UNIVERSIDADE DO EXTREMO SUL CATARINENSE - UNESC CURSO DE ENGENHARIA AMBIENTAL FRANCIANE TOPANOTTI AVALIAÇÃO DA TOXICIDADE DE REVELADOR E FIXADOR DE RADIOGRAFIAS PROVENIENTES DE CLÍNICAS ODONTOLÓGICAS, UTILIZANDO Daphnia magna E Allium cepa L. CRICIUMA, JUNHO DE 2010 FRANCIANE TOPANOTTI AVALIAÇÃO DA TOXICIDADE DE REVELADOR E FIXADOR DE RADIOGRAFIAS PROVENIENTES DE CLÍNICAS ODONTOLÓGICAS, UTILIZANDO Daphnia magna E Allium cepa L. Trabalho de Conclusão de Curso, apresentado para obtenção do grau de Engenheira no curso de Engenharia Ambiental da Universidade do Extremo Sul Catarinense, UNESC. Orientador(a): Prof. M.Sc. Claudio Ricken CRICIUMA, JUNHO DE 2010 2 FRANCIANE TOPANOTTI AVALIAÇÃO DA TOXICIDADE DE REVELADOR E FIXADOR DE RADIOGRAFIAS PROVENIENTES DE CLÍNICAS ODONTOLÓGICAS, UTILIZANDO Daphnia magna E Allium cepa L. Trabalho de Conclusão de Curso aprovado pela Banca Examinadora para obtenção do Grau de Engenheira ambiental, no Curso de Engenharia Ambiental da Universidade do Extremo Sul Catarinense, UNESC, com Linha de Pesquisa em Saneamento Ambiental e Recursos Hídricos. Criciúma, 28 de junho de 2010. BANCA EXAMINADORA Prof. Claudio Ricken - Mestre - UNESC - Orientador Prof. Mario Ricardo Guadagnin – Mestre – UNESC Prof. Claus Tröger Pich - Doutor – UNESC 3 Dedico esse trabalho à Mãe, Pai, minha irmã Fabiane, namorado e aos meus familiares. Principalmente a Deus. 4 AGRADECIMENTOS A Coordenadora dos Laboratórios da Unesc Sintia Michels, a Claúdia Peluso, e todos que compunham o Bloco S, pela força e paciência de ensinar. A Yajaira pelo companheirismo, e dedicação ao longo do estágio. Aos professores que ajudaram em minha formação profissional. Aos professores da Banca, Prof. Mário, e ao Prof. Claus, que aceitaram o convite de julgar, e vir acrescentar em meu trabalho. Ao Prof. Reginaldo Geremias que ajudou a dar a partida inicial para a realização deste. A todos os colegas que de alguma forma ajudaram em minha árdua caminhada Acadêmica. Principalmente os colegas Pabline, Adonai, Thiago Bratt, Gustavo Zambrano, Flávia, Renata, Ângela, Camile. Aos alunos de mecânica dos sólidos, no semestre de 2010/1 que de alguma forma me ajudaram, me deram força e compreenderão nas horas de dificuldades, agradeço a Carolina, André e todos os outros. Aos meus pais, que me auxiliaram e estiveram juntos comigo em toda a realização do curso. Aos parentes que de alguma forma me ajudaram, principalmente meus tios Pedro e Mª Silésia, primos, minha irmã Fabiane, e meu namorado Josué. E a Deus porque se não fosse ele eu não conseguiria, os meus sinceros agradecimentos. 5 “... pois a imagem projetada do filme radiográfico representa a "fotografia" interna da peça, o que nenhum outro ensaio não destrutivo é capaz de mostrar...” (Ricardo Andreucci) 6 RESUMO O presente trabalho teve como objetivo avaliar a toxicidade do efluente gerada pela utilização de revelador e fixador de radiografias no processamento radiográfico, utilizando Daphnia magna e Allium cepa L. como organismos bioindicadores e a estimativa do volume de efluente originado de revelador e fixador de radiografias. Foram estimados os volumes de efluente produzidos pela atividade, a partir de questionamentos com os profissionais da área odontológica que utilizam o revelador e fixador de radiografias em suas clínicas. O efluente do sistema de revelação e fixação de uma das clínicas teve sua toxicidade avaliada utilizando Daphnia magna e Allium cepa. Foi estimado um volume total de 72,626 litros produzidos mensalmente por 34 clínicas de radiologia odontológica. Deste volume, 12% é destinado a uma empresa que coleta resíduos de serviço de saúde, 1% é dado destinos diversos e 87% do total não recebe tratamento antes do lançamento a rede coletora de esgoto. No teste de toxicidade para Daphnia magna, obteve-se um fator de diluição de 1:357 (0,28%) e para o fixador um fator de diluição de 1:114 (0,87%), caracterizando essas amostras como tóxicas se comparadas aos indicados pela portaria da FATMA nº 017/02. Para produtos químicos não especificados ou não classificados determina um fator de 1:2(50%). Os resultados com o bioindicador Allium cepa L., também apresentaram toxicidade elevada, pois em nenhuma das diluições realizadas para o revelador e fixador as raízes cresceram, ao contrário houve diminuição do peso. A partir dos resultados pode-se concluir que o revelador e o fixador de radiografias utilizado nessas clínicas têm um elevado grau de toxicidade aos organismos bioindicadores propostos nesse trabalho. Os resultados reforçam a necessidade de tratamento ou destinação adequada antes do descarte ao corpo receptor, além da aplicação efetiva das normas para disposição desse tipo de resíduo. Palavras - chave: Revelador, Fixador, Toxicidade, Daphnia magna, Allium cepa L. 7 LISTA DE ILUSTRAÇÕES Figura 1: Diferentes camadas que compõe um filme radiográfico............................15 Figura 2: Filme radiográfico revelado.........................................................................16 Figura 3: Ampliação dos grãos de um filme radiográfico ainda não processado. (foto extraída do Livro da Kodak).......................................................................................17 Figura 4: Procedimento da Revelação de Radiografias realizadas manualmente.....18 Figura 5: Fluxograma dos procedimento do Plano de gerenciamento de resíduos sólidos de serviço de saúde.......................................................................................33 Figura 6: Localização do município de Criciúma........................................................43 Figura 7: Esquema do Teste de fitotoxicidade em vegetal Allium cepa L..................46 Figura 8: Localização dos Edifícios onde os profissionais de odontologia foram entrevistados, 1, 2, 3, 4, 5 mostrando o curso rio Criciúma e as curvas de níveis..........................................................................................................................47 Figura 9: Rio Criciúma localizado atrás do edifício 5, com tubulação do Edifício em direção ao rio Criciúma. Localização Geográfica: 22J659581 E / 6826702 S...........49 Figura 10: Gráfico da concentração letal obtida por exposição de Daphnia magna exposta a solução relevadora (valor CL50 = 0,28 %)................................................52 Figura 11: Gráfico da concentração letal obtida por exposição de Daphnia magna exposto a Solução Fixadora (valor CL50 = 0,87 %)...................................................53 Figura 12: Gráfico de comparação entre os ganhos de peso das cebolas (Allium cepa L.) expostas ao revelador, fixador e água mineral como controle negativo......54 Figura 13: Allium cepa necrosado, exposto ao revelador e ao fixador de radiografias.................................................................................................................54 8 LISTA DE TABELAS Tabela 1: Principais características físico-químicas do revelador e fixador...............23 Tabela 2: volume de revelador disposto no esgoto sem prévio tratamento pelos profissionais de odontologia estabelecidos na rua Cel. Pedro Benedet....................48 Tabela 3: volume de Fixador disposto no esgoto sem prévio tratamento pelos profissionais de odontologia estabelecidos na rua Cel. Pedro Benedet....................48 Tabela 4: Resultado do ensaio de toxicidade aguda em microscrustáceos Daphinia magna utilizando revelador de radiografias................................................................51 Tabela 5: Resultado do ensaio de toxicidade aguda em microscrustáceos Daphinia magna utilizando fixador de radiografias....................................................................52 9 LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas ANVISA - Agência Nacional de Vigilância Sanitária CL50 - Concentração Letal com 50% de mortalidade CONAMA – Conselho Nacional do Meio Ambiente CRO – Conselho Regional de Odontologia FATMA - Fundação do Meio Ambiente do Estado de Santa Catarina FDd - Fator de diluição FISPQ – Ficha de Informações de Segurança de Produtos Químicos mg/L – miligramas por litro mL – Mililitros NBR - Associação Brasileira de Normas Técnicas PGRSS – Programa de gerenciamento de Resíduos de Serviços de Saúde RSS – Resíduos de Serviço de Saúde RSSS - Resíduos Sólidos de Serviços de Saúde °C – Graus Celsius 10 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO .......................................................................................................12 2 OBJETIVOS...........................................................................................................13 2.1 Objetivo Geral....................................................................................................13 2.2 Objetivos Específicos .......................................................................................13 3 REFERENCIAL TEÓRICO.....................................................................................14 3.1 Processo Radiográfico .....................................................................................14 3.1.1 Processamento Radiográfico........................................................................14 3.1.2 Métodos de processamento ..........................................................................17 3.1.3 Soluções de Processamento.........................................................................20 3.2 Resíduos potencialmente tóxicos gerados no processamento radiográfico ..................................................................................................................................23 3.3 GERENCIAMENTO DE RESÍDUOS...................................................................28 3.3.1 Definição de Resíduos ...................................................................................28 3.3.2 Origem.............................................................................................................28 3.3.3 Os Resíduos Sólidos de serviços de saúde ................................................28 3.3.4. Gerenciamento Integrado de Resíduos.......................................................31 3.3.5 Plano de Gerenciamento de Resíduos de Serviço de Saúde .....................32 3.3.5.1 Roteiro do Plano de gerenciamento de Resíduos Sólidos de Serviços de Saúde .......................................................................................................................34 3.4 Organismos bioindicadores e biomarcadores para avaliação da toxicidade de contaminantes ambientais ................................................................................39 4 METODOLOGIA ....................................................................................................43 4.1 Levantamento da quantidade gerada de revelador e fixador de radiografias ..................................................................................................................................43 4.2 Coleta da solução reveladora e fixadora de radiografias ..............................44 4.3 Testes de toxicidade aguda em microcrustáceos Daphnia magna ..............44 4.4 Testes de fitotoxicidade em Allium cepa L. (cebolas)....................................45 5 APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS DADOS.......................................................47 5.1 Levantamento da quantidade gerada de solução reveladora e fixadora de radiografias..............................................................................................................47 11 5.2 Avaliação da toxicidade das soluções reveladora e fixadora de radiografias utilizando organismos bioindicadores..................................................................50 5.2.1 Teste de toxicidade aguda em microcrustáceos Daphnia magna...............50 5.2.2 Teste de fitotoxicidade em Allium cepa L. (cebolas) ....................................53 6 CONCLUSÕES ......................................................................................................56 REFERÊNCIAS.........................................................................................................58 APÊNDICES .............................................................................................................64 ANEXOS ...................................................................................................................73 12 1 INTRODUÇÃO Os serviços odontológicos constituem uma das atividades profissionais desenvolvidas na região central do município de Criciúma/SC, com a presença de aproximadamente 204 estabelecimentos. Não há um número estimado de clínicas que usam e fazem a revelação de radiografias. Nestas atividades são gerados resíduos potencialmente tóxicos, destacando-se as soluções reveladoras e fixadoras de radiografias, que por sua composição química e por se tratarem de resíduos de estabelecimentos de saúde necessitam cuidados especiais. Relatos bibliográficos, como no trabalho de Bortolleto et al. (2005) mostram um teor altíssimo de prata, dentre outras substâncias tóxicas na composição desses produtos. No entanto, tem-se relatado que muitas vezes os efluentes originados do manuseio de reveladores e fixadores de radiografias, são lançados em corpos hídricos sem prévio tratamento, comprometendo a sua qualidade. Isso ocorre por falta de conhecimento dos próprios profissionais que manuseiam esses efluentes e por deficiência na fiscalização por parte dos órgãos reguladores. Como forma de subsidiar o conhecimento a respeito da disposição desse tipo de rejeito, o presente trabalho se propõe a realizar um levantamento quantitativo do volume gerado de solução reveladora e fixadora de radiografias na Rua Coronel Pedro Benedet, centro de Criciúma e a destinação das mesmas. Bem como, a avaliação do potencial tóxico destes resíduos, utilizando ensaios de toxicidade aguda em organismo bioindicador Daphnia magna, e ensaios de fitotoxicidade em organismo bioindicador Allium cepa L. 13 2 OBJETIVOS 2.1 Objetivo Geral Avaliar a toxicidade do efluente gerada pela utilização de revelador e fixador de radiografias, utilizando Daphnia magna e Allium cepa L. como organismos bioindicadores. 2.2 Objetivos Específicos • Efetuar um levantamento quantitativo do volume gerado de solução reveladora e fixadora de radiografias na Rua Coronel Pedro Benedet situado no bairro centro de Criciúma; • Identificar e descrever o destino atual dos efluentes de revelador e fixador de radiografias na Rua Coronel Pedro Benedet situado no bairro centro de Criciúma; • Determinar a toxicidade aguda em organismo bioindicador Daphnia magna exposto à solução reveladora e fixadora de radiografias; • Determinar a fitotoxicidade aguda em organismo bioindicador Allium cepa L. exposto à solução reveladora e fixadora de radiografias; 14 3 REFERENCIAL TEÓRICO 3.1 Processo Radiográfico Para um melhor entendimento do tema proposto no presente anteprojeto, faz-se necessário o estudo do processo radiográfico, cujos fundamentos básicos serão descritos a seguir. 3.1.1 Processamento Radiográfico A radiografia dentária é um dos procedimentos radiológicos mais freqüentes, embora as exposições à radiação pelos pacientes sejam baixas. As técnicas mais comuns envolvem filmes intra-orais que provêem uma imagem dos dentes superiores e inferiores juntos (radiografia bitewing) ou que demonstram toda a estrutura dentária, incluindo coroa e raiz (radiografia periapical). Não obstante, os baixos níveis relativos à exposição individual, a dose do paciente pode ser influenciada pelo equipamento e técnicas usadas na radiografia dentária (OLIVEIRA, 2006). O processamento radiográfico tem como objetivo tornar a imagem latente (virtual), existente no filme, em imagem visível e permanente. Isto acontece através de um conjunto de reações químicas entre a emulsão do filme e as soluções reveladoras e fixadoras (FREITAS, 1992 apud FONTÃO, 1997). Para a obtenção da imagem vários fatores podem influenciar no processamento: a) constituição da emulsão do filme; b) formação da imagem latente; c) soluções reveladoras e fixadoras; d) temperatura das soluções; e) lavagem; f) secagem e armazenamento dos filmes; e g) luzes de segurança. O controle destes fatores é de grande importância na manutenção da qualidade radiográfica (RUEGER; WARNER, 1981 apud FONTÃO, 1997). Os materiais radiográficos, em geral, são constituídos por um composto fotossensível, principalmente, a base de haletos de prata, que enegrece ao ser 15 exposta a luz. Esses haletos, agregados a uma gelatina, formam a emulsão fotossensível, na qual a imagem é formada. A emulsão é colocada sobre um suporte, denominado base, que é feito geralmente de um derivado de celulose, transparente e de cor levemente azulada. Uma característica dos filmes radiográficos é que possuem a emulsão em ambos os lados da base, ao contrário dos filmes fotográficos (ANDREUCCI, 2005). A Figura 1 mostra a estrutura de um filme radiográfico. Figura 1: Diferentes camadas que compõe um filme radiográfico. Fonte: (ANDREUCCI, 2005, p. 20) Segundo Andreucci (2005) a solução reveladora atua sobre esses cristais de brometo presentes na emulsão provocando uma reação de redução que resulta em prata metálica negra. Os locais do filme, atingidos por uma quantidade maior de radiação apresentarão, após a ação do revelador, um número maior de grãos negros que regiões atingidas por radiação de menor intensidade, dessa forma, quando vistos sob a ação de uma fonte de luz, os filmes apresentarão áreas mais escuras e mais claras que irão compor a imagem do objeto radiografado (Figura 2). 16 Figura 2: Filme radiográfico revelado. Fonte: (ANDREUCCI, 2005, p. 3) A imagem nos filmes radiográficos é formada por uma série de partículas muito pequenas de sais de prata, os quais invisíveis a olho nu (Figura 3). Entretanto, essas partículas se unem em massas relativamente grandes que podem ser vistas pelo olho humano ou com auxílio de pequeno aumento. Esse agrupamento das partículas de sais de prata da emulsão cria uma impressão chamada de “Granulação”. Todos os filmes apresentam o fenômeno de granulação. Por possuírem grãos maiores, os filmes mais rápidos apresentam uma granulação mais acentuada que os filmes lentos (ANDREUCCI, 2005). Quando os cristais de haleto de prata interagem com os fótons de raios X ou de luz, ocorre uma mudança física de modo a formar a imagem latente, invisível ao olho humano, e é definida pela quantidade de cristais que absorvem energia desses fótons. Essa imagem, para se tornar visível, precisa passar por um processo denominado redução, onde os haletos de prata sensibilizados são degradados e têm seus íons prata convertidos na forma neutra ou metálica (FERREIRA, 2007 apud KURPIEL, 2008). Assim aumentando, ou diminuindo a quantidade de prata no efluente onde será revelado, pois quanto mais cristais que absorvem energia dos fótons de raio-X ou de luz for sensibilizados, maior a concentração de prata no efluente. 17 Figura 3: Ampliação dos grãos de um filme radiográfico ainda não processado. (foto extraída do Livro da Kodak). Fonte: (ANDREUCCI, 2005, p. 20) 3.1.2 Métodos de processamento O processamento radiográfico pode ser feito manual ou automaticamente. O processamento manual é aquele realizado pelo profissional, em câmera escura ou em caixas de processamento portátil, seguindo os passos tradicionais: revelação, lavagem intermediária, fixação, lavagem final e secagem (Figura 4) (FREITAS, 1992 apud FONTÃO, 1997). 18 Figura 4: Procedimento da revelação de radiografias realizadas manualmente. Fonte: (ANDREUCCI, 2005, p. 23) O processamento manual pode ser realizado por meio de dois métodos: inspecional e temperatura/tempo. O método inspecional, considerado subjetivo, consiste em mergulhar o filme no revelador e removê-lo periodicamente para examiná-lo sob a luz vermelha. A inconveniência do método é a falta de padronização, o que leva a exames com imagens em que a comparação se torna difícil, devido há diferenças de densidade e contraste. Por outro lado, ele permite compensar problemas de sub e sobre-exposição e conseguir imagens com maior ou menor densidades, quando isto se torna necessário (ROSA, 1975 apud FONTÃO, 1997). No método temperatura/tempo, o tempo de revelação é calculado de acordo com a temperatura dos líquidos no momento do processamento. Na medida em que se aumenta a temperatura, diminui o tempo de revelação (FUCHS, 1976 apud FONTÃO, 1997). Segundo FONTÃO (1997), a diferenciação entre degradação e exaustão da solução foi estabelecida, pela primeira vez, por Tavano, em 1981, que conceituou exaustão como a perda da capacidade de revelação, apenas pelo número de filmes 19 revelados, sem a interferência de fatores como oxidação, contaminação, depleção e tempo de uso. Baratieri; Tavano; N. Filho (1984) analisaram o processo de exaustão do revelador e reforçador rápido Kodak para raios X. Este processo foi estudado através das modificações nas propriedades sensitométricas dos filmes e da análise subjetiva da qualidade fotográfica, realizada por 12 examinadores. Foram verificadas também, as modificações de pH e cor da solução durante o experimento. Utilizaram 304 filmes periapicais (DF 58) e um tanque especial com capacidade para 400 mL de solução reveladora em uma seqüência de 15 processamentos padronizados, efetuados em um período de 8 horas. Concluíram assim, que a solução em teste não apresentou um comportamento uniforme, pois sua atividade aumentou e atingiu seu ponto máximo no 11o processamento, quando então passou a decrescer, sem que tivesse ocorrido, durante o experimento, prejuízo à qualidade fotográfica. Os filmes quando mergulhados no revelador e ai permanecerem, sem nenhuma agitação, a óxido-redução será iniciada, mas logo se retardará, pois haverá uma exaustão dos agentes reveladores. Se o material for agitado, novas proporções de revelador ativo virão tomar o lugar daqueles já exaustos e a atividade da revelação permanecerá constante, com o mesmo índice de atividade. Recomenda Leite (1996), ao contrário dos próprios fabricantes, agitação constante, em todas as etapas do processo. Há um bom método para monitorar a exaustão da solução fixadora. Separa-se em um copo graduado transparente uma pequena quantidade da solução a ser examinada. Em seguida, acrescentam-se algumas gotas de iodeto de potássio a 10% e agita-se a solução. Caso a turvação leitosa (formação de iodeto de prata) desapareça, o fixador ainda pode ser usado. Persistindo a turvação, o fixador está esgotado, devendo, portanto, ser substituído. Na pesquisa, a atividade do novo fixador, está balanceada para a atividade do revelador, onde o desgaste de ambos está quimicamente sincronizado (LEITE, 1996). Silveira; Alvares; Tavano (1986) determinaram o comportamento e degradação da solução Kodak para raios X (líquido concentrado), utilizada como revelador rápido (30 C. /1 minuto), comparando-a com o processamento das películas radiográficas periapicais pelo método de revelação temperatura/tempo (20 C. /5minutos). O estudo da degradação dessa solução foi realizado tomando como norma à revelação a 30 C./1 minuto, durante o período de 62 dias. Concluíram que a 20 melhor combinação temperatura-tempo para trabalhar com o revelador Kodak para Radiografias (líquido concentrado), usado como solução rápida é 30.C/ 1 minuto. Entretanto sua degradação é mais curta em 56 dias, o recomendado é de 75 dias. 3.1.3 Soluções de Processamento As soluções de processamento podem ser revelador e fixador e, dentre as mais utilizadas, encontra-se a Kodak Dental® para raios X que são adquiridas de forma pronta para o uso (FONTÃO, 1997). Conforme PISTÓIA et al (2004 apud KURPIEL, 2008) os componentes de um revelador de raios-x, são os agentes redutores (hidroquinona), um alcalinizante ou acelerador (carbonato de sódio/ hidróxido de sódio/carbonato de potássio/hidróxido de potássio) e um preservativo ou antioxidante (sulfito de sódio). A hidroquinona, como agente revelador, requer uma solução fortemente alcalina para agir, pH de pelo menos 9. Por isso tem-se a presença do carbonato de potássio (pH alcalino), que possibilita o amolecimento mais rápido da gelatina, absorvendo mais rapidamente a solução reveladora. A combinação da hidroquinona com o carbonato de sódio resulta em revelador de alta atividade (PISTÓIA et al.,2004 apud KURPIEL, 2008). O sulfito de sódio (antioxidante) mantém o pH da solução, e previne a oxidação pelo contato com o ar, mantendo a vida útil da solução e evitando a sua descoloração (PISTÓIA et al.,2004 apud KURPIEL, 2008). Para a lavagem intermediária entre a revelação e a fixação, utiliza-se água limpa com volume e por tempo adequados. A lavagem final é realizada em água corrente em tanque de processamento com capacidade e velocidade de troca de seis vezes por hora; durante, no mínimo, 20 minutos (FONTÃO, 1997). Após a revelação, a gelatina amolecida da emulsão encontra-se saturada com o revelador (PISTÓIA et al., 2004 apud KURPIEL, 2008), fazendo com que a reação de revelação continue ocorrendo. O banho remove o revelador residual, interrompendo essa reação, evitando uma revelação desigual e ainda a ocorrência de manchas no filme (ANDREUCCI, 2005). 21 Esse banho também tem a função de não permitir que o revelador seja conduzido ao fixador neutralizando-o, pois o primeiro é alcalino e o último é uma solução ácida (PISTÓIA et al., 2004 apud KURPIEL, 2008). A água do banho é contaminada com os produtos químicos do revelador, sendo esta constantemente drenada (BORTOLETTO, et al. 2005). Por fim, segue-se a etapa de fixação, onde a solução fixadora tem função remover da emulsão os cristais não revelados por dissolução, uma vez que a presença desses cristais deixa a imagem radiográfica opaca, sem condições de interpretação, além de favorecer o endurecimento da emulsão gelatinosa, para dar resistência à radiografia, facilitando sua manipulação (PISTÓIA et al., 2004 apud KURPIEL, 2008). O intervalo de tempo entre o início da fixação até o desaparecimento da coloração amarela-esbranquiçada que se forma sobre o filme, é denominado de tempo de ajuste ou tempo de definição. Nesse tempo, a solução fixadora estará dissolvendo os haletos de prata não revelados, o qual não deve exceder a 15 minutos (ANDREUCCI, 2005). Na etapa seguinte, o filme fixado é imerso em água corrente de modo que toda superfície fique em contato constante com a mesma (ANDREUCCI, 2005). O objetivo desse procedimento é remover os produtos químicos remanescentes das soluções previamente utilizadas, assim como os sais de prata resultantes da dissolução no processo de fixação, evitando que permaneçam no filme, ocasionando futuras oxidações, tornando as radiografias amareladas (PISTÓIA et al., 2004 apud KURPIEL, 2008). Por fim, procede-se a secagem dos filmes a qual deve ocorrer em ambiente isento de poeira, a temperatura ambiente ou em secadoras próprias (PISTÓIA et al., 2004 apud KURPIEL, 2008). A etapa de revelação torna visível a prata sensibilizada pelos raios X, e logo após, a etapa de fixação remove a prata não sensibilizada. A etapa de enxágüe é necessária para a retirada de excessos de revelador e fixador, pois estes podem prejudicar a qualidade da radiografia. Efluentes típicos de processos de revelação de raios X são caracterizados por elevados valores de DQO em torno de 200 g/L. Estes efluentes não contêm somente os componentes iniciais do revelador fotográfico, mas também uma variedade de substâncias resultantes de reações químicas dos agentes reveladores com a prata, oxigênio e outros componentes presentes. Os 22 efluentes gerados no processo de revelação de radiografias contém prata, a qual pode ser recuperada, uma vez que este metal é um elemento com risco de escassez e possui elevado valor de mercado (BORTOLETTO, et al. 2005). A solução de fixador contém tiosulfato, sulfito de sódio e isotiazolonas, que são grandes consumidores de oxigênio, sendo o tiosulfato o mais nocivo, tendo em vista suas propriedades e sua alta concentração. Ele é o responsável tanto pela alta DQO, da ordem de 55 g O2/L, aproximadamente 280 vezes o limite estabelecido na legislação, quanto como complexante para diversos metais pesados, favorecendo a dissolução de compostos metálicos, mantendo-os em solução, como prata, cobre, zinco, cádmio e mercúrio, por exemplo (FERNANDES, et al. 2005). Para Fernandes et al. (2005) a solução de revelador usada contém compostos aromáticos fenólicos (hidroquinona/quinona), sais de aminoácidos e pH alto, fora do intervalo permitido (de 5 a 9). A sua DQO é alta, cerca de 3.800 mg O2/L, cerca de 20 vezes o limite máximo que a legislação permite para o descarte. A água resultante da lavagem também constitui um componente do efluente que contém todos os compostos do revelador, do fixador e de seus produtos de reação, o que também a torna carente de tratamento antes de ser lançada na rede de esgotos. Estudos de caracterização físico-químico de revelador e fixador relatados por Bortolleto et al. (2005) são apresentados na Tabela 1, mostram que os efluentes são, de maneira geral, bastante poluentes. O revelador, apresentou o pH de 10,9, ou seja, não se apresenta de acordo com a Resolução n° 357/05 do CONAMA (pH de 5 a 9). Outras características como DQO, cor, turbidez, sulfatos, também se mostram fora dos padrões. No fixador a prata apresentou um valor, em torno de 1024 mg/L, ultrapassando o limite estabelecido pelo CONAMA (0,1 mg/L). O valor do pH também não se enquadrou na resolução, a concentração de matéria orgânica determinada pela DQO, e as concentrações de sulfatos, apresentam valores elevados. O autor sugere que devido à alta concentração de prata no fixador, podese recuperar e comercializar, agregando valor ao efluente. 23 Tabela 1: Principais características físico-químicas do revelador e fixador. Fonte: (BORTOLLETO, 2005 3p.) Parâmetros pH Cor (mg/L Pt Co) Turbidez (FAU) DQO (mg O2 /L) Sulfatos (mg/L) Prata (mg/L) Alumínio (mg/L) Sódio (mg/L) Potássio (mg/L) Cálcio (mg/L) Obs.: ND=Não Detectado Revelador 10,9 387 46 68250 10815 2 ND 12466 22008 69,8 Fixador 4,4 22 5 97900 12975 1024 643,5 4232 846,2 100,1 Ribeiro; Silva (2008) aplicaram métodos físico-químicos de precipitação e filtração para o tratamento de resíduos líquidos gerados da revelação das imagens produzidas em aparelho de raio-x de uma determinada clínica de Radiologia, localizada em Goiânia. Realizou-se a avaliação da eficiência de remoção de DQO. Foi avaliado inicialmente apenas o parâmetro DQO, cuja eficiência de remoção final foi de 93,9 a 97,7%. Ressalta-se a necessidade de estudo mais aprofundados ampliando-se o número de variáveis de controle além de DQO e pH, metais pesados, sólidos totais, sólidos sedimentáveis. 3.2 Resíduos potencialmente tóxicos gerados no processamento radiográfico Na revelação de filmes de raio-X é gerado um efluente que é um grave problema ambiental uma vez que as soluções utilizadas neste processo, denominadas solução reveladora e fixadora e a água residual, contém uma série de compostos orgânicos e inorgânicos, os quais podem apresentar características tóxicas ao meio ambiente quando descartados de forma inadequada. As tecnologias convencionais de tratamento, muitas vezes, não são capazes de remover poluentes orgânicos de elevada toxicidade (UES, 2008). Conforme Pistóia et al. (2004 apud KURPIEL, 2008) os componentes, de um revelador de radiografias, são os agentes redutores (metol/hidroquinona), um 24 alcalinizante ou acelerador (carbonato de sódio/ hidróxido de sódio/carbonato de potássio/hidróxido de potássio) e um preservativo ou antioxidante (sulfito de sódio). Os compostos presentes nos efluentes gerados no processo radiográfico podem provocar efeitos tóxicos. O organismo humano, quando exposto a hidroquinona, pode desenvolver processo cancerígeno e mutagênico (VARAGNAT, 1981 apud GANESH, 2000). Tem-se demonstrado experimentalmente que os produtos de biotransformação do benzeno, entre os quais os compostos fenólicos hidroquinona (HQ) e fenol (FE), são os responsáveis pela neurotoxicidade, hematotoxicidade e imunossupressão observada em casos de intoxicações (ROTHMAN et al., 1996 apud GANESH, 2000). A substância hidroquinona é uma substância nociva por ingestão, considerado muito tóxico para o meio ambiente, havendo possibilidade de uma ação mutagênica em seres humanos. Muito tóxico para organismos aquáticos, podendo ser possível a formação de misturas nocivas com a água, tendo perigo para a água potável. Toxicidade em Daphnia magna: CE50 = 0.29 mg/L /48 h (VETEC, 2005). Na FISPQ do produto pela empresa Kodak o assunto sobre hidroquinona é contraditório a FISPQ da empresa Vetec, pois diz que o conteúdo Hidroquinona não tem evidências suficientes para classificar como substância carcinogênica ou mutagênica com suspeita em humanos. Adiciona comentando que não foram observados aumentos de taxas de câncer em estudo epidemiológico que observou a mortalidade entre mais de 800 pessoas empregadas basicamente na produção de hidroquinona, e afirma que estudos de carcinogenicidade em animais não foram conclusivos. A Agência Internacional para Pesquisa de Câncer (IARC) classificou a hidroquinona no Grupo 3, isto é, "não classificável" como carcinogênico comenta a empresa Kodak, e conclui que a hidroquinona é geralmente negativa em testes de mutagenicidade bacteriana tendo evidências de elastogenicidade (quebra de cromossomos) da hidroquinona in vivo e in vitro, os efeitos nos cromossomos em testes com animais para prever risco humano não está clara (KODAK a, 2010; KODAK c, 2010) O Dietilenoglicol pode causar danos renais e efeitos no sistema nervoso central após ingestão. A exposição oral repetida, para altas doses, pode causar danos ao fígado (KODAK b, 2010). O 4-hidroximetil-4-metil-1-fenil-3-pirazolidinona pode causar efeitos reprodutivos adversos como infertilidade baseado em dados com animais, por 25 ingestão repetida, verificou-se que uma substância presente neste produto pode causar efeitos reprodutivos adversos ao nível do sangue e testículos (KODAK b, 2010). A substância química ecol ( p-Metil Amino Fenol Sulfato ) (C14H20N2O6S) é um produto orgânico, ocorrendo na forma de cristais, solúvel em água, parcialmente solúvel em álcool e insolúvel em éter. O produto não é facilmente biodegradável. Apresenta ser muito tóxico para organismos aquáticos, podendo ocasionar efeitos negativos a longo prazo no ambiente aquático. A apresenta toxicidade em Daphnia magna: CE50 = 0.019 mg/L /96 h (VETEC f, 2010). O carbonato de sódio anidro (CNa2O3), é um produto inorgânico, ocorrendo na forma alcalina de cor branca, em forma de pó e inodoro. Proteger o meio ambiente evitando escapar para a canalização de águas residuais. A toxicidade em Daphnia magna CE50= 2350 mg/L /48 h. (VETEC d, 2005). O sulfito de sódio (Na2SO3) é um produto inorgânico, ocorrendo na forma de cristais incolores deliquescentes ou pó cristalino branco. Solúvel em água e insolúvel em álcool etílico/metílico. Pode reagir facilmente com ácidos liberando gases muito tóxicos. Substância nociva por ingestão e irritante aos olhos e pele. Em contato com ácidos libera gases muito tóxicos. Toxicidade em Daphnia magna: CE50 = 273 mg/L /48 h. (VETEC h, 2010). Apesar de ser moderadamente tóxico, o sulfito de sódio, em grande quantidade, pode promover reações asmáticas, depressão no sistema nervoso central, bronconstrição e anafilaxia. Alguns indivíduos são mais sensíveis a pequenas quantidades de sulfitos em alimentos e broncodilatadores. Os sintomas podem incluir broncoconstrição, choque, distúrbio gastrointestinal, angio edema, rubor e formigamento (TEVES, 2003). O fixador de radiografias é composto por tiossulfato de amônio (5-10 %), tiocianato de amônio (5-10 %), bissulfito de sódio (< 1 %), ácido bórico (< 1 %) e ácido acético (< 1 %) (KODAK c, 2010). O tiossulfato de amônio (H8N2O3S2) é um produto inorgânico, ocorrendo na forma de cristais brancos, é solúvel em água e insolúvel em éter e álcool. Informações ecológicas como efeitos ecotóxicos não estão disponíveis dados quantitativos sobre os efeitos ecológicos deste produto. Segundo o autor os sólidos insolúveis que se formem devem ser separados e enviados a aterro “classe 1” (VETEC j, 2010). 26 O tiocianato de amônio (CH4N2S) é um produto inorgânico, ocorrendo na forma de pó cristalino branco. Solúvel em água, álcool etílico, acetona e amônio. Substância pode ser nociva por inalação, ingestão e em contato com a pele, sensível à ação da luz e higroscópico, incompatível com diversos metais. Toxicidade nos peixes: Onchorhynchus mykiss LC50 >100 mg/L - Toxicidade em bactérias : Pseudomona.putida; CE10 = 8000 mg/L. É um produto biodegradável (VETEC i, 2010) O bissulfito de sódio (NaHSO3) é um produto inorgânico, ocorrendo na forma de cristais ou pó branco, solúvel em água e levemente solúvel em álcool etílico/metílico. (VETEC c, 2010). Pode causar reação alérgica em indivíduos sensíveis, especialmente asmáticos, Irritante e pode ser um tumorigena e mutagênica. Segundo o autor, os danos ao meio ambiente são compatíveis com os efeitos ao homem, comprometendo principalmente os animais (em grandes quantidades) O ácido bórico (H3BO3) é um produto inorgânico, ocorrendo na forma sólida na temperatura ambiente, de coloração branco cristalino. Solúveis em água (1g: 18 ml) e pouco solúvel em álcool etílico e glicerina. Deve-se evitar contato com a pele, os olhos e vias respiratórias, não ingerir. A toxicidade em Daphnia magna CE50 = 133 mg/L /48h. (VETEC b, 2010). O uso de ácido bórico em ratos machos para ensaio de laboratório foi capaz de promover alterações na quantidade e mobilidade dos espermatozóides, além de necrose de células germinativas (ALVES, et al. 2007). O ácido acético (C2H4O2) é um produto orgânico, ocorrendo na forma líquida e não viscosa na temperatura ambiente, é praticamente incolor, com odor típico, possui solubilidade em água, álcool etílico, glicerol e éter, e insolúveis em dissulfeto de carbono. As informações toxicológicas do produto relatam queimaduras em pele e olhos de coelhos, irritação nas vias respiratórias, pneumonia, bronquite, choque, falência cardiovascular e acidose. O ácido acético apresenta ser fácilmente biodegradável, contudo tem efeito prejudicial nos organismos aquáticos, devido à mudança do pH. Apresenta toxicidade em Daphnia magna CE50 = 47 mg/L /24 h (VETEC a, 2010). Conforme Marschner (1995 apud SCHMIDT, et al. 2010) o ácido acético altera a composição de ácidos orgânicos das membranas das células das raízes em vegetal, pela diminuição da proporção de ácidos poliinsaturados 27 Armstrong; Armstrong (2001 apud SCHMIDT, 2010) argumentam que esta alteração causa injúria ás membranas, fazendo com que aumente a perda de solutos pela raiz. Muitos processos fisiológicos das plantas incluindo a aeração interna, o transporte vascular, a fotossíntese, a respiração e a integridade da membrana celular são afetados pela presença de ácido acético. Ao final do processamento do filme, tem-se a geração de três efluentes: revelador e fixador após utilizados e a água residual. O revelador após utilização contém elevado teor de DQO, fenóis totais, além de uma variedade de componentes resultantes da reação química do agente de revelação com os haletos de prata, oxigênio e outros componentes presentes. O fixador depois de utilizado contém elevado teor de prata, na forma de complexo de tiossulfato de prata com carga negativa ([Ag(S2O3)2]-3), DQO e fenóis totais. A água residual contém uma baixa concentração de tiossulfato de prata (proveniente da etapa de enxágue pós-fixação) e compostos fenólicos. O efluente fixador e a água de enxágue gerada no processo de fixação contêm prata na forma de complexo negativo de tiossulfato de prata (BORTOLETTO et al, 2007). Tendo em vista que algumas substâncias usadas nos componentes de revelador e fixador são tóxicas, acrescenta-se que a presença da prata pode aumentar essa toxicidade. No ambiente a prata iônica atua como um inibidor enzimático, interferindo no processo metabólico dos organismos (PETHKAR; PAKNIKAR, 2003). A legislação brasileira vigente, resolução nº 357/05 do CONAMA, determina o limite de prata em efluentes para lançamento em corpos receptores hídricos em 0,1 mg/L de prata. No processo radiográfico são gerados resíduos os quais necessitam de seu gerenciamento. Neste contexto é que serão descritos a seguir os principais temas associados ao gerenciamento de resíduos de serviço de saúde. 28 3.3 GERENCIAMENTO DE RESÍDUOS 3.3.1 Definição de Resíduos NBR 10004 (2004) define resíduos sólidos como resíduos nos estados sólidos ou semi-sólidos que resultam tanto de atividades domésticas como comerciais, de serviços de varrição, agrícola, hospitalar e industrial. Fazem parte também os lodos provenientes de estações de tratamento de água, esgotos domésticos e industriais, bem como determinados líquidos cujas particularidades tornem inviável seu lançamento na rede pública de esgoto ou em corpos de água, ou exijam, para isso, soluções técnicas e economicamente inviáveis em face da melhor tecnologia disponível. 3.3.2 Origem A origem é o principal elemento para a caracterização dos resíduos. Eles podem ser agrupados como: domiciliar, comercial, público, serviços de saúde e hospitalares, portos, aeroportos e terminais rodoviários e ferroviários, industrial, agrícola ou entulho (TENÓRIO; ESPINOSA, 2004). 3.3.3 Os Resíduos Sólidos de serviços de saúde O nome dado a Resíduos Sólidos de Serviços de Saúde (RSSS) foi considerado, como um termo apropriado e abrangente, considerando os resíduos dos mais diversos estabelecimentos de assistência à saúde, alem dos hospitais. A associação Brasileira de Normas Técnica – ABNT – adotou essa denominação para as normas brasileiras de terminologia, classificação, manuseio e coleta de resíduos de serviço de saúde, os quais foram definidos como os resíduos resultantes das 29 atividades exercidas por estabelecimentos prestadores de serviço de saúde. Esta é, portanto a denominação que melhor se adapta a realidade do problema, abrangendo os resíduos provenientes das mais diversas fontes, a exemplo de hospitais, clínicas médicas, clínicas veterinárias, clínicas odontológicas, farmácias, ambulatórios, posto de saúde, laboratórios de análises clínicas, laboratórios de análises de alimentos, laboratórios de pesquisa, consultórios médicos e odontológicos, empresas de biotecnologias, casas de repouso e casas funerárias, entre outros conforme resolução CONAMA nº 358/2005(BRASIL, 2005) Apesar de estar sendo tratada há décadas a problemática dos resíduos de serviço de saúde, o gerenciamento efetivo dos mesmos é uma opção de um melhor entendimento e seu destino adequado (SCHNEIDER, 2004). Segundo a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) RDC nº 306 de 2004 e a resolução CONAMA nº 358 de 29 de abril de 2005 os Resíduos de Serviços de Saúde são todos aqueles relacionados com o atendimento à saúde humana ou animal, inclusive os serviços de assistência domiciliar e de trabalhos de campo; laboratórios analíticos de produtos para saúde; necrotérios, funerárias e serviços onde se realizem atividades de embalsamento (tanatopraxia e somatoconservação); serviços de medicina legal; drogarias e farmácias inclusive as de manipulação, estabelecimentos de ensino e pesquisa na área de saúde; centros de controle de zoonoses; distribuidores de produtos farmacêuticos, importadores e produtores de matérias e controles para diagnóstico in vitro; unidades móveis de atendimento à saúde; serviços de acupuntura; serviços de tatuagem dentre outros similares, que por suas características, necessitam de processos diferenciados em seu manejo, exigindo ou não tratamento prévio a sua disposição final. A resolução RDC n.º 306 de 07 de dezembro de 2004 da ANVISA dispõe sobre o regulamento técnico para o gerenciamento de resíduos de serviços de saúde, incluindo os efluentes líquidos provenientes do processo de revelação de filmes usados em raios-X. Assim, geradores destes resíduos devem atender esta resolução, e de alguma forma, tentar minimizar ao máximo o impacto ambiental causado por estes efluentes. Em seu art. 6º capítulo XI diz que: Os reveladores utilizados em radiologia podem ser submetidos a processo de neutralização para alcançarem pH entre 7 e 9, sendo posteriormente lançados na rede coletora de esgoto ou em corpo receptor, desde que atendam as diretrizes estabelecidas pelos órgãos ambientais, gestores de 30 recursos hídricos e de saneamento competentes. Os fixadores usados em radiologia podem ser submetidos a processo de recuperação da prata ou então serem submetidos ao constante do item 11.16. 11.16- Os demais resíduos sólidos contendo metais pesados podem ser encaminhados a Aterro de Resíduos Perigosos-Classe I ou serem submetidos a tratamento de acordo com as orientações do órgão local de meio ambiente, em instalações licenciadas para este fim. Os resíduos líquidos deste grupo devem seguir orientações específicas dos órgãos ambientais locais (ANVISA, 2004) Assim como a Portaria nº 017/02 – FATMA de 18 de abril de 2002 que estabelece os limites máximos de toxidade aguda para efluentes de diferentes origens e dá outras providências. Define no Art 1º que: As substâncias existentes no efluente não poderão causar ou possuir potencial causador de efeitos tóxicos capazes de provocar alterações no comportamento e fisiologia dos organismos aquáticos presentes no corpo receptor (FATMA, 2002). Os padrões estabelecidos pela portaria da FATMA n° 017/02, quanto ao limite Maximo de toxicidade aguda para Daphnia magna nas atividades do setor químico na subcategoria Produtos químicos não especificados ou não classificados é de (FDd) 1:2 (50%), as outras atividades não mencionadas é de (FDd) 1:8 (12,5%), não podendo ser excedido, pois acima desse fator, o mesmo é considerado tóxico. Segundo a Resolução CONAMA 357/2005 que dispõe sobre a classificação dos corpos de água e diretrizes ambientais para o seu enquadramento, bem como estabelece as condições e padrões de lançamento de efluentes, e dá outra providências, determina que o limite para lançamento de prata seja de 0,1 mg/L. Em relação ao lançamento de tiocianato não faz menção a esse composto diretamente, e sim por meio de suas moléculas formadoras, sendo que de cianeto (CN-) total o limite é de 0,2 mg/L e de sulfeto (S-2) é 1,0 mg/L. Conforme Fernandes et al.(2005) apesar de ser clara a legislação quanto à conseqüência da infração, os efluentes e os resíduos gerados pelos serviços de diagnóstico por imagem seguem em geral os seguintes caminhos: algumas instituições lançam tanto os efluentes (soluções de fixador, de revelador e de água de lavagem) quanto os resíduos (filmes radiográficos) no meio ambiente, sem 31 nenhum tratamento adequado. Em face da dificuldade atual em alterar o processo de revelação de filmes radiográficos por meio de novos produtos, processos ou técnicas menos poluentes, a opção restante para sua otimização ambiental consiste em interferir em seu final através de uma estação de tratamento dos efluentes. Embora poluente, se tratado apropriadamente, o fixador poderá se tornar um insumo que gera receita e economia ao serviço, por ser reutilizado. Thunthy (1990) relata que centenas de radiografias são realizadas diariamente nos consultórios dentários, e não há um controle da quantidade da prata contida nos filmes e na solução fixadora que são, sem precedentes, lançados no lixo e na rede sanitária, respectivamente. Os filmes que vão para o lixo comum, na maioria das vezes, são os rejeitos, ou seja, aqueles que são repetidos ou que são considerados velhos sem motivo útil. O que preocupa são as reações que ocorrem no meio ambiente, pois os íons de prata livres atuam como enzimas inibidoras, interferindo nos processos metabólicos dos organismos. 3.3.4. Gerenciamento Integrado de Resíduos O gerenciamento integrado de resíduos são instrumentos e técnicas aplicados pelos municípios para aumentar a eficiência de cada instrumento de manejo, além de utilizar ao máximo os potenciais dos resíduos em relação à sua reutilização e reciclagem. Do ponto de vista ambiental, simples ação de coleta, transbordo e disposição em aterros sanitários, são a forma mais barata de gerenciamento. Sistemas mais complexos envolvem o aproveitamento dos resíduos através de coleta seletiva e usinas de reciclagem para os resíduos classificados como inorgânicos o tratamentos como compostagem, biodigestão e aproveitamento energético para resíduos orgânicos; e, incineração, como forma do aumento da vida útil dos aterros (TENÓRIO; ESPINOSA, 2004). Todas as estratégias de gerenciamento implicam em um custo por tonelada maior que o da simples fase coleta-transbordo-aterro. Apesar de ser a forma mais barata de destinação, a simples disposição em aterros sanitários gera um desperdício de energia e matéria-prima, além do elevado volume de materiais a serem depositados. Assim, com a escassez de locais para instalação de novos 32 aterros sanitários há a necessidade de novos sistemas de gerenciamento dos resíduos, diminuindo, portanto, a utilização de aterros. O gerenciamento integrado é constituído por sistemas de estocagem, coleta, tratamento e disposição final, ligados entre si para oferecer o melhor custo-benefício para a gestão dos resíduos (TENÓRIO; ESPINOSA, 2004). Para Tenório; Espinosa (2004, p.201) “o compromisso com o desenvolvimento sustentável (que é uma questão de gestão, ou seja, está acima do gerenciamento) deve ser perseguido. Além disso, a valorização dos resíduos sólidos significa também a valorização do cidadão.” 3.3.5 Plano de Gerenciamento de Resíduos de Serviço de Saúde Segundo Schneider et al.(2004) a proposta fundamental de se formular e aplicar um plano de gerenciamento de RSSS dentro de um estabelecimento é o de reduzir os riscos para a saúde da população atendida, decorrentes do manejo de diferentes tipos de resíduos gerados, especialmente aqueles que apresentam caráter infeccioso ou por suas propriedades físicas e/ou químicas, representam um alto grau de periculosidade. O plano de gerenciamento deve ter as características do estabelecimento aonde será implantado e com a regulamentação e normas vigentes. O plano de gerenciamento interno de RSSS na sua elaboração pode ser facilitado considerando alguns aspectos como: • Quantificação e classificação dos resíduos gerados, assim como as normas de periculosidade de cada resíduo, de acordo com as normas vigentes ou padrão interno, com a maior precisão que poder. • Seleção das alternativas técnicas e procedimentos para o gerenciamento interno bem como acondicionamento, separação interna, tratamento e disposição final, com os respectivos responsáveis para cada etapa. • Elaboração de um plano de emergência que adote, por exemplo, situações como: derramamento de líquidos infecciosos, ruptura de bolsas plásticas e recipientes, falhas de equipamentos e entre outros. • Elaboração de programas de treinamento e capacitação contínuo, para funcionários, responsáveis e geradores. 33 • Elaboração de normas e procedimentos para cada etapa. • Apresentação da proposta de implementação e funcionamento do plano de gerenciamento às autoridades. • Interagir com as comissões de prevenção e controle de infecções bom como a implantação de sistema de educação permanente. • Implementação de programas de fiscalização interna. O Plano de gerenciamento de RSSS deve atender as disposições da resolução RDC n.º 306 da ANVISA (2004) que dispõe sobre o regulamento técnico para o gerenciamento de resíduos de serviços de saúde, bem como a resolução CONAMA 358/05, que apresenta um roteiro que preceitua os itens necessários, são eles: geração, segregação, acondicionamento, coleta, armazenamento, transporte, reciclagem, tratamento e disposição final, bem como a proteção à saúde pública e ao meio ambiente (Figura 5); GERAÇÃO CLASSIFICAÇÃO SEGREGAÇÃO MINIMIZAÇÃO Reciclagem ACONDICIONAMENTO COLETA ARMAZENAMENTO Armazenamento interno Armazenamento externo TRANSPORTE RECICLAGEM TRATAMENTO DISPOSIÇÃO FINAL Figura 5: Fluxograma dos procedimento do plano de gerenciamento de resíduos sólidos de serviço de saúde. Fonte: Elaborado pela autora com base na resolução CONAMA 358/05. 34 3.3.5.1 Roteiro do Plano de gerenciamento de Resíduos Sólidos de Serviços de Saúde • CLASSIFICAÇÃO Os resíduos em geral podem ser classificados como perigosos, não perigosos, não inertes e inertes conforme é definido na NBR 10004/2004. Portanto para uma melhor subdivisão dos resíduos de serviço de saúde a resolução do CONAMA nº 358/05 adotou uma classificação para os resíduos sólidos de serviço de saúde em cinco grandes grupos, são eles: 1 - GRUPO A: Resíduos com a possível presença de agentes biológicos que, por suas características de maior virulência ou concentração, podem apresentar risco de infecção. 2 - GRUPO B: Resíduos contendo substâncias químicas que podem apresentar risco à saúde pública ou ao meio ambiente, dependendo de suas características de inflamabilidade, corrosividade, reatividade e toxicidade. 3 - GRUPO C: Quaisquer materiais resultantes de atividades humanas que contenham radionuclídeos em quantidades superiores aos limites de eliminação especificados nas normas da Comissão Nacional de Energia Nuclear-CNEN e para os quais a reutilização é imprópria ou não prevista. 4 - GRUPO D: Resíduos que não apresentem risco biológico, químico ou radiológico à saúde ou ao meio ambiente, podendo ser equiparados aos resíduos domiciliares. 5 - GRUPO E: Materiais perfurocortantes ou escarificantes, tais como: lâminas de barbear, agulhas, escalpes, ampolas de vidro, brocas, limas endodônticas, pontas diamantadas, lâminas de bisturi, lancetas; tubos capilares; micropipetas; lâminas e lamínulas; espátulas; e todos os utensílios de vidro quebrado no laboratório (pipetas, tubos de coleta sanguínea e placas de Petri) e outros similares(CONAMA , 2005). Os resíduos químicos perigosos, segundo a NBR 12808/93 requerem soluções que compatibilizam a minimização do risco e o tratamento, de acordo com a NBR 10004/2004 a definição de periculosidade abrange características de toxicidade, corrosividade, explosividade, reatividade, genotoxicidade e mutagenicidade. O gerenciamento desses produtos, segundo a NBR 12980/1993 deve considerar: sempre que possível, a reciclagem ou a substituição por outro produto; embalagem em recipiente rotulado, contendo indicação do conteúdo, volume, identificação por simbologia própria: O órgão de controle ambiental é reconhecido como autoridade responsável para opinar sobre o gerenciamento adequado desses resíduos (SCHNEIDER, et al. 2004). 35 • GERAÇÃO As principais causas do crescimento progressivo da taxa de geração de RSSS é o continuo crescimento da complexidade da atenção médica e o uso crescente de material descartável. Por outro lado, para o Ministério da Saúde a população brasileira está se concentrando cada vez mais em áreas urbanizadas, a expectativa média de vida do brasileiro vem crescendo ano a ano. E o conseqüente aumento significativo na geração de RSSS. O aumento da população exige a oferta de serviços de saúde, e diversos tipos de especialidades. Depende de cada hospital e de cada hábito o procedimento que o profissional de saúde adota quanto à geração que terá menos ou mais resíduos (SCHNEIDER, 2004). • SEGREGAÇÃO Ao segregar o resíduo podemos reciclar. A matéria prima, uma vez transformada em produto, segue a via de consumo e, enquanto útil, permanece nesse ciclo. Uma vez perdida sua utilidade, é descartada com resíduo. Embora não tendo mais utilidade naquele ponto do sistema, pode ser passível de reutilização, a exemplo dos vidros, dos produtos celulósicos, dos metais e dos plásticos. A recuperação desses materiais pode levar a uma recuperação de matéria e energia, contribuindo com a preservação dos recursos naturais (SCHNEIDER, 2004). A segregação é a ferramenta de gestão utilizada para evitar a mistura e o aumento de volume dos resíduos com maior potencial de risco (SCHNEIDER, 2004). A norma NBR 12807/93 define segregação como sendo a “operação de separação dos resíduos no momento da geração, em função de uma classificação previamente adotada para esses resíduos”. Segundo SCHNEIDER (2004) a segregação reduz a quantidade de resíduos que requer cuidados especiais, pois os resíduos infectantes, mesmo em pequena quantidade, quando não são separados, acabam por comprometer a massa total de resíduos, sendo necessário tratar o todo como resíduo infectante. A separação dos resíduos perfurocortantes em recipientes rígidos é um exemplo. • MINIMIZAÇÃO Na sua geração os RSSS necessitam de uma segregação correta para que não haja contaminação de possíveis materiais a serem dispostos contudo minimização dos resíduos consiste na economia dos materiais (SCHNEIDER, 2004). 36 Segundo Schneider (2004) o tema Minimização de resíduos significa redução, na extensão em que pode ser aplicada, da geração de resíduos perigosos, antes mesmo da fase de tratamento, armazenamento ou disposição, incluindo-se qualquer redução de resíduo na fonte geradora ou atividade de clonagem que resultem em: redução do volume total da quantidade de resíduos perigosos; redução da toxicidade do resíduo; ou ambas, contanto que tal redução seja consistente com o objetivo de minimizar os danos presentes e futuros à saúde humana e ao meio ambiente. Uma opção para minimizar é a reciclagem, que por sua vez traz muitos benefícios principalmente aumentar a vida útil dos aterros, gerar renda a outros trabalhadores, aumentar a vida útil dos recursos naturais entre outras. Vilhena; D’almeida (2000, p.81), afirmam que “reciclagem é o resultado de uma série de atividades, pela quais materiais se tornariam lixo, ou estão no lixo, são desviados, coletados, separados e processados para serem usados como matériaprima na manufatura de novos produtos”. Tenório; Espinosa (2004) comenta que ao contrario do que intuitivamente se poderia acreditar, os custos do programa de coleta seletiva não são cobertos pelos custos das vendas dos produtos, o que observa-se em todo o mundo. O custo líquido do processo de coleta seletiva por tonelada é maior que o custo do simples aterramento do resíduo. Conseqüentemente, a decisão de adotar um determinado programa de coleta é uma questão mais de gestão de resíduos do que de gerenciamento, cabendo a comunidade investir mais ou menos na valorização dos resíduos e da cidadania, fazendo um balanço entre a possibilidade financeira e os benefícios do ponto de vista de sustentabilidade e cidadania. A reciclagem é importante na medida em que se preservam os recursos minerais e energéticos, fatores fundamentais para o desenvolvimento sustentável. • ACONDICIONAMENTO No momento de sua geração o acondicionamento deve ser executado, no seu local de origem ou próximo, em recipientes adequados ao tipo, quantidade e características, para um melhor manuseio desses e uma melhor proteção dos profissionais encarregados da coleta e da remoção. Isso evita a exposição, bem como permite a identificação dos que requerem cuidados especiais, diminuindo riscos de contaminação (SCHNEIDER, 2004). 37 • COLETA O planejamento do sistema de coleta e transporte do lixo urbano deve ser feito com qualidade e produtividade com o mínimo custo. Para que se faça o planejamento da coleta num estabelecimento, são necessárias algumas informações: características do estabelecimento; possibilidades financeiras; capacidade do órgão que prestará serviço, para que assim se decida qual a freqüência da coleta na semana (diária, duas ou três vezes), o horário (verificando as vantagens e desvantagens de ambos) e o tipo de coleta. Na NBR 12980 (1993), os serviços de coleta de resíduos são classificados como estabelecimentos comerciais, indústrias, cujos volumes e características sejam compatíveis com a legislação do município vigente; Coleta de resíduos de serviços e saúde, englobando hospitais, ambulatórios, postos de saúde, laboratórios, farmácias, clínicas veterinárias. Nos estabelecimentos que tem a coleta de resíduos de serviço de saúde pode ser dividida em duas etapas a coleta interna e a coleta externa. A coleta interna é aquela realizada dentro da unidade, e consiste no recolhimento do lixo das lixeiras, no fechamento do saco e no seu transporte até a sala de resíduos ou expurgo. Os sacos e as lixeiras devem ter capacidade de acordo com a demanda e o número previsto de coletas. A coleta externa consiste no recolhimento dos RSSS armazenados nas unidades a serem transportados para o tratamento ou para a disposição final (SCHNEIDER, 2004). • ARMAZENAMENTO O armazenamento depende do porte do estabelecimento, podendo haver necessidade de dois tipos de abrigo para armazenamento dos resíduos: um na unidade geradora, e outro onde os resíduos ficam estocados aguardando coleta externa. Os dois tipos de abrigo têm suas características definidas na NBR 12808/93. • TRANSPORTE Novaes (1994 apud Parra et al., 2000. p.45) relata que o planejamento do transporte se faz necessitando conhecer os seguintes elementos para o seu planejamento: fluxos nas diversas ligações da rede, níveis de serviço atual, nível de 38 serviço desejado, características ou parâmetros sobre a carga, e tipos de equipamentos disponíveis e suas características (capacidade, fabricante, etc.). Parra et al. (2000, p.46) dizem que “para que o sistema de coleta e transporte funcione de maneira otimizada, é necessário o fluxo permanente de informações que subsidiem seu planejamento e gerenciamento”. • TRATAMENTO As técnicas de tratamentos dos RSS surgiram de acordo com cada necessidade, sendo que, em determinadas situações, aparecem soluções mistas. Contudo surgiram diferentes técnicas de tratamento como, por exemplo, a desinfecção e os incineradores. A escolha da melhor técnica a ser adotada para o tratamento dos RSS varia segundo o potencial de risco, a realidade do país ou da região, os recursos econômicos e naturais, e a população, entre outros fatores a serem analisados (SCHNEIDER, 2004). Desinfecção: Segundo Schneider (2004) é o processo que elimina a maioria ou todos os microorganismos patogênicos exceto os esporos bacterianos de superfícies inanimadas. Dessa forma, o risco biológico não é totalmente eliminado por esse processo. Incineração: Consiste na oxidação dos materiais a altas temperaturas, sob condições controladas, convertendo materiais combustíveis (RSSS) em resíduos não combustíveis (escórias e cinza) com a emissão de gases (SCHNEIDER, 2004). Os gases de combustão devem ser mantidos a 1200ºC por cerca de 2 segundos, com excesso de ar e turbulência elevados a fim de garantir a conversão total dos compostos orgânicos presentes no RSSS em gás carbônico e água (USHIMA; SANTOS, 2000). A princípio, a incineração visava unicamente à redução do volume dos resíduos, para aumentar a capacidade dos aterros industriais. Atualmente, a incineração tem também como meta a eliminação de resíduos tóxicos ou perigosos (THEODORE, 1987 apud TENÓRIO; ESPINOSA, 2004). Os processos de incineração deveriam gerar apenas três produtos: dióxido de carbono, água e cinzas (TENÓRIO; ESPINOSA, 2004). Porém, Ushima; Santos (2000) advertem questionando que devido a presença de alguns elementos nos resíduos sólidos, pode-se formar ou volatilizar compostos como óxidos de enxofre, óxidos de nitrogênio, ácido clorídrico, cloretos metálicos, etc., que se lançados diretamente na atmosfera, causam a poluição. De acordo com Ushima; 39 Santos (2000) no caso de ocorrerem problemas operacionais no incinerador, podemse formar outros poluentes, como monóxido de carbono, fuligem, dioxinas, etc. • DISPOSIÇÃO FINAL A destinação final é a ultima etapa do gerenciamento dos RSSS, entendendose como a etapa a partir da qual o resíduo não sofrera mais nenhum tipo de manuseio (SCHNEIDER, 2004). A Resolução CONAMA nº 358 de 29 de abril de 2005 dispõe sobre o tratamento e a disposição final dos RSSS e da outras providências. Segundo a ABNT, na NBR 8419 (apud Tenório; Espinosa, 2004), Aterro Sanitário: Consiste na técnica de disposição de resíduos sólidos urbanos no solo, sem causar danos ou riscos à saúde pública e à segurança, minimizando os impactos ambientais, método este que utiliza princípios de engenharia para confinar os resíduos sólidos à menor área possível, cobrindo-os com uma camada de terra na conclusão de cada jornada de trabalho ou a intervalos menores se for necessário. O aterro sanitário ainda é o processo mais aplicado no mundo, por causa do seu baixo custo. Ele é bastante seguro e simples, além do fato de que os processos de tratamento de resíduos também geram resíduos, os quais também devem ser destinados a aterros. A incineração pode ser competitiva em relação ao aterro dependendo da dificuldade de se encontrar um local para implantação. (TENÓRIO; ESPINOSA, 2004). 3.4 Organismos bioindicadores e biomarcadores para avaliação da toxicidade de contaminantes ambientais A toxicologia tem como principais objetivos identificar os riscos associados a uma determinada substância e determinar em quais condições de exposição esses riscos são induzidos. A ocorrência, natureza, incidência, mecanismo e fatores de risco associados às substâncias tóxicas são parâmetros experimentalmente investigados pela toxicologia. Ela não serve somente para proteger os seres vivos e o ambiente dos efeitos deletérios causados pelas substâncias tóxicas, mas também para facilitar o desenvolvimento de agentes 40 químicos nocivos mais seletivos, tais como drogas clínicas e pesticidas (COSTA et al, 2008). Testes de toxicidade são ferramentas desejáveis para avaliar a qualidade das águas e a carga poluidora de efluentes, uma vez que somente as análises físico-químicas tradicionalmente realizadas, tais como demanda química de oxigênio (DQO), demanda bioquímica de oxigênio (DBO), sólidos suspensos, concentrações de metais e de outras substâncias de caráter orgânico ou inorgânico, cujos limites encontram-se estabelecidos nas legislações ambientais, não são capazes de distinguir entre as substâncias que afetam os sistemas biológicos e as que são inertes no ambiente e, por isso, não são suficientes para avaliar o potencial de risco ambiental dos contaminantes. Apesar disso, os testes de toxicidade não substituem as análises químicas tradicionais (COSTA et al, 2008). A ecotoxicologia aquática tem como objetivo avaliar o efeito de substâncias químicas tóxicas sobre organismos representativos do ecossistema aquático. Os efeitos tóxicos podem se manifestar em diferentes níveis de organização, desde estruturas celulares até indivíduos, populações e comunidades. Os testes de toxicidade aquática são bastante utilizados porque os ecossistemas aquáticos constituem os principais receptáculos de contaminantes, sejam eles lançados diretamente nos corpos d’água por meio das descargas de efluentes, emitidos no ar ou depositados nos solos (COSTA et al, 2008). Os testes de toxicidade podem ser classificados em agudos e crônicos. Esses testes diferem na duração e nas respostas finais que são medidas. Os testes de toxicidade aguda são utilizados para medir os efeitos de agentes tóxicos sobre espécies aquáticas durante um curto período de tempo em relação ao período de vida do organismo-teste. Eles têm como objetivo estimar a dose ou concentração de um agente tóxico que seria capaz de produzir uma resposta específica mensurável em um organismo-teste ou população, em um período de tempo relativamente curto, geralmente de 24 a 96 h. Os efeitos tóxicos medidos em testes de toxicidade aguda incluem qualquer resposta exibida por um organismo-teste ou população resultante de um estímulo químico. Normalmente, o efeito medido em estudos de toxicidade aguda com organismos aquáticos é a letalidade ou alguma outra manifestação do organismo que a antecede como, por exemplo, o estado de imobilidade (PERIN, 2005). 41 Os testes de toxicidade aguda permitem que valores de CE50 e CL50 sejam determinados por vários métodos estatísticos computacionais. Geralmente os valores de concentrações efetivas e letais são expressos em relação a 50% dos organismos porque estas respostas são mais reprodutíveis, podem ser estimadas com maior grau de confiabilidade e são mais significativas para serem extrapoladas para uma população. No ambiente aquático, efeitos agudos provocados por agentes tóxicos nos organismos podem resultar de aplicações inadequadas de agrotóxicos, de acidentes ambientais e de situações em que efluentes industriais não tratados são lançados nos corpos d’água receptores (COSTA et al, 2008). Os ensaios de toxicidade são muito utilizados por ser uma forma muito importante para se obter uma melhor avaliação da qualidade de efluentes. Tem-se então sugerido uma grande variedade de técnicas que utilizam organismos bioindicadores, células isoladas, sistemas enzimáticos, entre outras, os quais são capazes de avaliar o grau de toxicidade de diversas fontes de contaminação ambiental. Em geral, os organismos bioindicadores são utilizados em metodologias cujo objetivo consiste em testar a sua sobrevida e, para este propósito, tem-se indicado teste de toxicidade aguda em microcrustáceos (ex: Daphnia magna, Artemia sp.) e fitoxicidade em plantas (ex: Allium cepa L.), além de outros organismos como bactérias, fungos e animais (SVENSSON et al., 2005). O microcrustáceo Daphnia magna, conhecido popularmente como pulga d’água é classificada taxonomicamente no filo Arthropoda, subfilo Crustacea, classe Branchiopoda, ordem Diplostraca e família Daphnidae (RUPPERT; BARNES,1996). É utilizado internacionalmente para testes ecotoxicológicos, tendo em vista sua padronização pelos órgãos e institutos ambientais de diversos países. Além disto, é amplamente indicado por apresentar características significativas como abundância em meio aquático e sensibilidade a substâncias tóxicas (KNIE, LOPES, 2004). Segundo os autores seu manejo e cultivo, frente a condições favoráveis em laboratório, é fácil uma vez que apresenta um ciclo de vida curto e um padrão reprodutivo assexuado. Sendo assim, seu genótipo padrão garante uma uniformidade no resultado do ensaio. A escolha da Daphnia magna como organismo teste fundamenta-se principalmente nos critérios como, os descendentes são geneticamente idênticos, o que assegura certa uniformidade de respostas nos ensaios; a cultura em laboratório sob condições controladas é fácil e sem grandes 42 dispêndios; o ciclo de vida e de reprodução é suficientemente curto, o que permite usar as daphnias também em testes crônicos (KNIE, LOPES, 2004). O uso de Allium cepa L. foi introduzido em 1938 como teste biológico para avaliação dos efeitos citogenéticos da colchicina. Até então, a mesma vem sendo utilizada como organismos bioindicador para a avaliação ecotoxicológica de ambientes contaminados por várias classes de poluentes, tais como hidrocarbonetos policíclicos aromáticos, pesticidas halogenados, metais pesados entre outros. Para tanto, tem sido avaliados diversos parâmetros fitotóxicos, tais como, bioacúmulo de contaminantes em diferentes tecidos (raízes, folhas e bulbos), inibição de crescimento de raízes e folhas, efeitos citogenéticos e mutagênicos, entre outros. O uso deste vegetal em testes ecotoxicológicos tem sido sugerido, uma vez que oferece benefícios como sensibilidade, reprodutibilidade, resposta em breve período de tempo, necessidade de pouco volume de amostra de contaminante, bem como, baixo custo. Allium cepa L. também tem sido recomendada por agências internacionais de proteção ambiental para avaliação da toxicidade de contaminantes ambiental (RICHA et al., 2005). 43 4 METODOLOGIA 4.1 Levantamento da quantidade gerada de revelador e fixador de radiografias Com o objetivo de obter informações do volume mensal de revelador e fixador de radiografias, diluição, quantidade de trocas realizadas no mês e a destinação das mesmas. Foi realizado um levantamento estatístico por meio de um questionário aplicado aos profissionais/empresa da Rua Coronel Pedro Benedet do Bairro centro de Criciúma - SC, registrados no Conselho Regional de Odontologia (CRO) até fevereiro de 2010 com o endereço da clínica na Rua Coronel Pedro Benedet (figura 6). As entrevistas foram efetuadas com o prévio Termo de Consentimento Livre e Esclarecido aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da UNESC. Figura 6: Localização do município de Criciúma. FONTE: (CRICIÚMA, 2010). A partir da localização das clínicas foi elaborado um mapa com a localização das mesmas em relação as curvas de nível e ao rio Criciúma. 44 O lançamento de efluente independente do corpo receptor onde for lançado compromete um volume de água, calculado através do cálculo do volume de água comprometido (L) que partiria do volume gerado por cada profissional do edifício somando-os e tendo um valor de volume total de cada edifício, o total de cada edifício foi multiplicado pelos fatores de diluição 1:357 para Daphnia magna exposto ao revelador e 1:114 para Daphnia magna exposto ao fixador. Sendo utilizados dados provenientes apenas dos profissionais que afirmaram lançar o revelador e o fixador ao esgoto sem prévio tratamento. 4.2 Coleta da solução reveladora e fixadora de radiografias O revelador e o fixador de radiografias após o fim de sua vida útil foram coletadas em frascos de polietileno (600 mL) em uma Clínica de Radiologia Odontológica situada no centro de Criciúma, SC, e armazenadas em geladeira ao abrigo da luz até a realização dos ensaios. 4.3 Testes de toxicidade aguda em microcrustáceos Daphnia magna Para os testes de toxicidade, foram utilizados neonatos de idade inferior a 24 horas, pois são os mais sensíveis. Larvas (nauplios) de Daphnia magna L. com 24 horas fornecidas pelo laboratório de ecotoxicologia do IPAT foram colocados em contato com a solução contendo as substâncias em análise de acordo com Perin (2005). As amostras forma preparadas em diluições seriadas (1:1 até 1:5000) utilizando-se solução solução ISO (KNIE; LOPES, 2004). Como controle negativo em béquer previamente identificado em um volume total de 25 mL de solução ISO. Posteriormente foram distribuidos 10 indivíduos por béquer com o auxílio de malha coletora, lavando a malha entre cada coleta. 45 Os indivíduos ficaram expostos por 48 horas, a 20oC em estufa e ao abrigo da luz. Após a exposição, procedeu-se com a contagem dos indivíduos mortos de Daphnia magna para cada diluição. Os valores da CL50 foram obtidos por meio de cálculos no software ® Biostat , utilizando o método matemático Probitos (HAMILTON et al., 1977). A partir da CL50 foi calculado o Fator de diluição de acordo com a fórmula apresentada na Portaria nº 017/02 da FATMA. 4.4 Testes de fitotoxicidade em Allium cepa L. (cebolas) Foram utilizados bulbos de cebola-comum (Allium cepa) obtidas comercialmente com peso aproximados. Primeiramente os bulbos tiveram as raízes retiradas com o auxílio de bisturi. Cada bulbo foi pesado individualmente, cujo valores correspondem ao seu peso inicial. Diluições de 25, 50 e 100 % das amostras foram utilizadas para preencher os tubos teste (falcon) para a exposição, preenchendo-os com as amostras até volume máximo (50 mL). Os bulbos (seis por diluição) foram colocados individualmente em cada tubo de forma que houvesse contato entre a solução e a região onde foram removidas as raízes, e depois foi mantido a exposição por 7 dias ao abrigo da luz e temperatura ambiente (figura 7). Após o período de exposição, foram retirados os bulbos dos tubos e avaliada a variação de peso do bulbo por meio da diferença entre o peso antes da exposição e o peso após a exposição. 46 Figura 7: Esquema do Teste de fitotoxicidade em vegetal Allium cepa L. Fonte: (BORTOLOTTO, 2008 adaptado pela autora). Para as análises estatísticas, utilizou-se o método de Análise de Variância (ANOVA), seguida pelo teste de Tukey. Os cálculos foram realizados através do software GraphPad Prism 5.0 (GraphPad Inc. San Diego, CA, USA), admitindo-se níveis de significância de p<0,05 contra o controle. 47 5 APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS DADOS 5.1 Levantamento da quantidade gerada de solução reveladora e fixadora de radiografias De acordo com o levantamento estatístico por meio de questionário aplicado aos profissionais/empresa da Rua Coronel Pedro Benedet no Bairro Centro de Criciúma – SC, foi gerado mensalmente 36,313 litros de revelador e 36,313 litros de fixador de radiografias, totalizando 72,626 litros. Desses 12% (8,575 Litros) do total gerado são destinados uma empresa que coleta Resíduos Sólidos de Serviço de Saúde, 1% (475 mL) é dado destino diversos e 87% (63,576 litros) é destinado a rede coletora de esgoto sem prévio tratamento. Podemos observar no mapa a localização dos edifícios que os profissionais foram entrevistados, entre eles 1, 2, 3, 4, 5. De acordo com a localização dos edifícios à possibilidade de que todos drenam para o rio Criciúma (Figura 8). Figura 8: Localização dos Edifícios onde os profissionais de odontologia foram entrevistados, 1, 2, 3, 4, 5 mostrando o curso rio Criciúma e as curvas de níveis. Fonte: (ZAMBRANO; TOPANOTTI, 2010). 48 Podemos observar nas tabelas 2 e 3 o volume mensal gerado de revelador e fixador disposto no esgoto sem prévio tratamento lançados pelos profissionais de odontologia estabelecidos na rua Cel. Pedro Benedet. Bem como o volume de água comprometido independente onde for lançado o efluente, foi estimado um volume mensal de 13245,87 para o revelador e 4220,78 para o fixador. Conforme estudos e as tabelas 2 e 3. Tabela 2: Volume de revelador disposto no esgoto sem prévio tratamento pelos profissionais de odontologia estabelecidos na rua Cel. Pedro Benedet. Edifício Volume mensal estimado Revelador (L) 1 2 3 4 5 Total 0,475 24,750 0,250 1,925 9,9833 37,1033 Volume d’água (L) comprometido obtido a partir do fator de diluição 1:357 para Daphnia magna 169,58 8735,79 89,25 687,23 3564,04 13245,87 Tabela 3: Volume de fixador disposto no esgoto sem prévio tratamento pelos profissionais de odontologia estabelecidos na rua Cel. Pedro Benedet. Edifício Volume mensal estimado Fixador (L) 1 2 3 4 5 Total 0,475 24,750 0,250 1,925 9,9833 37,1033 Volume d’água comprometido (L) obtido a partir do fator de diluição 1:114 para Daphnia magna 54,15 2789,58 28,50 219,45 1138,09 4220,78 Nas tabelas 2 e 3 o cálculo do volume de água comprometido (L) considerando fator de diluição 1:357 para Daphnia magna exposto ao revelador e 1:114 para Daphnia magna exposto ao fixador, totalizando uma quantidade de 17466,65 Litros, mostrando ser uma quantidade elevada, considerando que esse efluente será lançado ao corpo receptor, rede de esgoto. Para tanto o efluente do edifício 5 como mostrado na figura 9 está sendo lançado ao Rio Criciúma, não sabe se o edifício tem tratamento de esgoto, dado não fornecido a pesquisa, mas se eventualmente esse efluente não for tratado, estará contribuído para a contaminação do rio, como tantos outros efluentes de edifícios e empresas, estabelecidas no centro da cidade. 49 Figura 9: Rio Criciúma localizado atrás do edifício 5, com tubulação do Edifício em direção ao rio Criciúma. Localização Geográfica: 22J659581 E / 6826702 S. Schnack (2007) e Silva (2008) destacam o baixo nível de qualidade que o rio Criciúma se encontra. Segundo Schnack (2007) a poluição do rio, é já prevista em função de algumas características visuais como água turva, com aspecto cinza causado por efluentes domésticos e laranja-avermelhado devido aos efluentes da mineração e indústrias, odor forte, dejetos no leito e ausência de mata ciliar. O lançamento dos afluentes de clínicas radiológicas poderá estar agravando as condições já comprovadamente tóxicas desse corpo d’água. Ambas as autoras encontraram índices crescentes de toxidade ao longo do curso do Rio Criciúma. Em visita a consultórios odontológicos, observou-se a técnica de processo de revelação de radiografias, está sendo aos poucos alterada por processo de 50 revelação a seco (computadorizado), assim não utilizando mais o revelador e fixador de radiografias, mas sim processos de impressão digital utilizando para a revelação em vez de película radiográfica, papel fotográfico, obtendo uma ótima resolução e visibilidade do local desejado na radiografia. Essa nova tecnologia pode ser uma opção para diminuição na produção de efluentes líquidos com as características anteriormente relatadas. 5.2 Avaliação da toxicidade das soluções reveladora e fixadora de radiografias utilizando organismos bioindicadores A seguir estão descritos os resultados da avaliação da toxicidade das soluções revelador e fixador de radiografias sobre os organismos bioindicadores Daphnia magna e Allium cepa L. 5.2.1 Teste de toxicidade aguda em microcrustáceos Daphnia magna Os resultados obtidos para as diferentes diluições e réplicas para o revelador de radiografias estão descritos na Tabela 4 e na Figura 10 e os obtidos para o fixador estão descritos na Tabela 5 e na Figura 11. Para o revelador a concentração letal (CL 50) calculada foi de 0,28% e o fator de diluição calculado a partir da CL50 foi de 1:357. Para o fixador a concentração letal (CL 50) calculada foi de 0,87% e o fator de diluição calculado a partir da CL50 foi de 1:114. Os resultados obtidos comparados a portaria da FATMA nº 017/02 mostraram um elevado grau de toxicidade dos efluentes, pois o fator de diluição permitido pela portaria aos produtos químicos não especificados ou não classificados é de (FDd)1:2 (50%), as outras atividades não mencionadas é de (FDd) 1:8 (12,5%), não podendo ser excedido, pois acima desses fatores, o mesmo é considerado tóxico, e as substâncias existentes no efluente não poderão causar ou 51 possuir potencial causador de efeitos tóxicos capazes de provocar alterações no comportamento e fisiologia dos organismos aquáticos. Conforme observado na bibliografia e nos testes, os componentes dos dois efluentes apresentam toxicidade fora dos padrões. No entanto a legislação não deixa claro quanto ao fator de diluição a ser utilizado como referência. Sendo possível a comparação com produtos químicos não especificados ou não classificados; ou outras atividades não mencionadas. Ambas, porém tem seus fatores de diluição ultrapassados pelos fatores de diluição obtidos nos testes com Daphnia magna. Tabela 4: Resultado do ensaio de toxicidade aguda em microscrustáceos Daphinia magna utilizando revelador de radiografias. Diluição (%) Mortalidade 48h 100 (réplica 1) 100 (réplica 2) 50 (réplica 1) 50 (réplica 2) 25 (réplica 1) 25 (réplica 2) 16,6 (réplica 1) 16,6(réplica 2) 12,5 (réplica 1) 12,5 (réplica 2) 10 (réplica 1) 10 (réplica 2) 6,25 (réplica 1) 6,25 (réplica 2) 3,125 (réplica 1) 3,125 (réplica 2) 1,56 (réplica 1) 1,56 (réplica 2) 0,78 (réplica 1) 0,78 (réplica 2) 0,4 (réplica 1) 0,4 (réplica 2) 0,2 (réplica 1) 0,2 (réplica 2) 0,08 (réplica 1) 0,08 (réplica 2) 0,04 (réplica 1) 0,04 (réplica 2) 0,02 (réplica 1) 0,02 (réplica 2) 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 80 40 60 50 20 20 20 0 0 0 . Carvalho (2007) realizou teste com revelador contendo as mesmas características de amostra usando como bioindicador Daphnia magna obtendo um fator de diluição de 1024 correspondendo a 0,09% obtiveram mortalidade depois de exposto 48h de exposição de 100% de mortalidade. A autora comenta que os 52 resultados das análises mostraram um elevado grau de toxicidade do efluente perante a esse bioindicador. De acordo com Baratieri; Tavano; Filho (1984), o efluente pode ter variações quanto à concentração, diluição, exaustão, tempo de vida útil e de acordo com a forma de seu manuseio. Justificando possíveis diferenças de resultados entre o trabalho desenvolvido e o realizado por Carvalho (2007) Figura 10: Gráfico da concentração letal obtida por exposição de Daphnia magna exposta a solução relevadora (valor CL50 = 0,28 %). Tabela 5: Resultado do ensaio de toxicidade aguda em microscrustáceos Daphinia magna utilizando Fixador de Radiografias. Diluição (%) Mortalidade 48h (%) 50 (réplica 1) 50 (réplica 2) 25 (réplica 1) 25 (réplica 2) 12,5 (réplica 1) 12,5 (réplica 2) 6,25 (réplica 1) 6,25 (réplica 2) 3,12 (réplica 1) 3,12 (réplica 2) 0,4 (réplica 1) 0,4 (réplica 2) 0,2 (réplica 1) 0,2 (réplica 2) 0,08 (réplica 1) 0,08 (réplica 2) 0,04 (réplica 1) 0,04 (réplica 2) 0,02 (réplica 1) 0,02 (réplica 2) 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 70 50 30 10 20 0 0 0 0 0 53 Figura 11: Gráfico da concentração letal obtida por exposição de Daphnia magna exposto a Solução Fixadora (valor CL50 = 0,87 %). 5.2.2 Teste de fitotoxicidade em Allium cepa L. (cebolas) Os resultados da toxicidade subaguda avaliados por meio da inibição do crescimento de raízes de Allium cepa L. expostas a diferentes diluições de revelador e fixador de radiografias. Como não houve crescimento de raízes, a comparação só foi possível com os pesos dos bulbos que esta apresentada na Figura 12. 54 10 5 0 C on ev tr el ol ad e o R r ev 10 el 0% ad or R ev 50 el % ad or Fi 25 xa % do r1 00 Fi xa % do r5 Fi 0 xa % do r2 5% Ganho de Peso (%) 15 R -5 Figura 12: Gráfico de comparação da variação de peso das cebolas (Allium cepa L.) expostas ao revelador, fixador e água mineral como controle negativo. Com este resultado, pode-se observar que em todas as concentrações de revelador e fixador houve expressiva inibição do crescimento das raízes quando comparado ao grupo controle negativo. Constatou-se que após diluições seriadas de 50%, 25% ainda houve inibição do crescimento das raízes de Allium cepa L. Observou-se também que o bulbo de A. cepa, se necrosou diminuindo seu peso (figura ), e dando uma variação de peso negativa como mostra na Figura 13. Figura 13: Allium cepa necrosado após exposição ao revelador e ao fixador de radiografias. 55 Trabalhos realizados têm demonstrado a inibição do crescimento de raízes em plantas quando exposta a efluente contendo diferentes metais. A inibição de crescimento de raízes de Allium cepa L. foi observada quando exposta a esgoto doméstico contendo metais pesados (SRIVASTAVA; KUMAR; GUPTA, 2005). Em estudos de avaliação dos efeitos fitotóxicos sobre Allium cepa L. expostas a diferentes concentrações de sais dos metais Cd, Pb, Ni, Al, Cu e Zn foi observado inibição do crescimento de raízes, bem como, da germinação de sementes (DOVGALIUK; KALINIAK; BLIUM, 2001). Os mecanismos envolvidos na inibição do crescimento de raízes de plantas frente à exposição a metais ainda não estão bem estabelecidos. Sugere-se que este efeito fitotóxico estaria relacionado à capacidade dos metais de serem acumulados pela planta e interagirem com sítios específicos localizados na parede celular, na membrana plasmática e no núcleo celular. Como conseqüência, poderiam ser desencadeadas diversas alterações, tais como: alteração do fluxo de água e nutrientes e comprometimento de eventos de sinalização celular, distúrbios do ciclo celular. Estes efeitos poderiam trazer como resultados a inibição do crescimento de tecidos da planta, incluindo-se os das raízes (DOVGALIUK; KALINIAK; BLIUM, 2001). A análise da toxidade dos efluentes para os organismos bioindicadores propostos no presente trabalho indica a impossibilidade de lançamento das soluções revelador e fixador de radiografias ao meio ambiente sem prévio tratamento, considerando a legislação vigente. A resolução RDC n.º 306 da ANVISA (2004) apresenta alternativas de tratamento para o revelador e para o fixador, visto que o revelador um alternativa simples de neutralização para alcançar pH entre 7 e 9, sendo posterior lançado ao corpo receptor, já o fixador pode ser submetido ao processo de recuperação de prata, ou como os demais resíduos sólidos contendo metais pesados podem ser encaminhados a Aterro de Resíduos Perigosos – classe I, ou por fim submeter a tratamento de acordo com as orientações dos órgãos local de meio ambiente. 56 6 CONCLUSÕES • O levantamento estatístico demonstrou que mais do que 50% dos entrevistados que dispõem os efluentes procedentes do processo de revelação de radiografias dispensam sem prévio tratamento na rede coletora de esgoto; • O volume estimado de efluente gerado é de 72,626 litros e o dispensado sem tratamento prévio 63,576 litros correspondendo a 87% do total; • Os fatores de diluições para Daphnia magna obtidos nesta pesquisa mostraram fora dos padrões da portaria da FATMA nº 017/02; • Os resultados obtidos neste trabalho permitem sugerir que o revelador e fixador foi capaz de promover toxicidade sobre os organismos bioindicadores Daphnia magna e Allium cepa L., o que poderia estar associado a sua acidez e à presença de metais como prata, diversos sais e ácido acético, conforme observados na avaliação dos ensaios. • Conforme FISPQ dos produtos revelador e fixador de radiografias da KODAK, a substância apresenta-se muito tóxica para os organismos aquáticos, tóxica para os organismos aquáticos com efeitos duradouros. Percebesse certa falta de informação ou descaso por parte dos operadores desses sistemas; • Os efluentes apresentaram tóxicos aos organismos bioindicadores propostos neste trabalho, ultrapassando os limites estabelecidos pela legislação vigente. Os efluentes necessitam de um prévio tratamento ou destinação adequada do revelador e fixador de radiografias. • A disposição desses efluentes é realizada sem conhecimento dos órgãos reguladores de meio ambiente. Resultando na disposição inadequada comprometendo a qualidade dos corpos receptores. 57 • Recomenda-se o estudo de viabilidade da recuperação da prata dos efluentes, bem como implantação de um sistema de tratamento, para adequada disposição final. • Em trabalhos futuros recomenda-se a investigação de quanto a variação na concentração de cada componente do revelador e do fixador influência sobre a toxidade do efluente e quanto esses efluentes contribuem para a toxidade da água do rio Criciúma. 58 REFERÊNCIAS AGÊNCIA NACIONAL DE VIGILÂNCIA SANITÁRIA (ANVISA). Resolução RDC nº 306, de 07 de dezembro de 2004. Dispõe sobre o Regulamento Técnico para o gerenciamento de resíduos de serviços de saúde. Brasília: DOU 10 dez de 2004. Disponível em http://www.webodonto.com/downloads/diversos/anvisa-resoluçao-rdcn306-rss:pdf Acesso em: 20 jun de 2010. ALVES, C. et al. Exposição ambiental a interferentes endócrinos com atividade estrogênica e sua associação com distúrbios puberais em crianças. Cad. 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SEMANAL COLIX 5 2 SIM 475 475 NÃO QUINZENAL ESGOTO 5 3 SIM 475 475 NÃO MENSAL ESGOTO DE FIXADOR GERADO (ml) GERADO MENSALMENTE MENSALMENTE 5L - 5L 5 4 SIM 3333,333333 3333,333333 DE AGUA 3 EM 3 MESES DESTINAÇÃO NÃO REVELADOR (ml) DE TROCA 475 QUANTIDADE FREQUENCIA 475 QUANTIDADE DE DILUIÇÃO SIM SIM / NÃO 1 RADIOGRAFIAS ENTREVISTADOS 5 REVELA EDIFÍCIO 66 ESGOTO 5 5 SIM 475 475 NÃO QUINZENAL ESGOTO 5 6 SIM 475 475 NÃO SEMANAL ESGOTO 5 7 SIM 475 475 NÃO QUINZENAL ESGOTO 5 8 SIM 475 475 NÃO QUINZENAL ESGOTO 5 9 SIM 475 475 NÃO QUINZENAL DIVERSOS 5 10 SIM 950 950 NÃO SEMANAL ESGOTO 5 11 SIM 1425 1425 NÃO SEMANAL ESGOTO 5 12 SIM 1425 1425 NÃO QUINZENAL ESGOTO 2 13 SIM 950 950 NÃO QUINZENAL ESGOTO 2 14 SIM 950 950 NÃO SEMANAL ESGOTO 2 15 SIM 475 475 NÃO QUINZENAL ESGOTO 2 16 SIM 950 950 NÃO QUINZENAL ESGOTO 2 17 SIM 475 475 NÃO SEMANAL ESGOTO 2 18 SIM 950 950 NÃO QUINZENAL ESGOTO SIM 20000 20 a 30 dias ESGOTO 20 a 30 dias ESGOTO QUINZENAL COLIX 2 4litros 19litros 19 2 3,950 SIM 20000 lts 18lts 4 20 SIM 450 450 NÃO 4 21 SIM 500 500 NÃO 4 22 SIM 237,5 237,5 NÃO QUINZENAL ESGOTO 4 23 SIM 237,5 237,5 NÃO QUINZENAL ESGOTO 4 24 SIM 475 475 NÃO QUINZENAL ESGOTO 4 25 SIM 500 500 NÃO QUINZENAL COLIX 4 26 SIM 475 475 NÃO SEMANAL COLIX 4 27 SIM 950 950 NÃO QUINZENAL ESGOTO 10 em 10 dias ESGOTO SEMANAL COLIX 4 29 SIM 450 450 NÃO QUINZENAL COLIX DE FIXADOR GERADO (ml) GERADO MENSALMENTE MENSALMENTE 1L 3 30 SIM 3000 3000 13L de agua 3 em 3 meses DESTINAÇÃO NÃO REVELADOR (ml) DE TROCA 2500 QUANTIDADE FREQUENCIA 2500 QUANTIDADE DE DILUIÇÃO SIM SIM / NÃO 28 RADIOGRAFIAS ENTREVISTADOS 4 REVELA EDIFÍCIO 67 COLIX 3 31 SIM 250 250 NÃO QUINZENAL ESGOTO 3 32 SIM 475 475 NÃO QUINZENAL COLIX 3 33 SIM 250 250 NÃO QUINZENAL COLIX 1 34 SIM 475ml 475 NÃO QUINZENAL ESGOTO 68 APENDICE B: Tabela de Análise do teste de toxicidade subaguda em Allium cepa L. 69 B.1: Análise estatística da variação de peso do bulbo de Allium cepa L. expostas a 100%, 50%, 25% dos efluentes de cada ponto amostral através do teste ANOVA completada pelo teste de Tukey. Table Analyzed Ganho de Peso (%) One-way analysis of variance P value P value summary Are means signif. different? (P < 0.05) Number of groups F R squared P<0.0001 *** Yes 7 40,4 0,8738 Bartlett's test for equal variances Bartlett's statistic (corrected) P value P value summary Do the variances differ signif. (P < 0.05) 22,99 0,0008 *** Yes ANOVA Table Treatment (between columns) Residual (within columns) Total SS df Tukey's Multiple Comparison Test Controle vs Revelador 100% Controle vs Revelador 50 % Controle vs Revelador 25 % Controle vs Fixador 100 % Controle vs Fixador 50 % Controle vs Fixador 25% Revelador 100% vs Revelador 50 % Revelador 100% vs Revelador 25 % Revelador 100% vs Fixador 100 % Revelador 100% vs Fixador 50 % Revelador 100% vs Fixador 25% Revelador 50 % vs Revelador 25 % Revelador 50 % vs Fixador 100 % Revelador 50 % vs Fixador 50 % Revelador 50 % vs Fixador 25% Revelador 25 % vs Fixador 100 % Revelador 25 % vs Fixador 50 % Revelador 25 % vs Fixador 25% Fixador 100 % vs Fixador 50 % Fixador 100 % vs Fixador 25% Fixador 50 % vs Fixador 25% Mean Diff. q 9,378 10,33 10,14 8,728 7,328 6,317 0,95 0,76 -0,65 -2,05 -3,062 -0,19 -1,6 -3 -4,012 -1,41 -2,81 -3,822 -1,4 -2,412 -1,012 466 67,29 533,3 MS 6 35 41 16,57 18,25 17,91 15,42 12,95 11,16 1,678 1,343 1,148 3,621 5,409 0,3356 2,826 5,3 7,087 2,491 4,964 6,751 2,473 4,26 1,787 77,67 1,923 Significant? Summary P < 0.05? Yes *** Yes *** Yes *** Yes *** Yes *** Yes *** No ns No ns No ns No ns Yes ** No ns No ns Yes * Yes *** No ns Yes * Yes *** No ns No ns No ns 95% CI of diff 6.873 to 11.88 7.823 to 12.83 7.633 to 12.64 6.223 to 11.23 4.823 to 9.834 3.811 to 8.822 -1.556 to 3.456 -1.746 to 3.266 -3.156 to 1.856 -4.556 to 0.4557 -5.567 to -0.5559 -2.696 to 2.316 -4.106 to 0.9057 -5.506 to -0.4943 -6.517 to -1.506 -3.916 to 1.096 -5.316 to -0.3043 -6.327 to -1.316 -3.906 to 1.106 -4.917 to 0.09406 -3.517 to 1.494 70 APENDICE C: Tabela de Análise do teste de toxicidade aguda em Daphnia magna. 71 C.1: Análise estatística de regressão para calculo da CL50 de Daphnia Magna exposto ao Revelador de Radiografias através do teste ANOVA completado pelo teste de Tukey. Nível de Intervalo de Confiança Análise Probit - Método de Finney [Distribuição log-normal] Log10[Dose (Estímulo)] 0,05 -1,698970004 -1,397940009 -1,096910013 -0,698970004 -0,397940009 qui-quadrado qui-quadrado Graus de liberdade p-nível Percentagem Percentagem atual (%) N Probit (%)R 0,0125 0,025695 20 0,1 0,081754 20 0,2 0,200866 20 0,55 0,458155 20 0,6 0,673555 20 0,25 2 4 11 12 E(R) Diferença 0,513907 -0,26391 1,635088 0,364912 4,017311 -0,01731 9,163104 1,836896 13,47111 -1,47111 0,745926 3 0,862352 Dose (Estímulo) Percentil Regressão de risco proporcional de Cox Percentil 1 5 10 16 20 25 30 40 50 60 70 75 80 84 90 95 99 Estatística de regressão LD50 LD50 LCL (Limite Inferior) Log10[LD50] Beta Beta Erro-padrão Probit (Y) Log10[DoseErro-padrão (Estímulo)] Dose (Estímulo) Erro-padrão 2,673215 -1,90437 0,264245 0,012463 0,00806 3,354789 -1,53458 0,183114 0,029202 0,012681 3,718271 -1,33737 0,143683 0,045987 0,015493 4,005578 -1,18149 0,116807 0,065843 0,017923 4,158543 -1,0985 0,105184 0,079708 0,019494 4,325811 -1,00774 0,095679 0,098233 0,021817 4,475998 -0,92626 0,090842 0,118506 0,024969 4,747067 -0,77919 0,092568 0,166269 0,035708 5 -0,64196 0,105459 0,228057 0,055924 5,252933 -0,50473 0,125911 0,312805 0,091965 5,524002 -0,35766 0,152788 0,438879 0,157606 5,674189 -0,27617 0,169032 0,529456 0,211313 5,841457 -0,18542 0,18788 0,652503 0,291166 5,994422 -0,10242 0,205632 0,789906 0,388141 6,281729 0,053456 0,239917 1,130983 0,657056 6,645211 0,250667 0,284456 1,781011 1,251748 7,326785 0,62046 0,369919 4,173113 4,000204 0,228057 0,156418 -0,64196 1,84312 0,373431 Análise Probit - Minimos Quadrados [Distribuição Normal] Dose (Estímulo) 0,02 0,04 0,08 0,2 0,4 LD50 Erro-padrão 0,055924 LD50 UCL (Limite 0,405214 Superior) Erro-padrão 0,105459 Intercepto 6,183203 Percentagem N atual (%) Probit (Y) 0,0125 20 2,758155 0,1 20 3,718271 0,2 20 4,158543 0,55 20 5,125381 0,6 20 5,252933 Altura (Z) 1 2,654814 3,817087 4,874619 4,747067 Estatística de regressão LD50 LD50 LCL (Limite Inferior) Beta Beta Erro-padrão 0,286344 LD50 Erro-padrão 0,035672 0,215341 LD50 UCL (Limite 0,357347 Superior) 4,432458 Intercepto 3,730794 1,703848 LD10 LD84 LD100 -0,00283 LD16 0,511952 LD90 0,624756 0,060735 0,575512 qui-quadrado 0,135524 0,08144 7,46E-05 0,368236 0,160652 72 C.2: Análise estatística de regressão para calculo da CL50 de Daphnia Magna exposto ao Fixador de Radiografias através do teste ANOVA completado pelo teste de Tukey. Nível de Intervalo de Confiança 0,05 Análise Probit - Método de Finney [Distribuição log-normal] Log10[Dose (Estímulo)] Percentagem atual (%) Percentagem Probit (%) N -1,698970004 0,0125 0,000606046 -1,397940009 0,0125 0,007352808 -1,096910013 0,1 0,050186361 -0,698970004 0,2 0,27755039 -0,397940009 0,6 0,581747372 0,494154594 0,9875 0,994867468 qui-quadrado qui-quadrado 6,17534463 Graus de liberdade 4 p-nível 0,186430526 Dose (Estímulo) Percentil Regressão de risco proporcional de Cox Percentil Probit (Y) 1 5 10 16 20 25 30 40 50 60 70 75 80 84 90 95 99 2,673214667 3,35478856 3,718271243 4,005578186 4,158543283 4,32581086 4,47599813 4,747066732 5 5,252933268 5,52400187 5,67418914 5,841456717 5,994421814 6,281728757 6,64521144 7,326785333 Estatística de regressão LD50 LD50 LCL (Limite Inferior) Log10[LD50] Beta Beta Erro-padrão 0,334245736 0,24515258 -0,475934124 2,645914666 0,524522064 Análise Probit - Minimos Quadrados [Distribuição Normal] Dose (Estímulo) 0,02 0,04 0,08 0,2 0,4 3,12 Log10[Dose (Estímulo)] -1,355322021 -1,097727208 -0,960352149 -0,851767036 -0,793955234 -0,730737935 -0,673975987 -0,571528011 -0,475934124 -0,380340237 -0,277892261 -0,221130313 -0,157913015 -0,100101212 0,008483901 0,14585896 0,403453772 LD50 Erro-padrão LD50 UCL (Limite Superior) Erro-padrão Intercepto Percentagem atual (%) N 0,0125 0,0125 0,1 0,2 0,6 0,9875 R 20 20 20 20 20 20 0,25 0,25 2 4 12 19,75 Diferença 0,237879 0,102944 0,996273 -1,55101 0,365053 -0,14735 Erro-padrãoDose (Estímulo) Erro-padrão 0,184809 0,044124 0,019348 0,131996 0,07985 0,024644 0,107043 0,109559 0,027278 0,090551 0,14068 0,029545 0,0836 0,160711 0,031128 0,07799 0,185893 0,033562 0,075097 0,211848 0,036815 0,075695 0,268208 0,046984 0,08274 0,334246 0,064065 0,094649 0,416543 0,0915 0,111033 0,527361 0,136301 0,121195 0,600993 0,1699 0,133154 0,695164 0,216491 0,144545 0,794143 0,269218 0,166791 1,019727 0,401325 0,19602 1,399133 0,653163 0,252696 2,531942 1,557767 0,064065 0,517339 0,08274 6,259281 20 20 20 20 20 20 E(R) 0,012121 0,147056 1,003727 5,551008 11,63495 19,89735 Probit (Y) 2,758155 2,758155 3,718271 4,158543 5,252933 7,241845 Estatística de regressão LD50 LD50 LCL (Limite Inferior) Beta Beta Erro-padrão 0,87539267 LD50 Erro-padrão 0,570344784 LD50 UCL (Limite Superior) 1,197615586 Intercepto 0,351636445 0,152448 1,180441 3,951616 LD10 LD84 LD100 -0,194841194 LD16 1,710385143 LD90 2,127881379 0,0404 1,945627 Altura (Z) 1 1 2,654814 3,817087 4,747067 1 qui-quadrado 4,668495 0,072064 0,988874 0,433367 0,011454 0,001091 73 ANEXOS 74 ANEXO 1 : Termo de Consentimento Livre e Esclarecido, assinado pelos profissionais entrevistados. 75 UNIVERSIDADE DO EXTREMO SUL CATARINENSE – UNESC CURSO DE ENGENHARIA AMBIENTAL TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO Pesquisa de TCC: Levantamento Estatístico do Volume gerado de Solução Reveladora e Fixadora de Radiografias Eu, ............................................................................, declaro que fui esclarecido (a) sobre o objetivo desta pesquisa que consiste em “obter informações com os profissionais em Odontologia do Bairro Centro de Criciúma-SC sobre o volume gerado e a destinação de Solução Reveladora e Fixadora de Radiografias”. Fui informado(a) de que os dados obtidos com o questionário manterão no anonimato minha identidade. As informações serão analisadas e utilizadas para pesquisa. Estou sabendo que em nenhum momento serei exposto a riscos devido a minha participação nesta pesquisa. Sei também que a qualquer momento poderei recusar-me a continuar, sem qualquer prejuízo para a minha pessoa. Fui informado(a) que não terei nenhum tipo de despesa, nem receberei nenhum pagamento ou gratificação pela minha participação nesta pesquisa. Declaro ainda que fui comunicado(a) de que os resultados deste estudo serão publicados no Trabalho de Conclusão de Curso. Concordo voluntariamente em participar deste estudo. ___________________________________ Assinatura do(a) entrevistado(a) Data:__________________________ Pesquisadora acadêmica Orientador Franciane Topanotti Claudio Ricken 9954-5702 Comitê de Ética em Pesquisa da UNESC: cé[email protected] - Fone 3431-2578 76 ANEXO 2: Questionário realizado com os profissionais de odontologia, registrados ate fevereiro de 2010, na rua Coronel Pedro Benedet. 77 QUESTIONÁRIO Profissional/Empresa:_____________________________________________ Registro CRO/SC: _______________________________________________ Rua: Rua Coronel Pedro Benedet nº:_______ Edifício:______________________Andar:_________Sala:______ Bairro: Centro Cidade: Criciúma – SC Perguntas: 1) Qual o volume mensal utilizado de solução Reveladora de Raios-X e Solução Fixadora de Raios-X ? Volume de Revelador (ml): Volume de Fixador (ml): 2) As soluções Reveladoras de Raios-X e Soluções Fixadoras de Raios-X são diluídas ou não? Se sim, qual a diluição utilizada? ( ) Não Diluído ( ) Diluído Diluição do Revelador: Diluição do Fixador: 3) Qual a freqüência da troca das soluções? ( )Semanal ( ) mensal ( ) Outros 4) Qual destinação Final da Solução Reveladora de Raios-X e Fixadora de Raios-X após o seu uso?