FILOSOFIA PARA QUEM ANALISA A CORPOREIDADE II A antropologia de Platão De acordo com o pensamento de Platão, a alma humana deve, portanto, libertar-se do corpo, que é tido como o cárcere da alma. Esta libertação, durante a vida terrena, começa e progride mediante a filosofia, que é a separação espiritual da alma do corpo, e se realiza com a morte, separando-se, então, na realidade, a alma do corpo. O corpo para Platão é visto como algo negativo, inferior à própria alma. Ele é dotado de atividade sensitiva e vegetativa. Segundo Platão, a união da alma espiritual com o corpo é extrínseca, até violenta. A alma não encontra no corpo o seu complemento, o seu instrumento adequado. Mas a alma está no corpo como um cárcere; o intelecto é impedido pelo sentido da visão das ideias, que devem ser trabalhosamente relembradas. E diga-se o mesmo da vontade a respeito das tendências. E apenas mediante uma disciplina ascética do corpo, que o mortifica inteiramente, e mediante a morte libertadora, que desvencilha para sempre a alma do corpo, o homem realiza a sua verdadeira natureza: a contemplação intuitiva do mundo ideal.