Manejo nutricional no pós-operatório de cirurgia - SBNPE-RJ

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Manejo nutricional no pós-operatório de cirurgia bariátrica
Nut. Lara Sales Vieira - coordenadora de Nutrição e Dietética - HQD - Rede D'Or
A elaboração de um protocolo de atendimento nutricional sistemático é de extrema
importância para a implementação da educação nutricional do paciente submetido à cirurgia
bariátrica. É necessário atentar para a individualidade bioquímica da qualidade nutricional
da alimentação e das suplementações nutricionais. Os nutrientes devem estar biodisponíveis
para que sejam efetivamente utilizados pelas células do organismo.
O acompanhamento nutricional inicia-se antes da cirurgia para que haja correção dos
desequilíbrios nutricionais; a intervenção nutricional e o acompanhamento no período
pré-operatório, são fundamentais na orientação do manejo nutricional no período
pós-operatório.
A cirurgia per se gera os grandes desgastes físico e emocional ao paciente, promovendo
carências mais acentuadas de micro e macronutrientes, em grande parte dos casos.
Entender o comportamento biológico de cada indivíduo é a peça chave do nutricionista na
elaboração de um plano dietoterápico individualizado no pós operatório para a reabilitação
social do paciente, ainda obeso, e suas atividades habituais.
O esquema alimentar no pós operatório consiste em:
*Primeira semana: 40 a 60ml de 02 em 02 horas de alimentos líquidos
e coados
*Segunda semana: 80 a 100ml de alimentos pastosos
*Terceira semana: 200ml a 03 colheres de sopa de alimentos sólidos
No primeiro dia de alimentação, geralmente segundo dia do pós operatório, a alimentação
fica restrita às bebidas isotônicas naturais como a água de côco e além disso orienta-se
a ingestão de sucos diluídos e chás claros.
A hidratação do paciente deve ter atenção especial, pois devido a dificuldade de tolerância
de uma quantidade de líquidos maior, a formação de litíase renal torna-se frequente.
A possível elevação transitória dos níveis de ácido úrico deve ser monitorada. É importante
evitar a utilização de bebidas isotônicas industrializadas, prevenindo a formação de
cálculos.
A evolução da dieta à consistência normal em período de três semanas está relacionada com
uma baixa incidência de complicações como vômitos e intolerância alimentar, assim como a
perda de peso equivalente à relatada em literatura.
O consumo de açúcares simples também deve ser eliminado, evitando a Síndrome de
Dumping,
comum nestes pacientes após a ingestão de grandes concentrações de carboidratos, devido
à fisiologia alterada de seu trato intestinal.
O uso de leite somente deve ser liberado após à adaptação do paciente à dieta sólida, pois
na maioria dos casos a lactose não é digerida, causandocólicas, gases e diarréia.
Deve-se atentar para as deficiências de alguns micronutrientes específicos, como ácido
fólico, ferro e vitamina B12.
Na consulta no pós operatório, verificam-se o percentual de peso perdido, a aceitação do
paciente à dieta, avaliam-se a suplementação, a mastigação, a presença de intolerância
alimentares, as mudanças do funcionamento intestinal e a ocorrência de náuseas e vômitos.
A ocorrência de vômitos está na maioria da vezes associada à ingestão de alimentos
gordurosos ou doces concentrados, à mastigação insuficiente e à diminuição do intervalo
determinado entre uma e outra refeição.
O sucesso do tratamento dietoterápico do paciente obeso no pós-operatório da cirurgia
bariátrica compreende a perda satisfatória de excesso de peso, a manutenção deste e a
prevenção da saúde, assim como as deficiências nutricionais relacionadas à cirurgia que
devem ser corrigidas. O acompanhamento nutricional deve ser feito rotineiramente com o
intuito de proporcionar ao paciente a melhor qualidade de vida possível.
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