O que não mexe enferruja

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Como fazer fortuna de Benjamin Franklin
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O que não mexe
enferruja
Nas palavras de Franklin, “como a ferrugem, a preguiça corrói
mais depressa do que o trabalho desgasta, enquanto a chave
usada tem sempre brilho”. Hoje em dia, talvez saltássemos a
analogia entre a preguiça e a ferrugem, afirmando apenas:
“livre-se do que não usa”.
Franklin era literalmente um especialista no potencial das chaves
usadas, tendo em tempos atado uma a um papagaio de papel, lançando-o
no meio de uma trovoada, como parte de uma experiência sobre electricidade. Na verdade, enquanto físico e invenIdeias que brilham…
tor – bem como músico, escritor e político –
Cultive todas as suas
pode-se afirmar que Franklin era especiafaculdades; tem de as
lista em todos os tipos de energia.
usar, ou acabará
por perdê-las.
Há muito que a ideia de que se pode
John Lubbock, biólogo e político
exercitar e mesmo treinar o cérebro para se
inglês
ter um desempenho melhor fascina os cientistas e continua a ser hoje motivo de acesos debates. Sabemos seguramente que a aprendizagem depende em parte de as células cerebrais estabelecerem conexões entre si quando são activadas, pelo que, quando
repetimos uma tarefa e essas células disparam frequentemente, criam
ligações, um pouco como acontece com os circuitos electrónicos.
Quando repetimos uma actividade, esse circuito inicia e apresenta um
desempenho melhor e mais rápido do que nas suas primeiras tentativas.
Observou-se também que se podem retreinar partes diferentes do cérebro. Por exemplo, nas pessoas invisuais, o córtex visual não deixa de funcionar só porque não há informação visual para processar; na verdade, há
Steve Shipside
indícios de que se mantém activo na interpretação do braille. Nesta perspectiva, pode-se treinar o cérebro como se fosse um músculo, para que
fique mais forte e assim continue durante mais tempo.
Os estudos médicos sobre o treino cerebral têm-se focado principalmente em idosos (o grupo mais preocupado com a perda de actividade
cerebral), mostrando que estes exibem progressos ao nível da memória e
da concentração, quando lhes são dados jogos e tarefas que estimulam o
raciocínio.
No Japão, o conceito de treino cerebral causou um enorme impacto e
tornou-se uma grande indústria com o jogo da Nintendo Dr. Kawashima’s
Brain Training: How Old is Your Brain?, que vendeu milhões de cópias, só no
mercado japonês, durante o primeiro ano. A ideia é a de que o utilizador
cumpra uma série de tarefas diárias com uma componente lógica e matemática, sendo-lhe atribuída uma “idade mental” para aferir o “rejuvenescimento” do cérebro, consoante a agilidade de raciocínio que o utilizador
mostra à medida que o seu desempenho no jogo se torna melhor e mais
rápido. A marca tem, desde então, sido exportada, bem como imitada em
larga escala, e os jogos de treino cerebral estão agora disponíveis em consolas, aplicações para telemóveis ou mesmo em livros, à moda antiga.
Contudo, há dois senãos. O primeiro é que com todo o enfoque dado
aos mais velhos não existem tantos dados disponíveis acerca das vantagens para os utilizadores jovens; o segundo é que, como acontece com
qualquer tarefa de aprendizagem específica, não se está a treinar o cérebro para ser mais inteligente, mas apenas para executar mais eficazmente as tarefas que lhe são apresentadas. Isto leva algumas pessoas a
questionar se o propósito do seu cérebro é superar as barreiras que o
Dr. Kawashima decide colocar no seu caminho.
Uma dica...
Não tem de comprar uma Nintendo nem qualquer jogo de treino
cerebral de uma marca conhecida. Muitos “jogos de raciocínio
lógico-matemático” são apenas variações dos clássicos, como as
palavras cruzadas e o Sudoku. Experimente antes estes. Muitos
cientistas acreditam que a estimulação é a verdadeira chave.
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