análise da força muscular respiratória de pacientes renais crônicos

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II Congresso de Pesquisa e Extensão da FSG
http://ojs.fsg.br/index.php/pesquisaextensao
ISSN 2318-8014
ANÁLISE DA FORÇA MUSCULAR RESPIRATÓRIA DE PACIENTES
RENAIS CRÔNICOS ANTES E APÓS HEMODIÁLISE
Fernanda de Andradea, Danielly de Gasperib, Edna Borges Dall Agnolc, Luiza Comandulli
Bergamaschid, Gaspar Chiappae, Rodrigo Costa Schusterf
a
Bacharel em Fisioterapia; Faculdade da Serra Gaúcha (FSG); [email protected]
b
Graduanda em Fisioterapia; Faculdade da Serra Gaúcha (FSG); [email protected]
c
Graduanda em Fisioterapia; Faculdade da Serra Gaúcha (FSG); [email protected]
d
Graduanda em Fisioterapia; Faculdade da Serra Gaúcha (FSG); [email protected]
e
Pós-doutor em Ciências Cardiológicas (UFRGS), docente da Faculdade da Serra Gaúcha (FSG);
[email protected]
f
Mestre em Ciências Médicas (UFRGS), docente da Faculdade da Serra Gaúcha (FSG); [email protected]
Informações de Submissão
Prof. Ms. Rodrigo Costa Schuster, Rua
Os Dezoito do Forte, 2366
Caxias do Sul - RS - CEP: 95020-472
Palavras-chave:
Fisioterapia. Hemodiálise. Treinamento
Muscular. Respiratório.
Resumo
A doença renal crônica é uma lesão do órgão com perda progressiva
e irreversível da função dos rins. Em sua fase mais avançada é
definida como Insuficiência Renal Crônica (IRC), quando os rins
não conseguem manter a normalidade do meio interno do paciente,
causando descompensações nas funções de excreção, filtração e
secreção. O trabalho teve como objetivo avaliar a influência imediata
da hemodiálise (HD) na força muscular respiratória (PImáx e
Pemáx), investigando a integridade desta musculatura e/ou a
presença de fraqueza muscular. Foram mensuradas três medida para
as variáveis de PImax e PEmax, realizadas anteriormente à
hemodiálise e posteriormente ao procedimento. Os pacientes
incluídos no estudo fizeram a manovacuometria com um clip nasal,
ocluindo a cavidade nasal. Como resultados foram encontrados na
amostra diferença das pressões respiratórias máximas, tanto
inspiratórias quanto expiratórias, no mesmo número de indivíduos os
resultados diminuíram, outros aumentaram e alguns pioraram. Esses
dados sinalizam que é preciso uma monitoração mais adequada da
função muscular respiratória desses pacientes.
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1 INTRODUÇÃO
A doença renal crônica é uma lesão do órgão com perda progressiva e irreversível da
função dos rins. Em sua fase mais avançada é definida como Insuficiência Renal Crônica
(IRC), quando os rins não conseguem manter a normalidade do meio interno do paciente. Se
diagnosticada precocemente, e com condutas terapêuticas apropriadas, serão reduzidos os
custos e o sofrimento dos pacientes. As principais causas da IRC são a hipertensão arterial e o
diabetes mellitus (ROMÃO JUNIOR, 2004).
Fatores como a idade avançada, raça negra, sexo masculino e baixos níveis
socioeconômicos estão relacionados à chance maior de desenvolver doença renal terminal. As
doenças mais comuns que provocam lesões nas diferentes estruturas dos rins são:
glomerulonefrite, diabetes mellitus, hipertensão arterial, alterações renais (rim policístico),
distúrbios auto-imunes e as infecções urinárias repetidas. Outra complicação que os
indivíduos, com insuficiência renal frequentemente apresentam, é a hipertensão arterial, pois
os rins não conseguem eliminar o excesso de sal e água (HRICIK, SEDOR, GANZ, 2002).
Após a confirmação do diagnóstico da doença renal crônica, o paciente é submetido a
um tratamento substitutivo que pode ser a diálise peritoneal ou a hemodiálise. (No primeiro
caso, o sangue é filtrado, diariamente, pela aplicação de um soro e de sua retirada; e, no
segundo, a filtragem do sangue é realizada por máquinas, três vezes na semana, em seções de
até 4 horas) (PIMENTEL et al, 2006).
Tanto um tratamento como o outro causam forte impacto na vida desses pacientes,
uma vez que a alimentação, a vida social, a condição física e mental e também os valores que
os orientam são alterados pelo tratamento e pela própria doença, podendo vir a comprometer
outras dimensões da vida (BARROS et al, 1999).
Pacientes com doença renal crônica (DRC) apresentam não apenas uma perda
progressiva e irreversível da função renal, mas uma complexa síndrome com diversos efeitos
nos sistemas cardiovascular, nervoso, respiratório, musculoesquelético, imunológico e
endócrino-metabólico (RIELLA, 1996). O sistema respiratório é especificamente afetado
tanto pela doença como pelo tratamento (hemodiálise ou diálise peritoneal) (PREZANT,
1990).
Pacientes DRC apresentam uma redução da função pulmonar e da força muscular
respiratória, e quando submetidos à hemodiálise apresentam variação de peso devido à
sobrecarga de líquido corporal no período interdialítico (WELCH et al, 2006). Essa
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sobrecarga, em associação com um possível aumento da permeabilidade capilar pulmonar,
pode resultar em edema pulmonar e efusão pleural, (WALLIN, JACOBSON, LEKSELL,
1996; BUSH, GABRIEL, 1991) alterações essas que poderiam explicar pelo menos em parte
a redução da função pulmonar.
Já a relação da variação de peso no período interdialítico com a redução da função
pulmonar e da força muscular respiratória nessa população ainda não foi estudada
detalhadamente, o que compreende então o detalhamento desse trabalho: Realizar uma análise
da força muscular respiratória de pacientes renais crônicos antes e após hemodiálise.
Com base nesses achados, este trabalho teve como objetivo avaliar a influência
imediata da hemodiálise (HD) na força muscular respiratória (PImáx e Pemáx), investigando a
integridade desta musculatura e/ou a presença de fraqueza muscular.
.
2 METODOLOGIA
Esta pesquisa foi realizada com pacientes de DRC (disfunção renal crônica) pré e póshemodiálise, em fase de terapia renal substitutiva, com grau 5 de insuficiência renal terminal,
em uma clinica de hemodiálise, de ambos os sexos. Como amostragem, elegeram-se, sujeitos
maiores de dezoitos anos com e sem problemas respiratórios, em hemodiálise á mais que 90
dias. Foram selecionados pacientes renais crônicos que estão realizando hemodiálise em uma
clínica privada de Caxias do Sul para comporem a amostra. Os sujeitos foram submetidos à
avaliação imediatamente anteriores ao início da hemodiálise e logo após a realização do
procedimento através da manuvacuometria. Foram coletadas três tentativas para a pressão
inspiratória máxima, selecionando a de maior valor, sendo a variável de pressão expiratória
máxima também aferida da mesma maneira.
Após a avaliação, os dados obtidos através dos instrumentos de pesquisa foram
analisados a partir da estatística descritiva dos valores pré e pos tratamento hemodialitico, não
sendo de referencial importância intercorrências no processo de HD.
3 ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS
Essa pesquisa foi composta por cinco indivíduos do sexo masculino e quatro
indivíduos do sexo feminino, com idades entre 34 e 84 anos, do turno da manhã.
Observa-se na tabela I o resultado da pesquisa realizada descritivamente na amostra
descrita anteriormente.
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Pcte
Idade
Pimax
(cmH2O)
Pimax Pré
HD (cmH2O)
PREVISTA
ALCANÇADA
% Pimax
Pré HD
Pimax Pós
HD (cmH2O)
% Pimax
Pós HD
ALCANÇADA
Pemax
(cmH2O)
Pemax Pré
HD (cmH2O)
PREVISTA
ALCANÇADA
% Pemax
Pré HD
Pemax Pós
HD (cmH2O)
579
% Pemax
Pós HD
ALCANÇADA
1
84
88,1
10
11,35%
5
5,67%
97,26
40
41,12%
30
30,84%
2
63
79,53
5
6,28%
5
6,28%
77,17
10
12,95%
20
25,91%
3
53
84,43
40
47,37%
50
59,22%
83,27
65
78,05%
60
72,05%
4
58
81,98
30
36,59%
30
36,59%
80,22
50
62,32%
35
43,63%
5
36
126,5
50
39,52%
40
31,62%
136,14
90
66,10%
90
66,10%
6
56
110,5
70
63,34%
70
63,34%
119,94
80
66,70%
100
83,37%
7
34
128,1
65
50,74%
80
62,45%
137,76
80
58,07%
100
72,59%
8
62
104,09
40
38,13%
30
28,82%
115,08
120
104,27%
120
104,27%
9
55
83,45
10
11,98%
20
23,96%
82,05
40
48,75%
40
48,75%
Tabela I. Comparação de PI max e PE máx pós e pré hemodiálise.
3.1 Discussão
O presente estudo teve como principal objetivo avaliar a PI e PE Max de pacientes
renais crônicos pré e pós-hemodiálise. Mostrando que há alterações na capacidade respiratória
destes pacientes.
É sabido que a insuficiência renal crônica é uma doença na qual os rins perdem
capacidade de efetuar suas funções básicas, esta patologia é lenta e seus sintomas são leves,
como por exemplo, o aumento da ureia no sangue que faz como que se sinta necessidade de
urinar com frequência durante a noite (nictúria), isto se deve porque os rins não conseguem
absorver a água de uriná-la, como o fazem normalmente à noite. Nas pessoas que sofrem de
insuficiência renal, normalmente, começam a ter modificações na pressão arterial,
hipertensão, que ocorre, pois os rins não podem eliminar o excesso de sal e de água. Há
também, uma modificação quanto à musculatura responsável pela respiração.
Os principais músculos esqueléticos responsáveis pela função respiratória e
inspiratória, diafragma, intercostais, abdominais e intercostais internos, devido a disfunção
renal, sofrem diminuição da força, uma vez que os sistemas respiratório e musculoesquelético
são afetados pela IRC, e com isso sofrem alterações na função muscular, provocando assim,
déficit na capacidade física. Com isso, temos o déficit ventilatório, que é resultado dessa
alteração muscular respiratória, como consequência ocorre à diminuição da capacidade
pulmonar. As modificações encontradas nos sistemas muscular e pulmonar em pacientes com
IRC (insuficiência renal crônica) estão envolvidas diretamente na diminuição da função
pulmonar e na sua capacidade funcional.
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Diante os resultados encontrados em nosso estudo e baseado no encontrado na
literatura existente, podemos confirmar que as complicações musculares da IRC afetam
significamente a musculatura respiratória, prejudicando a função pulmonar dos pacientes.
No estudo de Duarte et al (2011) onde avaliaram 25 indivíduos do sexo masculino
com insuficiência renal crônica, a manovacuometria revelou que as mensurações de pressão
respiratória máxima e pressão respiratória máxima estavam ambas abaixo do normal, em
relação a critérios preditivos.
Também no estudo de Karacan et al (2006) fica claro que esta alteração pode ser
explicada pela fraqueza muscular, características dos pacientes renais crônicos, que atinge
principalmente a musculatura respiratória, o que pode ser relacionado com metabolismo
irregular da vitamina D, toxinas uremicas e subnutrição.
Gómez-Fernández et.al. foram uns dos primeiros autores a relatar avaliar as pressões
respiratórias máximas em paciente com IRC. Eles avaliaram essa população e encontraram
diminuição da PI Max nos pacientes. (59,6% do previsto), quando comparados com controles
(82,7% do previsto). Outros autores também relataram esta avaliação e os resultados foram
semelhantes aos encontrados neste estudo. Todos estes concordam com o fato de que a
Diminuição da Força muscular respiratória existe, e a patogenia dessa condição é similar a
que ocorre na musculatura periférica.
O presente estudo também tem como objetivo mostrar que as alterações na PI e PE
estão presentes nestes indivíduos pré e pós- hemodiálise.
A força muscular respiratória foi avaliada em pacientes renais crônicos antes e após
hemodiálise. Pouco são os estudos envolvendo a investigação da função dos músculos
respiratórios em pacientes renais crônicos pré e pós-hemodiálise.
Os estudos revelam que as mensurações da pressão inspiratória máxima e pressão
expiratória máxima, com pacientes em tratamento da hemodiálise apontam que há redução em
PImáx e PEmáx. Notou-se que esta deficiência pode ser explicada em virtude da fraqueza
muscular, característica dos pacientes renais crônicos, que reflete principalmente na
musculatura respiratória.
Após o tratamento hemodialítico, pacientes apresentaram diminuição da pressão
inspiratória máxima e da pressão expiratória máxima de forma significativa. Estes resultados
foram atribuídos aos efeitos catabólicos, porque em pacientes urêmicos, esse tratamento
provoca decadência da carnitina, que em decorrência disso, afeta diretamente a capacidade
contrátil da musculatura respiratória.
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Alguns estudos apontaram que pacientes DRC e vindo ao encontro de alguns nossos
achados, houve diminuição da PImáx e apresentou-se uma boa melhora após a hemodiálise.
Alguns estudos e nesta coleta foi possível notar uma decadência em PImáx e PEmáx pós
hemodiálise, entende-se que isso ocorreu pela concentração de cálcio no meio intra e extra
celular e ocasionalmente explica-se as alterações das funções musculares.
Após estudos, os resultados dessa coleta apresentou uma melhora significativa na
PImáx e uma melhora não tão significativa assim em PEmáx em momentos pré e pós
hemodiálise.
4 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Conclui-se que, os resultados deste trabalho mostraram que pacientes renais crônicos
em tratamento hemodialítico apresentam alterações nas pressões respiratórias máximas, tanto
inspiratórias quanto expiratórias, no mesmo número de indivíduos os resultados diminuíram,
outros aumentaram e alguns pioraram. Esses dados sinalizam que é preciso uma monitoração
mais adequada da função muscular respiratória desses pacientes.
Com bases nesses resultados oportuniza novos estudos na área, a fim de favorecer os
déficits apresentados por esses pacientes intradialiticamente, além de maior numero da
amostragem a fim de traçar um perfil da forma muscular respiratória desses pacientes renais
crônicos e delinear tratamentos fisioterapêuticos para tal população.
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