Bacteriologia Alimentar – Parte 2 Resumo dos procedimentos a adoptar para Pesquisa de Patogénicos Pesquisa de patogénicos dos alimentos (1ª parte): - Cocos Gram +: Staphylococcus aureus - Bacilo Gram +: Listeria monocytogenes - Bacilos gram negativos: Salmonella/Yersinia • Os agentes patogénicos existem em reduzido nº. nos alimentos ao contrário das amostras biológicas usadas na clínica; estão em menos proporção face ao resto da flora normal do alimento ,logo, requer passos de enriquecimento; • Staphylococcus aureus Esquema de execução Suspensão 1:10 24h 37º C Caldo Chapman 48h72h Baird-Parker Ou Manitol Salt Agar (MSA) Repicagem em gelose inclinada 1.GRAM 2.Catalase 1.Coagulase 2.Catalase Explicação breve: 1. O meio de Chapman é para enriquecimento selectivo contendo elevado teor de sal onde a bactéria consegue crescer; este passo pode ser omitido se crescerem colónias a partir da suspensão; na aula fizemos um Gram daki para confirmar o agrupamento gram +; semeia-se a seguir o Baird-Parker; 2. O meio de Baird-Parker é selectivo (isolamento) e serve para identificação pois contem emulsão de gema de ovo(ver fotocópias da constituição do meio); a presença de telurito faz com que a bactéria tome coloração escura e por ter capacidade proteolítica cria um halo; das colónias características procede-se ao Gram (cocos G+) e à catalase (+); este meio, inoculado directamente a partir da suspensão, permite fazer a contagem das colónias caracteristicas (ler norma 4196/1992);A partir destas colónias suspeitas faz-se a confirmação; 3. A confirmação é feita semeando uma gelose inclinada (sem selectividade) com as colónias características; a execução da coagulase e o seu resultado positivo confirma a bactéria; as contagens são de placas entre 15 e 150 colónias características ou não (ler bem as normas de pesquisa e contagem de S. aureus). • Listeria Esquema de execução Suspensão 1:10 Pré-enriquecimento Tampão Fosfato 21 dias 4º C Caldo Fraser 48h35ºC(?) PALCAM OXFORD 1.GRAM 2.Catalase 3.Colónia com depressão Teoricamente, isolava-se em meio não selectivo e partia para provas bioquímicas /API Explicação breve 1. Os produtos suspeitos de terem listeria podem ser sujeitos a um pré-enriquecimento a 4ºC , visto a bactéria crescer a esta temperatura; na aula usou-se o tampão Fosfato a 4ºC (teoricamente podia usar-se o caldo de fraser a meia potência, ou seja, com metade dos constituintes selectivos); este pré-enriquecimento aumenta a carga bacteriana, ou seja, o nº. de base do agente sem aplicar selectividade significativa; 2. Após isto faz-se sementeira em caldo de fraser (de coloração dourada); este caldo vai ser usado para enriquecimento selectivo do agente patogénico( contém uma elevada quantidade de sal na sua composição, que limita o crescimento de outras bactérias; é diferencial por conter esculina + citrato férrico e que a listéria é capaz de degradar e gerar coloração tipicamente negra; o meio contém cloreto de lítio que inibe enterococos, que também hidrolisam esculina; assim evitamos falsos positivos ); a partir do caldo de fraser fizemos na aula o gram para vermos a morfologia tipica em bastonete da listeria e a sua positividade ao Gram! 3. Semeia-se agora o meio de Palcam(avermelhado) e o meio de Oxford, meios para se fazer o isolamento da bactéria, ambos os meios evidenciam a hidrólise da esculina; ao apreciarmos bem as colónias vemos que elas têm tipicamente uma depressão central; a partir de uma dessas colónias suspeitas vamos fazer uma confirmação com um gram (+) e uma catalase (+); era possível em gelose-sangue ver-se uma B-hemólise mas não vimos na aula; a partir daki faríamos um API para identificação. • Yersinia Esquema de execução Suspensão 1:10 Pré-enriquecimento Tampão Fosfato vários dias 4º C vários dias 4º C MacConkey (passo alternativo?usamos o outro!) Yersinia agar 1.Kligler 2.ONPG 3.API Explicação breve 1. A bactéria cresce a 4ºC e daí de fazer um pré enriquecimento em tampão fosfato a 4ºC; como se sabe não á aplicada selectividade a não ser a relacionada com a temperatura; 2. Vamos depois cultivar num meio diferencial : MacConkey ou Yersinia agar; nós usamos o segundo, mas podíamos esperar colónias no MacConkey amarelas, não fermentadoras da lactose(imagem); no nosso caso, como usamos o meio diferencial e selectivo Yersinia agar vamos ter outro tipo de resultados e completamos de outra maneira com testes de açucares; o meio em questão tem manitol na sua constituição e o indicador vermelho neutro; como a bactéria fermenta o manitol, vão originar-se colónias típicas vermelhas fermentadoras do manitol. 3. A partir destas colónias para se proceder à sua identificação vai proceder-se ao kligler para confirmar se são realmente LAC (-), ou seja o kligler fica amarelo no fundo e com a rampa vermelha; posteriormente faz-se o teste de ONPG que deve dar positivo, uma vez que a bactéria não é um fermentador fenotípico da lactose mas produz B-galactosidase, tendo portanto uma mutação a nível das permeases. Findos estes testes partimos para o API que será inoculado a partir do kligler. • Salmonella Esquema de execução Suspensão 1:10 Água peptona Tamponada 18h 37ºC (?) Ressuscitação Água peptona Tamponada 0,1 ml Enriquecimento selectivo Caldo RappaportVassiliadis 43ºC 24h Caldo Selenito 37ºC 24h SS agar XLD agar 1.TSI 2.APP 3.SIM 4.Ureia Explicação breve 1 ml 1. A slmonella geralmente está presente em reduzido nº. nos alimentos e quando sujeitas ao processamento do alimento diminuem a sua viabilidade; faz-se o processo de ressuscitação para aumentar essa viabilidade pois em água peptona tamponada cresce tudo e bem; 2. parte-se para o enriquecimento selectivo em dois meios líquidos: o RV e o selenito; no 1º, vamos inocular 100 ul e este meio tem na sua constituição verde de malaquite (meio azulado-fica creme após incubação) que impede o crescimento de outras bactérias (enterobacteriaceae); tem sal que a bactéria suporta bem e é um meio com pH relativamente baixo; estes factores favorecem o crescimento desta bactéria; por sua vez o caldo de selenito (incolor(1) – fica tijolo(2)-imagem), inoculado com 1 ml, contém cisteína que é utilizada apenas por bactérias cuja capacidade redóx o permite e contém selenito que inibe outras bactérias de crescer. 3. Passamos abgora para cada caldo a fazer o isolamento em meio sólido em dois meios simultaneamente: meios SS e XLD. Em ambos os meios vamos ter colónias típoicas com um centro escuro(por causa do H2S) e uma pequena borda branca. O meio de SS contém verde brilhante e sais biliares que inibe o crescimento de outas bactérias; tem tiossulfato e citrato férrico que põe em evidência a formação de H2S pela bactéria; o meio de XLD tem xilose e lisina, substratos específicos que só algumas SS Medium bactérias usam e também permitem a visualização de uma coloração negra com a produção de H2S. 4. Após estarmos em presença das colónias suspeitas vamos fazer 4 provas bioquímicas para confirmar a presença da salmonella (a partir da placa)e despistar de outras bactérias semelhantes: Prova TSI APP SIM UREASE-caldo • O TSI – é semelhante ao Kligler ams também contém sacarose; a nossa bactéria é Lac(-) e Sac(-) (ao contrario do proteus que é Sac+)e poratnto no TSI vai deixar o meo vermelho na rampa; é GLU (+) mas não se vê pois é também H2S (+) como evidenciado anteriormente nos meios sólidos; • O APP – pesquisa a fenilalanina desaminase e não deve dar verde após adicionar cloreto férrico, pois a nossa bactéria é negativa a este teste; se desse positivo estaríamos perante um Proteus; O SIM – evidencia a produção de H2S, deve dar negativo ao indol (Erlich) e deve apresentar mobilidade (embora desse reduzida na aula, não sei se era ausente); este é apenas um teste de complemento, não diz nada por si só; Urease - teste feito em caldo num eppendorf e que era amarelinho e daria cor de cereja no caso de dar positivo; deu negativo pois a salmonella é urease (-) • • 5. Após todos estes testes concordantes (ou a maioria) dever-se-ia fazer a classificação serológica usando antisoros específicos (não confundir com reacção de Widal, que é uma pesquisa de Ac no plasma) Nesta segunda parte pesquisamos o B.cereus (bacilo Gram + aeróbio e pode esporular) e C. Perfringens (anaeróbio esporulado de gram variável). Enquanto que as outras bactérias exigiam enriquecimento e eram poucos mas relevantes petogenicamente, aqui, só um nº. elevado é patogenicamente significativo – logo faz-se pesquisa directa sem enriquecimento! • Clostridium perfringens: é um anaeróbio estrito e portanto há que criar condiçoes adequadas; a metodologia é simples e por isso não tenho em esquema de execução. 1. A partir da nossa amostra (suspensão 1:10) faz-se cultura por incorporação em meio TSC (triptose, sulfite, cicloserin) colocando 1ml de amostra e 10 ml de meio; faz-se a seguir um Overlay com mais 10 ml de meio; incuba-se em anaerobiose – Gás pack ou saco gerador de anaerobiose (saquinho para pequenas quantidades). 2. Da incubação neste meio resultam colónias típicas negras (sulfito redutoras); se se fizesse contagem seria feita aqui; 3. Provas bioquímicas: meio semisólito – nitratos e mobilidade – averigua-se mobilidade e produção de nitritos (com uso de reagentes) – o resultado deve ser imóvel e nitritos (+); O outro meio contém lactose e gelatina – se virar para amarelado dará Lac(+) devido ao vermelho de fenol; se o meio que era semisólido ficar líquido, significa que há gelatinase presente; a nossa bactéria é gelatinase (+) e Lac(+); 4. Realização da coloração dos esporos: esfregaço seco – fixar pelo calor – fuchsina concentrada e aquecer por 15 minutos – lava e seca – aplica película de nigrosina – seca e observa fundo escuro, célula transparente e esporo corado de rosa! • Bacillus cereus 1. vamos semear por dispersão 100 ul em meio de B. Cereus(verde alface) e incubação a 30ºC, para os outros bacillus seria a 37ºC; 2. após incubação temos colónias esbranquiçadas com bordos franjados e o meio aparece azul porque não há fermentação do manitol e além disso precipita e hidrolisa a lecitina – coloração azul. A contagem é feita neste meio segundo a norma vigente; 3. Execução de Gram, execução da coloração das granulações lipídicas – faz-se esfregaço – negro do sudão 15’ – seca e depois descora com xilol (hotte); lava e aplica Fuchsina diluída e deixa actuar – lava e seca – As granulações aparecem negras e o bacilo rosa!