Depressão em idosos com tontura crônica e sua relação com

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Revista Equilíbrio Corporal e Saúde, 2013; 5(2):25-34
Rose Romano Caveiro1
Érica de Toledo Piza
Peluso2
Fátima Cristina Alves BrancoBarreiro2
Depressão em idosos com tontura
crônica e sua relação com
desequilíbrio e impacto da tontura
na qualidade de vida
Depression in elderly with chronic
dizziness and its relationship with
imbalance and dizziness impact on quality
of life
Fisioterapeuta. Mestre pelo
Programa de Mestrado Profissional
em Reabilitação do Equilíbrio
Corporal e Inclusão Social da
Universidade Anhanguera de São
Paulo.
1
Professor Doutor do Programa de
Mestrado
Profissional
em
Reabilitação do Equilíbrio Corporal e
Inclusão Social da Universidade
Anhanguera de São Paulo.
2
Resumo
Introdução: A insegurança causada pela tontura e pelo desequilíbrio
corporal pode levar a alterações psíquicas como irritabilidade, perda
da autoconfiança, ansiedade, depressão ou pânico. Objetivo:
Investigar a prevalência de depressão em idosos com tontura crônica
e verificar sua relação com o equilíbrio funcional, tempo de tontura e
o impacto da tontura na qualidade de vida. Material e Método:
Estudo de corte transversal descritivo e analítico com 61 idosos com
tontura crônica. Foram utilizados a Escala de Depressão Geriátrica
(GDS), a Escala de Equilíbrio de Berg (BBS), o Índice de Marcha
Dinâmica (DGI) e o Inventário de Handicap da Tontura (DHI).
Resultados: A maior parte dos idosos (51,5%) apresentou depressão,
sendo a maioria de intensidade leve a moderada. Foi observada
correlação negativa e significante entre os escores do GDS e o DGI e
entre o GDS e o DHI. Conclusão: A depressão é prevalente e está
correlacionada com desequilíbrio corporal e maior impacto da
tontura na qualidade de vida nos idosos com tontura crônica.
Palavras-chave: Tontura. Depressão. Equilibrio postural.
Idoso.
Autor para correspondência:
Rose Romano Caveiro
Endereço postal:
Rua Maria Cândida, 1813
São Paulo - SP
CEP: 02.071-013
Email: [email protected]
25
Revista Equilíbrio Corporal e Saúde, 2013; 5(2):25-34
O envelhecimento populacional é uma realidade mundial e brasileira e está
ocorrendo de forma acelerada. Os avanços na assistência médica e nas
medidas preventivas de doenças são alguns dos fatores responsáveis pelo
prolongamento da expectativa de vida, protegendo a população de
enfermidades, da morte prematura e, consequentemente do seu
envelhecimento precoce.
De acordo com Papaléo Neto1, o envelhecimento traz alterações fisiológicas,
morfológicas, bioquímicas e psíquicas, que podem levar a incapacidades
funcionais.
O equilíbrio corporal pode sofrer influências das alterações fisiológicas
próprias do envelhecimento, de doenças crônicas, de interações
medicamentosas ou disfunções específicas, afetando todos os componentes
envolvidos nesses controles, como: sensorial (visual, somatossensorial e
vestibular), efetor (flexibilidade, amplitude de movimento, força e
alinhamento biomecânico) e processamento central.2
Dentre as queixas relacionadas às alterações do equilíbrio corporal no idoso
estão a vertigem, a tontura, o desvio de marcha, as náuseas, a instabilidade e
a queda. O distúrbio do equilíbrio corporal é uma das causas mais frequentes
de queda e instabilidade em idosos, podendo levar à incapacidade funcional
e dependência.3
O paciente com tontura habitualmente relata dificuldade de concentração,
perda de memória e fadiga. A insegurança causada pela tontura e pelo
desequilíbrio corporal pode levar a alterações psíquicas como irritabilidade,
perda da autoconfiança, ansiedade, depressão ou pânico.4
Um estudo nacional abordou os fatores relacionados aos sintomas
depressivos de idosos com disfunção vestibular crônica, por meio do Escala
de Depressão Geriátrica (GDS - Geriatric Depression Scale). Entre os 120
idosos avaliados, 67 (55,8%) pontuaram acima da nota de corte do
instrumento. O modelo preditivo para piora dos sintomas depressivos foi
composto por gênero feminino, distúrbios de memória e da concentração,
insônia, hipoacusia, visão péssima, não utilização de dispositivo de auxílio à
marcha e maior impacto da tontura no aspecto emocional.5
Outro estudo nacional verificou a associação entre tontura, prática de
atividade física, equilíbrio e sintomatologia depressiva em um grupo de
idosos não institucionalizados. Em 65,8% da amostra verificou-se ausência
de depressão. A análise dos dados evidenciou associação estatisticamente
significante entre idade e tontura, entre tontura e depressão e entre tontura e
probabilidade de queda; no grupo que não praticava atividade física houve
associação entre tontura e depressão. A não realização de atividade física, a
presença de depressão e a média probabilidade de queda, são fatores que
favoreceram a ocorrência de tontura na amostra investigada.6
No entanto, é difícil determinar se os problemas psicológicos como a
depressão já existiam ou se ocorreram como resultado das complicações
vestibulares.7
A depressão é o problema de saúde mental mais comum na terceira idade e
esta está associada à piora na qualidade de vida, ao maior risco de morbidade
e de mortalidade, ao aumento na utilização dos serviços de saúde, entre
outros aspectos, sendo de grande importância para a saúde pública.8
Caveiro et al.
Introdução
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Revista Equilíbrio Corporal e Saúde, 2013; 5(2):25-34
A avaliação e tratamento de pacientes com distúrbios vestibulares sempre
foram desafiantes. Testes convencionais para avaliação do sistema vestibular
investigam a presença de anormalidades no seu funcionamento, porém não
avaliam a influência destas no desempenho das atividades de vida diária, na
qualidade de vida e, tampouco, indicam a presença de problemas de ordem
psicológica, como a depressão.
Objetivo
Investigar a prevalência de depressão em idosos com tontura crônica e
verificar sua relação com o equilíbrio funcional, tempo de tontura e o
impacto da tontura na qualidade de vida.
Material e Método
Participantes
Foi realizado um estudo transversal no Laboratório de Reabilitação do
Equilíbrio Corporal e Inclusão Social da Universidade Bandeirante de São
Paulo (UNIBAN), no período de agosto de 2008 a novembro de 2009.
O projeto de pesquisa foi aprovado pelo Comitê de Ética da Universidade
Bandeirante de São Paulo (Protocolo nº 026/09) e todos os participantes
assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido, conforme a
Resolução CNS/MS nº 196/96.
Os idosos foram encaminhados ao Laboratório a partir do Serviço da
Prefeitura Municipal de São Paulo Unidade Leão 13, Orquídeas da Mooca e
do Centro de Referência da Cidadania do Idoso (CRECI). Os sujeitos foram
recrutados após agendamento prévio para avaliação médica, fisioterapêutica
e fonoaudiológica.
Participaram do estudo idosos, do sexo feminino ou masculino, com idade
acima de 60 anos, residentes no município São Paulo, com condições físicas
e mentais de estabelecer e manter comunicação e com queixa de tontura há
mais de três meses.
Instrumentos
Para avaliar a depressão foi utilizado a Escala de Depressão Geriátrica
versão de 15 itens (GDS-15). A escala GDS faz o rastreamento de sintomas
depressivos em idosos e foi desenvolvida por Yesavage et al.9 contendo 30
itens. A versão abreviada com 15 itens foi desenvolvida por Sheikh &
Yesavage10 e posteriormente validada no Brasil por Almeida, Almeida11.
Consiste em 15 perguntas com respostas “sim” ou “não”, sendo que o
paciente responde às perguntas em relação à “como se sentiu na última
semana”. O escore de 0 a 4 pontos sugere ausência de depressão, de 5 a 10
pontos indica depressão leve ou moderada e igual ou maior que 11 indica
depressão grave.
O impacto da tontura na qualidade de vida dos pacientes foi investigado por
meio do Inventário de Handicap da Tontura (Dizziness Handicap Inventory DHI), desenvolvido por Jacobsson e Newman12 e adaptado para o português
brasileiro por Castro et al.13 É constituído por 25 questões, com três opções
de resposta, sendo que as respostas “sim” pontuam 04 pontos, “às vezes” 2
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Revista Equilíbrio Corporal e Saúde, 2013; 5(2):25-34
pontos e “não” zero ponto. O maior escore possível é 100 pontos, situação
em que se observa um prejuízo máximo causado pela tontura. Portanto,
quanto maior o escore maior o prejuízo causado pela tontura. Esta escala
possui um escore geral e um escore para os aspectos físicos, para os aspectos
funcionais e para os aspectos emocionais.
O desempenho do equilíbrio funcional foi avaliado pela Escala de Equilíbrio
de Berg (Berg Balance Scale - BBS)14, adaptada para o português por
Miyamoto et al.15 Consiste em 14 itens comuns à vida diária, sendo que cada
item possui uma escala ordinal de cinco alternativas que variam de 0 a 4
pontos. Portanto a pontuação máxima pode chegar a 56 e um escore de 45
pontos ou menos prediz para risco de quedas. Os pontos são baseados no
tempo em que uma posição pode ser mantida, na distância em que o membro
superior é capaz de alcançar à frente do corpo e no tempo para completar a
tarefa. A BBS é realizada com o paciente vestido, descalço e pode fazer uso
de óculos e/ou próteses auditivas de uso habitual.
Para a avaliação do equilíbrio durante a marcha foi utilizado o Índice de
Marcha Dinâmica (Dynamic Gait Index – DGI), desenvolvido por
Shumway-Cook, Woolacott16 e adaptado para o português por De Castro et
al.3 É constituído de oito tarefas que envolvem a marcha em diferentes
contextos sensoriais, que incluem superfície plana, mudanças de velocidade
da marcha, movimentos horizontais e verticais da cabeça, passar por cima e
contornar obstáculos, giro sobre seu próprio eixo corporal, subir e descer
escadas. Cada paciente foi avaliado por meio de escala ordinal com 4
categorias e pontuado de acordo com o seu desempenho em cada tarefa: 3=
marcha normal, 2= comprometimento leve, 1=comprometimento moderado
e 0=comprometimento grave. A pontuação máxima é de 24 pontos e um
escore de 19 pontos ou menos é preditivo para risco de quedas.
Análise estatística
Inicialmente as variáveis foram analisadas descritivamente. Para as variáveis
quantitativas esta análise foi feita por intermédio da observação dos valores
mínimos e máximos, e do cálculo de médias, desvios-padrão e mediana. Para
as variáveis qualitativas calcularam-se frequências absolutas e relativas. Para
o estudo da correlação entre os escores dos instrumentos foi utilizado o
coeficiente de correlação de Spearman. O nível de significância utilizado
para os testes foi de 5% (p<0,05).
Resultado
Neste estudo foram avaliados 61 pacientes com idade entre 60 e 84 anos,
sendo que 56 sujeitos (86,2%) eram do gênero feminino e 5 (13,8%) do
masculino.
A análise descritiva dos resultados dos instrumentos DGI, BBS, DHI e GDS
está apresentada na Tabela 1.
28
Revista Equilíbrio Corporal e Saúde, 2013; 5(2):25-34
Tabela 1 - Valores de média, desvio-padrão, mediana, mínimo e máximo
dos escores dos questionários aplicados (N=61).
Variável
Média
DP
Mediana
Mínimo
Máximo
DGI
20,06
3,08
21
11
24
BBS
50,90
5,68
53
22
56
DHI Total
37,15
22,45
35
0
88
DHI Emocional
10,38
10,05
8
0
36
DHI Físico
12,98
7,06
14
0
28
DHI Funcional
13,26
9,59
12
0
36
GDS
4,48
2,87
5
0
11
110,81
148,32
48
3
696
Tempo de tontura (meses)
Com base nestes escores os pacientes foram classificados em grupos. A
análise descritiva destas classificações está na tabela 2. Pode-se observar que
23 pacientes (37,1%) apresentaram pontuação menor que 19, o que é
preditivo de queda pela escala DGI, e 8 pacientes (12,7%) tiveram pontuação
menor que 45, valor preditivo de queda pela escala BBS.
Tabela 2 - Frequências absolutas e relativas das classificações dos escores
dos questionários aplicados.
Variável
DGI
BBS
GDS
Classificação
N
%
0 – 19
23
37,1
20 – 24
39
62,9
0 – 45
8
12,7
46 – 56
55
87,3
sem depressão
31
48,4
leve/moderada
31
48,4
grave
2
3,1
Baseado nos escores encontrados realizou-se o estudo da correlação entre
depressão, equilíbrio funcional e impacto da tontura na qualidade de vida
nos idosos. Na tabela 4 apresenta-se o valor do coeficiente de correlação de
Spearman entre o GDS e os escores do DGI e da BBS e o tempo de tontura.
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Revista Equilíbrio Corporal e Saúde, 2013; 5(2):25-34
Observa-se que há correlação negativa e significante entre o GDS e o DGI,
assim quanto maior o GDS menor o DGI e vice-versa. Não há correlação
significativa entre GDS e BBS e entre GDS e tempo de tontura.
Tabela 4 - Coeficiente de correlação de Spearman (R) para GDS e as
variáveis DGI, BBS e tempo de tontura.
DGI
BBS
Tempo de tontura
R
-0,311
-0,171
0,116
P
0,015
0,185
0,373
Na tabela 5 apresenta-se o valor do coeficiente de correlação entre o GDS e
os escores do DHI. Observa-se que houve correlação positiva e significante
entre o GDS e o DHI, assim quanto maior o escore da escala GDS maior o
escore do DHI e vice-versa. Houve correlação positiva e significante entre o
GDS e o DHI emocional e funcional, mas não com o físico.
Tabela 5 - Coeficiente de correlação de Spearman (R) para GDS e DHI
total, DHI emocional, DHI físico e DHI funcional.
DHI
DHI total
Emocional
Físico
Funcional
R
0,348
0,454
0,225
0,352
p
0,006
< 0,001
0,084
0,006
Discussão
Os idosos com tontura crônica avaliados no presente estudo caracterizaramse por maioria feminina (86,2% da amostra). Esses achados são semelhantes
aos encontrados por Gazzola et al.2, em um estudo que caracterizou idosos
vestibulopatas em acompanhamento ambulatorial, em que a amostra era na
maioria feminina (68,3%).
Papaléo Neto1 aponta para a feminilização da velhice, relatando que a
população feminina cresce mais rapidamente que a masculina,
provavelmente por um índice de mortalidade maior do gênero masculino em
relação ao feminino, implicando em maior expectativa de vida no gênero
feminino. Além disso, as mulheres tendem a procurar mais os serviços de
saúde que os homens.
A pontuação média no GDS-15 foi de 4,48, tendo variado de zero a 11.
Considerando a nota de corte do instrumento (pontuação >5), 48,4% dos
idosos estudados apresentaram indicação de depressão leve/moderada e
3,1% de depressão grave.
A prevalência da depressão nos idosos com tontura crônica foi superior à de
outros estudos com idosos sem tontura que utilizaram o mesmo instrumento
30
Revista Equilíbrio Corporal e Saúde, 2013; 5(2):25-34
de rastreamento. Oliveira et al.17 avaliaram idosos que frequentam centros de
convivência e identificaram 31% dos idosos com depressão. Linhares et al.18
encontraram 36,7% dos idosos que frequentam ambulatórios de geriatria
com depressão.
Por outro lado, a prevalência de depressão no presente estudo foi similar à
encontrada por Gazzola et al.5, que indicou que 55,8% de idosos com
disfunção vestibular crônica tinham depressão, de acordo com o instrumento
GDS. Porém, no estudo desses autores, foram encontrados mais casos de
depressão grave entre os idosos com disfunção vestibular.
Essa diferença pode ser atribuída ao fato da amostra do estudo atual ser
composta por idosos ativos e frequentadores de centros de convivência e a
amostra de Gazzola et al. ser composta por idosos atendidos em um hospital
universitário e que nem sempre frequentavam centros de convivência.
Outros estudos recentes têm examinado as relações entre ansiedade,
depressão, e tontura crônica, indicando que há elevada comorbidade entre os
sintomas psicológicos e a tontura.19,20,21
O desenho do presente estudo não permite avaliar se a depressão se
desenvolveu como reação à disfunção vestibular crônica e às limitações
geradas pelo ou se estes idosos já tinham sintomas depressivos antes de
desenvolverem o quadro de tontura.
No estudo atual, 37,1% dos idosos apresentaram predisposição à queda pelo
DGI e 12,7% pela BBS. Observou-se correlação negativa e significante entre
os escores da escala GDS e o DGI, ou seja, quanto maior a pontuação no
GDS menor no DGI e vice versa. Portanto, este resultado indica que idosos
com mais sintomas depressivos têm maior predisposição à queda.
A diferença entre o desempenho na BBS e no DGI dos idosos avaliados pode
ser justificada pela maior sensibilidade da DGI para predizer risco de queda,
visto que é um instrumento composto de tarefas mais dinâmicas, com
movimentação cefálica, por exemplo, desafiando mais o sistema vestibular.
Além disso, pelo DGI é possível classificar o paciente em categorias
diferentes de acordo com o modo como desempenha cada tarefa. A BBS, por
sua vez, consiste de tarefas menos estimulantes e que permitem que o
paciente realize adaptações do movimento, como, por exemplo, realizá-lo
com maior lentidão, uma vez que só avalia se o individuo consegue ou não
realizar o que é solicitado.
Os achados do estudo atual são semelhantes aos encontrados por Taguchi e
Santos22 em idosos sem queixa de tontura e frequentadores de um centro de
convivência. Embora o presente estudo tenha avaliado idosos com queixa de
tontura, acredita-se que os resultados tenham sido semelhantes em função
dos sujeitos avaliados serem socialmente ativos e praticarem atividades
físicas regularmente.
De acordo com Ruwer et al.23, um dos principais fatores que limitam a vida
do idoso é o desequilíbrio. As quedas são as consequências mais perigosas
do desequilíbrio e da dificuldade de locomoção. As manifestações dos
distúrbios do equilíbrio corporal têm grande impacto para idosos, podendo
levá-los à redução de sua independência, trazendo sofrimento, imobilidade
corporal, medo de cair novamente e altos custos de tratamento.
Vários estudos apontam para uma relação entre equilíbrio e o número de
quedas e, além disso, as alterações de equilíbrio nos idosos provocam o
medo de cair, o que diminui a participação destes indivíduos em tarefas
domésticas e atividades sociais. Tal fato acarreta decréscimo da força
31
Revista Equilíbrio Corporal e Saúde, 2013; 5(2):25-34
muscular, causando cansaço e diminuição da velocidade para a realização
das atividades. Essas dificuldades fazem com que o idoso passe mais tempo
sentado ou em repouso, gerando um ciclo vicioso que aumenta o risco de
incapacidade funcional nestes indivíduos.24
No estudo atual não houve correlação significante entre escores da GDS e
BBS e entre GDS e tempo de tontura. Por outro lado, observou-se que houve
correlação positiva e significante entre os escores da GDS e o DHI geral,
indicando que quanto mais sintomas depressivos, maior a incapacidade
provocada pela tontura. Foi encontrada correlação positiva e significante
entre o GDS e o DHI emocional e funcional, mas não foi encontrada
correlação com o DHI físico.
A associação de depressão e percepção de maior impacto da tontura na
qualidade de vida está de acordo com os resultados encontrados por Gazzola
et al.5, Piker et al.19, Tatibana20 e Cheng et al.21
Portanto, no presente estudo verificou-se correlação entre depressão, pior
equilíbrio funcional e maior impacto da tontura na qualidade de vida em
pacientes idosos com tontura crônica de origem vestibular.
Dentre as limitações do presente estudo pode-se elencar a ausência de um
grupo controle. Novos estudos longitudinais são necessários, a fim de avaliar
como se desenvolve a relação entre depressão, desequilíbrio e impacto da
tontura na qualidade de vida.
Conclusão
A depressão é prevalente e está correlacionada com desequilíbrio corporal e
maior impacto da tontura na qualidade de vida nos idosos com tontura
crônica.
Abstract
Introduction: The insecurity caused by dizziness and the body imbalance
can lead to psychological problems such as irritability, loss of selfconfidence, anxiety, depression or panic. Purpose: To investigate the
prevalence of depression in elderly patients with chronic dizziness and verify
its relationship with functional balance and impact of dizziness on quality of
life. Method: Descriptive and analytical cross-sectional study of 61 elderly
patients with chronic dizziness. We used the Geriatric Depression Scale
(GDS), the Balance Scale Berg (BBS), the Dynamic Gait Index (DGI) and
the Dizziness Handicap Inventory (DHI). Results: Most of the patients
(51,5%) had depression and the majority was mild / moderate. It was
observed negative and significant correlation between the GDS scores and
the DGI and between the GDS and the DHI. Conclusion: Depression is
prevalent and is correlated with body imbalance and major impact of
dizziness on quality of life in elderly patients with chronic dizziness.
Keywords: Dizziness. Depression. Postural balance. Aged.
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