Economia portuguesa Garantir a estabilidade para alicerçar um crescimento sustentado Carlos da Silva Costa Economia portuguesa Garantir a estabilidade para alicerçar um crescimento sustentado Esquema da Apresentação I. As raízes da crise (1995-2010) II. A crise financeira e o encerramento dos mercados (2008-11) III. O Programa de Assistência Económica e Financeira (2011-14) IV. A “nova normalidade” no pós-2014 I. As raízes da crise (1995-2010) As raízes da crise da economia portuguesa 2 Choques Integração monetária e financeira Alargamento da União Europeia e globalização 2 Erros de política económica Política orçamental imprudente Ausência de uma política macroprudencial 2 Ilusões Desequilíbrios externos não são relevantes O “quarteto inconsistente” I. As raízes da crise (1995-2010) UEM alargou as possibilidades de financiamento dos setores residentes Endividamento do setor privado não financeiro 35 21 30 18 25 15 20 12 15 9 10 6 3 5 0 0 Jan-95 Jan-97 Jan-99 Jan-01 Jan-03 Jan-05 Jan-07 Jan-09 (% PIB) Taxa de variação dos empréstimos; Em percentagem Taxa de juro; Em percentagem Taxa de juro e empréstimos ao setor privado 24 160 Empresas não financeiras Particulares 140 120 100 80 60 40 20 0 2000 Mercado monetário (3 meses) Empréstimos ao setor privado não monetário (taxa de var. anual, esc. dta) 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 Fontes: INE e Banco de Portugal. Fontes: BCE e Banco de Portugal. Taxa de Poupança do Particulares Rácio Crédito/Depósitos (% Rendimento Disponível) Fonte: Banco de Portugal. 2010 2009 2008 2007 2006 Fonte: INE. 2005 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2004 4 2003 5 2002 6 2001 7 2000 8 1999 9 1998 Em percentagem 10 180 160 140 120 100 80 60 40 20 0 1997 11 1996 12 1995 13 I. As raízes da crise (1995-2010) Aumento de despesa sem correspondente aumento de rendimento … Rendimento e Consumo Poupança e Investimento (Total da economia, % PIB) (% PIB) 105 100 95 70 35 60 30 50 90 40 25 20 Poupança Investimento 15 Taxa de investimento 85 30 10 80 20 5 75 10 0 0 -5 -10 2010 2009 2008 2007 2006 2005 2004 Rend. Disponível Transf. Capital -15 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 Poupança (esc. dta) 2003 2002 2001 2000 1999 1998 1997 1996 70 Poupança interna Consumo Final Fonte: INE. Fonte: INE. E composição desfavorável da despesa … Portugal – Composição da Despesa (preços correntes) (taxa média de crescimento nominal) PIB 1996-2010 1999-2010 1996-2001 2002-2007 2008-2010 Fontes: INE e AMECO. 4,7 3,9 7,3 4,0 0,7 Consumo Consumo privado 4,8 4,3 6,8 4,5 1,4 público 6,1 5,5 9,1 4,5 3,3 FBCF 3,5 1,0 10,3 0,7 -4,3 Exportações Importações 5,8 5,0 8,0 6,4 0,1 5,8 4,4 9,7 4,9 -0,2 p.m. AE12 PIB 3,3 3,3 4,1 4,1 0,5 I. As raízes da crise (1995-2010) Um peso crescente setor não I. Thedoseeds oftransacionável… the crisis (1995-2010) Investimento por tipo de bens Empréstimos às Sociedades Não Financeiras Milhões de euros Milhões do euro 45.000 140000 40.000 120000 35.000 30.000 100000 25.000 80000 20.000 15.000 60000 Transacionáveis 2010 2009 2008 2007 2006 2005 2004 2003 2002 2001 2000 1999 1998 1997 1996 1995 Construção Máquinas e equipamentos Material de transporte 2010 2009 2008 2007 2006 2005 2004 2003 2002 2001 2000 1999 0 1998 0 1997 20000 1995 5.000 1996 10.000 40000 Outros Não Transacionáveis Peso dos setores de atividade no VAB 2010-1995; Variação em p.p. PPPs e Concessões Número de projetos 8,0 contratados1 6,0 20 18 16 14 12 10 8 6 4 2 0 4,0 2,0 0,0 -2,0 -4,0 2010 2009 2008 2007 2006 2005 2004 2003 2002 2001 2000 1999 1998 1997 1996 Outros serviços Setor financeiro e imobiliário Transportes e TIC Hotelaria e restauração Comércio Construção Energia, água exploração e em construção. Fonte: DGTF. Industria 1 Em Agricultura 1995 -6,0 I. As raízes da crise (1995-2010) Baixa produtividade e pressões salariais afetam a competitividade. Alargamento da UE e globalização exacerbam impacto da perda de competitividade. 6 Produtividade total tendencial 1,4 Em percentagem Remunerações por trabalhador e produtividade do trabalho Total da economia Taxa de variação real (%) 5 1,2 4 1,0 Hodrick-Prescott 3 0,8 2 0,6 1 0,4 0 0,2 -1 Produtividade do trabalho 0,0 1995 1997 1999 2001 2003 2005 2007 2009 1996 Fonte: Banco de Portugal. 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 Fontes: INE e Banco de Portugal. Taxa de Câmbio Efetiva Real Preços no consumidor Deflacionada por CTUP relativos (a) 140 taxa de variação média 130 7 6 5 4 3 2 1 0 -1 -2 -3 1999 = 100 120 ESP 110 PT (b) 100 Euro area 90 2010 2009 2008 2007 2006 2005 2004 2003 2002 2001 2000 1999 1998 1997 70 1996 2010 2009 2008 2007 2006 2005 2004 Serviços ALEM 1995 Bens Fonte: INE. 2003 2002 2001 2000 1999 1998 80 1997 Em percentagem Remunerações por trabalhador -2 Fontes: BCE, INE e cálculos do Banco de Portugal. Note: (a) Inclui grupo de 20 parceiros comerciais e países da AE, exceto para AE que inclui apenas 20 parceiros comerciais. (b) Custos unitários de trabalho consistentes com a metodologia das Contas Nacionais 2006. I. As raízes da crise (1995-2010) Dois erros de política económica … Uma política orçamental imprudente Ausência de política macroprudencial I. As raízes da crise (1995-2010) Política orçamental imprudente conduz a contas públicas insustentáveis Défice orçamental e dívida pública Saldo corrente primário estrutural (% do PIB) (% PIB) 15 14 13 12 11 10 9 8 7 6 5 4 3 2 1 0 100 Necessidades de Financiamento das AP Dívida Pública - eixo do lado direito 90 6 5 80 4 Structural Current Primary Balance 3 As a percentage of GDP 2 70 60 50 1 40 0 30 -1 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 -2 20 Portugal Área do euro -3 10 -4 0 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 Indicadores Orçamentais 2007-2010 % do PIB Saldo global Saldo estrutural Saldo primário estrutural Dívida pública Fontes: INE e Banco de Portugal. 2007 2008 2009 2010 -3,1 -4,3 -1,4 68,3 -3,6 -6,2 -3,2 71,6 -10,2 -11 -8,2 83,1 -9,8 -13,2 -10,3 93,3 Variação 2010-2007 -6,7 -8,9 -8,9 25 Política fortemente expansionista a partir de 2008 Sucesso de curto prazo na estabilização da economia Medidas não cumpriram requisitos simultâneos TTT (timely-targetedtemporary) Risco de refinanciamento claramente subestimado I. As raízes da crise (1995-2010) Ausência de política macroprudencial: Financiamento externo canalizado através do setor bancário e do setor público conduz à acumulação de risco sistémico Contas Externas e Posição de Investimento Internacional % do PIB PII por Setor institucional 20 0 -20 -40 -60 2010 2009 2008 2007 2006 2005 2004 2003 2002 2001 2000 1999 -80 1998 2010 2009 -120 2008 -12 2007 -120 2006 -100 2005 -10 2004 -100 2003 -8 2002 -80 2001 -6 2000 -4 -60 1999 -40 1998 -2 1997 -20 1997 0 1996 0 1996 % do PIB 40 Posição de Investimento Internacional Setor Financeiro Autoridade Monetária Balaça corrente e de capital (esc.dt) Administrações Públicas Setor Privado Não Financeiro Ativos Financeiros Líquidos PII por tipo de instrumento % do PIB % do PIB 40 150 20 Ativos de reserva Derivados financeiros IDE 0 -20 -40 -60 100 Administrações Públicas 50 Setor financeiro 0 SNF -50 Particulares -80 Investimento de carteira Outro investimento -100 2010 2009 2008 2007 2006 2005 2004 2003 2002 2001 2000 1999 1998 1997 1996 -120 -100 -150 -200 1996 2010 I. As raízes da crise (1995-2010) Duas ilusões… Défices externos não são relevantes “The fact that both Portugal and Greece are members of both the European Union and the euro area … and the fact that they are the two poorest members of both areas, suggest a natural explanation for today’s current account deficits. …” Blanchard, O. and F. Giavazzi (2002), “Current account deficits in the euro area: The end of the Feldstein-Horioka Puzzle?” O “quarteto inconsistente” Soberania fiscal dos Estados-Membros No default No bail-out Irreversibilidade da adoção do euro I. As raízes da crise (1995-2010) O resultado Situação financeira e afetação de recursos insustentáveis Desequilíbrios financeiros Aumento do endividamento público e privado Alavancagem excessiva do setor bancário Défices e dívida externa crescentes Desequilíbrios reais Hiato crescente entre procura interna e oferta Investimento “não produtivo” implicou menor crescimento da produtividade / produto potencial Peso excessivo dos não transacionáveis no VAB e emprego II. A crise financeira e o encerramento dos mercados (2008-11) A crise financeira internacional revela a insustentabilidade da situação financeira tornando inadiável o ajustamento orçamental, financeiro e estrutural Taxa de rendibilidade das OT a 10 anos Diferencial face à Alemanha (em pontos base) Contas públicas insustentáveis Endividamento das empresas e particulares e alavancagem do setor bancário Crescimento anémico e baixa produtividade 1200 Mercados questionam a capacidade de Portugal cumprir o serviço da dívida 1000 800 Áustria Itália Bélgica Espanha França Irlanda Holanda Portugal Finlândia Grécia 600 PT 400 200 0 Fonte: Bloomberg. III. O Programa de Assistência Económica e Financeira (2011-14) Direcionado para os desafios da economia portuguesa: Uma estratégia para o crescimento sustentado na área do euro Consolidação orçamental Assegurar a sustentabilidade das contas públicas O PAEF protege a economia: Desalavancagem e estabilidade financeira Programa de Assistência Económica e Financeira Transformação estrutural Reformas estruturais para aumentar o crescimento potencial Reduzir o endividamento e as necessidades de financiamento Evita ajustamento abrupto Tempo para restabelecer credibilidade III. O Programa de Assistência Económica e Financeira (2011-14) Taxas de rendibilidade das obrigações do Tesouro O Programa está no bom caminho … (em percentagem) 25 20 • • Ajustamento orçamental significativo 15 10 Bancos mais capitalizados e menos alavancados 5 2 anos 0 Jan-2011 Agenda estrutural em curso: Regras e procedimentos orçamentais Regulação financeira Privatizações Mercado de trabalho Concorrência Justiça Mercado habitacional Set-2011 10 anos Jan-2012 Mai-2012 Fonte: Reuters. Contas Externas 10,0 Balança corrente + Balança de capital Balança de bens Balança de rendimentos Transferências 5,0 Percentagem do PIB • Mai-2011 5 anos 0,0 -5,0 -10,0 -15,0 1999 2001 Fontes: INE e Banco de Portugal. 2003 2005 2007 2009 2011 2013 (p) III. O Programa de Assistência Económica e Financeira (2011-14) Os desafios de curto-prazo Executar as medidas do PAEF • Desenho das reformas e a sua aplicação no terreno são fatores críticos de sucesso Preocupações imediatas • Financiamento do setor produtivo • Evolução do mercado de trabalho Regresso aos mercados em Setembro de 2013 • Depende também de desenvolvimentos a nível europeu • Necessário “mecanismo de contingência” IV. A “nova normalidade” no pós-2014 O desafio de médio e longo prazo Como tornar a economia portuguesa uma localização atrativa para investir e trabalhar? • Níveis de endividamento permanecerão elevados • Novo modelo económico: estabilidade e o crescimento sustentável • Reequilibrar a afetação de recursos na economia • Um quadro institucional que promova o investimento e a coesão social Provisão de bens e serviços públicos num quadro de estabilidade Administração pública independente e qualificada Mercado de trabalho eficiente: flexibilidade e “rede de segurança” Economia portuguesa Garantir a estabilidade para alicerçar um crescimento sustentado Muito obrigado!