Os desafios na formação ética do administrador

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A responsabilidade e o desafio na formação ética do administrador
Ivanir Schroeder
Professor da Universidade do Vale do Itajaí (Univali)
Mestre em Administração pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC)
E-mail: [email protected]
Resumo
Este artigo analisa os modismos da administração e os seus reflexos na dimensão
ética da formação do administrador. No entendimento de tal assunto apresenta-se a
definição de ética e sua importância na formação do administrador. Além disso,
reflete-se sobre a indústria da administração ou da teoria organizacional e sua
influência na formação do profissional de administração. Conclui-se que tanto os
professores como o corpo diretivo das faculdades e universidades são responsáveis
por oferecer ao aluno um referencial ético. O conceito e a prática da cidadania
precisam estar presentes durante todo o curso de administração, não somente em
disciplina específica, ética, mas implícita nas atitudes e verbalizações dos
professores e do corpo diretivo do curso de administração.
Palavras-chave: ética; modismos da administração; formação do administrador.
1 Introdução
É importante a constante interrogação sobre o tipo de sociedade almejada.
Assim, neste início de século XXI é indispensável para muitas pessoas o cuidado
com o meio ambiente, com o trabalho infantil, com o tratamento dispensado aos
funcionários das empresas.
Neste sentido, as empresas já modificaram ou estão modificando seu
comportamento. O comportamento que se espera das empresas pressupõe o
comprometimento social, respeitando o meio ambiente, os funcionários, bem como
toda a sociedade – esse movimento é normalmente denominado de
responsabilidade social.
A responsabilidade social precisa ser estendida às faculdades e
universidades. Estas instituições formam profissionais que atuarão no mercado de
trabalho, que é parte da sociedade. Assim, a preocupação deve ir além da formação
do profissional com habilidades técnicas, devendo também ser permeada por
conceitos e demonstrações de conduta ética.
A formação ética de administradores é de responsabilidade não somente dos
professores, mas também do corpo diretivo da faculdade ou universidade, que
traçam o perfil profissiográfico do acadêmico. Este artigo pretende colaborar com as
reflexões acerca da formação ética do estudante de administração, analisar os
modismos da administração e os seus reflexos na dimensão ética da formação do
administrador.
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Algumas teorias e idéias são denominadas neste artigo simplesmente como
modismos da administração, uma vez que surgem e são utilizadas inúmeras vezes
sem uma profunda reflexão ética por parte dos administradores. Os administradores,
responsáveis por grandes ou pequenas empresas tomam decisões que influenciam
e decidem a vida de muitas pessoas. Assim, utilizar as teorias e idéias sem maior
apreciação crítica ou seja, sem maior reflexão ética, pode transformar o
administrador em um profissional descomprometido com a sociedade.
Para analisar de forma mais detalhada essas preocupações, o artigo segue
com a seguinte estrutura: no segundo capítulo é apresentado o conceito de ética,
desde a ética aristotélica, até as concepções mais atuais; no terceiro capítulo traçase um panorama dos modismos que permearam a ciência da administração; no
quarto capítulo apresenta-se como estes modismos influenciam na formação do
administrador e por fim, as considerações finais acerca do tema.
2 Ética
A ética é um tema constantemente debatido pela sociedade. O conceito do
termo ethos era utilizado pelos filósofos pré-socráticos no sentido de morada,
habitat. Segundo Diskin (2000), os pré-socráticos, especialmente Homero e
Hesíodo, buscavam investigar a origem do universo a partir da sua constituição
material, espacial. O ethos (morada, habitat) garantia a sobrevivência biológica dos
homens, protegendo-os.
A partir da mudança de foco de estudos dos filósofos pós-socráticos, houve
uma transposição do conceito do ethos, estes filósofos buscaram conhecer a alma, o
conhecimento, a beleza, a justiça. Foi com Aristóteles que ethos, deixa de ter o
sentido espacial para ser uma disposição interna dos seres humanos, passando a
significar, costumes, hábitos, caráter, virtude. O homem ético busca desenvolver
suas virtudes intrínsecas.
Segundo Aristóteles (2001), existem duas espécies de virtudes humanas: a
intelectual e a moral. A virtude intelectual se desenvolve com o passar dos tempos,
depende do crescimento e do ensino. A virtude moral é resultado do hábito. As
virtudes morais não surgem nas pessoas por natureza, a natureza fornece às
pessoas a capacidade de recebê-las, podendo, assim, serem aperfeiçoadas pelo
hábito. Portanto, as virtudes morais se desenvolvem pela natureza dos atos
praticados entre os homens.
A ética é assunto emergente na sociedade do início do século XXI,
especialmente nas organizações com fins lucrativos – as empresas. Os
questionamentos e reflexões estão em torno de perguntas básicas: o conceito de
ética e a importância de ser ético.
Se os questionamentos forem preocupações legítimas dos atores sociais,
então, pode-se dizer que, na verdade não é mais um modismo, mas uma
preocupação social e absolutamente normal na história do homem. O homem na
prática de atos sociais questiona-se, o que bem pode valer sua diferenciação com os
demais animais.
O conceito de ética muitas vezes é utilizado como sinônimo de moral. Alguns
autores concordam que ética e moral são sinônimos, pois ética deriva do grego
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ethos, enquanto moral do termo latino mor-mores, ambos significando um conjunto
de crenças e valores adotados por uma comunidade.
Segundo Diskin (2000), o termo ética foi traduzido durante o império romano
para a expressão mor-mores, que significava: costume, norma de conduta, hábito.
Só que nesta fase, o ideal não é o homem sábio que busca desenvolver suas
virtudes intrínsecas, mas a sapiência que era revelada pelos legisladores, que
traduziam em leis a conduta esperada para a convivência na sociedade.
Então, devido à origem e concepção diferenciada entre ética e moral, concluise que a primeira é algo intrínseco ao ser humano, a ser desenvolvido, construído,
enquanto a segunda tem a concepção de norma, obediência. Entende-se que tanto
a ética como a moral, são conceitos e práticas importantes para tornar a vida em
sociedade possível.
Alguns estudiosos concordam que ética e moral são um conjunto de crenças
e valores aceitos por uma comunidade, porém, ética é a disciplina teórica, enquanto
a moral é a prática ética contida no inconsciente coletivo. A moral, portanto, é objeto
de estudo da ética. Outros autores ainda, consideram que a ética é produto da
história, do desenvolvimento social, fincando em cada tempo seus parâmetros e
diretrizes.
A ética como disciplina filosófica tem como objeto a moral, a prática cotidiana
de uma comunidade. Para Srour (2000), a ética está no plano das idéias, estudando
e analisando os costumes da comunidade. A moral em contrapartida, é constituída
das normas que as práticas cotidianas da comunidade deveriam observar.
A ética refina o entendimento social entre o bem e o mal, o ideal de como
melhor agir e de como melhor ser. Tugendhat (1996), admite a diferenciação entre
ética e moral, sendo ética a reflexão filosófica da moral, ou seja, das práticas
adotadas pela comunidade ou sociedade.
Segundo Sung e Silva (1995), ética é uma reflexão teórica que analisa e
critica os fundamentos e princípios de um determinado sistema moral (dimensão
prática). Para Srour (1998, p.270), “a moral tem uma base histórica, o estatuto da
ética é teórico, correspondente a uma generalidade abstrata e formal”.
Assim, a ética como disciplina comportamental precisa também ser debatida
na formação do administrador, para que este seja além de um ator social influente,
um ator que contribua para o bem-comum, não somente para seus próprios
interesses. Salienta-se que esta proposição é coerente com o paradigma de Adam
Smith, em que o interesse próprio leva ao bem-comum, portanto, é importante que
seja de interesse do administrador um comportamento ético.
Considera-se, no entanto, que o fenômeno da banalização da ciência
administrativa é preocupante não somente por colocar em questionamento a própria
ciência, mas, como um reflexo negativo na formação do administrador. No próximo
capítulo discute-se como a banalização da ciência administrativa pode contribuir
para que o administrador relegue a condição ética, necessária para o seu exercício
profissional.
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3 As teorias e os modismos na ciência da administração
As organizações que proliferaram entre o final do século XIX e início do
século XX nasceram sob o paradigma imposto por Maquiavel no ano de 1514, onde
o homem virtuoso de Aristóteles passa a ser o homem político.
Este paradigma foi sacramento por Hobbes em 1696, quando admitiu que o
Estado deveria controlar a mente do homem. Todos os fundamentos filosóficos de
Maquiavel e Hobbes estavam implícitos quando em 1776, o inglês Adam Smith
publicou seu livro, A Riqueza das Nações.
Smith (1996), argumenta em seu livro, que a divisão do trabalho em tarefas
básicas e simples pode oferecer a eficiência e a eficácia na produção, que do
contrário seria minimizada. O interesse e a preocupação não eram o bem estar do
ser humano, e, sim, a acumulação de riqueza e conseqüentemente, o
desenvolvimento econômico.
O americano Frederick Taylor, no início do século XX, utiliza o conceito da
divisão do trabalho proposto por Smith, desenvolvendo a teoria da administração
científica. Taylor, de forma pioneira, dedicou-se às práticas administrativas com
ênfase em métodos científicos.
A teoria de Taylor buscava privilegiar a eficiência e a eficácia das tarefas
realizadas. Tratava os funcionários como mais uma máquina no processo produtivo,
que buscavam somente a recompensa material. Segundo Micklethwait e Wooldridge
(1998), Taylor foi o primeiro guru da administração. No início do século XX, vendia
milhões de livros e cobrava trinta e cinco dólares por dia ou seiscentos e trinta
dólares em valores de hoje.
A teoria da administração científica de Taylor obteve a colaboração de Henry
Fayol na França, que dava ênfase na estrutura organizacional e de Max Weber, na
Alemanha, cuja ênfase era empregada na questão da autoridade e poder,
desenvolvendo um modelo ideal de organização – a burocrática. Apesar do sucesso
das teorias e aplicações da Escola Clássica (Taylor, Fayol e Weber) surgiram
algumas críticas, principalmente pelo tratamento dispensado aos funcionários.
Dentre os principais críticos pode-se citar: Mary Parker Follet, Elton Mayo,
Abraham Maslow, Frederick Herzberg. A forma diferente de ver o homem como um
ser pensante e que não se satisfaz somente com recompensas materiais, ficou
conhecida como a Escola das Relações Humanas, ou a Escola Humanista.
Micklethwait e Wooldridge (1998), argumentam que normalmente os teóricos
da administração pertencem a uma das duas Escolas: a administração científica ou
a administração humanista, e que de modo simplificado, esse é o debate presente
entre a gerência rígida e branda. Segundo Reed (1999), a Escola das Relações
Humanas buscava a integração social e a manutenção da estabilidade social, que a
racionalidade da Escola Clássica foi incapaz de oferecer.
Sem a pretensão de esgotar o assunto, mas de oferecer uma contribuição
para a reflexão ética, argumenta-se que o homem é, e foi tratado de maneira
descuidada, no desenvolvimento e na aplicação das diversas teorias e modismos
gerenciais deflagradas pelos gurus da administração. A aplicação das teorias e
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modismos nem sempre foi acompanhada por uma gestão imbuída pela responsável
social.
O primeiro guru mais conhecido e reconhecido pela administração foi Taylor.
Porém, o mercado que gera gurus, desde então, se fortaleceu e gera milhões ou até
bilhões de dólares por ano para as empresas, e, principalmente para os próprios
gurus.
Impulsionados pelo interesse próprio, os gurus da teoria organizacional
compõem uma grandiosa rede editorial, principalmente nos Estados Unidos. As
organizações, por sua vez, são impulsionadas pela busca da sobrevivência, pela
maior rentabilidade, pela ansiedade de adaptar-se a um mundo cada vez mais
competitivo.
Micklethwait e Wooldridge (1998), acreditam ainda que a indústria da
administração ou da teoria organizacional, é dividida em três partes: além dos gurus,
há também as faculdades de administração e as consultorias. Os primeiros parecem
muito mais com zumbis, à espera de uma chance para fazer sucesso com alguma
sugestão gerencial, revolucionando o mundo dos negócios e ganhando muito, muito
dinheiro.
Os segundos, faculdades de administração, estão representados por cursos
conhecidos no mercado como caça-níqueis, onde o objetivo maior restringe-se ao
resultado final, ou seja, lucro. Estas instituições parecem esquecer-se que junto com
o profissional de administração estão formando seres humanos, que irão colaborar
com o desenvolvimento social.
E os terceiros formados por consultores, ávidos em promover a próxima
revolução na gestão organizacional, muitas vezes sem avaliar com maior cautela se
as sugestões ou alterações propostas irão refletir em medidas que efetivamente
proporcionem benefícios aos investidores, bem como para a sociedade em geral.
É curiosa a reflexão sobre o porque de tantos e inúmeros famosos e bem
remunerados gurus da administração. Para Micklethwait e Wooldridge (1998), a
teoria da administração é impulsionada por dois instintos humanos primordiais:
medo e ambição. Essas duas variáveis, medo e ambição, podem ser duas metades
de um todo: a busca pela estabilidade.
O homem desde seu surgimento, particularmente após ter se fixado em
cavernas, anseia por estabilidade e certezas. A ciência por exemplo, busca entender
e prever fenômenos para a melhor adaptabilidade da vida humana em sociedade.
Para Shon (1971, p.10-11), “a crença na estabilidade é central, pois ela é um
baluarte contra a ameaça da incerteza [...] serve basicamente para proteger-nos da
preocupação com ameaças inerentes à mudança”.
A crença na utilização e na troca constante de diversas teorias pelas
organizações, apresenta-se como mecanismos de autodefesa contra a instabilidade
ou mudanças. Essencialmente o que todos os organismos vivos e sociais buscam é
a estabilidade, ou seja, a sobrevivência. Essa busca provavelmente deva ser
ilusória, principalmente quando levada em consideração que nossa sociedade
baseia-se em competição, não em colaboração para alcançar a estabilidade. É
interessante perceber ainda que, tendo como base a competição, a teoria
organizacional foi por muitos gurus levada a extremos que permitem o
questionamento quanto ao bom senso e a responsabilidade dos próprios gurus.
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Outro aspecto a ser considerado é o fácil receituário oferecido pelos gurus
para que a empresa alcance o sucesso, a estabilidade. Para os gurus, existe uma
verdadeira receita para o sucesso e é fácil, basta seguir o que recomendam. Esta
posição é no mínimo incômoda de tão simples, uma vez que muitos dos próprios
gurus afirmam que o mundo está cada vez mais complexo. Destaca-se que quando
os resultados ou sucesso não são alcançados, torna-se fácil transferir a
responsabilidade para a inadequada aplicação do receituário proposto pelos gurus.
Reed (1999), alega que o debate teórico inserido em contextos intelectuais e
sociais tem um efeito crucial e direto nas inovações conceituais e práticas dentro da
comunidade em geral. No entanto, a teoria organizacional apesar de definir o destino
de muitas vidas, de toda uma comunidade, está longe de ser considerada séria, foi
transformada em experimentos marketeiros de muitos gurus. Wood Jr. (2002),
considera a ciência da administração um amálgama, a mescla de ciência com arte,
freqüentemente de duvidosa qualidade.
A preocupação neste artigo é como os modismos na ciência da administração
ou na teoria organizacional e seu reflexo na formação ética do administrador.
Acredita-se ser necessário demonstrar ao acadêmico de administração não somente
a importância de habilidades técnicas, mas também de habilidades humanas,
ratificando a responsabilidade social da profissão.
4 A formação ética do administrador
A teoria organizacional parece bastante convertida a servir apenas para
atender aos interesses próprios de seus pensadores e de toda uma indústria de
publicação editorial. Esta situação acaba justificando que Micklethwait e Wooldridge
(1998), apontem a teoria organizacional como um verdadeiro paradoxo e ainda,
acusando-a inclusive, de quase completa ausência de autocrítica, de puro modismo.
Micklethwait e Wooldridge (2002), alertam que os administradores precisam
lutar para se tornarem consumidores seletivos dos produtos e serviços oferecidos
pela indústria da teoria da administração. Ou seja, os administradores em formação
necessitam desde cedo, argumentar e raciocinar sobre as leituras, não somente
aceitá-las de forma pacífica.
Pierce e Newstrom (2002), argumentam que nem tudo o que é publicado em
revistas e livros sobre administração satisfaz os testes combinados de rigor científico
e praticidade. As leituras devem ser abordadas e aproveitadas aplicando-se o
raciocínio crítico.
É claro que o que é publicado revela muito da sociedade e seus valores. Por
exemplo, Wood Jr. (2002), menciona o livro, As 48 leis do Poder, em que aparecem
conselhos como: não confie demais nos amigos; oculte suas intenções; banque o
amigo, aja como espião.
Neste sentido é que o administrador em formação necessita ser orientado:
para que não caia na indústria da administração e consuma o que de pior esta
produz. Ou seja, a orientação deve ser sempre voltada para a prática ética.
É inegável a responsabilidade dos professores e dirigentes de cursos de
administração, sobre a formação ética do administrador. Acredita-se que a indústria
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do trash-management, termo cunhado por Wood Jr. (2002), contribui para a
deformação do administrador. Alertar os acadêmicos para esses vieses é
responsabilidade dos professores e de todo o corpo diretivo.
No entanto, considera-se que deva prevalecer a liberdade de escolha. Ou
seja, o acadêmico precisa fazer suas próprias escolhas. A responsabilidade dos
professores e formadores de administradores reside em apresentar opções e
comentários acerca das linhas que existem na ciência da administração, oferecendo
espaço e condições para que o próprio acadêmico faça suas opções.
Acredita-se que ao aluno deva ser oferecido um referencial ético, moral. O
conceito e a prática da cidadania precisam estar presentes durante todo o curso de
administração, não somente em disciplina específica, ética, mas implícita nas
atitudes e verbalizações dos professores e do corpo diretivo do curso de
administração.
Salm (1993), considera que as disciplinas ligadas às humanidades devem
compor o currículo do aluno de administração, pois possibilitam uma base sólida no
conhecimento da cidadania. Porém, o autor salienta que no último ano do curso,
deve ser proporcionada ao aluno toda a dinâmica do administrar, com disciplinas em
que teoria e prática possam coexistir, provocando reflexões.
Os cursos de administração formam mais que seres autômatos, realizadores,
empreendedores, formam seres humanos, cidadãos. É importante esclarecer aos
alunos de administração que ao utilizar as ferramentas, técnicas gerenciais,
sistemas operacionais, dentre outros recursos, estarão colaborando com o
desenvolvimento da sociedade. Ou seja, não devem perder o foco que todas as
suas intervenções refletirão no bem estar social. Esquecer disto, na formação do
administrador, é relegar a condição dos alunos, marginalizando-os como indivíduos,
como integrantes da sociedade.
5 Considerações finais
Este artigo buscou analisar a influência dos modismos da ciência da
administração na formação dos acadêmicos de administração. Trata-se de
preocupação legítima, uma vez que os acadêmicos tomarão decisões que poderão
prejudicar ou beneficiar inúmeras pessoas.
É chegada a hora dos administradores assumirem sua responsabilidade
social, pois, além de ser atitude ética, já é uma grande preocupação de muitas
empresas que pressionadas pela sociedade, assumem também sua
responsabilidade social. A empresa é uma organização criada pelos homens, a sua
existência e direcionamento dependem da atitude dos homens que a comandam.
A maior preocupação ética em relação aos modismos e idéias que surgem na
ciência da administração, portanto, está longe de ser desproposital. É evidente
também que não se pretende transformar as empresas em entidades
assistencialistas, as empresas têm como objetivo maior, o lucro. Acredita-se não
haver nenhum problema relacionado com a obtenção do lucro, se a empresa,
comandada por seus administradores, posicionar-se de forma ética, não
prejudicando a sociedade.
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A formação do administrador como já salientada, precisa ser permeada com
atitudes e demonstrações éticas, valorizando a sociedade como um todo, ratificando
que a empresa é mais um organismo social, que também tem limites sociais. A
responsabilidade nesta formação não se restringe aos professores, mas a todo
corpo diretivo da faculdade ou universidade.
Pode-se destacar que quando o acadêmico entra em contato com a
importância da responsabilidade social, este pode sofrer uma alteração em seu
comportamento. Assim, pode-se esperar que o acadêmico procure interferir de
maneira autocrítica não somente em relação ao comportamento de seus colegas,
mas também refletindo de maneira analítica sobre as posturas que até então vinha
adotando em sua relação ao meio social.
Buscar uma maior reflexão na formação dos administradores é colaborar com
a manutenção ou a criação de uma sociedade mais justa, objetivo constante do
homem na sua história. Os administradores, como integrantes e formadores de
opinião têm grande responsabilidade social, que precisa ser assumida pelos
professores, dirigentes de ensino e pelos acadêmicos de administração.
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