padrões eletrocardiográficos em cateto (tayassu tajacu)

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PADRÕES ELETROCARDIOGRÁFICOS EM CATETO
(TAYASSU TAJACU)
Andrezza Caroline Aragão da Silva, Marcelo Campos Rodrigues (Orientador, Depto de
Clínica e Cirurgia Veterinária – UFPI)
Introdução
A espécie Tayassu tajacu pertence à ordem dos Artiodáctyla, família Tayassuidae e gênero
Tayassu. Conhecidos como Os catetos, ou caititus, como também são conhecidos, pesam cerca de
29,5kg e medem 95 cm de comprimento e 45 cm de altura. Desloca-se em varas de 5 a 15
indivíduos, são sedentários, ativos durante as horas mais frescas do dia e seu território não excede 5
km de raio (SOUSA, 2008).
Com a criação de catetos dirigida ao abate, tornou-se frequente uma necessidade de ampliar
conhecimento em relação a esses animais, sobretudo no que se refere ao atendimento clínico. No
entanto, informações sobre fisiologia e anatomia cardiovascular desses animais são escassos,
fazendo com que o estudo dos padrões eletrocardiográficos seja visto como um avanço, pois, não
existem dados específicos que determinem frequência cardíaca e variações eletrocardiográficas
nessa espécie. Diante de tal fato, o presente estudo visou definir parâmetros eletrocardiográficos de
normalidade em catetos (Tayassu tajacu), mantidos em cativeiro, para melhor subsidiar a clínica de
animais silvestres.
Material e Métodos
O estudo foi conduzido no Núcleo de Estudos e Pesquisa de Animais Silvestres do Centro de
Ciências Agrárias de Teresina-PI, onde foram avaliados 30 animais da espécie Tayassu tajacu
clinicamente sadios, com idade superior a 01 ano e distribuídos em dois grupos de 15 animais de
acordo com o sexo. Os animais utilizados no experimento foram identificados através de brincos
numerados, onde as fêmeas recebiam numeração ímpar e os machos numeração par.
Os animais foram identificados, pesados e separados de acordo com o sexo. Sendo contidos,
quimicamente, com a associação de cloridrato de zolazepan e tiletamina. Foram realizadas tricotomia
e antissepsia das regiões esternal, metartarcial e metacarpal dos quatros membros, sendo fixado
cinco eletrodos acima da articulação úmero-rádio-ulnar, acima da articulação fêmur-tíbio-patelar de
cada membro e na região esternal, através de conectores metálicos do tipo “jacaré”. Os registros
obtidos em intervalos de 1 minuto, totalizando dez minutos de experimento em cada animal, O
traçado foi obtido na derivação DII com velocidade de 50 mm/s com ganho 2N. As medições dos
traçados foram feitas com o software que acompanha o aparelho eletrocardiográfico aferindo à
frequência cardíaca, amplitude e duração das ondas P, QRS e T.
Os dados foram analisados estatisticamente utilizando-se o teste t 5% de significância,
comparando machos e fêmeas.
Resultados e Discussão
As características eletrocardiográficas observadas serviram para demonstrar que existem
variações de acordo com o sexo do animal. A frequência cardíaca das fêmeas foi maior em relação
aos machos, como a amplitude da onda P e amplitude T nos machos foi superior ao da fêmea.
VAILATI et al.,(2009) estudando cães da raça boxer observou essas mesmas diferenças em relação
ao sexo, obtendo valores para frequência cardíaca de 136 e 124 bpm em fêmeas e macho,
respectivamente, e amplitude de onda de 0,034 mV e 0,036 mV. Relação similar também foi
encontrada em um estudo realizado em cutias (DINIZ et al., 2011). CAPRIGLIONE et al., (2013)
estudando a amplitude de onda em macacos-pregos encontrou o mesmo valor em fêmeas e machos
(0,13 mV) (Figura 1).
Figura 1- Traçado eletrocardiográfico de cateto (Tayassu tajacu) macho, com 50 mm/s e ganho e
2N, proveniente do Núcleo de Estudos e Pesquisa de Animais Silvestres do Centro de Ciências
Agrárias de Teresina-PI, 2014
OT
OP
Q
S
Fonte: Arquivo pessoal
Nas amostras analisadas a média da Frequência Cardíaca foi de 105,3 bpm, a média do
comprimento da onda P de 27,5 ms, o intervalo entre PR foi de 58,6 ms, a média do intervalo ST foi
de 67,7 ms, o complexo QRS 37 ms e o intervalo entre QT foi de 150,9 ms, sendo dados oriundo de
exames em catetos fêmeas. Foram analisadas além do comprimento da onda, a amplitude de cada
onda especificamente, a média da amplitude de P foi 0,4 mV, a amplitude de R foi de 0,9 mV, a
amplitude de T foi de 0,4 mV, a amplitude de Q foi de 0,1 mV e a amplitude de S foi de 0,2 mV das
fêmeas.
A média da frequência cardíaca, as médias de comprimento de onda P, intervalo entre PR, o
comprimento de onda ST e o complexo QRS foram respectivamente, 97 bpm, 30 ms, 60 ms, 68 ms,
38 ms, 147 ms em catetos machos. As médias das amplitudes de onda dos machos também foram
mensurados, sendo assim a média da amplitude de onda P, 0,44 mV, a média da amplitude de onda
R, 0,82 mV, a média da amplitude de onda T, 0,39 mV, a média de amplitude de onda Q, 0,12 mV e a
média da amplitude da onda S, 0,21 mV.
O teste T à nível de 5% foi aplicado nos grupos, obtendo assim uma homogeneidade entre as
amostras e testando a variável “sexo”. Em todos os dados analisados, com exceção do segmento da
onda P que se apresentou estatisticamente diferente, se fez presente nesse estudo uma constância
de valores entre os animais (Tabela 1).
Nos resultados de segmento de onda P, foi obtido 30,4 ms no macho e 27,5 na fêmea,
apresentando diferença significativa quando analisado a nível de 5% no Test T, diferentemente do
resultado obtido por DINIZ et. al.(2011), que estudando os padrões eletrocardiográfico em Cutias
encontrou não diferença nos segmentos de onda P.
Tabela- 1- Analise estatística, utilizando-se teste T a 5% de confiabilidade, com erros padrões, aplicado
sobre médias das frequências de ondas e médias das amplitudes de ondas, dos grupos de catetos
(Tayassu tajacu) machos e fêmeas proveniente do Núcleo de Estudos e Pesquisa de Animais Silvestres
do Centro de Ciências Agrárias de Teresina-PI, 2014
Grupo
FC (bpm)
P (ms)
INT PR (ms)
ST (ms)
QRS (ms)
QT (ms)
Machos
98,4 a
30,4 a
60 a
67,6 a
37,9 a
146,8 a
a
b
a
a
a
Fêmeas
105,3
27,5
58,6
67,7
37
150,9 a
Grupo
AMP P (mV) AMP R (mV) AMP T (mV) AMP Q (mV) AMP S (mV)
Machos
0,43 a
0,82 a
0,39 a
0,12 a
0,21 a
a
a
a
a
Fêmeas
0,42
0,9
0,39
0,08
0,22 a
Frequências cardíacas (FC), Onda P (P), Intervalo PR (INT PR), onda ST (ST), complexo QRS (QRS);
bpm= batimentos por minuto; Amplitude de P (AMP P), amplitude de R (AMP R), amplitude de T (AMP
T), amplitude de Q (AMP Q), amplitude de S (AMP S), amplitude de P (AMP P) em mV: Milivolts; ms:
milissegundos.
Ns: Não significativo
* Médias seguidas de letras diferentes, na mesma coluna, diferem estatisticamente.
Conclusão
No estudo dos parâmetros eletrocardiógrafo dos catetos foram encontrados as médias
encontradas foram: Frequência cardíaca 101,11 bpm, Onda P 28,75 ms, Intervalo PR 59,3 ms, ST
67,85 ms, Complexo QRS 37,5 ms, QT 148,95 ms. As médias das amplitudes foram: Amplitude de P
0,42 mV, Amplitude de R 0,86 mV, Amplitude T 0,39 mV, Amplitude de Q 0,11 mV, Amplitude de S
0,20 mV.
Apoio
Agradeço ao ICV/UFPI pela oportunidade de participação no Programa de Iniciação
Científica, ao NEPAS/CCA/UFPI e o Drª Marcelo Campos Rodrigues pela orientação e aos
meus colaboradores.
Referências
CAPRIGLIONE L. G. A.; SORESINI G. C. G.; FUCHS T.; ANNA N. T. S.; FAM A. L. D.; PIMPÃO C.
T.; SARRAFF-LOPES A. P.; Avaliação eletrocardiográfica de macacos-prego (Sapajus apella)sob
contração química com midazolam e propofol. Semina: Ciências Agrárias, Londrina, v. 34, n. 6,
suplemento 2, p. 3801-3810, 2013
DINIZ A. N.; JÚNIOR J. R. S; CARVALHO M. A. M.; CARVALHO Y. K. P., BEZERRA D.O., ALVES R.
F.; Eletrocardiografia em Cutias (DASYPROCTA PRYMNOLOPHA, WAGLER 1831), Pesq. Vet. Bras.
33(Supl.1): 8-14, dezembro 2013.
SOUZA. Características do Sêmen de Catetos (TAYASSU TAJACU,LINNAEUS,1758) coletados por
eletroejaculação utilizando diferentes protocolos anestésicos. Dissertação de mestrado, Mossoró-RN,
p. 6-7, 2008.
VAILATI C.M. F.; CAMACHO A. A.; SCHUWARTZ D. S.; LOURENÇO M. L. G.; TAKAHIRA R. K.;
FRANCO S. R. V. S. Característica eletrocardiográficas de cães da raça Boxer. Veterinária e
Zootecnia. P. 698-707, v.16, n. 4, dez., 2009.
Palavras-chaves: tayassu tajacu, eletrocardiograma, parâmetros.
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