Seminário sobre Produtos de Terapias Avançadas e novas tecnologias que utilizam células humanas – Anvisa e ABDI Data: 08/05/2017 a 09/05/2017 Local: ABDI – Brasília - DF Público Alvo: Centros de Pesquisa (CTCs, Rede de Terapia Celular), Empresas/Fabricante, Associação de Empresas, Conep, CTNBio, OAB, AGU, áreas técnicas e consultorias jurídicas dos Ministério da Saúde; da Ciência, Tecnologia, Inovação e Comunicações; Indústria e Comércio Exterior. O evento será transmitido via internet e contará com a participação da Rede Iberoamericana de Terapias Avançadas (RITA). O link pelo qual será transmitido o evento é http://www.youtube.com/ABDIgov Objetivo geral: Identificar as boas práticas regulatórias para desenvolvimento de novas tecnologias e registro de produtos de terapias avançadas no Brasil. Objetivos específicos: Difundir experiências na aprovação dos produtos de terapias avançadas, bem como as peculiaridades para o desenvolvimento dos ensaios não clínicos, clínicos e do registro dos produtos. Identificar os desafios regulatórios no desenvolvimento de tecnologias que utilizam células humanas no Brasil e no mundo. Programação preliminar: Dia 08/05/2017 9h Abertura – Anvisa e ABDI 9h30 – 12h30 1º Painel: Ensaios pré-clínicos com Produtos de Terapias Celulares Moderador: João Batista Junior – Anvisa 12h30 a 13h30 - Almoço 13h30 – 15h 2º Painel: Ensaios Clínicos Moderador: Radovan Borojevic/UFRJ 15h – 16h30 3º Painel: Produção em larga escala e Boas Práticas 16h30 – 18h30 4º Painel: Aprovação e registro dos produtos - Agência Japonesa de Saúde– PMDA Moderadora: Renata Parca/Anvisa Seminário sobre Produtos de Terapias Avançadas e novas tecnologias que utilizam células humanas – Anvisa e ABDI Dia 09/05/2017 9h – 12h30 5º Painel: Novas tecnologias utilizando células humanas Moderador: DIARE/Anvisa 12h30 a 13h30 – Almoço 13h30 – 16h 6º Painel: Avanços na Regulamentação das Terapias Avançadas no Brasil Moderadora: Maria Luisa Campos Machado Leal/ABDI Procuradoria da Anvisa: Luiza Segue abaixo a lista de palestrantes externos e instituições representadas: Nome Participação Antônio Carlos Campos de Carvalho Professor da UFRJ Palestrante do tema “Desenho, desfechos, planejamento estatístico Terapia Celular”; Eduardo Pagani Pesquisador do LNBIO Debatedor do painel “Novas tecnologias utilizando células humanas e os desafios regulatórios”; Graciela Pignatari Pesquisadora da Tismoo Debatedora do painel “Novas tecnologias utilizando células humanas e os desafios regulatórios”; Irina Kerkis Pesquisadora do Instituto Butantã Palestrante do tema “Produção em larga escala e Boas Práticas” José Mauro Granjeiro Coordenador do Inmetro e Pesquisador do LNBIO Debatedor do painel “Novas tecnologias utilizando células humanas e os desafios regulatórios”; Marcos Valadares Pesquisador da Pluricell e Pesquisador do LNBIO Debatedor do painel “Novas tecnologias utilizando células humanas e os desafios regulatórios”; Martin Bonamino Pesquisador do Instituto do Câncer Palestrante do tema “Os desafios na translação de produtos para terapia celular / terapia gênica da etapa pré-clínica para a etapa clínica” Luciana Ferrara Pesquisadora da Azidus Brasil Palestrante do tema “Aspectos gerais sobre pesquisa clínica de produtos de terapias avançadas” Radovan Borojevic Professor Emérito da Universidade Federal do Rio de Janeiro Moderador do painel “Ensaios Clínicos” Stevens Rehen Palestrante do tema “Especificidades dos Ensaios préProfessor Titular do Instituto de Ciências Biomédicas da clínicos em terapias avançadas”. Universidade Federal do Rio de Janeiro Lygia da Veiga Professora Titular da Universidade de São Paulo Palestrante do tema "Regulamentação de produtos de Terapia Celular" Contextualização do tema Os produtos de terapias avançadas são uma grande promessa terapêutica em situações clínicas complexas e sem alternativas médicas disponíveis, mas também um desafio ao desenvolvimento de mecanismos regulatórios relacionados à produção e a caracterização dos produtos, a condução de ensaios clínicos e a determinação de requisitos de segurança e qualidade para o registro, distribuição e uso. São classificados como os produtos de terapia celular avançada, os produtos de engenharia de tecidos e os produtos de terapia gênica. Produtos terapêuticos Terapia Celular Avançada Engenharia de Tecidos São produtos constituídos de células Os produtos de engenharia somáticas ou seus derivados não de tecidos são aqueles quimicamente definidos, que possuem a constituídos por células finalidade de obter propriedades organizadas em tecidos ou terapêuticas ou preventivas, por meio de órgãos que apresentam seus modos de ação principais de propriedades que naturezas metabólicas, farmacológicas permitam regenerar, e/ou imunológicas, para uso autólogo ou reconstituir ou substituir halogênico, em humanos, sendo que um tecido ou órgão foram submetidos à manipulação extensa humano, na presença ou ou que desempenham no receptor uma não de suporte estrutural função distinta da desempenhada no constituído por material doador. Essa fabricação de produtos à biológico ou biocompatível, base de células somáticas, manipuladas sendo que foram em ambiente laboratorial, envolve a submetidos à manipulação propagação, a expansão e a seleção de extensa e/ou células ou ainda qualquer alteração das desempenham no receptor suas características biológicas uma função distinta da substanciais. Ainda podem ser desempenhada no doador. considerados produtos de terapias celulares avançadas quando se utiliza os produtos no paciente para uma função diferente da desempenhada no doador das células – uso não homólogo. Tais produtos celulares também podem ser utilizados para fins de diagnóstico, de profilaxia e de prevenção. As células para fins terapêuticos podem ser administradas de várias maneiras. Por exemplo, elas podem ser infundidas, injetadas em vários sítios ou numa forma agregada ou com suportes sólidos ou materiais de encapsulamento. Quaisquer matrizes, fibras, grânulos ou outros materiais que são utilizados para além das células podem ser categorizados como excipientes, componentes ativos adicionais ou dispositivos médicos. Terapia Gênica Os produtos de terapia gênica constituídos por ou à base de células: aqueles obtidos por meio de transferência de material genético (DNA, RNA ou oligonucleotídeos) ex vivo em células humanas, com objetivos terapêuticos ou preventivos, ou para prover um meio de marcar as células para identificação posterior in vivo. Estes produtos são células com material genético modificadas em laboratórios de produção constituindo produtos terapêuticos que carreiam o material genético desejado. Produtos de terapia gênica constituída por genes: aqueles constituídos pelo material genético desejado combinado com vetor específico a ser injetado no paciente para que ocorra a transfecção celular in vivo e promova os efeitos terapêuticos. Estes mecanismos podem ser vetores virais ou outras formulações que permitem a entrada nas células, por exemplo, lipossomas. Segue tabela com alguns exemplos de produtos registrados no FDA (Estados Unbidos) e ou EMA (Europa). Tabela 1. Exemplos de produtos de terapias celulares avançadas e engenharia de tecidos registrados atualmente, 2017. Produtos Função no Doador Função Terapêutica Carticel®: Cultura de Cartilagem condrócitos autólogos – Genzyme (produto de terapia celular avançada) Uso do produto com objetivo de reparar defeitos no côndilo femoral causado por trauma agudo repetitivo ou para pacientes que tiveram resposta inadequada a procedimentos de artroscopia. ChondroCelect – Cultura Cartilagem de condrócitos autólogosTygenix Reparo de defeitos em cartilagem do côndilo femoral. Holoclar- Cultura de células epiteliais autólogas em matriz Epitélio corneano, Restaurar visão de pacientes com dano severo produto de de córnea. engenharia de tecidos Glybera: Produto de terapia gênica Não há Tratamento da deficiência de lipase nos receptores por meio da inserção de um vetor e introdução de um gene saudável nas células do pâncreas (terapia gênica in vivo) Em contraste com algumas classes de produtos bem estudadas, como produtos biológicos a partir de moléculas definidas, há uma falta relativa da experiência clínica e de produção com produtos de terapias avançadas. Estes produtos têm complexidades únicas devido à natureza dinâmica das células vivas. Por exemplo, as células podem apresentar uma variedade de moléculas nas suas membranas e expressar diversos fatores. Estas moléculas e os fatores podem ser afetados pelo novo microambiente tecidual que for implantado ocorrendo mudanças substanciais. As células podem diferenciar in vivo em tipos, funções ou linhagem de células não desejadas. As células também podem desenvolver funções autônomas indesejáveis. Outra característica distintiva das células é a capacidade para migrar. A disponibilização sistêmica dos produtos se dará a uma variedade de tecidos no corpo, onde células dispensadas a um tecido ou órgão específico podem migrar para locais não intencionais. Além disso, alguns produtos podem persistir nos seres humanos durante um período prolongado após a administração ou ter um efeito prolongado ou permanente, mesmo depois do mesmo não estar mais presente. A maioria da aplicação dos produtos necessita de cirurgias ou outros procedimentos invasivos para o acesso ao sítio alvo. Produtos halogênicos têm o potencial de provocar respostas imunológicas (imunogenicidade). A indução de uma resposta imunológica pode ser o efeito desejado de alguns produtos, tais como vacinas terapêuticas. No entanto, para outros produtos, a imunogenicidade pode ser um risco. A complexidade científica envolvida na produção de produtos de terapias avançadas pode impor limites práticos ao processo de controle deste processo. Conceitos como lotes, doses e concentrações são diversificados e peculiares. Para esses produtos, a incapacidade de controlar fatores como a variabilidade sujeito-a-sujeito (doadores) pode contribuir para a complexidade do produto. Alguns produtos podem levar várias semanas a meses para serem produzidos. Questões como viabilidade celular e potência biológica podem diminuir ou se alterar rapidamente a partir da formulação. Portanto, as células "frescas", que não são criopreservadas, podem necessitar de administração dentro de poucas horas de produção. Vários problemas podem limitar a capacidade dos dados de estudos pré-clínicos e clínicos, por exemplo, a extrapolação de segurança de uma célula extensamente manipulada pode depender de vários fatores, tais como os modelos animais utilizados, a via de administração do produto, o perfil de biodistribuição, a resposta imune ao produto administrado e outros. A maioria das agências reguladoras tem discutido os estudos de ensaios clínicos de forma individualizada devido às especificidades envolvidas, principalmente quando estes produtos serão utilizados em seres humanos pela primeira vez. A avaliação da segurança inclui uma avaliação da natureza e frequência de reações adversas potenciais e uma estimativa da relação com o volume – quantitativo- dose administrado. Recentemente a Farmacopeia Americana (U.S. Pharmacopeia 29) publicou informações sobre produtos de terapia celular e terapia gênica dentro de monografias de produtos farmacêuticos biológicos e biotecnológicos. Apesar das diferenças conceituais e de procedimentos de controle e qualidade aplicados, os produtos de terapias avançadas a base de células humanas são similares aos produtos biológicos. A GSTCO/Anvisa está pautando e seguindo o modelo regulatório adotado pelas principais agências no mundo quanto a condução dos ensaios clínicos com este tipo de produto, bem como a proposição de Boas Práticas e o registro sanitário para comercialização e uso em procedimentos terapêuticos. A definição de critérios regulatórios claros e padronizados no Brasil torna-se fundamental para o avanço biotecnológico brasileiro contribuindo para o acesso a população oportunamente a produtos seguros e de qualidade.