EDUCAÇÃO NO CAMPO E A (IN)SEGURANÇA ALIMENTAR

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EDUCAÇÃO NO CAMPO E A (IN)SEGURANÇA ALIMENTAR VIVENCIADA POR CRIANÇAS
MORADORAS DE ÁREAS DE ASSENTAMENTOS RURAIS AMAZÔNICOS
TEMA: Espaços Rurais, Agricultura e Segurança Alimentar.
Autores: Cinthya Martins Jardim - Universidade Federal do Amazonas/UFAM –
Programa de Pós-Graduação em Sociedade e Cultura da Amazônia/PPGSCA [email protected]; Edilza Laray de Jesus - Doutora em Educação, Mestre em
Educação Ambiental, Licenciada em Geografia – Professora da Universidade do Estado
do Amazonas/UEA - [email protected]; Ingrid Silva de Freitas – Bacharelanda
em Geografia da Universidade Federal do Amazonas/UFAM - [email protected]
Capitalismo e neoliberalismo apresentam concepções e realidades que se
complementam. Capitalismo é o sistema econômico baseado na supremacia do capital
sobre o trabalho e se fundamenta em uma concepção sócio econômica liberal. O
neoliberalismo é um conjunto de doutrinas que defendem a minimização do estado para
as questões de bem-estar social e a maximização deste para o setor privado. Na
Amazônia o neoliberalismo assume características alarmantes quando se constata as
péssimas condições de vida e de saúde, as ocupações ilegais, a falta de escolas e de
professores em áreas rurais, ausência do poder público no que concerne as questões
sociais e as lutas da população para melhorar as condições de vida. As políticas
neoliberais apresentadas pelo Estado para “minimizar” os problemas sociais e
educacionais vivenciados no campo estabeleceram novas formas de organização e
gestão pública. A educação passa a ser percebida não apenas como um bem de serviço
público, mas sobretudo como uma mercadoria. Esta ação fere o direito constitucional
dos cidadãos de acesso a uma escola que respeite as singularidades amazônicas e
acelera a preocupação dos gestores com a quantidade de verbas a serem direcionadas
para educação, em detrimento da qualidade do ensino que deveria ser trabalhado nas
escolas, como uma estratégia de combate à crise educacional vivenciada no Brasil desde
a década de 1990. Nesse sentido, o artigo apresentará reflexões sobre a educação no
campo vivenciada atualmente no estado do Amazonas, analisando especificamente o
cotidiano de crianças moradoras do Projeto de Assentamento Paquequer, localizado no
município de Nova Olinda do Norte – Amazonas, matriculadas na Escola Municipal
Paquequer. O artigo avalia como os hábitos alimentares das crianças estão se
transformando ao longo do tempo. Pesquisas preliminares demonstraram a falta de
valorização da merenda escolar e o abandono gradativo do cardápio regional por parte
das crianças moradoras do assentamento, demonstrando que as mesmas estão adotando
novos hábitos alimentares baseados em comidas industrializadas como salgadinhos e
refrigerantes, embutidos e congelados. Este tipo de comportamento alimentar demonstra
claramente o comprometimento da saúde dos entrevistados, agravando os danos e os
riscos para a segurança alimentar das crianças assentadas e possibilita um processo
gradativo de desorganização sociocultural na Amazônia. Sabemos que o primeiro passo
para projetar caminhos, propor soluções ou encaminhar lutas, é desfazer a ingênua
concepção que define a educação somente como a alavanca da transformação social,
pois equivocam-se aqueles que defendem a concepção pessimista de que o papel da
educação é apenas de reprodução social para refletir o grau de desenvolvimento
econômico de um país. É de fundamental importância reconhecer que a educação do
campo exige a prática conscientizadora, crítica, criativa, transformadora e
essencialmente libertadora, contribuindo para a construção e formação da cidadania em
espaços educativos que atendam as singularidades do mundo rural amazônico.
Palavras-Chave: Assentamentos rurais; Amazônia; Segurança Alimentar;
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