hábitos alimentares e qualidade de vida

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HÁBITOS ALIMENTARES E QUALIDADE DE VIDA: UMA DISCUSSÃO
SOBRE A ALIMENTAÇÃO ESCOLAR1
FRIZON, Janete Diane2
RESUMO: Este trabalho de pesquisa foi orientado pela professora mestra Carmem
Waldow. O mesmo teve como objetivo, analisar os hábitos alimentares de alunos do
2ªsérie (Ensino Fundamental – Séries Iniciais) da Escola São Caetano do município de
Pato Branco - PR, assim como as interferências da alimentação na qualidade de vida
desses alunos. Nesse sentido, buscou-se embasamento teórico em autores que se
dedicam ao estudo da alimentação em todas as fases da vida, considerando que neste
trabalho, deu-se maior enfoque para a alimentação na infância. Para a coleta de dados,
utilizou-se a pesquisa exploratória, através de questionários distribuídos aos alunos e
também observação do lanche trazido pelos alunos para a escola no período de duas
semanas. Findada a pesquisa, pôde-se constatar que os alunos têm hábitos alimentares
variados e que não existe uma grande preocupação da família em relação à formação
desses hábitos. Vários fatores podem contribuir para isso, como a produção em massa
de alimentos industrializados, o investimento das indústrias alimentícias em
publicidade, a escassez de tempo que as pessoas enfrentam atualmente, entre outros.
Cabe, portanto a escola contribuir para com o debate concernente à formação de hábitos
alimentares saudáveis objetivando a qualidade de vida. Isso somente será possível com
o comprometimento do professor e de toda a equipe pedagógica da escola em que o
aluno está inserido. Interessante salientar que apenas duas das crianças pesquisadas
estão acima do peso ideal. Nesse contexto, a escola tem uma importância grande no que
tange à formação de hábitos alimentares saudáveis e a valorização dos alimentos
naturais, bem como na busca por uma consciência sobre esse processo de massificação
que acontece em nossa sociedade, inclusive na alimentação.
Palavras-Chave: Alimentação escolar. Hábitos alimentares. Qualidade de vida.
1
Artigo apresentado ao I Simpósio Nacional de Educação (Unioeste – Cascavel).
Pedagoga/ Licenciatura Plena – FADEP (Faculdade de Pato Branco)
Email: [email protected]
2
1 INTRODUÇÃO
Numa época não tão distante, a alimentação era bem diferente da atual. As
pessoas consumiam os alimentos “in natura”, por estarem em maior contato com a
natureza e desses alimentos era extraído o total de nutrientes que continham.
Sabe-se que atualmente, a maioria dos alimentos são produzidos e transformados
com a utilização de técnicas modernas, as quais acabam alterando e interferindo no
valor nutricional dos mesmos. Sendo assim, a saúde das pessoas do mundo moderno
pode estar comprometida, pois elas se deixam influenciar pela “aparência” dos
alimentos, pelo sabor requintado e também pela indução da propaganda de massa.
Nesse contexto, este artigo tem a intenção de salientar que uma alimentação
racional e equilibrada é fundamental para prevenir muitas doenças, inclusive algumas
que podem ter conseqüências psicológicas, como a obesidade. Assim, uma das
preocupações desse trabalho é observar a influência da alimentação na qualidade de
vida das crianças.
Para a elaboração deste artigo, adotou-se como metodologia a pesquisa com
abordagem qualitativa do tipo exploratória. O trabalho envolve além desta introdução,
que sintetiza a estrutura do trabalho, o desenvolvimento, a análise dos dados coletados
com os alunos da segundo ano (Ensino Fundamental – Séries Iniciais) e a conclusão.
2 DESENVOLVIMENTO
2.1 COSTUMES ALIMENTARES E SUA EVOLUÇÃO
A alimentação é uma necessidade básica de todo o ser vivo. O ser humano tem
seus hábitos alimentares decorrentes da convivência em sociedade. A alimentação
humana é modificada de acordo com as necessidades histórico-sociais que se
apresentam em cada período histórico. Assim, para entender o porquê do tipo de
alimentação atual, é indispensável que se conheça os hábitos alimentares dos homens
que viveram na terra nos séculos antecedentes.
De acordo com Mezomo (2002), no período da pedra lascada, cerca de 6.000
a.C. o homem vivia em cavernas e caçava. A mulher colhia frutos, nozes, raízes e
cereais silvestres, completando assim a ração alimentar.
Em 5.000 a.C., no período mesolítico, os homens que residiam na atual Europa
eram coletores. Não se alimentavam com carne vermelha pelo motivo de que animais
desapareciam frequentemente, devido à migração. O homem então deslocou-se para as
costas litorâneas nórdicas. Ali havia abundância de peixes, aves aquáticas, ovos, lebres,
lesmas, caracóis, raízes, nozes, gado selvagem, hienas e javalis para a caça, e o homem,
nesse período, juntou-se em clãs (homo socialis).
Devido aos raios e lavas dos vulcões, o homem já conheceu o fogo, mas não
sabia produzi-lo. Nessa época o homem devorava animais mortos, cuja carne ficava
chamuscada nos incêndios da floresta.
Tempos mais tarde, o homem descobriu que o atrito entre duas pedras,
resultava em faíscas e, conseqüentemente, no fogo, começando a utilizá-lo para espantar
os animais, aquecer-se do frio e assar a carne. (MEZOMO, 2002).
No período neolítico, 4.000 a.C.(Idade da Pedra Polida), os homens, após o
dilúvio, perceberam que o parasitismo esgotava a terra. Então, fixaram morada à beira de
rios e lagos. Pescavam e plantavam. Iniciando, em pequenas aldeias, a vida pastoril.
Possuíam rebanhos, dos quais extraíam a carne e o leite.
Esses homens preveniam-se com reservas para períodos de escassez, assim
como praticavam também o ócio, recuperando as energias através de trabalhos artísticos
e também cultivando a vaidade. Assim, com a inteligência desenvolvida, o homo faber
passou a produzir o artesanato e percebeu também que podia guardar e conservar
alimentos.
A alimentação dos povos ocidentais se contrapõe muito a dos povos orientais,
que tem a refeição como um verdadeiro ritual. Considerando ainda que:
A evolução das ciências e da tecnologia, ao longo dos anos, torna possível
tomar consciência das novas e originais características da alimentação
moderna, quer apreciando suas vantagens, quer apontando suas
inconveniências.(MEZOMO, 2002, p.7).
Ou seja, atualmente, os alimentos, em grande parte vêm de uma transformação
industrial da matéria-prima. Toma-se a precaução, por parte dos fabricantes em melhorar
a qualidade comercial de seus produtos, objetivando aumentar suas vendas; mas, nesse
processo, o que acontece muitas vezes é a perda do valor nutritivo desses alimentos.
Nesse sentido, então, é preciso tomar consciência de que a transformação das
técnicas de produção e dos costumes alimentares podem acarretar em sérias
complicações à saúde.
2.2
HÁBITOS ALIMENTARES E SUA INFLUÊNCIA NO ESTADO FÍSICO,
PSÍQUICO E SOCIAL DO HOMEM.
Para manter-se vivo, o homem precisa comer. Porém, como se diz na linguagem
popular, o homem deve “comer para viver” e não “viver para comer”.
Interessante salientar que, quando nasce, o homem é semelhante (exceto em
caracteres étnicos), no tempo e no espaço, a outro homem que tenha nascido ou venha a
nascer em outro ambiente. Após o nascimento, agem fatores ligados basicamente à
alimentação, os quais são capazes de moldá-los ao meio ambiente que vive.
Nesse sentido, o contexto cultural do homem é caracterizado pela forma como
ele obtém, aproveita e consome seus alimentos, os valores que a sociedade atribui a eles
e fatores inter-relacionados, como a economia, estrutura social, religião e fator
psicológico. Muitas vezes, o indivíduo muda seus hábitos em função daquilo que pensa
ser relevante para satisfazer suas necessidades.
O poder aquisitivo de um povo é que vai determinar os seus hábitos
alimentares e, para a alimentação ser completa, não significa que se deva introduzir no
organismo todos os princípios nutritivos, os quais são vistos como indispensáveis à vida.
O que é preciso considerar é que esta alimentação tem que ter o poder de saciar, sendo
ela, sobretudo, individual.
Um tipo de alimentação pode ser incompleta para um povo ou indivíduo e
preencher as necessidades vitais de outro povo, que se habituou à ela, por meio de
gerações sucessivas.
De acordo com Mezomo (2002, p. 10),
Não existe peculiaridade da alimentação em relação à raça, e, sim, em
relação ao meio ambiente físico, isto é, sol, chuva, altitude, solo, vegetação,
vida animal, vetores de enfermidades decorrentes da adaptação do indivíduo
ao ambiente, através de gerações sucessivas.
Assim como a aparência, odor e gosto influenciam na formação do hábito
alimentar.
Mezomo (2002) destaca que a luta para obter alimentos numa quantidade
suficiente, determina as atividades sociais e, consequentemente os fatores determinantes
das relações, atitudes, crenças e práticas formuladas pela cultura de um povo.
Percebe-se que o hábito alimentar faz parte da cultura, ou seja, integra o
indivíduo ao seu grupo. Se por ventura este indivíduo tiver que alterar bruscamente esses
hábitos, problemas sérios ocorrerão tanto organicamente, quanto psicologicamente. E,
como afirma Mezomo (2002, p.11), “[...] quando há necessidade de se modificar ou
melhorar um hábito alimentar, deve-se educar a população de forma paulatina.”
Nesse contexto pode-se citar dois tipos de mudanças de hábitos alimentares: a
dirigida e a espontânea. A primeira diz respeito ao desejo que o indivíduo tem de
consumir alimentos que proporcionam maior prestígio social. Considera-se que nem
sempre essas mudanças são positivas. Pode-se citar o caso do desmame de uma criança
precocemente ou até mesmo a não-amamentação, zelando pela estética dos seios e
substituindo, então, a amamentação pelo aleitamento artificial (MEZOMO, 2002).
A mudança dirigida é desenvolvida baseada em conhecimentos científicos,
objetivando, principalmente, favorecer as crianças que sofrem de má nutrição protéicocalórica, sendo que os principais fatores contribuintes são: econômicos, culturais,
sociais, religiosos e educacional. É importante considerar ainda que a cultura de uma
sociedade influencia e muito no desenvolvimento dos hábitos alimentares da pessoas
inseridas nela.
2.3 A ALIMENTAÇÃO NO ÂMBITO ESCOLAR
Considerando que o tempo que a criança passa na escola é maior, muitas vezes,
do que aquele que ela passa em casa, a instituição escolar tem uma influência cada vez
mais abrangente na alimentação de seus alunos. Sendo assim, ela pode desenvolver
projetos que estejam voltados à educação alimentar. As que possuem cantinas, por
exemplo, devem disponibilizar alternativas alimentares que se ajustem as necessidades
de cada aluno. Cumprindo esse requisito, haverá a promoção da saúde dentro do âmbito
escolar e tornar-se-á uma fonte de prazer.
De acordo com Nutrição Adequada nos Primeiros Anos de Vida (2007) e com
Lourenço (2007), durante a fase pré-escolar, a criança apresenta uma certa curiosidade
em descobrir os alimentos.
Os sentidos têm papel fundamental na aceitação do alimento pela criança
pequena, não é somente através da gustação que o pré-escolar define seus gostos. Existe
um período considerado crítico que, de acordo com Oliveira (apud in CAMPOS, 2003),
vai do primeiro ano de vida até três anos em que a criança está mais suscetível a
transtornos emocionais e infecções múltiplas.
A criança pré-escolar é aquela que se encontra entre os dois e cinco anos de
idade. Durante essa fase ela apresenta um crescimento lento e contínuo, o que justifica a
importância de acompanhar o desenvolvimento do pré-escolar, verificando o seu estado
de saúde geral e identificando alguns fatores de risco.
Os autores Krause e Mahan (1991) frisam que o local físico da alimentação da
criança deve ser adaptado para que possa ocorrer de forma a assegurar as suas
necessidades. Desde a mesa e cadeiras, até mesmo os talheres e pratos devem
proporcionar à criança conforto e segurança.
Considerando que a alimentação escolar é um direito de todo o estudante,
garantido pela Constituição Federal de 1988, é indispensável que esse momento seja
proporcionado a ela de forma saudável.
O desenvolvimento da criança, incluindo altura e peso, ocorre na infância e de
acordo com a LDB 9394/96, é função da Educação Infantil promover o desenvolvimento
integral da criança, nos aspectos físico, psicológico, intelectual e social.Isso inclui a
responsabilidade da instituição escolar sobre a alimentação.
Acredita-se que os hábitos alimentares podem variar dependendo do que a escola
forneça como cardápio diário à criança. A escola deve oferecer alimentos, que possibilite
aos alunos de ensino fundamental e médio conhecerem as noções básicas sobre o
assunto, tornando-se uma atitude positiva na efetivação de hábitos alimentares
saudáveis.
Sendo que, segundo Mezomo (2002, p.16-17):
A introdução de hábitos alimentares corretos, através da criança na idade
escolar, é o melhor método de se atingir esse objetivo, pois, dessa maneira
está se preparando uma geração com os conhecimentos básicos sobre
nutrição. Os professores também precisam ser instruídos para que transmitam
corretamente os conhecimentos às crianças.
Considera-se também muito importante atingir o lar, assim como a
comunidade, através de todos os meios de divulgação que possam servir ao programa de
educação alimentar. Faz-se necessário salientar nesse programa que para ter-se uma boa
saúde é indispensável uma boa alimentação, conscientizando que a má nutrição tem suas
conseqüências
Deve-se considerar, também, que o valor nutricional dos alimentos e a
disponibilidade de alimentos em cada região do País estimulam o consumo de certos
alimentos de alto valor nutritivo, substituindo por outros de menor valor, assim como o
modo de prepará-los, mantendo o máximo de seu valor nutritivo.
É preciso considerar, dentro desse processo, que uma mudança dos hábitos
alimentares só pode ocorrer gradativamente e quando a modificação for programada. Se
um indivíduo mudar drasticamente seus hábitos alimentares pode acarretar alterações
sérias para o organismo, com distúrbios nas funções digestivas, redução da capacidade
de trabalho, etc.
A escola desempenha uma função muito importante na construção de hábitos
alimentares saudáveis. Isso implica, inclusive, no incentivo às crianças a se hidratarem
através da ingestão de líquidos. Segundo Mahan e Stump (2002,p.147),
A água é um componente essencial de todos os tecidos corpóreos. Como um
solvente, ela torna muitos solutos disponíveis para a função celular e é um
meio necessário para todas as reações [...] A água é essencial para os
processos fisiológicos de digestão, absorção e excreção.Ela desempenha um
papel-chave na estrutura e função do sistema circulatório e atua como um
meio de transporte para os nutrientes e todas as substâncias corpóreas.
Pela riqueza e importância da água, é indispensável que os alunos tenham
acesso a sua ingestão de líquidos nos períodos em que estiverem na escola, e que essa
prática torne-se, pela formação, uma atividade consciente dentro do âmbito escolar.
Por ter uma participação tão ativa na vida dos alunos e por alcançar grande
parte da população, à escola são atribuídas diversas funções sociais, inclusive a de
alimentar e educar para uma vida saudável. Lourenço (2007, p. 22-23) afirma que:
A escola tem uma influência cada vez mais abrangente na alimentação dos
seus alunos, uma vez que o período onde a criança passa muitas vezes é
maior que o tempo que passa em casa. É através da escola que é possível
desenvolver projetos voltados à educação alimentar, embora o tema da
alimentação/ nutrição esteja integrado juntamente aos currículos escolares,
ele não tem sido devidamente tratado por boa parte das escolas brasileiras.
Assim, cabe às escolas retomarem aspectos relevantes sobre a alimentação,
organizarem projetos e ações que coloquem em prática a educação alimentar. Lourenço
(2007, p. 23) destaca ainda que:
O papel da escola deve ser de possibilitar e disponibilizar alternativas
alimentares adequadas que se ajustem as necessidades de cada aluno tanto
nas cantinas, quanto nos bufetes. A alimentação precisa cumprir esses
requisitos básicos para que haja a promoção da saúde dentro do âmbito
escolar e, mais do que isso, a alimentação deve ser uma fonte de prazer.
Dessa forma, a escola cumpre o seu papel social na promoção da qualidade de
vida e educa os paladares de seus sujeitos de modo a efetivar um processo de
alimentação saudável não apenas no seu interior, como também nas relações que o aluno
estabelece fora dos seus portões.
3 APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS DADOS
Considerando que da alimentação dependem vários aspectos ligados ao
desenvolvimento da criança, realizou-se a pesquisa de campo e os dados serão
analisados a seguir. A coleta de dados constou de duas fases.
A primeira etapa da pesquisa consistiu em questionário realizado com 6 alunos
da Escola São Caetano da rede privada do município de Pato Branco, (4 meninos e 2
meninas) de uma 2ª série, na faixa etária de 8 anos, a fim de verificar sobre seus hábitos
alimentares.
Na etapa seguinte, realizou-se uma observação de duas semanas, que consistiu
da anotação dos produtos alimentícios trazidos por essas mesmas crianças à escola. A
seguir, apresentam-se esses dados seguidos de uma breve análise.
3.1 O LANCHE DAS CRIANÇAS NA ESCOLA
Os quadros seguintes contêm os dados obtidos durante o período de 24 de
setembro a 5 de outubro de 2007. O primeiro quadro dá conta da alimentação escolar das
crianças na primeira semana e o seguinte, na segunda semana.
A Escola São Caetano, não oferece o programa de merenda escolar, que atinge
as escolas públicas. A escola também não oferece cantina para a venda de alimentos,
assim, as crianças trazem diariamente seus lanches e isso reflete bem os hábitos
alimentares de cada um não apenas na escola, como também em casa, pois as crianças
trazem o lanche que os pais disponibilizam.
Em duas semanas de observação obteve-se o seguinte resultado:
QUADRO 01 - Lanche das crianças. (1ª semana)
Aluna “A”
Aluna”B”
Aluno “C”
1º Dia
01 bombom
01 pacotinho de
biscoito Club
Social
Sanduíche
(pão, mortadela
e margarina)
Nescau e
Todinho
Aluno “D”
Pirulito
Chiclets
Aluno “E”
Choco-Milk
Club Social
01 Pedaço de
nega maluca
Aluno “F”
Todinho
Pipoca
2º Dia
Club Social
Amendoim
Kri-kri
3º Dia
Club Social
Iogurte
4º Dia
Club Social
Iogurte
5º Dia
Club Social
O1 banana
Pão e
margarina
Chá mate
Bolinho
Mix (suco
indusrializado)
Coca
Balas e
Chocolate
01 pedaço de
bolo de forma
01 Club Social
01 suco
indusrializado
Todinho
Pipoca
01 pedaço de
bolo simples
Maçã
Suco de laranja
01 Iogurte
Activia
Tampico
Tubbets
(waffer)
Chicletes e
Coca-Cola
Espetinho
Todinho
Tubetes(waffer)
Suco
(Gatorade)
Chicletes
Salgadinho
Suco
industrializado
01 Club Social
Salgadinho
Suco
indusrializado
Salgadinho
Suco
industrializado
Biscoito doce
Todinho
Pipoca
Não foi à aula
Todinho
Fonte: Dados da Pesquisa/2007
Os dados acima relacionados foram obtidos durante a semana de 24 a 28 de
setembro. Apenas um aluno faltou aula nessa semana, no quarto dia.
Quadro 02 – Lanche das crianças. (2º semana)
6º Dia
7º Dia
8º Dia
01 Iogurte e
Suco
02 bananas
Aluna “A”
Club Social
indusrializado e
pastel de carne
Aluna “B”
Aluno “C”
Aluno “D”
Aluno “E”
Aluno “F”
Não levou
01 Iogurte
e suco
industrializado
01 bolinho e
um suco
industrializado
01Barra de
cereal e suco
industrializado
02 Todinhos
01 suco
indusrializado e
um pacotinho
de waffer
Não levou
Pingo d’ouro
Coca-Cola
01 suco
01 pacotinho de 01 pacotinho de
biscoito
industrializado biscoito doce
01 pacotinho de
recheado/ um
biscoito
suco
recheado e um
industralizado/
um pãozinho
Club Social
doce e alguns
rizólis
01 pacote de
Não levou
Não foi p/ aula
salgadinho
9ºDia
01 Banana e
suco
industralizado
01 Barra de
cereal
10º Dia
01 Suco
industrializado
e bolacha de
milho
01 barra de
cereal
02 espetinhos
01 Todinho e
01 pacotinho de
Waffer
Não trouxe
01 pacote de
Salgadinho/ 01
suco
industrializado
Chicletes
01 guaraná de
240 ml/
biscoitos
recheados
Não levou
Coca
Fonte: Dados da Pesquisa/2007
Constatou-se numa forma geral que as crianças consomem muito suco
industrializado e biscoitos recheados e salgados. Trata-se de alimentos de fácil preparo
para os pais, ou seja, são produtos comercializados em larga escala e que não necessitam
de um período longo de tempo em seu preparo.
Mahan e Stump (2002, p.237) discorrendo sobre a alimentação das crianças
afirmam que:
Seus lanches devem ser cuidadosamente escolhidos de forma que sejam
densos em nutrientes; eles não devem ser limitados a biscoitos, refrigerantes
com soda e batatas fritas.
Interessante salientar que de acordo com Lourenço (2007) a formação dos
hábitos alimentares inicia-se no nascimento da criança, desenvolvendo-se nos primeiros
anos de vida e moldando-se de acordo com experiências vividas, nível sócio-econômico,
influência da mídia e necessidades do ser humano.
Observou-se que o consumo de frutas não é comum para as crianças
pesquisadas que, na maioria dos dias de observação, trouxeram à escola produtos que
são amplamente divulgados pela mídia, como os salgadinhos, bolachas recheadas, sucos
industrializados e refrigerantes, além de pirulitos e chicletes – único lanche levado em
alguns dias pelo aluno “D”. Trata-se de produtos com corantes, conservantes e aromas
artificiais que acabam por educar o paladar das crianças de acordo a um padrão imposto
na sociedade.
Outra questão que se coloca é o fato de, por vários dias, algumas crianças não
trazerem lanche à escola. Sendo o período mínimo de permanência na escola de 4
(quatro) horas diárias, esses alunos permanecem sem alimentação por um tempo muito
grande, considerando-se que estão passando por uma fase de grande desenvolvimento, e
que as famílias, talvez, não tenham essa consciência.
É importante destacar que os alunos pesquisados consomem muita água. Todos
eles têm o hábito de levar uma garrafinha para a escola, a qual “reabastecem” com
freqüência. Muitos estudos mostram que a água é indispensável à saúde. As crianças
devem ter conhecimento de que a água é tão ou mais importante que os alimentos para o
desenvolvimento de uma vida saudável (MAHAN E STUMP, 2002).
3.2 A ALIMENTAÇÃO DAS CRIANÇAS EM CASA
Além da observação dos hábitos alimentares no lanche das crianças, foi
distribuído um questionário para que respondessem, acerca da alimentação em casa. A
identificação dos alunos nos quadros 1 e 2 permanece a mesma nos quadros que trazem
as respostas ao questionário. Um dos alunos (aluno F) não respondeu.
QUESTÃO 01 – Quantas vezes por dia você se alimenta?
ALUNOS
ALUNA “A”
04 vezes por dia.
ALUNA “B”
06 vezes.
ALUNO “C”
03 vezes.
ALUNO “D”
02 vezes.
ALUNO “E”
04 vezes ao dia.
ALUNO “F”
RESPOSTAS
Fonte: Dados da Pesquisa/2007
Pode-se observar que existe uma variação no número de refeições que as crianças
pesquisadas realizam durante o dia. A Aluna B alimenta-se seis vezes ao dia, enquanto o
aluno D tem apenas duas refeições ao dia. Cabe ressaltar que o aluno D é o que teve uma
alimentação pobre nos dias da observação e que, em alguns dias, sequer trouxe lanche à
escola.
É sabido que a família tem uma grande importância na formação de hábitos
alimentares saudáveis e uma influência ímpar na qualidade de vida das crianças. Fica
evidente que o aluno D não tem uma atenção familiar específica na área da alimentação
e isso pode trazer prejuízos para o seu desenvolvimento.
QUESTÃO 02 – O que você e sua família normalmente consomem nas refeições?
ALUNOS
RESPOSTAS
ALUNA “A”
Carne de vários tipos, macarrão, alface, etc.
ALUNA “B”
Arroz, feijão, carne, salada de dois tipos, macarrão e frango.
ALUNO “C”
Sopa
ALUNO “D”
Arroz, carne, feijão,batata e macarrão.
ALUNO “E”
Arroz, feijão, carne, legumes e verduras.
ALUNO “F”
Fonte: Dados da Pesquisa/2007
De acordo com as respostas, praticamente todos possuem refeições moderadas.
Considerando que segundo estudos de especialistas em alimentação, não deve-se ingerir
ao mesmo tempo vários alimentos que contenham amido, por exemplo, como é visto no
quadro acima.
Sendo que Biazi (2002, p.69), afirma que:
Os alimentos naturais(de boa qualidade) são os que possuem substâncias
próprias para atender as necessidades das células. Eles não forçam o sistema
digestório e satisfazem os genes. São ricos em vitaminas, sais minerais,
enzimas, oligoelementos e outras propriedades que a ciência ainda não
nomeou e que fazem a diferença [...] Estes são ao alimentos que guardam a
vitalidade, longevidade e beleza:cereais,frutas,proteína vegetal e hortaliças.
É preciso considerar que as necessidades nutricionais das crianças se modificam
de acordo com as etapas de crescimento. Há sempre ajustes com o passar do tempo: um
pouco mais, um pouco menos desse e daquele nutriente. Ou até mesmo, o processo de
desenvolvimento da criança pode requerer a introdução de um novo alimento no
cardápio.
Cabe aos pais estarem atentos à essas necessidades nutricionais e alimentares das
crianças, principalmente em uma situação como a da escola pesquisada, que não oferece
a merenda escolar (exclusiva para escolas públicas) que tem o acompanhamento de
profissionais da área de Nutrição na elaboração e implementação dos cardápios.
QUESTÃO 03 – E nos lanches?
ALUNA “A”
Bolachas de vários tipos,iogurte, etc.
ALUNA “B”
Iogurte, fruta, sanduíche natural.
ALUNO “C”
“Tubetes” e Tampico.
ALUNO “D”
Pão, mortadela, ketchup, maionese, suco, pipoca,etc.
ALUNO “E”
Frutas, pães, leite e suco.
ALUNO “F”
Fonte: Dados da Pesquisa/2007
Observou-se neste quadro que apenas 02 dos alunos pesquisados consomem
frutas no lanche. Assim como se pode perceber na observação do lanche deles, que foi
realizada durante duas semanas, que é muito baixo o consumo de frutas pelos alunos
pesquisados.
Considerando que Almeida (apud revista Nutrição Infantil (p. 31): ”A merenda
deve ser composta de alimentos nutritivos[...].Não podem faltar frutas ou sucos, cereais,
leite ou derivados”.
A mesma revista ainda cita que aqui no Brasil os biscoitos recheados,
salgadinhos e refrigerantes são os preferidos no lanche da criançada. Fato este que pode
ser confirmado nos hábitos do lanche diário das crianças pesquisadas.
QUESTÃO 04 – Quais são os alimentos que você mais gosta? E quais os que você não gosta?
ALUNOS
RESPOSTAS
ALUNA “A”
Feijão, arroz, batata caramelizada, macarrão, carne moída, salada de
vários tipos, etc.
ALUNA “B”
Macarrão e lasanha.
ALUNO “C”
Feijão, arroz, nhoque, sopa .Limão e lima.
ALUNO “D”
Batata frita, macarrão, empanado, feijão, pão e salada.
ALUNO “E”
Carne, feijão, arroz, laranja e outras coisas.
ALUNO “F”
Fonte: Dados da Pesquisa/2007
De acordo com as respostas, pode-se afirmar que a maioria dos alunos tem
preferência por alimentos saudáveis, como: feijão, arroz, carnes, saladas, massas, etc.
Considerando que esses alimentos são citados por (MEZOMO,2002) como componentes
de uma alimentação saudável e ainda citando o mesmo autor, se introduzido hábitos
alimentares corretos nas crianças em idade escolar, há maiores chances de preparar uma
geração com consciência sobre a importância do consumo dos mesmos.
Fica evidente ainda a influência da convivência familiar na formação dos
hábitos alimentares quando a aluna B, por exemplo, afirma que tem preferência por
massas (macarrão e lasanha). Certamente a família dessa aluna prioriza esses alimentos
em seu cardápio.
Quantos ao alimentos que não gostam, não houve manifestação por parte dos
alunos.
QUESTÃO 05 – Você pratica algum tipo de esporte?
ALUNOS
RESPOSTAS
ALUNA “A”
Não
ALUNA “B”
Não. Mas vou.
ALUNO “C”
Futsal.
ALUNO “D”
Sim. Corrida de bicicleta.
ALUNO “E”
Sim. Futebol.
ALUNO “F”
Fonte: Dados da Pesquisa/2007
Dos 5 alunos questionados, 3 afirmaram que praticam algum tipo de esporte.
Segundo Biazi (2002, p.48):
Todo dia, deveríamos dedicar períodos para exercícios. A constância e a
regularidade são muito importantes, se quisermos que o corpo se
beneficie[...]. Toda mãe deveria levar seus bebês para caminhadas ao ar livre
e ao sol.
Esses alunos realmente não são sedentários. Na maioria das vezes eles
preferem ficar sem lanchar para praticar atividades físicas na hora do intervalo. Cabe
ressaltar, entretanto, que a prática de atividades físicas deve estar vinculada a hábitos
alimentares saudáveis para que a criança realmente tenha qualidade de vida.
Nessa perspectiva, a escola tem um papel central na formação da consciência
acerca da necessidade de uma alimentação balanceada e da necessidade de prática de
atividades físicas. Dentro dos conteúdos escolares o professor pode fazer discussões com
seus alunos que os levarão a ser propagadores e difusores da busca pela saúde.
4 CONCLUSÃO
Como profissionais da área da educação, é dever dos pedagogos participarem na
discussão sobre como a escola pode contribuir na formação de hábitos alimentares
adequados nas crianças.
Considerando que os hábitos alimentares iniciam-se com o nascimento da criança
e seguem durante os primeiros anos de vida. O educador pode influenciar, ou seja,
ocasionar situações que estimulem a criança a consumir alimentos saudáveis; para isso
pode procurar parcerias com a equipe pedagógica, família e comunidade.
Uma criança que se alimenta saudavelmente tem o seu desenvolvimento
potencializado, e isso, aliado a prática de atividades físicas, contribui para o desempenho
das funções sociais da escola. Ressalta-se que nesse contexto é indispensável respeitar a
necessidade de cada organismo, ou seja, não forçar o consumo deste ou aquele alimento,
assim como respeitar a cultura de cada criança.
Durante a análise dos dados, assim como a convivência diária da pesquisadora
com as crianças observadas, pôde-se perceber que apenas duas delas estão acima do peso
ideal.
O que fica evidente é que a sociedade atual não está procurando uma
alimentação saudável. Em um momento em que o tempo é escasso, a alimentação segue
os padrões da industrialização e da globalização; os produtos industrializados que são
consumidos pelas crianças brasileiras são os mesmos que são consumidos pelas crianças
européias, asiáticas, norte-americanas... Cada dia mais, dentro da alimentação, os fatores
regionais são desconsiderados e os paladares são padronizados.
Nessa perspectiva, a escola tem uma importância grande no que tange à
formação de hábitos alimentares saudáveis e à valorização dos alimentos naturais, bem
como na busca por uma consciência sobre esse processo de massificação que acontece
em nossa sociedade, inclusive na alimentação.
REFERÊNCIAS
BIAZI, Eliza M. S. Recursos para uma vida natural.30. ed. São Paulo:Casa, 2002.
CAMPOS, Maria Tereza Filho de Souza; Silva, Margarida Maria Santana. Segurança
alimentar e nutricional na atenção básica em saúde. Viçosa: UFV, V1 E V2, 2003.
LOURENÇO, Alice Maria de Souza. Pato Branco: FADEP, 2007. Trabalho de
Conclusão de Curso.
MAHAN, L. Kathleen; STUMP, Sylvia Escott. Alimentos, Nutrição e Dietoterapia.
10. ed. São Paulo:Roca,2002.
MEZOMO, Iracema de Barros. Os serviços de alimentação. São Paulo: Manole, 2002.
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