O Sr

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O Sr. Lael Varella (DEMOCRATAS-MG).
Pronuncia o seguinte discurso em 28-10-2009.
Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados.
Quero incentivar e parabenizar aqui as várias pesquisas que vêm
sendo realizadas no Brasil, especialmente no campo da saúde e da
agropecuária.
Está assim de parabéns a pesquisadora Claudiana Lameu, da USP e
do Instituto Butantã, que descobriu no veneno da jararaca uma substância
que promete ajudar a reduzir a pressão arterial sem os efeitos colaterais
comuns aos medicamentos atuais.
Segundo matéria da Agência USP publicada no jornal Estado de
Minas, “Um peptídeo encontrado no veneno da jararaca poderá ser
responsável por um novo medicamento no tratamento da hipertensão. É
isso que afirma a farmacêutica e pesquisadora do Instituto Butantã,
Claudiana Lameu, em sua tese de doutorado defendida recentemente no
Instituto de Química (IQ) da USP. Os peptídeos potenciadores de
bradicinina (BPPs) atuariam no sistema nervoso central reduzindo a
pressão arterial e a freqüência cardíaca”.
Explica a pesquisadora: “Na verdade, os BPPs já são utilizados no
tratamento de hipertensão há bastante tempo, por intermédio do
medicamento Captopril. Contudo, eles estão voltados para um outro foco,
que é a inibição da enzima conversora de angiotensina (ECA), ou seja, a
diminuição de certas substâncias hipertensoras no organismo”.
A atuação do peptídeo descoberta pela pesquisadora é totalmente
diferente. Os BPPs atuariam no aumento da sensibilidade do barorreflexo.
O exemplo que Claudiana utiliza para explicar os barorreflexo é bem
simples: “Quando agachamos e levantamos rápido, a nossa pressão poderia
diminuir bruscamente e nos deixar com tontura. Porém, nós temos um
controle que não deixa isso acontecer. É o controle dos barorreceptores
atuando.”
Os barorreceptores mandam informações para o sistema nervoso
central (SNC), diminuindo ou aumentando a pressão arterial e a freqüência
cardíaca quando necessário. A pesquisadora explica que os atuais
medicamentos que atuam na diminuição da pressão arterial têm como
contrapartida o aumento da freqüência cardíaca, o que não aconteceria num
fármaco originário deste peptídeo encontrado no veneno da jararaca, que
diminui, ao mesmo tempo, pressão e freqüência cardíaca.
“Não há no mercado nenhum medicamento que controle esse
barorreflexo e os hipertensos têm a sensibilidade desse mecanismo
diminuída”, destaca a pesquisadora. Ela comenta que ainda não se sabe a
origem fisiológica da hipertensão, mas se conhecem vários sinais que
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identificam um hipertenso até mesmo antes de a pessoa contrair a doença.
Um deles é a sensibilidade alterada do barorreflexo.
A pesquisa feita pelo grupo de Claudiana utilizou ratos hipertensos
nos quais foi inserida uma bomba de infusão que injetava continuamente
uma determinada dose do peptídeo no animal por um período de tempo
definido. O período mais prolongado de exposição à substância foi de 28
dias.
Quanto ao medicamento a ser produzido, Claudiana entende que
ele deve ser utilizado para uso crônico, mesmo porque mais importante que
o efeito instantâneo dos BPPs é o efeito sentido depois de algumas horas.
“Nós já temos resultados de que, com bomba de infusão, a substância
consegue manter a pressão do hipertenso em níveis normais, muito
próximo dos animais normotensos (sem problemas de pressão alta ou
baixa)”, destaca.
Outra descoberta em relação aos normotensos é que eles não
sofrem nenhum efeito quando são expostos ao peptídeo. Uma vez que ele
não tem problemas nos barorreceptores, o efeito exercido pelo
medicamento seria nulo.
Segundo a pesquisadora, até o momento não foi encontrado
nenhum efeito colateral. Ela esclarece que a molécula responsável pelo
tratamento não está presente apenas no veneno da serpente, mas também no
cérebro e no baço. “É algo que é bom pra serpente. Ela não teria essa
substância no sistema nervoso se não fosse para algum mecanismo
fisiológico importante” – completa Claudiana.
Sr. Presidente, o Brasil possui uma natureza rica com uma
biodiversidade fantástica, mas falta muita pesquisa para explorar esse
potencial. Deus nos concedeu esse talento para ser explorado, e não para
ficarmos deitados em berço esplêndido.
Registro, portanto, os meus parabéns à Dra. Claudiana e a toda a
sua equipe, como também aos milhares de pesquisadores anônimos deste
País.
Tenho dito.
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