A utilização da Laparoscopia no tratamento da Próstata, no Hospital Dr. Hélio Angotti (*) O câncer de próstata é a neoplasia visceral maligna mais diagnosticada nos homens. É a sexta maior causa de morte por câncer entre os homens no mundo, com cerca de 900 mil novos casos diagnosticados e 260 mil mortes. A taxa de mortalidade bruta por câncer vem apresentando um ritmo de crescimento acentuado no Brasil. Os fatores de risco mais conhecidos para este tipo de câncer são a idade avançada, grupo étnico e histórico familiar. Nos últimos anos, o foco de investigação tem sido relacionado a fatores nutricionais e hormonais. Mais recentemente, ressurgiu o interesse em etiologias inflamatórias ou infecciosas. Como forma de tratamento existe a radioterapia e a cirurgia, sendo esta aberta ou laparoscópica, esta última menos invasiva e mais atual. A Laparoscopia é um procedimento ultramoderno e que vem apresentando ótimos resultados, tanto para os médicos quanto para seus pacientes. Em Uberaba, o médico uro-oncologista Marcelo Bianco é o pioneiro a utilizar esta técnica, que por enquanto é realizada apenas no Hospital Dr Hélio Angotti. A primeira cirurgia usando este sistema na instituição foi realizada em dezembro de 2015, beneficiando um paciente com média de 60 anos. Após passar por um longo período de treinamento, onde a cirurgia primeiramente é realizada com simuladores e animais, após se acompanha a cirurgia com outro cirurgião experiente, em seguida realiza cirurgia com a supervisão do cirurgião que acompanhou e só após, vencidas todas estas etapas, é que se faz a cirurgia sob o próprio comando. Já estamos com um número razoavelmente bom de cirurgias realizadas aqui em Uberaba no Hospital Dr. Hélio Angotti, sob nosso próprio comando, ou seja, nossa própria equipe esta fazendo a cirurgia. O processo de recuperação também é diferente. Este tipo de cirurgia vem reafirmar Uberaba como grande centro médico do país, trazendo grandes benefícios aos pacientes submetidos a esta técnica cirúrgica, uma vez que a recuperação de suas atividades habituais se faz mais rapidamente, quando comparada à técnica convencional. Outros benefícios são o menor tempo de internação e menor perda sanguínea. Com a magnificação da imagem trazida pela laparoscopia, existe também um índice menor de incontinência (perda urianaria), além da preservação dos nervos da potencia, que pode ser feita de maneira mais minuciosa. Prostatectomia Radical Laparoscópica A prostatectomia radical laparoscópica (PRL) é uma forma moderna de prostatectomia radical. Este é um tipo de cirurgia usado para remover a próstata e as vesículas seminais como uma opção de tratamento para o câncer de próstata e, em seguida, anexar a uretra diretamente à bexiga. Contrastando com a forma original da cirurgia aberta, a prostatectomia radical laparoscópica não faz uma grande incisão. Em vez disso, este procedimento cirúrgico é minimamente invasivo e conta com tecnologias modernas, como a fibra ótica e a magnificação da imagem pela visão ampliada, para realizar a cirurgia de forma precisa. A PRL é realizada sob anestesia geral (o paciente está dormindo) e leva aproximadamente três horas, em comparação com as 2-3 horas exigidas por uma técnica aberta com incisão. Depois disso, a maioria dos pacientes passa 1 a 2 noites no hospital antes de voltar para casa, diminuindo a média de 3 noites exigida por uma prostatectomia radical aberta. Homens submetidos a PRL terão um cateter (pequena sonda) passado através da uretra que irá permanecer no local durante aproximadamente uma semana. Devido à melhor visualização das estruturas, é realizada uma anastomose mais perfeita, com menor extravasamento de urina, permitindo a retirada mais precoce da sonda vesical. São várias as vantagens da PRL: menor índice de infecção, redução da dor pós-operatória e do sangramento, um menor período de hospitalização e um retorno mais rápido às atividades normais. Radical Laparoscópica Outro importante fator na prostatectomia por neoplasia de próstata são os resultados funcionais. O primeiro aspecto relaciona-se à continência urinária (perda involuntária de urina). Felizmente a sua ocorrência gira em torno de 3% a 5% dos casos, porém, logo após a retirada da sonda é normal o paciente apresentar um grau de incontinência transitória que varia de 1 a 3 meses. Outro importante fator a ser analisado é a potência sexual. A chance de ocorrer esta complicação é muito variável, pois vários fatores estão envolvidos na preservação da ereção, como o tamanho e a agressividade do tumor, a idade do paciente, as co-morbidades que este paciente apresenta no pré-operatório (ex.: hipertensão, diabetes, cardiopatia), fatores psicológicos, além da experiência do cirurgião que irá realizar este procedimento. Atualmente, a maioria dos pacientes potentes no pré-operatório, sem comorbidades significativas e com tumores iniciais permanecem potentes após 6 meses a 1 ano da realização do procedimento. Em certos homens, uma abordagem com preservação dos nervos pode ser utilizada. Os nervos que são poupados são os que suprem o tecido erétil no pênis. O objetivo da PRL é em primeiro lugar curar o homem do câncer de próstata, mas também maximizar os resultados funcionais após o tratamento. A literatura médica especializada nos mostra que com a preservação destes nervos existe uma taxa muito mais elevada de ereções espontâneas após a cirurgia e que o retorno à função urinária normal também é muito melhor. Existe risco de conversão para prostatectomia radical aberta? Tal como com qualquer operação por video, a prostatectomia radical laparoscópica está associada a um risco de conversão para cirurgia aberta do câncer de próstata; no entanto, este risco é extremamente baixo. Existe risco de complicações? Por se tratar de um procedimento de grande porte, outras complicações podem ocorrer; porém, estas complicações costumam ser infreqüentes em centros de excelência no tratamento do câncer de próstata. Médico uro-oncologista Marcelo Bianco. (*) Marcelo de Paula Bianco; médico uro-oncologista do corpo clínico do Hospital Dr. Hélio Angotti