UNIVERSIDADE DE UBERABA MAXWEL NATALINO RELATÓRIO DE ESTÁGIO SUPERVICIONADO DE APLICABILIDADE “AC ELETRICIDADE E COMÉRCIO LTDA.” UBERLÂNDIA - MG 2008 UNIVERSIDADE DE UBERABA MAXWEL NATALINO RELATÓRIO DE ESTÁGIO SUPERVICIONADO DE APLICABILIDADE “AC ELETRICIDADE E COMÉRCIO LTDA.” Trabalho apresentado à Universidade de Uberaba como parte das exigências à conclusão da disciplina de Estágio Supervisionado do Estágio Obrigatório do 8º período do Curso de Administração, sob a orientação do Professor Dany Rogers. UBERLÂNDIA - MG 2008 2 “O mundo é um lugar perigoso de se viver, não por causa daqueles que fazem o mal, mas sim por causa daqueles que observam e deixam o mal acontecer... E ainda, de forma contundente, sofremos demasiado pelo pouco que nos falta e alegramo-nos pouco pelo muito que temos... E nunca é demais lembrar, nossas dúvidas são traidoras e nos fazem perder o bem que às vezes poderíamos ganhar pelo medo de tentar”. Willian Shakespeare e Albert Einstein 3 “Ainda que eu falasse a língua dos homens, que eu falasse a língua dos anjos, sem Amor nada seria... Ainda que eu tenha o dom de profetizar e conheça todos os mistérios e toda a ciência; Ainda que eu tenha tamanha fé ao ponto de transportar montes, se não tiver Amor nada serei...” 1 Coríntios 13: 1 – 2. “E não sede conformados com este mundo, mas sede transformados pela renovação do vosso entendimento, para que experimenteis qual seja a boa, agradável, e perfeita vontade de Deus.” Romanos 12:2 4 ...dedicar, uma palavra tão simplória, forjada nas profundezas da simplicidade, porém, com significado tão poderoso... È um verbo que se faz como o presente em seu profundo simbolismo, que se traduz no desejo de alguém em simplesmente fazer parte de nossas vidas... É o desejo materializado... Enfim, dedicar é amar de forma pura e verdadeira, pois, somente quem o faz e capaz de realizar este ato... Tão meigo... Tão singelo e tão fraterno; Dedicar é um ato simples, quando comparado às pessoas cujo nos objetivaram criá-lo. Nenhum Ser Humano é igual a outrem, por isso, é necessário falar em meio às entrelinhas, para que as aspirações de todos os participantes desta obra possam regozijar-se nestas humildes palavras... “À nossos familiares... Pais, irmãos, tios, enfim, todos que de alguma maneira nos guiaram pelos caminhos bons que hoje nos encontramos... Estes, que sempre nos oferecem amor, carinho e apoio incondicionais...“ 5 AGRADECIMENTOS a Deus, ser de onipotência incomparável; que a cada dia, tem me guiado e mostradome o caminho certo a seguir. aos meus pais... Eles, tão doces e ao mesmo tempo tão sagazes... Pessoas de Fibra... Esculpidas no ímpeto da sabedoria... Feitos para participar do Milagre da Vida... Para edificar o Lar... Para propagar o amor, o carinho e a ternura... Para embalar o berço e construir um caráter... Feitos para serem príncipes e ao mesmo tempo reis; aos meus amigos que sempre estiveram ao meu lado e me apoiaram; Estes, que se alegraram comigo em vários momentos, contudo, quando necessário me criticaram, pois, sabiam que a mesma não provocaria o desgaste da amizade, e sim o seu eminente amadurecimento; ao grupo de tutores da Universidade de Uberaba, sempre solícitos a elucidar todas as minhas dúvidas; em especial, ao Dany Rogers; a todos os meus familiares, pela paciência e compreensão cujo tiveram comigo no decorrer do período de ornamentação deste projeto; Afinal, o amor é fundamental em todos os estágios da vida, abstendo-se apenas para a razão, esta que oferece o diferencial... em especial, aos amigos de uma vida inteira, Rogério Braz, Marcus Vinícius, Karla, Glenda, Oraide, Léa Macedo, e tantos outros; pessoas especiais que entraram na minha vida para transformá-la; e mostrar-me, de modo real, a fidelidade de Deus para com a minha vida; todos, que considero bem mais que amigos, mas parte da minha família... “E poderá haver várias vírgulas entre nós, mas nunca um ponto final...”. 6 LISTA DE TABELAS 1: Caracterização da Organização ................................................................................... 24 2: Caracterização dos Recursos Humanos ...................................................................... 27 3: Caracterização da Capacitação Tecnológica ............................................................... 28 4: Caracterização da Gestão da Qualidade ...................................................................... 30 5: Caracterização da Gestão da Ambiental ..................................................................... 32 6: Caracterização da Gestão Mercadológica ................................................................... 33 7: Caracterização da Gestão Financeira ......................................................................... 35 8: Caracterização da Gestão da Produção ....................................................................... 37 9: Caracterização da Gestão da Produção ....................................................................... 38 10: Caracterização dos Fornecedores .............................................................................. 39 11: Caracterização dos Concorrentes .............................................................................. 41 12: Caracterização dos Produtos ..................................................................................... 41 13: Caracterização dos Fatores Sociais ........................................................................... 43 14: Caracterização dos Fatores Econômicos ................................................................... 45 15: Caracterização dos Fatores Políticos e Sociais ......................................................... 45 7 LISTA DE FIGURAS / QUADROS Figura 1: Análise SWOT................................................................................................. 47 Figura 2: Análise GUT .................................................................................................... 47 Quadro 1: Espectro dos principais modelos de processos .............................................. 55 Quadro 2: Empresas Tradicionais X Empresas por processos ........................................ 59 Figura 3: Conceito de Processos ..................................................................................... 62 Quadro 3: Exemplos de processos chave por tipo de empresa ....................................... 63 Figura 4: Matriz de Responsabilidades ........................................................................... 64 Quadro 4: Classificação geral dos processos empresariais ............................................. 66 Figura 5: Diagrama de Ishikawa ..................................................................................... 67 Figura 6: Mapa de Ocorrências ....................................................................................... 68 Figura 7: Gráfico de Pareto ............................................................................................. 68 Figura 8: Evolução do Índice de Reclamações Pólos Nacionais .................................... 69 Figura 9 - Gráfico de Controle ........................................................................................ 70 Figura 10 – Diagrama de Dispersão ............................................................................... 70 Figura11: Exemplo de Fluxograma ................................................................................. 72 Figura 12: QDT - Quadro de Distribuição do Trabalho (Modelo de QDT Tradicion ... 73 Figura 13: Método 5W2H ............................................................................................... 74 Quadro 5: Etapas do DMAIC .......................................................................................... 76 Figura 14: Equipe Seis Sigma ......................................................................................... 77 Figura 15 - Organograma proposto: modelo radial ......................................................... 87 Figura 16 – Método de Plano de Ação 5W2H ................................................................ 89 Figura 16 – Método de Plano de Ação 5W2H ................................................................ 89 Figura 17: Quadro de ocorrências ................................................................................... 94 Figura 18: Causas do baixo desempenho dos colaboradores .......................................... 94 Figura 19: Definição dos Cinco Processos Básicos de Administração de RH ............... 99 Figura 20: Vantagens dos Recrutamentos Interno e Externo ........................................ 101 Figura 21: Desvantagens dos Recrutamentos Interno e Externo .................................. 101 Figura 22: Comparações entre Exigências do Cargo e Perfil do Candidato ................. 102 Figura 23: Método de Plano de Ação 5W2H ................................................................ 107 8 SUMÁRIO Resumo técnico ............................................................................................................... 11 Abstract ........................................................................................................................... 12 Resumem ......................................................................................................................... 13 RESUME ........................................................................................................................ 14 1. Introdução ................................................................................................................... 15 1.1 Objetivo Geral do estágio.......................................................................................... 16 1.2 Objetivos Específicos ................................................................................................ 16 1.3 A Justificativa............................................................................................................ 16 2. A Empresa ................................................................................................................... 18 2.1 Histórico da Empresa ................................................................................................ 18 2.2 O seu endereço .......................................................................................................... 19 2.3 Seu principal ramo de Atividade ............................................................................... 19 2.4 A Visão ..................................................................................................................... 19 2.5 A Missão ................................................................................................................... 19 2.6 O Mercado ................................................................................................................. 20 2.7 Os Concorrentes ........................................................................................................ 21 3. Diagnóstico da Empresa .............................................................................................. 22 3.1 A Análise (metodologia) ........................................................................................... 22 3.2 A Análise S.W.O.T (Ferramenta de Análise) .......................................................... 22 3.3 A Análise G.U.T. (Ferramenta de Análise) .............................................................. 23 3.4 Análise de S.W.O.T e G.U.T. ................................................................................... 24 3.4.1 A Organização ........................................................................................................ 24 3.4.2 Os Recursos Humanos ........................................................................................... 26 3.4.3 A Capacitação Tecnológica.................................................................................... 28 3.4.4 A Gestão da Qualidade .......................................................................................... 29 3.4.5 A Gestão Ambiental ............................................................................................... 31 3.4.6 A Gestão Mercadológica ........................................................................................ 32 3.4.7 A Gestão Financeira ............................................................................................... 35 3.4.8 A Gestão da produção ............................................................................................ 36 O ambiente operacional................................................................................................... 38 3.4.9 Os Clientes ............................................................................................................. 38 3.4.10 Os Fornecedores ................................................................................................... 39 3.4.11 Os Concorrentes ................................................................................................... 40 3.4.12 Os Produtos .......................................................................................................... 41 O ambiente geral ............................................................................................................. 43 3.4.13 Os Fatores Sociais ................................................................................................ 43 3.4.14 Os Fatores Econômicos ........................................................................................ 44 3.4.15 Os Fatores Políticos e Sociais .............................................................................. 45 3.5 Avaliação geral.......................................................................................................... 46 4. A Resenha Técnica ...................................................................................................... 49 5. Relatório Técnico – Projeto A..................................................................................... 52 5.1 A contextualização Atual .......................................................................................... 52 5.2 O Processamento das Informações – Projeto A ........................................................ 54 5.3 Susgestões de Aprimoramento - Projeto A ............................................................... 57 6. Relatório Técnico – Projeto b ..................................................................................... 79 6.1 A contextualização Atual – Projeto B ....................................................................... 79 9 6.2 O Processamento das Informações – Projeto B ........................................................ 80 6.3 Susgestões de aprimoramento – Projeto B ................................................................ 83 7. Relatório Técnico – Projeto C ..................................................................................... 90 7.1 A contextualização Atual – Projeto C ....................................................................... 90 7.2 O Processamento das Informações – Projeto C ........................................................ 91 7.3 Susgestões de aprimoramento – Projeto C ................................................................ 96 8. Conclusão .................................................................................................................. 110 9. Bibliografia ............................................................................................................... 112 10. Apêndice ................................................................................................................. 116 11. Anexos .................................................................................................................... 120 10 RESUMO TÉCNICO Universidade de Uberaba, Junho de 2008. Estágio Supervisionado Obrigatório. Professor Orientador: Dany Rogers. Processos de trabalho bem desenhados e fluxos de trabalho bem definidos são fatores fundamentais para a competitividade de uma empresa. Uma simples falha em um processo pode acarretar uma série de problemas, tais como custos altos, retrabalho e, além disso, pode afetar o desempenho da empresa. Para o desenho de um fluxo de trabalho que atenda as suas necessidades, grande parte das empresas tem focado no desenvolvimento de sistemas complexos, investindo montantes significativos de capital e tempo alocado em reuniões. As respostas de como conseguir melhores formas para seus processos de trabalho estão, em especial, nas pessoas envolvidas, os donos do processo. O propósito do estudo é analisar os processos Organizacionais, de Marketing e Qualidade, verificando os impactos que a não existência de tais setores podem provocar nos resultados organizacionais. O arcabouço teórico utilizado reúne a literatura das áreas de supracitadas. Os procedimentos metodológicos utilizados caracterizam o estudo de caso, cujos dados foram coletados por meio de observação participante e documentos da empresa, com o objetivo de compreender o contexto da empresa. Os dados foram analisados de forma a identificar os processos, suas falhas e, assim, oferecer soluções adequadas ao contexto da empresa. Palavras-Chaves: Processos; Marketing; Qualidade; Metodológicos; Objetivo e Contexto Organizacional. 11 ABSTRACT Universidade de Uberaba, Junho de 2008. Estágio Supervisionado Obrigatório. Professor Orientador: Dany Rogers. Procedures for working well designed and well-defined streams of work are factors critical to the competitiveness of a company. A simple flaw in a process can involve a series of problems such as high costs, rework and, moreover, can affect the performance of the company. For the design of a workflow that meets their needs, most businesses have focused on the development of complex systems, investing significant amounts of capital and time allotted to meetings. The answers on how best ways to get their work processes are, in particular the people involved, the owners of the process. The purpose of the study is to analyze the processes Organizational, Marketing and Quality, noting the impact that the absence of such sectors may cause the organizational results. The theoretical literature used to meet areas of the above. The methodological procedures used characterize the case study, whose data were collected through participant observation and documents of the company, aiming to understand the context of the company. The data were analyzed to identify the processes, their flaws and thereby offer solutions appropriate to the context of the company. Keywords: Cases; Marketing; Quality; Metodológicos; Organizational Background and Purpose. 12 RESUMEM Universidade de Uberaba, Junho de 2008. Estágio Supervisionado Obrigatório. Professor Orientador: Dany Rogers. . Procedimientos de trabajo bien diseñado y bien definidas líneas de trabajo son factores críticos para la competitividad de una empresa. Un simple error en un proceso que puede involucrar una serie de problemas tales como altos costos, revisar y, además, puede afectar el desempeño de la empresa. Para el diseño de un flujo de trabajo que responda a sus necesidades, la mayoría de las empresas se han centrado en el desarrollo de sistemas complejos, invertir importantes cantidades de capital y el tiempo asignado a las reuniones. Las respuestas sobre la mejor manera maneras de obtener sus procesos de trabajo son, en particular las personas implicadas, los propietarios del proceso. El propósito del estudio es analizar los procesos de organización, la comercialización y la calidad, tomando nota de las repercusiones que la ausencia de estos sectores puede hacer que el resultados de la organización. La literatura teórica utilizados para satisfacer las esferas de la anterior. Los procedimientos metodológicos utilizados caracterizar el estudio de caso, cuyos datos fueron recolectados a través de la observación participante y documentos de la empresa, con el fin de comprender el contexto de la empresa. Los datos fueron analizados para identificar los procesos, sus defectos y, por tanto, ofrecer soluciones adecuadas al contexto de la empresa. Palabras clave: Casos; Marketing; Calidad; Metodológicos; organización Antecedentes y finalidad. 13 RESUME Universidade de Uberaba, Junho de 2008. Estágio Supervisionado Obrigatório. Professor Orientador: Dany Rogers. Procédures de travail bien conçu et bien défini les lignes de travail sont des facteurs essentiels pour la compétitivité d'une entreprise. Une simple erreur dans un processus qui peut comporte une série de problèmes tels que des coûts élevés, l'examen et peut également affecter les performances de la société. Pour la conception d'un flux de travail qui réponde à leurs besoins, la plupart des sociétés ont mis l'accent sur le développement de systèmes complexes, inverti, d'importantes quantités de capitaux et le temps alloué pour la réunion. Les réponses sur la meilleure façon d'obtenir les moyens de leurs processus de travail sont, en particulier les personnes concernées, les propriétaires du processus. Le but de cette étude est d'étudier les processus de l'organisme, la commercialization et de la qualité, prenant note de l'impact que l'absence de ces secteurs peut nous faire que les résultats de l'organisme. La littérature théorique utilisée pour satisfaire les domaines de la ci-dessus. Les procédures utilisées pour caractériser la méthodologie de l'étude de cas, dont les données ont été recueillies par le biais de l'observation des participants et des documents de la société, afin de comprendre le contexte de l'entreprise. Les données ont été analysées afin d'identifier les processus, ses défauts et, par conséquent, offre des solutions adéquates al contexte de l'entreprise. Mots-clés: affaires, le marketing de qualité; Metodológicos; organization Contexte et objectif. 14 1. INTRODUÇÃO O mundo está cada vez mais sensitivo as mudanças que vem ocorrendo de forma demasiada na construção da história das nações, e independentemente das várias opiniões formadas, o Brasil ainda é a maior economia da América Latina, portanto, apto a receber investimentos reais, que possam aumentar a capacidade produtiva do país e possibilitar o lucro contínuo aos empresários. Este projeto foi desenvolvido na AC Eletricidade e Comércio LTDA, que é uma empresa situada na cidade de Uberlândia e presta serviços de assessoria em assuntos tocantes a formação de redes elétricas, bem como, comercialização de inúmeros artigos de eletricidade. Antes de qualquer coisa, é preciso citar que, a escolha da organização supracitada para realização do projeto foi fundamentada no fato da mesma se tratar de uma micro-empresa, o que torna mais o acesso às informações necessárias para concretização do projeto. No princípio, foram realizadas análises em todas as áreas que constituem a empresa. Foram avaliados desde o ambiente operacional até o geral, com o intuito de tornar as conclusões do relatório mais assertivas e alinhadas com o cenário da organização. As análises foram realizadas por intermédio de ferramentas como as matrizes de S.W.O.T e G.U.T, bem como entrevistas com os colaboradores e acionistas. Após a coleta dos dados, formulou-se o cenário atual da empresa, no qual se aplicou uma visão crítica para a elaboração e/ou reformulação de processos com o intuito de agregar valor para o negócio como um todo. As áreas de Qualidade, RH e Gestão Estratégica são pouco exploradas na organização, necessitando de melhorias que venham agregar valor para o negócio, possibilitando maior projeção da AC Eletricidade no mercado cujo está inserida. De acordo com os dados coletados, as áreas que apresentaram maior necessidade de enfoque na aplicação de melhorias foram: qualidade nos processos, gestão organizacional e Recursos Humanos. 15 1.1 OBJETIVO GERAL DO ESTÁGIO Verificar os processos que concernem às áreas de Recursos Humanos, Planejamento Estratégico e Qualidade, a fim de processar melhorias que venham otimizar atividades, reduzir custos, aumentar produtividade, enfim, agregar valor de modo substancial para o negócio, projetando-o, de forma mais incisa no mercado cujo está inserido. 1.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS - Elaboração de plano para gestão da qualidade nos processos internos da organização; - Análise minuciosa no que se refere a todos os processos que compõem a esfera administrativa e contextual da AC Eletricidade. - Elaboração de declarações de missão, visão, bem como, estruturação do organograma funcional; - Estruturação de políticas de RH; 1.3 A JUSTIFICATIVA As organizações contemporâneas, rumo à excelência e, com vistas a se tornarem mais competitivas, buscam a eliminação de gargalos e etapas desnecessárias, (re)desenhando os processos de forma a ficarem mais claros. Uma das grandes dificuldades dos gestores atuais é identificar problemas em processos e eliminar de forma definitiva essas falhas. As mudanças estão cada vez mais ágeis o que leva os processos tornarem-se inadequados e distantes da realidade, exigindo a todo o momento a revisão e a recriação, o que na maior parte das vezes não acontece. 16 A empresa objeto deste estudo não possui seus processos desenhados em fluxogramas de blocos ou manuais de procedimentos; fato que inviabiliza a normatização dos processos, bem como, a avaliação da efetividade de cada tarefa. O trabalho justifica-se por três aspectos. Primeiro porque será utilizado para ajustar, analisar, recriar os processos da empresa; portanto, seus resultados ajudarão no treinamento de novos profissionais. Serão propostas formas claras e objetivas para o desenho de cada etapa no processo. As falhas serão identificadas e será proposto a melhor forma para sua eliminação, que é o que todo gestor almeja, contribuindo para agilidade dos serviços prestados. Segundo, de acordo com Chiavento (2004 : 37) é relevante para a administração, pois as modernas ferramentas de estudo e gestão organizacional apontam para a Gestão de processos como área de grande importância dentro da organização. E por último, esta análise é viável face à autorização da empresa para o acesso a análise de seus fluxogramas e manuais de procedimentos. É importante salientar que, por intermédio da primeira melhoria, aplicou se as demais sugestões de aprimoramento, ou seja, primeiro treina-se a organização a avaliar seus processos, para posteriormente sugerir novas melhorias, o que denomina-se reengenharia dos processos organizacionais. O trabalho está estruturado da seguinte forma: no primeiro capítulo encontra-se o histórico da empresa, desde sua fundação até a estrutura atual. Nos capítulos seguintes, encontra-se o referencial teórico, o qual enfatiza-se a gestão por processos e as políticas de RH; os procedimentos para o levantamento e coleta de dados; e por fim, apresentam-se os resultados e considerações finais. 17 2. A EMPRESA 2.1 HISTÓRICO DA EMPRESA A empresa AC Eletricidade e Comércio LTDA atua na prestação de serviços de montagens, manutenções e consultorias em instalações industriais e automação, além de comércio de materiais elétricos em geral para Uberlândia e região. Presente no mercado desde Outubro de 1999 está localizada na cidade de Uberlândia, estrategicamente no bairro Presidente Roosevelt na Avenida Cesário Crosara, nº. 2230, local com grande fluxo de carros e pessoas por se tratar de uma das principais avenidas do bairro e que permite acesso ao centro da cidade. Valores Eduardo Fruchi (2007), afirma que Valores são as qualidades que a empresa apresenta e que vem adquirindo com o passar dos anos como, por exemplo, Tradição, Qualidade e Seriedade. “São elementos essenciais para formação da cultura organizacional e explica que se tratam do que a empresa entende como atitudes primordiais para o sucesso. É tida como a essência da filosofia da empresa e promove o direcionamento comum aos funcionários”. (FRUCHI, 2007). Conclui-se que valores devem refletir as características que a organização julga como primordiais para o desenvolvimento de seus produtos ou prestação de serviços aos clientes e funcionários. A empresa AC Eletricidade LTDA descreve como seus valores: “Incentivo e capacitação dos funcionários, proporcionando aprimoramento contínuo da qualidade dos serviços prestados”. 18 2.2 O SEU ENDEREÇO AC – Eletricidade e Comércio Ltda Endereço: Avenida Cesário Crosara, nº. 2230 – Bairro Roosvelt Uberlândia – MG CEP: 38.402-330 Telefone: (34) 3231-7980 Contato: Alexandre Marco Motta da Cunha 2.3 SEU PRINCIPAL RAMO DE ATIVIDADE A principal atividade da AC – Eletricidade e Comércio Ltda é a venda e consultoria em materiais elétricos. 2.4 A VISÃO A visão representa o sonho onde a organização deseja chegar. Segundo Zacarias (2008), visão é o sonho da organização, é o futuro do negócio e onde a organização deseja estar neste futuro. Como já citado, a AC Eletricidade LTDA até o momento não tem uma declaração de Visão formal. 2.5 A MISSÃO Peter Harazim (2008) conceitua Visão como o cenário ideal visualizado pela empresa. É a situação que a empresa busca, e para onde ela dirige sua criatividade e recursos. “Visão é a direção em que à empresa pretende seguir, ou ainda, um quadro do que a empresa deseja ser”. (HARAZIM, 2008). 19 Percebe-se, então, que a Visão da empresa deve refletir onde ela espera chegar com sua atuação no mercado. Dornelas (2008) destaca que a missão deve refletir a razão de ser da empresa, qual seu propósito e o que a empresa faz. Deve responder a pergunta O que é sua empresa? “Missão é o motivo pelo qual a empresa existe; o que ela se propõe a realizar. O mesmo conceito é encontrado para os nomes “Razão de ser” e “Definição do Negócio”.”. (DORNELAS, 2008) Entende-se, assim, que a Missão da empresa deve definir claramente o porquê de sua existência e permanência no mercado. A missão representa a razão de existência da organização. Segundo Andrade (2002), a missão de uma organização deve ser definida para satisfazer alguma necessidade do ambiente externo, e não simplesmente oferecer um serviço ou produto. Como já citado, a AC Eletricidade LTDA até o momento não tem uma Missão definida formalmente. 2.6 O MERCADO Quando se fala em mercado é uma referência aos clientes e fornecedores que fazem parte do cenário cuja AC Eletricidade está inserida: os clientes e fornecedores. Os principais clientes: Cliente é qualquer pessoa que participe do processo, desde a sua concepção até o seu consumo. “O cliente é a pessoa que recebe os produtos resultantes de um processo no intuito de satisfazer suas necessidades e de cuja aceitação depende a sobrevivência de quem os fornece”. (Lobos, 1991:18). 20 AC Eletricidade atua na região de Uberlândia e possui como principais clientes as empreiteiras, condomínios, estacionamentos, supermercados, enfim, qualquer pessoa o empresa que necessitam de serviços de venda de materiais elétricos, bem como consultoria também. Principais Fornecedores: “Fornecedor é toda pessoa física ou jurídica, pública ou privada, nacional ou estrangeira, pessoas ou entidades sem personalidade jurídica que produzem, criam, montam, constroem, transformam, exportam, distribuem ou vendem produtos e serviços aos consumidores”. (Portal Procon do governo do Distrito Federal). A AC Eletricidade possui como principais fornecedores: Segatto, Martins Atacadista S/A. 2.7 OS CONCORRENTES “Concorrência como à disputa entre produtores de um mesmo bem ou serviço com vistas a angariar a maior parcela do mercado possível. A noção de concorrência pressupõe a existência de grande número de produtores atuando livremente no mercado de um mesmo bem ou serviço, de modo que tanto a oferta quanto a procura se originem em condições de razoável eqüidade, sem influência ilegítima principalmente sobre o preço do produto”. (Portal Renasce Brasil - Artigo O que é concorrência, monopólio e Oligopólio). A AC Eletricidade possui como principais concorrentes: Elétrica Cidade; Elétrica Lúcio; Metal Nobre, dentre outros. 21 3. DIAGNÓSTICO DA EMPRESA 3.1 A ANÁLISE (METODOLOGIA) Este relatório foi fundamentado a partir da coleta de dados secundários obtidos na empresa AC Eletricidade, em sua unidade instalada na cidade de Uberlândia, no estado de Minas Gerais; Na internet, em diversos sites com assuntos pertinentes ao estudo da organização em questão (bibliografia) e por fim, em diversos livros acadêmicos da área de Administração e Economia. Para a fundamentação, além de dados secundários foram coletados dados primários, através de um questionário respondido pelos gestores e funcionários da organização. Além da coleta de dados primários e secundários, foi realizado um levantamento técnico qualitativo da empresa, que permitiu a formação de uma visão geral da mesma, possibilitando a identificação e delimitação da área de estudo conforme a estrutura organizacional. Por fim, foram utilizadas duas ferramentas de análise organizacional: A Matriz SWOT e a Matriz GUT, descritas abaixo. 3.2 A ANÁLISE S.W.O.T (FERRAMENTA DE ANÁLISE) Para análise organizacional foram considerados três ambientes: O ambiente interno (áreas da empresa), o ambiente operacional (clientes, fornecedores, concorrentes e produto) e o ambiente geral (políticas governamentais). Após a separação, cada ambiente foi segmentado e cada segmento foi estratificado para aplicação das matrizes SWOT e GUT. A Matriz SWOT avalia cada estrato dos ambientes visando à separação entre pontos fortes e pontos fracos e ameaças e oportunidades. O objetivo desta análise é identificar as principais falhas/problemas, buscando soluções antes que afetem efetivamente toda empresa, além de permitir a identificação de possíveis oportunidades para o desenvolvimento organizacional. 22 3.3 A ANÁLISE G.U.T. (FERRAMENTA DE ANÁLISE) A matriz GUT fundamenta-se na classificação e priorização dos principais problemas organizacionais, classificando-os quanto a Gravidade, Urgência e Tendência. A Gravidade pontua as conseqüências negativas que um determinado problema pode ocasionar; A Urgência permite a classificação com base no tempo necessário para a solução de cada problema identificado; A Tendência por sua vez classifica os problemas quanto a sua possível evolução no âmbito organizacional. Para cada classificação são atribuídas notas de um a cinco: * Cinco: Situações extremamente graves e que necessitam de ação corretiva imediata para coibir o agravamento da situação; * Quatro: Situações muito graves, com alguma urgência e que podem piorar em pouco tempo; * Três: Situações graves que necessitam de correção o mais cedo possível e que, podem piorar em médio prazo; * Dois: Situações pouco graves, que podem esperar um pouco para serem solucionadas e que tendem a piorar no longo prazo; * Um: Situações sem gravidade, que não possuem tempo específico para solução e que não vão nem melhorar e nem piorar no decorrer do tempo. As notas são aplicadas a fim de classificar os problemas, para posterior elaboração de um cronograma e o estabelecimento de uma série de ações corretivas ou de incentivo para cada um. É importante ter ciência de que não existe uma nota exata para cada tipo de problema. Cabe ao avaliador, com base em seus conhecimentos técnicos e experiências, aplicar a pontuação que considerar adequada a uma determinada situação. Vale ressaltar que os ambientes foram considerados como um conjunto de variáveis, que permitiram a quantificação e a qualificação do objeto de estudo desse relatório. 23 3.4 ANÁLISE DE S.W.O.T E G.U.T. O AMBIENTE INTERNO Ambiente Interno - Corresponde as atividades internas a organização, a sua estrutura e distribuição funcional. São as áreas organizacionais como: recursos humanos, capacitação tecnológica, gestão da qualidade, gestão ambiental, gestão mercadológica, gestão financeira e gestão da produção. 3.4.1 A ORGANIZAÇÃO No que se refere à empresa observa-se que possui forte orientação empreendedora, uma vez que os proprietários estão constantemente adequando todos os processos e estrutura física organizacionais, a fim de melhorar o fluxo de informações, pessoas, colaboradores, clientes, fornecedores e parceiros na organização. Percebe-se ainda que a empresa detêm de uma agilidade excelente na tomada de decisões e que incide diretamente na flexibilidade e capacidade de resposta organizacional, que por sua vez é extremamente eficiente. Essas características devem-se ao fato da empresa ser de pequeno porte e ser constituída por um quadro pequeno de colaboradores. Tabela 1: Caracterização da Organização Fonte: Estagiário 24 Contudo, percebe-se que a empresa não se encontra estruturada, uma vez que as responsabilidades e autoridades de cada colaborador não estão claramente definidas e formalizadas (Tabela 1). Para completar essas informações, nota-se que dentro da empresa a missão, visão e os valores não estão claramente definidos, impossibilitando que todos os colaboradores e gestores, bem como fornecedores, parceiros e clientes conheçam as diretrizes gerais do negócio. De modo geral, esses dados evidenciam ausência de normas e orientações às ações dos colaboradores. Considerando-se o nível de instrução que os caracteriza, há coerência entre esses dados. Em parte, a ocorrência de pontos fracos pode ser justificada pelo fato de que as atividades, tarefas, cargos e funções acabam sendo conduzidos de modo informal pela gerência e supervisores, no âmbito da empresa (tabela 1). O objetivo principal de qualquer organização consiste em fazer com que os serviços prestados sejam de qualidade e resultem na satisfação dos clientes. Para tanto, à empresa deve buscar uma sinergia interdepartamental, que possibilite uma significativa interação entre as parte envolvidas no processo, para que nenhuma oportunidade seja desperdiçada e os consumidores possam ter suas necessidades atendidas. (COLENGHI 2003: 85). A noção de perdas, não envolve apenas falta de gestão diante das ameaças existentes associadas às perdas de oportunidades, mas a dimensão de que a organização como uma entidade social, deve compor a estrutura e o desempenho das tarefas de seus colaboradores, institucionalmente por meio de regras, normas de procedimentos e de comunicação, para alcançar resultados melhores ao cumprimento das metas estabelecidas pela empresa e gestão firmadas entre a gerência e os colaboradores de cada repartição, de forma planejada, de acordo com a missão e visão. Sobre esse parecer Colenghi (2003: 86) disserta que o planejamento organizacional consiste num esforço concentrado de todos os gestores da empresa, baseando-se na missão e visão, em levantar, analisar e propor soluções, objetivando atender aos padrões de qualidade e requisitos exigidos por clientes introduzidos em um ambiente dinâmico e complexo. Essa transformação da organização estética em organização dinâmica relaciona-se a articulação dos recursos (investimentos) com as áreas primordiais da 25 mesma, direcionando-se para as unidades que refletem a missão da empresa e centrando-se em programas específicos, focando-se na eficiência dos resultados parciais, que permitem um melhor desempenho da organização. O que precisa ser ressaltado no discurso de reforma organizacional é que a “qualidade” é entendida como “competição”, passando a ser indicada via parâmetros, assumindo um “caráter avaliativo”, para garantir a eficiência, a modernização estrutural e a cooperação do quadro de funcionários quanto aos negócios da empresa. Diante das informações supracitadas e dos resultados encontrados na tabela 1, torna-se necessário salientar a importância da estruturação organizacional por meio da Departamentalização, para que se organizem as atividades de cada gestor e dos colaboradores, visando alcançar o desenvolvimento mais efetivo e eficaz de suas atividades no âmbito organizacional. Isso se torna possível diante da difusão da missão e visão da empresa que são elementos importantes e que deve ser providenciado urgentemente. Cabe ainda destacar o fato de que seja estabelecido o planejamento organizacional, que deve ser realizado com enfoque nessas premissas, para que seja conduzido da forma mais correta e acertável possível, possibilitando assim, uma gestão mais eficaz e, consequentemente, um resultado melhor ao final de cada período, de produção, da empresa. 3.4.2 OS RECURSOS HUMANOS No que diz respeito a Recursos Humanos, percebe-se que os sócios têm uma característica em comum, a visão de futuro, uma vez que estão constantemente na busca da melhoria dos processos organizacionais a fim de inferir essa melhoria no resultado da empresa ao final do período, buscando repassar aos funcionários esse pensamento visionário para que todos se comprometam com o desenvolvimento e perenidade da organização. Apesar disso, verifica-se que não está estabelecido nenhum sistema estruturado de gestão de pessoas, uma vez que não existem políticas de recrutamento e seleção, planejamento e desempenho, cargos, salários e incentivos, treinamento e desenvolvimento e controle de recursos humanos (tabela 2). 26 Tabela 2: Caracterização dos Recursos Humanos Fonte: Estagiário A Tabela 2 demonstra que, no geral, está ocorrendo uma ausência de planejamento e gestão na área de recursos humanos da empresa, o que afirma o fato da falta de empenho dos colaboradores, tornando-se mais um entrave, uma vez que ficou constatado na tabela 1 a condição informal das atividades, cargos e funções. Isso mostra, na realidade, uma tendência de comportamento de queda dos resultados, que poderiam ser otimizados por meio de um planejamento formal dessas atividades. A crítica à ausência de planejamento na empresa poder ser encontrada em Bateman & Snell (1998: 56). O diagnóstico deles mostra que o processo de planejamento de recursos humanos acontece por meio de três estágios. Com base nesse parecer, destacam-se as seguintes fases, que nos interessam de perto: i. O planejamento, onde os gestores devem conhecer os planos do negócio para garantir o número certo de pessoas e a quantidade ideal de profissionais de acordo com o direcionamento da empresa; ii. A programação aonde a organização conduz as atividades específicas a recursos humanos como recrutamento, treinamento e demissões; iii. A avaliação onde se verifica se as atividades executadas pelos recursos humanos estão produzindo o resultado esperado para os planos de negócio da organização. A isto se acrescenta o fato de que “A Administração de Recursos Humanos provoca impactos nas pessoas e nas organizações. A maneira de lidar com as pessoas, de buscá-las no mercado, de integrá-las e orientá-las, fazê-las trabalhar, desenvolvê-las, 27 recompensá-las ou monitorá-las e controlá-las – ou seja, a qualidade da maneira como as pessoas são geridas na organização – é um aspecto crucial na competitividade organizacional”. (1999). Diante do exposto percebe-se a importância de políticas estruturadas para gestão de recursos humanos, independente do tamanho da organização. As políticas de recrutamento e seleção, planejamento, treinamento enfim, são utilizadas como uma “ponte” entre as pessoas (recursos humanos) e os objetivos organizacionais. Quanto mais bem estruturadas e aplicadas no contexto empresarial mais “curto” será o caminho traçado para atingir os objetivos. A indicação é priorizar os recursos humanos da empresa, urgentemente, para que o resultado desejado seja alcançado mais facilmente. 3.4.3 A CAPACITAÇÃO TECNOLÓGICA No tocante a Capacitação Tecnológica, percebe-se na tabela 3 que a empresa não possui uma equipe direcionada para o desenvolvimento tecnológico e convênios com entidades de pesquisa, cabendo aos gestores e aos colaboradores, portanto, identificar as possibilidades de implantação de sistemas, visando melhorar o desenvolvimento dos processos organizacionais. Além disso, a empresa não utiliza de todos os recursos proporcionados pela informática, uma vez que não possui um software específico para gestão das atividades organizacionais e planejamento. Tabela 3: Caracterização da Capacitação Tecnológica Fonte: Estagiário 28 Contudo, a organização possui uma capacidade instalada com pouca ociosidade, já que a prestação de serviços é realizada diretamente nos clientes, além da venda dos materiais ser realizada em um ponto estratégico e com fluxo alto de carros e pessoas, reduzindo ainda mais a ociosidade do negócio. Nessas condições, os gestores, além de assumirem suas funções, agindo em consonância com a responsabilidade a eles inerente, devem buscar segundo Bateman & Snell (1998: 476) entender como as tecnologias surgem, desenvolvem-se e afetam a maneira como as organizações competem e como as pessoas trabalham”. Frente a essa questão, percebe-se a “carência” aparente da organização neste contexto, onde os gestores e colaboradores não possuem o conhecimento técnico e nem informações suficientes que permitam a identificação das novas tecnologias (Tabela 3). Esse fato se dá pelo pouco conhecimento e experiência dos colaboradores da organização, características essas, apresentadas na tabela 2. No entanto, vale salientar que devido à empresa ser de pequeno porte e a sua principal atividade ser a prestação de serviços o impacto da ausência desses pontos é pequeno (tabela 3). Diante das informações da tabela 3 e das análises supracitadas percebe-se a necessidade eminente da organização modernizar-se para passar a utilizar em suas rotinas empresarias todos, ou grande parte, dos recursos proporcionados pela tecnologia. A modernização pode acontecer na gestão dos processos organizacionais por meio da utilização de softwares, mesmo que simples para planejamento e controle das atividades no âmbito do negócio. Este fato poderá estimular o aumento na capacidade de execução das tarefas, redução do índice de erros operacionais e de gestão, obtendo, ainda, um maior controle das atividades administrativas e operacionais. 3.4.4 A GESTÃO DA QUALIDADE No que concerne à Gestão da Qualidade nota-se pela tabela 4 que empresa realiza uma gestão parcial. Por um lado, não possui um programa de 5 s’s, nem indicadores de qualidade e produtividade e, pelo fato de não existirem, não há 29 acompanhamento das avaliações. Isso, por sua vez, gera desperdícios e falta de investimentos, prejudicando o desempenho e o resultado final da organização. Há de ressaltar também, o fato de que a organização não mensura o desempenho, mesmo possuindo uma boa cultura em termos de qualidade, uma vez que os resultados são avaliados de acordo com a percepção dos gestores, informalmente. Tabela 4: Caracterização da Gestão da Qualidade Fonte: Estagiário Deve-se ressaltar, ainda, que a empresa ate-se ao atendimento aos clientes, e estabelece parcerias com fornecedores confiáveis, que oferecem produtos e serviços de qualidade, de acordo com a necessidade organizacional já que os considera “peçachave” para o bom desempenho do negócio (Tabela 4). Esses resultados estampam que a empresa precisa contribuir para inserir uma visão formal de cultura organizacional visando agregar valores avaliativos, em termos de conduta, desempenho e direcionamento de suas ações. Para Colenghi (2003: 218-222) existem duas ferramentas importantíssimas utilizadas para gerir os indicadores de qualidade e produtividade das empresas, que são o Gráfico de Controle e o Ciclo PDCA. Destaca-se que o Gráfico de Controle é uma ferramenta utilizada para verificar se um processo está dentro dos limites estatísticos de controle estabelecidos por ele, permitindo, assim, fazer os ajustes necessários; Enquanto que o Ciclo PDCA de controle de processos é conhecido também como um método de solução de problemas ligado às atividades de Planejamento, de execução, de verificação e de propostas de ações corretivas, baseados nos resultados alcançados. Dentro dessa discussão, percebe-se na Tabela 4 que a principal carência da 30 organização é a falta de gestão dos indicadores de qualidade e produtividade e, ainda, a mensuração do desempenho. Este fato pode acarretar resultados ínfimos e até negativos para empresa com relação as seus clientes, incluindo perdas. Frente a essas questões a empresa AC Eletricidade LTDA pode solucionar esse problema desenvolvendo e implantando as duas ferramentas básicas de gestão de processos supracitadas, o gráfico de controle para facilitar a visualização dos entraves e o PDCA para acompanhar os processos de forma mais assertiva. 3.4.5 A GESTÃO AMBIENTAL No que concerne à Gestão Ambiental, observa-se na tabela 5 que a organização está extramente preocupada com o meio ambiente e com o crescimento sustentável; preocupação esta que é natural, frente aos recentes acontecimentos no âmbito mundial. Por causar um baixo impacto ambiental, a empresa não trabalha nenhum projeto específico de responsabilidade ambiental, mas implica aos funcionários a conscientização para a preservação do meio ambiente. Apesar de não possuir um programa específico de gestão ambiental, devido ao porte e ao ramo de atividade, a empresa busca de maneira simples preservar o meio ambiente, encaminhando todos dos resíduos para reciclagem (aqueles que são possíveis) e realizando a separação de seu lixo de acordo aos padrões já préestabelecidos pelos órgãos regulamentadores dessas questões. Contudo, como a principal atividade da organização é a prestação de serviços características organizacionais como iluminação, temperatura, ventilação e limpeza são imprevisíveis, uma vez que os serviços são prestados diretamente nas organizações que o solicitam. No entanto, a organização busca oferecer aos funcionários todos os equipamentos de segurança necessários para que não sejam prejudicados enquanto desenvolvem suas atividades profissionais em outras organizações. Colenghi (Cap. 4; Pág. 171; 172), Ergonomia é a ciência que estuda a relações homem e a máquina objetivando harmoniza-la de forma a atender às necessidades físicas e psicológicas humanas. O estudo da ergonomia busca oferecer aos trabalhadores uma vida harmônica em seu ambiente de trabalho, onde haja 31 conforto, segurança e eficiência, de modo que possam gerar qualidade e produtividade. Tabela 5: Caracterização da Gestão da Ambiental Fonte: Estagiário “A ergonomia estuda a estrutura do posto de trabalho, analisando a interação dos diversos elementos intervenientes, seus desempenhos, relações e efeitos colaterais perante as leis biológicas e psicológicas que regem o trabalho”. (Prof.ª Nogueira de Faria. Colenghi (Cap. 4; Pág. 172). Vale salientar que os estudos ergonométricos que atualmente são o ponto fraco no contexto a gestão da qualidade, não precisam ser realizados por técnicos ou especialistas no assunto. Colenghi (Cap. 4; Pág. 172) informa que para os gestores que desejam se aprofundar nesse assunto leiam a norma A NR-17 (Portaria nº. 3.751, de 23-11-90) que estabelece regras que cuidam de adaptar as condições de trabalho às características psicofisiológicas dos trabalhadores, do mobiliário nos postos de trabalho, dos equipamentos, das condições ambientais e da organização do trabalho. 3.4.6 A GESTÃO MERCADOLÓGICA No tocante a Gestão Mercadológica identifica-se por meio dos indicadores da tabela 6 e de observações pontuais e entrevistas realizadas na organização umas de suas maiores “carências”, caracterizada pela ausência de análises e planejamento 32 mercadológicos, o que, por si só, pode inferir em sérios prejuízos à empresa. Tabela 6: Caracterização da Gestão Mercadológica Fonte: Estagiário Observa-se que a organização dispõe de uma boa reputação no mercado, conquistada por meio do atendimento e dos serviços dispensados a seus clientes. Esse fato é caracterizado, ainda, pela efetividade no composto mix de serviços e produtos ofertados aos clientes. Por se tratar de uma prestadora de serviços de montagem e manutenção elétrica industrial a empresa adquiriu no decorrer dos anos o know-how necessário para atender as necessidades de seus clientes (Tabela 6). Entretanto, variáveis extremamente importantes como, por exemplo, o plano de marketing, é deixado de lado, impossibilitando-a de estabelecer os objetivos e estratégias para seu mix de serviços e para o mercado. Vale salientar, que para se entender a administração mercadológica é preciso entender o planejamento estratégico que, por sua vez, é realizado com enfoque nas declarações de Missão e Visão da organização Kotler/Keller (2000: 40) e, como se observa na Tabela 1 a empresa não as possui, contextualizado assim, a gravidade da ausência desse planejamento na empresa. Kotler/Keller (2000: 40) enfatizam, ainda, que o processo de criar, entregar e comunicar valor requer muitas atividades de marketing diferentes e, para assegurar que sejam selecionadas e executadas da forma mais eficiente e eficaz possível, é essencial que exista um planejamento estratégico, que por sua vez, exige ações em três áreas-chaves: i. Gerenciar os negócios da empresa como uma carteira de investimentos; ii. Avaliar os pontos fortes de cada negócio, considerando a taxa de crescimento do 33 mercado e a posição competitiva da empresa nesse mercado; iii. Estabelecer uma estratégia. A empresa deve desenvolver um plano de ação para cada um de seus negócios, a fim de atingir seus objetivos de longo prazo. Os autores esclarecem, ainda, que o Plano de Marketing é o instrumento central para direcionar e coordenar o esforço de marketing neste contexto, funcionando em dois níveis: i. O estratégico que estabelece os mercados-alvo e a proposta de valor que será oferecida com base em análise das melhores oportunidades de mercado; ii. O tático que especifica as táticas de marketing, incluindo características do produto, promoção, comercialização, determinação do preço, canais de vendas e serviços. Percebe-se que a ausência deste planejamento acaba inferindo em outros aspectos, também mercadológicos, da organização. A cobertura geográfica, por exemplo, a nível nacional é fraca, uma vez que sua área de atuação abrange, em grande parte, apenas a cidade de Uberlândia (Tabela 6). Contudo, esse ponto é facilmente explicado por se tratar de uma empresa de pequeno porte. Diante das informações supracitadas e dos indicadores da tabela 6, nota-se que a maioria das “carências” da organização no tocante a gestão mercadológica são ocasionados pela ausência do Plano de Marketing. Esse fato deve-se a dificuldade que se observa na organização em estabelecer suas diretrizes, seus objetivos e o “seu caminho”, contextualizada na Tabela 1. Essa dificuldade, por sua vez, deve-se diretamente ao conhecimento técnico dos colaboradores da organização, que por sua vez é limitado no tocante a planejamento e gestão estratégica, como destacado na Tabela 2. Sendo assim, a principal proposta é a criação, estruturação, aplicação e acompanhamento do plano de marketing da empresa durante todo o período, visando o alinhamento entre o composto mercadológico e os objetivos estratégicos e táticos da organização que devem ser estabelecidos urgentemente, para que a organização aproveite cada vez mais as oportunidades do mercado em que está inserida. 34 3.4.7 A GESTÃO FINANCEIRA No contexto à Gestão Financeira percebe-se na tabela 7 que a empresa detém de capital e estabilidade financeira para realizar investimentos que, por sua vez, podem ampliar sua capacidade produtiva, o nível de serviço oferecido aos clientes, enfim, possibilitando a ela a ampliação de sua participação no mercado. Tabela 7: Caracterização da Gestão Financeira Fonte: Estagiário Contudo, enfrenta dificuldades quanto à gestão de seus custos que, por sua vez, são geridos de maneira pouco eficiente e eficaz, sem especificação e sem critérios de contabilização básicos, possibilitando alto índice de erros operacionais como negociações mal feitas, precificações incorretas, enfim, inferindo negativamente no resultado da empresa. Outro ponto extremamente grave é a falta do orçamento empresarial, que não é estruturado e acompanhado periodicamente pela organização. O orçamento empresarial é o plano financeiro para implementar a estratégia organizacional para determinado exercício, sendo considerado um dos pilares para gestão eficaz dos indicadores da empresa e primordial para sobrevivência da mesma (FREZATTI, 2005: 46). “É mais do que uma simples estimativa, pois deve estar baseado no compromisso dos gestores em termos de metas a serem alcançadas”. (FREZATTI, 2005). Vale salientar que sem o orçamento empresarial, a organização não 35 consegue ter o discernimento de onde está investindo os seus recursos financeiros, ficando “a mercê” de perdas significativas, que podem gerar prejuízos financeiros e, ainda, pode inferir em prejuízos qualitativos como a queda dos serviços prestados por falta de investimentos em maquinário, veículos e estrutura, fazendo com que a organização não consiga entregar a proposta de valor exigida pelos clientes, perdendo assim, mercado para concorrência. Observa-se nas informações supracitadas e na tabela 7 a importância do Orçamento Empresarial que é a maior carência da empresa no tocante a gestão financeira. Sem essas informações organizadas e estruturadas em um único documento que possibilite a visualização sistêmica dos gestores, os gargalos e falhas não podem ser identificados facilmente, gerando resultados negativos no fim do exercício, prejudicando o alcance das metas e objetivos estabelecidos. Nota-se, mais uma vez, que a organização é “carente” em termos de planejamento, conforme já se destacou nos capítulos anteriores. Para eliminar as falhas e os gargalhos ocasionados pela ausência do orçamento empresarial, basta que os gestores se organizem para estruturá-lo no início dos exercícios. Vale salientar que tão importante quanto organizar o Orçamento é seu acompanhamento para que ações corretivas e de incentivo sejam aplicadas no tempo correto e nos pontos necessários. 3.4.8 A GESTÃO DA PRODUÇÃO No que cerne a Gestão da Produção, percebe-se por meio da tabela 8 que a empresa está relativamente organizada. As instalações são adequadas e possibilitam que a capacidade produtiva esteja condizente à capacidade instalada, como se observa mais detalhadamente na tabela 5. Esse fato permite que a produção seja realizada no prazo, resultando, consequentemente, em baixos custos de produção e o incremento dos serviços prestados aos clientes. No entanto, percebe-se que a organização não possui uma equipe de trabalho capaz e dedicada para a realização das atividades na organização. Esse fato pode ser caracterizado pela ausência de políticas de gestão de recursos humanos. (tabela 2). Sem políticas de incentivo, cargos e salários, treinamento, enfim, os colaboradores não se sentem motivados para o trabalho, o que afeta diretamente o 36 resultado organizacional. Tabela 8: Caracterização da Gestão da Produção Fonte: Estagiário Observa-se ainda na tabela 8 que as habilidades técnicas de fabricação são outro ponto fraco no tocante a gestão da produção da empresa. Novamente o ponto é caracterizado pela ausência de políticas de gestão dos recursos humanos. A empresa não oferece treinamento aos funcionários, que por sua vez, também não recebem outros incentivos da organização e, assim, não buscam qualificação para aprimorar suas habilidades técnicas. Ballou (Cap. 1; Pág. 55) A distribuição física é o aspecto da gestão que trata de servir a demanda pelos produtos e serviços da empresa, sendo executada em três níveis: No longo prazo; O planejamento estratégico de como a distribuição deve ser executada; A utilização do sistema de distribuição, que é o planejemento tático; e a execução diária das atividaes de distribuição; a operação. "A distribuição física expandiu-se para o conceito mais amplo de gerenciamento de cadeia de suprimentos. O gerenciamento da cadeia de suprimentos começa antes da distribuição física: tenta suprir os insumos corretos (matériasprimas, componentes, bens de capital), converte-os eficientemente em produtos acabados e os despacha ao destino final. A perspectiva da cadeia de suprimento pode ajudar a empresa a identificar os melhores fornecedores e distribuidores, além de aumentar a produtividade destes – o que em última instância reduz os custos da empresa. A logística de mercado envolve o planejamento, a implementação e o controle dos fluxos físicos de materiais e de produtos finais entre os produtos de origem e os pontos de uso, com o objetivo de atender as exigências dos clientes e de lucrar com esse atendimento". (Kotler/Keller Cap. 16; Pág. 519;520). 37 Percebe-se que o sistema logístico é extremamente importante. Gerir corretamente a distribuição da organização reduz custos e aumenta o desempenho de toda a cadeia, já que as coletas serão realizadas nos locais certos no momento certo e mais rapidamente. Além disso, possibilita o estabelecimento das melhores rotas, reduzindo também o desgaste da equipe de coleta e dos caminhões. O AMBIENTE OPERACIONAL Ambiente Operacional – Estão presentes no ambiente operacional variáveis que, de alguma forma, relacionam-se com as atividades operacionais da empresa como: clientes, fornecedores, concorrentes e produtos. 3.4.9 OS CLIENTES No tocante a Clientes observa-se na tabela 10 que a organização já atua no mercado há algum tempo, cerca de nove anos, conquistando neste período, uma carteira de clientes com potencial para crescimento, já que existem diversas empresas que necessitam do serviço de manutenção elétrica, mas que ainda não o utilizam, deixando o trabalho para “amadores”. Além disso, Uberlândia detém uma enorme quantidade de indústrias, concentradas na região industrial da cidade, o que demonstra a possibilidade enorme de expansão da carteira dentro da mesma. Tabela 9: Caracterização da Gestão da Produção Fonte: Estagiário No entanto, a postura quanto ao pagamento desses clientes é baixo. Não que as grandes indústrias não paguem ou paguem mal, mas como são extremamente visadas por todos acabam tendo um poder de barganha enorme sobre seus 38 fornecedores e, na maioria das vezes, buscam abaixar ao máximo o preço não levando em consideração, efetivamente, o serviço prestado. Kotler/Keller (2000: 139) enfatizam que, atualmente, os clientes estão mais informados do que nunca, tendo a disposição ferramentas para verificar os apelos das empresas e buscar as melhores alternativas. “Os clientes procuram sempre maximizar o valor, dentro dos limites impostos pelos custos envolvidos na procura e pelas limitações de conhecimento, mobilidade e renda. Eles formam uma expectativa de valor e agem com base nela. A probabilidade de satisfação e repetição da compra depende de a oferta atender ou não a essa expectativa de valor.” (KOTLER/KELLER, 2000). Diante da tabela 10 e das informações supracitadas percebe-se que a organização, deve atender seus clientes da melhor forma possível, estruturando uma proposta de valor para seu mix de serviços, com soluções adequadas a necessidades de seus clientes. 3.4.10 OS FORNECEDORES No que cerne a fornecedores percebe-se na tabela 13 que a empresa dispõe de parceiros confiáveis, que trabalham com valores adequados e relacionados aos valores propostos pela organização. Além disso, oferecem produtos e serviços de qualidade, e preços adequados à realidade da empresa. Tabela 10: Caracterização dos Fornecedores Fonte: Estagiário No entanto, deixam a desejar apenas na entrega dos produtos fornecidos que, dependendo do material, nem sempre está disponível no tempo ideal a 39 necessidade da organização, como por exemplo, os materiais utilizados no processo de manutenção como fios, isolantes, entre outros. Kotler/Keller (2000: 216) ressaltam que toda organização possui objetivos, políticas, procedimentos, estruturas e sistemas de compras específicos. Os compradores empresariais avaliam a proporção entre os custos e benefícios percebidos. Quanto maior for à proporção mais inclinados ficaram para realizar a compra. “A tarefa do fornecedor de produtos empresariais é fazer uma oferta que proporcione um valor superior para seu cliente” (KOTLER/KELLER, 2000). Percebe-se que a organização precisa alinhar com seus parceiros os prazos de entrega de materiais que precisa para oferecer aos seus clientes o nível de serviço esperado e, até mesmo, superar suas expectativas. 3.4.11 OS CONCORRENTES É importante ressaltar que na cidade de Uberlândia há concorrentes diretos, ou seja, que oferecem o mesmo mix de serviços. No que cerne à Concorrência observa-se na tabela 11 que a organização enfrenta uma concorrência forte. As políticas de qualidade e inovação são bem estruturadas, com maquinário moderno para esterilização dos resíduos, possibilitando a empresa uma excelente reputação no mercado e permitindo ainda, assumir uma boa postura comercial perante os clientes. Além disso, diferente da AC Eletricidade, a concorrência trabalha muito bem a distribuição logística, traçando rotas para aperfeiçoar a coleta dos resíduos, o que reduz custos e aumenta o nível de serviço oferecido ao cliente. Contudo, assim como a AC Eletricidade, as empresas possuem baixa participação no mercado, que ainda está muito inexplorado. 40 Tabela 11: Caracterização dos Concorrentes Fonte: Estagiário “Para traçar e implementar com eficiência as melhores estratégias de posicionamento, as empresas devem prestar a máxima atenção aos concorrentes. Os mercados se tornaram competitivos demais para que se possa manter o foco apenas no consumidor”. Kotler/Keller (Cap.11; Pág. 336). Percebe-se que a organização precisa conhecer como os concorrentes estão oferecendo valor a seus clientes e o que estão deixando de oferecer, para que possa buscar diferenciais que a diferencie no mercado e possibilite seu crescimento. 3.4.12 OS PRODUTOS No que cerne a caracterização tecnológica a empresa AC Eletricidade LTDA não possui nenhuma tendência em robotizar suas linhas industriais porque não as possui, uma vez que é uma prestadora de serviços. Contudo, a organização utiliza todos os recursos proporcionados pelos computadores. Muitas rotinas administrativas são executadas com o computador, reduzindo o tempo de execução e a possibilidade de erros. Tabela 12: Caracterização dos Produtos Fonte: Estagiário No tocante a Gestão de Materiais nota-se na tabela 9 que a empresa possui 41 as atividades de compra e negociações como ponto forte para o negócio. As compras e negociações são realizadas pelos sócios que conhecem profundamente os produtos necessários a operacionalização da organização. Atualmente, a gestão de compras assume papel verdadeiramente estratégico em face dos volumes, principalmente financeiros, envolvidos. Vale salientar, que os profissionais dessa área assumem grande importância e precisam estar constantemente informados e atualizados, além de possuírem habilidades interpessoais e dinamismo (Martins/Alt 2006: 63). Contudo, os estoques são geridos sem nenhuma regra eficiente, sendo repostos quando se percebe que estão quase acabando. Esse fato faz com que a empresa perca em produtividade caso a reposição não seja identificada e realizada no momento certo. Além disso, a empresa não realiza a gestão da cadeia de suprimentos. Conforme informado acima, a empresa executa com perfeição as atividades de compra e negociação, mas apenas elas. O restante da gestão da cadeia, que contempla o planejamento da demanda dos materiais, a distribuição para todos os colaboradores (prestação de serviços) e a gestão dos estoques não é realizada. Segundo alguns estudiosos, a competição no mercado global não ocorre entre empresas, mas entre cadeias de fornecimento. A gestão da logística e do fluxo de informações em toda a cadeia permite aos executivos avaliar, pontos fortes, e pontos fracos na sua cadeia de fornecimento, auxiliando a tomada de decisões que resultam na redução de custos, aumento da qualidade, entre outros, aumentando a competitividade do produto e/ou criando valor agregado e diferencial em relação à concorrência (Shapiro, 2001: 4). Diante do exposto, percebe-se a necessidade eminente de implantação de uma política de gestão de estoques que “amarre” a capacidade de compra e negociação dos gestores, permitindo assim, uma gestão mais eficiente e eficaz de toda a cadeia de suprimentos, adequando essa gestão a realidade do negócio. 42 O AMBIENTE GERAL Ambiente Geral – Neste segmento são consideradas variáveis externas que influenciam direta ou indiretamente o ambiente interno e o ambiente operacional tais como: políticas governamentais, fatores sociais, econômicos e políticos. 3.4.13 OS FATORES SOCIAIS No tocante a Mão de Obra observa-se na tabela 12 que o nível de conhecimento dos profissionais da organização deixa a desejar. Algumas atividades poderiam ser realizadas mais rapidamente caso estes possuíssem habilidades técnicas específicas para sua execução (tabela 8). Percebeu-se nos capítulos anteriores que atividades como planejamento estratégico e organizacional (Tabela 1), o plano de marketing (Tabela 6) e, ainda, o orçamento empresarial (Tabela 7), primordiais para o bom desempenho da organização não são realizados e, uma das características aparentes é a falta de conhecimento técnico dos colaboradores. Tabela 13: Caracterização dos Fatores Sociais Fonte: Estagiário Além disso, nota-se pela tabela 12 que a disponibilidade para treinamento é baixa. A “carência” está na organização que não oferece treinamentos de capacitação para o desenvolvimento profissional dos colaboradores, uma vez que, não existem políticas de gestão e desenvolvimento de recursos humanos na empresa (tabela 2). Contudo, a idade média dos profissionais é adequada às atividades desempenhadas. Os ajudantes têm idade média de 23 anos, já os eletricistas em torno de 35 anos. 43 O mercado dispõe de pouca mão-de-obra qualificada, principalmente para as funções relacionadas ao setor de atuação da organização. Esse fato incide diretamente no valor do salário médio da região que, por sua vez estão acima da média para o setor. “A diversidade da equipe de trabalho promove a criatividade e a inovação, porque pessoas de diferentes backgrounds assumem perspectivas diversas na abordagem de problemas. Grupos diversificados têm uma base mais ampla da experiência, a partir da qual podem abordar uma questão; quando administrados de forma eficaz, eles inventam mais opções e criam mais soluções do que grupos homogêneos. Além disso, os grupos de trabalho diversificados estão mais livres para desviar de abordagens e práticas tradicionais. A presença da diversidade também pode ajudar a minimização do pensamento grupal” (BATEMAN/SNELL, 1998). Percebe-se que organização precisa trabalhar os seus recursos humanos de tal forma a “extrair” todo seu conhecimento, percepções e experiências para utilizar a favor da organização. Para isso motivação, treinamento e incentivo são extremamente importantes, pois atraem para a organização os melhores profissionais, criando um clima excelente para execução das atividades. 3.4.14 OS FATORES ECONÔMICOS No que cerne a economia, observa-se na tabela 14 que indicadores como taxa de emprego, taxa de juros e a tributação estão excelentes e são pontos fortes para empresa. O número de empregos formais cresceu no ano de 2008, a inflação caiu e os tributos às empresas de pequeno e médio porte estão sendo reduzidos para incentivar a entrada de novas empresas e o desenvolvimento das existentes. Contudo, o produto nacional bruto, receita de tudo o que é produzido dentro do país, está baixo frente ao PNB de outros países. A inflação também está alta frente à de outros países, impactando diretamente no preço dos produtos e serviços oferecidos aos consumidores (tabela 14). Em relação à taxa de câmbio, o cenário está favorável para a organização. Apesar de não exportar os seus serviços a outros países a empresa adquire maquinário importado para a esterilização dos resíduos e, com a valorização da moeda, o custo é reduzido. 44 Tabela 14: Caracterização dos Fatores Econômicos Fonte: Estagiário 3.4.15 OS FATORES POLÍTICOS E SOCIAIS No tocante a política percebe-se na tabela 15 que o cenário está favorável à empresa. A política econômica atual é de incentivo ao desenvolvimento das empresas, pois geram emprego e consequentemente consumo e assim, receita para o país. Contudo, a crise pela qual passa os Estados Unidos, a economia mais forte do mundo, pode afetar todos os países e prejudicar essa proposta de desenvolvimento econômico. Tabela 15: Caracterização dos Fatores Políticos e Sociais Fonte: Estagiário Nota-se, que a limitação de restrição de crédito é considerada um dos pontos fortes no tocante a legalidade da organização. Esse fato é caracterizado pela atual política governamental de incentivo ao crédito aos consumidores, que por sua vez, permite que uma parcela cada vez maior dos clientes tenha acesso a produtos e serviços considerados, de certa forma, mais caros. 45 Percebe-se que a preocupação no tocante a legislação é quanto à legislação ambiental. As organizações, independente do ramo de atividade, estão cada vez mais preocupadas com o meio ambiente. Entretanto, a empresa AC Eletricidade LTDA não dispõe de um programa específico de gestão ambiental. Esse fato pode ser justificado por se tratar de uma empresa de pequeno porte e que, pela atividade fim, não agride efetivamente o meio ambiente. 3.5 AVALIAÇÃO GERAL Diante de todas as análises supracitadas percebemos a carência da organização em algumas áreas. Vale salientar que na análise geral não se considera o ambiente externo analisado como a economia, por exemplo, pois o foco principal é o estudo e a análise interna da organização. Percebe-se no Gráfico 2 que a estruturação organizacional é uma das grandes fraquezas da organização, pois a empresa não se encontra estruturada, uma vez que as responsabilidades e autoridades de cada colaborador não estão claramente definidas e formalizadas. Nota-se que dentro da empresa a missão, visão e os valores não estão claramente definidos, impossibilitando que todos os colaboradores e gestores, bem como fornecedores, parceiros e clientes conheçam as diretrizes gerais do negócio. (tabela 1). Além disso, verifica-se que não está estabelecido nenhum sistema estruturado de gestão de pessoas, uma vez que não existem políticas de recrutamento e seleção, planejamento e desempenho, cargos, salários e incentivos, treinamento e desenvolvimento e controle de recursos humanos (tabela 2). A tabela 2 demonstra que, no geral, está ocorrendo uma ausência de planejamento e gestão na área de recursos humanos da empresa, o que afirma o fato da falta de empenho dos colaboradores, tornando-se mais um entrave, uma vez que ficou constatado na tabela 1 a condição informal das atividades, cargos e funções. Isso mostra, na realidade, uma tendência de comportamento de queda dos resultados, que poderiam ser otimizados por meio de um planejamento formal dessas atividades. 46 PONTO FORTE GESTÃO DE MATERIAIS GESTÃO DA PRODUÇÃO GESTÃO FINANCEIRA GESTÃO MERCADOLÓGICA GESTÃO AMBIENTAL GESTÃO DA QUALIDADE CAPACITAÇÃO TECNOLÓGICA ORGANIZAÇÃO 7 6 5 4 3 2 1 0 RECURSOS HUMANOS Figura 1: Análise SWOT PONTO FRACO Fonte: elaborado pelo autor Finalmente, enfrenta dificuldades quanto à gestão de seus custos, geridos de maneira pouco eficiente e eficaz, possibilitando alto índice de erros. Outro ponto extremamente grave na organização é a falta do orçamento empresarial, que não é estruturado e acompanhado periodicamente (tabela 7). Vale salientar que sem o orçamento empresarial, a organização não consegue ter o discernimento de onde está investindo os seus recursos financeiros, ficando “a mercê” de perdas significativas, que podem gerar prejuízos financeiros e, ainda, pode inferir em prejuízos qualitativos como a queda dos serviços prestados por falta de investimentos em maquinário, veículos e estrutura, fazendo com que a organização não consiga entregar a proposta de valor exigida pelos clientes, perdendo assim, mercado para concorrência. Figura 2: Análise GUT 3500 3000 2500 2000 1500 1000 500 0 GUT ORGANIZAÇÃO RECURSOS HUMANOS CAPACITAÇÃO TECNOLÓGICA GESTÃO DA QUALIDADE GESTÃO AMBIENTAL GESTÃO MERCADOLÓGICA GESTÃO FINANCEIRA GESTÃO DA PRODUÇÃO GESTÃO DE MATERIAIS Fonte: elaborado pelo autor 47 É importante ressaltar que todas essas falhas e gargalhos são ocasionados por um problema comum, existente em, quase todas as áreas da empresa, o que ressalta a ausência do planejamento organizacional já vivenciado. Percebe-se, também, que o conhecimento técnico dos colaboradores da organização, por sua vez, também vem contribuindo para maior parte dos problemas envolvidos nesse processo organizacional. Diante disso, as maiores fraquezas da organização são apontadas no Gráfico 2. Por meio desse gráfico é possível constatar as prioridades e o que deve ser feito para tentar solucionar o mais rápido possível os problemas para não comprometer o resultado organizacional no fim do período. 48 4. A RESENHA TÉCNICA O enfoque do capítulo é analisar as áreas patológicas da empresa, com o objetivo de propor soluções para os fatos identificados no decorrer da pesquisa, com o propósito de melhorar o desempenho das mesmas na organização. No contexto organizacional, cria-se condições para possíveis análises dos dados e das informações, para que permita reestruturar áreas, readaptar diversas etapas dos processos e, até mesmo, definir procedimentos corretamente, no intuito de organizar e melhorar os meios existentes, ou propor a implementação dos inexistentes, para que a empresa atinja bons resultados (COLENGHI, 2003 : 267). Para tratar as áreas e mostrar os impactos existentes, fez-se um levantamento da situação de cada setor, descrito a seguir: (i) Qualidade de processos * Responsável: Alexandre Marco Motta da Cunha * Atribuições do setor: - Acompanhamento e análise dos processos existentes; - Reengenharia dos processos existentes; - Criação de novos processos; - Avaliações de desempenho; - Criação e manutenção de indicadores de qualidade; * Problemas: - Ausência de uma política de qualidade definida; - Ausência de indicadores de qualidade; * Soluções: - Reestruturar política de qualidade; - Criação de indicadores de qualidade; 49 (ii) Gestão Organizacional * Responsável: Alexandre Marco Motta da Cunha * Atribuições do setor: - Definir e delimitar a linha estratégica da organização frente ao mercado que está inserida; - Estabelecimento de metas e diretrizes a serem seguidas pelos colaboradores; - Planejamento orçamentário; * Problemas: - Ausência de declarações de missão e visão definidas; - Ausência de organograma estruturado; * Soluções: - Criação de declarações de missão e visão; - Definição de organograma; (iii) Recursos Humanos * Responsável: Alexandre Marco Motta da Cunha * Atribuições do setor: - Acompanhamento de incentivos e benefícios oferecidos aos colaboradores; - Realização de atividades de treinamento e desenvolvimento de pessoas; - Formalização de normas e procedimentos da organização; - Contratação e demissão de colaboradores; - Solicitação de convênios médicos, odontológicos e universitários; * Problemas: - Ausência de uma política de recrutamento e seleção definida; - Ausência de planejamento estratégico do setor para recrutamento; - Ausência de um cronograma de desenvolvimento dos talentos humanos; * Soluções: - Reestruturar as etapas de recrutamento e seleção; 50 - Propor dinâmicas e ferramentas para utilizar no processo; - Estruturar um cronograma de desenvolvimento dos talentos humanos; 51 5. RELATÓRIO TÉCNICO – PROJETO A 5.1 A CONTEXTUALIZAÇÃO ATUAL A cada dia aumenta a necessidade de as empresas desenharem seus processos de trabalho, visando aprofundar o conhecimento e, principalmente, ter fontes concretas para treinar seus funcionários. De acordo com Hammer e Champy (1996, p. 25), processo é “um conjunto de atividades interligadas, que tomam um insumo (input) e o transformam para realizar um resultado (output), ou seja entrada (matéria prima), transformação do produto e saída (venda do produto final.” Um processo bem desenhado deve possuir início e fim claramente definidos. Devem ser atualizados sempre que alterados, e mesmo que esta alteração se dê informalmente, é necessária a atualização no método utilizado pela empresa, mesmo que seja um simples manual de procedimentos. Assim, as mudanças que nele ocorrem, acontecem de forma a agregar valores para o recebedor, acima ou abaixo da cadeia produtiva. De acordo com Hammer (2002, p. 27), “um processo de negócios é um grupo organizado de atividades relacionadas que trabalham juntas para criar um resultado de valor para o cliente” (Tradução Livre). O autor afirma que as duas palavras mais importantes para a eficiência de um processo são “organização” e “cooperação”. Todas as atividades de um processo devem andar juntas e estarem alinhadas para um propósito comum, que é atender os clientes Para o entendimento do que é processo, vários autores de Qualidade total e reengenharia desenvolveram conceitos, como Gonçalves (2000), que define processo como um grupo de tarefas interligadas logicamente, que utilizam os recursos da organização para gerar os resultados definidos, de foram a apoiar os seus objetivos. Para Hammer e Champy (1994), as atividades são mais bem realizadas numa seqüência lógica. No mesmo sentido, Chinelato (1997), define processo como “seqüências semi-repetitivas de eventos que, geralmente, estão distribuídas de forma ampla no tempo e espaço, possuindo fronteiras ambíguas”. 52 Davenport e Shot (1990) interligam fluxos com valor, de forma que a empresa está envolvida no processo do começo ao fim e o faz para atender exclusivamente seu cliente externo. Portanto, entende-se processo como uma das questões mais importantes de uma organização, que deve ser bem trabalhado e detalhado conforme a cultura de cada empresa. Todos os processos devem ser desenhados tanto para auxiliar no treinamento de funcionários quanto para detectar possíveis falhas em tarefas. Apesar de toda empresa ter sua rotina de atividades envolta por processos, este trabalho terá sua análise focada na área de cadastramento de clientes da empresa, onde estão localizados a maior parte dos inputs dos processos. Todas as outras áreas da empresa dependem da excelência dos processos do setor de cadastro para que suas operações tenham perfeito andamento. Logo, a grande necessidade de integração de processos, visão global e revisão daqueles processos que acarretam falhas e morosidade das operações. O cadastro da empresa é composto por um analista e dois assistentes de serviços de administrativos. Davenport (1994) conceitua a reengenharia como a combinação de uma estrutura para a realização do trabalho, preocupando com resultados visíveis e drásticos, com um distanciamento do processo, a fim de que se indague qual o objetivo geral De acordo com Oliveira (1999), a reengenharia nada mais é do que começar de novo. Logo não é reengenharia fazer reformulações ou mudanças insignificantes, visto que pressupõe pensar no processo como se estivesse fazendo pela primeira vez. Quando se fala em mudar a forma de trabalhar para melhor, está se falando em reengenharia. Para Oliveira (1999) a reengenharia é um termo muito amplo que pode significar muitas coisas, a saber: recriar, refazer, reinventar, repensar, o que se aproxima consideravelmente do conceito apresentado por Hammer e Champy (1994): “O repensar fundamental e a reestruturação radical dos processos empresariais que visam alcançar drásticas melhorias em indicadores críticos e contemporâneos de desenpenho, tais como custos, qualidade, atendimento e velocidade”. Nessa definição, Hammer e Champy (1994), destacam 4 palavras chaves que são necessárias para o entendimento do que seja Reengenharia. A primeira é 53 “fundamental”, pois, para colocá-la em prática, é necessário informações básicas do processo que se quer recriar, deve se analisar por que o processo precisa ser realizado e por que é feito daquela forma. A segunda palavra importante é “Radical”, o que significa ir até a raiz do problema para melhorar um processo, não ter limites, tendo uma visão ampla de todo o contexto. A terceira palavra chave é “Drástica”, ou seja, não ser apenas mudanças pequenas, não visíveis, e sim grandes mudanças capazes de substituir o velho pelo novo, destruir o processo existente e fazer outro. E a última palavra chave é “processo”, que, além de ser a palavra mais importante, também é a que traz mais dificuldades para os gerentes, pois a maioria deles não estão focados em processos e sim direcionados para serviços, tarefas, pessoas ou estruturas. Para Hammer e Champy (1994), existem três tipos de empresas que utilizam a reengenharia. Em primeiro lugar são as empresas com grandes problemas, que não possuem alternativa a não ser mudar. Em segundo, são as empresas que ainda estão bem, mas que a gerência já prevê dificuldades adiante. E em terceiro, as empresas esclarecidas, que entendem que a reengenharia é a solução para melhoria de desempenho e produção. Esse tipo de empresa não possui nenhum problema presente ou futuro, mas sua gerência é visionária com objetivos e metas agressivos e ambiciosos. Muitas pessoas ainda confundem a reengenharia com outros processos, por isso é importante saber que a reengenharia não é automatizar, não é um software, não é reestruturação ou downsizing, reorganização e menos ainda melhoria de qualidade. OLIVEIRA (1999) 5.2 O PROCESSAMENTO DAS INFORMAÇÕES – PROJETO A Todo trabalho importante realizado nas empresas faz parte de algum processo. Conforme explicam Graham e Lebarom (1994), todo processo tem a finalidade de oferecer um produto ou serviço na empresa, portanto, todo produto e serviço vêm de um processo. Os cinco modelos básicos de processos empresariais (Quadro 2) abrangem, segundo Gonçalves (2000), desde o mais objetivo e concreto dos processos, que é o 54 fluxo de materiais, até o mais simples que se caracteriza na mudança dos estados de um sistema Processo como Fluxo de material Exemplo Processos de Fabricação Industrial Fluxo de Trabalho Desenvolvimento de Produto, Recrutamento e contratação de Pessoal Modernização do Parque industrial da empresa Redesenho de um processo Aquisição de outra empresa Desenvolvimento gerencial Negociação Salarial Série de etapas Atividades Coordenadas Mudança de estados Diversificação de negócios Mudança cultural da empresa Características *Inputs e Outputs claros *Atividades discretas *Fluxo observável *Desenvolvimento Linear *Seqüência de atividades *Início e fim claros *Atividades Discretas *Seqüência de atividades *Caminhos alternativos para o resultado *nenhum fluxo perceptível *Conexão entre atividades *Sem seqüência obrigatória *Nenhum fluxo perceptível *Evolução perceptível por meio de indícios *Fraca conexão entre atividades *Durações apenas previstas *Baixo nível de controle possível Quadro 1: Espectro dos principais modelos de processos Fonte: GONÇALVES (2000, p.7) Não é difícil observar os processos fabris nas empresas, tanto nos períodos de perfeito funcionamento quanto nos períodos de grandes turbulências. Para Gonçalves (2000), o intenso uso do significado de processo na modernização das organizações tem raiz na tentativa de executar as técnicas de aperfeiçoamento do trabalho que foram desenvolvidas no ambiente industrial. Por isso, tratando-se os processos como desenvolvidos em ambientes não complexos é fácil identificar o desperdício e a maneira como estão dispostos os equipamentos e equipes de trabalho, ou seja, o fluxo de materiais. Para melhor entendimento de processos empresariais, pode-se falar que são atividades coordenadas que envolvem procedimentos, pessoas e tecnologia. O processo de trabalho é uma forma particular de efetuar um determinado agrupamento de tarefas. Segundo Bennis e Misch (1995), para que uma empresa realmente exista, ela deve possuir processos a serem executados. Considerando que os processos envolvem tecnologia, pessoas e procedimentos, é importante ressaltar que os processos possuem uma complexidade que não pode ser descartada, que pode ser diminuída com a padronização de formas 55 de exercer a complexidade. De acordo com Marshall et al (2003), a padronização e a melhoria de processos se dão, especialmente, através da participação dos colaboradores. Estes devem estar focados na filosofia da empresa que, por sua vez, deve transmitir esse sentimento aos seus funcionários. Portanto, não são os processos complexos e sim os recursos que os envolvem. Pensar no processo em termos de coordenação ao invés de fluxos de trabalho ou fluxos físicos de materiais ou produtos é a abordagem utilizada pela reengenharia e Total Quality Management o (TQM), que tratam os processos não industriais de forma diferente, como importantes ativos da empresa. Os processos não fabris (Quadro 03) envolvem um conjunto de atividades operacionais, várias etapas organizacionais e práticas gerenciais. A AC Eletricidade trabalha executa com excelência muitos dos seus processos, contudo, no aspecto de cadastro existem algumas inconsistências que se bem trabalhadas podem agregar valor para a operação como um todo, tornando cada vez mais sólida a relação existente entre a empresa e o cliente; assuntos como, maior clareza nas informações cedidas pelo cliente, ou seja, a empresa precisa tangibilizar de forma clara quais as reais necessidades do cliente, para posteriormente oferecerlhe o serviço adequado, e não apenas criar um modelo único e exclusivo de serviço, achando que o mesmo será adequado a todos os clientes da organização. Família de Processos Administração geral Manufatura Marketing Educacionais Desenvolvimento de Tecnologia Processos selecionados Definição de Visão Desenvolvimento de lideranças Gerencia de Contas Comunicações internas Projeções econômicas Setoriais Gestão da qualidade Planejamento da Capacidade Planejamento da Produção Controle de Estoques Suprimentos Distribuição Definição de preços Gestão de Canal Introdução de produtos Pesquisa de Marketing Planejamento de propaganda Desenvolvimento de habilidades Educação do consumidor Desenvolvimento gerencial Pesquisa e desenho 56 Q u a d r oFinanceiros 3 : E x eOrganizacionais m p l o s Legais d eDe aliança p Comerciais r o c e sGerenciamento de linha de produto s o sDe suporte ao cliente e m p resariais selecionados Fonte: Adaptado de Peter Keen (1997). Avaliação de tecnologia Seleção de novos produtos Definição de padrões Gestão de projetos Teste de protótipos Gestão de Orçamento empresarial Planejamento de investimentos Acompanhamento do desempenho Gestão de crédito de clientes Gestão de caixa Desmobilização de ativos Planejamento de recursos humanos Programa de demissão voluntária Recrutamento e seleção Avaliação de desempenho Promoção Regulamentação Registro e controle de patentes Gestão de Parcerias Joint Ventures Incentivos e recompensas para a força de vendas Marketing direto Gestão de filiais Gestão de produto específico Consultoria Outsourcing Suporte Técnico Gestão de instalações Garantia Reparo 5.3 SUSGESTÕES DE APRIMORAMENTO - PROJETO A A sugestão de aprimoramento para este estágio é a criação de uma área que faça gestão de todos os processos de qualidade da empresa, bem como estruturação de novos processos. Segundo Oppenheim (apud ROESCH, 1999, P. 126), o delineamento consiste em tornar o problema pesquisável, “deve especificar como a amostra será extraída, quais subgrupos esta deverá conter [...] como estas medidas serão relacionadas a eventos externos” A abordagem utilizada neste trabalho é qualitativa. A escolha por este delineamento de pesquisa foi decorrente do propósito do estudo que é analisar o 57 processo de cancelamento de clientes no seu desenho atual, verificando os impactos ocorridos na sua implementação por ocasião a substituição do processo manual. Nesse tipo de abordagem, conforme Roesch (1999) ensina, se o propósito do projeto é obter melhorias para um sistema, ou seja, através das metas colocadas no programa buscar intervenção, a opção é utilizar-se de um estudo de caráter exploratório que, por sua vez, insere-se na abordagem qualitativa. A estratégia de pesquisa é o estudo de caso, que segundo Yin (apud ROESCH, 1999), busca examinar um fenômemo contemporâneo dentro de seu contexto. Além disso, requer várias fontes de coleta de dados, sendo mais apropriado o seu uso como uma abordagem qualitativa, mesmo porque uma maior quantidade de vezes, os estudos de caso iniciam-se com um esquema conceitual fraco. Bressan (2004, p. 26) afirma que o estudo de caso é útil “sempre que o fenômeno objeto de estudo for amplo e complexo, o corpo de conhecimentos for insuficiente para permitir a proposição de questões causais e quando um fenômeno não puder ser estudado fora do contexto no qual ele naturalmente ocorrer” Considerando tais conceitos, decidiu-se por utilizar, neste trabalho, o estudo de caso. Será analisado o contexto organizacional com suas diversas situações propiciadas pela falha nos processos existentes. O estudo de caso foi realizado de modo exploratório e descritivo, com o objetivo de identificar as melhores formas de se analisar um processo, falhas existentes, processos desnecessários e outros problemas; buscando a análise dos fatos de forma concisa e real, tendo em pauta todos os dados necessários, guiado por proposições e questões que ajudarão a identificar os problemas, visualizando, de forma crítica, e propondo melhorias. Para continuar se destacando em um mercado cujas mudanças acontecem com agilidade, as empresas precisam ser competitivas, buscando aprimorar a cada dia seus produtos e serviços, de modo a agregar valores aos seus clientes. Segundo Chinelato (1997), as empresas não devem ficar passivas, aguardando as coisas acontecerem, já que elas são compostas por pessoas que possuem atribuições necessárias para fazer o melhor acontecer. E essas ainda devem manter o foco no mercado, que está a cada dia ágil e inconstante. 58 EMPRESA TRADICIONAL Função Departamento EIXO CENTRAL UNIDADE DE TRABALHO DESCRIÇÃO Limitada TRABALHO MEDIDA Estreita FOCO Patrão COMPENSAÇÃO Baseada na Atividade REGRA DE CONTROLE Supervisor FIGURA CHAVE Executivo Funcional CULTURA Orientada para Conflito Quadro 2: Empresas Tradicionais X Empresas por processos Fonte: Adaptado de Hammer e Michael (2002, p. 28) EMPRESA POR PROCESSOS Processos Time Amplo Começo ao Fim Cliente Baseada nos resultados Treinador Próprio Processo Colaborativa Para buscar e, principalmente, alcançar o topo tão almejado, “a liderança de mercado”, é necessário estar com seus processos internos alinhados, organizados e aprimorados de acordo com as necessidades do público alvo. Conforme Hammer e Champy (1994) e Gonçalves (2000), para gerir organizações na perspectiva de processos, requer-se a ampliação dos conhecimentos, uma maior interação entre as pessoas, espírito de liderança, controle das obrigações e atividades, proporcionando assim a busca pelo desenvolvimento das habilidades. Isso permite maior integração funcional, diminui as falhas e otimiza o tempo. Os funcionários devem ter uma visão abrangente de todo o contexto da empresa, precisam saber detalhes de suas funções, ter uma visão macro, mesmo tendo alcance limitado. Os dados e informações são aspectos relevantes, porém, o processo define todo o âmbito da organização, como explicam Morris e Brandon (1994, p. 45): “A informação e as relações interpessoais são importantes para as empresas, mas é pelo processo organizacional que o trabalho é realizado”. Chinelato (1997) evidencia que para a integração das pessoas de uma organização acontecer de forma positiva e natural é necessário a empresa desenvolver um caráter comportamental de modo a reconhecer em cada colaborador o direito de: * ser diferente; * ter suas próprias idéias; * conhecer mais a empresa. 59 Ainda de acordo com Chinelato (1997), a empresa precisa também trabalhar com as seguintes idéias: * sozinho se é incompetente; * quando se questiona, enriquece; * quanto mais se sabe, maiores são as chances de aumentar o não saber em nada; * retroagir e avaliar o erro às vezes é necessário. Chinelato (1997) ainda relata que para uma verdadeira evolução é necessário satisfazer todos os envolvidos pela empresa, empregados, clientes e sociedade. Os processos de trabalho ainda são pouco ou quase nada trabalhados pelas empresas, pouco trabalhados pela ciência administrativa e pela ciência organizacional, em comparação a estrutura organizacional e comunicação. Entretanto, um dos problemas relatados e confirmados pelos funcionários é que pouco se sabe sobre o próprio processo, a atividade é limitada, o conhecimento é barrado pela falta de iniciativa em buscar além do que se pode enxergar. Toda organização possui sua cultura, seu modo de agir, suas crenças, propósitos e a forma de tratar seus funcionários. Ainda que este assunto não esteja bem delimitado, está ligado à natureza do trabalho, aos valores religiosos e culturais, morais e políticos e aos valores do ambiente (CHINELATO, 1997). O processo, ao ser desenhado, deve levar em conta o modo de ser da empresa. Não se pode idealizar como seria, é imprescindível o conhecimento da cultura para não se descolar da realidade e criar um processo fora do verdadeiro contexto organizacional. Segundo Morris e Brandon (1994), para alcançar a excelência de um processo, cortando possíveis falhas, problemas e morosidades, o entendimento completo de seu conteúdo nos mínimos detalhes e a visão ampliada de todos os fatores envolvidos é de suma importância. De acordo com Chinelato (1997, p. 6), existem três formas de crescimento: 1 Crescimento Vertical: Refere-se à quantidade de empregados no contexto de um departamento. Caracteriza-se pela criação de novos postos de trabalho 60 2 Crescimento horizontal: Refere-se à adição de novas atividades às atribuições de um departamento, aumentando a composição de mais equipes em um departamento. Criação de mais equipes de tarefas em setores existentes 3 Crescimento funcional: Empresas deste tipo normalmente possuem uma estrutura mais organizada. Refere-se à intensificação de novas atividades e atribuições, fazendo que o administrador utilize as técnicas de departamentalização, da delegação de autoridade e dos demais instrumentos técnicos administrativos (QDT, layourt, fluxogramas, funcionogramas, representações gráficas, etc...) A primeira etapa para redesenhar, ou até mesmo identificar falhas em um processo é entender o processo: para que serve? Quem faz? Quais áreas estão envolvidas? E qual é a sua importância?, estas são as perguntas que o analista deve fazer para se colocar a par que será trabalhado. Após estas questões, a metodologia ideal a ser adotada é colher os dados dos processos, identificar e priorizar os problemas, identificar e priorizar as causas, identificar e priorizar soluções, desenvolver soluções, propor redesenho do processo e metas para o novo redesenho, acompanhar as implantações (piloto), realizar novas medições, validar o redesenho e implantar sistema de medição (CHINELATO, 1997). Entender ainda em que contexto se encontra a organização e seu comportamento organizacional é primordial antes de iniciar a análise do processo. Segundo Chinelato (1997, p. 6), é correto afirmar que os processos não são facilmente entendidos, é necessária grande disposição e esforço para compreendêlos, visto que a maioria são complexos e de difícil assimilação, ficando até mesmo os funcionários a entender o motivo de efetivarem determinadas atividades. Um processo é a essência de uma organização, pois todas as atividades fazem parte de um processo. Visto a definição de vários autores, grande parte do trabalho são processos e o mais importante, a diferenciação das empresas se dá diante da forma que cada uma realiza seus processos de trabalho. Essas formas, se corretas, proporcionam às empresas forte vantagem competitiva. O passo a passo de um processo não precisa ser complexo, e sim possuir etapas simples e fáceis de executar, tanto por máquinas quanto por pessoas, visto que quanto mais simples o processo, menor o tempo de execução e os custos da operação. (MATURE, 2005). 61 Meio Ambiente Fornecedores Organização Input Processamento Output Feedback Agências Reguladoras Concorrência Stake Holder Figura 3: Conceito de Processos Fonte: Adaptado de Mature (2005) De acordo com Tachizawa e Scaico (1997), existem 7 etapas da metodologia: Etapa 1: Identificar os processos centrais da empresa conforme Quadro 5. Processos Ramo de Negócios Garantia de Qualidade Aeronáutico Processamento de Empréstimos Bancos Controle de Estoque Supermercado Avaliação de Sinistros Seguros Controle de Prateleira Comércio Varejista Fluxo de Caixa Transporte Rodoviário Preparação de Alimentos Restaurante Logística e Manuseio Transporte Aéreo 62 Serviços de Telefonia Telecomunicações Reservas Hotelaria Quadro 3: Exemplos de processos chave por tipo de empresa Fonte: Tachizawa e Scaico (1997, p. 126) Etapa 2: Estabelecer tudo e todos os envolvidos no processo: fornecedores, insumos, tarefas, produtos e clientes. O instrumento de análise nesta etapa é o fluxo básico. Após análise deve-se montar um macro fluxo das atividades prioritárias. Etapa 3: Analisar o modo como as atividades estão distribuídas (setores, tipo de função) e elaboração da matriz de responsabilidades (Figura 3). De acordo com Tachikawa e Scaico (1997), a matriz de responsabilidades tem a finalidade de buscar anomalias, e, quando identificadas, devem ser sugeridas modificações na situação atual. Tais anomalias são encontradas através da verificação da existência de: a) redundância do código 5 (Figura 3), que no caso de repetição demonstra o nível de burocracia e passagem desnecessária por mais de 1 nível decisório; b) redundância do código 4 (Figura 3), que pode significar duplicidade na responsabilidade da execução, ou processos muito operacionais sem a intervenção de sistemas; adequada complementação de trabalho em termos de código 3 e 4 (Figura 3). No caso de co-participação ou trabalhos interfuncionais em determinada tarefa, deve ser identificado o principal papel do executor (código 4) e outro(s) executor(es) secundário(s) correspondente(s) ao processo. 63 1 – Opina (é ouvido) 2 – Prepara/ Planeja 3 – Participa da Execução 4 – Responsável pela Execução 5 – Decide/ Aprova 6 - Supervisiona 7 – Verifica/ Avalia 8 – é informado Figura 4: Matriz de Responsabilidades Fonte: Tachizawa e Scaico (1997, p. 135) Etapa 4 : Definição de Indicadores, forma de obtê-los, execução e responsáveis. Etapa 5: Tarefas envolvidas deverão ter um Procedimento Operacional. Estes documentos devem agregar as normas da empresa. Momento de elaborar um fluxograma de blocos para atividades prioritárias. Etapa 6 – Processos já se encontram padronizados, o próximo passo é a execução. Nesta etapa um treinamento deve ser desenvolvido. Etapa 7: Acompanhar os resultados, analisar implantação e execução. Sintetizando, os processos devem ser aprimorados a todo tempo para o progresso da empresa. Eles estão se tornando alvo interessante para melhorias da organização, pois além de proporcionarem diferenciação e vantagem competitiva, também trazem espaços para redução dos custos sem afetar produção e qualidade de outras tarefas. Para melhor trabalhar cada processo, é importante identificá-lo, separando os processos de produção de bens e de serviços dos demais processos da organização: processos referentes a gestão da empresa e os de apoio aos processos produtivos. Os processos de negócio ou de cliente ( Quadro 6), para Gonçalves (2000), são aqueles que caracterizam a atuação da empresa e que são suportados por outros processos internos, resultando em um produto ou serviço que é recebido por um cliente externo. Ainda para Gonçalves (2000), os processos organizacionais ou de integração (Quadro 6) são centralizados na organização e viabilizam o funcionamento coordenado dos vários subsistemas da organização em busca de seu desempenho geral, garantindo o suporte adequado aos processos de negocio. 64 E por fim, têm-se os processos gerenciais (Quadro 6) que, segundo Gonçalves (2000), são focados nos gerentes e nas suas relações e incluem as ações de medição e ajuste do desempenho da organização. A implantação adequada de um processo é um dos desafios de uma empresa, que espera impactos positivos. Segundo Tachizawa e Scaico (1997), os responsáveis pelas tarefas devem ser treinados com prioridade, atuando o instrutor como facilitador, pois quanto mais bem treinado estiverem, menor será a supervisão e a tendência a falhas, e, ainda, o nível de empowerment (enriquecimento) atingido será maior. Ainda, segundo Tachizawa e Scaico (1997), quando há uma idéia para melhorar ou alterar um processo, que trouxe como objetivo agregar valor ao cliente, e esta não está sendo utilizada, é necessário avaliar o motivo do mau desempenho desta idéia, analisar o porque não foi colocada em prática, ou, se foi, o porque não deu certo. As variações normais nos processos, geralmente levam os gerentes a buscarem outras formas de realizarem com melhor resultado aquela etapa ou aquele processo, não se pode ignorar as causas das flutuações, e, sim, identificar o motivo do problema para solucioná-lo da melhor forma possível. Segundo Mann (1992), qualquer erro na interpretação de informações atribuirá a culpa a uma pessoa; em contrapartida, maior parte dos problemas (94%) pertence ao sistema e o restante possui causas especiais. Há uma diferenciação entre causas comuns e causas especiais; as falhas causadas pelo sistema utilizado são causas comuns, e as flutuações provocadas por esta causa são do processo e não podem ser simplesmente descartadas. Além disso os problemas vindos a acontecimentos ou desempenhos individuais, popularmente “as falhas manuais”, são causas especiais. Grande parte das falhas encontradas em uma organização podem ser resolvidas com a utilização algumas ferramentas da qualidade. Estas ferramentas podem ser utilizadas por quaisquer membros da organização com a finalidade de reduzir ou até mesmo eliminar os problemas existentes. (ISHIKAWA APUD TACHIZAWA E SCAICO, 1997, p. 231). A seguir, serão apresentadas as principais ferramentas da qualidade com vistas a sua utilização nesse estudo. 65 Processos Tipo (a) De produção De negócio física (de cliente) De serviço Burocrático Organizaci s onais ( apoio aos Comportam processos entais produtivos) De mudança De direcioname nto Gerenciais De negociação Capac. De geração de valor (b) Fluxo Básico Atuação ( c ) Orientação (d) Exemplo Primários Fisíco Transformação Horizontal Primários Lógico Transformação Horizontal Fabricação de bicicletas Atendimento de pedidos de clientes De suporte Lógico Integração horizontal Horizontal Contas a pagar De suporte Lógico Não se aplica De suporte Lógico Não se aplica De suporte De Integração informação horizontal De suporte De Integração informação horizontal De De Medição de monitoração De suporte informação desemp. Quadro 4: Classificação geral dos processos empresariais Fonte: Adaptado de Gonçalves (2000) Integração Não definida gerencial Estruturação de uma nova Não definida gerência Definição de metas da Vertical empresa Definição de preços com Vertical fornecedor Acompanhament o do planejamento e Vertical orçamento A. Diagrama de Causa e Efeito (Espinha de Peixe) Também conhecido como diagrama de Ishikawa, (Figura 4) a ferramenta apresenta as possíveis causas que levam a um determinado efeito, buscando causas em que os esforços devem ser concentrados (TACHIZAWA E SCAICO,1997). Seus objetivos são: identificar todas as possíveis causas de um problema, organizar estas causas de maneira lógica, representar graficamente as causas e a causa fundamental do problema. Deve ser utilizado quando existe um grande número de causas a serem levantadas, e essas precisam ser organizadas em grupos genéricos para serem facilmente visualizadas (TACHIZAWA E SCAICO,1997). De acordo com Mature (2005), sua aplicação consiste em: definir o problema a ser analisado, levantar as possíveis causas que possam estar contribuindo para criar o problema, elaborar o diagrama.. Suas principais vantagens são: agrupar itens correlacionados, aprofundar 66 pesquisas, evitar esquecimento de itens importantes, facilitar a visualização de problemas e facilitar a interpretação. Figura 5: Diagrama de Ishikawa Fonte: Adaptado de Mature (2005, p. 11) B. Diagrama de Pareto É representado por um gráfico de barras, estruturado através da coleta de dados. Consegue-se visualizar a contribuição de cada uma das várias causas de um problema (MARSHAL et al, 2003). O principio desta ferramenta é que vários defeitos são ordenados por freqüência, encontra-se poucas causas responsáveis por inúmeros problemas, ou seja, “20% de causas que provoca 80% dos problemas que afetam o processo que, se corrigidos a tempo, praticamente eliminam-se os problemas existentes”. (MATURE 2005, p. 15) . Os passos para aplicação da ferramenta segundo o autor são: 1. Definir o processo a ser analisado e iniciar o levantamento dos problemas que o afetam; 2. Preparar o mapa de ocorrências (Figura 5), colocando os problemas em ordem decrescente de acordo com o número de ocorrências; 67 Montar o Gráfico de Pareto (Figura 6) através do mapa de ocorrências (Figura 5) e analisar cada problema; PROBLEMAS OCORRÊNCIAS A Atraso na entrega de mercadorias 96 B Peso da mercadoria não confere 79 C Eventualmente falta de mercadoria 12 D Documentos incompletos 8 E Outros 5 Total 195 Figura 6: Mapa de Ocorrências Fonte: Mature (2005, p. 15) Figura 7: Gráfico de Pareto / Fonte: Mature (2005, p. 16) C. Histograma O Histograma (Figura 7) é um gráfico de barras que demonstra a distribuição de freqüência de dados variáveis. Este tipo de gráfico é útil para determinar se um processo está ou não sob controle, e/ou visualizar dados que evoluem de forma inesperada e acompanhar o desenvolvimento desses. Na maioria das vezes é utilizado em função da necessidade de analisar se uma variável possui o comportamento esperado, gerenciar por atos e não por opiniões e obter conhecimento da variabilidade de um processo. Sua principal vantagem é a obtenção de informações confiáveis para a tomada de decisão, no que se refere às variações dimensionais (TACHIZAWA E SCAICO, 1997). 68 Figura 8: Evolução do Índice de Reclamações Pólos Nacionais Fonte: MATURE (2005, p. 19) D. Gráfico de Controle O gráfico de controle (Figura 8) ajuda a identificar os ruídos, variações de evento para evento, e as variações que surgem de circunstâncias especiais. De acordo com Mature (1997, p. 21), “é uma ferramenta utilizada para verificar se um processo está dentro dos limites estatísticos de controle estabelecidos para ele, permitindo, assim, fazer os ajustes necessários”. Com o gráfico de controle (Figura 8) consegue-se identificar: tendências (mudanças lentas nos processos), ciclos (padrões não naturais que ocorrem com peridiocidade e anomalias ( casos isolados, não existe padrão). A utilização do gráfico de controle é uma forma de definir a possibilidade de eliminar um problema reelaborando a parte suspeita ou se o problema foge de alcance. Ainda, de acordo com Mature (1997), sua aplicação consiste em “definir o processo a ser controlado, estabelecer (por meio de cálculos estatísticos) o Limite 69 Superior de Controle (LSC), o Limite Inferior de Controle (LIC) e o o Ponto Intermediário Médio (PIM), e montagem do gráfico”. Figura 9 - Gráfico de Controle Fonte: Adaptado Mature (2005) E. Diagrama de Dispersão O diagrama de dispersão (Figura 9) mostra o efeito de uma variável quando se muda uma outra variável, verificando a relação existente entre elas com o objetivo de demonstrar graficamente o quanto elas estão relacionadas. Suas principais vantagens são: quantifica as relações de causa e efeito, permite prever a variação de uma grandeza em relação a outra grandeza, e permite confirmar algum efeito colateral (TACHIZAWA E SCAICO, 1997). Figura 10 – Diagrama de Dispersão Fonte: Adaptado Tachizawa e Scaico (1997) 70 F. Fluxograma Segundo Chinelato (1997, p. 60), fluxograma “é a representação gráfica do movimento e operação de pessoas, documentos ou materiais entre diversas unidades da organização”, portanto, são instrumentos necessários para o entendimento e análise de um processo, e mostram a seqüência das atividades de forma clara. Conforme Marshall et al (2003), sua técnica consiste em representar graficamente, por intermédios de símbolos convencionados, a descrição clara e precisa do fluxo ou seqüência de um processo, bem como sua análise e redesenho. Apresenta uma excelente visão do processo como um todo, permitindo verificar como as diferentes etapas estão relacionadas entre si. Além disso retrata a rotina, o passo a passo da atividade de um individuo na organização. É amplamente utilizado em consultorias, análise de sistemas e racionalização de procedimentos. De acordo com Chinelato (1997), o objetivo do fluxograma (Figura 9) é identificar cada etapa de um processo e oportunidades de melhorias. Os principais passos de um fluxograma para esse autor são: 1. Identificar o inicio e o fim do processo; 2. Observar todo o processo do início ao fim; 3. Definir as etapas do processo (atividades, decisões, entradas e saídas); 4. Analisar criticamente o diagrama de fluxo com as pessoas envolvidas no processo; 5. Melhorar o diagrama de fluxo baseado nesta análise critica; 6. Verificar o diagrama de fluxo com o processo real e promover as adequações necessárias; 7. Homologar e datar o novo diagrama de fluxo para futuras referências e utilizações. O fluxograma (figura 10) mostra também atividades desnecessárias, que não agregam nenhum valor, os atrasos e gargalos, evidenciando assim o desperdício. Identifica aqueles clientes que passam despercebido e as oportunidades de melhoria. Tachizawa e Scaico (1997), ao preparar um fluxograma sugerem a atenção para as seguintes características: clareza das informações, legibilidade, inteligíveis para quem o lê, concisos, logicamente dispostos e especialmente sem ambigüidades. 71 Figura11: Exemplo de Fluxograma Fonte: Adaptado de Tachizawa e Scaico (1997) G. Quadro de Distribuição de Trabalho (QDT) De acordo com Taschizawa e Scaico (1997), o QDT (figura 11) é uma ferramenta de análise que deve ser conduzida e integrada a estrutura organizacional para se obter o resultado almejado. Possui quatro finalidades básicas: a) distribuir as tarefas uniformemente aos setores da empresa; b) redistribuir as tarefas atuais; c) estudar a situação atual; d) estudar a mudança para a situação de desejo. Para a confecção e melhor análise de um QDT, os autores sugerem levar em conta os seguintes passos: 1. Levantar as tarefas executadas de cada empregado, por período de tempo (uma semana, um mês) e analisar o tempo gasto para finalização de cada atividade. 2. Identificação das tarefas semelhantes 3. Elaboração do Quadro de Distribuição de Trabalho 4. Análise do QDT atual 5. Propor e implantar o novo QDT 6. Fazer acompanhamento, avaliando os resultados e adoção de ajustes, se necessário Atividades Funcionário: Cargo: Denomin/ Denominação T/S Tarefas Nº Funcionário: Cargo: Denomin/ T/S Tarefas Funcionário: Cargo: Denomin/ T/S Tarefas T/S 1 2 3 4 72 5 Total de Horas Figura 12: QDT - Quadro de Distribuição do Trabalho (Modelo de QDT Tradicional) Fonte: Chinelato (1997) H. Manuais De acordo com Chinelato (1997), nos manuais constam conjuntos de normas, instruções e documentos a respeito da política, diretrizes e sistemáticas operacionais da empresa. Possui característica esclarecedora, sanadora de duvidas, tanto é que possui uma tendência a diminuição de filas após sua implantação. Quando se coloca o manual a disposição do público, uma série de dúvidas e questionamentos são condensadas após a leitura. Para Tachizawa e Scaico (1997, p.245), “o principal propósito dos manuais é disciplinar os processos e orientar as diferentes áreas da empresa acerca de aspectos institucionais, tais como, políticas, funções autoridade, responsabilidade e outros elementos fins.” Para a melhor eficácia deste instrumento, além de ele ser claro e objetivo, deve estar sempre atualizado. Ainda de acordo com Tachizawa e Scaico (1997), os manuais possuem, como vantagem, a facilidade de treinamento dos funcionários nas organizações, pois, se elaborados corretamente, constituem-se em uma das melhores formas de aprendizado dos novos funcionários, que terão em seu poder a explicação de detalhes importantes à empresa. Além disso, constituem uma importante bibliografia técnica, sendo uma rica fonte de pesquisas. Para Chinelato (1997), o uso de manuais é justificado em vários aspectos: a) crescimento da organização; b) o alto grau de complexidade das operações; c) a alta taxa de turnover ( rotatividade de pessoa). I) 5W2H (Why, What, Where , When , Who , How , How Much). 73 A ferramenta 5W2H (Figura 12) é utilizada para mapear processos, analisálos e possuir dados suficientes para padronização, elaboração de planos de ação e para estabelecer procedimentos associados a indicadores. Representa as iniciais das palavras em inglês: Why (porque), What (O que), Where (Onde), When (quando), Who (quem), How (como) e How Much (quanto custa). A vantagem da utilização desta ferramenta é a definição objetiva e clara de todos os itens que compõem o planejamento. Figura 13: Método 5W2H Fonte: Adaptado Mature (2005) J) Estratificação A estratificação, de acordo com Tachizawa e Scaico (1997, pág 231), “corresponde à divisão/desmembramento de um grande grupo em grupos menores com elementos fortemente relacionados” e tem como objetivo “agrupar as 74 informações em blocos/grupos de forma que eles possam ser mais facilmente analisados e comparados”. Para Marshall et al (2003, pág 93), o objetivo do uso da estratificação é “auxiliar na análise e na pesquisa para desenvolvimento de oportunidades de melhoria, na medida em que possibilita a visualização da composição real dos dados por seus estratos.” Tachizawa e Scaico (1997), ressaltam que a vantagem de se trabalhar com esta ferramenta é que a mesma separa informações relevantes, que estão em um montante, em categorias e características, possibilitando uma análise direcionada. Seis Sigma De acordo com Hammer (2002), o seis sigma é uma medida específica de qualidade, ou seja, gerar apenas 3.4 de defeito por milhões de oportunidades. A ferramenta dispõe de técnica de análise estatística para descobrir falhas em processos existentes. O seis sigma é a busca constante pela qualidade com defeito zero. Segundo Pysdek (2003, p. 65), “o sistema seis sigma se concentra na melhoria da qualidade ao ajudar as organizações a produzir de forma melhor, mais rápida e mais econômica”. O autor ainda afirma que seis sigma é “a implementação rigorosa, concentrada e altamente eficaz de princípios e técnicas comprovadas de qualidade”. Hammer (2002, p. 29) afirma que a metodologia seis sigma mais adotada é a DMAIC (Quadro 7), “que oferece uma estrutura e disciplina metodológica para a solução de problemas de negócios” De acordo com Hammer (2002, p.29) “a premissa do seis sigma é que as companhias precisam constantemente aumentar seus níveis de qualidade e diminuir níveis de custo, e que a disciplina, organização, eliminaão definitivamente o desacordo, desperdício, erros e o que aflinge as operações” (TRADUÇÃO LIVRE) Hammer (2002) e Pysdek (2003) concordam que, tradicionalmente, as empresas trabalham em níveis de desempenho 3 sigma ou 4 sigma, mesmo sabendo a quantidade que a problemas gerados são significativos em relação as oportunidades. Conforme Harry (2003, p. 81), muitas empresas não conseguem identificar a origem de um erro e acabam por tolerá-lo, fazendo com que o erro ocultado se torne 75 persistente, e passe a fazer parte do custo do negócio, diminuindo em até 40% a receita anual de vendas de uma empresa. D (Definir) M (Mensurar) A (Analisar) ETAPAS DO DMAIC Definir os problemas e situações a serem melhorados Mensurar para obter informações e dados. Deve-se estabelecer metricas válidas e confiáveis, e também o ponto de partida do projeto Buscar no sistema a lacuna entre o desempenho atual e a meta desejada. Buscar informações I (Incrementar) Buscar novas maneiras de fazer as coisas, de forma econômica e rápida C (Controlar) Controlar os processos novos, a fim de gerar um ciclo de melhoria Contínua Quadro 5: Etapas do DMAIC Fonte: Adaptado Pysdek (2003, p 66-67) Líderes do Sigma Para a utilização eficaz desta ferramenta é necessário contar com profissionais qualificados, que possuam conhecimento aprofundado sobre as ferramentas da qualidade, sejam comunicativos, e conheçam os detalhes do processo a ser estudado. (PYSDEK, 2003). Pysdek (2003) recomenda os seguintes profissionais: 1 – Champions (Campeões): Os campeões são indivíduos de nível hierárquico elevado, que entende a ferramenta e estão comprometidos para o sucesso. Sua principal função é remover as barreiras para o desenvolvimento do projeto. 2 – Sponsors (Patrocinadores): São os donos do processo e do sistema. Iniciam as atividades de melhoria, auxiliam na implantação da estratégia de melhoria. (PYSDEK, 2003, P. 69-70) 3 – Master Black Belts (Mestres dos Faixas Pretas): Também conhecidos como coordenadores do programa seis sigma, são profissionais que possuem alto nível técnico e organizacional, liderança técnica, conhecimento total sobre a 76 ferramenta, são ministradores de treinamentos estatísticos e prestam assistência aos black belts e green belts. 4 – Black Belts (Faixas Pretas): responsáveis pela coordenação do programa Seis Sigma. Orientados tecnicamente, estão presentes em processos de mudança e organizacional, conhecimento em matemática e análise quantitativa, conhece um ou mais sistemas operacionais, planilhas, programas de gerenciamento de banco de dados, métodos estatísticos, entre outros. Devem ter como principal traço de perfil iniciativa, entusiasmo, habilidade de relacionamento interpessoal, motivação e influência no setor que atua. 5 – Green Belts (Faixas Verdes): Líderes de projetos Seis Sigma, capacidade de formar e facilitar equipes Seis Sigma, treinado em gerenciamento de projetos, ferramentas de gerenciamento de qualidade, solução de problemas, e análise descritiva dos dados, são assistidos pelos black belts. 6 – White Belts (Faixas Brancas) – Possuem conhecimento do seis sigma, mas não possuem certificação. Figura 14: Equipe Seis Sigma Fonte: Adaptado Werkema (2002, p. 31) De acordo com o organograma (Figura 13), o Sponsor é a maior hierarquia no Seis Sigma, para Werkema, o Sponsor é “o número um da empresa, responsável por promover e definir as diretrizes para a implementação do Sigma”. Exemplos de Sponsors: Diretor, Presidente da empresa. Os Champions são os gestores que apóiam o projeto, normalmente são representados pelos gerentes da empresa, não precisam ter conhecimento elevado da ferramenta Seis Sigma, basta ter conhecimento White Belt. Os Master Black Belts têm a função de assessorar os Sponsors e os Champions e atuam como mentores dos Black Belts e Green Belts. Os Black Belts têm a função 77 de liderar equipes na condução de projetos multifuncionais ou mesmo funcionais, buscando maior visibilidade na estrutura Seis Sigma. Os Green Belts possuem especificações similares ao dos Black Belts, mas com menor ênfase nos aspectos comportamentais e, por fim, os White Belts são profissionais do nível operacional da empresa, responsáveis por dar suporte aos Black Belts e Green Belts (WERKEMA, 2002). A. Certificação de Black Belts e Green Belts Para a formação dos Black Belts e Green Belts é necessário o cumprimento integral das etapas de desenvolvimento e conclusão, com resultados, dos projetos práticos. O candidato será avaliado pelos consultores e gestores envolvidos no projeto desenvolvido pelo candidato. Na avaliação, como sugere Werkema (2003, p. 49), serão considerados os seguintes aspectos: A. compreensão do método e das ferramentas Seis Sigma (desempenho nos cursos e no desenvolvimento dos projetos práticos); B. conclusão dos projetos práticos (a avaliação do retorno econômico dos projetos será validada pela diretoria financeira / controladoria da empresa); C.raciocínio crítico e capacidade de síntese e comunicação de idéias; D. habilidades de relacionamento interpessoal. 78 6. RELATÓRIO TÉCNICO – PROJETO B 6.1 A CONTEXTUALIZAÇÃO ATUAL – PROJETO B De acordo com Chiavenato (2004 : 24), o planejamento estratégico consistem em um aparato de ações que contribuem significativamente com a organização no tocante ao seu posicionamento no mercado que está inserida. Estas ações compreendem fatores como, estabelecimento de diretrizes organizacionais claras e pertinentes ao objetivo principal da empresa (missão, visão, valores, dentre outros), contempla também todas as ações que concernem ao planejamento estratégico. AC Eletricidade Ltda. é uma empresa que teve seu início fundamentado em bases simplórias, ou seja, o empreendedor possuía certo capital a ser investido em algum negócio, e por entender de comercialização de materiais elétricos, resolveu abrir uma loja, que hoje possui nove anos e a cada dia tem desenvolvido mais a sua estrutura. Contudo, mesmo com o crescimento alcançado pela estrutura organizacional da AC em nove anos, ela ainda é uma empresa de pequeno porte, e não dispõe de uma área específica para a gestão dos indicadores que concernem ao direcionamento estratégico, que na maioria das grandes organizações, é efetuado pela alta gestão, que por sua vez, é assessorado por conselheiros que contribuem de modo substancial com a formulação das diretrizes a serem adotadas por dada organização. No tocante ao direcionamento estratégico, a empresa realiza a gestão do seguinte modo: as variáveis que concernem à formulação das metas a serem cumpridas são estabelecidas pelo proprietário de acordo com o seu conhecimento do mercado. Sendo assim, o acompanhamento e os planos de ação para que as metas traçadas sejam cumpridas também são elaboradas pelo proprietário. No que concerne a missão, a visão e os valores organizacionais, foram elaborados pelo proprietário em conjunto com seus familiares, filho e esposa. Tais declarações não foram formalizadas para a organização e atualmente estão mais tedenciadas ao subjetivo, ou seja, de acordo com declarações do próprio empresário, 79 pressupõe-se que todos os colaboradores saibam quais são as declarações de missão, visão e valores da AC Eletricidade Ltda. Em relação ao organograma, atualmente não existe nenhum modelo desenhado para a organização. Sendo assim, não há uma definição exata dos cargos que constituem o quadro operacional da organização, ou seja, os mesmos são representados subjetivamente de acordo com a percepção das atividades que são realizadas por cada colaborador. Atualmente, todos os colaboradores se reportam diretamente ao proprietário para qualquer reivindicação ou sugestão que querem realizar sobre a dada organização. 6.2 O PROCESSAMENTO DAS INFORMAÇÕES – PROJETO B Após a análise da empresa AC Eletricidade LTDA, verifica-se que uma de suas maiores carências está no que diz respeito ao planejamento organizacional. Como observado na tabela 1 da análise S.O.W.T, nota-se que dentro da empresa a missão, visão e os valores não estão claramente definidos e comunicados, impossibilitando que todos os colaboradores e gestores, bem como fornecedores, parceiros e clientes conheçam as diretrizes gerais do negócio. De acordo com o citado acima, é perceptível que a organização passa por sérios problemas no que tange aos assuntos do planejamento organizacional. De acordo com Chiavenato (2004 : 26), as organizações podem perseguir objetivos lucrativos ou não lucrativos, dentre elas, existem aquelas moldadas explicitamente para atingir objetivos de lucro como meio de se auto-sustentar através do excedente de resultados financeiros e de proporcionar retorno de investimentos ou de capital. Como também existem as organizações que não incluem obrigatoriamente o lucro no enfoque de seus objetivos, entretanto, para que citado seja alcançado com excelência, é preciso que haja direcionamento adequado de objetivos, que por sua vez, se concretizam por intermédio da formalização de declarações de missão e visão. Corraborando com o citado autor avalia-se, que a AC possui nível de carência elevado no tocante as suas declarações de missão e visão, fato que, dificulta 80 o alinhamento dos objetivos a serem perseguidos pela empresa. As declarações de missão e visão existentes na mesma foram estruturadas de maneira informal, sem prospectá-la adequadamente a sua conjuntura comercial atual, e ainda, sem propor de modo significativo e mais ambicioso a sua expressão no mercado futuro. Segundo Kotler (2000 : 321), a definição da missão e da visão são fundamentais para o desempenho que a organização pretende alcançar, pois, se constituem em premissas que atuam como apoio para inúmeras estratégias que são trabalhadas pela organização. Logo, a sua não definição adequada pode acarretar vários malefícios que podem levar a organização ao desnorteamento no que tange ao seu direcionamento e posicionamento que pretende alcançar no mercado. Partilhando do raciocínio de Kotler (2000 : 322), os malefícios causados pela má elaboração das declarações de missão e visão são materializados na morosidade dos processos organizacionais existentes, pois, não seguem as diretrizes galgadas pelos acionistas de dada empresa, e ainda, a ausência de clareza nestas declarações, não contribuem de modo significativo com o alcance dos objetivos que são esperados pelos integrantes da empresa. Entretanto, Kotler (2000 : 322), menciona que, declarações de missão e visão bem definidas agregam valor para o negócio como um todo, tornam os processos mais fluidos e transparentes, bem como alinhados com os resultados esperados pelos acionistas e com as tendências do mercado cujo está inserida a organização. Seguindo a linha de raciocínio de Kotler (2000 : 322), no que tange aos malefícios oriundos da má elaboração das declarações de missão e visão, avalia-se a veracidade do citado, pois, a interação existente entre os setores envolvidos no negócio, como o departamento de vendas, de produção e financeiro, poderia ser mais sólida. Por exemplo, é claro que, cada setor e ou área de dada organização possui seus objetivos específicos, contudo, todos eles devem estar ajustados de modo a atuar em conjunto para que seja alcançado o objetivo principal da empresa, que seria representado pela visão. Mas, como não há uma definição clara e difundida, este aspecto não pode ser vivenciado harmonicamente entre as áreas. Fato que está intimamente ligado as ferramentas de comunicação empregadas pela organização. 81 De acordo Stoner (1984 : 389), a comunicação consiste em um processo complexo no qual as pessoas tentam compartilhar significados através de mensagens simbólicas. Para Likert (1979 : 63) a comunicação é um dos mais importantes processos da administração, subjugando o papel e a função da área comunicacional. Em relação a este aspecto, na AC ela é muito fluida, já que todos os funcionários conseguem ter acesso imediato aos líderes superiores, como o gerente geral, por exemplo. É um modelo bem interessante de gestão empresarial, visto que o colaborador se sente mais a vontade para expor suas idéias bem como também seus problemas. Esse fator também recebe contribuição da estrutura física, uma vez que todos os representantes dos cargos se concentram em um mesmo lugar, a loja. Sendo assim, a comunicação não consiste em um problema substancial no que concerne a ciência das declarações de missão e visão por parte dos colaboradores, o enfoque do problema se estabelece na não adequação destas declarações ao contexto da organização. Outro ponto a ser abordado é a informalidade dos cargos existentes no interior da empresa. Os colaboradores da empresa não possuem formalização sobre a hierarquia da mesma, ou seja, não há clareza em quem se reporta a quem e a quê especificamente, com exceção, do acionista, que é visualizado por todos os colaboradores como chefe, portanto, aquele que pode delegar todas as tarefas concernentes ao negócio. De acordo com Bateman/Snell (1998 : 240), a inexistência de formalização do organograma resulta em morosidade nos processos que compõem os pacotes de serviços entregues por determinada empresa. Em seus estudos, Bateman/Snell (1998 : 241), mencionam que a morosidade citada é ocasionada pelo fato de não haver líderes para os processos existentes, que possam atuar como elos entre as aspirações dos acionistas e dos colaboradores. Ou seja, caso ocorra algum problema em determinada tarefa, a quem o colaborador deve recorrer, se não há definição da hierarquia, há ligeira desordem na conjuntura da formação dos processos que caminham “soltos” e sem acompanhamento adequado. Corraborando com o citado autor percebe-se, que na AC os processos caminham sem harmonia, ou seja, os colaboradores não sabem a quem se reportar sobre suas atividades, e geralmente o fazem com o acionista, que por sua vez, possui atribuições com maior índice de responsabilidades. Outro ponto que deve ser abordado neste tópico da diversificação das atividades, por exemplo, como a maior 82 parte dos assuntos são tratados diretamente com o proprietário, há uma sobrecarga sobre o mesmo, fato que, gera inúmeros atrasos na realização de determinadas atividades, ocasionando por sua vez, a insatisfação não apenas dos colaboradores, como dos clientes. Um grande exemplo do citado concerne à concessão de descontos sobre serviços e produtos, que geralmente é aprovado pelo acionista, gerando demora nos atendimentos, fato que poderia ser minimizado com a nomeação de um colaborador capacitado da própria área de vendas para efetuar a análise de descontos. Enfim, o mundo, hoje, está altamente competitivo, e os clientes cada vez estão aumentando o seu grau de exigência por serviços fundamentados nas bases da excelência e da qualidade. Com isso, alguns pontos poderiam ser trabalhados para aumentar a taxa de competitividade da loja em relação às demais do mesmo ramo de atuação. Tais como a não existência de missão e visão e organogramas definidos; visto que os supracitados são extremamente relevantes para os rumos que a organização será conduzida. 6.3 SUSGESTÕES DE APRIMORAMENTO – PROJETO B O esforço por uma melhoria contínua, que abrange a qualidade total, a produtividade e a eliminação de desperdícios, é uma obrigação de todos que fazem parte do dia-a-dia da empresa que, por sua vez, encontra-se mais do que nunca inserida em um ambiente altamente competitivo e hostil, sendo imprencidível a busca contínua por melhorias, usando todo o armamento disponível (conscientização, envolvimento, participação de recursos humanos, simplificação e racionalização dos processos) para continuar existindo. ( COLENGUI, 2003 : 75). Por meio de análises, observações, pesquisas e entrevistas com colaboradores, foram identificados diversos problemas no que cerne à organização, pontuados no capítulo Caracterização da Organização, avaliados e priorizados na tabela 1. De acordo com Ferreira (1997 : 74) a realização de um trabalho voltado para o desenvolvimento da organização não pretende solucionar problemas específicos, isolados, rotineiros ou eventuais em caráter emergencial, apresentando resultados 83 imediatos e em curto espaço de tempo. O trabalho de Desenvolvimento Organizacional compreende um projeto de mudança abrangendo toda organização, com o objetivo de melhorar sensivelmente o seu desempenho, atingindo níveis mais elevados de eficiência na utilização dos recursos disponíveis e de eficácia no cumprimento da sua missão e dos seus objetivos. Percebe-se assim, a necessidade de propor um plano de ação, abordando as melhores propostas de solução para redução e/ou correção das falhas apresentadas nos capítulos anteriores. A proposta de solução dos problemas citados no decorrer da pesquisa são as seguintes: desenvolver uma visão e uma missão, bem como a estruturação do organograma organizacional para que a empresa possa ter seu direcionamento estratégico definido de forma clara. A ausência das declarações de Missão e Visão inviabiliza o correto planejamento organizacional, que por sua vez, impossibilita que os gestores delegam e estabeleçam formalmente as atividades de cada colaborador na organização. Fernandes e Berton ( 2005 : 148) corrobora com essa opinião e completam: “A missão define-se como a existência da organização. Ressaltando que são as atividades diárias da organização que auxiliam no conceito de missão.” Para Batemam (1998 : 126), a visão situa-se além da descrição da missão da organização, apesar de serem duas definições muito utilizadas como sinônimo, sendo que ela representa a expectativa da empresa a longo prazo, somado ao seu objetivo estratégico, que é mostrar aonde a organização deseja chegar no futuro. “A visão é o sonho da organização e o futuro do negócio e expressa aonde a organização espera estar neste futuro.” (ZACHARIAS, 2001 : 74) O primeiro tópico a ser abordado nesta etapa é a criação de declarações de missão e visão para a empresa em questão. 84 A definição de uma visão e uma missão contrinuirá para o melhor posicionamento do negócio no mercado. Segundo Ries e Trout, a palavra posicionamento foi popularizada por dois executivos da área de propaganda: Al Ries e Jack Trout. Eles vêem o posicionamento como um exercício criativo feito com um produto existente. O posicionamento começa com um produto. Uma mercadoria, um serviço, uma empresa, uma instituição, ou até mesmo uma pessoa... Mas o posicionamento não é o que você faz com o produto. O posicionamento é o que você faz com a mente do cliente potencial. Ou seja, você posiciona o produto na mente do cliente potencial. Posicionamento é o ato de desenvolver a oferta e a imagem da empresa para ocupar um lugar de destaque na mente dos clientes-alvo. Philip Kotler (2000 : 321) Segundo Kotler (2000 : 321), o posicionamento, é um benefício que será enaltecido não somente pela criação de um diferencial, que é a criação da missão e visão, que, atualmente, inexistem na organização, mas também pela idealização de um setor de RH bem planejado, afinal, quando os colaboradores são trabalhados de forma adequada, suas taxas de produtividade também aumentam, e mesmo que, hoje, o cenário organizacional da AC seja favorável, sempre poderá haver algo a ser feito por este setor que venha a contribuir efetivamente com a elevação do nível de trabalho da organização. Segundo Andrade (2002 : 245), a visão de uma organização deve contemplar uma situação futurista e desejada em longo prazo. Por esta razão, a visão em termos de objetivos e metas a serem alcançados pela empresa, deve possui uma face ambiciosa, e atuar como guia para a definição dos objetivos e realização da missão, para que ela melhore sua participação no mercado em qual atua. A AC atualmente é uma empresa que, apesar de não possuir uma declaração formal, busca estar inserida entre as melhores organizações que atuam em seu segmento de prestação de serviços. Sendo assim, abaixo segue a visão sugerida para a organização. A Visão sugerida: “Ser a melhor empresa varejista de materiais elétricos da região, buscando sempre oferecer serviços e produtos com qualidade.” 85 Para Chiavinato (2000 : 247), “a missão de uma organização significa a razão de sua existência. É a finalidade ou o motivo pelo qual a organização foi criada e para o que ela deve servir”. Como a missão refere-se a razão de existência da organização, ela deve servir para guiar e inspirar os seus administradores e os colaboradores, a trabalharem conjuntamente em prol da organização para gerar benefícios no tempo posterior. Levando-se em conta que a missão deve estar atrelada a visão, ela deve ser objetiva, direta e não limitadora. (CHIAVINATO, 2000 : 247). De acordo com as várias análises realizadas no decorrer deste projeto, é possível perceber que a AC é uma organização que busca primeiramente a questão do atendimento de seus clientes com excelência e qualidade. Em virtude deste fato, a missão sugerida para ela será baseada na questão da qualidade, que atua como diferencial dos serviços por ela oferecidos. A Missão sugerida: “Atender o cliente de forma diferenciada, oferecendo a ele soluções de qualidade na área venda de materiais elétricos em geral.” O segundo tópico a ser abordado é a criação do organograma, para que, assim, possa estar clara a hierarquia existente no interior da organização. Manter a hierarquia organizacional é susbtancial para o controle do fluxo de informações, evitando, assim, as distorções e ordens convergentes. Um organograma funcional e bem estruturado permite a descentralização das rotinas necessárias à gestão da empresa. Neste propósito, pode-se conceituá-lo como dispositivo que define onde está alocado cada recurso humano no contexto da organização para que cada um direcione seus esforços da maneira mais eficaz em relação aos objetivos orgnaizacionais. Em uma organização funcional, os cargos são especializados e agrupados de acordo com a função de negócios e as habilidades que requerem: produção, marketing, recursos humanos, finanças e assim por diante. Bateman/Snell (1998: pág. 240.) 86 Abaixo segue o organograma desenvolvido para a empresa, a estrutura funcional foi estabelecida com enfoque para a loja, acompanhado de uma breve descrição dos cargos. * Gerência Geral: responsável pela gestão de todos os indicadores da unidade de negócios, bem como estabelecer metas e objetivos, além de acompanhar seu cumprimento às demais áreas. * Vendedores: responsável pelas vendas e o suporte realizado para os clientes da loja. * Entregadores: responsável pelas entregas dos produtos comercializados no estabelecimento. * Serviços Gerais: responsável pela limpeza e conservação das instalações físicas da loja. Figura 15 - Organograma proposto: modelo radial Diretor Geral/Gerente Vendedores Entregadores Serviços Gerais Fonte: elaborado pelo autor 87 A abordagem funcional de departamentalização apresenta uma série de vantagens: * Economias de Escala; * Monitoração mais eficaz do ambiente; * Os padrões de desempenho são mais constantes; * Os colaboradores têm maiores oportunidades de treinamento especializado e desenvolvimento de habilidades em profundidade; * Especialistas técnicos ficam, relativamente, livres de trabalhos administrativos; * A tomada de decisão e s linhas de comunicação são simples e claramente compreendidas. Vale salientar que a departamentalização funcional da empresa AC foi proposta de acordo com a distribuição atual das funções na empresa. As propostas acima foram realizadas com o intuito de reestruturar a área organizacional da empresa, por meio da correta formalização e separação das atividades e responsabilidades de cada colaborador. Além disso, as declarações de missão e visão foram concebidas para oferecer a organização instrumentos de gestão eficazes, baseados em seus objetivos, para que ela possa se desenvolver de maneira sustentável no mercado competitivo. Plano de Ação para Implantação Para definição e implantação de todas as políticas de recursos humanos com enfoque nos cinco processos básicos que envolvem prover, aplicar, manter, desenvolver e monitorar as pessoas dentro do ambiente organizacional é necessário estabelecer um plano de ação, que por sua vez, deve ser gerenciado pelos gestores, responsáveis pela criação das políticas. Colenghi (2003 : 174), declara que existem diversos modelos de plano de ação, mas o mais completo e simples de ser executado é o 5W2H. Essa ferramenta de planejamento consiste em um relatório por colunas, cada uma delas encabeçada por um título (em inglês, na sua origem): 88 Figura 16 – Método de Plano de Ação 5W2H Fonte: Elaborado pelo autor A partir do macro objetivo de desenvolver e implantar a gestão de pessoas eficaz na organização pode-se elaborar o seguinte plano de ação: Figura 16 – Método de Plano de Ação 5W2H Fonte: Elaborado pelo autor 89 7. RELATÓRIO TÉCNICO – PROJETO C 7.1 A CONTEXTUALIZAÇÃO ATUAL – PROJETO C Segundo Fernandes e Berton (2006 : 173), as ações do departamento de Recursos Humanos, são de grande importância para o bom desempenho dos demais setores da organização, influenciando de maneira indireta, no desempenho do produto, na prestação de serviço, e principalmente, na qualidade da empresa perante aos clientes e colaboradores. Por se tratar de uma pequena empresa, a AC Eletricidade LTDA não dispõe de uma área específica para gestão de seus recursos humanos e nem pessoas focadas nessa atividade. Essa gestão é realizada por um dos sócios do negócio, que concentra seus esforços apenas na folha de pagamento dos colaboradores, garantindo que recebam por suas atividades no 5º dia útil de todos os meses, conforme combinado com os próprios colaboradores no momento da contratação. Os funcionários possuem rotinas fixas de trabalho, desenvolvendo suas atividades tanto de venda, quanto de prestação de serviços de manutenção elétrica nas empresas em horário comercial, de segunda-feira a sexta-feira das 08:00 as 18:00. A equipe de colaboradores é dividida, sendo que a equipe de vendas desenvolve apenas a atividade de venda no varejo, enquanto a equipe de operadores da manutenção realiza apenas as atividades pertinentes a esse serviço. A equipe gerencial é formada pelos dois sócios que são responsáveis por toda a gestão da organização. No que tange ao recrutamento e seleção dos colaboradores, é realizado mediante indicações dos próprios colaboradores da empresa, por indicações de amigos e clientes próximos aos proprietários ou por currículos deixados diariamente na empresa por pessoas interessadas em possíveis vagas. A separação dos currículos e a convocação para a entrevista são feitas pelos sócios, que por sua vez, também são gestores da empresa. Com base na sua percepção profissional e de seu conhecimento da empresa eles escolhem os candidatos e os chamam para a entrevista, realizada com os mesmos em um horário específico estabelecido junto ao candidato. Durante a 90 entrevista é feita uma série de perguntas que variam de acordo com a disponibilidade de tempo dos proprietários e do interesse que vão adquirindo no candidato. Não existe nenhum questionário padrão e impessoal para que nenhum interessado na vaga seja prejudicado por nervosismo, por exemplo. O acompanhamento das atividades de todos os colaboradores é efetuado apenas por meio da observação do acionista que acompanha diariamente o trabalho da área operacional do negócio. De acordo com sua percepção, ele convoca o colaborador para uma reunião no qual aplica o feedback. 7.2 O PROCESSAMENTO DAS INFORMAÇÕES – PROJETO C Para avaliação dos problemas se pode utilizar o diagrama de causa e efeito DCE, espinha de peixe ou diagrama de Ishikawa. É uma técnica japonesa para levantar e identificar as causas dos vários problemas existentes em processos, áreas e até organizações como um todo, basta apenas que seja adequado a essa realidade. Para avaliação aplica-se o “método dos porquês” (COLENGHI, 2003 : 328). O DCE consiste em uma representação gráfica semelhante a uma espinha de peixe, daí o seu apelido, no qual a coluna central (representada por uma seta) aponta para o efeito ou conseqüência e as suas ramificações representam as causas que estão afetando o processo. (COLENGHI, 2003 : 328). Para elaboração e aplicação dessa ferramenta deve-se: 1. Definir o problema (anomalia ou efeito) a ser analisado 2. Levantar as causas prováveis que possam contribuir para gerar o problema em questão. 3. Aplicar a “técnica dos porquês”, que deve ser utilizada quantas vezes for necessário até chegar à causa fundamental do problema. A partir de então, serão trabalhados planos de ação para eliminar essas causas. Nesse contexto, foram levantados inicialmente junto ao acionista e colaboradores da organização informações e acontecimentos já vicenciados na empresa durante o ano de 2008. Desse levantamento, pontuou-se, em suma, os problemas abaixo: 91 - Baixa Produtividade; - Alto absenteísmo; - Falta de interesse e compromisso; - Alto índice de erros operacionais; - Grande dependência dos gestores; Adequando a ferramenta DCE à realidade da organização para análise mais detalhada dos problemas da empresa e avaliando todos os problemas acima elencados têm-se os seguintes DCES: 92 A partir de todos os diagramas de causa e efeito elaborados com enfoque nos principais problemas no tocante a recursos humanos é possível aplicar o diagrama ou gráfico de Pareto. É um método que parte da premissa que existe um número reduzido de causas que provoca a maioria dos problemas que afetam o resultado organizacional. A metodologia afirma que 20% das causas correspondem a 80% dos problemas. Assim, pode-se localizar os principais problemas, eliminar as perdas e estabelecer a prioridade na resolução dos problemas (Colenghi; 2003). Para elaboração e aplicação dessa ferramenta deve-se: 1.Definir o processo a ser analisado e levantar os problemas que o afetam; 2.Organizar o mapa de ocorrências, colocando os problemas em ordem decrescente de acordo com o número de ocorrências; 3.Elaboração do Gráfico de Pareto a partir do mapa de ocorrências. Todos os problemas e causas analisadas com o diagrama de causa e efeito acontecem atualmente na organização e foram avaliados com base em informações dos gestores e colaboradores de fatos e acontecimentos e percepções de todo o ano de 2008. Como existem diversos problemas elencados e uma série de causas para os mesmos, para aplicação dessa ferramenta será considerado como problema principal o baixo desempenho dos colaboradores na empresa. Assim, considera-se que o baixo desempenho é decorrente do somatório de todos os problemas pontuais analisados no diagrama de causa e efeito. 93 Figura 17: Quadro de ocorrências Fonte: autor do relatório Logo após a elaboração do mapa de ocorrência elabora-se o gráfico com base nas informações levantadas. Nesse contexto, segue abaixo o gráfico com a representação da quantidade de ocorrências de cada problema que está inferindo diretamente no desempenho dos colaboradores da organização AC Eletricidade LTDA: Figura 18: Causas do baixo desempenho dos colaboradores Causas do baixo desempenho dos colaboradores 4,5 4 4 4 3,5 3 2,5 2 2 2 2 2 2 1,5 1 1 1 1 1 E F G H I 1 0,5 0 A B C D J K L Fonte: Elaborado pelo autor baseada na teoria de Pareto. Observa-se no gráfico acima que os problemas que tiveram o maior número de ocorrências apontadas com a aplicação do diagrama de causa e efeito foram a falta de motivação e a falta de treinamento. Segundo a metodologia de Paretto, enfocando 94 a solução nesses dois problemas “macro”, correspondentes a 20%, tem-se a solução de 80 % dos problemas. Contudo, ao analisar pontualmente cada coluna do gráfico expresso acima, percebe-se que se têm cinco colunas com duas ocorrências cada. Essas colunas representam os problemas falta de acompanhamento dos gestores, falta de confiança dos gestores nos colaboradores, falta de habilidades técnicas, baixa experiência e baixo entusiasmo. Ao comparar o número de ocorrências em maior quantidade nesses problemas frente ao número de ocorrência dos dois problemas apontados como principais pelo gráfico, nota-se a diferença de 8 para 10 ocorrências, o que comprova que o enfoque nesses pontos possibilitará uma solução mais completa para todos os problemas. Esses problemas podem ser evidenciados quando são analisados mais detalhadamente, conforme abaixo. Percebe-se que a ausência da descrição e análise de todos os cargos da empresa somados a falta de critérios específicos de recrutamento e seleção prejudica muito a empresa, uma vez que é demandado um tempo considerável para separação e análise dos currículos, bem com a convocação e entrevista de cada candidato para seleção e contratação do profissional para a empresa. Do mesmo modo, os colaboradores não possuem nenhuma política referente a desenvolvimento profissional. A organização não oferece treinamentos periódicos para seus profissionais e também não há nenhum incentivo para que busquem por si mesmos aprimoramentos profissionais fora da empresa. Assim, como não possuem políticas de desenvolvimento profissional, também não possuem políticas de benefícios e motivação. Os colaboradores da organização são motivados apenas pelo salário que recebem no final do mês, não existindo nenhuma outra forma de incentivo. Verifica-se que além do salário, a empresa oferece apenas o vale transporte para seus colaboradores o que é instituído como obrigatório pela lei nº. 7418 de 16 de Dezembro de 1985. Remuneração é importante, mas está longe de garantir satisfação profissional no ambiente corporativo. É preciso lidar com reconhecimento, status e responsabilidade (FILHO, 2007 : 151). É possível que a empresa não disponha de políticas estruturadas e formalizadas de recursos humanos pelo fato dos gestores não conhecerem metodologias e a real importância deles na empresa. Por se tratar de organização de 95 pequeno porte e pelos gestores e colaboradores serem pessoas com um grau de escolaridade mais baixo, evidencia-se essa situação. O que se percebe não é a ausência por simples opção, mas sim pela falta de conhecimento das diversas ferramentas e políticas de gestão de pessoas. Diante do exposto, percebe-se que a ausência de políticas estruturadas de recursos humanos implica em um resultado negativo para a organização, pois as pessoas são o “motor” que move toda a empresa para sua operacionalização e crescimento, sendo elas essenciais no negócio. A partir dessa conclusão, percebe-se que a empresa está longe de saber realizar e aplicar todo o potencial que os seus colaboradores podem oferecer para o sucesso do negócio. O desempenho da organização está amarrado ao desempenho de pessoas e de equipes, o qual depende necessariamente do conhecimento. O conhecimento não é somente a nova moeda do capital intelectual, mas o núcleo do sucesso organização. As organizações bem-sucedidas são aquelas que sabem gerar, catalogar, divulgar, compartilhar e desenvolver conhecimento (CHIAVENATO, 2002 : 243). Enfim, baseando-se nas informações supracitadas é evidente a necessidade de estabelecerem-se políticas de gestão de recursos humanos sérias e condizentes à realidade da empresa para que ela possa aproveitar de todo o potencial de seus colaboradores, revertendo seu conhecimento em resultado positivo para o desenvolvimento organizacional. 7.3 SUSGESTÕES DE APRIMORAMENTO – PROJETO C O mundo dos negócios vêm se modificando muito rapidamente. A cada dia que passa a sobrevivência e o sucesso das organizações dependerá cada vez mais do desempenho e da competência das pessoas. Afinal, o desempenho organizacional está intimamente ligado com o desempenho das pessoas que nela realizam suas atividades profissionais (CHIAVENATO, 2002 : 36). A única maneira de uma organização ter sucesso em uma sociedade e economia baseadas no conhecimento é extrair o máximo possível das pessoas que trabalham com o conhecimento. A vantagem competitiva e sustentável da empresa 96 depende hoje da transformação do conhecimento em resultados organizacionais concretos (CHIAVENATO, 2002 : 37). A organização deve funcionar como uma orquestra afinada e consoante. O conjunto dos colaboradores é como um conjunto de músicos: Cada um tem suas características individuais, mas o todo, o trabalho em equipe, é que transforma o som de um simples instrumento em um som excepcional capaz de chegar a todos os lugares e despertar nas pessoas o mais nobre sentimento. Nesse momento, o maestro tem a função de conduzir os músicos, ressaltando a característica individual de cada um para que sejam altamente produtivos em conjunto. Refletindo esse conceito para a organização pode-se observar o maestro como o gestor que deve, a partir das características individuais de cada colaborador, somar seus esforços para que juntos possam atingir os objetivos propostos (CHIAVENATO, 2002 : 237). Além disso, Bateman/Snell (1998 : 123), destacam que as atividades de recursos humanos devem adaptar-se às necessidades da empresa e que a ênfase em diferentes atividades de RH depende da organização estar em crescimento, em declínio ou mantendo uma posição estável. Segundo Chiavenato (2002 : 238), a administração de recursos humanos provoca impactos nas pessoas e nas organizações. A forma de lidar com as pessoas, de buscá-las no mercado, de integrá-las e orientá-las, fazê-las trabalhar, desenvolvêlas, recompensá-las ou monitorá-las e controlá-las, ou seja, a qualidade da maneira como as pessoas são geridas na organização, é um aspecto crucial na competitividade organizacional. Os processos básicos na gestão de pessoas são cinco, a saber: prover, aplicar, manter, desenvolver e monitorar as pessoas. O ciclo de gestão de pessoas se fecha em cinco processos básicos: provisão, aplicação, manutenção, desenvolvimento e monitoração de pessoas. (CHIAVENATO, 2004 : 228) De acordo com Chiavenato (2004 : 228), estes processos estão intimamente inter-relacionados e interdependentes. Sua interação faz com que qualquer alteração ocorrida em um deles provoque influências sobre os demais gerando acomodações e ajustamentos no sistema todo. Os cinco subsistemas juntos formam um processo global e dinâmico por meio do qual as pessoas são atraídas, captadas, aplicadas em suas tarefas, mantidas na empresa, desenvolvidas e acompanhadas pela organização. Esses processos 97 variam muito de organização para organização e dependem de uma série de fatores ambientais, organizacionais, humanos e tecnológicos, entre outros. Cada organização deve desenvolver políticas de recursos humanos adequadas à sua filosofia e suas necessidades. Neste contexto, os objetivos da administração de recursos humanos derivam dos objetivos gerais da organização. Assim, ao lado dos objetivos organizacionais, a administração de recursos humanos deve considerar os objetivos pessoais dos seus parceiros. Para Chiavenato (2004 : 197), os principais objetivos da administração de recursos humanos são: 1. Criar, manter e desenvolver um contingente de pessoas com habilidades, motivação e satisfação para realizar os objetivos da organização. 2. Criar, manter e desenvolver condições organizacionais de aplicação, desenvolvimento e satisfação plena das pessoas, e alcance dos objetivos individuais. 3. Alcançar eficiência e eficácia através das pessoas. Conforme análises anteriores, a empresa AC Eletricidade não possui nenhuma política estruturada de recursos humanos, o que está gerando uma série de problemas como baixa produtividade, alto absenteísmo e falta de comprometimento, elencados e analisados por meio do diagrama de causa e efeito e do gráfico de Pareto e que inferem negativamente no resultado organizacional. Diante dessa situação deve-se, imediatamente, estabelecer políticas de gestão de recursos humanos adequadas a realidade da empresa para que não se tornem meras formalizações, mas que sejam realmente aplicadas em favor do desenvolvimento do negócio. Essas políticas devem ser atualizadas periodicamente para que sempre estejam alinhadas as expectativas dos colaboradores e também da empresa, estabelecendo a relação ganha-ganha entre empregador e empregado. Para estabelecer essas políticas, os gestores devem conhecer muito bem o negócio e o que esperam dele para o futuro. A partir de então, definir políticas para gestão das pessoas alinhadas a essas premissas. É fato que não existem políticas estruturadas de gestão de pessoas na empresa pela ausência de conhecimento técnico sobre administração de pessoal por parte dos gestores. Essa constatação foi formada depois de entrevista realizada com os gestores e colaboradores e por meio de observações realizadas na empresa. Diante desse cenário, sugere-se que os gestores busquem um treinamento nessa área para que, de posse desse conhecimento e do que conhecem do negócio, 98 desenvolver políticas apropriadas a empresa. Propoe-se então aos gestores o desenvolvimento das políticas baseadas no roteiro abaixo. Inicialmente, deve-se aprofundar no conceito dos cinco processos básicos na gestão das pessoas: Figura 19: Definição dos Cinco Processos Básicos de Administração de RH Fonte: Chiavenato, 2002. Provisão de Recursos Humanos * Pesquisa de mercado de recursos humanos: - Pesquisa e análise do mercado de recursos humanos - Onde recrutar (fontes de recrutamento) Nesse momento os gestores devem definir o canal de no qual buscarão seus futuros colaboradores. Não precisa ser um único canal como agências de recrutamento de pessoas, por exemplo, mas devem estar adequados a quantidade e tempo demandado pela organização. * Recrutamento: - Como recrutar (técnicas de recrutamento) Chiavenato (2004 : 273), afirma que as principais técnicas de recrutamento visam à localização e busca de candidatos, quase sempre no mercado. As principais são: - Recrutamento pela internet - Consulta aos arquivos de candidatos 99 - Apresentação de candidatos por parte dos funcionários - Quadro de avisos na empresa - Contatos com escolas e universidades - Anúncios em jornais e revistas - Agências de recrutamento ou empresas de consultoria em busca de recursos humanos Todas essas técnicas visam comunicar o mercado de recursos humanos que exige uma oportunidade de emprego na empresa e quais são os pré-requisitos exigidos para essa oportunidade. Cabe aos gestores definirem qual ou quais técnicas são mais adequadas para atender a demanda de pessoas do negócio. E ainda, de acordo com os autores Albigenor e Militão (1999: 17), anteriormente a realização da dinâmica, é necessário que exista um planejamento antecipado da mesma, para que os candidatos sintam tranqüilidade e segurança durante a condução da dinâmica. E principalmente, exigir aos condutores, representantes dos Talentos Humanos e Gestores do projeto, que compareçam ao local, no qual será realizado a dinâmica antes do horário inicial. - Prioridade do recrutamento interno sobre o externo Neste tocante, Chiavenato (2004 : 274), afirma que o recrutamento requer um cuidadoso planejamento que, basicamente, constitui uma seqüência de três fazes: 1. O que a organização precisa em termos de pessoas 2. O que o mercado de RH pode oferecer 3. Quais as técnicas de recrutamento a aplicar Daí, as três etapas do processo de recrutamento: 1. Pesquisa interna das necessidades 2. Pesquisa externa do mercado 3. Definição das técnicas de recrutamento a utilizar O planejamento do recrutamento tem, pois a finalidade de estruturar o sistema de trabalho a ser desenvolvido. (CHIAVENATO, 2004 : 279). 100 O recrutamento pode ser interno ou externo. Para Chiavenato tanto o recrutamento interno como o externo podem oferecer vantagens e incluir desvantagens que devem ser analisadas de perto pelos gestores. As figuras abaixo resumem essas vantagens e desvantagens. Figura 20: Vantagens dos Recrutamentos Interno e Externo Fonte: Chiavenato, 2004 Figura 21: Desvantagens dos Recrutamentos Interno e Externo Fonte: Chiavenato, 2004 101 A partir do estabelecimento das políticas de recrutamento e seleção os gestores já podem partir para o estabelecimento das políticas de seleção de pessoal. * Seleção: - Critérios de seleção e padrões de qualidade - Grau de descentralização das decisões acerca da seleção de pessoal - Técnicas de seleção Chiavenato (2004 : 272) afirma que o processo seletivo deve fornecer não somente um diagnóstico, mas principalmente um prognóstico a respeito do que o cargo exige com o que o candidato pode oferecer. No que tange a descrição do cargo não há um formato padrão e não precisa ser escrita, basta destacar três tópicos: título do cargo, sua identificação e a relação de deveres que ele implica. Se estes fatores forem bem expressos, o processo seletivo inicia-se com enfoque mais adequado ao perfil desejado pela organização. (BOHLANDER, SNELL e SHERMAN, 2005: 256). A seleção de pessoal é basicamente comparativa e restritiva. Ela utiliza as chamadas técnicas de seleção. A aplicação dessas técnicas se faz por meio de diversas fases, conforme a complexidade do cargo a ser preenchido. Cada fase funciona como um filtro seletor que gradativamente vai afinando as peneiras até chegar a uma sintonia fina em relação aos candidatos. É como se cada fase fosse parte de um sistema de decantação progressiva (CHIAVENATO, 2004 : 275). Figura 22: Comparações entre Exigências do Cargo e Perfil do Candidato Especificações do cargo O que o cargo requer Análise e descrição do cargo para saber quais os requisitos que o cargo exige do seu ocupante. Versus Versus Versus Características do Candidato O que o candidato oferece Técnicas de seleção para saber se o candidato tem condições pessoais de ocupar o cargo desejado Fonte: Chiavenato, 2004. 102 Chiavenato (2004 : 276), afirma que para a seleção de pessoas existe uma série de técnicas: - Entrevista preliminar: Primeira fase onde são verificados os dados pessoais e profissionais do candidato por meio de indagações sobre o curriculum vitae e as características básicas de personalidade por meio da avaliação do seu comportamento pessoal. - Entrevista Técnica: Trata-se de verificar os conhecimentos e a experiência profissional do candidato frente as exigências do cargo. Nesse momento pode ou não ser utilizado um questionário ou inventário de perguntas sobre assuntos inerentes ao cargo que será ocupado. - Teste de Seleção: Testes de aptidão e de personalizado para garantir uma adequação pessoal as exigências do cargo. A condução do processo de seleção é uma atividade pertinente aos gestores da empresa em conjunto a sua equipe de colaboradores que podem auxiliar na escolha do candidato para a vaga, uma vez que, na maioria dos casos, são conhecedores do negócio e da atividade que será realizada. E ainda, Fiorelli (2004 : 121), corrabora com o supracitado complementando que o conhecimento da estrutura física por parte dos novos colaboradores durante o processo de seleção é necessário, pois assim o candidato pode sentir segurança, além de visualizar a tecnologia utilizada na organização, a segurança oferecida, a interação do grupo e sua receptividade. A imagem da organização é importante para motivar o candidato, a mesma poderá ser alterada ao longo do tempo, alterando a percepção de cada indivíduo, o que favorecerá para determinados temas e contribuirá que outros não sejam percebidos. * Integração: - Planos e mecanismos (centralizados e descentralizados) de integração de novos participantes ao ambiente interno da organização Segundo Chiavenato (2004 : 301), na prática, o processo de integração de pessoas consiste em fazer com que o novo participante aprenda e incorpore os valores, normas e padrões de comportamento que a organização considera 103 imprescindíveis e relevantes para o bom desempenho em seus quadros, envolvendo na maioria das vezes: - Os objetivos básicos da organização - Os meios preferidos pelos quais os objetivos serão alcançados - As responsabilidades básicas de cada membro no papel que lhe está sendo confiado - Os padrões de comportamento requeridos para o desempenho eficaz do papel - O conjunto de regras ou princípios que asseguram a manutenção da identidade e da integridade da organização - Os produtos e serviços produzidos pela organização - Os clientes internos e externos O grau em que o novo membro deve aprender esses valores, normas e padrões de comportamento depende obviamente do grau de socialização exigido pela empresa. Quanto mais rígida a organização maior a necessidade de um processo de integração mais demorado e capaz de adaptar e ajustar o novo membro às expectativas da cultura predominante (Chiavenato; 2004). Aplicação dos Recursos Humanos * Análise e Descrição de Cargos: - Determinação dos requisitos básicos da força de trabalho (requisitos intelectuais, físicos, responsabilidades envolvidas e condições de trabalho) para o desempenho do papel. * Planejamento e alocação de recursos humanos - Determinação da quantidade de recursos humanos necessária e alocação desses recursos em termos de posicionamento em cargos dentro da organização. * Plano de Carreiras - Determinação da seqüência ótima das carreiras, definindo as alternativas de oportunidades possíveis dentro da organização. 104 * Avaliação de Desempenho - Planos e sistemáticas para contínua avaliação da qualidade e adequação dos recursos humanos. Neste contexto, cabe aos gestores definir os indicadores e o padrão de aplicação de seus recursos humanos, adequados a sua realidade. Por se tratar de uma pequena empresa, essas variáveis são simples e de fácil definição. Manutenção de Recursos Humanos * Administração de salários - avaliação e classificação de cargos visando ao equilíbrio salarial interno - pesquisas salariais visando ao equilíbrio salarial interno - política salarial * Planos de benefícios sociais - planos e sistemáticas de benefícios sociais adequados à diversidade de necessidades dos participantes da organização * Higiene e segurança do trabalho - critérios de criação e desenvolvimento das condições físicas ambientais de higiene e segurança que envolve os cargos. * Relações Trabalhistas - Critérios e normas de procedimentos sobre relações com empregados e com sindicatos. Desenvolvimento de Recursos Humanos * Treinamento - diagnóstico e programação da preparação e reciclagem constante dos recursos humanos para o desempenho dos cargos. 105 * Desenvolvimento de recursos humanos - aprimoramento a médio e longo prazo dos recursos disponíveis, visando à contínua realização do potencial existente em posições mais elevadas na organização. * Desenvolvimento Organizacional - aplicação de estratégias de mudança visando á saúde e excelência organizacional Monitoração de Recursos Humanos * Banco de dados - registros e controles para a devida análise quantitativa e qualitativa dos recursos humanos disponíveis. * Sistemas de Informação - meios e veículos de informação adequados às decisões sobre recursos humanos. * Auditoria de recursos humanos - critérios de avaliação e adequação permanentes das políticas e dos procedimentos de recursos humanos. Plano de Ação para Implantação Para definição e implantação de todas as políticas de recursos humanos com enfoque nos cinco processos básicos que envolvem prover, aplicar, manter, desenvolver e monitorar as pessoas dentro do ambiente organizacional é necessário estabelecer um plano de ação, que por sua vez, deve ser gerenciado pelos gestores, responsáveis pela criação das políticas. Colenghi (2003 : 174), declara que existem diversos modelos de plano de ação, mas o mais completo e simples de ser executado é o 5W2H. Essa ferramenta de planejamento consiste em um relatório por colunas, cada uma delas encabeçada por um título (em inglês, na sua origem): 106 Figura 23: Método de Plano de Ação 5W2H Fonte: Elaborado pelo autor A partir do macro objetivo de desenvolver e implantar a gestão de pessoas eficaz na organização pode-se elaborar o seguinte plano de ação: 107 108 Vale salientar que após o estabelecimento de todas as políticas de gestão de recursos humanos, elas devem ser constantemente atualizadas para que sempre estejam adequadas a empresa. Após a implantação das políticas de gestão de recursos humanos espera-se que se tenha uma melhoria significativa na organização. A mensuração do resultado é difícil, visto que são melhorias qualitativas para a organização, mas que estão diretamente relacionadas ao resultado organizacional geral, e, como afirma Chiavenato, os gestores precisam repensar as maneiras tradicionais com que realizam seu trabalho por meio das pessoas. Tudo mudou. Tudo está ficando diferente. 109 8. CONCLUSÃO No desenvolvimento desse trabalho discutiu que um dos principais requisitos para a empresa obter controle de seus processos, é o conhecimento e a aceitação, por parte dos funcionários, da filosofia de “gestão de processos”, o que implica no desenvolvimento de métodos para que esses tenham uma visão sistêmica da organização. A literatura pesquisada evidenciou que os estudos na área de Gestão de processos é extremamente necessário para a eficácia das empresas, a padronização dos processos deve contar com a participação de seus envolvidos, o treinamento adequado dos funcionários para operar o sistema proporciona eliminação de falhas, a busca constante pela qualidade evidencia a empresa no mercado e o conhecimento macro dos processos facilita na melhoria de processos considerados críticos. O estudo realizado na empresa com o objetivo de analisar a implantação de um dos seus processos apresentou resultados convergentes ao que é proposto pela literatura investigada. Um dos aspectos encontrados na empresa é a visão voltada para processos, com colaboradores focados em desenvolver projetos de melhoria e até mesmo dispostos a promover reengenharia dos processos. O objetivo do trabalho foi alcançado: na análise da implantação do novo processo cujo intuito é a avaliação do nível de qualidade nos já existentes; o novo processo entrou em teste, e após sua implantação foram identificados falhas de sistema que impossibilitaram continuidade e implantação definitiva, posteriormente à identificação de falhas foram realizadas reuniões com todas as áreas envolvidas, que sugeriram ações corretivas e novos caminhos para execução do processo. Após implantada a primeira melhoria, foram trabalhadas as demais sugeridas pelo autor, que seriam, a criação de políticas de Recursos Humanos e o estabelecimento de declarações de missão, visão e definição de organograma. Neste ponto, é importante salientar a importância do encadeamento das melhorias, pois, com a criação de indicadores de qualidade, foi possível perceber a importância da criação de declarações estratégicas como a missão e visão, bem como definição de políticas de Recursos Humanos alinhadas com o contexto organizacional. 110 As principais contribuições do estudo são evidenciadas na medida que esse permitiu evidenciar que o uso adequado das ferramentas e a busca constante pela qualidade de processos é primordial para o sucesso das organizações. Além disso, identificaram-se problemas que antes não eram percebidos e traziam impactos negativos para a empresa, possibilitando sugerir melhorias que, ao final, foram implementadas. Outra contribuição importante diz respeito à ampliação do conhecimento e aplicação profissional. “Os ventos que às vezes tiram algo que amamos, são os mesmos que nos trazem algo que aprendemos a amar. Por isso, não devemos chorar pelo que nos foi tirado, mas sim, aprender a amar o que nos foi dado, pois, tudo aquilo que é realmente nosso, nunca se vai para sempre.” 111 9. BIBLIOGRAFIA ALBIGENOR; MILITÃO, R. SOS Dinâmica de Grupo. 10ª Impressão. Rio de Janeiro: Editora Qualitymark, 1999. ARAUJO, L. C G. de. Organização, sistemas e métodos e as modernas ferramentas de gestão organizacional: arquitetura, benchmarking, emporwerment, gestão pela qualidade total, reengenharia. São Paulo: Atlas, 2001 ARAUJO, L. C G. de. Tecnologias de Gestão Organizacional. São Paulo: Atlas, 2001. BATEMAN, T. S. Administração: construindo vantagem competitiva/ Thomas S. Bateman, Scott A. Snell; tradução Celso A. Rimoli; revisão técnica José Ernesto Lima Gonçalves, Patrícia da Cunha Tavares. São Paulo: Atlas, 1998. BENNIS, W. MISCHE, M. The 21 organizations. San Diego: Pfeifer, 1995 BOHLANDER, G; SNELL, S.; SHERMAN, A. Administração de Recursos Humanos. Revisão técnica: Flávio Bressan. Tradução: Maria Lúcia G. leite Rosa. São Paulo: Thomson, 2005. BRESSAN, F. Método do Estudo de Caso e o seu Uso em Administração, Revista Angrad. v.5, n 1, jan-fev-mar, 2004, p. 24-40. CHIAVENATO, I. Administração de Recursos Humanos. Fundamentos básicos. 5.ed. São Paulo: Atlas, 2003. CHINELATO, J. F. O&M Integrado à Informática. 7. ed. São Paulo, LTC. 1997. DAVENPORT, T. SHOT .J.E. The new industrial engineering information technology and business process redesing. Sloan Management Review, v 31, n 4. Summer, 1990 112 FERNANDES, B. H. R.; BERTON, L. H. Administração estratégica: da competência empreendedora à avaliação de desempenho. São Paulo: Saraiva, 2005. FIALHO, F. A. P. Empreendedorismo do na era Conhecimento. 2a. imp./Fialho, Francisco Antônio Pereira; Montibeller Fº, Gilberto; Macedo, Marcelo; Mitidieri, Tibério da Costa. Florianópolis: Visual Books, 2007. FIORELLI, J. O. Psicologia para administradores: integrando teoria e prática. 4.ed. São Paulo: Atlas, 2004. GIL, A. C. Como Elaborar Projetos de Pesquisa. 4. ed. São Paulo: Atlas, 2002 GONÇALVES, J. E. L. As Empresas São Grandes Coleções de Processos. Revista de administração de empresas (RAE), São Paulo, v. 40, n.1, p. 6-19, 2000. GRAHAM, M., LEBRAROM, M. The horizontal revolution. San Francisco: JosseynBass, 1994. HAMMER, M. CHAMPY, J. Reengenharia, Revolucionado a Empresa. 30. ed. Rio de Janeiro: Campus, 1994. HAMMER, M. Process Management and The Future of Six Sigma, HSM Management, Winter 2002, V. 43, N 2, p. 26-32 KEEN, P. G. The process edge. Cambridge: Harvard Business School Press, 1997 KERZNER, H. Gestão de Projetos: as melhores práticas. Porto Alegre: Bookman, 2002. LAKATOS, E. M.; MARCONI, Marina de Andrade. Fundamentos da Metodologia cientifica.6. ed. São Paulo: Atlas, 2005. 113 MANN, N. R. Deming: As chaves da excelência, São Paulo: Makron Books, Mc Graw – Hill, 1992 MARSHALL JUNIOR, Isnard, et al. Gestão da Qualidade. 2 ed. Ver. Atual. Rio de Janeiro: FGV Editora, 2003. MATURE, V. O&M e Qualidade Total. 5. ed. Uberaba, 2005. MORRIS, D. BRANDON, Joel. Reengenharia. Reestruturando sua Empresa. São Paulo: Makron Books, 1994. OLIVEIRA, D. Sistema de informações gerenciais: estratégicas, táticas, operacionais. 6. ed. São Paulo: Atlas, 1999 PETROZZO, D. P. STEPPER, J. C. Reegenharia na Prática, São Paulo, 1996 PYZDEK, T. Uma ferramenta em busca do defeito zero. HSM Management, São Paulo, v. 3, n. 38, p. 63-70, mai./jun. 2003. ROESCH, S M. A . Projetos de Estágio e Pesquisa em Administração. 2 . Ed. São Paulo: Atlas, 1999. TACHIZAWA, T, SCAICO, Oswaldo. Organização Flexível – Qualidade na gestão por processo. São Paulo: Editora Atlas S.A, 1997. WERKEMA, M. C. C., Criando a Cultura Seis Sigma. Vol 1. Rio de Janeiro. Qualitymark Editora, 2002 WAGNER III, J. A.; HOLLENBECK, J. R. Comportamento Organizacional: criando vantagem competitiva. Revisão técnica: Laura Zaccarelli. São Paulo: Saraiva, 2006. SISTER, S., Parceria com a Baixa Renda. Disponível em: <http://www.valoronline.com.br> Acesso em 02. Set, 2006 114 STUDT, M.. A Importância da Comunicação e as Relações com o Público Interno. Disponível em: < http://www.rpforum.com.br/forum/index.php?showtopic=689> Acesso em 15, mai. 2006. 115 10. APÊNDICE A Visão sugerida: “Ser a melhor empresa varejista de materiais elétricos da região, buscando sempre oferecer serviços e produtos com qualidade.” A Missão sugerida: “Atender o cliente de forma diferenciada, oferecendo a ele soluções de qualidade na área venda de materiais elétricos em geral.” Figura 1 - Organograma proposto: modelo radial Diretor Geral/Gerente Vendedores Entregadores Serviços Gerais Fonte: elaborado pelo autor 116 Plano de Ação – Criação de declarações Missão e Visão / definição de organograma Plano de Ação – Definição das Políticas de RH 117 118 119 11. ANEXOS 120 121 122 123