Reforma condiciona PIB - Instituto de Economia

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Correio Braziliense, 10 de outubro e 2016
Reforma condiciona PIB
Por: José Luís Oreiro
Apesar do clima de euforia do mercado na semana passada, que fez a
Bolsa de Valores de São Paulo romper a barreira de 61 mil pontos pela
primeira vez desde setembro de 2014, é preciso cautela em relação à
retomada da economia, alertam especialistas. Pelas previsões do Fundo
Monetário Internacional (FMI) divulgadas durante o encontro anual que
terminou ontem, em Washington, o otimismo pode ser exagerado. O
organismo estima que o Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro terá
crescimento limitado nos próximos anos, partindo de 0,5% no ano que vem
e ficando abaixo de 2% até 2021. Esse desempenho será pior que o da
Argentina, que terá expansão econômica de 3,3% daqui a cinco anos, contra
1,9% do Brasil no mesmo período. O México também crescerá mais: 2,9%.
A equipe liderada pelo ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, está
mais otimista que o FMI, pois prevê alta do PIB de 1,6% em 2017. O
economista Carlos Thadeu de Freitas Gomes Filho, sócio da MacroAgro
Consultoria, acredita que o Brasil poderá crescer 2% no ano que vem. O
otimismo tem base em dois fatores: de um lado, as perspectivas cada vez
mais firmes de redução nos juros, principalmente após a desaceleração da
inflação, que registrou variação de apenas 0,08% em setembro. De outro, a
confiança no avanço das reformas estruturais no Congresso. “Elas vão
passar. Os sinais que o governo vem dando de que está fazendo todos os
esforços para aprovar a PEC do teto de gastos e a reforma da previdência são
importantes para a retomada da confiança dos empresários e dos
consumidores”, afirma Gomes Filho.
Potencial
Também otimista com a recuperação da economia a partir do próximo
ano está a equipe do Itaú Unibanco, que prevê avanço do PIB de 2%, em
2017, e de 4%, em 2018, mas somente se o Legislativo aprovar as reformas
fiscais. Felipe Salles, economista da instituição, explica que, “após dois anos
de forte recessão, a economia mostra sinais de estabilização”. “Para esse
crescimento se materializar, é preciso que o cenário internacional não tenha
uma grande crise e o mais importante é o avanço das listas de medidas de
ajuste, que vão demorar para serem aprovadas.
Avaliação oposta tem o economista José Luís Oreiro, professor da
Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Segundo ele, a capacidade
de o Brasil crescer naturalmente encolheu nos últimos anos devido à recessão
na qual o país mergulhou desde o último trimestre de 2014. “O país não tem
condições de crescer mais de 2% por um longo período. Se conseguir
avançar 1%, será muito, porque estamos longe de recuperar o PIB potencial,
de 2%, pelas minhas contas”, destaca. “Há 15 anos, o Brasil vem perdendo
dinamismo no ranking de complexidade econômica e, atualmente, está na
mesma posição da década de 1960.”
1,6%
Previsão do Ministério da Fazenda para o crescimento da economia em 2017
Ameaças externas
O economista Alexandre Espirito Santo, da Órama Investimentos, chama a
atenção pata fatores externos que podem provocar impacto na economia
brasileira e frustrar as perspectivas de crescimento. Haverá uma provável
mexida na política monetária nos Estados Unidos e questões envolvendo o
Banco Central Europeu (BCE) e bancos alemães e italianos. Não podemos
ignorar uma eventual vitória de Donald Trump nos EUA que ainda não está
precificada. O melhor é aguardar para ver”, alerta.
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