HÁBITOS ALIMENTARES E QUALIDADE DE VIDA: UMA DISCUSSÃO SOBRE A ALIMENTAÇÃO ESCOLAR1 FRIZON, Janete Diane2 RESUMO: Este trabalho de pesquisa foi orientado pela professora mestra Carmem Waldow. O mesmo teve como objetivo, analisar os hábitos alimentares de alunos do 2ªsérie (Ensino Fundamental – Séries Iniciais) da Escola São Caetano do município de Pato Branco - PR, assim como as interferências da alimentação na qualidade de vida desses alunos. Nesse sentido, buscou-se embasamento teórico em autores que se dedicam ao estudo da alimentação em todas as fases da vida, considerando que neste trabalho, deu-se maior enfoque para a alimentação na infância. Para a coleta de dados, utilizou-se a pesquisa exploratória, através de questionários distribuídos aos alunos e também observação do lanche trazido pelos alunos para a escola no período de duas semanas. Findada a pesquisa, pôde-se constatar que os alunos têm hábitos alimentares variados e que não existe uma grande preocupação da família em relação à formação desses hábitos. Vários fatores podem contribuir para isso, como a produção em massa de alimentos industrializados, o investimento das indústrias alimentícias em publicidade, a escassez de tempo que as pessoas enfrentam atualmente, entre outros. Cabe, portanto a escola contribuir para com o debate concernente à formação de hábitos alimentares saudáveis objetivando a qualidade de vida. Isso somente será possível com o comprometimento do professor e de toda a equipe pedagógica da escola em que o aluno está inserido. Interessante salientar que apenas duas das crianças pesquisadas estão acima do peso ideal. Nesse contexto, a escola tem uma importância grande no que tange à formação de hábitos alimentares saudáveis e a valorização dos alimentos naturais, bem como na busca por uma consciência sobre esse processo de massificação que acontece em nossa sociedade, inclusive na alimentação. Palavras-Chave: Alimentação escolar. Hábitos alimentares. Qualidade de vida. 1 Artigo apresentado ao I Simpósio Nacional de Educação (Unioeste – Cascavel). Pedagoga/ Licenciatura Plena – FADEP (Faculdade de Pato Branco) Email: [email protected] 2 1 INTRODUÇÃO Numa época não tão distante, a alimentação era bem diferente da atual. As pessoas consumiam os alimentos “in natura”, por estarem em maior contato com a natureza e desses alimentos era extraído o total de nutrientes que continham. Sabe-se que atualmente, a maioria dos alimentos são produzidos e transformados com a utilização de técnicas modernas, as quais acabam alterando e interferindo no valor nutricional dos mesmos. Sendo assim, a saúde das pessoas do mundo moderno pode estar comprometida, pois elas se deixam influenciar pela “aparência” dos alimentos, pelo sabor requintado e também pela indução da propaganda de massa. Nesse contexto, este artigo tem a intenção de salientar que uma alimentação racional e equilibrada é fundamental para prevenir muitas doenças, inclusive algumas que podem ter conseqüências psicológicas, como a obesidade. Assim, uma das preocupações desse trabalho é observar a influência da alimentação na qualidade de vida das crianças. Para a elaboração deste artigo, adotou-se como metodologia a pesquisa com abordagem qualitativa do tipo exploratória. O trabalho envolve além desta introdução, que sintetiza a estrutura do trabalho, o desenvolvimento, a análise dos dados coletados com os alunos da segundo ano (Ensino Fundamental – Séries Iniciais) e a conclusão. 2 DESENVOLVIMENTO 2.1 COSTUMES ALIMENTARES E SUA EVOLUÇÃO A alimentação é uma necessidade básica de todo o ser vivo. O ser humano tem seus hábitos alimentares decorrentes da convivência em sociedade. A alimentação humana é modificada de acordo com as necessidades histórico-sociais que se apresentam em cada período histórico. Assim, para entender o porquê do tipo de alimentação atual, é indispensável que se conheça os hábitos alimentares dos homens que viveram na terra nos séculos antecedentes. De acordo com Mezomo (2002), no período da pedra lascada, cerca de 6.000 a.C. o homem vivia em cavernas e caçava. A mulher colhia frutos, nozes, raízes e cereais silvestres, completando assim a ração alimentar. Em 5.000 a.C., no período mesolítico, os homens que residiam na atual Europa eram coletores. Não se alimentavam com carne vermelha pelo motivo de que animais desapareciam frequentemente, devido à migração. O homem então deslocou-se para as costas litorâneas nórdicas. Ali havia abundância de peixes, aves aquáticas, ovos, lebres, lesmas, caracóis, raízes, nozes, gado selvagem, hienas e javalis para a caça, e o homem, nesse período, juntou-se em clãs (homo socialis). Devido aos raios e lavas dos vulcões, o homem já conheceu o fogo, mas não sabia produzi-lo. Nessa época o homem devorava animais mortos, cuja carne ficava chamuscada nos incêndios da floresta. Tempos mais tarde, o homem descobriu que o atrito entre duas pedras, resultava em faíscas e, conseqüentemente, no fogo, começando a utilizá-lo para espantar os animais, aquecer-se do frio e assar a carne. (MEZOMO, 2002). No período neolítico, 4.000 a.C.(Idade da Pedra Polida), os homens, após o dilúvio, perceberam que o parasitismo esgotava a terra. Então, fixaram morada à beira de rios e lagos. Pescavam e plantavam. Iniciando, em pequenas aldeias, a vida pastoril. Possuíam rebanhos, dos quais extraíam a carne e o leite. Esses homens preveniam-se com reservas para períodos de escassez, assim como praticavam também o ócio, recuperando as energias através de trabalhos artísticos e também cultivando a vaidade. Assim, com a inteligência desenvolvida, o homo faber passou a produzir o artesanato e percebeu também que podia guardar e conservar alimentos. A alimentação dos povos ocidentais se contrapõe muito a dos povos orientais, que tem a refeição como um verdadeiro ritual. Considerando ainda que: A evolução das ciências e da tecnologia, ao longo dos anos, torna possível tomar consciência das novas e originais características da alimentação moderna, quer apreciando suas vantagens, quer apontando suas inconveniências.(MEZOMO, 2002, p.7). Ou seja, atualmente, os alimentos, em grande parte vêm de uma transformação industrial da matéria-prima. Toma-se a precaução, por parte dos fabricantes em melhorar a qualidade comercial de seus produtos, objetivando aumentar suas vendas; mas, nesse processo, o que acontece muitas vezes é a perda do valor nutritivo desses alimentos. Nesse sentido, então, é preciso tomar consciência de que a transformação das técnicas de produção e dos costumes alimentares podem acarretar em sérias complicações à saúde. 2.2 HÁBITOS ALIMENTARES E SUA INFLUÊNCIA NO ESTADO FÍSICO, PSÍQUICO E SOCIAL DO HOMEM. Para manter-se vivo, o homem precisa comer. Porém, como se diz na linguagem popular, o homem deve “comer para viver” e não “viver para comer”. Interessante salientar que, quando nasce, o homem é semelhante (exceto em caracteres étnicos), no tempo e no espaço, a outro homem que tenha nascido ou venha a nascer em outro ambiente. Após o nascimento, agem fatores ligados basicamente à alimentação, os quais são capazes de moldá-los ao meio ambiente que vive. Nesse sentido, o contexto cultural do homem é caracterizado pela forma como ele obtém, aproveita e consome seus alimentos, os valores que a sociedade atribui a eles e fatores inter-relacionados, como a economia, estrutura social, religião e fator psicológico. Muitas vezes, o indivíduo muda seus hábitos em função daquilo que pensa ser relevante para satisfazer suas necessidades. O poder aquisitivo de um povo é que vai determinar os seus hábitos alimentares e, para a alimentação ser completa, não significa que se deva introduzir no organismo todos os princípios nutritivos, os quais são vistos como indispensáveis à vida. O que é preciso considerar é que esta alimentação tem que ter o poder de saciar, sendo ela, sobretudo, individual. Um tipo de alimentação pode ser incompleta para um povo ou indivíduo e preencher as necessidades vitais de outro povo, que se habituou à ela, por meio de gerações sucessivas. De acordo com Mezomo (2002, p. 10), Não existe peculiaridade da alimentação em relação à raça, e, sim, em relação ao meio ambiente físico, isto é, sol, chuva, altitude, solo, vegetação, vida animal, vetores de enfermidades decorrentes da adaptação do indivíduo ao ambiente, através de gerações sucessivas. Assim como a aparência, odor e gosto influenciam na formação do hábito alimentar. Mezomo (2002) destaca que a luta para obter alimentos numa quantidade suficiente, determina as atividades sociais e, consequentemente os fatores determinantes das relações, atitudes, crenças e práticas formuladas pela cultura de um povo. Percebe-se que o hábito alimentar faz parte da cultura, ou seja, integra o indivíduo ao seu grupo. Se por ventura este indivíduo tiver que alterar bruscamente esses hábitos, problemas sérios ocorrerão tanto organicamente, quanto psicologicamente. E, como afirma Mezomo (2002, p.11), “[...] quando há necessidade de se modificar ou melhorar um hábito alimentar, deve-se educar a população de forma paulatina.” Nesse contexto pode-se citar dois tipos de mudanças de hábitos alimentares: a dirigida e a espontânea. A primeira diz respeito ao desejo que o indivíduo tem de consumir alimentos que proporcionam maior prestígio social. Considera-se que nem sempre essas mudanças são positivas. Pode-se citar o caso do desmame de uma criança precocemente ou até mesmo a não-amamentação, zelando pela estética dos seios e substituindo, então, a amamentação pelo aleitamento artificial (MEZOMO, 2002). A mudança dirigida é desenvolvida baseada em conhecimentos científicos, objetivando, principalmente, favorecer as crianças que sofrem de má nutrição protéicocalórica, sendo que os principais fatores contribuintes são: econômicos, culturais, sociais, religiosos e educacional. É importante considerar ainda que a cultura de uma sociedade influencia e muito no desenvolvimento dos hábitos alimentares da pessoas inseridas nela. 2.3 A ALIMENTAÇÃO NO ÂMBITO ESCOLAR Considerando que o tempo que a criança passa na escola é maior, muitas vezes, do que aquele que ela passa em casa, a instituição escolar tem uma influência cada vez mais abrangente na alimentação de seus alunos. Sendo assim, ela pode desenvolver projetos que estejam voltados à educação alimentar. As que possuem cantinas, por exemplo, devem disponibilizar alternativas alimentares que se ajustem as necessidades de cada aluno. Cumprindo esse requisito, haverá a promoção da saúde dentro do âmbito escolar e tornar-se-á uma fonte de prazer. De acordo com Nutrição Adequada nos Primeiros Anos de Vida (2007) e com Lourenço (2007), durante a fase pré-escolar, a criança apresenta uma certa curiosidade em descobrir os alimentos. Os sentidos têm papel fundamental na aceitação do alimento pela criança pequena, não é somente através da gustação que o pré-escolar define seus gostos. Existe um período considerado crítico que, de acordo com Oliveira (apud in CAMPOS, 2003), vai do primeiro ano de vida até três anos em que a criança está mais suscetível a transtornos emocionais e infecções múltiplas. A criança pré-escolar é aquela que se encontra entre os dois e cinco anos de idade. Durante essa fase ela apresenta um crescimento lento e contínuo, o que justifica a importância de acompanhar o desenvolvimento do pré-escolar, verificando o seu estado de saúde geral e identificando alguns fatores de risco. Os autores Krause e Mahan (1991) frisam que o local físico da alimentação da criança deve ser adaptado para que possa ocorrer de forma a assegurar as suas necessidades. Desde a mesa e cadeiras, até mesmo os talheres e pratos devem proporcionar à criança conforto e segurança. Considerando que a alimentação escolar é um direito de todo o estudante, garantido pela Constituição Federal de 1988, é indispensável que esse momento seja proporcionado a ela de forma saudável. O desenvolvimento da criança, incluindo altura e peso, ocorre na infância e de acordo com a LDB 9394/96, é função da Educação Infantil promover o desenvolvimento integral da criança, nos aspectos físico, psicológico, intelectual e social.Isso inclui a responsabilidade da instituição escolar sobre a alimentação. Acredita-se que os hábitos alimentares podem variar dependendo do que a escola forneça como cardápio diário à criança. A escola deve oferecer alimentos, que possibilite aos alunos de ensino fundamental e médio conhecerem as noções básicas sobre o assunto, tornando-se uma atitude positiva na efetivação de hábitos alimentares saudáveis. Sendo que, segundo Mezomo (2002, p.16-17): A introdução de hábitos alimentares corretos, através da criança na idade escolar, é o melhor método de se atingir esse objetivo, pois, dessa maneira está se preparando uma geração com os conhecimentos básicos sobre nutrição. Os professores também precisam ser instruídos para que transmitam corretamente os conhecimentos às crianças. Considera-se também muito importante atingir o lar, assim como a comunidade, através de todos os meios de divulgação que possam servir ao programa de educação alimentar. Faz-se necessário salientar nesse programa que para ter-se uma boa saúde é indispensável uma boa alimentação, conscientizando que a má nutrição tem suas conseqüências Deve-se considerar, também, que o valor nutricional dos alimentos e a disponibilidade de alimentos em cada região do País estimulam o consumo de certos alimentos de alto valor nutritivo, substituindo por outros de menor valor, assim como o modo de prepará-los, mantendo o máximo de seu valor nutritivo. É preciso considerar, dentro desse processo, que uma mudança dos hábitos alimentares só pode ocorrer gradativamente e quando a modificação for programada. Se um indivíduo mudar drasticamente seus hábitos alimentares pode acarretar alterações sérias para o organismo, com distúrbios nas funções digestivas, redução da capacidade de trabalho, etc. A escola desempenha uma função muito importante na construção de hábitos alimentares saudáveis. Isso implica, inclusive, no incentivo às crianças a se hidratarem através da ingestão de líquidos. Segundo Mahan e Stump (2002,p.147), A água é um componente essencial de todos os tecidos corpóreos. Como um solvente, ela torna muitos solutos disponíveis para a função celular e é um meio necessário para todas as reações [...] A água é essencial para os processos fisiológicos de digestão, absorção e excreção.Ela desempenha um papel-chave na estrutura e função do sistema circulatório e atua como um meio de transporte para os nutrientes e todas as substâncias corpóreas. Pela riqueza e importância da água, é indispensável que os alunos tenham acesso a sua ingestão de líquidos nos períodos em que estiverem na escola, e que essa prática torne-se, pela formação, uma atividade consciente dentro do âmbito escolar. Por ter uma participação tão ativa na vida dos alunos e por alcançar grande parte da população, à escola são atribuídas diversas funções sociais, inclusive a de alimentar e educar para uma vida saudável. Lourenço (2007, p. 22-23) afirma que: A escola tem uma influência cada vez mais abrangente na alimentação dos seus alunos, uma vez que o período onde a criança passa muitas vezes é maior que o tempo que passa em casa. É através da escola que é possível desenvolver projetos voltados à educação alimentar, embora o tema da alimentação/ nutrição esteja integrado juntamente aos currículos escolares, ele não tem sido devidamente tratado por boa parte das escolas brasileiras. Assim, cabe às escolas retomarem aspectos relevantes sobre a alimentação, organizarem projetos e ações que coloquem em prática a educação alimentar. Lourenço (2007, p. 23) destaca ainda que: O papel da escola deve ser de possibilitar e disponibilizar alternativas alimentares adequadas que se ajustem as necessidades de cada aluno tanto nas cantinas, quanto nos bufetes. A alimentação precisa cumprir esses requisitos básicos para que haja a promoção da saúde dentro do âmbito escolar e, mais do que isso, a alimentação deve ser uma fonte de prazer. Dessa forma, a escola cumpre o seu papel social na promoção da qualidade de vida e educa os paladares de seus sujeitos de modo a efetivar um processo de alimentação saudável não apenas no seu interior, como também nas relações que o aluno estabelece fora dos seus portões. 3 APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS DADOS Considerando que da alimentação dependem vários aspectos ligados ao desenvolvimento da criança, realizou-se a pesquisa de campo e os dados serão analisados a seguir. A coleta de dados constou de duas fases. A primeira etapa da pesquisa consistiu em questionário realizado com 6 alunos da Escola São Caetano da rede privada do município de Pato Branco, (4 meninos e 2 meninas) de uma 2ª série, na faixa etária de 8 anos, a fim de verificar sobre seus hábitos alimentares. Na etapa seguinte, realizou-se uma observação de duas semanas, que consistiu da anotação dos produtos alimentícios trazidos por essas mesmas crianças à escola. A seguir, apresentam-se esses dados seguidos de uma breve análise. 3.1 O LANCHE DAS CRIANÇAS NA ESCOLA Os quadros seguintes contêm os dados obtidos durante o período de 24 de setembro a 5 de outubro de 2007. O primeiro quadro dá conta da alimentação escolar das crianças na primeira semana e o seguinte, na segunda semana. A Escola São Caetano, não oferece o programa de merenda escolar, que atinge as escolas públicas. A escola também não oferece cantina para a venda de alimentos, assim, as crianças trazem diariamente seus lanches e isso reflete bem os hábitos alimentares de cada um não apenas na escola, como também em casa, pois as crianças trazem o lanche que os pais disponibilizam. Em duas semanas de observação obteve-se o seguinte resultado: QUADRO 01 - Lanche das crianças. (1ª semana) Aluna “A” Aluna”B” Aluno “C” 1º Dia 01 bombom 01 pacotinho de biscoito Club Social Sanduíche (pão, mortadela e margarina) Nescau e Todinho Aluno “D” Pirulito Chiclets Aluno “E” Choco-Milk Club Social 01 Pedaço de nega maluca Aluno “F” Todinho Pipoca 2º Dia Club Social Amendoim Kri-kri 3º Dia Club Social Iogurte 4º Dia Club Social Iogurte 5º Dia Club Social O1 banana Pão e margarina Chá mate Bolinho Mix (suco indusrializado) Coca Balas e Chocolate 01 pedaço de bolo de forma 01 Club Social 01 suco indusrializado Todinho Pipoca 01 pedaço de bolo simples Maçã Suco de laranja 01 Iogurte Activia Tampico Tubbets (waffer) Chicletes e Coca-Cola Espetinho Todinho Tubetes(waffer) Suco (Gatorade) Chicletes Salgadinho Suco industrializado 01 Club Social Salgadinho Suco indusrializado Salgadinho Suco industrializado Biscoito doce Todinho Pipoca Não foi à aula Todinho Fonte: Dados da Pesquisa/2007 Os dados acima relacionados foram obtidos durante a semana de 24 a 28 de setembro. Apenas um aluno faltou aula nessa semana, no quarto dia. Quadro 02 – Lanche das crianças. (2º semana) 6º Dia 7º Dia 8º Dia 01 Iogurte e Suco 02 bananas Aluna “A” Club Social indusrializado e pastel de carne Aluna “B” Aluno “C” Aluno “D” Aluno “E” Aluno “F” Não levou 01 Iogurte e suco industrializado 01 bolinho e um suco industrializado 01Barra de cereal e suco industrializado 02 Todinhos 01 suco indusrializado e um pacotinho de waffer Não levou Pingo d’ouro Coca-Cola 01 suco 01 pacotinho de 01 pacotinho de biscoito industrializado biscoito doce 01 pacotinho de recheado/ um biscoito suco recheado e um industralizado/ um pãozinho Club Social doce e alguns rizólis 01 pacote de Não levou Não foi p/ aula salgadinho 9ºDia 01 Banana e suco industralizado 01 Barra de cereal 10º Dia 01 Suco industrializado e bolacha de milho 01 barra de cereal 02 espetinhos 01 Todinho e 01 pacotinho de Waffer Não trouxe 01 pacote de Salgadinho/ 01 suco industrializado Chicletes 01 guaraná de 240 ml/ biscoitos recheados Não levou Coca Fonte: Dados da Pesquisa/2007 Constatou-se numa forma geral que as crianças consomem muito suco industrializado e biscoitos recheados e salgados. Trata-se de alimentos de fácil preparo para os pais, ou seja, são produtos comercializados em larga escala e que não necessitam de um período longo de tempo em seu preparo. Mahan e Stump (2002, p.237) discorrendo sobre a alimentação das crianças afirmam que: Seus lanches devem ser cuidadosamente escolhidos de forma que sejam densos em nutrientes; eles não devem ser limitados a biscoitos, refrigerantes com soda e batatas fritas. Interessante salientar que de acordo com Lourenço (2007) a formação dos hábitos alimentares inicia-se no nascimento da criança, desenvolvendo-se nos primeiros anos de vida e moldando-se de acordo com experiências vividas, nível sócio-econômico, influência da mídia e necessidades do ser humano. Observou-se que o consumo de frutas não é comum para as crianças pesquisadas que, na maioria dos dias de observação, trouxeram à escola produtos que são amplamente divulgados pela mídia, como os salgadinhos, bolachas recheadas, sucos industrializados e refrigerantes, além de pirulitos e chicletes – único lanche levado em alguns dias pelo aluno “D”. Trata-se de produtos com corantes, conservantes e aromas artificiais que acabam por educar o paladar das crianças de acordo a um padrão imposto na sociedade. Outra questão que se coloca é o fato de, por vários dias, algumas crianças não trazerem lanche à escola. Sendo o período mínimo de permanência na escola de 4 (quatro) horas diárias, esses alunos permanecem sem alimentação por um tempo muito grande, considerando-se que estão passando por uma fase de grande desenvolvimento, e que as famílias, talvez, não tenham essa consciência. É importante destacar que os alunos pesquisados consomem muita água. Todos eles têm o hábito de levar uma garrafinha para a escola, a qual “reabastecem” com freqüência. Muitos estudos mostram que a água é indispensável à saúde. As crianças devem ter conhecimento de que a água é tão ou mais importante que os alimentos para o desenvolvimento de uma vida saudável (MAHAN E STUMP, 2002). 3.2 A ALIMENTAÇÃO DAS CRIANÇAS EM CASA Além da observação dos hábitos alimentares no lanche das crianças, foi distribuído um questionário para que respondessem, acerca da alimentação em casa. A identificação dos alunos nos quadros 1 e 2 permanece a mesma nos quadros que trazem as respostas ao questionário. Um dos alunos (aluno F) não respondeu. QUESTÃO 01 – Quantas vezes por dia você se alimenta? ALUNOS ALUNA “A” 04 vezes por dia. ALUNA “B” 06 vezes. ALUNO “C” 03 vezes. ALUNO “D” 02 vezes. ALUNO “E” 04 vezes ao dia. ALUNO “F” RESPOSTAS Fonte: Dados da Pesquisa/2007 Pode-se observar que existe uma variação no número de refeições que as crianças pesquisadas realizam durante o dia. A Aluna B alimenta-se seis vezes ao dia, enquanto o aluno D tem apenas duas refeições ao dia. Cabe ressaltar que o aluno D é o que teve uma alimentação pobre nos dias da observação e que, em alguns dias, sequer trouxe lanche à escola. É sabido que a família tem uma grande importância na formação de hábitos alimentares saudáveis e uma influência ímpar na qualidade de vida das crianças. Fica evidente que o aluno D não tem uma atenção familiar específica na área da alimentação e isso pode trazer prejuízos para o seu desenvolvimento. QUESTÃO 02 – O que você e sua família normalmente consomem nas refeições? ALUNOS RESPOSTAS ALUNA “A” Carne de vários tipos, macarrão, alface, etc. ALUNA “B” Arroz, feijão, carne, salada de dois tipos, macarrão e frango. ALUNO “C” Sopa ALUNO “D” Arroz, carne, feijão,batata e macarrão. ALUNO “E” Arroz, feijão, carne, legumes e verduras. ALUNO “F” Fonte: Dados da Pesquisa/2007 De acordo com as respostas, praticamente todos possuem refeições moderadas. Considerando que segundo estudos de especialistas em alimentação, não deve-se ingerir ao mesmo tempo vários alimentos que contenham amido, por exemplo, como é visto no quadro acima. Sendo que Biazi (2002, p.69), afirma que: Os alimentos naturais(de boa qualidade) são os que possuem substâncias próprias para atender as necessidades das células. Eles não forçam o sistema digestório e satisfazem os genes. São ricos em vitaminas, sais minerais, enzimas, oligoelementos e outras propriedades que a ciência ainda não nomeou e que fazem a diferença [...] Estes são ao alimentos que guardam a vitalidade, longevidade e beleza:cereais,frutas,proteína vegetal e hortaliças. É preciso considerar que as necessidades nutricionais das crianças se modificam de acordo com as etapas de crescimento. Há sempre ajustes com o passar do tempo: um pouco mais, um pouco menos desse e daquele nutriente. Ou até mesmo, o processo de desenvolvimento da criança pode requerer a introdução de um novo alimento no cardápio. Cabe aos pais estarem atentos à essas necessidades nutricionais e alimentares das crianças, principalmente em uma situação como a da escola pesquisada, que não oferece a merenda escolar (exclusiva para escolas públicas) que tem o acompanhamento de profissionais da área de Nutrição na elaboração e implementação dos cardápios. QUESTÃO 03 – E nos lanches? ALUNA “A” Bolachas de vários tipos,iogurte, etc. ALUNA “B” Iogurte, fruta, sanduíche natural. ALUNO “C” “Tubetes” e Tampico. ALUNO “D” Pão, mortadela, ketchup, maionese, suco, pipoca,etc. ALUNO “E” Frutas, pães, leite e suco. ALUNO “F” Fonte: Dados da Pesquisa/2007 Observou-se neste quadro que apenas 02 dos alunos pesquisados consomem frutas no lanche. Assim como se pode perceber na observação do lanche deles, que foi realizada durante duas semanas, que é muito baixo o consumo de frutas pelos alunos pesquisados. Considerando que Almeida (apud revista Nutrição Infantil (p. 31): ”A merenda deve ser composta de alimentos nutritivos[...].Não podem faltar frutas ou sucos, cereais, leite ou derivados”. A mesma revista ainda cita que aqui no Brasil os biscoitos recheados, salgadinhos e refrigerantes são os preferidos no lanche da criançada. Fato este que pode ser confirmado nos hábitos do lanche diário das crianças pesquisadas. QUESTÃO 04 – Quais são os alimentos que você mais gosta? E quais os que você não gosta? ALUNOS RESPOSTAS ALUNA “A” Feijão, arroz, batata caramelizada, macarrão, carne moída, salada de vários tipos, etc. ALUNA “B” Macarrão e lasanha. ALUNO “C” Feijão, arroz, nhoque, sopa .Limão e lima. ALUNO “D” Batata frita, macarrão, empanado, feijão, pão e salada. ALUNO “E” Carne, feijão, arroz, laranja e outras coisas. ALUNO “F” Fonte: Dados da Pesquisa/2007 De acordo com as respostas, pode-se afirmar que a maioria dos alunos tem preferência por alimentos saudáveis, como: feijão, arroz, carnes, saladas, massas, etc. Considerando que esses alimentos são citados por (MEZOMO,2002) como componentes de uma alimentação saudável e ainda citando o mesmo autor, se introduzido hábitos alimentares corretos nas crianças em idade escolar, há maiores chances de preparar uma geração com consciência sobre a importância do consumo dos mesmos. Fica evidente ainda a influência da convivência familiar na formação dos hábitos alimentares quando a aluna B, por exemplo, afirma que tem preferência por massas (macarrão e lasanha). Certamente a família dessa aluna prioriza esses alimentos em seu cardápio. Quantos ao alimentos que não gostam, não houve manifestação por parte dos alunos. QUESTÃO 05 – Você pratica algum tipo de esporte? ALUNOS RESPOSTAS ALUNA “A” Não ALUNA “B” Não. Mas vou. ALUNO “C” Futsal. ALUNO “D” Sim. Corrida de bicicleta. ALUNO “E” Sim. Futebol. ALUNO “F” Fonte: Dados da Pesquisa/2007 Dos 5 alunos questionados, 3 afirmaram que praticam algum tipo de esporte. Segundo Biazi (2002, p.48): Todo dia, deveríamos dedicar períodos para exercícios. A constância e a regularidade são muito importantes, se quisermos que o corpo se beneficie[...]. Toda mãe deveria levar seus bebês para caminhadas ao ar livre e ao sol. Esses alunos realmente não são sedentários. Na maioria das vezes eles preferem ficar sem lanchar para praticar atividades físicas na hora do intervalo. Cabe ressaltar, entretanto, que a prática de atividades físicas deve estar vinculada a hábitos alimentares saudáveis para que a criança realmente tenha qualidade de vida. Nessa perspectiva, a escola tem um papel central na formação da consciência acerca da necessidade de uma alimentação balanceada e da necessidade de prática de atividades físicas. Dentro dos conteúdos escolares o professor pode fazer discussões com seus alunos que os levarão a ser propagadores e difusores da busca pela saúde. 4 CONCLUSÃO Como profissionais da área da educação, é dever dos pedagogos participarem na discussão sobre como a escola pode contribuir na formação de hábitos alimentares adequados nas crianças. Considerando que os hábitos alimentares iniciam-se com o nascimento da criança e seguem durante os primeiros anos de vida. O educador pode influenciar, ou seja, ocasionar situações que estimulem a criança a consumir alimentos saudáveis; para isso pode procurar parcerias com a equipe pedagógica, família e comunidade. Uma criança que se alimenta saudavelmente tem o seu desenvolvimento potencializado, e isso, aliado a prática de atividades físicas, contribui para o desempenho das funções sociais da escola. Ressalta-se que nesse contexto é indispensável respeitar a necessidade de cada organismo, ou seja, não forçar o consumo deste ou aquele alimento, assim como respeitar a cultura de cada criança. Durante a análise dos dados, assim como a convivência diária da pesquisadora com as crianças observadas, pôde-se perceber que apenas duas delas estão acima do peso ideal. O que fica evidente é que a sociedade atual não está procurando uma alimentação saudável. Em um momento em que o tempo é escasso, a alimentação segue os padrões da industrialização e da globalização; os produtos industrializados que são consumidos pelas crianças brasileiras são os mesmos que são consumidos pelas crianças européias, asiáticas, norte-americanas... Cada dia mais, dentro da alimentação, os fatores regionais são desconsiderados e os paladares são padronizados. Nessa perspectiva, a escola tem uma importância grande no que tange à formação de hábitos alimentares saudáveis e à valorização dos alimentos naturais, bem como na busca por uma consciência sobre esse processo de massificação que acontece em nossa sociedade, inclusive na alimentação. REFERÊNCIAS BIAZI, Eliza M. S. Recursos para uma vida natural.30. ed. São Paulo:Casa, 2002. CAMPOS, Maria Tereza Filho de Souza; Silva, Margarida Maria Santana. Segurança alimentar e nutricional na atenção básica em saúde. Viçosa: UFV, V1 E V2, 2003. LOURENÇO, Alice Maria de Souza. Pato Branco: FADEP, 2007. Trabalho de Conclusão de Curso. MAHAN, L. Kathleen; STUMP, Sylvia Escott. Alimentos, Nutrição e Dietoterapia. 10. ed. São Paulo:Roca,2002. MEZOMO, Iracema de Barros. Os serviços de alimentação. São Paulo: Manole, 2002.