Disbiose intestinal e sua relação com intolerâncias e

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Disbiose intestinal e sua relação com intolerâncias e
alergias alimentares
https://semlactose.com/index.php/2009/08/20/disbiose-intestinal-e-sua-relacao-com-intolerancias-e-alergias-alimentares/
Última atualização em: 14/08/10
O intestino humano abriga cerca de 100 trilhões de microrganismos, a chamada microbiota intestinal (ou “flora
microbiana”), dentre os quais, cerca de 400 espécies de bactérias apresentam importância vital para a saúde. O
desenquilíbrio dessa flora microbiana pode influenciar no surgimento de alergias e intolerâncias alimentares.
Entenda melhor sobre o tema e sobre a relevância desses microorganismos para a nossa saúde e bem estar.
Desde os tempos de Pasteur os cientistas já conheciam a importância do papel desempenhado pelas bactérias
intestinais, que pode ser comprovado em 1908 pelo cientista russo, ganhador do Prêmio Nobel de Medicina e
Fisiologia Elie Mechnikof, ao estudar camponeses no interior da Bulgária que consumiam leite fermentado.
Estes camponeses viviam por muitos anos e apresentavam baixas taxas de doenças, quando comparados com
outras populações. Mechnikof conseguiu isolar os lactobacilos bulgaricus presentes no leite fermentado dos
camponeses e realizou estudos que reafirmaram sua eficácia na manutenção da saúde.
No estômago existem poucas bactérias devido à acidez excessiva. No intestino delgado, a quantidade de
bactérias aumenta à medida que o intestino grosso se aproxima e é nele onde a maior parte das bactérias se fixa
(colonização bacteriana), chegando a abrigar entre 10 bilhões a 10 trilhões bactérias/g de tecido. Muitas destas
bactérias são eliminadas diariamente através das fezes e outras tantas são ingeridas junto com a alimentação, o
que nos permite concluir que a colonização é temporária e a chamar a atenção para a vigilância quanto à busca
por um equilíbrio nesta microbiota, pois nem todas as bactérias são benéficas, sendo muitas delas, causadoras de
doenças (bactérias patogênicas).
O equilíbrio da microbiota intestinal é fundamental, já que muitos dos microrganismos presentes desenvolvem
um importante papel na nutrição, fisiologia e regulação do sistema imunológico. Os lactobacilos são o principal
gênero de bactérias probióticas presentes no intestino delgado e englobam diversas espécies como os L. brevis,
L.bulgaricus, L. acidophilus, L. casei, entre outros. Já as bifidobactérias são o gênero predominante no intestino
grosso e muitas podem ser usadas como probióticos na alimentação, como as B. animalis, B. bifidum, B. lactis,
etc.
Os probióticos são microrganismos vivos, ingeridos através da alimentação e/ou da suplementação que exercem
algumas funções essenciais para a manutenção da saúde, como: função nutricional (pois também sintetizam
algumas vitaminas do complexo B e vitamina K),função digestória (atuam na síntese de enzimas digestivas,
como algumas proteases e peptidases, que são enzimas responsáveis pela digestão de proteínas, mas
principalmente colaboram na síntese da enzima LACTASE, indispensável a digestão da lactose). Os probióticos
também ajudam a regular o trânsito intestinal e a absorção de nutrientes, além de auxiliarem na diminuição dos
níveis de colesterol plasmáticos. Estas bactérias também apresentam função metabólica, pois ao fermentarem, as
fibras presentes na alimentação produzem ácidos graxos de cadeia curta, que são usados pelas células do cólon
como fonte de energia. Os probióticos apresentam função imunomoduladora, sendo essenciais ao
desenvolvimento e maturação dos sistemas imunes entérico (sistema imune do intestino) e sistêmico. Além
disso, contribuem para a maior tolerância oral, diminuindo as chances de surgimento de alergia alimentar.
Entretanto, inúmeros fatores influenciam na composição desta microbiota, como a idade, tempo de trânsito
intestinal (presença de diarréia ou de prisão de ventre), pH intestinal (índice de acidez intestinal),
disponibilidade de matéria fermentável (que servirão de “alimento” a estas bactérias, como as fibras solúveis –
prebióticas e a lactose), interação entre todos os componentes desta microbiota, suscetibilidade a infecções,
integridade do sistema imune, uso de antibióticos (que matam as bactérias causadoras de infecção, mas também
destroem as bactérias da microbiota) e de medicamentos imunossupressores (que interferem com os
mecanismos de defesa do organismo), hábito alimentar, estresse, entre outros.
Crianças alimentadas exclusivamente com leite materno apresentam melhor colonização intestinal do que as
crianças alimentadas com fórmulas infantis e por este motivo também apresentam menor incidência de alergias
alimentares. Entretanto, ao longo da vida, os fatores citados acima vão influir mais ou menos na manutenção de
uma microbiota saudável.
Quando ocorre um desequilíbrio entre estes fatores, levando a uma diminuição da quantidade de probióticos no
intestino e aumento das bactérias prejudiciais, surge a condição denominada DISBIOSE INTESTINAL, que
face a este desequilíbrio leva a uma maior fragilidade da mucosa intestinal, propiciando o surgimento (ou piora)
de alergias alimentares tardias, intolerâncias alimentares (como a IL), diarréias e até mesmo câncer de cólon,
devido ao aumento da permeabilidade intestinal, visto que o intestino torna-se menos seletivo ao absorver
algumas substâncias.
Diversos estudos têm sido realizados para avaliar o papel protetor das bactérias probióticas e da alimentação na
manutenção da integridade intestinal. Nestes estudos observou-se um melhor controle da função intestinal
(melhora tanto da diarréia quanto da prisão de ventre), melhora da tolerância à lactose, diminuição das infecções
do trato geniturinário (como candidíase de repetição), melhora da função imunológica, dos sintomas da SII
(Síndrome do intestino irritável), das DII (doenças inflamatórias intestinais), entre outras.
Juliana Crucinsky
Nutricionista
Referências bibliográficas
Paschoal, Valéria et al. Ecologia e Disbiose Intestinal. In: Nutrição Funcional – dos princípios à prática
clínica. São Paulo: VP Editora, 2007;
Saad, Suzana Marta Isay. “Prebióticos e probióticos: o estado da arte”. Brazilian Journal of
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Hawrelak, Jason A., Myers, Stephen P. “The causes of intestinal dysbiosis – a review”. Alternative
Medicine Review, 9(2), 2004.
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