A China cai na real. - michaeljonas.com.br

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Edição 1915 . 27 de julho de 2005
Economia e Negócios
A China cai na real
Índice
Pressionados pelos Estados Unidos,
os chineses
desatrelam o iuane do dólar para se
consolidar
como economia de mercado
Chrystiane Silva
Kin Cheung/AP
Lya Luft
Millôr
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Hong Kong: chineses fazem troca de dinheiro após anúncio
de que o iuane poderá flutuar diariamente
O dragão chinês teve o
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ímpeto arrefecido e
Quadro: O dragão
lembrou-se de que o
amansa
EXCLUSIVO ON-LINE
mundo existe. A China
Conheça o país: China
anunciou na semana
passada a valorização de
sua moeda, o iuane, atendendo a reclamações de
americanos, europeus e japoneses que se
avolumam desde 1994. Nos últimos onze anos, o
iuane teve uma cotação fixada estrategicamente
em um patamar que barateou os produtos
chineses – cada dólar equivalia a 8,28 iuanes. Essa
cotação, considerada artificial pelos americanos,
foi vital para que a China se transformasse numa
potência exportadora e os Estados Unidos, o
principal importador dos artigos chineses, vissem
seu déficit comercial em relação ao mundo se
aprofundar. Desde a última quinta-feira, com a
mudança no regime cambial chinês, cada dólar
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passou a valer 8,11 iuanes, uma valorização de
2,1%. Não foi a única mudança. O iuane passou a
variar dentro de uma banda de 0,3%, para cima
ou para baixo. Ainda que essa faixa de flutuação
seja pequena – irrelevante, dizem alguns –, a
China deixou de ter um câmbio fixo e indicou um
desejo de aproximar-se do câmbio flexível, o
modelo oficial dos regimes de mercado. Os
americanos acharam pouco, mas reconhecem que
a medida tem méritos. "O mecanismo utilizado
pela China abre um espaço significativo para a
mudança do regime cambial", disse o secretário de
Tesouro dos Estados Unidos, John Snow. Agora, o
valor final do iuane é anunciado a cada dia pelo
banco central chinês, e esse valor será a média
para a negociação do dia seguinte.
Com custo de produção baixo, salários magros e
moeda subvalorizada, a China tornou-se
extremamente competitiva nos últimos anos e
virou uma pedra no sapato dos principais
fabricantes mundiais. O país cresce, em média,
9% ao ano. Somente em 2004 vendeu ao mundo
32 bilhões de dólares a mais do que comprou.
Apenas nos seis primeiros meses deste ano, o
saldo comercial já havia atingido 40 bilhões de
dólares. Números tão expressivos causaram uma
gritaria geral. Empresários alegam que as
exportações chinesas sucatearam parques
industriais ao redor do mundo, eliminando postos
de trabalho. Os Estados Unidos, os maiores
compradores de produtos chineses, amargaram
um déficit comercial de 617 bilhões de dólares no
ano passado e ameaçavam implementar uma
tarifa de 27,5% nas importações vindas da China.
Os chineses também fizeram estragos no Brasil. A
indústria de brinquedos, por exemplo, naufragou
com a concorrência dos importados chineses. "O
que a China faz agora é uma medida para inglês
ver. Não haverá reflexos imediatos nem para o
Brasil nem para o resto do mundo, mas os
chineses sinalizam que querem se tornar cada vez
mais uma economia de mercado", avalia Roberto
Gianetti da Fonseca, diretor do departamento de
comércio exterior da Federação das Indústrias de
São Paulo (Fiesp). Independentemente dos efeitos
práticos, a mudança cambial na China terá
importante impacto psicológico e político. Em
setembro, o presidente chinês, Hu Jintao, irá se
reunir com representantes do governo americano
e, desta vez, haverá menos tensão e reclamações.
Os chineses dirão que fizeram um favor ao resto
do mundo e que seus competidores foram
beneficiados. Mas não é tão simples assim. Nos
Estados Unidos, os maiores perdedores serão os
grandes varejistas, como o Wal-Mart, cujo modelo
de negócios se baseia em fixar a produção em
países onde os custos são mais baixos e a moeda
esteja subvalorizada. Juntos, os maiores varejistas
mundiais compraram 18 bilhões de dólares em
produtos chineses no ano passado. Apenas os EUA
importaram 10% de tudo o que a China vendeu.
Outros segmentos não devem sentir mudanças nos
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negócios. "Uma valorização entre 10% e 15% no
iuane contra o dólar deve ser neutra ou até
ligeiramente positiva", disse Jorma Ollila,
executiva-chefe da Nokia, fabricante de celulares
que produz peças e equipamentos na China e
exporta para o mundo.
Na ponta do lápis, a relação comercial da China
com os Estados Unidos também não será
substancialmente afetada. Para cada 10% de
valorização do iuane, projeta-se uma redução de
apenas 1% no déficit comercial americano. Apesar
disso, como a China tem sido o motor do
crescimento mundial, suas ações no campo
econômico são observadas com lupa. Os chineses
consomem metade do cimento produzido no
planeta, 31% do carvão, 21% do aço e 70% das
máquinas têxteis. Eles produzem 35% dos
brinquedos, 30% dos aparelhos de ar-condicionado
e 19% dos telefones celulares vendidos no mundo.
Diz Henrique Meirelles, presidente do Banco
Central: "A China começa a fazer um movimento
no sentido de maior flexibilização dos mercados. O
que é positivo para a economia chinesa por
permitir menor rigidez no câmbio e desvincular a
moeda chinesa de uma só referência, o dólar".
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