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O SR. ELIMAR MÁXIMO DAMASCENO (PRONA SP) pronuncia o seguinte discurso: Sr. Presidente, Sras. e
Srs. Deputados, segundo a inesquecível poetisa brasileira
Cecília Meireles,
“O Olho é um teatro por dentro.
E às vezes, sejam atores, sejam cenas,
e às vezes, sejam imagens, sejam
ausências,
formam, no Olho, lágrimas.”
Faz dez anos faleceu Hilton Ribeiro da Rocha, um dos
maiores, se não, sem favor algum, o maior oculista da
história da oftalmologia brasileira. Sua ausência, é claro,
faz verter lágrimas dos olhos dos membros de sua honrada
família, dos antigos e atuais partícipes do Conselho
Brasileiro de Oftalmologia, dos alunos das diversas turmas
que formou, assim como de todos os pacientes que foram
tratados por este profissional de elite.
Sua família teve a ventura de contar com um páterfamília cuja vida privada impoluta fê-lo alvo de admiração
de todo cidadão mineiro, em especial daqueles que militam
na área da saúde, área esta em que as Gerais sempre
despontaram honrosamente no cenário nacional.
Ex-Presidente do Conselho Federal de Oftalmologia,
Hilton Rocha, em demonstração inequívoca de que antes
de tudo era médico, foi também o segundo presidente da
Associação Médica Brasileira, por duas vezes presidente
da Associação Médica de Minas Gerais, fundador e
primeiro presidente do Conselho Regional de Medicina das
Alterosas.
O número de profissionais que formou na chefia de
Clínica do Hospital São Geraldo – em que fundou a
primeira pós-graduação em Oftalmologia do País –, então
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no Instituto Hilton Rocha e enfim na Fundação Hilton
Rocha, esta dedicada a enfermos de menos recursos,
testemunha a grandeza deste homem, cuja liderança pôs
Minas no mapa dos melhores centros de saúde ocular do
planeta.
E, para a visão do copioso número de doentes, por ele
ou pelos membros de sua escola tratados, a obra que
deixou representa a diferença entre ver ou não ver. Ora,
quando lembramos que os olhos são o prolongamento do
próprio cérebro e a visão o mais nobre dos sentidos, é que
vimos compreender, ante os incontáveis brasileiros que
foram salvos da cegueira, o significado da existência de um
Hilton sobre a Terra.
Como cientista, a trajetória e as realizações do criador
da terceira “Imprensa Braille” do País são conhecidas.
Basta lembrar que a Fundação que leva seu nome
sobrevive, gloriosa, ao fundador.
Pensamos, por outra, que uma das razões da
genialidade do mineiro que homenageamos é menos
conhecida. Hilton Rocha, Senhores, além de cientista de
mão-cheia era um artista, talvez de menos renome, é
verdade, mas de envergadura igual, como escritor e
literato.
Entre suas publicações, deixou “Páginas Esparsas”,
obra em três volumes, em que se vêem diversos relatos de
sua lavra, sobre a vida dos principais cegos da história.
Médico, usou de sua visão político-científica na criação de
técnicas e na fundação de instituições para ajudar os
cegos; escritor, usou de sua visão artística para escrever a
respeito dos que não viam, homenageando-os e fazendoos exemplos de amor à vida para os que vêem.
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Nosso homenageado era imortal, membro da
Academia Mineira de Letras! Galgou a imortalidade por
mérito próprio, graças à sua dicção impecável, à oratória
inatacável, ao conhecimento perfeito do idioma, e, claro, à
qualidade literária do todo de sua invejável obra,
unanimemente reconhecida.
Que dizer a mais de um cientista escritor, líder de
classe, educador emérito, homem probo e estimado de
todos que deu tudo de si em prol de seus ideais de vida?
Cabe falar do cidadão Hilton Rocha, o único
representante da classe médica que compôs a Comissão
Pré-Constituinte Afonso Arinos. Sempre idealista, queria
pôr na Lei das Leis as idéias que tinha sobre saúde pública
e medicina preventiva. De Minas para o Brasil, sem dúvida
um verdadeiro herói da Pátria.
À família, que ainda sofre a perda do inesquecível
cambuquirense, nossos sentimentos. E a todos que, como
nós, inconformados, entristecemo-nos, o consolo de saber
que Hilton Ribeiro da Rocha, que a tantos restituiu a visão,
hoje, abençoado, vê a face iluminada de Deus.
Muito obrigado.
Deputado Elimar Máximo Damasceno
PRONA/SP
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