16 DE MAIO SANTO ALÍPIO E SÃO POSSÍDIO BISPOS MEMÓRIA A memória desses santos está intimamente ligada ao nome de Santo Agostinho, quer como religiosos, quer como bispos. Ambos representam muito bem a herança monástica agostiniana. Alípio nasceu em Tagaste (hoje Souk Ahras, na Argélia). Com Agostinho, partilhou os erros da juventude, a conversão, a vida religiosa e os labores apostólicos. Agostinho chama-o “irmão do meu coração”. Viajou uma vez ao Oriente, onde conviveu com São Jerônimo. Foi escolhido Bispo de Tagaste em torno de 394, antes que Agostinho fosse nomeado para Hipona. O relacionamento de Possídio com Agostinho e com Alípio parece ter começado nos primeiros tempos da fundação do mosteiro de Hipona. Primeiro biógrafo de Santo Agostinho, em sua companhia, como nos narra, “viveu em familiaridade durante quase quarenta anos”. Foi nomeado Bispo de Calama por volta de 397. Com Agostinho e Alípio, participou de concílios na África. Os três contavam-se entre os sete prelados eleitos pelos 266 bispos católicos para falar em nome de todo o episcopado africano na famosa conferência entre católicos e donatistas celebrada em 411, na cidade de Cartago. A morte de Alípio costuma ser datada em 430; a de Possídio, por volta de 437. A Ordem celebra seu culto desde 1671, e Clemente X o confirmaria, aos 19 de Agosto de 1672, mediante o Breve “Alias a Congregatione”. Do Comum dos pastores, bispos OFÍCIO DAS LEITURAS SEGUNDA LEITURA Dos Tratados sobre o evangelho de São João, de Nosso Pai Santo Agostinho, bispo (In Io. 87, 1: CCL 36, 543-544; NBA 24, 1277-1279) Sem amor, as coisas todas nada são Diz [o Senhor]: “Isto é o que vos ordeno: amai-vos uns aos outros”. E daqui devemos entender ser esse o nosso fruto, a respeito do qual ele dissera: “Eu vos escolhi e vos designei para irdes e para que produzais fruto e o vosso fruto permaneça”. Bem como o que acrescentaria a seguir: “O que então pedirdes ao Pai em meu nome, ele vo-lo concederá”, e o fará certamente se nos amarmos uns aos outros. Ora, quem nos escolheu sem que tivéssemos fruto algum - pois não fomos nós que o escolhemos - e nos designou para produzirmos fruto, isto é, para nos amarmos uns aos outros, ele mesmo nos deu esse amor, um fruto que não podemos chegar a ter sem ele, assim como os ramos nada podem fazer sem a videira. A caridade é, portanto, o nosso fruto, que, conforme define o Apóstolo: “nasce de um coração puro, de uma boa consciência e de uma fé sincera”. Com esse amor, nós nos amamos uns aos outros e amamos a Deus. Pois não nos amaríamos uns aos outros com um amor verdadeiro se não amássemos a Deus. Qualquer um ama o próximo como a si mesmo, se amar a Deus; pois se não ama a Deus, tampouco ama a si mesmo. Desses dois preceitos da caridade, dependem toda a Lei e os profetas: eis o nosso fruto. Sobre ele, o Senhor nos dá seu mandamento, dizendo: “Isto é o que vos ordeno: amai-vos uns aos outros”. Daí que o apóstolo Paulo, ao querer recomendar o fruto do espírito contra as obras da carne, tenha escrito logo no início do seu discurso: “O fruto do Espírito é SANTO ALÍPIO E SÃO POSSÍDIO (16 DE MAIO) caridade”, e só então tenha enumerado os demais, como a indicar que brotam todos daquela fonte e a ela se relacionam. Eles são “alegria, paz, longanimidade, benignidade, bondade, lealdade, mansidão, continência”. Ora, quem pode alegrar-se se não ama o bem de que se alegra? Quem pode ter uma paz autêntica a não ser em companhia daquele a quem ama de verdade? Quem pode ter longanimidade, permanecendo no bem com perseverança, a não ser por causa de um férvido amor? Quem é benigno a não ser que ame o bem que deseja? Quem é bom, a não ser que se faça tal por meio do amor? Que proveito se tira da lealdade a não ser por meio daquela fé que opera pela caridade? Que utilidade tem a mansidão se não é governada pela caridade? Quem se preserva do que pode chegar a manchá-lo se não ama a quem o faz honesto? Com toda a razão, portanto, o bom Mestre recomenda com tanta frequência, como se fosse a única coisa a recomendar, aquela caridade, sem a qual os outros bens não podem aproveitar, e que tampouco pode existir em nós sem esses outros bens, com os quais o homem se torna bom. RESPONSÓRIO Cfr. SANTO AGOSTINHO, Confissões IV, 8, 13; 9, 14 R/. De muitos corações, o amor faz um só. * Feliz quem vos ama, Senhor, e ama em vós seu amigo. (T. P. Aleluia). V/. Somente quem vos abandona, pode perder-vos. R/. Feliz quem vos ama, Senhor, e ama em vós seu amigo. (T. P. Aleluia). Ou: Da Vida de Santo Agostinho, escrita por São Possídio (Cap. 5, 1; 11, 1-6; 13, 1-2: ed. M. Pellegrino, Alba 1955) Assim iniciaram e consolidaram-se a paz e a unidade na Igreja Ordenado presbítero, (Agostinho) fundou um mosteiro junto à igreja e, com os servos de Deus, começou a viver segundo a regra estabelecida pelos Apóstolos. Fez questão absoluta de que ninguém, naquela comunidade, tivesse algo próprio, mas que todas as coisas fossem comuns entre eles, e se distribuíssem conforme a necessidade de cada um, como já fizera antes com os seus, ao retornar de além-mar à sua antiga propriedade. À medida que crescia de forma extraordinária seu conhecimento da doutrina divina, por influência do mesmo Agostinho e a seu exemplo, os que serviam a Deus no mosteiro começaram a ser ordenados clérigos para a Igreja de Hipona. Com o passar do tempo, conhecendo-se com mais perfeição a verdade da pregação da Igreja católica e brilhando mais intensamente o estilo de vida daqueles santos servos de Deus, sua continência e profunda pobreza, começou-se a pedir insistentemente bispos e clérigos oriundos daquele mosteiro, cuja fundação e crescimento eram devidos àquele insigne e memorável varão. Assim iniciaram e consolidaram-se a paz e a unidade da Igreja. Esse mesmo beatíssimo Agostinho, à força de muitos pedidos, proporcionou a diversas igrejas, algumas por certo das principais, quase dez varões santos e veneráveis, doutos e continentes, que eu mesmo cheguei a conhecer. Da mesma forma, os que provieram daquele mosteiro de santos, tendo-se espalhado pelas igrejas do Senhor, fundaram, por sua vez, novos mosteiros e, à medida que crescia seu zelo pela pregação da palavra de Deus, ofereciam a outras igrejas alguns de seus irmãos promovidos ao sacerdócio. Pág. 2 LITURGIA AGUSTINIANA DE LAS HORAS Assim se difundia por meio de muitos e entre muitos a doutrina da fé salutar, da esperança e da caridade da Igreja, e não só por todas as regiões da África, mas também além-mar, e através de livros editados e traduzidos ao grego, com a graça de Deus, a partir daquele único homem e, por seu intermédio, a totalidade da doutrina pôde chegar a muitos. Daí que, como está escrito, “o pecador, vendo isso, se enfurecesse, rangesse os dentes e de inveja se consumisse”, e, por outro lado, também se diga, “quando eu falo sobre paz, quando a promovo, é a guerra que eles tramam contra mim”. Em todas essas gestas pela paz da Igreja, o Senhor deu a Agostinho a palma da vitória no mundo presente, reservando-lhe para o céu a coroa da justiça. Cada vez mais, com o auxílio de Cristo, aumentava e se estendia a unidade da paz e a fraternidade da Igreja de Deus. RESPONSÓRIO At 4, 32; 2 Sm 1, 23 R/. A multidão dos fiéis era um só coração e uma só alma; * tudo era comum entre eles. (T. P. Aleluia). V/. Amados e belos, nem vida nem morte os puderam separar. R/. Tudo era comum entre eles. (T. P. Aleluia). ORAÇÃO Ó Deus, que fizestes os bispos Alípio e Possídio, unidos fraternalmente a Santo Agostinho, defensores da verdade e propagadores da vida comum; concedei-nos ser de tal modo livres na verdade e servos no amor, que permaneçamos fiéis em vosso serviço e em nossa vocação. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo. R/. Amém. Pág. 3