A sustentabilidade competitiva do desporto português

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A sustentabilidade competitiva do desporto português
Os tempos que vivemos não são dados a grandes reflexões. E as palavras como que exauridas esbatem-se na
voragem dos dias. Só que a ausência de reflexão corresponde sempre a um empobrecimento do pensamento.
É essa deriva que alimenta a intolerância. E é ela, que nos conduz à recusa da complexidade e à invocação
de receitas mágicas para superar o nosso atraso no domínio da competitividade desportiva internacional.
Em bom rigor ninguém pode responder com suficiente segurança se o problema da competitividade externa
do desporto português é mais um problema de carência de verbas ou de melhorar o uso daquelas que se têm.
Ou de ambas. Porque nenhum estudo permitiu afirmar, de modo sólido, que o peso do financiamento em
relação aos demais elementos que a pesquisa científica identifica como determinantes para o sucesso
desportivo foi o elemento decisivo.
Este documento sintetiza algumas das reflexões que elaborámos sobre o tema. Na certeza de que ao fazê-lo
assumimos a modéstia da nossa reflexão sem proclamar certezas ou caminhos radiosos. Apenas o contributo
que sentimos ter a obrigação de dar para ajudar a elevar o nível desportivo do nosso país e deste modo
aumentar o grau de competitividade do desporto português.
O Comité Olímpico de Portugal (COP) está ciente que a missão de valorizar socialmente o desporto só é
viável se os seus intervenientes assumirem que a mudança e o desenvolvimento exige das instituições de
referência que o governam e orientam a capacidade de saírem do seu reduto de conforto e submeterem ao
escrutínio público a sua perspetiva sobre os problemas e desafios que enfrentam.
Sem assumir todos os riscos inerentes a esse ato de coragem estamos condenados a replicar modelos
ultrapassados. A subsistir no experimentalismo. A permanecer convictos em torno de uma inabalável
razão, sustentada em convicções. A sermos, até, incapazes de expor, partilhar e desenvolver verdadeiros
exemplos de sucesso.
Esquivarmo-nos ao debate plural e à partilha de ideais representa não só um tremendo obstáculo em
qualquer processo de criação de valor, mas também a conivência com uma tradição obscurantista cujas
marcas profundas permanecem enraizadas na nossa cultura, com a qual não nos podemos conformar.
Por isso o COP apresenta este documento a toda a comunidade desportiva nacional, e à sociedade
portuguesa, convicto que todos o possam valorizar, aprofundar e concretizar para assim dar forma a uma
cultura cívica fundada nos valores do desporto e do olimpismo como elemento central no desenvolvimento
social do país.
1
O resultado é um elemento estruturante das práticas do desporto,
designadamente daquelas que se sustentam na competição. Porque esta é,
acima de tudo, uma avaliação comparativa entre equipas e/ou atletas. Este
elemento estruturante da matriz fundadora do desporto absolutizou-se a partir
do momento em que o resultado deixou de ter apenas um valor desportivo,
para passar a ter também um valor (e uma leitura) mediática, comercial e
política. E o resultado passou a um outro patamar avaliativo: o equivaler ou não
à conquista de uma medalha. Esta alteração criou um ambiente e um diferente
condicionamento social com várias consequências.
Uma sobre a construção dos quadros competitivos: aos Jogos Olímpicos, aos
Campeonatos do Mundo e da Europa o triângulo virtuoso do alto rendimento
juntaram-se, em algumas modalidades, Taças do Mundo e da Europa, com
medalhas e pódios numa profusão nunca antes vista. E em breve os Jogos
Europeus.
Mas passou também a influenciar e condicionar as políticas públicas e/ou
associativas. E quando atravessadas pela ideologia do pensamento neoliberal
uma consequência normal: só o valor desportivo mensurável pelo mercado do
espetáculo desportivo é sustentável e nessa sustentabilidade só quem vence é
merecedor de agenda. O resto dispensável e sem utilidade.
Esta tendência tende a remeter as políticas para uma pura lógica do mercado
da competitividade desportiva em que se tornam reféns de projetos centrados
nos resultados e em que o papel social do Estado é limitado a esta lógica:
apoiar o que pode vencer. O resto não vale a pena.
A crise, e com ela a diminuição de recursos, está precisamente a servir para
alimentar esta ideologia transformando-a num elemento de dominação e de
2
soluções que surgem como aparentemente inevitáveis. É preciso resistir a essa
inevitabilidade. Porque é errada nos seus pressupostos e porque é perigosa.
O que ocorre de quatro em quatro anos com os resultados olímpicos é bem
elucidativo. Consciências adormecidas acordam e descobrem que não somos
tão competitivos quanto devíamos. E que outros já descobriram soluções que
teimosamente não queremos seguir. E para que as soluções sejam
credibilizadas nada melhor que alinhar números, despesas, rankings e
comparar resultados, mesmo que a métrica de avaliação e ponderação quanto
à representatividade internacional seja arbitrária com notórias consequências
internas. Cria-se a ideia de que o sucesso, afinal, está ali ao dobrar da esquina.
E que, tal como na literatura de autoajuda, a felicidade está ao nosso alcance.
É só querermos. Mobilizarmos recursos e vontades. E sobretudo termos
estratégia. O que trocado por miúdos, quer dizer ir aos Jogos Olímpicos e
regressar de lá com umas medalhas. Porque o simples facto, só possível a
quem revela um mérito desportivo excecional, ganho em competição, de
participar nuns Jogos Olimpicos, está vulgarizado e desvalorizado.
Multiplicam-se nesse sentido os estudos e os critérios de avaliação
obedecendo aos mais diversos indicadores, suscitando a escrita e o debate de
imensas pessoas. Umas preparadas, outras menos preparadas e outras
claramente impreparadas. O desempenho dos sistemas desportivos passou a
ser descrito com a evidência de que todos podem chegar ao sucesso desde que
aplicado o modelo certo. E o que se passa no país não é diferente do ocorrido
em outras latitudes designadamente em países onde o alto rendimento
desportivo
passou
a
ser
um
fator
de
leitura
política
e
de
legitimação/deslegitimação de política públicas e/ou associativas.
3
Como afirmámos no nosso manifesto eleitoral1 nos sistemas desportivos
estabilizados a relação sistémica entre os diferentes subsistemas explica o sucesso desportivo
do alto rendimento e a respetiva competitividade externa. Em sistemas onde os diferentes
subsistemas estão dispersos e sem relações de complementaridade é sempre possível o êxito
temporário através de soluções mais ou menos imediatas: naturalizações de atletas por razões
de interesse desportivo; afrouxamento nos processos de despistagem da dopagem; processos
intensivos de preparação desportiva; deslocação/emigração de atletas para outros sistemas de
preparação; contratação de especialistas externos; etc. Ou até o êxito em alguns segmentos
competitivos por razões culturais, de historia desportiva local ou até contingenciais sem que
esses resultados sejam o reflexo de qualquer sistema desportivo minimamente sustentado.
O conceito de competitividade é multifatorial e a vertente financeira é uma
das suas variáveis de análise. E uma variável que não pode ser medida
exclusivamente por aquilo que é despendido na chamada preparação olímpica.
Avaliar a competitividade tendo apenas por base o binómio financiamento da
preparação olímpica versus resultados desportivos de alto nível configura uma
visão redutora e capciosa sobre uma problemática para a qual concorrem
outras dimensões de análise da maior relevância, amiúde situadas a montante
da dimensão financeira.
Essa constatação não impede que se reconheça que o desporto de alto
rendimento (e por arrasto uma preparação olímpica) são atividades de custos
cada vez mais elevados. Operando num contexto internacional global a
competitividade atingida pelo alto rendimento é muito determinada pelas
economias dos respetivos países e o que elas libertam para a respetiva
preparação desportiva. É verdade que não existe um determinismo puro entre
o valor da competitividade desportiva das nações e a sua riqueza ou poderio
económico mas não deixa de ser um importante fator condicionante. A
1
Valorizar socialmente o desporto, um desígnio nacional, candidatura ao Comité Olímpico de Portugal
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consulta a qualquer relatório sobre as despesas dos países (despesas públicas
e/ou privadas) comprova-o. Comprova também que a este propósito não é
indiferente a proveniência da despesa. E permite verificar que há países que
gastam com uma modalidade o que outros gastam com toda a preparação
olímpica. O que em Portugal se gasta é, comparativamente a outros, uma
ninharia. Mas é o que a economia e a riqueza do país e as opções políticas
possibilitam. Pelo que o centro da reflexão se deveria centrar mais em saber se
pode ou não o desporto português progredir e alcançar um outro plano de
excelência - nacional e internacional - com os recursos que o país pode
dispensar. E nesse caso se as limitações existentes esgotaram o potencial de
crescimento desportivo do país ou, pelo contrário, ainda é possível, com o
mesmo nível de recursos fazer melhor.
Por isso entendemos que “é um equívoco a ideia de que tudo se resolve arrumando de
forma diferente a despesa, concentrando porventura mais meios financeiros em modalidades
desportivas que potencialmente apresentem indicadores de maior grau de competitividade
externa. Porque a simples definição de prioridades competitivas e a alocação de meios
financeiros não é um imperativo de sucesso. O resultado desportivo é o reflexo do talento dos
atletas com as condições sociais e desportivas disponibilizadas para o poder exprimir ao mais
elevado nível competitivo. E essas condições estão para além da vertente financeira embora,
muitas delas, por ela sejam condicionadas.
Seria, por isso, prudente não ficar refém de uma perspetiva contabilística e entender que o
sucesso desportivo requer o aperfeiçoamento de outros fatores críticos abundantemente
descritos na literatura da especialidade: a deteção, seleção e orientação de talentos; a
estabilidade no processo da carreira desportiva e pos-desportiva; a qualidade na formação dos
técnicos; a qualidade do ambiente de preparação desportiva”.2
2
Ibidem
5
A participação olímpica é, por si mesma, o resultado de um mérito desportivo
excecional. Quem participa nuns Jogos Olímpicos não é quem quer, é quem
se qualifica. E quem se qualifica preenche um quesito de mérito e valor
desportivos invulgares e só ao alcance de alguns. Pelo que o primeiro esforço
de uma preparação olímpica terá de ser o de garantir a qualificação do maior
número de atletas possível, e, numa segunda fase, o de projetar essa
qualificação ao melhor cenário face ao quadro de resultados alcançados.
Ora, equacionar o planeamento do processo de preparação olímpica fora
deste quadro de referência poderá, porventura, trazer melhores resultados e
valorizar algumas disciplinas. E não é despiciendo ignorá-lo. Contudo, qual a
sua sustentabilidade para gerar mais e melhores resultados de uma forma
regular no panorama desportivo internacional? Qual a sua preponderância
para alavancar e consolidar a cadeia de valor nas diversas etapas de formação e
desenvolvimento que conduzem ao alto rendimento e à preparação olímpica?
O país não dispõe de dados, devidamente analisados e estudados, que
permitam clarificar respostas sobre estas e outras questões. Por isso
navegamos em sensibilidades e impressões que avulsamente recolhemos
através das experiências que vamos acumulando em diversos contextos da
nossa vivência desportiva, em diversas modalidades, em diversas organizações,
em diversos cargos. Por isso recrutamos esse conhecimento sensível, carente
de fundamento factual ou científico, para suportar os argumentos com que
defendemos as nossas perspectivas. Por isso tendemos naturalmente a
recrutar supostos exemplos de sucesso de outras latitudes como panaceia para
os problemas, naturalmente específicos, da nossa realidade.
O desenho de políticas, a definição de orientações estratégicas, metas,
objetivos e resultados e a planificação de programas desportivos necessitam de
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se fundar em factos e basear-se em diagnósticos aturados do contexto
presente. De como chegámos até ele e quais os cenários que se projetam para
o futuro imediato e mais longínquo.
Quantos de nós podem hoje afirmar, com rigor e segurança, que o país dispõe
de indicadores precisos e análises rigorosas sobre os fatores críticos da sua
competitividade desportiva para um exercício dessa índole?
Por exemplo: estão identificados os condicionalismos e as potencialidades no
âmbito da detecção, seleção, orientação, promoção e desenvolvimento de
talentos?
É seguro considerar o investimento no alto rendimento e os resultados
desportivos alcançados, isolando-os num mero rácio de custo/benefício,
como uma dimensão determinante para analisar a competitividade desportiva
e a qualidade desse investimento?
Estarão assim erradas as políticas de uma modalidade onde este rácio seja
baixo? Ou tenha vindo a ter uma trajetória decrescente nos últimos ciclos
olímpicos? Se sim, porquê? E para corrigir estas assimetrias será a melhor
solução discriminar positivamente quem tem melhores rácios? Quais os
fundamentos que nos levam a acreditar que sim?
Ou será o sistema desportivo, um efetivo sistema onde existem vasos
comunicantes, pesos e contrapesos, entre os seus diversos componentes e
etapas de desenvolvimento?
Qual o peso e a preponderância de outros fatores de desenvolvimento, que
maioritariamente operam também a montante desta etapa, como a
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qualificação técnica, a qualidade e o contexto dos quadros competitivos nos
escalões formativos, o apetrechamento e infraestruturas, os processos de
avaliação, monitorização e controlo do treino, a organização e regulação da
modalidade, a interdependência com o sistema de ensino?
Terão estes elementos pesos idênticos e proporcionais em todas as
modalidades inscritas no programa dos Jogos Olímpicos?
O tradicional modelo piramidal de evolução do percurso desportivo continua
hoje a ser uma referência fiável para explicar a sustentabilidade das políticas
públicas e federativas e o sucesso desportivo de um país em geral? Será que
aos Comités Olímpicos Nacionais cumpre apenas concentrarem-se em torno
dos aspectos relacionados com o topo dessa pirâmide?
É de esperar algum contributo na elevação do nível desportivo do país de uma
educação física e um desporto na escola cada vez mais uma atividade
curricular e menos uma disciplina com suficiente densidade programática e
avaliativa?
Estas, e muitas outras questões, cuja resposta se afigura premente no quadro
global cada vez mais exigente, complexo e competitivo onde gravita o
denominado desporto de alto rendimento encontram-se por explicar e medir,
com assinaláveis impactos no desenvolvimento de uma estratégia que se
deseja eficiente e sustentável face aos exíguos recursos disponíveis.
Uma visão critica sobre esta problemática não se compagina com questões de
fé. Reclama uma capacidade de abertura e diálogo das organizações
desportivas, das instituições académicas e dos poderes públicos para investigar
e intensificar a análise deste objecto de estudo, conferindo-lhe a dignidade e o
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estatuto científico que ainda se encontra menorizado. Para recolher, tratar e
monitorizar regularmente indicadores de referência no diagnóstico da situação
desportiva nacional, e daí aprofundar o debate necessário às opções e
compromissos a assumir em relação ao futuro que se pretende projetar face
aos meios que o país dispõe.
Caso contrário continuaremos a proferir banalidades, a discordar ou
corroborar em torno das nossas convicções, inseguros a cada opção que
tomamos. Preferindo invariavelmente nem as tomar, evitando riscos
desnecessários, e permanecer no conforto de um cenário que cremos
controlar, porventura procedendo a ajustes pontuais e anódinos, enquanto
tudo se transfigura em redor.
Tendo em vista colmatar estas lacunas impõe-se no contexto actual
desenvolver e implementar um quadro concertado de acções sobre o futuro
da competitividade do desporto nacional.
I
Animado por este desígnio o Comité Olímpico de Portugal criou, através de
uma rede de parceria com todas as instituições universitárias nacionais no
domínio
das
Ciências
do
Desporto,
um
Centro
de
Pesquisa
e
Desenvolvimento Desportivo, no propósito de, em estreita cooperação com
as federações desportivas, analisar, monitorizar e intervir nos factores críticos
de competitividade do modelo desportivo nacional, nomeadamente:
 Prestação de serviços de apoio aos atletas integrados no programa de
preparação olímpica tendo em vista potenciar o processo de avaliação,
controlo e acompanhamento do treino;
 Oferta de conteúdos formativos especializados destinados a técnicos
integrados no programa de preparação olímpica;
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 Apoio a projetos e trabalhos de investigação no âmbito das Ciências do
Desporto
II
No entanto, afigura-se essencial alargar esta intervenção e consolidar outras
parcerias institucionais tendo em vista a recolha, tratamento e análise de dados
nos seguintes domínios:
 Evolução dos resultados desportivos das modalidades inseridas no
programa olímpico e respectivos atletas, identificando os indicadores de
rendimento desportivo atualmente alcançados bem como o seu
potencial de desenvolvimento
 Estudos e trabalhos de investigação destinados a suportar, fundamentar
e avaliar políticas públicas e associativas para o desporto em áreas
relevantes para a sua governação, organização e regulação, em particular
na esfera da economia, fiscalidade, direito e politica desportiva
europeia.
III
Com efeito, a qualificação dos processos de tomada de decisão carecem
necessariamente de uma abordagem transversal devidamente informada, a
qual deve ser enquadrada num horizonte estratégico alargado. Foi com esta
referência que o COP delineou um quadro de intervenção a três ciclos
olímpicos, assumido no programa desportivo contratualizado com o
Governo, tendo em vista criar as condições de sustentabilidade para
concretizar as seguintes acções e projetos que dão forma à sua missão:
 Expandir a base de talentos desportivos visando diagnosticar e
propor medidas para corrigir os bloqueios aos principais
pontos de acesso à iniciação desportiva (escola e clube)
contribuindo, no âmbito de um quadro estratégico concertado
com as entidades com responsabilidades nestas áreas, para a
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consolidação
de
um
sistema
de
deteção,
seleção
e
desenvolvimento de talentos, com as seguintes orientações:
1. Criação e gestão de um banco de talentos desportivos, atualizado
com dados biométricos e desportivos obtidos pela aplicação de
protocolos validados cientificamente, respeitando o ordenamento
jurídico em matéria de proteção de dados;
2. Promoção de eventos junto da população escolar como contexto
facilitador para a prospeção e a recolha dos elementos acima
descritos;
3. Apoio complementar, em coordenação com as respetivas
federações desportivas e autarquias locais, em medidas de apoio a
clubes desportivos identificados como escolas de iniciação e
formação desportiva prioritárias para o desenvolvimento de
talentos;
4. Definição de um percurso orientado para a excelência,
identificando etapas, objetivos e estratégias através de um
programa de âmbito nacional;
5. Medidas de qualificação da prática desportiva infanto-juvenil como
pressuposto indispensável para o alto rendimento;
6. Sensibilização da tutela e dos organismos do sistema educativo
para a necessidade do reforço da parceria com o sistema
desportivo federado e para a relevância da iniciação desportiva em
contexto escolar, em conjugação com a formação socioeducativa.
7. Reforço e implementação de medidas destinadas a garantir a
conciliação
da
carreira
desportiva
com
a
carreira
escolar/académica, no âmbito das designadas carreiras duais,
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salvaguardando as especificidades do estatuto do estudante-atleta
como fator essencial para combater o abandono precoce da prática
desportiva.
Concretizar este desígnio exige do movimento desportivo a capacidade
de convocar para o seio da mensagem olímpica o tópico da educação
desportiva das crianças e dos jovens como elemento central do
olimpismo.
Reclama de todos os agentes desportivos, bem como dos responsáveis
políticos, a absoluta necessidade de, na sua esfera de intervenção,
contribuírem ativamente para a promoção da prática desportiva,
fundamentalmente através de um quadro de ação vocacionado para a
divulgação dos valores como estratégia para um maior envolvimento e
identidade social com o desporto, reforço da cultura desportiva e
mobilização cívica para esta área, essenciais para consolidar e ampliar o
peso da agenda politica do desporto, em especial junto de outras politicas
conexas e com impacto relevante (economia, fiscalidade, formação
profissional, educação, turismo, ambiente, etc.), tendo em consideração o
menor espaço para promoção do desporto que se prevê vir a ocorrer
com a reforma do serviço público de televisão;
Deste modo, para alavancar a competitividade desportiva nacional urge
tornar percetível aos cidadãos o apoio ao desporto não como um custo,
mas como um investimento com um retorno importante junto da
comunidade, valorizando o papel das federações desportivas, procurando
também estabelecer relações com federações não olímpicas e outras
entidades que compõem o mercado desportivo com novos modelos de
oferta fora do espetro federado e associativo, gerando as sinergias
necessárias para, em conjunto, superarmos os exigentes desafios que se
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colocam no contexto presente e posicionarmos o futuro do desporto
português em patamares de desenvolvimento mais elevados.
Lisboa, Junho de 2014
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