Platão era filho da aristocracia ateniense. Foi discípulo de Sócrates. Sua obra reflete o momento caótico pelo qual passou Atenas no decorrer de sua vida A crise da sociedade ateniense está ligada à guerra do Peloponeso, entre Atenas e Esparta. Após a morte de Sócrates, Platão, desiludido com a democracia ateniense viajou para Siracusa. Na volta a Atenas fundou sua escola de filosofia a Academia. A obra de Platão exerceu grande influência sobre toda a filosofia ocidental. Vejamos aqui alguns conceitos importantes para compreensão de seu pensamento. O Amor. Para Platão, o desejo sexual deveria ser controlado em nome do bem maior do todo. Esta idéia faz parte de sua concepção de comunidade ideal. Nesta concepção os desejos e os talentos dos indivíduos devem ser aproveitados para o bem de toda a comunidade. O conhecimento. Como seu mestre Sócrates, Platão busca descobrir as verdades essenciais das coisas. As coisas devem ter um outro fundamento além do físico, e a forma de buscar estas realidades vêm do conhecimento. Isto significa buscar a verdade no interior do próprio homem O conhecimento era o conhecer do próprio homem. Não enquanto corpo, mas enquanto alma. O conhecimento tinha fins morais, isto é, levar o homem à bondade e à felicidade. A Política Os males não cessarão para os humanos antes que a raça dos puros e autênticos filósofos chegue ao poder, ou antes, que os chefes das cidades, por uma divina graça, ponham-se a filosofar verdadeiramente." (Platão, Carta Sétima). Esta afirmação de Platão deve ser compreendida com base na teoria do conhecimento, e lembrando que o conhecimento para Platão tem fins morais. Todo o projeto político platônico foi traçado a partir da convicção de que a Cidade-Estado ideal deveria ser obrigatoriamente governada por alguém dotado de uma rigorosa formação filosófica. O homem e a alma O homem para Platão era dividido em corpo e alma. O corpo era a matéria e a alma era o imaterial e o divino que o homem possuía. Enquanto o corpo está em constante mudança de aparência, a alma não muda nunca. Desde quando nascemos, temos a alma perfeita, porém não sabemos. As verdades essenciais estão inscritas na alma eternamente, porém, ao nascermos, nós as esquecemos, pois a alma é aprisionada no corpo. Para Platão a alma é divida em três partes: Racional: cabeça; esta tem que controlar as outras duas partes. Sua virtude é a sabedoria ou prudência (phrónesis). Irascível: tórax; parte da impetuosidade, dos sentimentos. Sua virtude é a coragem (andreía). Concupiscente: baixo ventre; apetite, desejo, mesmo carnal (sexual), ligado ao libido. Sua virtude é a moderação ou temperança (sophrosýne). Platão acreditava que a alma depois da morte reencarnava em outro corpo, mas a alma que se ocupava com a filosofia e com o Bem, esta era privilegiada com a morte do corpo. A ela era concedida o privilégio de passar o resto dos seus tempos em companhia de Deus. Platão acreditava que existiam três espécies de virtudes baseadas na alma, que corresponderiam aos estamentos da pólis: A primeira virtude era a da sabedoria, deveria ser a cabeça do Estado, ou seja, o governante, pois possui caráter de ouro e utiliza a razão. A segunda espécie de virtude é a coragem, deveria ser o peito do Estado, isto é, os soldados ou guardiões da pólis, pois sua alma de prata é imbuída de vontade. A terceira virtude, a temperança, que deveria ser o baixo-ventre do Estado, ou os trabalhadores, pois sua alma de bronze orienta-se pelo desejo das coisas sensíveis. A República A República é um diálogo socrático escrito por Platão. O tema central da obra é a justiça. No decorrer da obra é imaginada uma república fictícia (a cidade de Callipolis, que significa cidade bela) onde são questionados os assuntos da organização social (teoria política e filosofia política). Na parte central do diálogo, Platão trata do governo dos filósofos e da visão do Bem, na famosa Alegoria da Caverna. A alegoria da caverna. Platão referia-se aos seus contemporâneos, com suas crenças e superstições. O filósofo era qual um fugitivo capaz de fugir das amarras que prendem o homem comum às suas falsas crenças e, partindo na busca da verdade, consegue apreender um mundo mais amplo. Ao falar destas verdades para os homens afeitos às suas impressões, não seria compreendido e seria como tomado por mentiroso, um corruptor da ordem vigente. O mito da caverna é uma metáfora da condição humana perante o mundo, no que diz respeito à importância do conhecimento filosófico e à educação como forma de superação da ignorância isto é A passagem gradativa do senso comum. para O conhecimento filosófico, que é racional, sistemático e organizado. Segundo a metáfora de Platão, o processo para a obtenção da consciência abrange dois domínios: O domínio das coisas sensíveis e o domínio das idéias. Para o filósofo, a realidade está no mundo das idéias e a maioria da humanidade vive na condição da ignorância, no mundo ilusório das coisas sensíveis. Este caminho levaria ao conhecimento. Lembre-se, Platão foi discípulo de Sócrates portanto, o conhecimento é igual à virtude. Na alegoria da caverna, fica claro também o princípio pedagógico da filosofia platônica. Durante toda a carta VII, Platão aponta um caminho para a educação do cidadão. A educação tem em Platão um sentido de utilidade moral. Deveria dispensar atenção especial à educação das crianças. Platão criticou os poetas e o misticismo. Para ele, ambos se afastavam do verdadeiro conhecimento. A música e a dança deveriam ter um papel fundamental no processo educativo.