Meirielly de Oliveira Garcia

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FUNDAÇÃO DE ASSISTÊNCIA E EDUCAÇÃO - FAESA
CENTRO DE PÓS GRADUAÇÃO
CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM REGULAÇÃO, CONTROLE E AVALIAÇÃO,
MONITORAMENTO E AUDITORIA EM SAÚDE
MEIRIELLY DE OLIVEIRA GARCIA
DESCENTRALIZAÇÃO DAS ATIVIDADES DO PROGRAMA
DE CONTROLE E COMBATE A HANSENÍASE PARA AS
UNIDADES DE SAÚDE DA FAMÍLIA NO MUNICÍPIO DE
ÁGUA DOCE DO NORTE.
NOVA VENÉCIA
2011
1
MEIRIELLY DE OLIVEIRA GARCIA
DESCENTRALIZAÇÃO DAS ATIVIDADES DO PROGRAMA
DE CONTROLE E COMBATE A HANSENÍASE PARA AS
UNIDADES DE SAÚDE DA FAMÍLIA NO MUNICÍPIO DE
ÁGUA DOCE DO NORTE.
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado
ao Centro de Pós-Graduação como requisito
parcial para obtenção do título de Especialista
em Regulação, Controle e Avaliação,
Monitoramento e Auditoria em Saúde, sob
orientação do Professor Neudo Magnago
Heleodoro.
NOVA VENÉCIA
2011
2
MEIRIELLY DE OLIVEIRA GARCIA
DESCENTRALIZAÇÃO DAS ATIVIDADES DO PROGRAMA
DE CONTROLE E COMBATE A HANSENÍASE PARA AS
UNIDADES DE SAÚDE DA FAMÍLIA NO MUNICÍPIO DE
ÁGUA DOCE DO NORTE.
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Centro de Pós-Graduação como requisito
parcial para obtenção do título de Especialista em Regulação, Controle e avaliação,
Monitoramento e Auditoria em Saúde.
Aprovado em ___ de _________________ de 20
COMISSÃO EXAMINADORA
_______________________________________________
Prof. MSc. Neudo Magnago Heleodoro
Universidade Federal do Espírito Santo
_______________________________________________
Prof.
.
3
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO............................................................................................
04
1.1 PROBLEMA DE PESQUISA E HIPÓTESE...........................................
06
1.2 JUSTIFICATIVA.......................................................................................
08
2 OBJETIVOS................................................................................................
09
2.1 OBJETIVO GERAL .................................................................................
09
2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS ...................................................................
09
3 REFERENCIAL TEÓRICO.........................................................................
10
3.1 ASPECTOS GERAIS DA DOENÇA.........................................................
10
3.1.1 Epidemiologia......................................................................................
10
3.1.2 História da Hanseníase.......................................................................
11
3.1.3 Agente Etiológico................................................................................
12
3.1.4 Transmissão e Evolução da Doença...............................................
13
3.2 CLASSIFICAÇÃO DA DOENÇA E MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS.........
15
3.2.1 Manifestações Clínicas.......................................................................
15
3.2.2 Classificação da Doença....................................................................
16
3.2.2.1 Hanseníase Indeterminada..............................................................
16
3.2.2.2 Hanseníase Tuberculóide................................................................
17
3.2.2.3 Hanseníase Virchowiana.................................................................
17
3.2.2.4 Hanseníase Dimorfa.........................................................................
18
3.3 DIAGNÓSTICO........................................................................................
19
3.3.2 Diagnóstico Diferencial......................................................................
20
3.4 TRATAMENTO E PREVENÇÃO.............................................................. 21
3.4.1 Tratamento...........................................................................................
21
3.4.2 Prevenção............................................................................................
23
4 MATERIAIS E MÉTODOS DE INTERVENÇÃO.........................................
25
5 RECURSOS..............................................................................................
26
6 CRONOGRAMA.........................................................................................
27
7 CONSIDERAÇÕES FINAIS........................................................................
28
8 REFERÊNCIAS..........................................................................................
30
4
1 INTRODUÇÃO
A hanseníase é uma doença infecto-contagiosa, causada pelo Mycobacterium
leprae, caracterizada como uma doença de longa duração e transmitida de pessoa a
pessoa pelo contato íntimo e prolongado com doentes sem tratamento.
(MARCHESE, MARCHESE e RIVITTI, 2002).
A principal preocupação em relação
à doença não é apenas em relação a sua alta prevalência e incidência, mas também
em relação ao seu alto potencial incapacitante, um dos motivos do grande
preconceito que ainda está presente, não só por parte da comunidade, mas também
pelo próprio paciente.
Esta grande resistência por parte do paciente em tratar a doença, contribui de forma
direta, para a hanseníase continuar sendo um grande problema de saúde pública.
Quanto mais rápido o diagnóstico, e de forma correta, direcionando o esquema
terapêutico e proporcionando a cura do paciente, menor a incidência de
incapacidades físicas.
Com isso, observa-se a grande necessidade de descentralização do Programa de
Combate e Controle da Hanseníase para as Unidades de Saúde no Município de
Água Doce do Norte, havendo maior integração da equipe da Estratégia de Saúde
da Família (ESF) com a população auxiliando na descoberta de novos casos, maior
integração com o Programa, e até mesmo com o paciente, pois ajudaria no
diagnóstico e conhecimento da área por parte do enfermeiro e Agente Comunitário
de Saúde.
Esta descentralização do Programa, acima de tudo proporcionaria maior
acessibilidade para o paciente ao tratamento, e até mesmo para atividades de
reabilitação e de autocuidados, palestras, enfim, o paciente estaria melhor
supervisionado, tendo em vista que o Município, apesar de ter uma população
pequena, a maioria dos pacientes estão localizados nas áreas rurais dificultando a
vinda do paciente à Coordenação do Programa, que se localiza na Sede do
Município na Unidade de Saúde Drª Débora Cristina.
5
Foi realizada, uma revisão bibliográfica sobre a hanseníase em cinco capítulos. O
primeiro capítulo é um enfoque geral sobre a doença, abordando sua epidemiologia,
sua história, seu agente etiológico e seu meio de transmissão e evolução no
organismo humano. O segundo dá ênfase na classificação e manifestações clínicas,
o terceiro o diagnóstico, o quarto o tratamento e prevenção e o quinto as
deformidades e incapacidades causadas pela doença.
6
1.1 PROBLEMA DE PESQUISA E HIPÓTESE
A hanseníase é uma doença infecto-contagiosa crônica degenerativa, de evolução
lenta,
que
se
manifesta
principalmente
através
de
sinais
e
sintomas
dermatoneurológios, causando sérias incapacidades físicas, psíquicas e sociais. A
doença que aflige a humanidade desde a antiguidade afetou todos os continentes,
deixando uma imagem assustadora de mutilação, rejeição e exclusão, sendo
considerada, por muitos anos, contagiosa e incurável.
Depois da introdução do tratamento com a poliquimioterapia pela Organização
Mundial da Saúde, pode-se afirmar que, se a doença for detectada precocemente e
tratada adequadamente, é passível de cura.
O Brasil é um dos países com altos índices de prevalência de hanseníase, sendo o
Estado do Espírito Santo um dos estados com o maior número de casos por
habitante no país. O trabalho realizado tem como finalidade conhecer a incidência
de hanseníase no município de Água Doce do Norte - ES, dando ênfase na
descentralização das Atividades do Programa de Controle e Combate à Hanseníase,
pois o Município possui quatro equipes do Programa de Saúde da Família (PSF),
com cobertura de 100% da população.
Os resultados deste trabalho vão ser obtidos pelo planejamento e capacitação das
equipes, reuniões freqüentes com o Centro de Controle e Combate à Hanseníase,
que funcionará como uma referência na sede do Município de Água Doce do Norte.
Considerando a detecção e o tratamento dos casos os principais métodos usados
para combater a hanseníase, prevenindo assim incapacidades que ficarão na vida
do paciente como seqüelas permanentes, este trabalho ajudará na interação da
equipe de PSF com os pacientes de hanseníase de sua área, diagnóstico mais
rápido, tratamento mais assistido, evitando um deslocamento do paciente das zonas
rurais ou periurbanas do município para pegarem a medicação na zona urbana ou
até mesmo para se consultarem.
7
Além disso, poderá ser útil na sensibilização dos profissionais da área da saúde, que
podem e devem orientar melhor o paciente, visando uma maior adesão ao
tratamento,
através
da
conscientização
dos
riscos
do
agravamento
das
deformidades.
Assim, o presente trabalho pretende propor a elaboração de um projeto de
intervenção a fim de descentralizar as atividades do Programa de Controle e
Combate à Hanseníase, a fim de ajudar no diagnóstico, tratamento e interação do
paciente com a equipe de PSF.
8
1.2 JUSTIFICATIVA
A descentralização faz atividades do Programa de Controle e Combate à
Hanseníase ajudará na descoberta de novos casos da doença, pois muitos
pacientes às vezes têm sintomas da doença, mas acha difícil vir até a sede do
Município para obter uma consulta.
Também poderá propiciar a realização de um diagnóstico mais rápido, o que é
fundamental para prevenir conseqüências importantes para o paciente, como as
incapacidades físicas.
Por sua vez, a identificação de um novo caso permite a adoção de estratégias da
busca ativa dos contatos para ser examinado, o que pode resultar no conhecimento
de outros casos e, conseqüentemente, maior controle sobre a doença.
Desta forma, tudo poderá ficar mais acessível para o paciente, como o diagnóstico o
tratamento além de um acompanhamento da equipe de PSF evitando complicações
no tratamento ou, se ocorrerem, encaminhar ao Centro de Controle e Combate a
Hanseníase na sede.
A descentralização também ajudará na distribuição de responsabilidades,
organização do programa além de evitar a sobrecarga em alguns profissionais de
saúde.
A necessidade de maior controle sobre a hanseníase pode ser justificada
principalmente pelo do município de Água Doce do Norte possuir um índice muito
alto da doença, um dos maiores do Estado do Espírito Santo.
9
2 OBJETIVOS
2.1 OBJETIVO GERAL
Descentralizar as atividades do Programa de Controle e Combate à Hanseníase no
município de Água Doce do Norte, para auxiliar na acessibilidade do paciente ao
diagnóstico e tratamento da doença.
2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS
Melhorar o acesso dos pacientes as atividades do Programa de Controle e
Combate à Hanseníase;
Proporcionar maior interação das equipes com os seus pacientes de
hanseníase;
Facilitar a descoberta de novos casos da doença;
Elaborar estratégias de busca ativa dos contatos;
Levar mais informações para a população através de palestras educativas,
conscientizando sobre a doença;
Dar maior assistência ao tratamento dos pacientes, através do monitoramento
dos casos;
10
3 REFERENCIAL TEÓRICO
3.1 ASPECTOS GERAIS DA DOENÇA
3.1. 1 Epidemiologia
A Organização Mundial da Saúde e os ministérios da Saúde dos países endêmicos,
principalmente no Brasil, em maio de 1992, assumiram o compromisso de eliminar a
hanseníase até o ano 2000. Sendo que eliminação não se trata de erradicação, mas
sim, em redução do número de pacientes para 1/10.000 habitantes. Com isso,
haveria expressiva redução das formas contagiantes, sendo então a transmissão
muito baixa e a hanseníase deixaria de ser um importante problema de saúde
pública. (TALHARI, 1994).
O Brasil continua sendo o segundo país em número de casos no mundo, apesar de
todo o empenho na tentativa de eliminação da doença. Aproximadamente, 94% dos
casos conhecidos nas Américas e 94% dos casos novos diagnosticados, são
notificados pelo Brasil. Ao longo das últimas décadas, as taxas de prevalência têm
declinado ano a ano, devido a consolidação do tratamento poliquimioterápico.
Porém, as taxas de detecção de casos novos têm se mantido elevadas (ARAÚJO,
2003).
Estudos realizados indicam que a doença está fortemente presente nos países em
desenvolvimento, ou seja, nos países mais pobres, e na população menos
favorecida, mas não se sabe ao certo o peso de variáveis como: moradia, estado
nutricional, infecções concomitantes (HIV e malária), e infecções prévias por outras
micobactérias. Também não se sabe, como também vem sendo avaliado há muito
tempo, o papel de fatores genéticos, pois a distribuição da doença em
conglomerados, famílias ou comunidades com antecedentes genéticos comuns
sugere esta possibilidade (ARAÚJO, 2003).
11
Cerca de 90% dos casos vivem na Índia, Brasil, Nepal, Myanmar, Moçambique e
Madagascar. Em relação aos países das Américas, o Brasil é o único país que não
atingiu a meta de prevalência inferior a 1 caso/10 mil habitantes proposta pela
Organização Mundial da Saúde (OMS) . No Brasil, a distribuição da doença é
heterogênea, sendo que o Estado do Espírito Santo foi o único da Região Sudeste
que apresentou elevados níveis de endemicidade em 2003, sendo então, prioritário
para o programa de controle da endemia no país, pois tem apresentado um aumento
da incidência sem perfeita explicação (MOREIRA, WALDMAN e MARTINS, 2007).
Em 2007, o Brasil ainda estava entre os nove países que ainda não eliminaram a
hanseníase como problema de saúde pública, ocupando a quinta posição, em
números relativos, e o segundo em números absolutos (CASTÁLIA, 2007).
3.1.2 História da Hanseníase
A Hanseníase, antigamente denominada lepra, também é conhecida como
Hansenose, morféia, mal de Lázaro, moléstia ou mal de Hansen (MH) ou
micobacteriose. (MARCHESE, MARCHESE e RIVITTI, 2002).
Apesar da doença ser relatada como a mais antiga pelo homem, não se sabe ao
certo a época de seu aparecimento, possuindo uma origem geográfica incerta.
Supõe-se que a doença foi levada para a Itália, no primeiro século a.C., por
soldados romanos do exercito de Pompeu, após batalha na Índia, disseminando-a
por todo o continente europeu no decorrer da Idade Média. Naquela época, os
cidadãos com sintomas da doença passaram a ser isolados da sociedade européia e
encaminhados a leprosários, onde passavam por tratamento humilhante perante a
comunidade. Em certas regiões este tipo de discriminação se manteve até os anos
80 do século XX. (DUCATI, BASSO e SANTOS, 2004).
Acredita-se que a África e a Índia constituem o berço da doença, onde foi se
disseminando pelo mundo (MARCHESE, MARCHESE e RIVITTI, 2002).
12
A Hanseníase foi introduzida nas Américas pelos colonizadores portugueses,
espanhóis, holandeses e franceses, entre o século XVI e XVII sendo no Brasil os
primeiros casos registrados em 1600, no RJ, onde estabeleceu-se um leprosário.
Mais tarde encontrou-se na Bahia, Pernambuco e Pará (SECRETARIA DE ESTADO
DA SAÚDE DO ESPÍRITO SANTO). No Brasil, por volta do século XX, as
autoridades governamentais assumem o papel controlador da doença, adotando o
isolamento compulsório, acreditando ser a melhor forma de deter a expansão da
endemia. Os doentes eram então caçados, fichados e internados nos antigos
Leprosários, sendo que hoje o tratamento é ambulatorial, realizado nos postos de
saúde (SOUSA, THERRIEN e MOREIRA, 2006).
3.1.3 Agente Etiológico
No passado, acreditava-se que a Hanseníase fosse hereditária, como forma de
punição divina, mas, com a descoberta do bacilo de Hansen, ficou provado que é
uma doença infecto contagiosa, sendo a primeira bactéria descrita como causadora
de doença no homem. A doença é causada pelo Mycobacterium leprae, ou Bacilo de
Hansen (BH), descoberto em 1873 por G. H. Armauer Hansen (MARCHESE,
MARCHESE e RIVITTI, 2002). É uma micobactéria que pertence à família
Mycobacteriaceae, à ordem Actinomycetales e à classe Schizomycetes (DUCATI,
BASSO, SANTOS, 2004).
Segundo BORGES et al. (2006); GUEDES e FURTADO (2000), o bacilo mede 1 a
8µm de comprimento por 0,2 a 0,4µm de largura, divide-se por fissão binária, é um
bastonete Gram-positivo, fortemente álcool-ácido-resistente (BAAR). A coloração
usual para visualização e identificação deste microrganismo é a coloração de ZiehlNeelsen.
Ainda não se conseguiu cultivar o bacilo em meios de cultura, pois é um patógeno
intracelular obrigatório com afinidade por células cutâneas e por células dos nervos
periféricos, admite-se que o reservatório do M. leprae seja exclusivamente o homem
e as fontes de infecção mais importantes são pacientes que apresentam grande
13
carga bacilar, ou seja, os multibacilares. (GOULART et al., 2002; MAYNARD e
MACHADO, 2002; BROOKS, BUTEL e MORSE, 2000).
O bacilo sobrevive bem a temperaturas de aproximadamente 30°C a 37°C, e,
portanto infecta preferencialmente as áreas mais frias do corpo humano. Pode-se
mantê-lo viável também a uma temperatura de 44°C po r 7 a 10 dias e ainda, fora do
organismo humano por 36 horas em temperatura ambiente ou de 7 a 9 dias em
temperaturas de 36,7°C com 77,6% de umidade. O tempo de multiplicação estimado
é de 14 a 20 dias e o seu período de incubação após invadir o organismo é de 2 a 5
anos, justificando o fato da doença ser caracterizada como de evolução lenta e
insidiosa. Apesar de o microorganismo ser de alta infectividade, é de baixa virulência
e patogenicidade. Como o contato inter-humano é a forma de contágio, verifica-se
que quanto mais íntimo e prolongado o contato, maior é a possibilidade de se
adquirir a infecção, a qual a maioria da população é resistente (GUEDES e
FURTADO, 2000).
3.1.4 Transmissão e Evolução da Doença
A única fonte comprovada de infecção da hanseníase é o homem. A transmissão da
doença se dá por contato direto com um indivíduo doente não tratado, ou com
indivíduos tratados, mas, com bacilos resistentes às drogas usadas. Estes bacilos,
são eliminados através das vias aéreas superiores pelos perdigotos e muco nasal
(SECRETARIA DE ESTADO DA SAÚDE DO ESPÍRITO SANTO). Existe, ainda, a
possibilidade da eliminação do bacilo através de lesões da pele e da penetração
destes através da mesma, quando esta não se apresenta íntegra. As vias de
eliminação do bacilo também são consideradas como prováveis vias de entrada,
sendo que os bacilos podem ser eliminados também pelas secreções como leite
materno, esperma, saliva, suor e lágrima (MARCHESE, MARCHESE e RIVITTI,
2002).
Os doentes de hanseníase do tipo multibacilar são considerados como fonte de
infecção e de transmissão da doença, devido apresentar um grau de resistência
menor que os do tipo paucibacilar, e com isso, apresentam um maior número de
14
bacilos em seu organismo e consequentemente estes são eliminados para o meio
externo. Estes indivíduos, se não estiverem em tratamento quimioterápico, podem
infectar outras pessoas. Os doentes paucibacilares apresentam maior resistência, ou
seja, baixa carga bacilar, alguns podem até curar-se espontaneamente, não sendo
considerados fontes importantes de transmissão da doença (BRASIL, 2001).
Quando o indivíduo recebe os bacilos, não significa que ele ficará doente, tudo
dependerá do grau de resistência específica que é chamado de Fator Natural (FN),
que ele oferecerá à infecção, além da constante exposição ao bacilo. Existem
também outros fatores que são considerados coadjuvantes ou predisponentes à
propagação do bacilo de Hansen, tais como: as condições sócio-econômicas
desfavoráveis, condições precárias de vida e de saúde, alto índice de ocupação das
moradias, imunossupressões induzidas (doentes com transplantes de órgãos) ou
adquiridas (AIDS, miséria), entre outros. A doença pode atingir desde a infância até
as idades mais avançadas, comprometer ambos os sexos, sendo na maior parte o
masculino, provavelmente por maior exposição, e acometer qualquer raça
(MARCHESE, MARCHESE e RIVITTI, 2002).
A infecção gerada pelo bacilo de Hansen, ao penetrar no organismo humano, pode
evoluir de várias maneiras: o indivíduo será resistente à infecção através da sua
resistência natural, ou; a infecção pode evoluir para uma manifestação subclínica
que regride espontaneamente ou; evoluir para hanseníase indeterminada, que pode
desaparecer ou; evoluir para as formas tuberculóide, dimorfa ou Virchowiana de
acordo com as características imunológicas do indivíduo (BRASIL, 2001).
15
3.2 CLASSIFICAÇÃO DA DOENÇA E MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS
3.2.1 Manifestações Clínicas
O início da hanseníase é insidioso, e afeta predominantemente a pele, o sistema
nervoso periférico, as vias aéreas superiores e os olhos. (DUCATI, BASSO e
SANTOS, 2004).
As lesões acometem os tecidos mais frios do corpo: nervos superficiais, pele, nariz,
faringe, olhos, laringe e testículos. Ocorrem lesões cutâneas, que podem ser na
forma de manchas esbranquiçadas ou avermelhadas, anestésicas, de 1-10 cm de
diâmetro, com nódulos infiltrados eritematosos, difusos ou distintos de 1-5 cm de
diâmetro, pápulas ou infiltração difusa da pele. Os distúrbios neurológicos
manifestam-se na forma de infiltração e espessamento dos nervos, com
conseqüente anestesia, parestesia, úlceras tróficas, neurite, reabsorção óssea e
encurtamento
dos
dedos.
Em
decorrência
da
infiltração
da
pele
e
do
comprometimento dos nervos nos casos não tratados, a desfiguração pode ser
extrema (BROOKS, BUTEL e MORSE, 2000).
As lesões e manifestações neurais, na maioria dos casos, antecedem os sinais
cutâneos. As primeiras manifestações da doença são sensitivas. A elasticidade dos
troncos neurais nas articulações diminui drasticamente, devido a ocorrência de
edema
nessa
região,
gerando
muita
dor.
Os
fenômenos
inflamatórios
desencadeados provocam intensas perturbações na circulação neural, aumentando
assim, o edema e agravando a isquemia, de modo que o nervo apresente graves
perturbações ou perda da função. A lesão dos troncos neurais determina alterações
sensitivas e motoras. Essas lesões causadas nos nervos, principalmente nos
troncos periféricos, devido à evolução da doença não tratada, são responsáveis
pelas incapacidades e deformidades características da hanseníase (BRASIL, 2002).
16
3.2.2 Classificação da Doença
Segundo a Organização Mundial de saúde (OMS), citado por GALLO, et al. (2003),
para fins práticos ou operacionais, recomenda-se uma classificação basicamente
clínica, através do número de lesões cutâneas e/ou troncos nervosos acometidos,
para destinação do paciente nos esquemas poliquimioterápicos. E ainda, a (BRASIL,
2001), recomenda a inclusão dos resultados da baciloscopia, quando esta for
disponível, ressaltando que a baciloscopia positiva, independente do número de
lesões, classifica o caso como multibacilar. A classificação baseada no número de
lesões apresentada pelo doente é especialmente recomendada para as unidades
básicas de saúde, e estas, quando em dúvida na classificação do doente, devem
classificá-la como multibacilar.
Classificação baseada no número de lesões: Casos Paucibacilares - Pacientes que
apresentam até 5 lesões de pele; Casos Multibacilares - Pacientes que apresentam
mais de 5 lesões de pele. Classificação baseada na baciloscopia: Casos
Paucibacilares - Pacientes que apresentam baciloscopia negativa e correspondem
às formas clínicas indeterminada e tuberculóide, índice baciloscópico de Ridley
menor que dois; Casos Multibacilares - Pacientes que apresentam baciloscopia
positiva e correspondem às formas clínicas: dimorfa e virchowiana.
Obs: a forma virchowiana sempre apresenta baciloscopia positiva e a forma dimorfa
pode apresentar baciloscopia positiva ou negativa, índice baciloscópico maior ou
igual a dois (BRASIL, 2001)
3.2.2.1 Hanseníase Indeterminada (I)
A primeira manifestação da hanseníase é a forma indeterminada (HI). Se o número
de lesões for pequeno e as alterações sensitivas forem bem acentuadas, é bem
possível que o indivíduo tenha resistência à doença e irá ou se curar
espontaneamente ou ainda evoluirá para a forma tuberculóide. Mas, caso ele
apresente muitas lesões maculosas de limites pouco precisos, nas quais os
distúrbios de sensibilidade não são muito intensos, a sua resistência provavelmente
é baixa ou nula e, se não tratado, evoluirá para as formas dimorfa ou virchowiana.
17
Nessa forma da doença, os nervos mais calibrosos, superficiais e profundos não são
comprometidos, com isso, não haverá então, a ocorrência de incapacidades
(SAMPAIO e RIVITTI, 2001).
A baciloscopia é negativa e o teste de Mitsuda pode ser positivo ou negativo.
(MARCHESE, MARCHESE e RIVITTI, 2002). ”Esta forma traduz uma fase de
equilíbrio ou de tomada de posição entre o bacilo e o sistema imunitário” (GUEDES
e FURTADO, 2000, p.1111).
3.2.2.2 Hanseníase Tuberculóide (HT)
A hanseníase tuberculóide (HT) envolve os nervos periféricos, além do tecido
nervoso existente no interior da lesão cutânea. O decorrer da doença leva a uma
neuropatia periférica com alterações de sensibilidade por distúrbios sensoriais e
alterações motoras resultando em, paresias, paralisias, amiotrofias, mão em garra,
ulcerações dos dedos, pé caído (mutilações), e/ou
paralisia do nervo ulnar,
contudo,comprometer os troncos nervosos e causar várias incapacidades (VIVIER e
MCKEE, 2004).
A baciloscopia das lesões é negativa, o teste de Mitsuda é fortemente positivo, tendo
essa forma clínica tendência à cura espontânea (SAMPAIO e RIVITTI, 2001).
3.2.2.3 Hanseníase Virchowiana (HV)
Na forma Virchowiana as alterações cutâneas iniciais são muito discretas,
apresentando um polimorfismo muito grande de lesões, (SAMPAIO e RIVITTI, 2001).
Ocorre progressiva alopecia de cílios, supercílios, de antebraços, pernas e coxas.
Ocorre espessamento em graus variáveis dos pavilhões auriculares, e a infiltração
difusa da pele da região frontal causa uma aparência leonina (AZULAY e AZULAY,
2006).
As áreas mais frias da face, como lábios, nariz e lobos auriculares são muito
afetados, envolvendo também os olhos, testículos, linfonodos, fígado, baço e ossos.
18
Causa edema de tornozelos e da porção inferior das pernas, desenvolvendo a partir
de uma polineurite anestesia em luva e bota. A destruição e o encurtamento dos
dedos resultam de traumas repetidos e despercebidos (VIVIER e MCKEE, 2004). O
teste de Mitsuda é negativo, e a baciloscopia nas lesões é positiva, com bacilos
isolados e em globias grandes e múltiplas (SAMPAIO E RIVITTI, 2001).
3.2.2.4 Hanseníase Dimorfa
Ressalta-se ainda, que existe um distúrbio da hanseníase tuberculóide e
virchowiana, que é a hanseníase dimorfa, a qual é imunologicamente instável,
podendo evoluir para a forma virchowiana ou retroceder para a tuberculóide (VIVIER
e MCKEE, 2004).
Na hanseníase Dimorfa (HD), se enquadra a maioria dos pacientes (SAMPAIO e
RIVITTI, 2001).
Esta forma da doença pode apresentar lesões na pele bem delimitadas, sem ou com
raros bacilos, ou ao mesmo tempo, apresentar lesões infiltrativas mal delimitadas,
com muitos bacilos. O comprometimento neurológico troncular e os episódios
reacionais são freqüentes, propiciando ao paciente um alto risco de desenvolver
incapacidades e deformidades físicas. A baciloscopia pode ser positiva ou negativa
e a classificação operacional para tratamento é multibacilar (BRASIL, 2001).
19
3.3 DIAGNÓSTICO
O diagnóstico da Hanseníase é baseado em informações clínicas e laboratoriais.
Primeiramente, faz-se o exame clínico do paciente, onde o profissional de saúde
observará se este apresenta fisicamente alguma característica sugestiva da doença,
buscando a presença de sinais dermatoneurológicos típicos (BRASIL, 2002).
O exame clínico é essencial, pois as alterações da sensibilidade estão presentes em
70% dos casos de hanseníase, e seus sinais principais observados são as lesões
cutâneas como máculas, placas, pápulas, tubérculos, nódulos, infiltrações e eritema
cutâneo difuso, podendo vir únicos ou múltiplos e eritematosas ou hipopigmentadas.
Observa-se também se o paciente possui alterações neurológicas, estes sinais
também podem vir acompanhados de alterações sistêmicas (COURA, 2005). Estes
exames clínicos podem ser complementados com outras provas, como prova da
Histamina, prova da policarpina e com o teste de Mitsuda (BRASIL, 2002).
No diagnóstico laboratorial, realiza-se a baciloscopia que é a pesquisa de BAAR em
amostras de linfa (baciloscopia de linfa cutânea) e o exame histopatológico
(histopatologia de biópsia cutânea ou de nervo sensitivo) para auxiliar no
diagnóstico. Pode-se usar também exames laboratoriais complementares mais
sofisticados, como a reação de polimerase em cadeia (PCR), ELISA, biópsia de
nervo e exames sorológicos e citológicos, mas estes não são exames utilizados na
rotina (BORGES et al., 2006).
De acordo com o Ministério da Saúde/Organização Mundial de Saúde, citado por
OSUGUE e OSUGUE (2005), é considerado com hanseníase uma pessoa que
apresenta uma ou mais das seguintes características: alteração da sensibilidade em
áreas da pele ou lesões na mesma, acometimento neural com espessamento de
nervo, acompanhado ou não de alterações da sensibilidade e/ou da força muscular,
e baciloscopia positiva para o Mycobacterium leprae.
20
3.3.1 Diagnóstico Diferencial
A hanseníase é uma doença que apresenta uma variedade de lesões cutâneas, de
acordo com suas formas clínicas, podendo ser confundida com outras doenças de
pele, assim também como com outras doenças neurológicas, que apresentam sinais
e sintomas parecidos com os seus. Sendo que a principal diferença entre a
hanseníase e as doenças dermatológicas, é que as lesões de pele da hanseníase
sempre apresentam alterações de sensibilidade, e as das outras doenças de pele
não (OSUGUE e OSUGUE, 2005).
As lesões neurológicas também podem ser confundidas com outras doenças,
necessitando também do diagnóstico diferencial, no caso a baciloscopia, onde vai
pesquisar a presença de BAAR (bacilos álcool ácido resistentes), principalmente
com a síndrome do túnel do carpo, neuralgia parestésica, neuropatia alcoólica,
neuropatia diabética, lesões por esforços repetitivos (LER), artrite reumatóide, e
outras (GALLO et al. 2005).
21
3.4 TRATAMENTO E PREVENÇÃO
3.4.1 Tratamento
Para eliminar a Hanseníase, visto que é uma doença preocupante para a saúde
pública, é necessário tratá-la, interrompendo assim a sua cadeia de transmissão e
proporcionando a cura para o paciente. O tratamento é ambulatorial, e o paciente
deve comparecer mensalmente à unidade de saúde para receber a dose
supervisionada da medicação do tratamento quimioterápico e fazer uma consulta,
onde o profissional da saúde estará acompanhando o seu caso e avaliando a
evolução do comprometimento neural, e ainda, desenvolver atividades de prevenção
de incapacidades físicas e deformidades, dando informações de autocuidados para
evitar as complicações causadas por esta doença (BRASIL, 2001).
A poliquimioterapia é constituída por um conjunto de medicamentos, rifampicina,
dapsona e clofazimina, com administração associada, para evitar a resistência
medicamentosa do bacilo, proporcionando assim a cura do paciente. Esses
medicamentos são administrados em esquema padrão, definido pelo Ministério da
Saúde, de acordo com a classificação operacional do doente em Paucibacilar (PB)
ou Multibacilar (MB).
No caso de crianças com a doença, a dose é ajustada de acordo com sua idade, e
em pessoas com intolerância a um dos medicamentos do esquema-padrão, são
indicados então esquemas alternativos. Após a administração do número de doses
preconizadas pelo esquema terapêutico, o paciente recebe alta do tratamento e é
dado como curado (BRASIL, 2002).
Segundo a Organização Mundial de Saúde, citado por OSUGUE e OSUGUE (2005),
o esquema de PQT/OMS - PB (Dapsona (DDS) + Rifampicina (RFM)) - a duração
de tratamento é de seis a nove meses, o critério de alta é seis doses em até nove
meses. O esquema de PQT/OMS – MB( Dapsona(DDS)+ Clofazimina(CFZ)
+Rifampicina(RFM)) – a duração do tratamento é de 12 a 18 meses e o critério de
cura é 2 doses em até 18 meses. Caso MB com numerosas lesões ou extensas
22
infiltrações poderão necessitar de mais 12 doses adicionais de PQT/MB,
completando 24 doses em até 36 meses.
O tratamento deve ser seguido corretamente para cura do paciente. As doses
supervisionadas devem ser administradas de 28 em 28 dias, e a duração do
tratamento PQT deve obedecer aos prazos estabelecidos pela OMS. Mesmo após o
término do tratamento, o paciente recebendo alta por cura, ele deve continuar sendo
observado pelos profissionais da Unidade de Saúde, principalmente nos casos de
intercorrências pós-alta, para prevenir a ocorrência de problemas neurais, que
evoluem para incapacidades e deformidades físicas (BRASIL, 2002).
Como qualquer medicamento, os utilizados no tratamento da hanseníase também
podem causar efeitos colaterais, os quais a equipe de saúde deve estar atenta, para
encaminhar o paciente a tratamento adequado destes, e informar os efeitos mais
comuns que ele normalmente vai ter ao começar o tratamento.
Dentre estes efeitos colaterais mais comuns, estão presentes: urina avermelhada
(rifampicina); coloração escura ou parda da pele (clofazimina); raros casos de
erupção na pele com coceira (dapsona) e problemas gástricos (dapsona), podendo
surgir também complicações mais sérias que devem ser informadas ao serviço de
saúde urgentemente, como dor nos nervos; surgimento de dormência ou fraqueza
muscular; aparecimento de novas manchas (CONASEMS, 1999), principalmente em
caso de pacientes que já apresentam algum dano neural, pois estes têm maior risco
de desenvolver um novo dano, sendo que o tratamento não tem impacto direto sobre
os pacientes que já possuem incapacidades físicas, mas, contribui essencialmente,
na sua prevenção (BORGES et al. 2006).
23
3.4.2 Prevenção
Pelas normas atuais do Ministério da Saúde, a prevenção de novos casos de
hanseníase consiste no diagnóstico precoce de casos e no tratamento de todos os
pacientes. Todas as pessoas que residiram com o doente nos últimos cinco anos,
devem ser examinadas, através do exame dermatoneurológico completo. Depois do
exame clínico o contato será encaminhado para a aplicação da BCG por via
intradérmica (ARAÚJO, 2003; BROOKS, BUTEL e MORSE, 2000).
Contudo, do ponto de vista da saúde pública, a hanseníase não possui, de fato, a
prevenção primária. Algumas medidas preventivas, como melhorias nas condições
sócio-econômicas e sanitárias da população, mesmo que sejam de difícil
implementação, ajudam a controlar a expansão da doença (VIRMOND e VIETH,
1997).
O termo prevenção em hanseníase é relacionado com medidas que evitem o
surgimento de incapacidades, ou em casos em que estas já se encontram
presentes, medidas que previnam seu deterioramento. A hanseníase se caracteriza
como uma doença com alto potencial incapacitante, e devido a isso, os esforços das
políticas de saúde concentraram-se praticamente no diagnóstico precoce e no seu
tratamento, para promover a interrupção da cadeia de transmissão, o que
epidemiologicamente é o mais correto (VIRMOND e VIETH, 1997).
Existe hoje o Programa de Controle da Hanseníase que tem como objetivos: reduzir
a morbidade expressa pela incidência e prevalência da doença; reduzir os danos
causados pela doença, expressos pela gravidade das incapacidades físicas e
psicossomais; esses objetivos podem ser alcançados através de normas de
controle, como, diagnosticar precocemente os casos, tratar com poliquimioterapia
adequada quando se tem um bom diagnóstico, prevenir incapacidades e aplicar
BCG (OMS, citado por FIGUEIREDO, 2005).
Ações educativas de prevenção, diminuição do estigma e melhoria da qualidade de
vida do portador de hanseníase são de fundamental importância para o controle da
doença. Há também uma grande participação do profissional farmacêutico, pois com
24
o serviço de assistência farmacêutica multiprofissional, são fornecidas todas as
orientações necessárias para o paciente e/ou seus familiares, além da realização
dos exames complementares ao diagnóstico, como a baciloscopia, que está sendo
cada vez mais solicitada pelos centros de controle de hanseníase, para alocar o
paciente no esquema terapêutico correto, diminuindo assim as conseqüências de
um tratamento desnecessário. Assim, atuam na adesão ao tratamento, dando
orientações e ajudando o paciente, que este, ao interromper o tratamento, pode
comprometer a sua saúde e também a de outros, principalmente se tratando de uma
doença que se tornou problema em saúde pública, e que encontra-se em alta
(LIPORAGE e GUARALDO, 2007).
25
4 MATERIAIS E MÉTODOS DE INTERVENÇÃO
O Município de Água Doce do Norte possui quatro equipes do Programa de Saúde
da Família (PSF), com cobertura de 100% da população, facilitando assim a
descentralização do Programa de Controle e Combate à Hanseníase para as
Unidades de Saúde da Família, funcionando a sede do município como uma
referência do Programa.
Vão ser desenvolvidas atividades de controle e prevenção da doença com a
população, planejamento na equipe, busca ativa, visitas, interação com os Agentes
de Saúde, tudo isso com a finalidade de ajudar no diagnóstico precoce, tratamento,
interação do paciente e acessibilidade.
Os materiais utilizados serão panfletos cartazes, uma sala para reuniões, palestras,
onde também serão realizados treinamentos e capacitações para os Agentes
Comunitários de Saúde.
A sede dará suporte, para todas as atividades realizadas nas Unidades de Saúde.
26
5 RECURSOS
Os profissionais serão os mesmos das Unidades, o que não altera o gasto com
recursos humanos que é realizado hoje. A referência dará suporte nas campanhas.
Os custos de telefone, água, luz, internet, área física será o mesmo já disponível nas
Unidades de Saúde. Os panfletos e cartazes já existem para utilização do programa
e serão disponibilizados pela Secretaria de Estado da Saúde. Os recursos didáticos
como computador e data show também já existem nas Unidades de Saúde.
Desta forma, os gastos com o projeto ficam restritos a:
DESCRIÇÃO
VALOR (R$)
O transporte em épocas de campanha. Pelo menos duas
em cada Unidade por ano.
3.000,00
A alimentação nas palestras, como lanches, almoço.
Valor total
3.000,00
27
6 CRONOGRAMA
2011
ATIVIDADES
SET
OUT
NOV
DEZ
01. Escolha e delimitação do tema
02. Revisão da literatura
03. Elaboração dos elementos do projeto
ATIVIDADES
03. Elaboração dos elementos do projeto
04. Entrega do projeto de intervenção
05. Período para implementação
06. Verificação dos resultados esperados
2012
JAN
FEV
MAR
ABR
MAI
JUN
JUL
28
7 CONSIDERAÇÕES FINAIS
O município de Água Doce do Norte, Espírito Santo. Segundo o IBGE (2010), O
MUNICÍPIO foi emancipado em 1989 e está localizado no Norte do Espírito Santo,
mais precisamente no Noroeste capixaba, com 11.771 habitantes residentes,
possuindo uma área de 483,6 km² .
Número de casos de Hanseníase por ano, de 2001 à novembro de 2011, no
Município de Água Doce do Norte – ES.
Ano
Nº de casos
2001
31
2002
20
2003
35
2004
17
2005
19
2006
39
2007
36
2008
30
2009
30
2010
31
2011 (até novembro)
25
Total de números de casos nos últimos
313
10 anos
Fonte: MINISTÉRIO DA SAÚDE; SINAN NET – Sistema de Informação de Agravos
de Notificação.
O trabalho realizado busca:
Proporcionar ao paciente mais acesso nas atividades do Programa de Controle e
Combate à Hanseníase, maior interação das equipes com os seus pacientes de
hanseníase, descoberta de novos casos da doença, Elaboração de estratégias de
busca ativa dos contatos, levar mais informações para a população através de
palestras educativas, conscientizando sobre a doença e proporcionar maior
assistência ao tratamento dos pacientes, através do monitoramento dos casos;
29
Evitando assim, conseqüências nos níveis individuais e coletivos, dando assim, um
grande passo para a eliminação da doença.
30
8 REFERÊNCIAS
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de Medicina Tropical, Uberaba, v. 36, n. 3, mai./jun. 2003. Disponível em:
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