Reprodução Medicamente Assistida

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Escola B+S Bispo D. Manuel Ferreira Cabral
Ano Letivo 2011/2012
BIOLOGIA – 12º ANO
Prof. Ângela Morais
UNIDADE 1 – REPRODUÇÃO E MANIPULAÇÃO DA
FERTILIDADE
2. Manipulação da Fertilidade
2.2 Infertilidade Humana e Reprodução
medicamente assistida
Infertilidade
• É a total incapacidade de um homem ou
mulher de gerar filhos biológicos, devido a
limitações nos seus sistemas reprodutores.
• Um casal é infértil quando, após um ano de
relações sexuais, sem o uso de nenhum
método contraceptivo, não consegue procriar
ou levar uma gravidez até ao seu termo
natural.
• Cerca de 10% dos casais apresentam
problemas de fertilidade cujas causas são
múltiplas, podendo ser masculinas, femininas
ou mistas.
Causas de infertilidade masculina
• Anomalias congénitas dos testículos
• Ausência de produção de espermatozóides
• Produção de espermatozóides em número
insuficiente
• Deficiência na mobilidade dos gâmetas
• Percentagem elevada de espermatozóides
anormais
• Anomalias na libertação de espermatozóides
• Exposição a tóxicos, como tabaco, álcool,
drogas
• Vasectomia
• Disfunção sexual
Cerca de 40% dos casos de infertilidade estão
associados ao homem.
Causas de infertilidade feminina
• Anomalias congénitas (ausência ou atrofio dos
ovários, trompas, útero...)
• Ausência de produção de oócitos II
• Anomalias na secreção hormonal,
desencadeando problemas na ovulação
• Obstrução ou alteração das trompas
• Problemas ao nível do endométrio
(Endometriose)
• Muco cervical desfavorável aos
espermatozóides
• Exposição a tóxicos, como tabaco, álcool,
drogas
• Tumores ováricos, hipotalâmicos e hipofisários
Cerca de 45% dos casos de infertilidade estão
associados à mulher.
Reprodução Medicamente Assistida
(R.M.A.)
• Conjunto de técnicas que visam obter uma gestação,
substituindo ou facilitando uma etapa deficiente no
processo reprodutivo.
• Estas técnicas são normalmente utilizadas em casais
inférteis, ainda que também o sejam em casais em que
haja portadores do vírus da imunodeficiência humana
(VIH positivo), ou do vírus da hepatite B ou C. Outras
indicações são casais com elevado risco de transmissão
de doença genética, como por exemplo a trissomia 21.
• Entre as técnicas contam-se:
- a inseminação artificial intra-uterina - IIU,
- a estimulação ovárica,
- a fertilização in vitro - FIV,
- a microinjecção intracitoplasmática – ICSI,
- a transferência intratubária de gâmetas – GIFT,
- a transferência intratubária de zigotos – ZIFT,
- Barrigas de aluguer.
Inseminação intra-uterina ou
inseminação artificial -IIU
• A Inseminação Artificial consiste em depositar os
espermatozóides, previamente capacitados em
laboratório, no interior do útero, usando meios
artificiais em vez de cópula natural, na altura da
ovulação.
Vantagens
• Pouco invasivo
• Método rápido e prático
• Grandes hipóteses de
fertilização
Desvantagens
• Não tem eficácia para
mulheres com trompas
obstruídas
• A fertilização pode não ocorrer,
sendo necessário realizar mais
um procedimento
• Risco de gravidez múltipla
Estimulação Ovárica
• A indução da ovulação é feita para que haja uma maior produção
de oócitos II e por isso maiores hipóteses de gravidez.
• É realizada com o uso de medicamentos que actuam na hipófise
ou directamente nos ovários, o que vai estimular o crescimento
dos folículos.
• O objectivo da estimulação do ovário no caso da reprodução
assistida é portanto, obter um maior número de oócitos nos dois
ovários e evitar a atrofia dos folículos que entram em
desenvolvimento.
• O controlo para que se obtenha somente o número de oócitos
desejados é feito através de ecografia transvaginal e dosagem
de hormonas. O destino destes oócitos vai depender depois da
técnica de reprodução assistida a ser utilizada.
• No caso da fertilização in vitro, por exemplo, realiza-se uma
hiperovulação, com o objectivo de se obter um maior número de
óvulos, sendo depois colhidos, seleccionados e transferidos
somente os necessários.
Fecundação in vitro – FIV
• União (em laboratório) de um espermatozóide com um
oócito, em condições de assepsia e a uma temperatura
média de 37ºC; também denominada de “bebé-proveta”.
• Indicada em:
- casos de lesão das trompas,
- gravidez ectópica,
- laqueação irreversível das trompas de Falópio,
- endometriose,
- infertilidade masculina ou em casos de infertilidade
sem causa aparente.
• A taxa de sucesso varia entre 20 e 35% em mulheres até
35 anos. A partir dos 40 anos, a taxa de gravidez já é de
15%.
Como se Faz a FIV
1. Faz-se uma indução da ovulação, para estimular o
desenvolvimento e amadurecimento de vários oócitos II.
2. Recolha dos oócitos II.
3. Realização da fertilização dos oócitos II num meio de
cultura que simula o ambiente das trompas. Os
espermatozóides são colocados em contacto com os
oócitos para que um deles penetre a zona pelúcida.
4. Os ovos fertilizados são incubados no mesmo meio de
cultura até que atinjam o estado de embrião com 6 a 8
células.
5. O melhor embrião é transferido para o útero através de um
cateter especial de plástico com monitorização ecográfica (a
FIV é também designada FIV-ET (Embryo Transfer)). Por
vezes, vários embriões são transferidos para o útero para
aumentar as hipóteses de implantação e gravidez.
Injecção Intracitoplasmática de
Espermatozóides, Microinjecção ou ICSI
(Intracytoplasmatic Sperm Injection)
• Esta técnica hoje em dia é a melhor técnica de tratamento
da infertilidade atingindo (cerca de 50%).
• A ICSI é especialmente indicada para o tratamento da
infertilidade masculina.
• É feita numa caixa de Petri com duas micropipetas, cada
uma delas vai recolher o oócito II e o espermatozóide,
imobilizando-os e injectando o espermatozóide no oócito II,
ultrapassando a zona pelúcida. Os embriões resultantes
são implantados no útero através das mesmas técnicas da
fertilização in vitro atrás descritas.
Transferência intratubárica de gâmetas
ou GIFT (Gamete Intrafallopian Transfer)
• Nesta técnica, os gâmetas são
obtidos pelas mesmas técnicas
utilizadas na fertilização in vitro
e na microinjecção.
• Após serem tratados e
seleccionados em laboratório,
os oócitos e os
espermatozóides são
colocados no interior das
trompas de Falópio através de
laparoscopia para que aí se dê
a fecundação. Neste caso, a
fecundação é in vivo.
Transferência intratubárica de zigotos ou
ZIFT (Zygote Intrafallopian Transfer)
• Na ZIFT, após recolha e
selecção de oócitos e
espermatozóides, os
gâmetas são postos em
contacto in vitro, num
meio de cultura
adequado durante 18 a
24 horas. Após a
fecundação, realiza-se
uma laparoscopia e
transfere-se o(s)
zigoto(s) para as
trompas de Falópio.
Diagnóstico genético pré-implantação ou
PGD (Preimplantation Genetic Diagnostic)
• Método muito precoce
de diagnóstico pré-natal
para os casais com um
elevado risco de
transmissão de uma
doença génica (ex:
polineuropatia
amiloidótica familiar
(PAF) ou “doença dos
pézinhos”) ou
cromossómica (ex:
trissomia 21), posterior
transferência de
embriões geneticamente
normais.
Barrigas de Aluguer
• Este método tem aplicação na
esterilidade
feminina
por
impossibilidade de gestação,
devido, por exemplo, à ausência
de útero. Consiste na geração de
um ser por outra mulher que não
seja a sua mãe biológica. Para
tal, pratica-se uma fecundação in
vitro com gâmetas do casal com
posterior colocação no útero de
acolhimento
ou
ainda
por
inseminação
artificial
com
espermatozóides do elemento
masculino do casal, sendo o
oócito fornecido pela “mãe de
substituição”.
Criopreservação de Embriões
• Esta técnica é realizada quando há produção de mais
embriões do que o necessário para a transferência. Apenas
aqueles de boa qualidade têm maior oportunidade de
sobrevivência. Os embriões excedentários são colocados
numa solução especial com uma substância chamada
crioprotector, que evita que os embriões sejam danificados
com o frio excessivo; são então colocados em botijas de
azoto líquido, onde a temperatura chega a 196ºC negativos
e podem permanecer aí por tempo indeterminado.
• Apesar dos embriões apresentarem menor taxa de
sobrevivência do que os embriões a fresco, esta técnica
oferece a vantagem de uma nova oportunidade com menor
custo. Os embriões são descongelados 24 horas antes da
transferência, cultivados e são, posteriormente, estudados
quanto à sua viabilidade.
A Reprodução Medicamente
Assistida em Portugal
Em Portugal, a primeira lei (n.º 32/2006) sobre a reprodução
medicamente assistida foi aprovada em Maio do presente ano e
apenas permite a procriação assistida a casais heterossexuais,
casados ou a viver em união de facto registada (com pelo menos
dois anos).
Na sequência da promulgação desta lei, o Instituto de Ciências
Biomédicas Abel Salazar (ICBAS) abriu, desde Setembro de
2007, um banco público de armazenamento de espermatozóides
e oócitos (1000 euros, 750 para a dadora do oócito e 250 para a
clínica).
A lei da RMA vai apenas permitir o acesso a estes tratamentos a
casais heterossexuais casados ou "que vivam em condições
análogas às dos cônjuges há pelo menos dois anos." Excluídas
ficam as mulheres sós, ou que, mesmo inférteis, não sejam
casadas ou vivam com um parceiro no momento em que
pretendam obter ajuda médica para engravidar.
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