma enorme diversidade complicadora, própria dessas descrições verbais, cujas palavras se apresentam muito voltadas às qualidades e nem tanto à intensidade da dor. Pode-se acreditar que isso tenha levado à chamada escala de descritores verbais, caracterizando assim a ausência de dor ou sem dor, dor fraca ou leve, dor moderada ou média, dor forte ou intensa e muito forte ou insuportável. Contém geralmente 5 ou 6 pontos, tendo essas também a vantagem de serem familiares aos participantes uma vez que são utilizadas palavras comuns do vocabulário, as quais expressam a dor qualitativamente (Kremer et al, 1981; Chapman et al, 1985; Pereira e Sousa, 1998; Pimenta, Portnoi, 1999). Os dados dos pacientes são reunidos para formar um valor médio e, às vezes, a mediana. A validade de converter categorias em escores numéricos foi checada através da VAS, e apresentou boa correlação, principalmente na escala de alívio da dor. A EV correlaciona com a VAS em muitas situações, sendo mais útil que esta em dor experimental, pois mais pacientes são capazes de completar a EV que a VAS ou a numérica. As escalas de alivio da dor são mais fáceis e mais sensíveis (Sakata, 2004). 33 A principal vantagem da EV é a facilidade e rapidez para realizá-la. A desvantagem é o número reduzido de descritores para a resposta, forçando o paciente a escolher um, mesmo que não seja o mais adequado para a sua dor. A escala é descontínua, necessitando de análise não paramétrica para comparar os resultados de uma pesquisa (Sakata, 2004). Nas escalas de categorias é possível saber apenas se há diferenças entre uma categoria e a outra, porém, não se estabelece a razão entre elas. A faixa de alternativas de respostas é limitada e os participantes, instruídos a escolher dentre elas aquela que melhor represente a intensidade de sua dor, tendem a optar pelos extremos quando fazem os julgamentos. Também não é possível afirmar que as distâncias entre as várias categorias sejam iguais, conforme é mostrado pela escala métrica (Chapman et al, 1985; Pimenta, Portnoi, 1999). Ferramentas de avaliação de dor detalhadas foram desenvolvidas para auxiliar o especialista a medir e avaliar o efeito da dor no humor, nas atividades diárias e na qualidade de vida - propriedades estas que a escala unidimensional não consegue detectar (Cleeland, 1990). Entretanto, as escalas multidimensionais são mais difíceis para o paciente completar e, além disso, a influência da dor na vida do indivíduo pode ser avaliada por um histórico detalhado. Elas devem ser reservadas para situações específicas, como estudos científicos (Gomes et al, 2006). Algumas escalas multidimensionais incluem indicadores fisiológicos, comportamentais, contextuais e, também, os auto-registros por parte do paciente. Um exemplo é o Questionário de McGill, que utiliza palavras como descritores para a avaliação dos componentes sensorial, afetivo e avaliativo da dor (Graham et al, 1980). Escalas de palavras afetivas que descrevem a experiência da dor são incluídas no questionário e podem detectar sinais de depressão. Uma crítica aos instrumentos de avaliação multidimensional da dor é justamente ao fato de serem instrumentos complexos, de difícil aplicação na prática clínica e de entendimento pelo paciente (Oliveira Júnior, 2001). A escolha de um instrumento para mensurar a dor deve, antes de tudo, ser de fácil aplicabilidade e adequar-se ao nível de compreensão do paciente (Campos, 2005). 34 Verifica-se que nos instrumentos utilizados atualmente para avaliação da dor há inexistência de uma medida que permita avaliação global do fenômeno doloroso, livre de vieses. Mesmo que algumas medidas tenham o objetivo de englobar todas as dimensões pertinentes à dor, não conseguem ter aceitação universal (Sakata, 2004). A mensuração da dor no meio clínico ganhou maior atenção nas últimas décadas. Estudos nacionais e internacionais evidenciam que os instrumentos unidimensionais ainda prevalecem na mensuração da experiência dolorosa, especialmente no meio cirúrgico (Pereira, Sousa, 1998). 35 1. OBJETIVOS Os objetivos primários desse estudo com pacientes no período pré e pósoperatório imediato de tratamento cirúrgico de câncer de mama foram avaliar as seguintes questões: O relacionamento entre os mecanismos psicológicos de enfrentamento e a intensidade da dor aguda; A correlação entre a medida dos sintomas de ansiedade e de depressão com a intensidade da dor aguda; Como objetivos secundários avaliaram-se: As relações entre os mecanismos psicológicos de enfrentamento com os sintomas de ansiedade e de depressão no período pré-operatório; A relação entre sintomas de ansiedade e de depressão pré e pós- operatória operatória. A relação entre enfrentamento e sintomas de depressão pós- 36 2. CASUÍSTICA E MÉTODO 3.1. Sujeitos O estudo foi conduzido em Recife e desenvolvido simultaneamente em três serviços de Patologia Mamária: Realmama (RM), Hospital do Câncer de Pernambuco (HCP) e Hospital Materno Infantil de Pernambuco (IMIP). O estudo foi prospectivo, longitudinal com seguimento de até sete dias de pósoperatório. Foram incluídas no estudo 160 pacientes do sexo feminino no período de setembro de 2007 a maio de 2009, estado físico ASA I ou II, com idade entre 18 e 80 anos, no período pré e pós-operatório imediato de tratamento cirúrgico do câncer de mama, visando analisar a presença de sintomas de ansiedade e de depressão, a presença de mecanismos psicológicos de enfrentamento da dor e sua relação com a dor aguda através de instrumentos de pesquisa constituídos por questionários, VAS e EV de quatro termos. Foram excluídas do estudo pacientes: que se recusaram a participar; menores de 18 anos e maiores de 80; com deficiência visual ou auditiva intensas; que não tinham domínio da língua portuguesa; com distúrbios cognitivos evidentes; O cálculo da amostra foi baseado em resultados de trabalhos similares com nível de significância de 5% e um poder de 95%. O tamanho da amostra foi calculado para um n de 130 a 140 pacientes (Teste de associação – Qui quadrado). 37 3.2. Instrumentos Ficha de Dados Sócio Demográficos - FDSD ANEXO 1 SRQ 20 - Self-Reporting Questionnaire ANEXO 2 CSQ – Coping Strategies Questionnaire ANEXO 3 HADS - Hospital Anxiety Depression Scale ANEXO 4 Ficha de avaliação da dor pós-operatória ANEXO 5 Termo de Consentimento Livre e Esclarecido ANEXO 6 Para rastreamento de pacientes com suspeita de transtornos mentais foi utilizado o SRQ 20 – Self-Report Questionnaire (anexo 2) que consiste de 20 questões , com respostas o do tipo sim ou não. Cada resposta afirmativa pontua com o valor 1 para compor o escore final por meio do somatório destes valores. Os escores obtidos estão relacionados com a probabilidade de presença de transtorno não-psicótico, variando de 0 (nenhuma probabilidade) a 20 (extrema probabilidade). Os Pontos de Corte para Distúrbios não-psicóticos foram: Baixo<7 e Alto>8 (Mari et al, 1987). Neste trabalho, considerou-se que as pacientes que obtivessem escores de até sete pontos seriam consideradas SRQ negativo, enquanto as que obtivessem pontuações acima desta teriam a denominação de SRQ positivo. Pacientes com escores superiores a 12 por permitirem levantar suspeita de distúrbios psiquiátricos foram eliminadas do estudo. Para identificação dos mecanismos de enfrentamento foi utilizado o CSQ (anexo 3), versão adaptada para o Brasil (Portnoi, 1999) que avalia sete estratégias de enfrentamento da dor crônica onde os escores são obtidos por estratégias, através da somatória da pontuação atribuída. Possui 50 questões que devem ser classificadas em termos de frequência numa escala de 0 a 6 pontos. De acordo com o foco de avaliação das questões o instrumento é dividido em oito grupos que aqui foram denominados (G1 a G8) de maneira que cada grupo de perguntas corresponde a diferentes formas de enfrentamento. Assim, G1 avalia o desvio da atenção, G2 a reinterpretação das sensações dolorosas, G3 a auto-afirmação de coping, G4 ignorar as sensações dolorosas, G5 rezar / esperar, G6 a catastrofização, G7 o aumento das atividades comportamentais e G8 a habilidade de controle e de diminuição da dor. Ainda, cada grupo de questões do CSQ vai 38 analisar: aspecto cognitivo e comportamental – G1 e G7; estratégias de controle de sensação dolorosa – G2 e G4; fé em si e a fé em um ser superior – G3 e G5; a catastrofização – G6; e, habilidade de controle e de diminuição da dor - G8. A HADS foi o instrumento utilizado para identificar sintomas de ansiedade e de depressão no pré e no pós-operatório (anexo 4). A HADS é composta por 14 itens, dos quais sete voltados para a avaliação de sintomas de ansiedade (hads_a) e sete para sintomas de depressão (hads_d). Cada um dos seus itens pode ser pontuado de 0 a 3, compondo pontuação máxima de 21 pontos para cada sub-escala. São somados os pontos de cada sub-escala separadamente. As questões com número ímpar avaliam sintomas de ansiedade (1,3,5,7,9,11,13) e as com número par avaliam sintomas de depressão (2,4,6,8,10,12,14) (Marcolino, 2007). Para a avaliação da freqüência dos sintomas de ansiedade e dos sintomas de depressão foram obtidas as respostas aos itens da HADS. Foram adotados os pontos de corte apontados por Zigmond e Snaith (1983) e recomendados para ambas as subescalas: Ponto de corte: < 8 = normal > 8 = ansiedade / depressão – casos possíveis > 11 = ansiedade / depressão – casos prováveis > 15 = distúrbios graves Para avaliação da dor pós-operatória foram utilizadas duas escalas: VAS e a EV com quatro termos. A VAS é uma escala unidimensional que consiste de uma faixa limitada de 10 cm de comprimento, a qual representa o contínuo da experiência dolorosa e tem em suas extremidades palavras-âncora como: sem dor (a esquerda) e pior dor possível (a direita). As pacientes foram instruídas a assinalar a intensidade da sensação dolorosa em um ponto dessa reta. Os escores que avaliam a magnitude da dor podem variar de 0 (zero) a 10 (dez) e são obtidos medindo-se, em milímetros, a distância entre a extremidade ancorada pelas palavras sem dor e o ponto assinalado pela paciente. VAS: sem dor Marque nesta linha o ponto da dor a pior dor possível 39 A EV de quatro termos foi utilizada com palavras para descrever a intensidade da dor. A paciente escolheu a palavra mais apropriada à sua dor, entre: ausente, leve, moderada e intensa. Para avaliação, as palavras são enumeradas: ausente=0; leve=1; moderada=2 e intensa=3. Para análise estatística a EV com quatro termos foi agrupada em dois subgrupos: 1) dor ausente ou leve e 2) dor moderada ou intensa. ausente ausente ou leve leve DOR AGRUPADA moderada moderada ou intensa intensa 3.3. Procedimentos Após aprovação pelos Comitês de Ética em Pesquisa da Universidade de Pernambuco (anexo 8) e do Hospital do Câncer de Pernambuco (anexo 9), e, pela chefia dos serviços de patologia mamária do IMIP e Realmama, todas as pacientes foram convidadas a participar do estudo, sendo devidamente informadas sobre os procedimentos da pesquisa e as que concordaram em participar assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido-TCLE (Anexo 6). Participaram do estudo pacientes portadoras de câncer da mama submetidas a tratamento cirúrgico, mastectomia ou quadrantectomia, com ou sem esvaziamento ganglionar axilar. A avaliação das pacientes seguiu a seguinte sequência: Pré-operatório imediato: um dia antes da intervenção cirúrgica TCLE FDSD SRQ 20 CSQ HADS 40 Primeiro dia de pós-operatório (1° DPO): Pesquisa nos prontuários para averiguação da operação e anestesia realizadas e uso e horário de analgésicos no intraoperatório; Análise da prescrição e administração de analgésicos no pósoperatório com anotação em ficha própria; Visitas sequenciais às pacientes, no primeiro e segundo dias de pós-operatório (quatro visitas por paciente), para avaliação da dor através da EV e VAS e preenchimento da ficha de controle da dor pós-operatória (anexo 6); Sétimo dia de pós-operatório (7° DPO): Nova aplicação da HADS (no hospital ou entregue às pacientes para ser respondida em casa e devolvida pessoalmente ou via postal. Obs.: No caso de o entrevistado ser analfabeto, a pesquisadora ou um familiar orientado leu os instrumentos e anotou as respostas. 41 SEQUÊNCIA DO ESTUDO Pré- operatório 1º DPO TCLE Dados da operação e FDSM analgesia transoperatória 7 º DPO HADS HADS SRQ 20 Uso de analgésicos CSQ VAS (6-12-18-24) EV (6-12-18-24) TCLE: Termo de consentimento livre e esclarecido FDSM: Ficha de dados sócio-demográficos HADS: Escala Hospitalar de Ansiedade e Depressão SRQ 20: Self-Reporting Questionnaire 3.4. CSQ: Coping Strategies Questionnaire DPO: Dia pós- operatório VAS: Escala analógica visual EV: Escala verbal Análise Os dados obtidos foram computados no sistema computacional Statistical Package for the Social Sciences (SPSS) for windows 13. Foram analisadas as variáveis sócio-demográficas e de dados clínicos. Foi verificada a possível correlação entre as medidas de sintomas de ansiedade e sintomas de depressão com as medidas de avaliação dos mecanismos de enfrentamento e de avaliação de intensidade da dor. Foram usados os testes Exato de Fisher, de Qui-quadrado, t-Student, de MannWhitney e de McNemar para comparação dos sub-grupos. Foi considerada diferença estatisticamente significativa quando p<0,05. 42 4. RESULTADOS 4.1. Dados sócio-demográficos A amostra final ficou constituída por 139 pacientes no período pré e pósoperatório para tratamento cirúrgico de câncer de mama porque das 160 pacientes nove foram excluídas porque os questionários estavam incompletos e 12 (7,9%) foram eliminadas por apresentarem escores superiores a 12 no SRQ-20, instrumento utilizado para rastreamento de transtornos mentais (anexo 7). A idade variou de 27 a 76 anos, com média de 51,7 anos (DP=11,8). Em relação à cor da pele, 80 (57,6%) pacientes eram brancas, 55 (39,6%) eram negras ou mulatas e quatro (2,9%) eram amarelas. Quanto à profissão, 61 (43,9%) eram domésticas, 22 (15,8%) eram agricultoras, 18 (12,9%) trabalhavam com comércio, sete (5,0%) trabalhavam na área de saúde, dez (7,2%) com educação, dez (7,2%) estavam aposentadas, uma (0,7%) era estudante e dez (7,2%) eram de outras profissões. Em relação à ocupação, 94 (67,6%) pacientes tinham algum tipo de renda e 45 (32,4%) não tinham renda própria. Quanto ao estado conjugal das pacientes, 89 (64%) tinham companheiro e 50 (36%) não tinham companheiro. Em relação à escolaridade, 29 (20,9%) eram analfabetas ou sabiam apenas assinar o nome, 27 (19,4%) tinham cursado o primário, 41 (29,5%) tinham ensino fundamental, 16 (11,5%) tinham o colegial completo, e 26 (18,7%) tinham curso superior e/ou pós-graduação. Quanto à crença religiosa, 85 (61,2%) pacientes eram católicas, 44 (31,7%) eram evangélicas, nove (6,5%) eram espíritas e uma (0,7%) era Testemunha de Jeová. Com relação à operação realizada, 113 (81,3%) foram submetidas a mastectomia radical, 14 (10,1%) a quadrantectomia, nove (6,5%) a ressecção segmentar, uma (0,7%) a tumorectomia e uma (0,7%) a mastectomia bilateral. Das 43 139 pacientes, 122 (87,8%) fizeram também esvaziamento ganglionar axilar e em 17 (12,2%) o esvaziamento axilar não foi necessário. Quanto a antecedente de dor, 85 (61,2%) pacientes tinham história de algum tipo de dor e 54 (38,7%) negavam esta ocorrência. No entanto, nenhuma das pacientes era portadora ou fazia tratamento de dor crônica. A prevalência de dor aguda com a EV agrupada está descrita na Tab.4.1.1. TABELA 4.1.1 - Prevalência de dor aguda com a EV agrupada (6-12-18-24h) (Universidade de Pernambuco, 2010). n % EV6 ausente ou leve moderada ou intensa 101 38 72,7 27,3 EV12 ausente ou leve moderada ou intensa 116 23 83,5 16,5 EV18 ausente ou leve moderada ou intensa 125 14 89,9 10,1 ausente ou leve 136 97,8 moderada ou intensa 3 2,2 EV24 EV – Escala Verbal De acordo com os objetivos primários foram analisados as correlações entre enfrentamento e dor e, sintomas de ansiedade, sintomas de depressão e dor. 4.2. Mecanismos de enfrentamento e Dor (CSQ x EV agrupada) O CSQ foi comparado com a EV agrupada. A Tab. 4.2.1 mostra as comparações entre o CSQ (G1 a G4) e a EV agrupada. 44 TABELA 4.2.1 – Medidas resumo do CSQ(G1-G4) em relação à EV agrupada e ao tempo de pós-operatório (Universidade de Pernambuco, 2010). CSQ Tempo 6 horas 12 horas G1 18 horas 24 horas 6 horas 12 horas G2 18 horas 24 horas 6 horas 12 horas G3 18 horas 24 horas 6 horas 12 horas G4 18 horas 24 horas Escala Verbal N média desvio padrão mediana ausente ou leve 101 15,0 8,9 15,0 moderada ou intensa 38 14,9 10,3 13,5 ausente ou leve 116 15,4 9,2 15,0 moderada ou intensa 23 12,6 9,8 12,0 ausente ou leve 125 15,1 9,1 15,0 moderada ou intensa 14 13,6 11,0 12,5 ausente ou leve 136 15,0 9,4 14,5 moderada ou intensa 3 13,0 3,6 12,0 ausente ou leve 101 10,0 8,2 8,0 moderada ou intensa 38 7,1 6,9 6,0 ausente ou leve 116 9,7 8,0 8,0 moderada ou intensa 23 6,3 7,0 5,0 ausente ou leve 125 9,4 8,0 8,0 moderada ou intensa 14 6,8 7,0 6,0 ausente ou leve 136 9,2 8,0 6,5 moderada ou intensa 3 8,0 1,0 8,0 ausente ou leve 101 21,8 9,9 24,0 moderada ou intensa 38 18,6 10,1 18,5 ausente ou leve 116 21,6 9,8 23,5 moderada ou intensa 23 17,6 10,8 20,0 ausente ou leve 125 21,3 9,8 23,0 moderada ou intensa 14 17,5 11,7 15,0 ausente ou leve 136 20,9 10,0 21,5 moderada ou intensa 3 23,7 12,5 24,0 ausente ou leve 101 15,3 9,1 14,0 moderada ou intensa 38 14,1 8,6 14,0 ausente ou leve 116 15,4 9,1 14,5 moderada ou intensa 23 12,9 7,8 13,0 ausente ou leve 125 15,2 8,9 14,0 moderada ou intensa 14 13,7 9,1 11,5 ausente ou leve 136 15,1 9,0 14,0 3 10,3 6,7 7,0 moderada ou intensa EV – Escala Verbal da Dor CSQ – Coping Strategies Questionaire G1 - desvio da atenção G2 - reinterpretação das sensações dolorosas G3 - auto afirmação de coping G4 - ignorar as sensações dolorosas * teste t-Student p * 0,985 * 0,175 * 0,554 * 0,642 * 0,059 * 0,057 * 0,236 * 0,833 * 0,092 * 0,079 * 0,180 * 0,701 * 0,476 * 0,218 * 0,567 * 0,349 45 Nota-se no gráfico 4.2.1 que não há diferença do G1 (desvio da atenção) entre os subgrupos avaliados 6h após a cirurgia, que foi confirmado pelo teste estatístico (Tab.4.2.1). Às 12h e às 18h há uma leve diminuição no subgrupo 2, conforme ilustrado pelos gráficos boxplots. Observa-se que tanto a mediana, representada pela linha mais escura, quanto a ―caixa‖ do subgrupo 2 aparecem situadas em um patamar levemente inferior do que o subgrupo 1. Porém, o teste não mostra diferença estatística significativa (p´s iguais a 0,175 e 0,554, respectivamente). Às 24h somente três pacientes ainda referiam dor, razão pela qual as análises foram realizadas apenas em caráter exploratório. GRÁFICO 4.2.1 – CSQ G1 (desvio da atenção) em relação à EV e ao tempo de pós-operatório (Universidade de Pernambuco, 2010). 40,00 85 117 Coping (G1) 30,00 20,00 10,00 0,00 ausente ou leve moderada ou intensa EV6 (agrupada) CSQ – Coping Strategies Questionaire EV – Escala Verbal da Dor G1 - desvio da atenção * teste t-Student 46 No gráfico 4.2.2 vemos que o G2 (reinterpretação das sensações dolorosas) avaliado às 6h e às 12h parece menor para o subgrupo 2. O teste estatístico sugere o mesmo (p´s iguais a 0,059 e 0,057, respectivamente). Apesar do G2 avaliado às 18h no subgrupo 2 também parecer menor, não há diferença estatística nesse caso (p=0,236, conforme a Tab. 4.2.1). GRÁFICO 4.2.2 – Boxplots do CSQ G2 (reinterpretação da dor) em relação à EV e ao tempo de pós-operatório (Universidade de Pernambuco, 2010). CSQ – Coping Strategies Questionaire EV – Escala Verbal da Dor G2- reinterpretação da dor * teste t-Student 47 No gráfico 4.2.3 o G3 (autoafirmação de coping), às 6h, 12h e 18h, o gráfico boxplot sugere que este mecanismo de enfrentamento é levemente maior para as pacientes com pouca ou ausência de dor do que para as que tem alguma dor. Os testes sugerem o mesmo exceto para o gráfico das 18h. (p´s iguais a 0,092; 0,079 e 0,180, respectivamente)(Tab. 4.2.1). GRÁFICO 4.2.3– Boxplot do CSQ G3 (autoafirmação de coping) em relação à EV da dor e ao tempo de pós-operatório (Universidade de Pernambuco, 2010). CSQ – Coping Strategies Questionaire EV – Escala Verbal da Dor G3 – autoafirmação de coping * teste t-Student 48 No gráfico 4.2.4, o G4 (ignorar as sensações dolorosas) comparado entre os subgrupos não parece apresentar diferenças tanto às 6h, como para às 12h e 18h. Os testes estatísticos confirmam as impressões dos gráficos (Tab. 4.2.1). GRÁFICO 4.2.4 – Boxplot do CSQ G4 (ignorar sensação de dor) em relação à EV e ao tempo de pós-operatório (Universidade de Pernambuco, 2010). CSQ – Coping Strategies Questionaire EV – Escala Verbal da Dor G4 – ignorar a sensação de dor * teste t-Student 49 A Tab. 4.2.2 mostra as comparações entre o CSQ (G5 a G8) e a EV agrupada. TABELA 4.2.2 – Medidas resumo do CSQ(G5-G8) em relação à EV agrupada e ao tempo de pós-operatório (Universidade de Pernambuco, 2010). CSQ Tempo 6 horas 12 horas G5 18 horas 24 horas 6 horas 12 horas G6 18 horas 24 horas 6 horas 12 horas G7 18 horas 24 horas 6 horas 12 horas G8 18 horas 24 horas EV n média ausente ou leve 101 26,4 8,8 29,0 moderada ou intensa 38 25,4 9,2 27,0 ausente ou leve 116 26,4 8,8 29,0 moderada ou intensa 23 24,8 9,0 28,0 ausente ou leve 125 26,5 8,6 29,0 moderada ou intensa 14 22,6 10,3 24,5 ausente ou leve 136 26,2 8,8 29,0 3 20,7 13,7 23,0 101 8,0 6,8 6,0 moderada ou intensa 38 8,2 5,9 6,5 ausente ou leve 116 7,5 6,5 6,0 moderada ou intensa 23 10,8 6,2 11,0 ausente ou leve 125 8,0 6,6 6,0 moderada ou intensa 14 8,9 6,2 7,5 ausente ou leve 136 8,0 6,6 6,0 3 11,0 4,6 12,0 101 15,3 9,5 16,0 moderada ou intensa 38 12,6 9,5 11,0 ausente ou leve 116 15,1 9,7 16,0 moderada ou intensa 23 11,9 8,7 11,0 ausente ou leve 125 15,0 9,5 16,0 moderada ou intensa 14 10,9 9,8 9,5 ausente ou leve 136 14,7 9,5 14,5 3 9,7 11,9 6,0 101 7,0 3,4 6,0 moderada ou intensa 38 6,2 3,1 6,0 ausente ou leve 116 7,0 3,2 6,0 moderada ou intensa 23 5,9 3,8 6,0 ausente ou leve 125 6,9 3,2 6,0 moderada ou intensa 14 5,8 4,4 6,0 ausente ou leve 136 6,7 3,3 6,0 3 9,3 3,1 10,0 moderada ou intensa ausente ou leve moderada ou intensa ausente ou leve moderada ou intensa ausente ou leve moderada ou intensa CSQ - Coping Strategies Questionnaire * teste t-Student G5 - rezar / esperar G6 - catastrofização desvio padrão mediana p * 0,583 * 0,444 * 0,121 * 0,403 * 0,867 * 0,026 * 0,602 * 0,269 * 0,134 * 0,142 * 0,131 * 0,364 ** 0,194 ** 0,161 ** 0,327 ** 0,176 EV – Escala Verbal da Dor ** teste Mann-Whitney G7 - aumento das atividades comportamentais G8 - habilidade de controle e diminuição da dor 50 No gráfico 4.2.5, referente ao G5 (rezar e esperar), vemos que às 6h e às 12h as pacientes dos dois subgrupos parecem se apoiar na fé de forma igual, sem diferença estatística entre eles (p´s iguais a 0,583 e 0,444, respectivamente como mostra a Tab. 4.2.2). Já às 18h, as pacientes com dor moderada ou intensa parecem se apoiar menos na fé do que as do outro subgrupo, porém não há diferença estatística entre elas (p=0,121). GRÁFICO 4.2.5 – Boxplot do CSQ G5 (rezar e esperar) em relação à EV e ao tempo de pós-operatório (Universidade de Pernambuco, 2010). CSQ – Coping Strategies Questionaire EV – Escala Verbal da Dor G5 – rezar e esperar * teste t-Student 51 Em relação ao G6 (catastrofização) no gráfico 4.2.6 vemos que às 6h e às 18h os gráficos não sugerem que ocorra diferença entre os dois subgrupos, confirmado pelos testes (Tab. 4.2.2). Já nas 12h de pós-operatório há evidência estatística (p=0,026) de que a catastrofização é maior nas pacientes com mais dor (subgrupo 2). GRÁFICO 4.2.6 – Boxplot do CSQ G6 (catastrofização) em relação à EV e ao tempo de pós-operatório (Universidade de Pernambuco, 2010). CSQ – Coping Strategies Questionaire EV – Escala Verbal da Dor G6 - catastrofização * teste t-Student 52 No gráfico 4.2.7, relativo ao G7 (aumento das atividades comportamentais), os boxplots das 6h, 12h e 18h sugerem que as pacientes com mais dor (subgrupo 2) realizam menos atividades comportamentais que as do subgrupo 1, porém não existe diferença estatística entre elas (Tab. 4.2.2). GRÁFICO 4.2.7 – Boxplot do CSQ G7 (aumento das atividades comportamentais) em relação à EV e ao tempo de pós-operatório (Universidade de Pernambuco, 2010). CSQ – Coping Strategies Questionaire EV – Escala Verbal da Dor G7 – aumento das atividades comportamentais * teste t-Student 53 Parece não haver diferenças entre os subgrupos no G8 (habilidade para controlar e diminuir a dor) conforme ilustram os boxplots apresentados no gráfico 4.2.8, o que é confirmado pelo teste de Mann-Whitney ** (Tab. 4.2.2). GRÁFICO 4.2.8 – Boxplot do CSQ G8 (controle e diminuição da dor) em relação à EV e ao tempo de pós-operatório (Universidade de Pernambuco, 2010). CSQ – Coping Strategies Questionaire EV – Escala Verbal da Dor G8- controle e diminuição da dor * teste de Mann-Whitney 54 4.3. Mecanismos de Enfrentamento e Escala Analógica Visual Para visualizar se existe uma relação linear entre os domínios do CSQ e a VAS foram construídos diagramas de dispersão apresentados nos gráficos 4.3.1 a 4.3.8. Em geral, todos esses gráficos mostraram que os pontos situam-se bem dispersos não apresentando tendência alguma. Ou seja, à medida que aumenta a intensidade da dor os escores do CSQ não se alteram. Os coeficientes de correlação de Pearson próximos de zero confirmam essa ausência de relação linear. Quanto mais próximos de zero forem estes coeficientes significa que não existe relação entre as variáveis estudadas. GRÁFICO 4.3.1 – Diagrama de dispersão do CSQ G1 (desvio da atenção) em relação à VAS e ao tempo de pós-operatório (Universidade de Pernambuco, 2010). Correlação = 0,058 Correlação= - 0,015 Correlação = 0,014 CSQ – Coping Strategies Questionaire VAS – Escala Analógica Visual Correlação = 0,045 G1 - desvio da atenção * teste t-Student 55 GRÁFICO 4.3.2 – Diagrama de dispersão do CSQ G2 (reinterpretação da dor) em relação à VAS e ao tempo de pósoperatório (Universidade de Pernambuco, 2010). Correlação = - 0,171 Correlação= - 0,131 Correlação = - 0,047 Correlação = - 0,059 CSQ – Coping Strategies Questionaire VAS – Escala Analógica Visual G2 – reinterpretação da dor * teste t-Student 56 GRÁFICO 4.3.3 – Diagrama de dispersão do CSQ G3 (autoafirmação de coping) em relação à VAS e ao tempo de pós-operatório (Universidade de Pernambuco, 2010). Correlação = - 0,117 Correlação= - 0,164 Correlação = - 0,044 CSQ – Coping Strategies Questionaire VAS – Escala Analógica Visual Correlação = - 0,054 G3 – auto afirmação de coping * teste t-Student 57 GRÁFICO 4.3.4 – Diagrama de dispersão do CSQ G4 (ignorar a dor) em relação à VAS e ao tempo de pós-operatório (Universidade de Pernambuco, 2010). Correlação = - 0,039 Correlação= - 0,091 Correlação = - 0,009 Correlação = - 0,021 CSQ – Coping Strategies Questionaire VAS – Escala Analógica Visual G4- ignorar a dor * teste t-Student 58 GRÁFICO 4.3.5 – Diagrama de dispersão do CSQ G5 (rezar / esperar) em relação à VAS e ao tempo de pós-operatório (Universidade de Pernambuco, 2010). Correlação = -0,009 Correlação= - 0,048 Correlação = - 0,054 Correlação = - 0,096 CSQ – Coping Strategies Questionaire VAS – Escala Analógica Visual G5 – rezar / esperar * teste t-Student 59 GRÁFICO 4.3.6 – Diagrama de dispersão do CSQ G6 (catastrofização) em relação à VAS e ao tempo de pós-operatório (Universidade de Pernambuco, 2010). Correlação = 0,068 Correlação= 0,142 Correlação = 0,177 Correlação = 0,160 CSQ – Coping Strategies Questionaire VAS – Escala Analógica Visual G6 - catastrofização * teste t-Student 60 GRÁFICO 4.3.7 – Diagrama de dispersão do CSQ G7 (aumento das atividades comportamentais) em relação à VAS e ao tempo de pós-operatório (Universidade de Pernambuco, 2010). Correlação = - 0,109 Correlação = - 0,125 CSQ – Coping Strategies Questionaire VAS – Escala Analógica Visual Correlação= - 0,1432 Correlação = - 0,086 G7 – aumento da atividades comportamentais * teste t-Student 61 GRÁFICO 4.3.8 – Diagrama de dispersão do CSQ G8 (habilidade controle e diminuição da dor) em relação à VAS e ao tempo de pós-operatório (Universidade de Pernambuco, 2010). Correlação = - 0,109 Correlação = - 0,158 CSQ – Coping Strategies Questionaire VAS – Escala Analógica Visual Correlação= - 0,096 Correlação = - 0,072 G8 – habilidade de controle e diminuição da dor * teste Mann-Whitney 62 4.4. Escala analógica visual e Ansiedade pré-operatória O boxplot mostra que a intensidade da dor diminui ao longo do tempo nos dois grupos de pacientes sem sintomas de ansiedade (normal) e com sintomas de ansiedade (alterada). Além disso, parece que o grupo com sintomas de ansiedade apresenta intensidades maiores do que o grupo sem sintomas de ansiedade. GRÁFICO 4.4.1 – Boxplot da Escala Analógica Visual - VAS(6,12,18,24h) e sintomas de ansiedade pré-operatória (Ind_hads_a) (Universidade de Pernambuco, 2010). 42 10 72 EAV6 EAV12 71 18 94 120 56 81 56 15 EAV18 EAV24 8 83 87 74 6 15 68 69 117 45 83 81 15 52 6 47 55 4 12 55 68 74 2 9 0 Normal Alterado Ind_hads_a O modelo de análise de variância comprova que a intensidade da dor diminui ao longo do tempo (p<0,001), sendo que o grupo com sintomas de ansiedade tem intensidade de dor maior que o grupo sem ansiedade (p=0,005). TABELA 4.4.1 – Medidas resumo entre sintomas de ansiedade pré-operatória e dor avaliada pela VAS no tempo de pós-operatório (Universidade de Pernambuco, 2010). VAS 6h 12h 18h 24h Ansiedade pré normal alterada normal alterada normal alterada normal alterada n 102 37 102 37 102 37 102 37 Media 2,14 3,29 1,47 2,74 0,94 1,99 0,49 0,97 desvio padrão 2,88 3,32 2,42 2,90 1,78 2,47 1,24 1,71 mediana 1,00 2,50 0,00 2,00 0,00 2,00 0,00 0,00 63 4.5. Escala analógica visual e Depresão pré-operatória Através gráfico 4.5.1 do boxplot nota-se que os dois grupos, em geral, apresentam uma diminuição na intensidade da dor, sendo que essa diminuição é aparentemente igual nos dois grupos de pacientes. GRÁFICO 4.5.1 – Boxplot da Escala Analógica Visual - VAS(6,12,18,24h) e sintomas de depressão pré-operatória (Ind_hads_d) (Universidade de Pernambuco, 2010). 72 6 EAV6 10 EAV12 18 94 56 81 EAV18 EAV24 31 26 8 74 69 6 117 81 62 4 56 107 2 9 77 0 Normal Alterado Ind_hads_d Pelo modelo de análise de variância vemos que ocorre uma diminuição do VAS ao longo do tempo (p<0,001), sendo que essa melhora da dor é igual nos pacientes com e sem sintomas de depressão (p=0,241). Tab. 4.5.1. TABELA 4.5.1 - Medidas resumo entre sintomas de depressão pré-operatória e dor avaliada pela VAS no tempo de pós-operatório (Universidade de Pernambuco, 2010). VAS 6h 12h 18h 24h Depressão pré normal alterada normal alterada normal alterada normal alterada n 121 18 121 18 121 18 121 18 media 2,47 2,28 1,67 2,78 1,12 1,94 0,55 1,03 desvio padrão mediana 3,02 1,50 3,24 1,00 2,49 0,00 3,20 1,50 1,93 0,00 2,58 0,50 1,32 0,00 1,77 0,00 64 4.6. Escala Verbal e Ansiedade pré-operatória A maioria das pacientes com dor ausente ou leve era normal quanto a sintomas de ansiedade pré-operatória (78% - Tab. 4.6.1). Já as pacientes com dor moderada ou intensa (40%) apresentavam sintomas de ansiedade. Com isso verifica-se a existência de associação entre sintomas de ansiedade préoperatória e dor quando avaliada pela EV às seis horas (p=0,035). Após as 12 horas não houve diferença estatística como pode ser visto nas tabelas 4.6.1-4. TABELA 4.6.1 – Distribuição da EV (agrupada) avaliada às 6 horas em relação aos sintomas de ansiedade pré-operatória (Universidade de Pernambuco, 2010). Ansiedade Normal Alterada n 79 22 ausente ou leve % 78,2 21,8 n 23 15 moderada ou intensa % 60,5 39,5 n 102 37 Total % 73,4 26,6 p=0,035 (teste Qui-quadrado) / EV= Escala Verbal EV6 Total 101 100,0 38 100,0 139 100,0 TABELA 4.6.2 – Distribuição da EV (agrupada) avaliada às 12 horas em relação aos sintomas de ansiedade pré-operatória (Universidade de Pernambuco, 2010). Ansiedade Normal Alterada n 88 28 ausente ou leve % 75,9 24,1 n 14 9 moderada ou intensa % 60,9 39,1 n 102 37 Total % 73,4 26,6 p=0,137 (teste Qui-quadrado) / EV= Escala Verbal EV12 Total 116 100,0 23 100,0 139 100,0 65 TABELA 4.6.3 – Distribuição da EV (agrupada) avaliada às 18 horas em relação aos sintomas de ansiedade pré-operatória (Universidade de Pernambuco, 2010). Ansiedade EV18 Total Normal Alterada n 94 31 125 ausente ou leve % 75,2 24,8 100 n 8 6 14 moderada ou intensa % 57,1 42,9 100 n 102 37 139 Total % 73,4 26,6 100 p=0,200 (teste exato de Fisher) / EV= Escala Verbal TABELA 4.6.4 – Distribuição da EV (agrupada) avaliada às 24 horas em relação aos sintomas de ansiedade pré-operatória (Universidade de Pernambuco, 2010). Ansiedade Total Normal Alterada n 101 35 136 ausente ou leve % 74,3 25,7 100 n 1 2 3 moderada ou intensa % 33,3 66,7 100 n 102 37 139 Total % 73,4 26,6 100 p=0,173 (teste exato de Fisher) / EV= Escala Verbal EV24 4.7. Escala Verbal e Depresão pré-operatória As Tab. 4.7.1 a 4.7.4 mostram que as pacientes que tinham alteração dos sintomas de depressão no pré-operatório não apresentaram comportamento diferente das pacientes normais nas avaliações da dor através da EV nas primeiras vinte e quatro horas de pós-operatório. 66 TABELA 4.7.1 – Distribuição da EV (agrupada) avaliada às 6 horas em relação aos sintomas de depressão pré-operatória (Universidade de Pernambuco, 2010). Depressão Normal Alterada n 86 15 ausente ou leve % 85,1 14,9 n 35 3 moderada ou intensa % 92,1 7,9 n 121 18 Total % 87,1 12,9 p=0,398 (teste exato de Fisher) / EV= Escala Verbal EV6 Total 101 100,0 38 100,0 139 100,0 TABELA 4.7.2 – Distribuição da EV (agrupada) avaliada às 12 horas em relação aos sintomas de depressão pré-operatória (Universidade de Pernambuco, 2010). Depressão Total Normal Alterada n 102 14 116 ausente ou leve % 87,9 12,1 100,0 n 19 4 23 moderada ou intensa % 82,6 17,4 100,0 n 121 18 139 Total % 87,1 12,9 100,0 p=0,500 (teste exato de Fisher) / EV= Escala Verbal EV12 TABELA 4.7.3 – Distribuição da EV (agrupada) avaliada às 18 horas em relação aos sintomas de depressão pré-operatória (Universidade de Pernambuco, 2010). Depressão Normal Alterada n 109 16 ausente ou leve % 87,2 12,8 n 12 2 moderada ou intensa % 85,7 14,3 n 121 18 Total % 87,1 12,9 p>0,999 (teste exato de Fisher) / EV= Escala Verbal EV18 (agrupado) Total 125 100,0 14 100,0 139 100,0 67 TABELA 4.7.4 – Distribuição da EV (agrupada) avaliada às 24 horas em relação aos sintomas de depressão pré-operatória (Universidade de Pernambuco, 2010). Depressão EV24 (agrupado) Total Normal Alterada n 118 18 136 ausente ou leve % 86,8 13,2 100,0 n 3 0 3 moderada ou intensa % 100,0 0,0 100,0 n 121 18 139 Total % 87,1 12,9 100,0 p>0,999 (teste exato de Fisher) / EV= Escala Verbal De acordo com os objetivos secundários foram analisados as relações entre os mecanismos psicológicos de enfrentamento com sintomas de ansiedade e de depressão no período pré-operatório, a relação entre sintomas de ansiedade e de depressão pré e pós-operatória e a relação entre enfrentamento x sintomas de depressão pós-operatória. 68 4.8. Enfrentamento e Ansiedade pré-operatória O gráfico 4.8.1 mostra as comparações entre CSQ e HADS_a (sintomas de ansiedade pré-operatória). Os boxplots mostram que, em geral, o CSQ G1 - desvio da atenção - das pacientes normais e alteradas parecem iguais. No G2 reinterpretação das sensações dolorosas, o comportamento é o mesmo tanto nas pacientes normais quanto nas alteradas. O gráfico mostra também que algumas pacientes apresentam comportamento atípico. No G3 – auto-afirmação de coping, o comportamento é parecido, e, apesar da mediana levemente diferente, não há indícios de diferença significativa. No G4 – ignorar as sensações dolorosas, o gráfico também parece idêntico para os dois grupos. GRÁFICO 4.8.1 – CSQ(G1-G4) e sintomas de ansiedade pré-operatória (hads_a) (Universidade de Pernambuco, 2010). 40,00 40,00 27 30,00 CSQ_G2 CSQ_G1 30,00 20,00 10,00 20,00 10,00 0,00 0,00 Normal Alterado Normal Ind_hads_a Alterado Ind_hads_a 40,00 40,00 30,00 30,00 CSQ_G4 CSQ_G3 1 48 20,00 10,00 20,00 10,00 65 0,00 0,00 Normal Alterado Ind_hads_a CSQ – Coping Strategies Questionaire G1 - desvio da atenção G2 - reinterpretação das sensações dolorosas Normal Alterado Ind_hads_a HADS-Escala Hospitalar de Ansiedade e Depressão G3 - auto afirmação de coping G4 - ignorar as sensações dolorosas 69 No gráfico 4.8.2, no que se refere ao G5 – rezar e esperar, os boxplots apresentam uma diferença sutil, porém pelo teste estatístico, não há (p=0,826). No gráfico relativo ao G6 – catastrofização também percebe-se uma diferença sutil. Nesse caso, o teste apresenta uma tendência de que o grupo alterado seja maior, em média, do que o grupo normal (p=0,070). No G7 – aumento das atividades comportamentais e no G8 - habilidade de controle e diminuição da dor, os gráficos são idênticos, não havendo diferença significativa (Tab. 4.8.1). GRÁFICO 4.8.2 – CSQ(G5-G8) e sintomas de ansiedade pré-operatória (hads_a) (Universidade de Pernambuco, 2010). 40,00 64 30,00 CSQ_G6 CSQ_G5 30,00 20,00 20,00 10,00 10,00 94 98 66 6 0,00 0,00 Normal Alterado Normal Ind_hads_a Alterado Ind_hads_a 40,00 12 10 30,00 CSQ_G8 CSQ_G7 8 20,00 6 4 10,00 2 60 0,00 0 Normal Alterado Ind_hads_a CSQ - Coping Strategies Questionnaire G5 - rezar / esperar G6 - catastrofização Normal Alterado Ind_hads_a G7 - aumento das atividades comportamentais G8 - habilidade de controle e diminuição da dor HADS-Escala Hospitalar de Ansiedade e Depressão 70 TABELA 4.8.1 – CSQ(G1-G8) e sintomas de ansiedade pré-operatória (hads_a) (Universidade de Pernambuco, 2010). CSQ G1 G2 G3 G4 G5 G6 G7 G8 HADS ansiedade pré normal alterada normal alterada normal alterada normal alterada normal alterada normal alterada normal alterada normal alterada n média 102 37 102 37 102 37 102 37 102 37 102 37 102 37 102 37 14,9 15,0 9,0 9,5 20,7 21,3 14,8 15,4 26,2 25,8 7,4 9,7 14,7 14,0 6,9 6,5 * teste t-Student G1 - desvio da atenção G2 - reinterpretação das sensações dolorosas G3 - auto afirmação de coping G4 - ignorar as sensações dolorosas CSQ – Coping Strategies Questionnaire desvio padrão 9,2 9,8 8,0 7,7 10,2 9,4 9,1 8,3 9,1 7,9 6,2 7,1 9,4 9,9 3,3 3,4 mediana 14,0 6,0 6,0 8,0 23,0 21,0 13,5 15,0 30,0 27,0 6,0 9,0 14,5 14,0 6,0 6,0 p 0,950* 0,743* 0,74* 0,709* 0,837* 0,070* 0,710* 0,558** ** teste Mann-Whitney G5 - rezar / esperar G6 - catastrofização G7 - aumento das atividades comportamentais G8 - habilidade de controle e diminuição da dor HADS–Escala Hospitalar de Ansiedade e Depressão 71 4.9. CSQ e Sintomas de Depressão pré-operatória Ao analisar os gráficos 4.9.1 e 4.9.2 das comparações entre CSQ e sintomas de depressão pré-operatória (hads_d), vemos que os boxplots das pacientes com sintomas de depressão são levemente inferiores aos das pacientes normais no que se refere aos domínios G1, G3 e G7, enquanto nos domínios G6 e G8, o comportamento das pacientes com sintomas de depressão é levemente superior. Já os boxplots entre as pacientes com sintomas de e as normais dos domínios G2, G4 e G5 apresentam-se similares. Entretanto, na tabela 4.9.1 vemos que nenhuma diferença estatística (p<0,05) foi encontrada. GRÁFICO 4.9.1 – CSQ(G1-G4) e Sintomas de depressão pré-operatória (hads_d) (Universidade de Pernambuco, 2010). 40,00 40,00 27 30,00 CSQ_G2 CSQ_G1 30,00 20,00 10,00 15 20,00 10,00 0,00 0,00 Normal Alterado Normal Ind_hads_d Alterado Ind_hads_d 40,00 40,00 30,00 30,00 CSQ_G4 CSQ_G3 1 48 20,00 10,00 20,00 10,00 0,00 0,00 Normal Alterado Ind_hads_d CSQ – Coping Strategies Questionnaire G1 - desvio da atenção G2 - reinterpretação das sensações dolorosas Normal Alterado Ind_hads_d HADS – Escala Hospitalar Ansiedade / Depressão G3 - auto afirmação de coping G4 - ignorar as sensações dolorosas 72 GRÁFICO 4.9.2 – CSQ(G5-G8) e sintomas de depressão pré-operatória (hads_d) (Universidade de Pernambuco, 2010). 40,00 64 30,00 CSQ_G6 CSQ_G5 30,00 20,00 20,00 10,00 10,00 98 66 6 0,00 0,00 Normal Alterado Normal Ind_hads_d Alterado Ind_hads_d 40,00 12 10 30,00 CSQ_G8 CSQ_G7 8 20,00 6 4 10,00 2 87 39 0,00 0 Normal Alterado Ind_hads_d CSQ - Coping Strategies Questionnaire G5 - rezar / esperar G6 - catastrofização Normal Alterado Ind_hads_d HADS – Escala Hospitalar Ansiedade/Depressão G7 - aumento das atividades comportamentais G8 - habilidade de controle e diminuição da dor 73 TABELA 4.9.1 – CSQ(G1-G8) e sintomas de depressão pré-operatória (hads_d) (Universidade de Pernambuco, 2010). CSQ G1 G2 G3 G4 G5 G6 G7 G8 depressão pré normal alterada normal alterada normal alterada normal alterada normal alterada normal alterada normal alterada normal alterada n 121 18 121 18 121 18 121 18 121 18 121 18 121 18 121 18 * teste t-Student / ** teste Mann-Whitney G1 - desvio da atenção G2 - reinterpretação das sensações dolorosas G3 - auto afirmação de coping G4 - ignorar as sensações dolorosas CSQ – Coping Strategies Questionnaire média 15,5 11,7 9,0 10,0 21,4 17,5 15,3 12,9 26,5 23,4 15,0 10,3 15,0 11,6 6,8 6,7 DP 9,6 6,5 7,7 9,2 10,0 9,8 8,9 9,1 8,6 10,1 6,3 7,6 9,6 8,5 3,3 3,7 mediana 15,0 13,5 9,0 9,0 23,0 18,5 14,0 12,5 29,0 25,0 6,0 10,5 15,0 9,5 6,0 7,0 p 0,106* 0,637* 0,122* 0,293* 0,161* 0,124* 0,157* 0,926** DP – Desvio Padrão G5 - rezar / esperar G6 - catastrofização G7 - aumento das atividades comportamentais G8 - habilidade de controle e diminuição da dor HADS – Escala Hospitalar Ansiedade / Depressão 4.10. Ansiedade e Depressão pré versus pós-operatórias A proporção de pacientes com sintomas de depressão no pré-operatório foi de aproximadamente 13%, aumentando um pouco no pós-cirúrgico (15%), enquanto a proporção de sintomas de ansiedade diminuiu levemente nessas duas avaliações (de 26,6% para 21,6%) (Tab. 4.10.1). TABELA 4.10.1- Prevalência de sintomas de ansiedade e sintomas de depressão (UPE, 2010). Ansiedade pré Depressão pré Ansiedade pós Depressão pós normal alterada normal alterada normal alterada normal alterada N % 102 37 121 18 109 30 118 21 73,4 26,6 87,1 12,9 78,4 21,6 84,9 15,1 74 A Tab. 4.10.2 mostra que houve algumas mudanças no comportamento da das pacientes com sintomas de ansiedade do pré para o pós-operatório. Por exemplo, dezessete pacientes que apresentavam alterações no pré-operatório eram consideradas normais no pós-operatório. Porém, dez pacientes que eram normais no pré-operatório passaram a apresentar alterações no pós. Dessa forma não houve diferença estatística entre a ansiedade pré e pós-operatória. TABELA 4.10.2. Distribuição da ansiedade no pré e pósoperatórios (Universidade de Pernambuco, 2010). Ansiedade Pós-operatória Normal Alterada n 92 10 Normal %66,2 7,2 n 17 20 Alterada %12,2 14,4 n 109 30 Total %78,4 21,6 p=0,248 (teste McNemar) Ansiedade Pré-operatória Total 102 73,4 37 26,6 139 100,0 Para a depressão, o mesmo comportamento foi observado (Tab. 4.10.3). TABELA 4.10.3. Distribuição dos sintomas de depressão no pré e pós-operatórios (Universidade de Pernambuco, 2010). Depressão Pré-operatória Normal Alterada Total p = 0,629 (teste McNemar) Depressão Pós-operatória Normal Alterada n111 10 %79,9 7,2 n 7 11 %5,0 7,9 n118 21 %84,9 15,1 Total 121 87,1 18 12,9 139 100,0 75 4.11. CSQ e Sintomas de Depressão pós-operatória Os gráficos 4.11.1 e 4.11.2 mostram as comparações entre CSQ e sintomas de depressão pós-operatória. Os boxplots dos domínios G1, G2, G3, G4, G5, G7 e G8 apresentam-se semelhantes entre as pacientes normais e alteradas, exceto no grupo da catastrofização (G6), onde as pacientes com sintomas de depressão apresentam valores superiores. Na Tab. 4.11.1 mostra os resultados dos testes realizados. Nela, vemos que a comparação da catastrofização (G6) entre os grupos apresenta diferença significativa (p=0,017). Nenhuma outra diferença estatística foi encontrada na comparação entre CSQ e sintomas de depressão pós-operatória. GRÁFICO 4.11.1 – CSQ(G1-G4) versus sintomas de depressão pós-operatória (hadsre_d) (Universidade de Pernambuco, 2010). 40,00 40,00 96 27 30,00 CSQ_G2 CSQ_G1 30,00 20,00 10,00 15 20,00 10,00 0,00 0,00 Normal Alterado Normal Alterado Ind_hadsre_d 40,00 40,00 30,00 30,00 CSQ_G4 CSQ_G3 Ind_hadsre_d 20,00 20,00 10,00 10,00 0,00 0,00 Normal Alterado Ind_hadsre_d CSQ – Coping Strategies Questionnaire G1 - desvio da atenção G2 - reinterpretação das sensações dolorosas Normal Alterado Ind_hadsre_d hadsre_d – Sintomas Depressão pós-operatória G3 - auto afirmação de coping G4 - ignorar as sensações dolorosas 76 GRÁFICO 4.11.2 - CSQ(G5-G8) versus Sintomas de depressão pós-operatória (hadsre_d) (Universidade de Pernambuco, 2010). 40,00 30,00 CSQ_G6 CSQ_G5 30,00 20,00 20,00 10,00 10,00 98 66 6 0,00 0,00 Normal Alterado Normal Ind_hadsre_d Alterado Ind_hadsre_d 12 40,00 10 30,00 CSQ_G8 CSQ_G7 8 20,00 6 4 10,00 2 81 0 0,00 Normal Alterado Ind_hadsre_d CSQ – Coping Strategies Questionnaire G5 - rezar / esperar G6 - catastrofização Normal Alterado Ind_hadsre_d hadsre_d – Sintomas Depressão pós-operatória G7 - aumento das atividades comportamentais G8 - habilidade de controle e diminuição da dor 77 TABELA 4.11.1 – CSQ (G1-G8) versus Sintomas de depressão pós-operatória (hadsre_d) (Universidade de Pernambuco, 2010). CSQ G1 G2 G3 G4 G5 G6 G7 G8 Depressão pós normal alterado normal alterado normal alterado normal alterado normal alterado normal alterado normal alterado normal alterado n média 118 21 118 21 118 21 118 21 118 21 118 21 118 21 118 21 150 14,4 9,2 8,7 21,1 19,8 15,1 14,2 26,1 25,7 7,5 11,1 14,8 12,8 6,9 6,0 * teste t-Student G1 - desvio da atenção G2 - reinterpretação das sensações dolorosas G3 - auto afirmação de coping G4 - ignorar as sensações dolorosas CSQ – Coping Strategies Questionnaire desvio padrão 9,2 10,9 7,9 7,8 9,9 10,7 8,6 9,9 8,5 10,4 6,1 7,8 9,5 9,9 3,2 3,9 mediana 15,0 13,0 7,0 9,0 21,5 23,0 14,0 15,0 28,5 30,0 6,0 11,0 15,5 10,0 6,0 6,0 ** teste Mann-Whitney G5 - rezar / esperar G6 - catastrofização G7 - aumento das atividades comportamentais G8 - habilidade de controle e diminuição da dor hadsre_d – Sintomas Depressão pós-operatória p* 0,792* 0,775* 0,584* 0,686* 0,820* 0,017* 0,357* 0,303** 78 5. DISCUSSÃO Os estudos pesquisados não discutem a presença de mecanismos de enfrentamento ou de catastrofização na dor aguda nas pacientes submetidas aos procedimentos cirúrgicos da mama para tratamento de câncer, no momento da avaliação pré-anestésica ou no pós-operatório imediato. Da necessidade de definir um cuidado especializado com o estado emocional destas pacientes na avaliação pré-anestésica e uma maior atenção ao tratamento da dor aguda nas mesmas surgiu a proposta deste estudo, que foi dirigido para detectar a presença de mecanismos de enfrentamento e catastrofização, presença de sintomas de ansiedade e de depressão no momento da avaliação pré-anestésica (APA) e no pós-operatório imediato e suas relações com a dor aguda pós-operatória. A catastrofização é um dos mecanismos de enfrentamento que teve destaque especial, já que existem estudos mostrando sua importância na dor crônica (Robinson at al, 1997; Portnoi, 1999; Keefe at al, 2004; Sardá Junior at al, 2008). Participaram do estudo 160 pacientes do sexo feminino portadoras de câncer de mama submetidas a tratamento cirúrgico, mastectomia ou quadrantectomia, com ou sem esvaziamento ganglionar axilar, estado físico ASA I ou II. Elas foram avaliadas no pré-operatório imediato, em um período de 20 meses em três serviços de Patologia Mamária na cidade do Recife (Realmama do Hospital Português, Instituto Materno Infantil de Pernambuco e Hospital do Câncer de Pernambuco). Os fatos que mais frequentemente levaram à exclusão de pacientes foram a não devolução do questionário HADS respondido no sétimo dia de pós-operatório e a constatação de respostas incompletas. A amostra final ficou com 139 pacientes uma vez que das 160 iniciais, nove foram excluídas porque os questionários estavam incompletos e 12 (7,9%) foram eliminadas por apresentarem escores superiores a 12 no SRQ-20 instrumento utilizado para rastreamento de transtornos mentais nãopsicóticos. Nenhuma paciente recusou-se a participar do estudo. Os critérios de seleção utilizados neste estudo foram similares aos utilizados por Millar et al (1995): estado físico ASA I ou II, sexo feminino, audição e visão normais ou corrigidas, nenhuma evidência de distúrbio psiquiátrico, domínio da língua mãe como primeira língua (inglês no deles e português no nosso). 79 Em relação à cor da pele, 80 (57,6%) pacientes eram brancas, 55 (39,6%) eram negras ou mulatas e quatro (2,9%) eram amarelas. Em Borges et al (2008), a cor da pele foi categorizada em branca, parda e preta em um estudo sobre dor nos dentes e gengivas de adolescentes. Esses autores consideraram que em relação à cor da pele, as diferenças podem ser atribuídas às desigualdades sociais, observando que, geralmente, pretos e pardos tendem a apresentar as piores condições de vida e de saúde do que indivíduos brancos, em concordância com outros trabalhos publicados (Slade, 2001). Embora não seja possível determinar, com exatidão, os mecanismos de interação da espiritualidade na saúde, e especialmente na saúde mental, vários estudos sugerem que o exercício de atividades espirituais (a oração e outros rituais, por exemplo) pode influenciar, psicodinamicamente, através de emoções positivas (como a esperança, o perdão, a auto-estima e o amor). Ademais, estas emoções podem ser importantes para a saúde mental, em termos de possíveis mecanismos psiconeuroimunológicos e psicofisiológicos (Levin, Chaters, 1998). As observações de Volcan et al (2003) reafirmam a importância de se investigar a influência da espiritualidade na saúde, pois 80% da população estudada afirma possuir uma religião ou crença espiritual, e 86,5% realiza alguma atividade espiritual. Em Pimenta et al (2004) as categorias de enfrentamento citadas pelos doentes foram rezar e esperar (4,6%) e realizar atividades gerais (2,9%). A categoria rezar e esperar compreende estratégias como: considerar que um dia, alguém, vai resolver o problema, rezar para que a dor passe, fé que os médicos vão resolver o problema e fé em Deus. A categoria aumentar atividades gerais compreende estratégias do tipo: sair de casa e fazer algo, ler, ficar perto de outras pessoas, fazer algo para esquecer a dor, fazer algo que gosta e fazer algum trabalho. A categoria rezar e esperar compreende estratégias mais passivas, que apontam a concepção de que a resolução do problema está fora do indivíduo. Pela característica cultural freqüentemente observada nos doentes através de frases como ―Deus é que sabe‖ e ―Abaixo de Deus, só o médico‖, chama a atenção a pequena freqüência com que as estratégias da categoria rezar e esperar foram citadas. Todos esses estudos foram realizados em pacientes com dor crônica, não tendo sido estudada essa variável em pacientes com dor aguda na literatura pesquisada. Outros autores estudando os mecanismos de enfrentamento utilizados por mulheres com câncer de mama 80 identificaram que o papel da fé como estratégia de enfrentamento da doença e da mastectomia também é significativo (Santos et al, 2003) e que a crença em Deus, o otimismo e o pensamento positivo são fortes influências no desenvolvimento de respostas adaptativas às situações difíceis em decorrência da doença (Rodrigues et al, 2002). Segundo Panzini, Bandeira (2005), o Coping Religioso Espiritual (CRE), pouco estudado no Brasil, está associado à saúde e à qualidade de vida e salienta que questionar o paciente sobre CRE pode configurar um modo de intervenção, fazendo-o voltar-se a esse tema no enfrentamento com a doença, incrementando possíveis benefícios que possam advir disso. Quanto à crença religiosa, no nosso estudo 85 (61,2%) pacientes eram católicas, 44 (31,7%) eram evangélicas, nove (6,5%) eram espíritas e uma (0,7%) era Testemunha de Jeová. Nenhuma paciente negou religiosidade ou praticar mais de uma religião. Com relação à operação realizada, 113 (81,3%) foram submetidas a mastectomia radical, 14 (10,1%) a quadrantectomia, nove (6,5%) a ressecção segmentar, uma (0,7%) a tumorectomia e uma (0,7%) a mastectomia bilateral. Destas, 122 (87,8%) fizeram também esvaziamento ganglionar axilar e em 17 (12,2%) o esvaziamento axilar não foi necessário. Rezende et al (2006) publicou estudo com 60 pacientes onde o percentual das cirurgias para tratamento cirúrgico do câncer de mama foi de 61% para mastectomia radical modificada, 17% para quadrantectomias e 6% para Halsted. A maioria das nossas pacientes foi de hospitais públicos onde a prática do linfonodo sentinela não está implantada e é realizada por poucos cirurgiões daqueles serviços. Daí, o grande número de pacientes submetidas a esvaziamento ganglionar axilar. A escolha do SRQ-20 para rastreamento de transtornos mentais nãopsicóticos e identificar pacientes suspeitas deveu-se ao fato de ser um instrumento breve e de fácil aplicação baseado em um estudo de Mari e Williams (1986) que mostrou ser este um instrumento viável para a seleção de distúrbios psicoemocionais. Com sensibilidade de 83% e especificidade de 80% o questionário foi um bom indicador de morbidade. A correlação foi encontrada entre a pontuação total do questionário e a avaliação clínica independente (r = 0,70) (Mari e Williams, 1986; Gonçalves et al, 2008). No nosso estudo, o SRQ-20 mostrou ser um instrumento de fácil aplicação e foi bem aceito pelas pacientes. A literatura é controversa em relação aos pontos de corte do SRQ-20. Mari e Williams (1986) consideram pontos de corte 81 diferentes para homens (5/6) e mulheres (7/8). Gonçalves (2008), em estudo com 485 indivíduos aplicando o SRQ-20 apresentou como ponto de corte ideal 7/8, independente de sexo, com sensibilidade de 86,33% e especificidade de 89,31%. No nosso estudo acompanhamos os pontos de corte de Mari e Williams (1986) para mulheres e consideramos que as pacientes que obtivessem escores de até sete pontos seriam consideradas SRQ baixo, enquanto as que obtivessem pontuações acima desta teriam a denominação de SRQ alto. No nosso trabalho, das 151 pacientes que completaram todos os instrumentos, 108 (71,49%) apresentaram escore no SRQ-20 baixo, 31 (20,52%) alto e 12 (7,9%) pacientes foram eliminadas por apresentarem escores superiores a 12 no SRQ-20 e serem consideradas suspeitas de distúrbios psiquiátricos. A escolha da HADS para este estudo deveu-se ao fato de ser um instrumento de auto-avaliação e de fácil compreensão pelo leigo e muito bem estudado por vários autores (Zigmond e Snaith, 1983; Marcolino, 2007; Magalhães Filho et al, 2006; Carneiro et al, 2009). Os pontos de corte apontados por Zigmond e Snaith (1983) e recomendados para ambas as sub-escalas: HAD-ansiedade (sem ansiedade = 0 a 8; com ansiedade ≥ 9) e HAD-depressão (sem depressão = 0 a 8; com depressão ≥ 9) foram os aplicados nesse estudo. Um estudo de Herrmann (1997) confirmou a possibilidade do uso da escala HADS de ansiedade e depressão em pacientes cirúrgicos internados. Mostrou também que a avaliação dos sintomas de ansiedade no período pré-operatório deve ser realizada, independentemente de o paciente apresentar ou não doença clínica e/ou cirúrgica grave, pois a freqüência de pacientes com sintomas de ansiedade é relevante e estes merecem algum tipo de cuidado diferenciado, no mínimo o uso de medicação ansiolítica antes da intervenção cirúrgica. Estratégias de enfrentamento psicológico correspondem a mecanismo mental que protege o indivíduo de aspectos considerados ameaçadores, originários do ambiente ou de pensamentos. As diferentes situações que acometem um indivíduo exigem também diferentes formas de enfrentamento. O que significa que este processo é dinâmico e contínuo. É preciso então, que cada indivíduo desenvolva técnicas de enfrentamento cada vez mais eficazes, para que assim consiga obter maior equilíbrio (homeostase) e, consequentemente, ocorra fortalecimento do sistema imunológico (Guido, 2003). 82 Verificando que os doentes de dor crônica usavam estratégias de enfrentamento passíveis de serem medidas pelo CSQ, a idéia do presente estudo foi avaliar se os doentes com dor aguda também as utilizavam e se o CSQ serviria para medi-las. Verifica-se que o volume da literatura em relação a medidas de enfrentamento não tem se mostrado muito extenso, principalmente quanto à quantidade de instrumentos construídos, inclusive no Brasil (Savóia, 1999). Não encontramos na literatura nenhum instrumento específico para avaliar enfrentamento de dor aguda. A dificuldade de resolução da condição dolorosa no caso da dor crônica implica, geralmente, em maior utilização de estratégias centradas na emoção e foi descrita por Lazarus e Folkman em 1984 e por Portnoi em 1999. Em nosso estudo encontramos certa dificuldade na aplicação do CSQ porque as perguntas são todas voltadas para situação de dor crônica. Os trabalhos publicados sobre o assunto oferecem diferentes categorizações de estratégias de enfrentamento, no entanto, existem algumas categorias que são especialmente utilizadas por doentes com dor crônica. São estratégias como minimização, evitação, distanciamento, atenção seletiva, comparações positivas e extração de valores positivos de eventos negativos (Lazarus e Folkman, 1984). O CSQ foi correlacionado com a EV em quatro momentos do pós-operatório. Com relação às perguntas que avaliam mecanismos de enfrentamento exceto catastrofização (questões 5, 12, 14, 28, 38 e 42), os testes não mostraram diferença estatística significativa, caso houvesse ou não dor. Já a relação entre catastrofização e dor avaliada pela EV às 12 horas de pós-operatório mostrou evidência estatística (p=0,026) de que a catastrofização é maior nas pacientes com mais dor. Na analise do CSQ em relação à VAS não houve qualquer evidência de correlação da intensidade da dor e mecanismos de enfrentamento, provavelmente pela necessidade de abstração e julgamento que a VAS exige. A presente pesquisa mostrou, prospectivamente, relação entre catastrofização pré-operatória e dor pós-operatória nas operações da mama para tratamento de câncer. 83 A identificação de pacientes propensos a catastrofização antes da operação poderia servir como base para iniciar tratamento preventivo (psicológico ou farmacológico), antes da operação com o objetivo de melhor controle da dor. Beck et al (1997) referem-se à catastrofização, como distorção cognitiva presente no indivíduo com transtornos de ansiedade. Os indivíduos ansiosos podem interpretar sensações somáticas normais com distorções catastróficas. A catastrofização tem sido estudada como o processo de pensamento que mais influencia a percepção da dor. Os indivíduos apresentam tendência a exagerar o valor da ameaça ou a gravidade das sensações de dor. Pavlin et al (2005) estudaram catastrofização e dor aguda em 48 indivíduos submetidos a reparação do ligamento cruzado anterior. A catastrofização foi avaliada pela Pain Catastrophizing Scale - PCS, descrita por Sullivan em 1995. Medidas da dor foram obtidas por uma escala de 0 a 10 no pós-operatório ( 1, 2 e 7 dias). Seus resultados revelaram que a PCS permitiu previsão significativa da dor aguda pósoperatória na unidade de cuidados pós-anestésicos (r = 0,48, p = 0.004 para dor máxima) e que a relação entre catastrofização e dor máxima foi significativa (p < 0,001). Entre as 13 questões da PCS utilizada por Pavlin encontram-se as seis questões de catastrofização do CSQ. É importante observar que a ligamentoplastia provoca estímulo doloroso mais intenso que a cirurgia na mama. Os resultados de Pavlin et al (2005) e os do presente estudo mostraram semelhança na correlação entre mecanismos de catastrofização e intensidade da dor. Os instrumentos de medida foram diferentes, porém há grande semelhança entre as questões que avaliam catastrofização no CSQ e na PCS. No trabalho de Sardá Junior et al (2008) estudando pacientes com dor crônica houve correlações significativas entre a Escala de Pensamentos Catastróficos e incapacidade, intensidade e local da dor. Dentre as variáveis estudadas, catastrofização foi o maior preditor de incapacidade, superando intensidade da dor. Os autores confirmaram as propriedades psicométricas da versão Brasileira da Escala de Pensamentos Catastróficos em uma população de pacientes brasileiros com dor crônica e disponibiliza um instrumento importante para esta população. Além disto, os resultados daquele estudo reproduziram os resultados descritos na 84 literatura internacional referentes à contribuição de pensamentos catastróficos para incapacidade física. Os resultados de Edwards et al (2009) sugerem que níveis elevados de catastrofização e depressão podem promover aumento de intensidade da dor, indicando que intervenções destinadas a reduzir catastrofização e sintomas depressivos tem potencial para melhorar os resultados de artroplastia de joelho. Apesar do avanço da medicina, o diagnóstico de câncer e todo o processo da doença são vividos pelo paciente e pela sua família como um momento de intensa angústia, sofrimento e ansiedade (Venâncio, 2004). Com relação às pacientes com câncer de mama, preocupações ligadas à feminilidade, maternidade e sexualidade podem estar presentes, já que o seio é um órgão repleto de simbolismo para a mulher. Carroll et al (1993), utilizando a escala HADS relata prevalência de ansiedade de 41,4% em pacientes portadores de câncer internados para tratamento clínico. Em estudo anterior avaliamos pacientes no pré-operatório e encontramos que as pacientes com suspeita de câncer de mama a serem submetidas a exérese de nódulo ou tecido mamário para diagnóstico apresentaram níveis e prevalência de ansiedade-estado alta maiores do que as pacientes a serem submetidas a cirurgia plástica estética (Alves MLM et al, 2007). Em pacientes no pré-operatório, com freqüência são encontrados sintomas psicológicos de ansiedade e de depressão que se confundem aos sintomas da doença que originou a intervenção cirúrgica. Assim, pode ser difícil diferenciar os ―casos‖ dos ―não-casos‖ de ansiedade e depressão, sobretudo quando se combinam, além da doença física, sofrimento psíquico e problemas sociais. A escala HADS foi escolhida para ser utilizada neste estudo por ser de fácil manuseio e de rápida execução, podendo ser realizada pelo paciente ou pelo entrevistador (pacientes analfabetos ou com deficiência visual ou motora) (Marcolino et al, 2007). Muitos investigadores têm sugerido que níveis altos de ansiedade no período pré-operatório estão associados a resultados adversos tanto clínicos quanto 85 psicológicos. Apesar de causarem considerável sofrimento e implicações clínicas, não são reconhecidos como tais pelos seus médicos (Knights, Folstein, 1997). Iwamitsu et al (2003) apresentaram estudo realizado em 87 pacientes que seriam submetidas a exérese de tumor mamário, benigno ou não. Compararam o estado de ansiedade destas pacientes através da aplicação das escalas POMS (Profile of Mood States) e CECS (Courtauld Emotional Control Scale) na primeira consulta e após o diagnóstico de câncer. Analisando o comportamento das pacientes que expressavam abertamente sua ansiedade pré-operatória com aquelas que a reprimiam, observaram que as últimas ficaram altamente ansiosas, deprimidas e confusas após receberem o diagnóstico de câncer, num grau muito mais elevado que as do grupo que havia expressado anteriormente suas emoções. Pacientes com câncer costumam apresentar ansiedade patológica tanto na época do diagnóstico, quanto (e principalmente) durante o tratamento. Outros, já possuidores de transtornos de ansiedade antes de adoecerem, podem apresentar recorrência ou piora do quadro (Ballone, 2005). Estudo de Magalhães et al (2006) em pacientes com diferentes tipos de câncer, submetidos à escala HADS, no momento da APA ambulatorial, encontrou prevalência de ansiedade de 40,6%. Ryan et al (2005) procuraram identificar, em pacientes com câncer, as barreiras enfrentadas para expressar seus problemas e dificuldades e verificaram que muitos pacientes não revelavam sua condição emocional por que julgavam não ser papel do médico ajudá-los nesse sentido. Assim, sugerem a utilização de técnicas básicas de comunicação, como escutar ativamente, usar questões abertas, responder apropriadamente as dúvidas emocionais dos pacientes e utilizar questionários / escalas de avaliação de ansiedade / depressão / estresse antes da consulta. No presente estudo a proporção de pacientes com sintomas de depressão no pré-operatório foi de aproximadamente 13%, aumentando um pouco no pós-cirúrgico (15%), enquanto a proporção de pacientes com sintomas de ansiedade diminuiu levemente nessas duas avaliações (de 26,6% para 21,6%). Isto pode estar relacionado ao fato de termos observado que a principal preocupação das nossas pacientes, que já tinham diagnóstico de câncer de mama confirmado era resolver o problema o mais rápido possível, de forma que das 139 pacientes apenas 37 apresentaram sintomas de ansiedade e 18 86 de depressão. Os nossos resultados mostraram ainda que a comparação entre catastrofização (G6) e os grupos com e sem sintomas de depressão no pósoperatório apresentou diferença significativa (p=0,017). Nenhuma outra diferença estatística foi encontrada na comparação entre CSQ e depressão pós-operatória. Em nosso estudo observamos que a intensidade da dor avaliada pela VAS diminuiu ao longo do tempo nos dois grupos de pacientes sem sintomas de ansiedade e com sintomas ansiedade. Além disso, o grupo com sintomas de ansiedade apresentou intensidades maiores do que o grupo normal. O modelo de análise de variância comprovou que a intensidade da dor diminuiu ao longo do tempo (p<0,001), sendo que o grupo com sintomas de ansiedade teve intensidade maior que o grupo normal (p=0,005). Também em relação à depressão, pelo modelo de análise de variância observou-se que ocorreu diminuição da dor (VAS) ao longo do tempo (p<0,001), sendo que essa melhora foi igual nos dois grupos de pacientes (p=0,241). Quando a dor foi avaliada pela EV, a maioria das pacientes com dor ausente ou leve era normal quanto à ansiedade pré-operatória (78%). Já as pacientes com dor moderada ou intensa (40%) apresentaram alterações de sintomas de ansiedade. Com isso verificou-se a existência de associação entre sintomas de ansiedade pré-operatória e dor quando avaliada pela EV às seis horas (p=0,035). Após as 12 horas não houve diferença estatística. Embora os instrumentos unidimensionais ainda sejam os mais freqüentemente utilizados para mensuração da dor pós-operatória, é importante lembrarmos que os mesmos têm o grande inconveniente de simplificarem demasiadamente a experiência dolorosa Apesar de serem pouco utilizados na avaliação da dor pós-operatória, estudos nos quais instrumentos multidimensionais são empregados foram realizados, possibilitando assim, a obtenção de dados tanto quantitativos como qualitativos sobre tal experiência, essenciais para uma avaliação mais precisa (Pereira, Souza 1998). No presente estudo foi utilizada a VAS de 10cm e a EV de quatro termos para a avaliação da dor pós-operatória. As duas escalas tiveram boa aceitação pelas pacientes, porém elas tinham maior facilidade em responder à EV que marcar a linha da VAS. O risco de lesão nervosa durante o ato cirúrgico pode ser semelhante para as operações radicais e conservadoras da mama e está na dependência das alterações 87 anatômicas apresentadas pelo nervo intercostobraquial, tanto na sua localização como em suas ramificações (Granek et al, 1984). Os sintomas sensoriais variam conforme o local onde o nervo foi seccionado. Paredes et al (1990) relataram que a secção do nervo em sua origem resulta mais frequentemente em parestesia do que em dor. Em nosso estudo não conseguimos identificar qual tipo de lesão poderia ser responsável pela dor, no entanto, muitas das pacientes que sentiram dor se queixavam desta na região axilar. Não foi possível estabelecer um protocolo para analgesia intra e pósoperatória, pois, nos hospitais em que este estudo foi realizado, a prescrição analgésica era feita de acordo com a preferência do médico assistente e não havia serviço de tratamento de dor aguda. Provavelmente isto justifique a ocorrência de dor nas primeiras 24 horas, pois é conhecido que a abordagem multimodal no tratamento da dor aguda resulta em menor (2,2%) prevalência da dor no pósoperatório conforme resultados publicados por Moizo et al (2004). Vale ressaltar que Sommer et al (2008) encontraram prevalência de dor (41%) em pacientes internados, apesar de receberem tratamento baseado em rigoroso protocolo. Essa porcentagem foi semelhante a observada no estudo de Couceiro et al (2009b). Diante dos resultados encontrados neste estudo, observou-se falta de padronização nos cuidados relativos à dor, o que poderia influenciar sua intensidade no pós-operatório. Esse fato ressalta a necessidade de criação de protocolo de cuidados analgésicos desde o período intra-operatório até a alta da paciente. No presente estudo a prevalência de dor pós-operatória nas primeiras 24 horas avaliada às 6, 12, 18 e 24 horas pela EV agrupada foi de 27,3%, 16,5%, 10,1% e 22% respectivamente para presença de dor moderada ou intensa. Em Couceiro et al (2009b) a prevalência de dor pós-operatória foi 46%, considerando qualquer intensidade de dor. Ocorrência essa menor do que a encontrada por Pyati, Gan (70%) e Apfelbaum et al (58%). Nossos resultados sugerem que altas pontuações de catastrofização podem ser um fator de risco aumentado para a dor pós-operatória. No entanto, deve-se continuar a busca por um instrumento de pesquisa mais simples e que contenha itens mais objetivos para identificar catastrofização da dor aguda, pois mesmo a 88 PCS, usada por Pavlin et al (2005) que contém apenas 13 questões, assim como o CSQ com 50 questões também é voltada para a dor crônica. O trabalho de Pavlin et al (2005) mostrou possibilidade de identificação antecipada de pacientes em risco de ter dor mais intensa ou prolongada no pósoperatório imediato. No nosso estudo esta evidência correlacionou-se apenas com a alteração dos sintomas de ansiedade medidos pela HADS. 89 6. CONCLUSÕES Houve relação entre catastrofização e intensidade da dor com 12 horas de pós-operatório; Houve relação entre sintomas de ansiedade e intensidade de dor em todos os momentos estudados, mas não houve relação entre sintomas de depressão e intensidade de dor; Não houve relação entre mecanismos de enfrentamento e sintomas de ansiedade ou de depressão no período pré-operatório; Não houve diferença entre sintomas de ansiedade e de depressão pré e pósoperatória; Houve relação entre catastrofização e sintomas de depressão pós-operatória. 90 7. ANEXOS 7.1. Ficha de Dados Sócio Demográficos - FDSD ANEXO 1 7.2. SRQ 20 - Self-Reporting Questionnaire ANEXO 2 7.3. CSQ – Coping Strategies Questionnaire ANEXO 3 7.4. HADS - Hospital Anxiety Depression Scale ANEXO 4 7.5. Ficha de avaliação da dor pós-operatória ANEXO 5 7.6. Termo de Consentimento Livre e Esclarecido ANEXO 6 7.7. Resultado do SRQ ANEXO 7 7.8. Comitê de Ética e Pesquisa da UPE ANEXO 8 7.9. Comitê de Ética e Pesquisa do HCP ANEXO 9 91 7.1. Ficha de Dados Sócio Demográficos - FDSD Nome do paciente: ...................................................................................................................................... Convênio: ............................... Acompanhante: ............................. Idade: ............ Sexo: F M Hospital: .................................... Fones: ......................................................................... Endereço: ...................................................................................................................... .............................. ...................................................................................................................... ................................................. Cirurgião: .................................................... Cor da pele: 1 – branco Data da cirurgia: ....................... Hora: ................. 3 – amarelo 2 – negro Estado civil: 1 – casada 3 – divorciada 2 – solteira 4 – viúva Profissão: ........................................... 1 – com renda Escolaridade: 1 – analfabeta 2 – assina o nome 4 – mulato 5 – outros 5 – com companheiro 6 – sem companheiro 2 – sem renda 3 – primário 5 – ensino fundamental 6 – colegial / médio 4 – ginasial 7 – superior / pós-graduada Motivo da consulta: 1- rotina 2-nódulo mama 3-derrame papilar retração mama ou mamilo Gestação: 1-sim 2-não Filhos: Amamentação: 1-sim 1-com filhos 2-sem filhos 2- não Religião: ............................. Atividade física: ............................................... Patologia principal (doença): ................................................................................................ Cirurgia proposta: .................................................................................................... História: Fumante: há anos; ____ cig/dia Tosse / Pigarro Pressão alta Problemas cardíacos Inchaço nas pernas Asma / Bronquite há Desmaios / Tonturas Convulsões Alcoolismo social Transfusão de sangue Diabetes Hepatite Doença Art.Têmporo-Mandibular Cirurgias/Anestesias prévias: S Patologias Associadas: Antecedente de dor: Tipo de dor: Freqüência: Tempo: Antecedente de doença emocional: Tipo: Tempo de doença: Freqüência das crises: Presença de transtorno cognitivo: Antecedente de câncer: Tipo: Tempo de doença: N S N Dietas especiais Perda de peso Náusea / Vômito Queimação / Azia Anemia / sangramento Gripe / febre recente Laqueadura Tubária Alergia a borracha e derivados Alergia a drogas Atopia (rinite, etc) Problemas de coluna Uso de drogas alucinógenas Uso de anticoncepcional Complicações: Há DUM: Medicamentos em uso / Dietas em uso: Medicamentos usados Medicamentos usados Tratamentos realizados quimioterapia radioterapia cirurgia outros 92 7.2. SRQ 20 - Self-Reporting Questionnaire POR FAVOR, RESPONDA ÀS SEGUINTES PERGUNTAS A RESPEITO DA SUA SAÚDE: 1. Tem dores de cabeça freqüentes? SIM NÃO 2. Tem falta de apetite? SIM NÃO 3. Dorme mal? SIM NÃO 4. Assusta-se com facilidade? SIM NÃO 5. Tem tremores na mão? SIM NÃO 6. Sente-se nervoso(a), tenso(a) ou preocupado(a)? SIM NÃO 7. Tem má digestão? SIM NÃO 8. Tem dificuldade de pensar com clareza? SIM NÃO 9. Tem se sentido triste ultimamente? SIM NÃO 10. Tem chorado mais do que de costume? SIM NÃO 11. Encontra dificuldades para realizar com satisfação SIM NÃO suas atividades diárias? 12. Tem dificuldades para tomar decisões? 13. Tem dificuldades no serviço? (seu trabalho é penoso, SIM NÃO lhe causa sofrimento?) 14. É incapaz de desempenhar um papel útil em sua vida? SIM NÃO 15. Tem perdido o interesse pelas coisas? SIM NÃO 16. Você se sente uma pessoa inútil, sem préstimo? SIM NÃO 17. Tem tido a idéia de acabar com a vida? SIM NÃO 18. Sente-se cansado(a) o tempo todo? SIM NÃO 19. Tem sensações desagradáveis no estômago? SIM NÃO 20. Você se cansa com facilidade? SIM NÃO SIM NÃO Iacoponi E & Mari JJ. Reliability and factor structure of the Portuguese version of the Self-Reporting Questionnaire. Int J Soc Psychiatry. 1989, 35: 213-222. OBS: Para cada resposta SIM computa-se 1 ponto 93 7.3. CSQ – Coping Strategies Questionnaire Abaixo você irá encontrar uma lista de coisas que as pessoas costumam fazer, pensar e sentir quando têm dor. Por favor, indique com que freqüência você utiliza cada uma das atividades abaixo. Circule o número que corresponde à sua resposta, de acordo com os seguintes critérios: 0 1 Nunca faço Faço raramente 1. 2. 3. 4. 5. 6. 7. 8. 9. 10. 11. 12. 13. 14. 15. 16. 17. 18. 19. 20. 21. 22. 23. 24. 25. 26. 27. 28. 29. 30. 31. 2 Faço poucas vezes 3 Faço algumas vezes 4 Faço muitas vezes 5 6 Faço frequentemente Faço sempre Quando sinto dor, tento me sentir distante da dor, como se ela estivesse no corpo de outra pessoa ... Quando sinto dor, saio de casa e faço alguma coisa ... Quando sinto dor, tento pensar em coisas ... Quando sinto dor, não penso na dor como dor, propriamente dita, mas como uma sensação diferente e não tão desagradável ... Quando sinto dor, é horrível e tenho a impressão de que ela nunca irá melhorar ... Quando sinto dor, digo a mim mesmo que devo ser forte e continuar com minhas atividades, apesar da dor Quando sinto dor, leio Quando sinto dor, digo a mim mesmo que posso superar a dor Quando sinto dor, tomo meus remédios Quando sinto dor, faço contas de cabeça ou canto uma música mentalmente Quando sinto dor, simplesmente penso na dor como uma outra sensação qualquer Quando sinto dor, é terrível e sinto que ela me domina Quando sinto dor, faço jogos mentais para não pensar na dor Quando sinto dor, penso que não vale a pena viver Quando sinto dor, penso que algum dia surgirá alguém para me ajudar e que a dor desaparecerá Quando sinto dor, caminho muito Quando sinto dor, rezo a Deus para que a dor não dure muito Quando sinto dor, tento pensar que a dor não é parte do meu corpo, mas algo alheio a mim Quando sinto dor, relaxo Quando sinto dor, não penso na dor Quando sinto dor, tento imaginar o futuro e como será a vida quando eu não sentir mais dor Quando sinto dor, digo a mim mesmo que não está doendo Quando sinto dor, digo a mim mesmo que não posso deixar que a dor atrapalhe o que devo fazer Quando sinto dor, não ligo para a dor Quando sinto dor, tenho fé em que os médicos um dia encontrarão a cura para a minha dor Quando sinto dor, por pior que ela seja, consigo me controlar Quando sinto dor, finjo não estar sentindo nada Quando sinto dor, fico me perguntando quando vai parar Quando sinto dor, deito Quando sinto dor, penso nas experiências agradáveis que já vivi Quando sinto dor, penso em pessoas com as quais gosto de estar 0 1 2 3 4 5 6 0 1 2 3 4 5 6 0 1 2 3 4 5 6 0 1 2 3 4 5 6 0 1 2 3 4 5 6 0 1 2 3 4 5 6 0 1 2 3 4 5 6 0 1 2 3 4 5 6 0 1 2 3 4 5 6 0 1 2 3 4 5 6 0 1 2 3 4 5 6 0 1 2 3 4 5 6 0 1 2 3 4 5 6 0 1 2 3 4 5 6 0 1 2 3 4 5 6 0 1 2 3 4 5 6 0 1 2 3 4 5 6 0 1 2 3 4 5 6 0 1 2 3 4 5 6 0 1 2 3 4 5 6 0 1 2 3 4 5 6 0 1 2 3 4 5 6 0 1 2 3 4 5 6 0 1 2 3 4 5 6 0 1 2 3 4 5 6 0 0 0 0 0 0 1 1 1 1 1 1 2 2 2 2 2 2 3 3 3 3 3 3 4 4 4 4 4 4 5 5 5 5 5 5 6 6 6 6 6 6 94 32. 33. 34. 35. 36. 37. 38. 39. 40. 41. 42. 43. 44. 45. 46. 47. 48. Quando sinto dor, rezo para que ela termine Quando sinto dor, tomo uma ducha ou um banho de banheira Quando sinto dor, imagino que a dor está fora do meu corpo Quando sinto dor, faço de conta que não está acontecendo nada Quando sinto dor, vejo isso como um desafio e não deixo que a dor me atrapalhe Quando sinto dor, mesmo sentindo a dor, continuo com o que estava fazendo Quando sinto dor, sinto que não suporto mais Quando sinto dor, procuro ficar perto de outras pessoas Quando sinto dor, eu a ignoro Quando sinto dor, tenho fé em Deus Quando sinto dor, sinto que não dá mais Quando sinto dor, penso em coisas que gosto de fazer Quando sinto dor, faço alguma coisa para esquecer a dor Quando sinto dor, faço alguma coisa que gosto Quando sinto dor, finjo que ela não está em mim Quando sinto dor, faço alguma atividade, como tarefas domésticas ou outros trabalhos Quando sinto dor, uso uma bolsa de água quente 0 0 0 0 1 1 1 1 2 2 2 2 3 3 3 3 4 4 4 4 5 5 5 5 6 6 6 6 0 1 2 3 4 5 6 0 1 2 3 4 5 6 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1 1 1 1 1 1 1 1 1 2 2 2 2 2 2 2 2 2 3 3 3 3 3 3 3 3 3 4 4 4 4 4 4 4 4 4 5 5 5 5 5 5 5 5 5 6 6 6 6 6 6 6 6 6 0 1 2 3 4 5 6 0 1 2 3 4 5 6 49. Baseado nas coisas que você faz para enfrentar a dor e lidar com ela, num dia normal, até que ponto você tem controle sobre ela? Por favor, circule na escala abaixo o número correspondente. Lembre-se: você pode marcar qualquer número ao longo da escala. 0 1 2 3 4 5 6 Nenhum Algum Controle controle controle total 50. Baseado nas coisas que você faz para enfrentar a dor e lidar com ela, num dia normal, até que ponto você consegue diminuir essa dor? Por favor, circule na escala abaixo o número correspondente. Lembre-se: você pode marcar qualquer número ao longo da escala. 0 1 2 3 4 5 6 Não posso Posso diminuí-la Posso diminuí-la diminuí-la um pouco bastante CHAVE DE CORREÇÃO Desvio da atenção Reinterpretação das Sensações Dolorosas Auto Afirmação de Coping Ignorar as Sensações Dolorosas Rezar / Esperar Catastrofização Aumento das Atividades Comportamentais Itens de Preenchimento (não computados) 3 + 10 + 13 + 30 1 + 4 + 11 + 18 6 + 8 + 23 + 26 20 + 22 + 24 + 27 15 + 17 + 21 + 25 5 + 12 + 14 + 28 2 + 7 + 39 + 44 9, 16, 16, 19, 29, 33, 48 + + + + + + + 31 34 36 35 32 38 45 + + + + + + + 43 46 37 40 41 42 47 95 7.4. HADS - Escala Hospitalar de Ansiedade e Depressão Este questionário ajudará o seu médico saber como você está se sentindo. Leia todas as frases. Marque com um "X" a resposta que melhor corresponder a como você tem se sentido na ÚLTIMA SEMANA. Não é preciso ficar pensando muito em cada questão. Neste questionário as respostas espontâneas têm mais valor do que aquelas em que se pensa muito. Marque apenas uma resposta para cada pergunta. 1) Eu me sinto tenso ou contraído: 3 ( ) A maior parte do tempo 2 ( ) Boa parte do tempo 1 ( ) De vez em quando 0 ( ) Nunca 2) Eu ainda sinto gosto pelas mesmas coisas de antes: 0 ( ) Sim, do mesmo jeito que antes 1 ( ) Não tanto quanto antes 2 ( ) Só um pouco 3 ( ) Já não sinto mais prazer em nada 3) Eu sinto uma espécie de medo, como se alguma coisa ruim fosse acontecer: 3 ( ) Sim, e de um jeito muito forte 2 ( ) Sim, mas não tão forte 1( ) Um pouco, mas isso não me preocupa 0 ( ) Não sinto nada disso 8 ) Eu estou lento para pensar e fazer as coisas: 3 ( ) Quase sempre 2 ( ) Muitas vezes 1 ( ) De vez em quando 0 ( ) Nunca 9) Eu tenho uma sensação ruim de medo, como um frio na barriga ou um aperto no estômago: 0 ( ) Nunca 1 ( ) De vez em quando 2 ( ) Muitas vezes 3 ( ) Quase sempre 10) Eu perdi o interesse em cuidar da minha aparência: 3 ( ) Completamente 2 ( )Não estou mais me cuidando como deveria 1 ( ) Talvez não tanto quanto antes 0 ( ) Me cuido do mesmo jeito que antes 4) Dou risada e me divirto quando vejo coisas engraçadas: 0 ( ) Do mesmo jeito que antes 1 ( ) Atualmente um pouco menos 2 ( ) Atualmente bem menos 3 ( ) Não consigo mais 11) Eu me sinto inquieto, como se eu não pudesse ficar parado em lugar nenhum: 3 ( ) Sim, demais 2 ( ) Bastante 1 ( ) Um pouco 0 ( ) Não me sinto assim 5 ) Estou com a cabeça cheia de preocupações 3 ( ) A maior parte do tempo 2 ( ) Boa parte do tempo 1 ( ) De vez em quando 0 ( ) Raramente 12) Fico esperando animado as coisas boas que estão por vir: 0 ( ) Do mesmo jeito que antes 1 ( ) Um pouco menos do que antes 2 ( ) Bem menos do que antes 3 ( ) Quase nunca 6) Eu me sinto alegre: 3 ( ) Nunca 2 ( ) Poucas vezes 1 ( ) Muitas vezes 0 ( ) A maior parte do tempo 13) De repente, tenho a sensação de entrar em pânico: 3 ( ) A quase todo momento 2 ( ) Várias vezes 1 ( ) De vez em quando 0 ( ) Não sinto isso 7) Consigo ficar sentado à vontade e me sentir relaxado: 0 ( ) Sim, quase sempre 1 ( ) Muitas vezes 2 ( ) Poucas vezes 3 ( ) Nunca 14) Consigo sentir prazer quando assisto a um bom programa de televisão, de rádio ou quando leio alguma coisa: 0 ( ) Quase sempre 1 ( ) Várias vezes 2 ( ) Poucas vezes 3 ( ) Quase nunca 96 7.5. Ficha de avaliação da dor pós-operatória Nome do paciente: ............................................................................................... DIA ___ HORA __/__ INTENSIDADE DA DOR __/__ DOR DOR __/__ ____h Local da Dor ................... ..... ausente leve moderada intensa DOR ................... ..... ausente leve moderada intensa DOR ausente leve moderada intensa a pior dor possível Local da Dor ................... ..... Marque nesta linha o ponto da dor sem dor a pior dor possível Local da Dor Marque nesta linha o ponto da dor sem dor ____h ausente leve moderada intensa a pior dor possível Marque nesta linha o ponto da dor sem dor ____h __/__ Marque nesta linha o ponto da dor sem dor ____h MEDICAÇÃO a pior dor possível Local da Dor ................... ..... DOSE 97 7.6. Termo de Consentimento Livre e Esclarecido PRÓ-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA GERÊNCIA DE PROJETOS DE PESQUISA COMITÊ DE ÉTICA EM PESQUISA Termo de Consentimento Livre e Esclarecido Título da Pesquisa: RELACIONAMENTO ENTRE MECANISMOS DE ENFRENTAMENTO DA DOR AGUDA EM PACIENTES COM CÂNCER DE MAMA. Eu, _______________________________________________________(nome do voluntário) abaixo assinado, dou o meu consentimento livre e esclarecido para participar como voluntário do projeto de pesquisa supracitado, sob a responsabilidade da pesquisadora Maria Luiza Melo Alves da Silva, professora adjunta da Faculdade de Ciências Médicas da UPE. Assinando este Termo de Consentimento estou ciente de que: 1. O objetivo da pesquisa é determinar se o grau de ansiedade/depressão pré-operatória e os mecanismos de enfrentamento das pacientes interferem na qualidade e na intensidade da dor pós-operatória visando adequar a conduta pré-anestésica e analgesia pós-operatória aos diferentes perfis das pacientes; 2. Durante o estudo terei que responder, a próprio punho, os questionários que compõem a pesquisa; 3. Obtive todas as informações necessárias para poder decidir conscientemente sobre a minha participação na referida pesquisa; 4. Estou livre para interromper a qualquer momento minha participação na pesquisa, sem nenhuma forma de prejuízo ao meu atendimento pós-operatório; 5. Os autores da pesquisa se comprometem a preservar a minha privacidade e me asseguram a confidencialidade dos dados e informações coletadas garantindo que os resultados obtidos serão utilizados apenas para alcançar os objetivos do trabalho, expostos acima, incluídos sua publicação na literatura científica especializada. 6. Dúvidas ou outras informações posteriores poderão ser obtidas com a Dra. Maria Luiza no telefone: (81) 9971-2769 e também no endereço: Av. Portugal, 163, 4º andar, Edifício dos consultórios, tel: (81) 3222-0222; 7. Poderei contatar o Comitê de Ética para apresentar recursos ou reclamações em relação à pesquisa ou ensaio clínico, através do telefone 3416-4000 o qual tomará as medidas cabíveis. Recife, ____ de _______________ de 200__ Voluntário _________________ RG: _____________ ________________ Maria Luiza Alves Pesquisador 98 7.7. Resultado do SRQ Anexo 7 - Resultado SRQ 20 Pontuação Frequência % ,00 1,00 2,00 3,00 4,00 5,00 6,00 7,00 8,00 9,00 10,00 11,00 12,00 13,00 14,00 15,00 16,00 17,00 19,00 Total 6 5 20 13 18 19 16 11 14 9 2 5 1 2 2 1 3 3 1 151 4,0 3,3 13,2 8,6 11,9 12,6 10,6 7,3 9,3 6,0 1,3 3,3 ,7 1,3 1,3 ,7 2,0 2,0 ,7 100,0 SRQ – Self-Reporting Questionnaire 108 71,49% 31 20,49% 12 7,9% 99 7.8. Aprovação do Comitê de Ética e Pesquisa da UPE 100 7.9. Aprovação do Comitê de Ética e Pesquisa do HCP 101 8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Alves MLM, Pimentel AJ, Guaratini AA, Marcolino JAM, Gozzani JL, Mathias LAST. Ansiedade no período pré-operatório de cirurgias de mama: estudo comparativo entre pacientes com suspeita de câncer e a serem submetidas a procedimentos cirúrgicos estéticos. Rev Bras Anestesiol. 2007; 57:147-56. Andrade LHSG, Gorenstein C. Aspectos gerais das escalas de avaliação de ansiedade. Rev Psiquiatr Clín. (Säo Paulo). 1998; 25:285-90. Apfelbaum JL, Chen C, Mehta SS, Gan TJ. Postoperative pain experience: results from a national survey suggest postoperative pain continues to be undermanaged. Anesth Analg. 2003; 97:534-40. Avasvang E, Kehlet H. Chronic postoperative pain: the case of inguinal herniorrhaphy. Br J Anaesth. 2005; 95:69–76. Ballone GJ. Ansiedade no paciente com câncer. 09/02/2005 [on line] Disponível em: http://www.psiqweb.med.br/ [23 dez 2009] PsiqWeb. Barros ACSD, Barbosa EM, Gebrim LH. 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Objetivos: Avaliar relação: entre mecanismos psicológicos de enfrentamento, sintomas de ansiedade e de depressão e intensidade de dor pósoperatória; entre mecanismos psicológicos de enfrentamento com sintomas de ansiedade e de depressão no período pré-operatório; entre sintomas de ansiedade (SA) e de depressão (SD) pré e pós-operatória e entre mecanismos de enfrentamento e SD pós-operatória. Casuística e Método: Estudo com 160 pacientes do sexo feminino no pré e pós-operatório de tratamento cirúrgico do câncer de mama. Os instrumentos de pesquisa foram: questionários e escalas de avaliação psicológica e de intensidade de dor. Resultados: Cento e trinta e nove pacientes com média de idade de 51,7 anos (DP=11,8), 113 (81,3%) submetidas à mastectomia radical, 14(10,1%) a quadrantectomia, nove (6,5%) a ressecção segmentar, uma (0,7%) a tumorectomia e uma (0,7%) a mastectomia bilateral, sendo que em 87,8% foi feito esvaziamento ganglionar axilar. A prevalência de dor aguda, moderada ou intensa, com EV foi de 27,3%, 16,5%, 10,1% e 2,2% às 6, 12, 18 e 24 horas de pós-operatório respectivamente. Houve evidência estatística (p=0,026) de que catastrofização foi maior nas pacientes com mais dor pós-operatória. A intensidade da dor diminuiu ao longo do tempo (p<0,001), sendo que o grupo com SA teve intensidade de dor maior que o grupo sem ansiedade (p=0,005). Houve associação entre SA pré-operatória e dor. A catastrofização foi maior nas pacientes com SD pós-operatória (p=0,017). Conclusões: Nas condições desse estudo houve relação entre catastrofização pré-operatória e dor pós-operatória nas operações da mama para tratamento de câncer. O CSQ permitiu identificar mecanismos de enfrentamento da dor aguda. Houve relação entre SA e intensidade de dor em todos os momentos estudados. Houve relação entre catastrofização e depressão pósoperatória. 113 9.3 – Abstract Relationship between psychological mechanisms and post-operative pain in patients submitted to surgical treatment for breast cancer. Introduction: Patients under surgical treatment for breast cancer demand pre and post-operative follow up by a multi disciplinary team, with special attention to mental health. Coping mechanisms with acute pain have not been described in this group at pre anesthetic assessment or immediate postoperative moments. Objectives: To evaluate the relation among psychological coping mechanisms, anxiety and depression symptoms and intensity of post-operative pain; psychological coping mechanisms with anxiety and depression symptoms in the pre-operative period; anxiety (AS) and depression (DS) symptoms pre and post-operatively and between coping mechanisms and postoperative DS. Casuistics and Method: Our study comprised 160 female patients under surgical treatment for breast cancer pre and post-operatively. The research tools applied were: surveys and scales of psychological evaluation and pain intensity. Results: A hundred thirty nine patients with average age of 51.7 years (SD=11.8), 113 (81.3%) were submitted to radical mastectomy, 14 (10.1%) to quadrantectomy, 9 (6.5%) to fragmentary resection, 1 (0.7%) to tumorectomy and 1 (0.7%) to bilateral mastectomy; axillary gangle deflation was performed in 87.8% . The prevalence of acute, moderate or intense pain with Scale Verbal was 27.3%, 16.5%, 10.1% and 2.2% at 6, 12, 18 and 24 hour post-operatively, respectively. There was statistical evidence (p=0.026) that catastrophizing was greater in patients presenting more post-operative pain. The pain intensity decreased throughout the time (p<0.001), and the group with AS had greater pain intensity than the group without anxiety (p=0.005). There was association between pre-operative AS and pain. The catastrophizing was higher in patients with post-operative DS (p=0.017). Conclusions: Under these study conditions, there was relation between preoperative catastrophizing and post-operative pain in breast surgeries for cancer treatment. CSQ (Coping Strategies Questionnaire) enabled the identification of coping mechanisms with acute pain. There was relation between AS and pain intensity for all studied periods. There was relation between catastrophizing and postoperative depression. Key words: breast neoplasm; psychological adaptation; postoperative pain, anxiety, depression, analgesia.