Economia em Dia www.coreconrs.org.br N Chega de Tanto Imposto! Marco Túlio Kalil Ferreyro a história econômica do país, o crescimento da carga tributária foi assustador, principalmente considerando-se o fato de o Brasil ser um país ainda em estágio de desenvolvimento. Em 1947, com o registro sistemático das contas nacionais do país, a carga era de 13,8% do PIB. Em 1965, com a chamada Reforma de Campos e Bulhões, que introduziu a tributação via valor adicionado (ICMS), passa para 19% e em 1970, com a consolidação dessa reforma, pula para 25% do PIB, mantendo-se nesse patamar até 1993. Já em 1994, a partir do Plano Real – estabilização monetária e necessidade de ajuste fiscal -, passa para 29,7% do PIB e, desde então, vem aumentando gradativamente, atingindo 37% em 2010, segundo o governo federal. Todavia, o que é nefasto é que o crescimento da carga tributária deu-se na contramão da capacidade do país em produzir riquezas. De 1995 até 2010 a carga aumentou em 46,7%. No mesmo período, o PIB per capita cresceu em termos reais apenas 29,4%. Como mudar esta realidade? Não há outro caminho senão através da racionalização e redução do gasto público e diminuição do tamanho do Estado na economia. Juros elevados e alta carga de impostos desestimulam novos investimentos, retraem a economia, impedindo a geração de emprego e renda. Se ao menos os governos retornassem parte do esforço fiscal em investimentos na educação, saúde e segurança poderíamos oferecer uma boa perspectiva às futuras gerações. Os governos tendem a cobrir o rombo de suas contas com o simples aumento de tributos. Ora, porque pensariam em atacar os verdadeiros problemas estruturais que impedem um ajuste fiscal permanente, já que tal atitude implicaria em mudanças, principalmente no que se refere ao funcionalismo, à baixíssima eficiência dos serviços prestados, na quebra de corporativismos públicos evidentes e malévolos? Vale lembrar um célebre ensinamento de Maquiavel, em “O Príncipe”, sobre as dificuldades e perigos da instituição de uma nova ordem de coisas e que ainda vigora com plena força. Isso porque os beneficiários da ordem antiga lutarão para mantê-la e os que se beneficiarão da nova ordem irão defendê-la tibiamente porque não tem certeza dos seus benefícios. Tal situação explica as dificuldades de se implementar uma profunda reforma fiscal. Diante deste doloroso escárnio tributário que tem sido preconizado pelos governos, talvez seja realmente a hora de a sociedade promover uma verdadeira “insurreição anti-tributária”. Os consumidores não estão mais propensos a aceitarem candidamente a esta retórica governamental de fazer ajuste pelo lado da receita e somente prometer, mas, nunca cumprir, ajuste pelo lado da despesa pública, situação nefasta que apenas pereniza a inércia do Estado, naquilo que ele deveria atacar: seu gigantismo, seu corporativismo e sua ineficiência que demarcam uma máquina governamental pesadíssima, autofágica, ineficiente e perdulária. Chega de tanto imposto! Cada vez mais, os governos abocanham o bolso do cidadão, das famílias e o caixa das empresas. Decididamente, o governo não cabe dentro do PIB. Enquanto que nos últimos cinco anos o PIB do país cresceu 31%, somente as despesas com pessoal e encargos sociais aumentaram 47%. O mais perverso, no entanto, é que além de gastar muito, o governo gasta muito mal. Bastar ver os péssimos serviços que são prestados pelo Estado nas áreas da saúde, segurança, educação e justiça. Se considerarmos o que gastamos com planos de saúde, educação em escolas privadas para nossos filhos e segurança privada, a carga de impostos que recai sobre os ombros da sociedade salta para algo próximo a 70%! Um verdadeiro assalto. Governo, antropófago tributário, para de morder! *Economista/CORECON/RS 5266 As opiniões acima são de responsabilidade do autor. CORECON/RS INFORMA: É função do Economista atuar na arbitragem indicando solução que possibilite resolver controversias de natureza econômica ou conflitos de quaisquer ordem que envolvam bens patrimoniais disponíveis. [email protected]