A Artigo Original Santos AF et al. Ingestão alimentar versus recomendações nutricionais em pacientes oncológicos em unidade de saúde de São Luís, Maranhão Food intake versus dietary recommendations in patients with cancer in an health unit at São Luís, Maranhão Alexsandro Ferreira dos Santos1 Cleodice Alves Martins2 Elayne Rocha Lima2 Mariellen Monteles da Costa Henrique2 Rosângela Maria Lopes de Sousa3 Maria Izabel Lamounier de Vasconcelos4 Unitermos: Câncer. Terapia nutricional. Desnutrição. Keywords: Cancer. Nutritional therapy. Malnutrition. Endereço para correspondência: Alexsandro Ferreira dos Santos Rua 26 quadra 28, número 28 – Jardim Araçagy III – São José de Ribamar, MA, Brasil Email: [email protected] Submissão: 18 de outubro de 2014 Aceito para publicação: 16 de fevereiro de 2015 1. 2. 3. 4. RESUMO Introdução: O câncer é uma doença multifatorial, caracterizada pelo crescimento rápido, invasivo e descontrolado de células com erros em seu material genético. Objetivo: Estimar o consumo alimentar habitual calórico e de macronutrientes de pacientes oncológicos ambulatoriais e confrontá-lo com as recomendações dietéticas da literatura. Método: Estudo descritivo, transversal e analítico, realizado com pacientes oncológicos em regime de acompanhamento ambulatorial. Para estimativa do consumo alimentar habitual, utilizou-se o recordatório das 24 horas. Resultados: Foram avaliados 24 pacientes, com idade média de 45,04±12,24 anos, sendo 91,67% (n=22) mulheres.O comparativo entre a recomendação nutricional versus a ingestão alimentar dos pacientes oncológicos avaliados demonstrou déficit calórico de -773,63 cal/dia. A recomendação glicídica foi de 294,03±25,90 g/dia contra a ingestão de 210,67±68,32 g/dia. A oferta protéica foi de 66,39±18,82 g/dia (1,14 g/kg/dia) contra 65,81±11,28 g/dia (1,10 g/ kg/dia) consumidas. Os lipídeos foram consumidos em uma proporção de 31,35±15,92 g/dia versus 77,67±6,19 g/dia de recomendação. Conclusões: Portanto, a ingestão calórico-protéica dos pacientes avaliados se encontrava deficiente. A oferta de lipídeos mostrou-se insuficiente quanto à recomendação nutricional, e, portanto, requer-se maior atenção ao aconselhamento dietético dos pacientes oncológicos em regime ambulatorial, a fim de otimizar o consumo quantitativo e, principalmente, qualitativo de gorduras. ABSTRACT Introduction: Cancer is a multifactorial disease, characterized by rapid growth, and uncontrolled invasive cells with errors in their genetic material. Objective: To estimate the food consumption of calories and macronutrients ambulatory cancer patients and compare it with the dietary recommendations of the literature. Methods: Cross-sectional study and analytical study, conducted with cancer patients under outpatient follow-up. For estimation of food consumption, we used the recall of 24 hours. Results: We evaluated 24 patients with mean age of 45.04 ± 12.24 years, with 91.67% (n=22) women. The comparison between the nutritional recommendation versus dietary intake of cancer patients evaluated showed a calorie deficit -773.63 kcal/day. The recommendation carbohydrates attained was 294.03 ± 25.90 g/day intake against 210.67 ± 68.32 g/day. The protein intake of 66.39 ± 18.82 g/day (1.14 g/kg/day) versus 65.81 ± 11.28 g/day (1.10 g/ kg/day) consumed. The lipids were consumed in a ratio of 31.35 ±15.92 g/day versus 77.67 ± 6.19 g/dayrecommendation. Conclusions:Therefore, the calorie-protein intake of the patients evaluated wasdeficient. The supply of lipids was insufficient, as the nutritional recommendations, and therefore requires a greater attention to dietary counseling of cancer patients on an outpatient basis in order to optimize the consumption quantity, quality and especially fat. Especialista em Nutrição Clínica com ênfase em Terapia Nutricional – GANEP, Docente Faculdade Santa Terezinha, São Luís, MA, Brasil. Acadêmica do curso de Nutrição da Faculdade Santa Terezinha, São Luís, MA, Brasil. Mestrado em saúde materno-infantil – Universidade Federal do Maranhão, Coordenadora do Curso de Nutrição – Universidade CEUMA, São Luís, MA, Brasil. Mestre em Nutrição Experimental pela Universidade São Paulo, Coordenadora dos Cursos de Pós-Graduação presencial do Ganep, São Paulo, SP, Brasil. Rev Bras Nutr Clin 2015; 30 (1): 50-4 50 Ingestão alimentar versus recomendações nutricionais em pacientes oncológicos em unidade de saúde de São Luís, Maranhão INTRODUÇÃO importância da intervenção nutricional nas primeiras horas de internação5. O câncer é uma doença multifatorial, caracterizada pelo crescimento rápido, invasivo e descontrolado de células com erros em seu material genético1. MÉTODO Tratou-se de um estudo descritivo, transversal e analítico com pacientes ambulatoriais oncológicos. Muitos são os fatores que contribuem para a instalação do câncer, entre os quais circundam: a herança genética, os fatores ambientais, como tabagismo, estresse, carcinógenos e alimentação. Esta última é responsável por cerca de 35% das causas preveníveis do desenvolvimento da moléstia. Epidemiologicamente, os cânceres despontam atualmente como a segunda principal causa de morte no mundo1-3. A coleta de dados foi realizada por conveniência, entre os meses de outubro a novembro de 2010, no ambulatório do Sistema Único de Saúde (SUS) de uma unidade de saúde com especialização no tratamento e diagnóstico de câncer na cidade de São Luís, MA, Brasil. Foram incluídos pacientes ambulatoriais avaliados com diagnóstico de neoplasia maligna, de ambos os sexos (escolhidos aleatoriamente), adultos (19 a 59 anos), afebris, dispostos a participar de três entrevistas em dias alternados.A não concordância com tais critérios ou a recusa em assinar o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) excluíam os indivíduos da pesquisa. Pacientes com neoplasias malignas vêm sendo observados, com frequência, quanto à perda de massa corpórea associada à desnutrição (40% a 80% dos casos). Pacientes oncológicos parecem possuir três vezes mais chances de desnutrir em relação aos pacientes não-oncológicos4-6. Deficiências nutricionais são comumente encontradas associadas ao diagnóstico de câncer, o que se relaciona diretamente com o aumento do tumor, assim como do tempo de hospitalização5. Foi utilizado questionário pré-elaborado durante o atendimento ambulatorial para a coleta de dados, que abordava dados referentes a identificação e status social do paciente, antropometria, avaliação clínica, diagnóstico cancerígeno e consumo alimentar pregresso. É de suma importância conhecer, o quanto antes, o estado de nutrição do paciente com câncer, aumentando a chance de prognóstico favorável na evolução do quadro da doença7. O hábito alimentar foi estimado por meio de três aplicações alternadas de recordatórios das 24 horas (RD24), com um desses inquéritos, referente ao consumo alimentar de um dia do final de semana do entrevistado. Na ficha do RD24, constavam dados de identificação do paciente, composição das refeições, descrição das preparações e observações, quantidade e/ou porção do alimento, que foi estimada para o entrevistado através de álbum de alimentos e medidas caseiras10. Um método de investigação dietética bastante eficiente, rápido, prático, de baixo custo, sendo utilizado para detectar deficiências nutricionais, é o Recordatório das 24 horas (RD24), método que pode registrar, estimar e/ou descrever a ingestão atual de indivíduos ou populações a partir do registro da alimentação realizada pelo indivíduo no dia anterior. Porém, quando o recordatório é realizado em dias alternados, não consecutivos e permitindo o registro do consumo geralmente atípico do final de semana, este pode ser utilizado para estimar o consumo alimentar habitual de indivíduos e populações. Recomenda-se um mínimo de três recordatórios para a estimativa usual. Algumas limitações do RD24 são a dependência da memória e da cooperação do entrevistado e habilidade do entrevistador8,9. O consumo alimentar habitual de energia, carboidratos, proteínas e lipídeos foi estimado por meio da média dos três RD24, devidamente calculados através de tabelas de composição de alimentos10,11. As recomendações nutricionais foram estabelecidas com base no Consenso Nacional de Nutrição Oncológica realizado pelo Ministério da Saúde por meio do Instituto Nacional do câncer (INCA), em 2011. Para tanto,foram utilizados dados como: peso, altura, idade, sexo, ressaltandose que a Taxa metabólica basal (TMB) foi mensurada pelo método de Harris e Bennedict (1919) e as necessidades energéticas por meio do produto entre a TMB e os fatores: atividade e injúria12. Logo abaixo segue resumo das fórmulas preditivas e fatores associados: As deficiências nutricionais estão associadas a pior prognóstico da doença, menor tolerância à terapêutica, maior taxa de morbidez e mortalidade, merecendo destaque na abordagem investigativa do hábito alimentar do paciente oncológico4,7. Identificar rapidamente o estado nutricional do paciente com câncer é de extrema valia para propor intervenções que recuperem ou mantenham o adequado estado nutricional do paciente, afastando o risco da instalação ou progressão da desnutrição, pois grande parte dos pacientes internados, em unidades públicas de saúde, apresenta algum nível de desnutrição, antes da internação, o que nos remete a TMB (Mulheres) = 655 + (9,6 x Peso em kg) + (1,7 x Altura em cm) - (4,7 x Idade em anos); TMB (Homens) = 66 + (13,7 x Peso em kg) + (5 x Altura em cm) - (6,8 x Idade em anos); Rev Bras Nutr Clin 2015; 30 (1): 50-4 51 Santos AF et al. Fator atividade (ambulante): 1,3; Tabela 1 – Características dos pacientes oncológicos atendidos no ambulatório do Sistema Único de Saúde (SUS) de uma unidade de referência no diagnóstico e tratamento de câncer, São Luís, Maranhão, 2014. Fator injúria (câncer): 1,275; Necessidades protéicas (ganho de peso): 1,1 g/kg/dia. Para análise, os dados foram reunidos em planilhas do programa Microsoft Excel®, versão 2007 e, posteriormente, transportados para os programas estatísticos Bioestat 5.0®, versão de 2007, e Stata 9.0® para a análise estatística. As variáveis foram analisadas por meio do teste estatístico Correlação linear de Pearson, sendo considerados resultados estatisticamente significantes aqueles com poder de alfa menor que 0,05. As informações foram apresentadas tanto em valores percentuais, quanto em absolutos, média e desvios-padrão e expressas em tabelas. Variáveis Resultados Idade, anos (M±Dp) 45,04±12,24 Sexo (n / %) Masculino Feminino 2 / 8,33 22 / 91,67 Total Ressalta-se que a pesquisa atende aos padrões éticos da pesquisa científica e foi aprovada por Comitê de Ética e Pesquisa da Universidade CEUMA, sob o número 00613/10, conforme Resolução 466 de 2012 do Conselho Nacional em Saúde. RESULTADOS A Tabela 1 demonstra caracterização da amostra de pacientes oncológicos, nota-se que o estudo avaliou 24 indivíduos com câncer, a respeito da identificação da amostra: a idade média dos avaliados foi de 45,04±12,24 anos, o gênero feminino foi o mais prevalente com 91,67% (n=22). Quanto à escolaridade, 45,83% (n=11) dos indivíduos cursaram até o ensino fundamental. Quanto às variáveis clínicas: o tempo de diagnóstico do agravo apresentou 58,33% (n=14) da amostra com diagnóstico inferior a um ano, os tipos de cânceres mais prevalentes foram útero / ovário e o de mama com 33,33% (n=8) ambos. A antropometria revelou peso médio de 59,82±10,25 kg. Escolaridade (n / %) Sem instrução Fundamental Médio Superior 9 / 37,50 11 / 45,83 3 / 12,50 1 / 4,17 Total 24 / 100,00 Tempo de diagnóstico, meses < 12 12 a 24 > 36 14 / 58,33 4 / 16,67 6 / 25,00 Total 24 / 100,00 Tipo de câncer Útero / ovário Mama TGI Outros 8 / 33,33 8 / 33,33 5 / 20,83 3 / 12,50 Total 24 / 100,00 Peso (kg), Média±Dp 59,82±10,25 ± 25,90 g/dia contra a ingestão de 210,67±68,32 g/dia, não sendo encontrada relação estatística de significância. A oferta protéica estimada foi de 66,39±18,82 g/dia (1,14 g/kg/dia) contra 65,81± 11,28 g/dia (1,10 g/kg/dia) consumidas. Já a ingestão lipídica em gramas por dia foi de 31,35 ± 15,92 g/dia versus 77,67±6,19 g/dia de recomendação (p = 0,0361; r= 0,4296) e a ingestão de lipídeos em gramas por quilograma ao dia foi de 0,53±0,26 g/kg/dia contra 1,32±0,19 g/kg/dia (p = 0,0156; r = 0,4174). Para a origem de câncer, o INCA1 estima que a maior frequência de tumores estarão relacionados à forma nãomelanoma da pele, diferentemente de nosso estudo. Os dados referentes à origem tumoral foram de encontro com as previsões do Instituto Nacional de Câncer para o estado do Maranhão, no ano de 20141, onde entre as mulheres, cânceres de útero / ovário e mama seriam mais prevalentes que os demais. A Tabela 2 correlaciona a recomendação nutricional versus a ingestão alimentar dos pacientes oncológicos avaliados, percebe-se que houve um déficit calórico de -773,63 cal/dia. Em relação à recomendação calórica, quando comparadas as médias de ofertas calóricas recomendadas pela a ofertada a cada quilograma de peso corporal por dia, foram encontradas 36,30±3,86 x 23,47 ± 7,57 cal/kg/dia, respectivamente, essa diferença foi negativa e estatisticamente significante (p = 0,0002; r = 0,6817). A recomendação glicídica foi de 294,03 De acordo com o INCA12, a recomendação nutricional calórica para pacientes oncológicos na presença de sepse corresponde a 20-25 kcal/peso atual/dia. E quanto à recomendação proteica ao paciente crítico aconselha-se o consumo de 1,2 a 2,0 g/kg de peso atual. Considerando o déficit calórico encontrado em nosso estudo (-773,63 cal/ dia), se estendermos o déficit há um mês, ocorrerá uma deficiência de -23.208,90 cal/mês, sabendo que um quilograma de gordura equivale a 9000 cal, o déficit calórico Rev Bras Nutr Clin 2015; 30 (1): 50-4 52 Ingestão alimentar versus recomendações nutricionais em pacientes oncológicos em unidade de saúde de São Luís, Maranhão Tabela 2 – Comparativo entre as recomendações nutricionais versus a ingestão alimentar em pacientes oncológicos atendidos no ambulatório do ­Sistema Único de Saúde (SUS) de uma unidade de referência no diagnóstico e tratamento de câncer, São Luís, Maranhão, 2014. Variáveis Recomendação nutricional (Md±DP) Ingestão alimentar (Md±DP) Déficit Correlação linear de Pearson (r) p – value Energia Cal/dia Cal/kg/dia 2138,45 ± 188,38 36,30 ± 3,86 1364,82 ± 410,96 23,47 ± 7,57 773,63 ± 222,58 12,47 ± 3,71 0,2713 0,6817 0,1996 0,0002 Carboidratos g / dia 294,03 ± 25,90 210,67 ± 68,32 83,36 ± 42,42 0,2092 0,3266 Proteína g/dia g/kg/dia 65,81±11,28 1,10±0,00 66,39±18,82 1,14±0,38 0,58±7,54 0,04±0,19 -0,0524 ns* 0,8076 ns* Lipídeos g/dia g/kg/dia 77,67±6,19 1,32±0,19 31,35±15,92 0,53±0,26 46,32±14,39 0,93±0,23 0,4296 0,4874 0,0361 0,0156 * Associações estatísticas não significantes. encontrado poderá levar à uma perda de peso de 2,58 kg/mês ou a um percentual de perda de peso de 4,31% em um mês (considerando peso médio dos avaliados), que não corresponde a uma perda de peso significante, porém as perda de perda de peso abruptas ou lentas devem ser investigadas e pontuadas para que não venham a progredir substancialmente. Ainda vale ressaltar que não obstante à baixa ingestão calórica, soma-se a ação, o catabolismo da doença, com influência de citocinas e hormônios. paciente oncológico, haja vista essa população de pacientes responder com instalação da síndrome da caquexia do câncer, caracterizada por degradação de tecido adiposo e protéico. Outros autores ressaltam que a degradação de tecido adiposo deve ocorrer pela mobilização de ácidos graxos, ocasionada pela lipólise, que supostamente deve ser fruto da ação de citocinas e/ou ainda fatores induzidos pelo próprio tumor2,4. REFERÊNCIAS DISCUSSÃO 1.INCA. Instituto Nacional do Câncer (Brasil). Estimativas 2014: Incidência de câncer no Brasil. Rio de Janeiro: INCA; 2014. 2.Mahan LK, Stump SE, Raymond JL. Krause: alimentos, nutrição e dioterapia.13ª ed. Rio de Janeiro: Elsevier; 2012. 3.Goulart FAA.Doenças crônicas não transmissíveis: estratégias de controle e desafios e para os sistemas de saúde. Brasília:PAHO; 2011. 4.Waitzberg DL, Nardi L, Horie LM. 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A idade média de nossa amostra diferiu da avaliada no estudo de Herr et al.13, que encontraram uma média de idade de 58,23±13,11 anos, revelando que os pacientes estudados nessa pesquisa possuem quase duas décadas a mais que os avaliados no presente estudo. Herr et al.13 e Miranda et al.14 também encontraram em seus estudos maior prevalência do sexo feminino entre os pacientes com câncer avaliados, 53,8% e 68,3%, respectivamente. Possivelmente, esses dados podem refletir o interesse feminino na assistência a sua própria saúde, com consultas periódicas, que acabam por culminar em diagnósticos mais precoces. Já quanto à escolaridade, o câncer parece ser um agravo que atinge com maior índice baixas escolaridades, assim como os resultados encontrados por Herr et al.13 em seu estudo (67,3%). Para o tempo de diagnóstico não foi possível descrever discussão alicerçada devido ainda não estar bem referenciado na literatura. O não alcance das necessidades nutricionais de lipídeos torna-se um ponto negativo na terapia nutricional do Rev Bras Nutr Clin 2015; 30 (1): 50-4 53 Santos AF et al. 9.Fisberg RM, Marchioni DML. Manual de avaliação do consumo alimentar em estudos populacionais: a experiência do inquérito de saúde em São Paulo (ISA).São Paulo: Grupo de Pesquisa de Avaliação do Consumo Alimentar (GAC); 2012. Disponível em: www.gac-usp.com.brAcesso: 5/9/2014. 1 0.Pacheco M. Tabela de equivalentes, medidas caseiras e composição química de alimentos. 2ª ed. Rio de Janeiro: Editora Rubio; 2011. 11.NEPA. Núcleo de Estudos e Pesquisas em Alimentação. Tabela Brasileira de Composição de Alimentos. Campinas: NEPA; 2011. 1 2.INCA. Instituto Nacional de Câncer (Brasil). Consenso Nacional de Nutrição Oncológica, v.2. Rio de Janeiro: INCA; 2011. 1 3.Herr GE, Kolankiewick ACB, Berlezi EM, Gomes JS, Magnago TSBS, Rosanelli CP, et al. Avaliação de conhecimentos acerca de doença oncológica e práticas de cuidado com a saúde. Rev Bras Cancerol. 2013;59(1):33-41. 1 4.Miranda TV, Neves FMG, Costa NR, Souza MAM. Estado nutricional e qualidade de vida de pacientes em tratamento quimioterápico. Rev Bras Cancerol. 2013;59(1):57-64. Local de realização do trabalho: Faculdade Santa Terezinha, São Luís, MA, Brasil. Rev Bras Nutr Clin 2015; 30 (1): 50-4 54