PATRICIA LUZ A IMPORTÂNCIA DA APLICAÇÃO DO MARKETING INTERNACIONAL NO LANÇAMENTO DE PRODUTOS NA HORA DE EXPORTAR E OS DESAFIOS E OBSTÁCULOS ENFRENTADOS PELAS EMPRESAS NACIONAIS Monografia apresentada à Diretoria de PósGraduação da Universidade do Extremo Sul Catarinense UNESC, para a obtenção do título de especialista em MBA - Gestão Empresarial. Orientadora: Profa. Maria das Dores Mendes Silva CRICIÚMA / 2004 2 AGRADECIMENTOS A Deus, que em todos os momentos esteve presente, em pensamento, em ações e, intuitivamente, influenciando e dando forças para prosseguir com o objetivo desejado. A orientadora, Professora Maria das Dores Mendes Silva, por ter acreditado na realização deste trabalho e influenciado nas questões que se tornaram essenciais para a conclusão do mesmo. Às empresas que concordaram em me receber e responder os questionários apresentados, que contaram suas experiências profissionais vivenciadas e confiaram o seu sigilo, em manter as informações particulares arquivadas, sem divulgação. À minha família, em especial, que através do apoio e auxílio, contribuíram com palavras de incentivo e acreditaram que seria capaz de concluir os meus objetivos. 3 RESUMO O presente trabalho, em uma primeira etapa, revisa alguns conceitos sobre o que é marketing, o que vem a ser um planejamento estratégico e pesquisa de mercado e o que é marketing internacional, sobretudo relata os diferentes caminhos percorridos pelas empresas na hora de exportar. Em uma segunda etapa, trata da importância da aplicação do marketing internacional dentro das organizações no ingresso ao mercado externo. O trabalho estabelece algumas diferenças existentes entre as organizações na hora de vender o seu produto em outros países, identificando os desafios e obstáculos encontrados pelas empresas na divulgação e aceitação do produto no mercado internacional e analisa o que deve ser feito para não cometer as falhas de outras empresas na hora da divulgação de seu nome e produto, e diagnosticar as melhores soluções já estabelecidas por outras corporações. A descoberta destes erros, que já foram cometidos por algumas organizações, possibilita às empresas que estão ingressando no comércio internacional analisarem e evitarem tais erros, obtendo maior sucesso inicial. Assim, o diagnóstico formado ao final do trabalho servirá como um manual a todas as empresas que querem e desejam ingressar no mercado internacional. Palavras chave: marketing internacional, exportação, internacionalização. 4 SUMÁRIO RESUMO ...................................................................................................................... 3 1 INTRODUÇÃO ................................................................................................. 6 2 MARKETING, CONCEITOS E APLICABILIDADE.......................................... 8 2.1 Marketing.......................................................................................................... 8 2.2 Planejamento Estratégico de Mercado ......................................................... 10 2.3 Negociação Internacional .............................................................................. 12 2.4 Exportação..................................................................................................... 14 2.4.1 Por que exportar?.......................................................................................... 15 2.4.2 O que exportar?............................................................................................. 15 2.4.3 Para quem exportar?..................................................................................... 15 2.5 Globalização .................................................................................................. 17 2.6 Marketing Internacional.................................................................................. 18 3 EXPORTAÇÃO ............................................................................................. 20 3.1 Produto........................................................................................................... 23 3.2 Modalidades de Pagamento .......................................................................... 24 3.2.1 Pagamento antecipado ................................................................................. 25 3.2.2 Remessa direta de documentos.................................................................... 26 3.2.3 Cobrança documentária ................................................................................ 26 3.2.4 Carta de crédito ............................................................................................. 26 3.3 Documentação Internacional ......................................................................... 27 3.3.1 Fatura proforma............................................................................................. 28 3.3.2 Fatura comercial............................................................................................ 28 3.3.3 Packing list .................................................................................................... 28 3.3.4 Certificado de origem .................................................................................... 29 3.3.5 Conhecimento de transporte ......................................................................... 29 3.3.6 Contrato de câmbio ....................................................................................... 30 3.4 Incoterms....................................................................................................... 30 5 4 MARKETING INTERNACIONAL................................................................... 34 4.1 Marketing Mix Internacional ........................................................................... 36 4.1.1 Produto .......................................................................................................... 37 4.1.2 Preço ............................................................................................................. 38 4.1.3 Promoção ...................................................................................................... 39 4.1.4 Ponto de distribuição ..................................................................................... 40 4.1.5 Relações Públicas ......................................................................................... 41 4.1.6 Poder ............................................................................................................. 42 4.2 Funções do Marketing Internacional.............................................................. 43 4.3 Mercados Internacionais................................................................................ 44 4.3.1 Ásia................................................................................................................ 45 4.3.2 Europa ........................................................................................................... 51 4.3.3 África.............................................................................................................. 58 4.3.4 América.......................................................................................................... 59 4.3.5 Oceania ......................................................................................................... 62 5 IDENTIFICAÇÃO DOS PROBLEMAS ENFRENTADOS POR EMPRESAS NA EXPORTAÇÃO........................................................................................ 64 5.1 Os Obstáculos e Problemas .......................................................................... 65 5.2 Soluções e Sugestões .................................................................................. 69 6 DIAGNÓSTICO ............................................................................................. 74 7 CONCLUSÃO................................................................................................ 77 REFERÊNCIAS .......................................................................................................... 79 APÊNDICE ................................................................................................................. 81 GLOSSÁRIO...............................................................................................................84 6 1 INTRODUÇÃO Sabe-se que em qualquer área ou setor que se atue, que para obter sucesso, as organizações precisam ter um planejamento adequado e que funcione e necessitam elaborar estratégias que resultem no atingir as metas e objetivos desejados. Essa situação se reflete tanto nas organizações nacionais, como internacionais e multinacionais. As estratégias que devem ser adotadas por todos os mercados são a adoção de utopias que viraram realidade e prática. Planejamento de mercado, estratégias de marketing e aplicação de métodos eficazes de negociações são temas que devem ser aprofundados e analisados pelas empresas que querem entrar no mercado internacional, que desejam se globalizar. A aplicação adequada do marketing internacional é fundamental para a sobrevivência organizacional e estrutural de uma organização. Na atual realidade global predominante, torna-se mais importante ainda a implantação, não apenas do marketing nas empresas, mas sua aplicação, acompanhada da internacionalização das economias, culturas e mercados. É o mundo global se estabelecendo dentro das organizações e criando raízes. Fala-se aqui dos desafios e obstáculos encontrados pelas empresas diante da aplicação de estratégias de marketing internacional, como peça fundamental para a sobrevivência global em outros mercados e também no mercado atual. As mudanças e inovações dentro das organizações, no momento da implantação de novos conceitos, do preparar funcionários e equipar as empresas para o futuro, que é atual, devem ser planejadas e estruturadas, ter um acompanhamento profissional e, acima de tudo, não ter medo de inovar e conseguir. O que vem a ser planejamento estratégico? Marketing internacional? Pesquisa de mercado? Assuntos tão essenciais para uma empresa sobreviver no mercado atual e que poucos conhecem os significados e a importância de sua aplicabilidade e como funcionam na prática realmente. 7 Para iniciar estes processos nas organizações é necessário realizar um trabalho de avaliação e reconhecimento em cada ambiente da empresa. A análise dos setores externos e internos, de clientes consumidores e fornecedores, dos pontos fortes e fracos, das oportunidades e ameaças existentes, todo este trabalho de pesquisa e reconhecimento, visa descobrir a verdadeira missão da empresa, o seu objetivo organizacional. Após os relatos sobre os aspectos mencionados, a empresa pode detectar as falhas existentes, descobrir o que pode ser melhorado e identificar os obstáculos que poderá encontrar em sua trajetória global. Neste contexto, verifica-se a importância de descobrir quais foram os erros e as falhas já cometidas durante as negociações e a implantação de produtos e/ou serviços das empresas brasileiras em outros países, conhecer o que é o marketing internacional e sua importância para a empresa que deseja ingressar no mercado externo. O trabalho, no geral, é predominantemente descritivo, realizado através de pesquisas bibliográficas. As idéias, conceitos e argumentos são levantados e descritos com embasamento teórico. Os erros e obstáculos citados foram levantados através de uma pesquisa de campo realizada com empresas nacionais, de diversos setores, que já se encontram no mercado internacional, vendendo e exportando há algum tempo. A principal preocupação é a de identificar as falhas cometidas e solucioná-las. O trabalho visa transformar-se em um pequeno manual de consulta para as pequenas e médias empresas que estão ingressando no mercado internacional. 8 2 MARKETING - CONCEITOS E APLICABILIDADE Não se pode falar de marketing, estratégias de negociações, vendas externas, sem caracterizar o que significa cada assunto em particular e em seu todo. Alguns conceitos básicos são necessários para o entendimento do assunto abordado e sua total compreensão. Assim, serão definidos alguns significados sobre todos os assuntos que envolvem uma negociação para exportação com a aplicação do marketing internacional, citando as etapas de um planejamento estratégico, da comercialização global e do fechamento de vendas com todas as garantias de qualidade. 2.1 Marketing A palavra marketing quando traduzida para o português, recebe alguns significados com sentidos próximos. Pode ser classificada como mercadologia ou comercialização, mas a tradução que mais se aproxima do seu verdadeiro significado é a de marketing como mercancia, ou seja, negociar, vender, comerciar. O marketing não é apenas uma forma de comerciar, ele visa produzir aquilo que os consumidores desejam, tudo o que faz parte das estratégias que o envolvem dentro de uma organização. Não é apenas vender, mas a forma como é produzido determinado produto, suas qualidades, o tipo de embalagem, características específicas para cada país, a forma como será colocado no mercado internacional, catálogos, propagandas, as divulgações necessárias, os tipos de negociações que devem ser realizadas, forma de pagamento, transporte e, principalmente, o pós venda, que é fundamental para a empresa sobreviver no mercado global. Todas estas etapas fazem parte da aplicação do marketing na empresa. É muito importante, também, e faz parte do marketing aplicado na empresa, o conhecimento da organização como um todo, de todos os departamentos, a política interna e externa, os fornecedores e compradores já existentes e os visados internacionalmente. 9 Como relata Gracioso (1997, p. 16) "marketing é a planificação e execução de um conjunto de atividades comerciais, tendo como objetivo final a troca de produtos, ou serviços, entre produtores e consumidores". Se esta definição for analisada, percebe-se que ela não define o marketing em sua grandeza, não atribui todas as funções que o marketing exerce. Já Kotler (1994, p. 25) argüi a seguinte definição: "marketing é um processo social e gerencial pelo qual indivíduos e grupos obtêm o que necessitam e desejam através da criação, oferta e troca de produtos de valor com outros". Está aqui uma definição que melhor expressa o verdadeiro significado e função do marketing para uma empresa. Outras definições podem ser utilizadas para um melhor esclarecimento e, completando umas às outras, obtém-se a resposta sobre o que é marketing. Neste contexto, podem ser analisadas outras caracterizações existentes sobre o que é marketing. Vale a pena transcrever o texto do economista clássico inglês que define o marketing como sendo: as atividades destinadas a tornar as mercadorias disponíveis, em momentos e lugares onde a demanda é maior do que o momento e lugar em que as mesmas foram produzidas, criam riqueza e utilidade, tanto quanto as atividades produtoras propriamente ditas. (TORRENS apud GRACIOSO, 1997, p. 16) A análise de todos os significados atribuídos ao marketing estabelece que quem realiza e comanda a verdadeira mercancia da empresa é o consumidor e não o produtor. O marketing começa com as necessidades e os desejos do cliente. É ele que determina o que deve ser produzido e como este processo de produção deve ser realizado, quais os padrões necessários e aceitos de cada produto e quais os tamanhos exigidos em cada país. Todas as características necessárias para colocar o produto no mercado internacional são preestabelecidas pela área de marketing, porque o marketing é o processo que procura colocar a mercadoria certa, ao consumidor certo e no tempo exato, é um aglomerado de esforços que são realizados para criar, conquistar, manter e permanecer no mercado com clientes satisfeitos e lucrativos. 10 2.2 Planejamento Estratégico de Mercado Ao entender o que significa a palavra marketing e toda a sua abrangência em funções e tarefas que devem ser realizadas, é fundamental compreender o que é um planejamento de mercado e o que deve ser feito para ter sucesso na hora de produzir e vender. O que vem a ser um planejamento? A resposta a essa pergunta é o primeiro passo para saber como traçar metas para uma organização. O planejamento é um esquema, onde a organização dos fatores de produção se dá através de um responsável central, que tem como obrigação controlar e direcionar as metas globais a serem atingidas. É um processo lógico que visa descrever as atividades necessárias para atingir o objetivo definido. A compreensão sobre o que significa planejamento facilita o entendimento do conjunto planejamento estratégico de mercado, que é um processo utilizado para conseguir afinidades em longo prazo com os consumidores, com a finalidade de atingir os objetivos organizacionais. Sem estabelecer metas e roteiros para uma organização, sem especificar uma missão interna e externa, não se conseguirá manter a empresa aberta. Mas, para que um planejamento seja viável e funcione, é necessário compreender o que é uma pesquisa de mercado. Sem ela, não se tem um planejamento eficaz. A pesquisa é o estudo mais importante e adequado para o empresário que quer se lançar no comércio internacional. É através da pesquisa que se obtém as perspectivas de venda dos produtos e a melhor maneira de colocá-los no mercado externo. Ela deve ser realizada com clareza e de forma a permitir que a empresa possa tomar qualquer decisão, quando necessário. A pesquisa de mercado, em um ambiente de acirrada competição internacional, assume um papel fundamental para a obtenção de êxito nos mercados externos. É ela que possibilita à empresa identificar importadores potenciais para o produto que pretende exportar, características da demanda, tratamento tarifário e outras informações úteis. Existem algumas fontes de consulta para auxiliar os exportadores brasileiros, desenvolvidas pelo Governo Federal, com a finalidade de incentivar as exportações, facilitando as informações sobre potenciais importadores do mundo. As empresas brasileiras podem contar com o apoio da Divisão de Informação 11 Comercial, que é responsável pela divulgação de pesquisas sobre as possibilidades de colocação de produtos nos mercados pretendidos, as quais são divulgadas na BrazilTradeNet, endereço de pesquisa divulgado através da internet no site do Ministério das Relações Exteriores. Outras opções para ter acesso a pesquisas de mercado são através de alguns grupos estrangeiros, como a JETRO (em inglês), a International Trade Center - ITC (em inglês) e a Financial Times (em inglês). De posse da pesquisa, o planejamento de mercado passa a abranger a missão e as metas organizacionais e de marketing, assim como suas estratégias, objetivos e planos de execução dentro de uma organização. Ele deve ser realizado em todas as áreas da empresa, coordenado e desenvolvido em todos os setores, a fim de desenvolver as estratégias de marketing corretamente e atingir as metas e objetivos traçados pela organização. O seu propósito é auxiliar a empresa a selecionar e organizar os negócios, de forma a manter a situação interna e externa da organização sempre saudável. Planejamento estratégico de mercado é o processo gerencial de desenvolver e manter uma adequação viável entre os objetivos, experiências e recursos da organização e suas oportunidades em um mercado continuadamente mutante. O propósito do planejamento estratégico é moldar os negócios e produtos da empresa com objetivo de crescimento e lucro. (KOTLER, 1994, p. 69). O planejamento é um dos estudos mais importantes para todas as empresas que desejam integrar seus produtos e serviços no mercado externo, devendo ser realizado da melhor forma possível, a fim de obter os resultados desejados. O planejamento internacional deve ser feito de forma clara e objetiva. É necessária a análise profunda de aspectos que devem ser respeitados e seguidos. O conhecimento das leis de outros países, cultura, idioma, produtos consumidos, a qualidade exigida, o paladar, as cores preferenciais, tipos de embalagem, transporte, a legislação vigente, proibições, restrições fitossanitárias, meio ambiente, a permissão de entrada de alguns produtos químicos, preços do mercado externo e o nível de competitividade, todos estes fatores devem ser pesquisados, analisados e levados a sério para se ter sucesso nas negociações e, principalmente, na garantia de negócios futuros. 12 Todos os elementos estratégicos do planejamento são determinados pelas necessidades, atitudes e desejos não satisfeitos do mercado consumidor. As táticas para sua aplicação devem ser concretas, específicas, individuais, lineares e seqüenciais. As estratégias para sua elaboração devem ser conceituais, gerais, complexas, orgânicas, interativas e sistêmicas. O planejamento estratégico deve definir as metas qualitativas e quantitativas que a empresa deverá seguir, especificando, dentre as metas qualitativas, o posicionamento adequado para sua aplicação, a segmentação de mercado, os aspectos culturais e estilísticos, a forma como a organização e a estrutura dos produtos e serviços diferem das outras empresas de produtos similares, e o aspecto funcional que identificam os propósitos que pretendem atingir e as necessidades reais e imediatas que devem ser satisfeitas. As metas quantitativas relacionam a política de preços, a participação no mercado, a taxa de crescimento, as características de custo, metas de venda, lucro, produção, distribuição e logística. Portanto, planejar, estabelecer estratégias de produção, manutenção e venda, resultam em atingir os objetivos da organização, que é conquistar o mercado externo. 2.3 Negociação internacional O que significa negociar? Esta é uma questão que muitos dizem realizar, porém, poucos sabem o que realmente significa. Negociar significa realizar um negócio, comerciar, promover o andamento de algo. As definições sobre a palavra em si são de fácil entendimento, porém se transformada em negociação, e ainda acrescentada à palavra internacional, têm-se um complexo assunto, em termo e prática, pertencente ao comércio internacional. Segundo Sacchi (2001, p. 1) , "a negociação é um procedimento que requer o estímulo dos interesses comuns e redução das diferenças, para chegar a um acordo que seja, no mínimo, aceitável para todos os participantes". Quando pessoas desejam realizar a troca de bens, é necessário que estejam aptas a compreender as reais necessidades de cada parte, saber amortizar as diferenças e solucionar os conflitos que possam interferir nas negociações, para obter o resultado 13 desejado. Isso implica em saber aceitar o que a outra parte deseja, mas não quer dizer que a empresa vendedora tenha que fazer tudo o que o comprador quer, da forma como ele quer, existe um grande consenso em saber vender e saber comprar, negociar. [...] Conheça o inimigo e a si mesmo, você não correrá perigo em cem batalhas. Quando você não conhece o seu inimigo, mas conhece a si mesmo, suas chances de perder e ganhar são iguais. Se você não conhece nem a si próprio, certamente correrá perigo em todas as batalhas. (CARNIER, 1996, p. 237). O planejamento e a preparação do negociador são pontos fundamentais para o sucesso das negociações. O profissional responsável por negociar deve se preparar antes de se sentar à mesa com comerciantes de outros países. Ele deve reunir o máximo de informações possíveis que o conduzam ao sucesso. É imprescindível saber a posição da empresa que o negociador representa e a posição da empresa com a qual haverá negociação; saber o grau de competição da empresa que o negociador representa e os limites para a transação, assim como a estratégia e as táticas específicas que devam ser utilizadas durante as negociações. O empresário negociador internacional deve estar atento às novidades e mudanças predominantes em cada país, deve estabelecer uma estratégia eficaz para negociar. Lidar com culturas distintas e diferentes legislações exige que o negociador considere uma série de procedimentos que podem ser opostos a tudo o que ele encontra no mercado interno. Ele tem que estar apto a deixar de lado princípios básicos sobre o certo e o errado, deixar determinados valores que possam vir a interferir em negociações internacionais. Dominar o idioma do país escolhido para vender, conhecer o mercado a ser explorado, descobrir quais são as reais necessidades de cada cliente, são os pontos fundamentais para exercer as atividades de venda e, conseqüentemente, obter sucesso nas negociações internacionais. Nunca negociar se não estiver preparado. Todos os negócios são conduzidos através de estratégias, de um conjunto diretivo de metas e crenças, que resultam, se aplicadas de forma eficaz, no sucesso das negociações. A melhor estratégia para negociar é aquela que melhor se adapte a situação presente da empresa, considerando todos os aspectos de mercado, os recursos, interesses, concorrência, necessidades e perspectivas. 14 Se a empresa realizar um planejamento adequado, suas negociações terão um resultado positivo. A avaliação real do que foi planejado, a aplicação e análise dos resultados, são os pontos fundamentais para garantir o perfeito entrosamento entre comprador e vendedor, a satisfação de ambas as partes e, principalmente, do consumidor final. 2.4 Exportação Depois de esclarecido alguns pontos sobre planejar e negociar, é necessário compreender o que é uma exportação e saber o por que exportar. Como resposta a estas perguntas, serão analisados alguns conceitos fundamentais sobre exportação. A palavra exportar1 vem do latim exportare, que significa remeter ou transportar para fora do país. Exportação é uma alternativa estratégica de desenvolvimento que as empresas podem adotar para ganhar competitividade e estímulos, a fim de serem mais eficientes. Conhecer a importância de um planejamento, do conhecimento das regras e usos do comércio internacional, permite à empresa adquirir, como resultado das exportações, o seu objetivo desejado, o lucro. O desconhecimento dos procedimentos resulta em prejuízos e numa péssima experiência para a empresa. São as vendas ao exterior de bens e serviços de um país que caracterizam a exportação. Para uma maior compreensão deste processo de vendas, é preciso responder a três questões básicas: por que exportar? o que exportar? e para quem exportar? As respostas a estas questões permitem ao profissional de marketing internacional descobrir os melhores caminhos a utilizar durante suas negociações. 1 FERNANDES, Francisco; LUFT, Celso Pedro; GUIMARÃES, F. Marques. Dicionário Brasileiro Globo. 22.ed. São Paulo: Globo, 1991 15 2.4.1 Por quê exportar? Exportar é a solução para a empresa que se encontra ociosa e quer inovar-se. Um dos motivos que leva as empresas a se lançarem no mercado internacional é o desejo de adquirirem maiores vantagens sobre seus concorrentes no mercado interno. Através da exportação, as organizações conseguem um melhor aproveitamento da capacidade de produção, um incremento da produtividade, redução dos custos operacionais, melhora na qualidade, incorporação de tecnologia e aumento da rentabilidade. Outro fator que leva a empresa a exportar é que, através da exportação, a organização consegue reduzir sua dependência com o mercado interno. A diversificação de mercado passa a representar um valioso aspecto de estabilidade e crescimento auto-sustentável, porque mais diluídos se tornam os riscos de quebra de contrato, falta de pagamento e instabilidade financeira. 2.4.2 O que exportar? Sabe-se que qualquer produto pode ser exportado. O que transforma um produto comum num produto exportável são alguns fatores, como o aprimoramento da qualidade, a adequação do produto ao país com quem se negocia, e outros que podem ser decisivos na hora de vender e ser aceito. A adaptação do seu produto às necessidades dos consumidores de outros países, leva a empresa a ter uma melhor performance no mercado interno. A determinação do produto exportável deve ser analisada com o objetivo de identificar o tipo de adaptação a ser implantada, preparando-o para a exportação. A organização deve estar atenta ao padrão de qualidade internacionalmente exigido, reconhecido e aceito, que é o Certificado de Qualidade da série ISO 9000. 2.4.3 Para quem exportar? Qualquer produto pode ser exportado, mas nem todos os países aceitam todos os tipos de mercadorias, por isso, uma pesquisa de mercado é de suma 16 importância, tanto no mercado interno, como, principalmente, no mercado internacional, para descobrir qual é o melhor comprador. As tendências de consumo variam de país para país e são modificadas no decorrer dos tempos, o que reforça a idéia de que a empresa exportadora deve manter uma atualização constante no que diz respeito a preços, modificações no produto, revisão de acordos de distribuição e deve estar sempre atenta as exigências dos consumidores. Qualquer mercado que se deseja alcançar é regido por uma legislação pertinente. É importante conhecer esta legislação para saber quais são as restrições impostas para o produto a ser exportado e como é o tratamento destas importações. Além disso, o profissional de marketing internacional deve obter informações sobre os concorrentes e se estes possuem determinadas vantagens, como direitos alfandegários preferenciais ou algum tipo de controle sobre o sistema de distribuição, de forma que dificulte a entrada de novos exportadores. Viajar é uma das formas mais eficazes de estudar um mercado, conhecer a concorrência, identificar um representante e promover vendas. Toda preparação da viagem deve ser realizada com cuidado, é essencial obter informações sobre o país a ser visitado. Deve-se elaborar catálogos e amostras, uma lista de preços e programar o roteiro de visitas, sempre comunicando as empresas a serem visitadas com antecedência e cumprindo com os horários programados, pontualmente. Manter um mercado pode ser muito mais difícil que conquistá-lo, por isso, as empresas devem estar atentas ao controle das variáveis mercadológicas que diferenciam e conferem consistência e densidade à atuação de um exportador. Essas variáveis podem ser consubstanciadas através da marca, embalagem, publicidade, inserção em canais e redes de distribuição, assim como a prestação de serviços do pós-venda. O exportador deve pelo menos ter consciência da importância que representam essas informações sobre o mercado; mesmo utilizando a exportação indireta, deve manter-se sintonizado nos consumidores. 17 2.5 Globalização Para compreender o que é globalização, é necessário estabelecer a diferença entre internacionalização e globalização. A globalização é uma tendência da economia mundial. Os mercados comuns, as negociações em bloco e a abertura de fronteiras comerciais já são uma realidade. Participar desses novos mercados é um desafio que traz muitas vantagens, mas exige das empresas a melhoria do desempenho e da qualidade dos seus produtos. A internacionalização exige que a empresa tenha informação, tecnologia e método, que são os três componentes necessários para a gestão de bons negócios nacionais e, principalmente, internacionais. É uma forma de aumentar as atividades econômicas através da busca fora de suas fronteiras, de novos mercados e consumidores. Internacionalizar é tornar comum a várias nações, transformar o produto ou serviço em internacional. Globalização é o termo utilizado para designar uma prática que vem sendo observada no mercado mundial há décadas. Com a análise de processos históricos, descobriu-se a preocupação em expandir os mercados internos e externos, que estas transações comerciais já preocupam o homem a muito tempo. Falar em economia global, em terceirização, em avanços tecnológicos, normas ISO, todas estas preocupações já faziam parte do pensamento da humanidade. Hoje, existe o termo globalização, que define essa economia, esse crescimento comercial e industrial. Um dos grandes elementos que fazem parte da globalização é o consumidor, que há décadas usava apenas produtos nacionais, mas, que hoje, consome um número cada vez maior de produtos sem pátria. O processo de desenvolvimento de negócios e internacionalização é uma das decisões mais importantes que uma empresa pode tomar, porque significa a própria necessidade de crescimento da empresa, profissionalismo, recursos e decisões de longo prazo e o futuro da organização. Um dos principais obstáculos encontrados com esta internacionalização e com a globalização é a capacidade da maioria das empresas de identificar, desenvolver e implementar estratégias e táticas organizacionais, com o objetivo de atender de forma eficaz seus clientes. 18 A internacionalização da empresa consiste em sua participação ativa nos mercados externos. Com a eliminação das barreiras que protegiam a indústria nacional no passado, a internacionalização tornou-se o caminho para as empresas brasileiras se manterem competitivas. Quando as empresas brasileiras se dedicam a produzir apenas para o mercado interno, sofrem a concorrência das empresas estrangeiras dentro do próprio país. Em contrapartida, para manter a participação no mercado interno, devem modernizar-se e tornar-se competitivas em escala internacional. A atividade exportadora não está isenta de dificuldades, principalmente porque o mercado externo é formado por países com idiomas, hábitos, culturas e leis diferentes entre si, e estas dificuldades devem ser consideradas pelas empresas que se preparam para exportar. As empresas podem participar do mercado internacional de modo ativo e permanente, ou de forma eventual. O êxito e o bom desempenho na atividade exportadora são obtidos pelas empresas que se inseriram nesta nova transação comercial através de um planejamento estratégico, direcionado para os mercados externos. A globalização deve ser utilizada tanto nos aspectos econômicos, como financeiros e produtivos. Os países que se globalizam devem ter credibilidade em seu sistema internacional, confiabilidade política e previsibilidade nas regras internas em nível político-econômico. 2.6 Marketing Internacional Como já definido anteriormente, o marketing é a busca para atingir as metas e objetivos da empresa através do atender as necessidades e desejos dos mercados-alvo, oferecendo a melhor satisfação para o cliente, ultrapassando o seu concorrente e sendo mais eficaz e eficiente. O marketing internacional não foge da base conceitual do que é marketing, ele apenas complementa o sentido que é atribuído ao mercado interno, acrescentando as variáveis não controláveis do composto mercadológico a nível internacional e intensificando esta atividade estrategicamente, de forma a melhor conhecer as necessidades de outras culturas e saber usufruir do que o mercado externo apresenta e deseja. 19 Fazem parte do processo de estudo e aplicação do marketing internacional a análise dos mercados externos e a busca pela integração entre os vários países, considerando as diferenças culturais, os estilos administrativos, a postura política e dos governos de cada nação, as diversificadas leis e normas que regem o comércio internacional, os acordos bilaterais e unilaterais e a participação em blocos econômicos, tudo de forma a facilitar as negociações internacionais e a unificar o processo de globalização e internacionalização das economias, mercados e culturas. [...] as barreiras naturais que inibem o desenvolvimento do comércio entre as nações vão sendo derrubadas dia-a-dia, surgindo um novo conceito de comportamento humano influenciado pela internacionalização dos hábitos de consumo das pessoas, sejam elas naturais de países como Brasil, Alemanha, Japão ou de qualquer outra parte do mundo. Todo este fenômeno é resultado direto do desenvolvimento tecnológico, [...], de diversos segmentos da atividade humana, mas principalmente pelos avanços na área de comunicação e transporte. (CARNIER 1996, p. 100). O marketing internacional possibilita à empresa estender o ciclo de vida de seus produtos, ao lançá-los nos novos mercados, e ajuda a minimizar as flutuações sazonais das vendas. O mercado internacional possui características distintas, porém, os procedimentos comerciais devem ser padronizados por instituições internacionais, no sentido de incrementar e fomentar as relações entre os diferentes países. A realidade mundial mostra as diferenças existentes entre as economias e o grau de dependência política entre as diversas nações, onde o profissionalismo não pode ser padronizado. As etapas que incidem sobre o marketing internacional, assim como maiores informações sobre as pesquisas de novos mercados, serão analisadas no quarto capítulo. 20 3 EXPORTAÇÃO Ao ingressar no mercado internacional, a empresa deve estar preparada e consciente sobre todos os procedimentos que deve tomar e seguir para que sua participação neste competitivo mercado seja realizada com sucesso. A atividade exportadora representa, para a empresa, uma alternativa de explorar e conhecer novos mercados, adquirir mais lucro, expandir sua produção, desde que seja efetuada com o profundo conhecimento sobre o que é exportar e todas as etapas que incidem sobre esta atividade: a exportação. Exportar é o envio de uma mercadoria, produto ou serviço para fora das fronteiras de seu próprio país, com destino a um novo mercado, um mercado global, internacional. O mercado de exportação é uma grande alavanca para o desenvolvimento das pequenas e médias empresas. Começar a exportar torna-se uma fonte geradora de empregos e de maior renda para a população do país. O que leva uma empresa a optar por partir para o mercado externo, a exportar? Os motivos podem ser muitos, mas Minervini (1997) diz que são várias as motivações que empurram as empresas para o mercado internacional, destacando: A necessidade de operar em um mercado de volumes; pedidos casuais de importadores; dificuldades de vendas no mercado interno; melhor aproveitamento das estações; possibilidade de preços mais rentáveis; melhor programação da produção; o prolongamento do ciclo de vida de um produto; para diversificar os riscos; para melhorar a imagem com fornecedores, bancos e clientes; para equilibrar-se contra a entrada de competidores no mercado interno; e, para uma estratégia de desenvolvimento da empresa. (MINERVINI, 1997, p. 5-6). Outros fatores também são determinantes na hora de decidir exportar. A empresa pode optar por entrar no mercado externo para ter melhorias financeiras, negociando suas exportações somente com pagamentos à vista ou antecipados, por exemplo, o que permite à empresa maximizar seu capital de giro, reduzir o seu custo financeiro e melhorar o seu fluxo de caixa, resultando em maior lucratividade para a empresa. 21 A aplicação do marketing internacional também é um forte fator de decisão, pois gera a concretização das exportações e o reconhecimento da empresa no mercado global, o que traz prestígio e status para a empresa e seus produtos no mercado interno, diante de seus fornecedores e consumidores internos. O investimento em tecnologia também é um ponto considerável na hora de decidir exportar. Através das exportações, a empresa pode trabalhar com regimes especiais e importar, com a isenção de impostos, matérias-primas que sejam utilizadas para a fabricação e exportação destes produtos. Pode investir em máquinas com avançada tecnologia, importando-as, o que facilita para ter maior produção e qualidade. Para as empresas que desejam realizar operações em mercados externos, é necessário conhecer as principais características dos diferentes mercados sob o ponto de vista dos diferentes modelos organizacionais, de um completo estudo e planejamento do que exportar, para onde e como, além do óbvio conhecimento de como funciona o mercado de câmbio nacional e internacional. Tais perguntas, embora pareçam básicas, exigem da alta cúpula da empresa um certo grau de conhecimento de algumas variáveis e de como administrá-las. (KUAZAQUI, 1999, p. 31). Quem pode exportar? Esta é mais uma questão que deve ser respondida por quem deseja partir para o mercado externo. Qualquer um pode exportar? A exportação não está ligada a produtos específicos, está relacionada aos fatores que as empresas têm que ter e conquistar para ingressarem no mercado internacional. As organizações devem ser competitivas, ter um compromisso com a qualidade de seus produtos, com os aspectos físicos e burocráticos, com a criatividade de venda, negociação e manutenção do pós-venda, ela deve ser profissional naquilo que faz. Minervini (1997, p.7) define: "Quem pode exportar? Quem avaliou sua capacidade de internacionalização e encara a exportação como uma estratégia para melhorar a competitividade". Outro ponto a ser analisado na hora de decidir exportar é sobre qual o tipo de mercado a empresa pretende atingir, ou explorar. Normalmente, opta-se por iniciar as negociações internacionais de venda do produto nos mercados mais próximos, países que fazem fronteira com o país do exportador. Os mercados que se identificam por estarem em crescimento contínuo e rápido também são alvo para os exportadores iniciantes. O idioma e cultura podem ser fortes barreiras na hora desta escolha. De que adianta um país que tenha a 22 mesma língua, se o produto a ser ofertado não for aceito pelos consumidores? Por isso, nem sempre escolher o país mais parecido é a melhor solução para negociar e vender. A melhor escolha para o iniciante em exportação é escolher o mercado que pode oferecer maior experiência para a empresa, menores custos e garantia de negócios futuros, ou seja, de que o produto a ser vendido será aceito e desejado pelos consumidores. A empresa deve estar atenta ao melhor momento para começar a exportar. Escolher a época certa é um grande início para se ter sucesso. A exportação é uma atividade de médio e longo prazo, seu retorno não é imediato, por isso, o momento adequado para se começar a exportar não é quando a empresa se encontra em crise no mercado interno; ela deve estar estável, ter um planejamento eficaz e paciência para investir e aguardar o retorno. Para exportar é necessário estar atento a quatro pontos fundamentais e muito importantes que fazem parte da exportação: o mercado, o produto, a empresa e a informação. O mercado e sua seleção, como funciona e o tipo de comunicação mais eficaz; o produto, saber o que o consumidor final deseja; a empresa, esta deve pensar internacionalmente e atuar como tal, deve estar apta a aceitar e a modificar seu produto ou serviço de acordo com as exigências internacionais e globais; e a informação, aqui está a base de todo o planejamento da exportação, a forma como tudo deve funcionar e seguir. Prestar atenção a estes quatro pontos é o grande passo que a empresa, que deseja exportar, deve dar para sua entrada ao mercado externo. A escolha do que exportar também é muito importante. Nem todos os produtos e serviços são aceitos em todos os países. Prestar atenção no que deseja e consome o mercado a atingir é fundamental para entender as necessidades de cada nação, para compreender cada mercado e atingi-lo da melhor forma, conquistando-o. Exportar não é tão complicado como parece. A empresa deve sempre estudar muito o mercado que pretende atingir, prestar atenção nas exigências de cada consumidor final, planejar sua entrada no mercado externo, aplicar estratégias eficientes de marketing internacional que resultem somente no seu sucesso, sempre. 23 Como diz Phyllis Theroux (1997), "os erros costumam ser a ponte entre a inexperiência e a sabedoria" (THEROUX apud MINERVINI, 1997, p.10). A decisão de exportar requer da empresa a capacidade para definir políticas de comercialização e conhecimentos. Uma operação de exportação deve ser administrada adequadamente, de forma a viabilizar esse processo, ou seja, a empresa deve estar atenta ao idioma da nação com que negocia, às peculiaridades do mercado, ao tipo de transporte mais adequado e eficaz, aos prazos de entrega preestabelecidos, às modalidades de pagamento, à taxa de câmbio, às paridades cambiais, ao preço ofertado, tudo isso, e muitos outros detalhes, que devem ser atendidos minuciosamente para garantir a venda e a continuação destes negócios internacionais. Vale lembrar que para as empresas brasileiras interessadas em transformar-se em exportadoras ativas, é necessário ter alguns cuidados especiais: em relação à conquista do mercado internacional, onde as empresas não devem considerar a exportação como uma atividade esporádica, relacionando-a as flutuações do mercado interno. A empresa exportadora deverá estar em condições de atender sempre às demandas regulares de seus clientes no exterior; a concorrência internacional é derivada, entre outros fatores, da existência de maior número de exportadores do que de importadores, ou seja, outros fornecedores potenciais estarão buscando conquistar os mercados já ocupados pelas empresas brasileiras; os exportadores brasileiros devem saber utilizar os mecanismos fiscais e financeiros colocados à sua disposição pelo Governo, a fim de aumentar o grau de competitividade de seus produtos; e todas as comunicações recebidas de importadores externos devem ser respondidas, pois mesmo que o exportador não tenha interesse ou condições de atender aos pedidos recebidos, o bom diálogo com os importadores, tanto efetivo como potencial, prepara o campo para vendas futuras. 3.1 Produto O produto destinado a exportação deve seguir algumas especificações, recomendadas pelo país importador, ou mesmo pelo país exportador, características que devem ser providenciadas para a saída da mercadoria do país de origem. 24 A empresa deve providenciar uma descrição técnica detalhada da mercadoria. No caso de produtos químicos, por exemplo, deve identificar toda a composição que faz parte, quais os produtos que incidem sobre a formação da mercadoria a ser exportada, as quantidades de cada produto que fazem parte desta composição e prestar atenção se algum produto desta composição é proibido no país para o qual pretende vender. As características dos produtos que devem ser relacionadas são peso, tamanho, cores, design, consumo, aplicações, forma e condição de utilização, recomendações necessárias, ou seja, tudo o que for preciso para que o consumidor final não seja prejudicado ou afetado pelo produto internacional. A garantia de um bom produto também é muito importante para a aceitação da mercadoria importada. Cuidados com a embalagem, descrições no idioma do país importador e do país de origem são necessárias para a venda internacional, assim como etiquetas, bulas e rótulos fazem parte desta regra. Após providenciada todas as peculiaridades sobre o produto, ele estará pronto para ser exportado. Adequá-lo ao gosto do consumidor final é a melhor forma de colocar o produto no mercado internacional, com aceitação e garantia de negócios futuros. Manter a qualidade e bom preço também é fundamental. 3.2 Modalidades de pagamento Para maior segurança do importador e do exportador, é necessário conhecer as formas de pagamentos internacionais existentes e saber quais as que garantem melhor segurança para quem vende e para quem compra, objetivando acelerar o processo de crescimento das empresas e estimular o comércio internacional. Del Carpio (1996) dedicou-se a esclarecer as regras que incidem sobra as formas de pagamentos e ressalva a necessidade deste entendimento para a situação das organizações nos dias de hoje, introduzindo que: Atualmente, as políticas econômicas de muitos países dão grande ênfase ao fato de termos a necessidade de alcançar o desenvolvimento econômico. Os povos das áreas subdesenvolvidas buscam medidas para alterar suas condições atuais. Dessa maneira, adotam as mais variadas formas de ação 25 para poder ampliar e acelerar o fluxo de recursos, estabelecendo acordos com diversos países nos campos financeiros e de comércio de mercadorias. (DEL CARPIO, 1996, p. 9) O mercado internacional, muitas vezes, exige das empresas prazos e condições especiais de pagamentos, prazos estes que podem ser essenciais para a conquista do cliente. A empresa exportadora deve conhecer bem a empresa importadora com quem está negociando para poder oferecer estas garantias e recursos que facilitam o lado financeiro tanto da empresa vendedora, como da empresa compradora. Estes prazos e condições devem ser negociados de forma a satisfazer todas as necessidades existentes entre os negociadores internacionais. Existem quatro formas de pagamentos principais, que se classificam em serem mais, ou menos, seguras para o exportador e para o importador, que determinam, ou não, os prazos para a realização do pagamento, com o objetivo de proteger as atividades internacionais. Estas modalidades, que serão vistas a seguir, representam a segurança financeira das negociações e do fechamento dos contratos de compra e venda no comércio exterior. 3.2.1 Pagamento antecipado A modalidade pagamento antecipado é realizada antes do embarque da mercadoria. O importador efetua o pagamento da transação comercial ao exportador, às vezes antes do início da produção ou antes do embarque da mercadoria para o seu destino final. Esta forma de pagamento representa uma garantia ao exportador, tanto em relação ao receber o valor da venda, quanto em relação ao risco de ter o cancelamento da operação, caso o importador desista de comprar. Normalmente, esta forma de pagamento é utilizada no caso do importador estar financiando o exportador para a produção da mercadoria, ou quando o produto a ser comprado é de pequeno valor e existe a confiança do importador em relação ao exportador, ou em transações realizadas entre países que representam elevados riscos, países que se encontram em instabilidade econômica, política e financeira. 26 3.2.2 Remessa direta de documentos Nesta modalidade, o exportador embarca a mercadoria e remete os documentos do processo de exportação direto para o comprador. De posse destes documentos, o importador providencia o desembaraço da mercadoria junto à alfândega e, posteriormente, providencia o pagamento da mercadoria, ou seja, somente após estar com a mercadoria nas mãos é que ele faz a remessa das divisas para pagamento da operação. Na remessa direta de documentos, o risco do exportador é muito grande porque a mercadoria é entregue ao comprador sem garantia de pagamento. O risco do importador é nulo. Ela é muito utilizada entre empresas interligadas, filiais e matrizes localizadas em diferentes países. 3.2.3 Cobrança documentária Na cobrança documentária, o exportador, após o embarque da mercadoria, entrega os documentos referentes à exportação ao banco negociador do câmbio no Brasil, o qual emite uma letra de câmbio, ou seja, um saque ou cambial, que acompanhará os documentos a serem enviados ao banco no exterior, o banco cobrador, para serem entregues ao importador, mediante o pagamento ou aceite do saque. O importador só poderá ter a posse da mercadoria se retirar os documentos junto ao banco. As exportações que utilizam esta modalidade de pagamento podem ser realizadas sob duas formas de cobrança: à vista, neste caso, pode ser utilizado ou não a cambial ou saque, e a prazo, que tem um prazo de até 180 dias, com a utilização ou não do saque ou cambial. 3.2.4 Carta de crédito A modalidade carta de crédito (L/C) é a que oferece maior segurança comercial e financeira, tanto para o exportador como para o importador. Na medida em que o exportador, que é o beneficiário da L/C, cumpre com todas as exigências e 27 instruções da L/C, ele passa a ter a total garantia bancária de receber o dinheiro da transação comercial. A L/C consiste num compromisso de pagamento, por escrito, assumido por um banco no país do importador, considerado como banco emissor, através de outro banco no país do exportador, o banco avisador, e a favor do exportador, que é o beneficiário, mediante a solicitação e conforme as instruções do importador, que é o tomador, respeitando sempre as exigências estabelecidas pelo importador na hora da abertura desta carta de crédito. Através desta modalidade, o banco emissor se compromete a pagar o exportador mediante a apresentação dos documentos relativos à exportação, estabelecidos na carta de crédito, ao cumprimento dos prazos de embarque e entrega da mercadoria, a utilização do porto de embarque e de chegada indicados. O não cumprimento de qualquer regra indicada na carta de crédito permite ao importador receber descontos na hora de efetuar o pagamento ou, até mesmo, a recusa da mercadoria. A carta de crédito pode ser emitida para pagamento à vista ou a prazo. Ela não deve ser interpretada, mas, sim, cumprida. 3.3 Documentação internacional Ao iniciar um processo de exportação, o exportador deve providenciar alguns documentos que devem acompanhar a mercadoria até o país de destino final. Estes documentos funcionam como nota fiscal internacional, comprovantes de que a mercadoria foi produzida no país do exportador e documentos que permitem passar a posse da mercadoria ao importador. Entre os principais documentos necessários estão a fatura proforma, fatura comercial, packing list, certificado de origem, conhecimento de transporte, contrato de câmbio e o registro de exportação (RE). Outros documentos podem ser exigidos, mas dependem das especificações da cada produto, sendo que, geralmente, ocorre a utilização apenas dos documentos citados. 28 3.3.1 Fatura proforma A fatura proforma é um documento de responsabilidade do exportador. Ela deve ser emitida no início dos contatos do vendedor com o comprador como forma de documentar o pedido que está sendo realizado, servindo como um documento de emissão de preços, quantidades, uma cotação mais detalhada do que o comprador está requisitando. É anterior à fatura comercial, sendo utilizada para fins de cotação do produto e, na prática, funciona como uma proposta de venda, um pedido. 3.3.2 Fatura comercial A fatura comercial funciona como a nota fiscal internacional. Nela será relacionada todas as características do pedido formalizado, de forma a identificar o que está sendo comprado, as quantidades, cores, peso, preço, data de entrega da mercadoria, forma de pagamento utilizada, tipos de transporte, data de embarque e portos a serem utilizados. Todas as informações devem ser claras e concisas para permitir à alfândega a identificação exata da mercadoria para sua liberação, e ao banco, o fechamento e a contratação do câmbio. A validade da fatura comercial começa a partir da saída da mercadoria do território nacional e é imprescindível ao importador para liberar a mercadoria em seu país. 3.3.3 Packing list O Packing List, ou romaneio de embarque, deve ser emitido pelo exportador. É necessário para o desembaraço da mercadoria e para orientação do importador em relação as quantidades de embalagens que foram embarcadas, o peso total e individual e o tipo de embalagem utilizado. O romaneio é uma simples relação, indicando os volumes embarcados e respectivos conteúdos, uma descrição detalhada da quantidade de embalagens, tipo e peso. 29 3.3.4 Certificado de origem O certificado de origem é um documento providenciado pelo exportador e utilizado pelo importador para comprovação da origem da mercadoria e habilitação em seu país. Ele serve para a isenção ou redução do imposto de importação, em decorrência de disposições previstas em acordos internacionais, ou cumprimento de exigências impostas pela legislação do país de destino. Para emissão do certificado de origem é necessária a apresentação da cópia da fatura comercial e de alguns documentos para análise, caso estejam previstos em acordos internacionais. Nas exportações destinadas aos países da Aladi, Mercosul e nos que se enquadram no âmbito do SGPC (Sistema Global de Preferências Comerciais), os certificados são emitidos pelas federações estaduais de indústria e pelas federações estaduais de comércio. No caso das exportações realizadas sob o âmbito do SGP (Sistema Geral de Preferências), os certificados são emitidos pelas agências do Banco do Brasil S.A. que operam em comércio exterior. As principais informações que devem estar contidas em um certificado de origem são: a classificação da mercadoria (NCM Nomenclatura Comum do Mercosul), ou seja, sua nomenclatura comum às normas internacionais, o instrumento internacional ou acordo que ampara a operação e a indicação do requisito de origem cumprido pelo produto, além de outras. 3.3.5 Conhecimento de transporte O conhecimento de transporte é o documento que transfere a posse da mercadoria do exportador para o importador. É este documento que garante que a mercadoria, após embarque e chegada no país de destino final, passa a pertencer ao comprador. Este documento é emitido pela transportadora internacional utilizada, que pode ser aérea - Airway Bill (AWB), rodoviária marítima - Bill of lading (B/L), ou ferroviária Internacional. Carta de Porte Internacional (CRT), Conhecimento - Carta de Porte 30 A escolha pelo melhor tipo de transporte será feita de acordo com a localização do país importador e com o tipo de mercadoria negociada. Uma logística de transporte montada adequadamente, baseada sobre as variáveis importantes do processo, entre elas os custos e os prazos de entrega de mercadorias, pode representar a lucratividade ou prejuízo na atividade exportadora ou importadora e, conseqüentemente, a sua manutenção, incremento ou retirada do jogo das trocas internacionais. A tomada de decisão da logística de transporte deve passar pela correta opção entre os modais disponíveis e viáveis, que poderão proporcionar o alcance das metas propostas. (MENDONÇA, KEEDI, 1997, p. 22). 3.3.6 Contrato de câmbio O contrato de câmbio é o documento firmado entre o exportador e o banco operador. É um documento informatizado, cujos dados são teleprocessados pelo Sisbacen, que visa a coleta de informações, emitido pelo banco negociador de câmbio, e que formaliza a troca de divisa estrangeira por moeda nacional. Toda operação de exportação com cobertura cambial em moeda estrangeira deverá ser coberta por um contrato de câmbio. 3.4 Incoterms Os Incoterms são os termos criados para facilitar o entendimento entre compradores e vendedores no mercado internacional, em relação às suas obrigações. A CCI (Câmara de Comércio Internacional) é a responsável por definir as normas operacionais que regem as transações comerciais internacionais entre as empresas. Visando administrar os conflitos gerados pelas diferentes interpretações dos contratos internacionais firmados entre exportadores e importadores, em relação à transferência de mercadorias e às despesas decorrentes das transações e responsabilidades adquiridas, a CCI criou algumas regras internacionais para interpretar estes conflitos e serem seguidas por todos os países. Em 1936, ela instituiu os Incoterms (International Commercial Terms), Termos Internacionais de 31 Comércio, empregados primeiramente aos transportes marítimos e terrestres. Apenas em 1976 passou a integrar os transportes aéreos. Os Incoterms são representados por siglas, com regras uniformes e imparciais, utilizadas como base para as negociações entre os países. Ao adotar os Incoterms, os exportadores e importadores têm a certeza de que estão definindo suas respectivas responsabilidades nas transações comerciais, com simplicidade e segurança, reduzindo ou mesmo eliminando a possibilidade de mal-entendidos, desavenças e disputas judiciais que representam desgaste para as partes envolvidas, além de acarretar perda de tempo e dinheiro. (CASTRO, 1999, p. 83). Existem treze tipos de condições de vendas, que são divididas em grupos iniciados pelas letras E, F, C e D, cada um com suas características e obrigações específicas por parte do importador e do exportador. O grupo E traz o termo EXW (Ex works), que significa local de produção. Neste termo, o exportador é responsável apenas pela colocação da mercadoria à disposição do importador, em suas próprias instalações. O importador é o único responsável por carregar a mercadoria no veículo transportador e pelo seu despacho alfandegário, assumindo todos os riscos e providenciando o seguro necessário, o transporte internacional e o desembaraço da mercadoria no destino final. O grupo F apresenta três termos: FCA (Free Carrier), FAS (Free Alongside Ship) e FOB (Free on Board): O termo FCA significa transportador livre, ou seja, a obrigação do vendedor termina ao entregar a mercadoria à custódia do transportador designado pelo importador, no local determinado, sendo que o desembaraço aduaneiro é de responsabilidade do vendedor. Esta condição de venda pode ser utilizada em qualquer modalidade de transporte, inclusive multimodal; O termo FAS, de uso exclusivo no transporte marítimo, significa livre no costado do navio, e apresenta como responsabilidade do exportador entregar a mercadoria ao lado do costado do navio no cais do porto de embarque designado pelo importador ou em embarcações de transbordo, sendo que o desembaraço da mercadoria fica a encargo do comprador; O termo FOB, também exclusivo do transporte marítimo, significa livre a bordo do navio. O exportador arca com todos os custos até a entrega da mercadoria a 32 bordo do navio indicado pelo comprador, no porto de embarque designado. O vendedor deve entregar a mercadoria desembaraçada. O grupo C é composto por quatro termos: CFR (Cost and Freight), CIF (Cost, Insurance and Freight), CPT (Carriage Paid To) e CIP (Carriage and Insurance Paid To): O CFR significa custo e frete, e quer dizer que as despesas da colocação da mercadoria a bordo do navio, do frete internacional até o porto de destino e as formalidades de exportação são de responsabilidade do exportador, porém, os riscos que a mercadoria pode correr depois de colocada a bordo do navio são por conta do comprador, ou seja, a contratação do seguro internacional corre por conta do importador; O CIF, custo, seguro e frete, têm as mesmas responsabilidades que o INCOTERM CFR, porém, o seguro internacional também passa a fazer parte das obrigações do exportador; O termo CPT, transporte pago até, pode ser utilizado por qualquer modalidade de transporte, onde o exportador é responsável pela contratação do transporte da mercadoria e pelo pagamento do frete até o local de destino designado; O CIP, transporte e seguros pagos até, é, também, utilizado em qualquer modalidade de transporte, e o exportador tem as mesmas responsabilidades da condição de venda CPT, acrescentando, aqui, a responsabilidade de contratar e pagar o seguro internacional até o destino. O grupo D é representado pelos seguintes termos: DAF (Delivered at frontier), DES (Delivered ex-ship), DEQ (Delivered ex-quay), DDU (Delivered duty unpaid) e DDP (Delivered duty paid): DAF, que significa entregue na fronteira, estabelece como obrigação do vendedor a entrega da mercadoria, livre e desembaraçada para exportação, no ponto e local designado na fronteira e dentro do prazo estabelecido no contrato de venda. A partir da fronteira, o importador assume os custos e riscos de perda ou dano da mercadoria; O termo DES, entregue no navio, estabelece que o exportador tem como obrigação entregar a mercadoria a bordo do navio, no porto de destino designado, não desembaraçada para a importação, mas com a responsabilidade 33 dos custos e riscos de perda ou dano à mercadoria assumida pelo vendedor até o porto de destino; DEQ, entregue no cais, o vendedor entrega a mercadoria desembaraçada ao comprador, no porto de destino. As responsabilidades de custos sobre as perdas e danos até a entrega da mercadoria correm por conta do exportador; O Incoterm DDU, entregues direitos não pagos, consiste na entrega da mercadoria dentro do país do importador, descarregada. Os riscos e despesas até a realização desta entrega correm por conta do exportador; O último Incoterm, o DDP, entregue direito pago, significa que o exportador tem a máxima responsabilidade. Ele assume todos os custos e riscos para a entrega da mercadoria ao importador, livre e desembaraçada, no local de destino determinado pelo comprador. Em relação à exportação, foram analisados os principais aspectos que a relacionam e que facilitam sua elaboração, através do conhecimento e compreensão de cada etapa, descobrindo o que realmente é importante e entendendo como um processo pode ser facilitado, garantindo o sucesso nas negociações internacionais. De posse destas informações, a empresa pode elaborar suas estratégias de marketing internacional mais facilmente e aplicá-las de forma coerente e eficaz. 34 4 MARKETING INTERNACIONAL O marketing é visto e utilizado como uma filosofia para a empresa, uma conduta que procura atender às necessidades quantitativas e qualitativas, visando atingir os objetivos reais da empresa. Todo esforço mercadológico culmina em resultados de manutenção, retração ou ampliação de mercado, de acordo com os objetivos da empresa e sua política comercial. Para atingir os resultados, o esforço estratégico orienta-se para o atendimento dos objetivos, que se traduzem em metas porcento, as quais se operacionalizam através de táticas (de que forma) e planos (com quem e a que custo, onde e com que prioridade), que por sua vez desencadeiam ações. Ações essas, passíveis de controle, de tal maneira que sejam constantemente analisadas à luz dos objetivos, e jamais se divorciem da política da empresa contida nas estratégia. (COBRA, 1985, p. 23). O marketing é o caminho que orienta e rege a detenção dos resultados citados acima. O mercado organizacional em marketing é todo o conjunto de organizações que adquirem produtos e serviços com características similares e que seguem comportamentos específicos. O marketing internacional surgiu para realizar as funções já existentes do marketing e completá-las em âmbito internacional, voltadas aos processos de exportação de uma empresa que deseja se fixar no mercado externo e aos processos de importação, que objetivam melhorar a produção. O marketing internacional é um conjunto de atividades, destinadas à satisfação de necessidades específicas, que inclui a divulgação e a promoção da empresa exportadora e de seus produtos nos mercados externos, que resulta no êxito das exportações, razão pela qual os exportadores brasileiros devem dar atenção especial a esta atividade. A propaganda é apenas uma das atividades relacionadas com o marketing. São condições básicas para o desenvolvimento do marketing internacional: a identificação das necessidades de consumo, onde o exportador deverá identificar, em um determinado mercado, necessidades de consumo do produto a ser exportado; a disponibilidade do produto, que além das condições efetivas de oferta, o exportador deverá ter em conta as preferências dos consumidores em um determinado mercado, como cor, tamanho, design e estilo, 35 assim como estar atento para o tipo de material utilizado, observar as exigências legais referentes a saúde e segurança, o desempenho, representado pela facilidade de manutenção, durabilidade, credibilidade, força e imagem, resistência a condições específicas e as especificações técnicas, como dimensões, voltagem e durabilidade. A comunicação entre o exportador e o importador, que é o elo principal entre a oferta e a demanda, também é uma condição básica para a aplicação do marketing internacional. A ausência de comunicação impossibilita o desenvolvimento da operação comercial, por isso, o exportador deve estar atento ao utilizar uma correspondência comercial, prestar atenção se está enviando em papel timbrado, com o endereço e nome da empresa, inclusive e-mail e endereço de home-page na Internet, se houver, o texto das cartas deve ser breve, claro e preciso e, se possível, redigido no idioma do destinatário (importador estrangeiro), quando não, em inglês, os assuntos abordados devem estar diretamente relacionados com a atividade ou o produto a ser exportado. As descrições dos produtos em folhetos ou catálogos, a serem encaminhados ao importador, devem conter o endereço da empresa (inclusive fax, e-mail, site), ilustrações fotográficas dos produtos, onde cada produto pode ser identificado por um número, o que facilita a referência à respectiva descrição, dimensão, volume, identificação do material utilizado, entre outras características, e a lista de preços, que deve indicar preço FOB e/ou CIF de venda, não deve ser incorporada ao catálogo, uma vez que os preços podem mudar e, por isso, é mais apropriado utilizar folha avulsa, que seguirá com o catálogo. Todos esses itens fazem parte das condições básicas de desenvolvimento e aplicação do marketing internacional. O papel do marketing internacional é satisfazer as necessidades do consumidor final em sua cultura, usos e costumes, internacionalizar o produto da empresa. O marketing não cria hábitos para serem cumpridos, mas procura estimular o consumidor, convencendo-o da necessidade de adquirir o produto importado, satisfazendo suas necessidades de consumo. A motivação é uma das armas mais poderosas trabalhadas pelo marketing. No âmbito internacional, as organizações estão passando por fortes tendências de integração, de conflitos políticos e econômicos e de barreiras culturais. Todos estes obstáculos são fatores de desequilíbrio para uma 36 organização, cabe ao departamento de marketing eliminar estas barreiras e buscar a melhor solução para a colocação de produtos nacionais em mercados internacionais. [...] desenvolver sistemas que habilitem o setor privado brasileiro a participar desta integração entre os vários países, pois antes de ser apenas um entendimento entre governos, esta nova situação é o resultado de um trabalho originado no setor privado, principalmente pelo esforço conjunto das atividades de pesquisa e de marketing, na criação e comercialização de novos produtos e na melhoria tecnológica dos bens e serviços já existentes, como uma decorrência natural do trabalho de marketing, que busca identificar junto aos consumidores de vários países, as diversas oportunidades de mercado ainda não satisfeitas. (CARNIER, 1996, p. 101). Como já dito anteriormente, o marketing internacional trabalha com todas as características do marketing e acrescenta as necessidades internacionais de cada país, como cultura, idioma, política, economia, os usos e costumes, procurando proporcionar o melhor destaque às exportações brasileiras na divulgação e colocação dos produtos e serviços no mercado internacional. A internacionalização dos mercados é uma das tarefas mais importantes realizadas pelo responsável na aplicação do marketing internacional nas empresas. A aplicação do marketing internacional em algumas empresas brasileiras ainda é um processo lento, mas que está se intensificando a cada dia, visto que os empresários estão despertando interesse por alcançar o mercado internacional e melhorar suas vendas, obtendo maiores lucros e vivência da empresa. Falta, ainda, uma organização interna necessária para que essas empresas possam desempenhar suas atividades e praticar realmente o marketing como uma filosofia de sobrevivência e de existência para a organização. 4.1 Marketing Mix Internacional O marketing mix internacional é o conjunto estruturado e planejado dos diferentes componentes do marketing, ou seja, de seu composto mercadológico, os 4Ps (produto, preço, ponto de distribuição e promoção), que são as estratégias utilizadas no marketing e que serão analisadas sob o ponto de vista internacional, acrescidas, ainda, de mais componentes a nível internacional, as relações públicas e o poder. 37 4.1.1 Produto O produto é tudo aquilo que pode ser oferecido a um mercado, visando satisfazer as necessidades e desejos de um indivíduo, que é o consumidor final. Não é apenas um bem tangível, ele pode ser um serviço, um conjunto de idéias, projetos, e até mesmo pessoas. Antes de lançar um produto no mercado, a empresa deve tomar as devidas providências para adquirir a sua total proteção, tanto no aspecto legal, como social. Estas proteções agem contra as falsificações e cópias, sendo a garantia da empresa de que o produto foi criado por ela. Kuazaqui (1999) estabelece quatro tipos de proteção a um produto e os explica como sendo: Patentes: se um produto ou processo é qualificado como novo, solicita-se o registro da patente, que envolve primeiramente um órgão nacional e, a posteriori, um órgão internacional. O órgão emite um documento (governamental) que preserva os direitos sobre a comercialização do produto por um tempo relativamente longo (15 a 20 anos). [...] Proteção industrial: proteção que concede direitos dentro do território nacional. Havendo a possibilidade de comercialização do produto em outros países, torna-se necessária a solicitação de patente (se for um produto novo) ou a forma de proteção que melhor convier à empresa e ao produto. [...] Registro do desenho: refere-se à proteção de um novo conceito visual, desde que o produto em questão não seja considerado como um novo modelo no mercado. Este novo formato não interferirá necessariamente no desempenho ou funcionalidade do produto. [...] Copyright: direito que reserva a proteção sobre "obra literária e artística", embora muitos fabricantes o utilizem para embalagens e brinquedos. [...]. (KUAZAQUI, 1999, p. 53-54). Carnier (1996) diz que existem algumas diferenças entre as promoções dos diferentes produtos, que devem ser levadas em consideração para o verdadeiro sucesso da empresa, relatando que: É importante deixar bem claro que há uma diferença entre a promoção de um produto nacional com aceitação internacional e um produto mundial com aceitação no mercado doméstico, mas esta diferenciação só poderá ser distinguida pela administração de Marketing Internacional da empresa, [...], pois o conceito do produto mundial não está restrito ao produto em si, ou melhor, não podemos definir o êxito de nosso empreendimento no exterior apenas na tarefa de conceber um produto ideal a diversos mercados, pois tão importante quanto a concepção e criação de um produto estão outros fatores como preço, sistemas de distribuição, estratégias de comercialização [...]. (CARNIER ,1996, p. 155). 38 Existem produtos que são aceitos em vários países e que não precisam ser modificados, mas muitos devem ser adequados aos usos e costumes do país com quem a empresa está negociando. Os produtos devem compor um conjunto de características e vantagens que correspondam às necessidades do cliente, proporcionando benefícios e satisfação. Eles podem surgir como produtos modificados, inovados, novas linhas de produto, de baixo ou alto custo, de acordo com a situação atual da empresa e da necessidade do mercado. A administração de produto deve estar atenta aos bens e serviços de consumo popular e industrial, deve levar em consideração a adaptação do produto ao novo mercado consumidor, o ambiente, as estações do ano, temperaturas e clima, que contribuem para com o ciclo de vida do produto, a embalagem e a marca também são fatores limitantes e importantes para o perfeito desenvolvimento da mercadoria a ser ofertada. 4.1.2 Preço O preço dos produtos é um dos principais fatores que faz parte das estratégias de marketing. Ele é utilizado como meio de entrada em ambientes hostis, que tenham restrições comerciais, como barreiras tarifárias ou não-tarifárias, ou mesmo como um fator delimitante para a aceitação do produto pelo consumidor final. Ele é muito mais do que apenas um problema financeiro ou econômico, faz parte das estratégias de marketing da empresa e envolve toda a organização interna e externa, sua estrutura e política de desenvolvimento. As decisões em relação ao preço estão sempre acompanhadas às outras variáveis do marketing mix. São muitos os fatores que influenciam na tomada de decisão para colocar o preço ideal, fatores estes relacionados à empresa como um todo, ao mercado e à natureza do produto. Sua influência sobre a decisão do consumidor depende do grau de necessidade de consumo do produto por parte do mercado consumidor e do desenvolvimento de uma política de marketing séria e eficiente, por isso Pipkin (2000, p. 67) diz que "a política de preços é uma importante arma estratégica e tática, sendo uma variável altamente controlável pela organização". 39 Algumas variáveis fazem parte das decisões da organização na hora de determinar o preço e estão relacionadas ao desenvolvimento da empresa, à produção, à pesquisa, aos custos e à localização da fábrica. Os custos de marketing e de distribuição também se relacionam nesta política de preços. O preço aplicado à mercadoria deve atingir um equilíbrio entre as necessidades dos consumidores e a necessidade da empresa em cobrir seus custos diretos, indiretos e obter o lucro desejado, porque, para a empresa, o preço é a quantidade de dinheiro que está disposta a receber em troca do produto e, para os consumidores, é algo que estão dispostos a pagar para adquirirem determinado produto. Assim, ao estabelecer a política de preços, o empresário de marketing internacional da empresa deve observar os fatores indiretos que influenciam a produção e fabricação da mercadoria, a existência de produtos similares no país com quem está negociando, a legislação de importação, conhecer os concorrentes internacionais, estar atento aos fatores políticos e econômicos, incluir as despesas de transporte internacional, seguros e tarifas alfandegárias especiais de acordo com o tipo de negociação exercida e a forma de venda utilizada. 4.1.3 Promoção A promoção é a forma utilizada para divulgação do produto no país visado para seu lançamento. Serve para comunicar e propagar as características e os benefícios de um produto ao mercado alvo pretendido. Normalmente, ela é vista apenas como propaganda, mas faz parte do conjunto que forma o seu funcionamento total, pois, além da propaganda, estão a promoção de vendas, as relações públicas e a venda pessoal. A promoção é indispensável para o sucesso de uma exportação e é uma abordagem de divulgação a longo prazo. A propaganda se refere à forma de apresentação impessoal do produto, com o intuito de vender e divulgar estes produtos ou serviços. 40 A promoção de vendas estabelece os incentivos de curto prazo que objetivam aumentar as vendas de um produto ou serviço. As relações públicas estão relacionadas à criação da imagem da empresa, dos produtos e serviços, através da utilização dos meios de comunicação com o mercado, de patrocínios e eventos, como os serviços 0800, os SACs (Serviços de Atendimento ao Consumidor), e os ombudsman, que são profissionais que representam e defendem a empresa tanto no mercado nacional como no internacional, com o objetivo de solucionar os conflitos existentes nas negociações. Kuazaqui (1999, p. 69) diz que "o ombudsman tem mais força e credibilidade perante os grupos de interesse por sua imagem profissional e por seu poder de decisão na solução de conflitos". A venda pessoal é a apresentação verbal realizada aos compradores em potencial. Se a promoção integrar todos os elementos promocionais existentes, como a propaganda, a venda pessoal, a publicidade e a promoção de vendas de maneira eficaz e consistente, relacionadas ao custo, apropriada para o produto e para o processo de compra, a empresa obterá o lucro desejado e terá sucesso e garantias em seus negócios. Além das formas de promoção exemplificadas acima, fazem parte deste conjunto de divulgação do produto outros métodos promocionais, como os eventos, representados por feiras internacionais, missões empresariais, rodadas de negócios e exposições internacionais, assim como a apresentação do produto através de catálogos, cartas comerciais, filmes promocionais e divulgativos. Todas as formas de promoção devem ser planejadas e aplicadas da melhor forma, sendo adequadas a cada cultura, idioma e à necessidade do mercado externo consumidor. 4.1.4 Ponto de distribuição O ponto de distribuição está ligado às possibilidades de participação da empresa no mercado internacional. Todas as organizações que desejam ingressar no mercado externo, vender os seus produtos ou serviços, enfrentam dificuldades e barreiras para este lançamento. O planejamento adequado e uma boa escolha sobre 41 o canal de distribuição que será explorado é o fator determinante do sucesso que pretende alcançar. Os sistemas de distribuição devem estabelecer estratégias que identifiquem o produto de consumo popular e o produto industrial, e as estratégias de distribuição relacionadas ao mercado e à empresa. A empresa que deseja exportar deve ter preços competitivos, produtos adaptados às necessidades exigidas pelo consumidor final, porém, estas variáveis não são suficientes para o sucesso de uma negociação e garantia de negócios futuros. É importante para a organização estabelecer critérios para a colocação do produto junto ao mercado externo. A forma de distribuição utilizada pela empresa é importante para satisfazer o cliente e envolve não apenas o tipo de transporte a ser utilizado, mas, sim, todo o sistema de comercialização, os produtores, fornecedores e consumidores. A logística aplicada pelo departamento de marketing será o principal fator de sucesso na hora de colocar o produto no mercado internacional. Fazem parte das formas de distribuição todos os canais de marketing, a distribuição física e as atividades de logística, que são necessárias para a colocação do produto nas mãos do consumidor final. As decisões do sistema de distribuição são muito importantes no desenvolvimento do composto do marketing internacional. Ferrel, et al (2000) particularizam a necessidade de distribuição e sua real importância, destacando que: [...] As empresas que vendem produtos em países instáveis podem necessitar de planos de contingência, prevendo instabilidade ou hostilidade repentina, para assegurar que a distribuição de seus produtos e a segurança de seus funcionários não sejam prejudicadas. (FERREL, ET AL, 2000, p. 160). 4.1.5 Relações Públicas As relações públicas surgem para substituir as atividades atribuídas à publicidade, por abranger um conjunto maior de objetivos, técnicas e significado. Define-se como a capacidade da empresa de administrar e gerenciar os diferentes públicos de interesse, visando manter o crescimento da organização. 42 Pode ser aplicada através do público interno, que são os funcionários e colaboradores, os profissionais que trabalham para a empresa e na empresa. Estes profissionais são os responsáveis por desenvolver as atividades de produção de bens e serviços, administrativas, comerciais e operacionais, todos com um objetivo único, uma meta comum. O público consultivo, também, é um meio de aplicação das relações públicas, representado pelos profissionais que trabalham indiretamente para a empresa, consultores e assessores, que diagnosticam os problemas internos e externos que a empresa enfrenta e procura solucioná-los. Os fornecedores, distribuidores, consumidores e clientes são os maiores representantes das relações públicas, cada um com suas atribuições e o seu papel a ser exercido, contribuindo com o melhoramento e o andamento da organização, o aumento de sua produção, alcançando o crescimento desejado. Ao penetrar em mercados estrangeiros, a empresa deve identificar e analisar os diferentes grupos de interesse existentes no mercado, com o intuito de facilitar e preservar os interesses corporativos da organização. (KUAZAQUI, 1999, p. 79). 4.1.6 Poder O poder é a capacidade da empresa de coletar informações e dados de um mercado, de forma a utilizar estas informações estrategicamente para sobreviver, crescer e conseguir permanecer no mercado que está sendo explorado. Os meios pelos quais as empresas conseguem exercer este poder da informação são os diversos tipos de sistemas predominantes nas transações comerciais. Os sistemas de informações, de inteligência e de informações de marketing internacional, são adquiridos através da realização de pesquisas e possibilitam às empresas a coleta de dados e a transformação das informações, para melhor aproveitamento das mesmas. 43 4.2 Funções do Marketing Internacional Para facilitar as exportações e incentivar as empresas a exportarem cada vez mais, o governo brasileiro oferece às empresas incentivos cambiais e fiscais, que permitem ao empresário exportar com maior facilidade e segurança. As funções do marketing internacional para a empresa exportadora estão diretamente ligadas as facilitações que a política brasileira oferece ao empresário local para poder exportar com maior tranqüilidade. Carnier (1996) fala sobre a política brasileira de incentivo, ressaltando que: A empresa brasileira que opera comercialmente com mercados internacionais, vendendo bens e serviços, tem acesso a uma série de financiamentos a juros especiais, viabilizando a sua produção com a obtenção de capital de giro, bem como conseguindo recursos financeiros para a promoção de seus produtos no exterior. Este programa de financiamentos contempla igualmente operações na forma buyer's e seller's credit, sendo que o próprio governo brasileiro mantém convênio de crédito recíproco com vários países, completando a gama de opções financeiras no setor exportador nacional. O sistema brasileiro de exportações prevê a possibilidade de negociação do câmbio até antes do próprio embarque da mercadoria, existindo inclusive várias modalidades de antecipação de pagamentos, previstas em operações via tradings companies, depósito antecipado em entreposto aduaneiro e outros mecanismos. (CARNIER, 1996, p. 109). Para o profissional em marketing, estabelecer as funções que determinarão as melhores estratégias de aplicação do marketing internacional na empresa exportadora é, além de um desafio, um grande campo de interesse e curiosidade, pois existem milhares de opções para serem desenvolvidas na colocação do produto no mercado externo, no desenvolvimento de novos bens e serviços e nas vantagens diferenciais da empresa diante das oportunidades de crescimento. Fazem parte das principais funções do marketing internacional: a venda de tecnologia, onde a empresa comercializa com outro fabricante sua licença de fabricação em um novo país, recebendo uma remuneração; os acordos de Joint Venture, que são acordos com empresas localizadas no país importador, onde os custos e as obrigações são dividas entre o exportador e a empresa no país comprador; a montagem de subsidiárias, que é determinada pelo minucioso 44 planejamento do marketing internacional para implantação de uma unidade industrial no exterior; os Global Sourcing, que consistem na abrangência da empresa com o mercado externo na importação de tecnologia ou de insumos, objetivando a colocação de produtos no mercado interno e externo; a importação e a exportação, que são a compra de produtos de uma fonte estrangeira e a venda de produtos a mercados estrangeiros, respectivamente; e as trading companies, empresas que compram produtos de um país e os vendem a compradores de outros países. As técnicas e práticas do marketing internacional devem ser utilizadas eficientemente pelos agentes responsáveis pelas suas aplicações dentro das organizações, para a expansão eficaz dos negócios internacionalmente. 4.3 Mercados internacionais A análise dos mercados internacionais deve ser minuciosa e precisa, de forma a não existir falhas na hora de oferecer o produto e negociar. A escolha pelo mercado consumidor errado pode ser um forte fator de fracasso para a organização e influenciar negativamente o mercado interno. Os mecanismos que serão utilizados para conhecer o comportamento do consumidor internacional são os mesmos utilizados nas pesquisas do mercado interno, só que abrangem um conjunto maior de informações que devem ser levadas em consideração e aplicadas corretamente para obter o perfeito conhecimento das necessidades do consumidor externo. O mercado internacional apresenta maiores vantagens que devem ser levadas em consideração, as simulações e hipóteses sobre os gostos e necessidades são fatores finais de decisão em uma negociação, por isso, os resultados poderão ser satisfatórios ou não, de acordo com a interpretação de cada país. Comprador e vendedor podem apresentar resultados desencontrados, porque cada parte analisa os seus aspectos sociais, culturais e políticos, por isso, conhecer profundamente o mercado externo visado é fundamental para o sucesso empresarial da exportação. O sistema de informação de marketing é "um complexo integrante e estruturado de pessoas, máquinas e procedimentos, projetado para gerar um fluxo ordenado de informação, pertinente, coletado de fontes tanto intra 45 como extra-empresa para alicerçar a tomada de decisões em áreas de responsabilidade específicas de gerência de marketing". (KOTLER apud CARNIER, 1996, p. 116). Informações atuais são sempre necessárias para a escolha do mercado, o alvo internacional da empresa exportadora. As informações de mercado incluem a coleta de dados, sua análise e interpretação e sua disseminação para todos os departamentos da organização, mas, principalmente, para o setor de marketing e contábil, que são essenciais para o controle das operações. A falta de novas informações pode atrapalhar as negociações e resultar em negócios perdidos. Os mercados podem ser divididos, para se ter um melhor aproveitamento de informações, em regiões, continentes, idioma, religião e cultura. A interpretação dos usos e costumes básicos de cada região é a melhor forma de começar a conhecer o mercado alvo e estabelecer os primeiros contatos com as empresas importadoras. Alguns mercados serão observados, a seguir, retratando algumas particularidades e curiosidades sobre a melhor forma de negociar com cada um. 4.3.1 Ásia O continente asiático é o que apresenta as mais antigas civilizações e uma mistura de crenças e religiões, concentrando-se as religiões monoteístas, como o islamismo, judaísmo e cristianismo, além de outras, como budismo, hinduísmo, confucionismo e xintoísmo. A Ásia é o continente mais populoso do planeta. Fazem parte de seus países avançados centros industriais e nações modernizadas tecnologicamente, com economias modernizadas e crescentes e, também, regiões extremamente atrasadas, que enfrentam grandes problemas sociais, políticos, religiosos e culturais. Os conflitos entre estes países são constantes e as guerras, permanentes. Comercialmente, existem alguns contrastes de riquezas entre os países asiáticos, que se diversificam entre os grandes produtores de petróleo do Oriente Médio, em nações plenamente industrializadas, como o Japão, e em nações recém industrializadas, como os Tigres Asiáticos e a China, por exemplo. 46 Para uma análise de como comerciar com este continente, será analisado separadamente estas três divisões, de forma a compreender melhor como negociar com estes países, as diferenças culturais e dicas que devem ser levadas em consideração na hora de entrar em contato, oferecer o produto e até mesmo visitar o cliente no exterior. 4.3.1.1 China A China é o país mais populoso do planeta Terra, superior a 1 bilhão de habitantes. A história da civilização chinesa é uma das mais antigas e das mais diferentes em relação aos seus usos e costumes, principalmente em relação ao negociar e comercializar com outros países. Nos últimos anos, o país vem sofrendo grandes modificações políticas e econômicas. Com os processos de economia globalizada percorrendo o mundo, os chineses foram obrigados a realizar grandes alterações na forma interna de administrar o seu país e alterar estruturas políticas antigas para poderem se manter comercialmente com outros países, dentro do mercado externo. Diante desta política de reestruturação econômica a qual o país se submeteu, um dos passos mais importantes dado pela China foi a criação de condições específicas, que facilitassem a abertura de negócios com o exterior e permitisse a entrada de capital estrangeiro no país, como investimento direto e aquisição de tecnologia estrangeira. Alguns acordos comerciais também foram estabelecidos, como a formação de joint ventures, a criação de empresas baseadas no sistema ocidental com investimentos estrangeiros na forma de trading houses, bureau de liason e outros acordos de participação, que estão permitindo à China crescer economicamente, progredir no mercado externo e obter um reconhecimento internacional no mercado externo. A China mantém suas tradições, costumes e a utilização de seu idioma uniformemente, por isso, as viagens e missões de negócios devem ser estabelecidas como o início da abertura de um negócio, tendo em vista que o mercado chinês tem potencial e receptividade comercial. 47 Os negócios devem ser realizados por várias pessoas, os chineses apreciam fazer negócio em grupo e nunca com apenas um representante da empresa. O povo chinês é visto como pessoas alegres, gentis, que admiram estabelecer um bom relacionamento e causar uma boa impressão. Todas as negociações devem ser realizadas com o grupo estrangeiro e mais um representante participante do próprio país, pois os chineses admiram quando alguém do grupo conhece suas culturas, costumes e idioma e se encontra estabelecido na própria China. Alguns itens devem ser levados em consideração na hora de entrar em contato com o importador e iniciar as transações com o novo mercado a ser explorado. Os chineses são muito formais em seus contratos, respeitam a idade de cada um, a hierarquia é muito utilizada entre os empresários chineses, determinando os papéis de cada profissional nas organizações. A utilização de títulos e sobrenomes também é um requisito exigido. O aperto de mão não é utilizado na China, o comum é apenas o gesto de inclinar a cabeça na direção do dono da empresa. É comum aplaudirem quando estão de acordo. A cortesia e a formalidade são algumas marcas registradas dos chineses. Estudar as tradições do país e suas culturas é fundamental para qualquer executivo que deseja realizar algum negócio com a China, pois os chineses adoram conversar sobre tradições e cultura. Não esquecer de que a paciência e a capacidade de resistência são características essenciais para se negociar com este país. 4.3.1.2 Japão O Japão, visto como a segunda maior potência econômica mundial, é conhecido como a "terra do sol nascente" por sua localização, no extremo leste da Ásia, formado por quatro grandes ilhas montanhosas e mais de três mil ilhas menores, consideradas pequenas. O país encontra-se em zonas de freqüentes furacões, terremotos e erupções vulcânicas. Por se tratar de um conjunto de ilhas, tem poucas terras cultiváveis, por isso, possui a maior indústria de pesca de todos os países, além de ser um dos maiores e mais competitivos fabricantes e exportadores mundiais de carros e produtos eletrônicos. 48 Nos últimos anos, o Japão tornou-se o maior utilizador de técnicas e aplicação do marketing internacional, sem deixar que as regras e atitudes internacionais influenciem nas suas tradições. Os japoneses seguem rigorosamente a disciplina e o culto a suas tradições milenares, por isso, apresentam um comportamento empresarial diferenciado, onde as pessoas dedicam seus esforços em um único grupo empresarial por toda a vida e fazem carreira em uma única empresa. A maioria dos negócios realizada com o Japão é através das trading companies, as shosha, como são conhecidas no país, pois a maioria dos grandes grupos empresarial e industrial está ligada a uma shosha, que é a responsável pelas operações comerciais de importação e exportação. São estas empresas que realizam as pesquisas de mercado, os financiamentos, determinam qual o desenvolvimento adequado dos produtos e a compra e venda de bens e serviços envolvidos nas operações. Para negociar com o Japão, o grupo de empresários deve conhecer um pouco do mercado japonês, como funciona o comércio local, a mídia, os hábitos e costumes do país e suas tradições. Como na China, os japoneses também não apreciam as negociações individuais, por isso, a empresa deve sempre estar formada por um grupo de diretores e responsáveis pela organização. O grupo negociador deve procurar conhecer, também, as principais características da empresa japonesa, seu histórico, os pontos fortes e fracos, estar por dentro do que realmente o comprador deseja e saber quais são as suas intenções. A pontualidade também é uma característica muito respeitada e cumprida pelos japoneses e muito admirada quando os estrangeiros cumprem com os horários pré-determinados. A base da etiqueta japonesa é o respeito, que é demonstrado em tudo e em todos os momentos. Os japoneses nunca tomam uma decisão no primeiro encontro, mesmo que seja a recusa ou o aceite do que estão negociando, nunca fecham um negócio de imediato. Nas negociações, os japoneses são muito cautelosos. Anotar tudo o que foi decidido é uma forma das empresas estarem de acordo com o que foi discutido e apresentado. Essas anotações devem ser expressas, de preferência, no idioma local, a língua japonesa. Caso o vendedor não conheça o idioma japonês, o material 49 promocional da empresa, as anotações realizadas e toda a correspondência que for necessária deverão estar em inglês. Os executivos japoneses se identificam com a formalidade de seus contratos. Eles não apreciam muito o contato visual. As negociações são lentas, realizadas em grupos, sem comentários, porque os japoneses são muito reservados. A idade e a posição hierárquica, assim como na China, também é respeitada. Nunca espere um não, para os japoneses essa palavra não existe. Eles utilizarão frases como "estudaremos a viabilidade, porém se por acaso a nossa decisão for pouco favorável, por favor, não se aborreça" para dizer que não fecharão o negócio. Uma dica importante é sempre ter às mãos um presente, pois é muito provável que receba algum, e é melhor ainda devolver a cortesia da mesma forma e, um outro ponto importante é nunca começar a negociar no primeiro contato, este serve para a familiarização dos negociadores com a empresa, para o conhecimento estratégico das partes. 4.3.1.3 Oriente Médio O Oriente Médio está localizado no oeste da Ásia, fazendo divisa com a Europa e África. Fazem parte do Oriente Médio os seguintes países: Arábia Saudita, Barein, Catar, Emirados Árabes Unidos, Iêmen, Irã, Iraque, Israel, Jordânia, Kuwait, Líbano, Omã, Síria e Turquia. Apesar da participação do Egito em vários conflitos nesta localização, ele não faz parte do Oriente Médio. Por se tratar de uma região estratégica e que detém cerca de 60% das reservas de petróleo do mundo, esta parte da Ásia é foco de conflitos que despertam o interesse político e econômico das potências mundiais e de outros países. Com exceção de Israel, o Oriente Médio tem vários aspectos em comum e, entre eles, se destacam a religião islâmica, o tabu, que são preconceitos em relação a alguns alimentos e bebidas, como a carne de porco e o álcool, a posição da mulher é relegada a um nível de inferioridade, são comerciantes hábeis, hospitaleiros e generosos. 50 No meio das diversificadas culturas existentes, a que mais dificulta as relações internacionais é a cultura árabe. Por se apresentar como a mais contrastante, os países ocidentais têm travado relacionamentos com estes países, principalmente por causa da concentração do petróleo localizada nesta região. Os árabes não se adaptaram à globalização e aos costumes ocidentais, eles se mantêm totalmente isolados do resto do mundo, sem alterarem sua cultura milenar e seus princípios religiosos, baseados no islamismo. O ato de saber negociar é uma virtude cultivada pelo homem árabe, que possui um talento especial e diferenciado de negociar, tanto na compra como na venda, troca ou outro tipo de transação. Os negócios no mundo árabe seguem princípios religiosos e de tradição de comportamento, que devem ser entendidos e respeitados por todos os negociantes mundiais. Os negócios realizados na região árabe se constituem em desafios e curiosidades e se encontram agregados a um mercado com alto potencial de consumo de produtos de todos os gêneros. Kuazaqui (1999) descreve como deve ser o espírito negociador entre comprador e vendedor, em se tratando de negociações com o Oriente Médio, e quais as virtudes que devem ser mantidas pelas partes, para manter a harmonia no comércio internacional. Deve existir a confiança mútua, conquistada graças ao fortalecimento da sinceridade e harmonia no relacionamento comercial e interpessoal, ambos necessários para o início de uma série de contatos com o objetivo de concretizar negócios com eventuais clientes do mundo árabe. (KUAZAQUI, 1999, p. 168). E estabelece ainda um fator importante a ser observado pelo vendedor internacional: A identificação e seleção de um sponsor é uma das mais importantes formas de iniciar o processo de negociação, pois, identificado os canais adequados, o negociador estará abrindo sólidos compromissos de negociação a longo prazo. [...].(KUAZAQUI, 1999, p. 168). Sponsor significa o cabeça, o responsável pelos negócios em nível regional, pessoa localizada no próprio país árabe. 51 Os árabes costumam receber a todos em uma tenda, como é a forma da maioria das empresas localizadas nestes países, várias pessoas estranhas de uma vez, com assuntos diferentes e interesses diversificados. Pode parecer estranho aos olhos do negociador internacional e até mesmo embaraçoso tratar de negócios na presença de pessoas estranhas, mas, para os árabes, isso é normal e não significa o seu descaso ou falta de interesse, é apenas mais uma prova do contraste entre a cultura ocidental e a cultura árabe. Um outro aspecto que deve ser respeitado é a utilização das mãos. A mão direita é utilizada pelos árabes para cumprimentar, alimentar-se, entregar o cartão de visitas e outros materiais ou documentos. Nunca se deve usar a mão esquerda nessas ocasiões, pois ela está destinada à higiene pessoal, por isso, na sua utilização em uma destas ocasiões, será considerado um grande insulto não apenas ao anfitrião, mas a toda a população árabe, aos seus costumes e suas tradições e, principalmente, à sua religião. Mostrar a sola dos sapatos ao árabe e falar alto também são atitudes que causarão constrangimentos e serão consideradas como fatores de falta de educação. 4.3.2 Europa O continente europeu é considerado o berço da civilização ocidental, se destacando por grandes conquistas na área da ciência, das idéias e das artes. Concentra-se na Europa uma diversidade de povos, com hábitos e costumes diferentes, grandes riquezas culturais, dialetos e idiomas que se distinguem de um país para outro. Fazem parte deste continente 48 países, que se diferenciam pelo sistema empresarial e pelas diferentes culturas predominantes. Este sistema empresarial europeu é muito parecido com o sistema utilizado no Brasil, devido à grande mistura de raças predominantes no país brasileiro, a forte influência de usos e costumes trazidos ao país pelos imigrantes do velho continente e que atualmente fazem parte da cultura brasileira. No meio de toda essa mistura cultural européia, Alemanha, Inglaterra, Suécia, Dinamarca e Noruega formam um grupo diferenciado por apresentarem 52 diferentes características de comportamento e terem uma grande importância econômica em relação aos seus mercados com o mundo. Para uma análise mais precisa, serão vistas algumas características específicas sobre alguns países europeus, os principais em relação ao comércio desenvolvido com o Brasil, enfatizando alguns hábitos particulares e formas específicas de negociação de cada um. 4.3.2.1 Alemanha A Alemanha é a principal potência econômica da Europa, sua capital financeira, e um ponto importante de ligação entre o Leste europeu e o Ocidente. Conhecida mundialmente como o berço de escolas políticas, filosóficas, de grandes músicos, escritores e artistas, atualmente se destaca pela alta tecnologia desenvolvida para máquinas e equipamentos industriais. O comportamento empresarial alemão é considerado rígido, característica obtida através da formação acadêmica do executivo, constituída por profissionais de engenharia, ciências econômicas e outras ciências fundamentadas na orientação industrial como base para a formação da administração de negócios, denominada na Alemanha de Betriebswirtschaftslehre. Os executivos alemães são muito formais, não possuem muita vivência em relação a diversos empregos. Normalmente, o histórico profissional destes executivos não passa de dois empregos durante toda a vida e isso, para eles, é sinônimo de respeito, lealdade e responsabilidade. Eles são orientados para o raciocínio lógico e análises construtivas, baseadas em decisões concretas. Negociam agressivamente e vão direto ao assunto. As respostas são sempre rápidas, as dúvidas e perguntas normalmente são solucionadas no mesmo dia e raramente deixam alguma questão para uma próxima reunião. É um hábito comum utilizar muitos títulos, que para os alemães é sinônimo de status, por isso, suas identificações normalmente são acompanhadas de comendas honoríficas e títulos pessoais e especiais, que revela quem é superior e quem é inferior dentro de uma organização. 53 Carnier (1996) explica como funciona o relacionamento com os executivos alemães, dentro desta classificação de títulos e cargos, citando: Relacionar-se com o Geschäftsfürer, executivo principal; Generalbevollmächtigter, procurador geral, ou ainda com um Abteilungsleiter, chefe de departamento, é estar perto do poder de comando, embora as importantes decisões das grandes empresas estejam a cargo dos comitês executivos Vorstand e qualquer atitude decisiva seja tomada sob a forma de consenso mútuo. (CARNIER, 1996, p. 283). Na Alemanha também predomina a formalidade nos contratos. A privacidade é muito apreciada, assim como a pontualidade, que é sagrada. Os alemães costumam estabelecer relações comerciais a longo prazo, eles não pensam a curto prazo, por isso, levam muito a sério todas as negociações. 4.3.2.2 Reino Unido O Reino Unido é formado pelos países que ocupam a Ilha da GrãBretanha, Inglaterra, País de Gales e Escócia e pela Irlanda do Norte. É um dos maiores impérios da história existentes até os dias atuais. Sendo bastante industrializado, tornou-se um exportador de máquinas industriais, computadores e automóveis. Os executivos britânicos possuem um senso de lealdade e valorizam aqueles que se mantém por vários anos em um emprego. Os negociadores internacionais devem estabelecer uma posição de sobriedade em relação aos seus atos e comportamentos, devem ser polidos e discretos, e nunca extravagantes e vulgares. Os britânicos detestam coisas muito sérias, normalmente começam uma reunião dizendo uma piada para deixar os interlocutores à vontade, mas existe uma formalidade nos negócios e nos contatos. Os negócios devem ser conduzidos por um alto senso profissional, os argumentos utilizados nas negociações devem estar fundamentados em razões técnicas, serem objetivos e concisos. As decisões não são tomadas de imediato, elas normalmente passam por vários grupos, até que sejam totalmente analisadas e concluídas. 54 Os resultados das exportações da Inglaterra para o Brasil têm ampliado o interesse das empresas britânicas de investirem no país. A busca por parceiros para atuar no Mercosul é uma das estratégias britânicas de aumentar sua participação no comércio exterior brasileiro e de se aproximar dos Estados Unidos, como um dos maiores investidores estrangeiros no Brasil. 4.3.2.3 Itália A Itália é um país que se divide entre a região norte, fortemente industrializada, e o sul, agrícola e mais pobre. As atividades neste país seguem uma orientação coletivista. Tais orientações devem ser respeitadas, pois são aceitas pela sociedade em geral. A Itália é a pátria do design, do bom gosto, criatividade, robótica e competitividade das empresas. É uma das cinco nações do mundo ocidental que dispõem de uma indústria aeronáutica completa e uma ampla tecnologia espacial. É um país instável na política, porém, os políticos conseguem equilibrar sua economia. A República Italiana é dividida em regiões com independência política, jurídica, legislativa e administrativa, como é estabelecido pela Constituição, e o Governo italiano é dominado pela República Parlamentarista. O comércio exterior é desenvolvido entre a Itália e os países do mundo todo. Fazem parte das importações da Itália: matérias-primas industriais, petróleo, carne, grãos de cereal, óleos e produtos alimentares. As exportações principais estão relacionadas à fabricação de artigos de arte e à produção de frutas e legumes. A Itália normalmente sofre um déficit de comércio, mas a diferença é compensada por sua indústria turística, que é grande e lucrativa, e pelo dinheiro enviado por cidadãos italianos que trabalham no estrangeiro. Os italianos lutam por suas convicções. São firmes, mas não fechados, eles mantêm a abertura necessária para permitir a compreensão do ponto de vista do outro. O povo italiano é o mais expressivo dos europeus, beijos no rosto entre amigos, abraços entre amigos do sexo masculino e apertos de mão prolongados são comuns na Itália. 55 Os italianos apreciam o uso de títulos acadêmicos e do sobrenome. É comum apertar as mãos sempre quando chegar e sair, mesmo se o encontro for de curta duração. Não é comum receber o cartão de visitas logo no início de um encontro. O traje a ser usado deve ser conservador, normalmente para os homens o uso do terno e gravata e, para as mulheres, um suéter discreto, nada arrojado e provocante, em cores neutras. A mulher italiana vem se destacando muito nos negócios. Boas conversas são sobre comida, onde são verdadeiros mestres, vinhos, esporte, família, automóvel e férias. A Itália empresarial e a dos serviços públicos são diferentes. A empresarial é de primeiro mundo e a dos serviços públicos ainda se classificam como de terceiro mundo, se encontrando em transformação. Há muita seriedade e profissionalismo nos negócios, não esquecendo de que os italianos são muito pontuais. Para os brasileiros não é exigido o visto de entrada ao país. A carteira de habilitação brasileira é válida na Itália desde que anexada a uma carta de liberação federal. 4.3.2.4 Espanha A Espanha é um país de turistas, onde as atrações principais são as touradas, as praias, os tesouros arquitetônicos e os acervos de artistas. O país espanhol reúne povos de várias nacionalidades ibéricas, como castelhanos, catalães, galegos, andaluzes e bascos, cada um com uma língua e cultura próprias. Sua economia é um misto de modernas indústrias com zonas rurais atrasadas. A Espanha corresponde atualmente por cerca de 2 por cento do comércio mundial. No mercado espanhol é comum a figura do agente comercial, que é a melhor opção para conseguir a entrada em seu comércio mais rapidamente. Os agentes podem ser especializados, gerais ou exclusivos e atuam a nível nacional e regional. Os apertos de mãos são bem vistos na Espanha, eles são calorosos e amigáveis. O povo espanhol é, no geral, simpático, mas não muito pontual. 56 Para uma viagem de negócios, é fundamental preparar-se com antecedência, bem como estabelecer as áreas de interesse e prioritárias, contatar as empresas antecipadamente e levar o menor número possível de executivos para a negociação. A Espanha investe muito no ensino, possuindo famosas universidades conhecidas mundialmente. A maior parte da população segue a religião católica romana. Os brasileiros que pretendem ficar até 90 dias na Espanha são considerados como turistas, não sendo necessário o visto, porém, em sua entrada ao país, é exigida a apresentação de no mínimo, US$ 1.500, e a passagem de volta marcada. É exigida a carteira de motorista internacional para dirigir. As atividades comerciais na Espanha ocorrem, normalmente, entre o período de outubro a junho, porém, não é recomendável realizar viagens de negócios nos meses de julho/agosto e durante os feriados da Semana Santa e Natal. 4.3.2.5 Portugal Portugal é um importante pólo turístico na Europa, pois apresenta vestígios da presença romana e árabe, em palácios, conventos e monumentos que testemunham o seu passado de potência marítima. Apesar de ter um passado rico, Portugal, atualmente, é um dos países mais pobres da Europa, concentrando a maior parte de sua população na zona rural. Os investimentos diretos de Portugal estão aumentando substancialmente nos últimos anos, o que reflete o envolvimento das empresas nacionais no mercado global. Portugal tem crescido rapidamente a partir da década de 80, estando instaladas em seu território grandes multinacionais, como a General Motors, Ford, Volkswagem, Texas Instruments, Siemens, Mitsubishi, Samsung, Nestlé, entre outras. As principais cidades portuguesas para negócios são: Lisboa, Porto, Aveiro, Faro, Coimbra, Guimarães e Leiria. 57 Os cumprimentos em Portugal são calorosos e firmes, realizados através de apertos de mãos, tapinhas nas costas e abraços. Os portugueses são reservados e formais, considerados menos extrovertidos do que os brasileiros. Eles são pontuais e seguem os seus compromissos seriamente, com espírito de cooperação, e apreciam o uso de títulos na comunicação entre os negociadores. Os cartões de visita são entregues no início do contato, durante a apresentação das partes. Não é exigido visto em passaporte para brasileiros que pretendem ficar em Portugal até três meses, sendo este período prorrogável por mais três meses para os que estão viajando a negócios. Para dirigir em Portugal, os estrangeiros devem apresentar a carteira de habilitação internacional, acompanhada do passaporte. 4.3.2.6 França A França encontra-se no primeiro lugar no ranking dos países mais visitados do mundo, recebendo, em média, cerca de 60 milhões de turistas anualmente. Suas maiores atrações se dividem em boulevards, catedrais, museus em Paris, vilas de pescadores na Bretanha e Normandia e castelos no vale do Loire. A culinária francesa, considerada requintada, também é muito procurada e elogiada. Este país ocupa uma posição estratégica e central no sistema econômico e político internacional. Através de seus modernos setores de telecomunicações, biotecnologia e indústria espacial, a França é uma das nações mais industrializadas do mundo e disputa com a Alemanha a liderança da União Européia. É também uma potência militar, tendo um arsenal nuclear muito grande. As empresas francesas realizam grandes obras de infra-estrutura no exterior. O know-how francês é muito aplicado no setor da alta tecnologia. A presença de bancos franceses, em outros países, também é muito grande. Os franceses são mais formais que os ingleses e uma relação comercial pode não ser bem sucedida se, no início da apresentação, ao apertar as mãos, os franceses não sentirem firmeza do interlocutor e dos negociadores. Os franceses pensam por dedução, são formais e agem com maior distância. Eles planejam os negócios, dirigem as negociações, participam das reuniões, fazem propostas, falam muito e levantam questões que o empresário negociador nem se lembraria de 58 perguntar ou questionar. São pontuais, comunicativos e emotivos, utilizam muito a linguagem corporal e expressões faciais. 4.3.3 África O continente africano possui a maior parte de suas terras como desérticas, sendo o deserto do Saara o maior, ocupando um terço de todo o território africano. Mesmo tendo muitas áreas desérticas, no meio de toda esta aridez, localiza-se uma das regiões mais férteis do globo terrestre, banhada pelo Rio Nilo, local de florescimento da antiga civilização egípcia. Na África se destacam alguns monumentos que são as atrações turísticas do continente, entre eles se encontram as famosas pirâmides, erguidas por seus faraós, e as reservas de animais selvagens dispersas nas planícies de savana. Em geral, os africanos são hospitaleiros, dão valor à família e ao grupo, toleram a falta de pontualidade, a confiança e as relações pessoais são o segredo do êxito. Não tratar rapidamente dos assuntos de negócio é muito importante para o sucesso das negociações. 4.3.3.1 África do Sul A África do Sul é marcada pelas desigualdades sociais entre brancos e negros, porque o padrão de vida entre eles é bastante diferente, o que resulta em altas taxas de criminalidade e violência política. Os sul-africanos são bastante corretos, trabalhadores e possuem elevada capacitação técnica, são muito pacientes, cuidadosos, detalhistas e ingênuos. Por se tratar de uma cultura monocromática, os horários são seguidos à risca, considerados sagrados e levados muito a sério. O executivo costuma ser bastante objetivo nas negociações. Um produto só tem chance de ser negociado na África se for novidade ou se tiver uma relação de preço e qualidade muito vantajosa e estoque suficiente para abastecer o comprador por um longo período. 59 Os brasileiros não precisam de visto para entrar na África do Sul, sendo necessário, apenas, o passaporte e o bilhete de volta ao país de origem ou outro destino, e informar à alfândega a duração da estada no país, que pode durar até três meses. É exigido, também, na entrada ao país, um comprovante de vacinação contra febre amarela. Em relação à direção, é exigida a carteira de habilitação internacional e, por influência dos ingleses, os africanos adotaram a mão inglesa no trânsito. 4.3.4 América O continente americano é formado por duas massas de terras unidas por uma estreita faixa, sendo dividido em três Américas, do Norte, Central e do Sul, cujos países apresentam culturas, idiomas e hábitos diferentes. 4.3.4.1 Estados Unidos Os Estados Unidos é considerado a maior potência econômica e militar, ocupando uma posição central no comércio e no sistema financeiro internacional. É a pátria do fast-food. Os norte-americanos, no geral, não falam um idioma estrangeiro, a não ser o inglês. São práticos, objetivos e, sem rodeios, vão logo ao objetivo pretendido, pois para eles, a expressão Time is money é levada a sério. A moeda dólar é que os guia e os orienta. Para os americanos, a comunicação direta é a melhor, eles sempre querem clareza e objetividade, procuram concretizar um negócio logo, chegar ao ponto o mais rápido possível. Os americanos utilizam a comunicação verbal, falam e dizem o que pensam. Os empresários americanos ficam mais afastados, evitam o contato físico. São motivados pela oportunidade ou eficiência, iniciam uma transação comercial com palavras de boas-vindas, começando a reunião logo em seguida. 60 4.3.4.2 Canadá O Canadá se apresenta como o segundo maior país, perdendo em extensão somente para a Federação Russa, e tem uma economia desenvolvida e diversificada. Está em primeiro lugar entre os países com o desenvolvimento humano mais avançado. Este país, localizado entre os Estados Unidos e o Ártico, dispõe de reservas de petróleo e é o maior produtor de zinco e urânio, além de ter em seu solo potássio, gás natural, níquel e alumínio em grandes quantidades. Predomina no Canadá uma dualidade lingüística e cultural, por ser um país colonizado por franceses e grã-bretanhos. Os canadenses de língua francesa são mais reservados do que os de língua inglesa, eles mantém maiores tradições e dão maior valor a etiqueta. Os empresários canadenses utilizam a máxima "dinheiro não se ganha, dinheiro se conquista com muito trabalho e bons negócios", para moverem sua economia. Para os brasileiros é necessário o visto para a entrada no país, mesmo que seja para tratar de negócios ou participar de eventos empresariais. 4.3.4.3 Brasil O maior país da América do Sul e o quinto maior país em extensão do planeta, o Brasil ocupa a parte centro-oriental do continente. O Brasil possui em seu território muitas regiões com grupos étnicos e com classes sociais diversas. A maior parte da população tem origem européia, se destacando os portugueses. É um país multirracial, conhecido por sua generosidade e hospitalidade, por isso, sua população abrange pessoas do mundo todo, uma mistura de crenças, ideologias, idiomas, culturas, cores e raças. O povo brasileiro é considerado pelos outros países como um povo alegre, que vive despreocupado, barulhento e extrovertido. Por possuir uma cultura policromática, os brasileiros costumam se concentrar em vários assuntos ao mesmo 61 tempo, não se incomodam em serem interrompidos, e sempre estão atrasados, se preocupam mais com o elemento humano do que com os horários. Os empresários brasileiros costumam utilizar o primeiro nome logo no início do contato, eles não fazem muita questão de usar o sobrenome ou os títulos acadêmicos ou políticos. São comuns entre os brasileiros abraços, conversas ao pé do ouvido, beijinhos ao cumprimentar ou despedir entre mulheres e homens. São considerados muito criativos e conhecidos como um povo que gosta de improvisar e dar um jeitinho. 4.3.4.4 Argentina A Argentina apresenta uma rica cultura, sendo conhecida como a terra do tango e de escritores de renome internacional. O país é grande produtor de carnes e cereais, é rico em minérios, principalmente o petróleo. Apesar de apresentar uma renda per capita elevada e um bom índice de desenvolvimento humano, em relação aos outros países da América do Sul, a Argentina, atualmente, encontra-se em grande crise, sua população sofre feitos da recessão e redução dos serviços sociais do Estado, sofre com a crise da moeda, com uma economia descontrolada e política instável. É costume dos argentinos, nas apresentações, dar um caloroso aperto de mãos, e normalmente não se fala com pessoas estranhas até que sejam apresentadas. Os homens geralmente cruzam as pernas joelho sobre joelho, sendo considerada esta posição imprópria para as mulheres. A pontualidade é mais observada do que no Brasil. 4.3.4.5 Chile O Chile está localizado entre os Andes e o mar, no sudoeste da América do Sul, sendo o país mais estreito do mundo. Este país oferece aos turistas paisagens variadas que incluem geleiras, desertos e paraísos tropicais. 62 Este país comercializa frutas e vinhos, que aumenta a cada ano, porém, a sua economia está baseada predominantemente nas exportações de cobre, do qual é o maior produtor mundial. O Chile é um país que além de ter neve em algumas partes, se encontra próximo ao oceano, tem vales, cordilheiras, bosques e estações bem definidas. Diante deste variado clima e locais diferentes, apresenta uma criminalidade mantida sob controle, tem uma economia estável e um baixo nível de desemprego. O povo chileno é considerado conservador, por isso, conhecer um pouco de sua cultura, dos hábitos e costumes, das normas de etiqueta, é muito importante para os negociadores e empresários que pretendem visitar o país e estabelecer transações comerciais com os chilenos. 4.3.5 Oceania Este continente é formado por uma massa continental, a Austrália, duas ilhas maiores, a Nova Zelândia e Papua Nova Guiné, e vários grupos de pequenas ilhas. 4.3.5.1 Austrália É o sexto país em extensão territorial e possui uma grande diversidade de paisagens naturais, entre florestas tropicais, montes nevados, praias, além dos desertos e do rico acervo de corais predominantes na costa nordeste do país. É um país de nação jovem, com uma população composta por culturas, nacionalidades e origens diferentes. A Austrália é a líder mundial na produção de diamantes, lã e bauxita e grande exportadora de trigo e frutas. O seu parque industrial se encontra em desenvolvimento e em expansão e o turismo está se fortalecendo cada vez mais. A economia australiana é diversificada, o custo de vida na Austrália é baixo e o idioma predominante é o inglês. O cumprimento formal e usual é através de um aperto de mãos, bem firme. 63 Os australianos são considerados amistosos, calorosos, informais e pontuais. São educados e respeitam o próximo. Nas reuniões de negócio, é aconselhável ir direto ao assunto e sempre olhar nos olhos dos australianos, sendo que este gesto, para eles, inspira confiança e seriedade. Como pode ser visto, é muito importante para o futuro das negociações ter experiência internacional. Entender e conhecer outras culturas, idiomas, as técnicas comerciais, ter a sincronização com o parceiro, a habilidade de aceitar e compreender o que é desejado, são partes fundamentais da gestão do mercado internacional e um requisito essencial para o sucesso na globalização dos negócios e da sociedade, e os responsáveis para desenvolver esta tarefa são os profissionais de marketing internacional. Concretizar um negócio é mais do que negociar, é socializar, estabelecer laços de confiança, é conhecer o perfil do empresário importador e entender quais são as expectativas com o novo produto. 64 5 IDENTIFICAÇÃO DOS PROBLEMAS ENFRENTADOS POR EMPRESAS NA EXPORTAÇÃO Os estudos realizados através da pesquisa de mercado e do planejamento têm como objetivo detectar falhas cometidas para estudá-las e solucioná-las, descobrindo os novos meios e formas de lançar um produto no mercado externo, sem enfrentar muitos obstáculos e obter o sucesso empresarial esperado. A pesquisa de campo objetiva analisar, na prática, o comportamento das organizações durante o ingresso ao mercado externo, estudando as falhas que foram cometidas, os obstáculos enfrentados e os desafios superados. A pesquisa de mercado busca estudar o comportamento do consumidor internacional, as diferentes culturas, as exigências do outro país, as características básicas que cada produto, que devem ser mantidas ou alteradas para ser aceito no novo mercado, e a empresa ser bem sucedida em suas negociações. Para que a empresa que deseja ingressar no mercado internacional possa orientar-se sobre as melhores estratégias a adotar para garantir a aceitação do produto ofertado e conseguir conquistar o novo mercado com seu produto, é necessário que as decisões sejam tomadas em função da profunda análise de todas as informações concretas, objetivas e subjetivas, obtidas através da pesquisa de campo e de mercado. Identificar as falhas superadas anteriormente, com a experiência de empresas que já se encontram no mercado externo há algum tempo, é o primeiro passo para não cometer os mesmos erros e estudar as possíveis soluções e caminhos para ultrapassar estes obstáculos já enfrentados e garantir o sucesso. A pesquisa de campo foi realizada entre os diferentes setores industriais e comerciais, não sendo, portanto, específica, ou seja, sobre apenas um tipo de produto, abrangendo empresas e indústrias do Estado de Santa Catarina. Sua abrangência teve como objetivo identificar os diferentes tipos de obstáculos, que não pertencem apenas a um tipo de setor, mas que se diversificam, servindo como exemplo para qualquer empresa que deseja consultar o trabalho monográfico em um futuro próximo. Foram entrevistadas 20 empresas. 65 As informações particulares sobre cada empresa e/ou indústria que fez parte da pesquisa foram mantidas em segredo, conforme solicitação e pedido das próprias organizações. Todos os obstáculos, desafios, pontos fortes relevantes, pontos fracos, falhas e sugestões para o sucesso serão identificados e analisados, de forma a esclarecer o que já aconteceu em outras organizações, contar um pouco da experiência profissional internacional de empresas que hoje fazem sucesso em suas negociações e vendas ao mercado externo, mas que, no passado, tiveram dificuldades nas primeiras exportações e aprenderam a crescer com elas. 5.1 Os Obstáculos e Problemas Foram vários os desafios descobertos através da pesquisa. Um deles, identificado como uma grande barreira por quase todas as empresas consultadas, foi o de manter um padrão de qualidade dos produtos, aceitável globalmente e internacionalmente, com um preço competitivo e satisfatório para o importador e para o consumidor final, e que resultasse em um lucro desejado para a empresa exportadora. Esta dificuldade ocorreu devido ao não conhecimento aprofundado sobre os padrões internacionais, sobre o controle de qualidade exigido e sobre as diferentes e diversificadas culturas, hábitos e costumes. A dificuldade de negociar com outros países, sem conhecimento prévio do importador, de sua cultura, idioma, desejos de consumo, costumes e tradições também foi levantada como um dos grandes obstáculos encontrados e enfrentados pelas empresas entrevistadas, que se identificaram com a falta de um profissional qualificado para estabelecer os contatos, pesquisar sobre o país alvo, descobrindo os hábitos de consumo e desejo e buscar conhecer o comprador interessado. Esta dificuldade foi descrita pela falta de experiência profissional da empresa em relação aos aspectos internacionais, pelo não conhecimento do novo negócio em que a empresa estava entrando e por não saber aonde procurar por informações que a auxiliassem nesta tarefa. Mas, como atualmente existem muitos meios de busca de informações, o acesso é muito maior e muito mais divulgado do que no passado. A maioria das empresas entrevistadas iniciou suas atividades já há alguns anos e, por isso, 66 considera-se a falta de conhecimento por buscar informações um obstáculo que já está sendo superado. O entrosamento entre comprador e vendedor também foi um fator apresentado como dificuldade na hora de estabelecer o que cada parte desejava, e conseguir realizar a negociação pretendida, satisfazendo a todos. A comunicação adequada é a melhor forma de estabelecer um contato duradouro, saber analisar, compreender e aceitar o que realmente o importador deseja é o caminho certo para fechar um negócio. Abrir mão do que deseja, muitas vezes, é necessário, mas todos os argumentos devem ser analisados e interpretados sob todos os ângulos, para não existir arrependimentos e perdas durante e após a conclusão das negociações. A falta de conhecimento de todas as etapas que incidem sobre um processo de exportação, não buscar por estas informações e não se aprofundar nos tipos de negociações e vendas estabelecidas pelas normas internacionais de comércio, foi um ponto relevante de insucesso para algumas empresas que iniciaram suas exportações sozinhas, arriscando a produção até mesmo para com o mercado interno, sem buscarem profissionais capacitados para exercer a função de negociador internacional e concretizador do processo de exportação. Querer e desejar vender não significa saber vender. A política de aplicação de estratégias de marketing internacional é utilizada por quase todas as empresas, considerando o uso destas estratégias como essencial para quem está começando suas atividades internacionais. Hoje, as empresas consideram de grande importância a aplicação do marketing internacional para a manutenção de suas transações. A ausência de um departamento de marketing, quando estas empresas iniciaram as atividades de exportação, foi apresentado como um fator deficitário. A dedicação ao mercado interno e a insatisfação do retorno obtido foi o motivo relacionado por muitas empresas para decidirem partir para o mercado externo. Porém, a instabilidade interna tornou-se um fator prejudicial no aspecto de oferecer um produto competitivo e de qualidade, de acordo com as especificações desejadas pelo novo mercado a ser explorado. O descontentamento com a política nacional influenciou em algumas empresas na qualidade das produções e resultou, inicialmente, em respostas negativas, ou seja, a não aceitação do produto oferecido externamente. Para começar a exportar a empresa deve estar em seu melhor 67 momento de sucesso no mercado interno, deve estar estabilizada economicamente, e nunca, em crise. Um forte aspecto levantado pelas organizações foi a participação em eventos internacionais para divulgação dos produtos. Esta participação deveria ser apresentada como um fator positivo, porém, a inadequada estrutura desenvolvida e a escolha errada do evento causaram frustrações para algumas empresas e desilusões a respeito do mercado externo. Os pontos levantados como negativos, que acabaram se tornando barreiras na hora de negociarem, foram: a falta de material promocional, como folders elaborados em outros idiomas e em quantidades suficientes, amostras dos produtos, cartões de visita insuficientes, a escolha pelo evento errado, ou seja, a participação em feiras internacionais não específicas sobre o ramo de atividade da empresa, mas sim, feiras gerais, que foram superficiais para os objetivos que a empresa desejava. A participação em qualquer tipo de evento internacional deve ser planejada cuidadosamente para não haver arrependimentos e insatisfação, como ocorreu em algumas empresas entrevistadas. O material a ser levado para a apresentação da empresa deve ser preparado por especialistas, ter aparência que conquiste, ser apresentável, em quantidades suficientes para todos os dias de duração do evento e ser escrito em mais de um idioma, que é considerado, também, fator importante para a imagem da empresa. Estas considerações não foram seguidas por algumas empresas quando optaram por iniciar seu ingresso no mercado externo através de eventos e, por isso, tiveram fracassos em suas negociações e decepções com o mercado externo. Algumas empresas iniciaram suas atividades de exportação com sucesso, realizaram vendas, embarcaram as mercadorias, e no momento em que foram despachadas, consideraram o processo como terminado. Esta atitude foi uma grande falha da organização que não percebeu a necessidade e importância do acompanhamento da mercadoria até o país de destino final, não verificou se o importador recebeu tudo corretamente, se tudo estava de acordo com o solicitado, não realizou o serviço de pós-venda, fatores estes que resultaram em um único processo e na não continuidade de negócios futuros. Para a divulgação da empresa no mercado internacional, o desinteresse demonstrado foi o principal aspecto que o importador levou em consideração para não negociar novamente. 68 Um dos grandes obstáculos enfrentados por todas as indústrias e empresas entrevistadas se refere a problemas com a infra-estrutura do comércio internacional brasileiro, a respeito, principalmente, da desorganização dos portos brasileiros, que geram problemas e custos altos por terem uma das taxas mais elevadas entre todos os países, com altos gastos portuários, processo extremamente burocrático e com os serviços prestados deficientes. Os problemas encontrados com os entraves dos portos brasileiros resultam em atrasos que geram custos excessivos e prejudicam muitas empresas e, até mesmo, o próprio país, que depende das exportações para garantir o superávit na balança comercial. As transportadoras também foram citadas como barreiras na hora de despachar o produto para o país do importador. A maioria das empresas considera o transporte e as empresas responsáveis pela realização deste serviço, como um problema, devido aos elevados fretes cobrados, ao descuido com algumas mercadorias específicas, que são consideradas frágeis e que devem ser manuseadas com o máximo de cuidado para chegarem ao destino em perfeito estado. As empresas consideram os serviços prestados por algumas transportadoras como deficientes, falhos e irresponsáveis. O Sistema Integrado de Comércio Exterior (Siscomex) e os órgãos competentes, responsáveis pelas transações internacionais, foram apontados nas entrevistas como aspectos de dificuldades imediatas para as empresas, por se tratarem de excessivos, burocráticos e complexos. Vale considerar que este é um fator que deve ser revisto por algumas organizações porque, apesar da complexidade do Siscomex, ele é um avanço na diminuição dos processos burocráticos de comércio exterior, em relação aos métodos utilizados no passado, pois integra as empresas, as instituições financeiras e o Banco Central, visando agilizar os procedimentos e otimizar o sistema de informações das áreas de exportação e importação. O Siscomex foi um grande avanço dado pelo comércio exterior brasileiro. O problema encontrado com o Siscomex por algumas empresas ocorreu durante sua implantação, onde os despachantes aduaneiros ainda não estavam totalmente familiarizados com o novo sistema, a Receita Federal tinha problemas com o seu funcionamento e o próprio Governo Federal ainda não tinha certeza se sua aplicação era realmente eficaz. O processo de implantação deste sistema foi tumultuado e, por isso, resultou em transtornos para as empresas exportadoras e 69 importadoras, acarretando em prejuízos e em demoras, mas, atualmente, todos os problemas foram sanados e o Siscomex funciona sem maiores problemas. Alguns fracassos nas exportações resultaram da falta de uma pesquisa de mercado que demonstrasse as necessidades reais do mercado alvo; erros em projetos de pesquisas também foram citados, assim como a falta de planejamento e de estratégia. Todos estes aspectos surgiram em decorrência da ausência de um departamento específico de marketing internacional, de pessoas capacitadas e especializadas em comércio exterior dentro da empresa, ou da não contratação de uma organização específica que exercesse as funções necessárias de planejamento e pesquisa e que atuasse na área de exportação. O profissional capacitado é fundamental para a realização de transações de comércio internacional, objetivando o sucesso empresarial. A ganância dos empresários por não estarem dispostos a gastar com investimentos essenciais e necessários para garantir os resultados desejados, como a aplicação do marketing na empresa, a elaboração de pesquisas de mercado, a especialização de funcionários, transformando-os em profissionais capacitados. A não disposição aos investimentos iniciais foi o que levou muitas organizações aos prejuízos e ao insucesso nas operações de vendas e negociações internacionais iniciais. 5.2 Soluções e Sugestões Algumas soluções e sugestões foram apresentadas pelas empresas entrevistadas, que após anos de prática de exportação, acabaram aprendendo com os próprios erros e falhas, e que, atualmente, consideram as dificuldades passadas como o primeiro passo para o crescimento que conquistaram com o passar dos anos. Os argumentos selecionados como forma de solução foram as próprias ações praticadas por estas empresas, que tiveram resultados positivos e, por isso, foram sugeridos como respostas e práticas a serem adotadas, para evitar as imprudências do iniciante no comércio internacional. 70 A primeira medida a ser tomada quando a organização decide exportar é treinar e preparar os funcionários para exercer as tarefas internacionais da empresa. Este foi um argumento levantado por todos os entrevistados, que consideraram a profissionalização e o treinamento essenciais para manter um quadro de funcionários capazes de exercer funções específicas, de compreender os objetivos da empresa e de atingir as metas requeridas, assim como, e principalmente, capazes de entender o mercado externo e as necessidades de consumo do país importador. A busca por informações em organismos competentes e especializados foi sugerida como fundamental para conhecer o mercado alvo, encontrar o comprador certo, descobrir quais as necessidades do novo consumidor, seus gostos, costumes, tradições, paladar e desejos. Atualmente, existem centros de pesquisas específicos, oferecidos pelo Governo Federal, Estadual e Municipal, de forma a facilitar a busca por informações externas e incentivar o exportador. A implantação de um departamento específico de marketing, voltado para as atividades internacionais, em relação às necessidades das grandes empresas e das indústrias, foi a solução para os entrevistados de grande porte e produtividade em relação aos produtos e serviços. A pesquisa de mercado foi considerada por todas as empresas e indústrias entrevistadas, como indispensável para garantir o sucesso na colocação do produto no exterior, sendo essencial para conhecer as necessidades reais do consumidor estrangeiro e ter a confiabilidade e segurança para negociar com o importador, garantindo bons negócios e a certeza de obter o lucro esperado. Encontrar-se em condições satisfatórias no mercado interno foi um dos aspectos levantados, sendo considerado como um passo muito importante à situação estável da organização na hora de partir para o mercado externo. Algumas empresas que tentaram iniciar suas atividades de exportação quando se encontravam em crise no mercado interno, não tiveram êxito, e perceberam que a situação instável da organização internamente não favorecia o oferecimento de preços competitivos e produtos com qualidade, o que prejudicava o seu lançamento no exterior. Estar realmente preparado, foi o maior conselho citado. À pergunta "Como se preparar?", as respostas giraram em torno dos mesmos argumentos, ou seja: "utilizar todos os meios eficazes de pesquisa, procurar e investigar sobre o novo mercado, as condições necessárias para a aceitação do produto, conhecer o 71 importador e suas necessidades, observar os trâmites legais das operações de exportação, utilizar um transporte que garanta a qualidade de seus serviços e preparar funcionários adequadamente". O acompanhamento da operação é estritamente necessário para a satisfação do cliente. Dois pontos foram levantados como fundamentais para a empresa se manter no mercado: a informação e o espírito empreendedor. A informação foi estabelecida pelas organizações como o conhecimento, e o espírito empreendedor, como um fator que todos os empresários e administradores devem ter para continuarem concorrendo no mercado globalizado. Algumas empresas disseram que a necessidade da preparação da organização e sua adequação para a exportação, antes de iniciar uma divulgação e oferta do produto, pode ser solucionada pela utilização de serviços terceirizados, sendo que as trading companies foram as mais citadas. Esta preparação pode ocorrer, também, através, de cursos especializados, seminários e palestras, desenvolvidos por profissionais capacitados, com experiência no setor de exportação e conhecimento técnico dos processos e mecanismos necessários para a execução da tarefa de negociação, comercialização e venda do produto internacionalmente, aplicados aos funcionários, que serão os responsáveis por esta função dentro da empresa, ou através da contratação de um profissional já capacitado e a formação de um departamento próprio de comércio exterior dentro da organização ou, ainda, através da terceirização destes serviços, que são executados por empresas de assessoria e consultoria em comércio internacional, pelas trading companies já citadas. Esta preparação adequada foi considerada essencial para o sucesso do empreendimento internacional. A paciência pela espera dos resultados positivos e lucrativos também foi comentada como um fator importante. Nunca se precipitar, a paciência, a seriedade e a honestidade foram o melhor caminho encontrado pelas organizações para garantir o retorno desejado. A participação em feiras internacionais específicas de setores e em missões empresariais também foi sugerida como um passo importante para quem está iniciando seu ingresso ao mercado externo. Antes de vender, participar de algum evento expondo o produto a ser ofertado, foi considerado muito importante para divulgação e análise sobre qual será a aceitação do produto a ser ofertado no mercado visado. 72 Esta participação, em feiras e em congressos internacionais, foi considerada, também, como um meio que possibilita, não só aos expositores, como também aos visitantes, uma oportunidade única de atualização plena, tanto em tecnologia, como no marketing aplicado, nos tipos de serviços, além de proporcionar o convívio com culturas diversas, o que não deixa de ser um lazer. As feiras e exposições são o meio mercadológico de divulgação de produtos, técnicas e serviços. Elas proporcionam a intensificação do fluxo do turismo de negócios, o que contribui com o desenvolvimento sócio-econômico do país. Buscar conhecer os mecanismos para conseguir a certificação ISO e aplicá-las nas organizações, estar disposto a modificar estruturas e adequar a empresa às normas exigidas, aos padrões necessários para obter este controle de qualidade, foi uma das soluções apresentadas e encontradas pelas grandes empresas, que passaram a ter produtos com maior qualidade e a serem aceitos nos mercados internacionais, sendo reconhecidos como produtos brasileiros de qualidade, durabilidade e de confiança. Algumas organizações procuraram realizar importações de matériasprimas, de máquinas ou equipamentos, aproveitando as isenções de impostos oferecidos pelo Governo Federal, através do sistema de Drawback, que permite às empresas importarem, fabricarem e venderem ao mercado externo o produto acabado. Estas isenções permitiram às organizações obterem produtos com preços mais competitivos, o que facilitou o ingresso ao mercado externo e a colocação do produto no novo mercado. Os serviços de acompanhamento da operação e pós-venda foi aplicado por algumas empresas e resultou na maior satisfação do importador, no aumento dos laços de confiança entre comprador e vendedor e na garantia de negócios futuros, despertados pela segurança expressada através desta atitude, estabelecendo uma imagem de empresa série e profissional. Em relação aos aspectos levantados sobre o Siscomex e sobre a infraestrutura do comércio internacional brasileiro, atualmente, as organizações não estão enfrentando dificuldades, as medidas problemáticas do passado já foram sanadas, o sistema está funcionando adequadamente e os incentivos à exportação estão aumentando cada vez mais, o que resulta em maiores perspectivas para aumentar o crescimento das exportações brasileiras. 73 As empresas ainda têm algumas dificuldades em relação aos transportes internacionais, à confiança depositada nas transportadoras e em receber as garantias de que a mercadoria está totalmente segura durante o transporte. Este problema ainda é enfrentado por algumas organizações, porém, as próprias empresas de transporte estão trabalhando para oferecer um serviço de qualidade, confiança e segurança. Esta correção depende mais das transportadoras do que das exportadoras. Os portos ainda se apresentam como um problema. As organizações queixaram-se das greves portuárias, da desorganização entre os funcionários dos portos, das altas taxas que ainda são uma das maiores mundialmente, da demora no despacho e desembaraço de mercadorias e do atraso na análise e verificação das documentações e da mercadoria. A infra-estrutura portuária ainda está sendo considerada, pelas companhias, como um grande problema a ser solucionado. Estas foram algumas das medidas adotadas pelas empresas entrevistadas para sanar as dificuldades encontradas inicialmente, quando decidiram exportar. As soluções apresentadas foram colocadas em prática e deram resultados positivos, por isso, foram citadas como medidas essenciais para corrigir erros e obter o sucesso desejado. Algumas organizações ainda encontram algumas dificuldades na hora de exportar, mas os problemas enfrentados dependem de terceiros e não podem ser solucionados apenas trabalhando e modificando a estrutura interna da empresa, por isso, é um longo passo, que está sendo trabalhado pelo Governo Federal para melhorar cada vez mais e incentivar as exportações brasileiras. 74 6 DIAGNÓSTICO Com base na pesquisa bibliográfica realizada sobre o marketing internacional e suas aplicações, descobriu-se a real importância de criar um departamento específico de marketing, estar atento às verdadeiras necessidades da organização, aplicando as técnicas que auxiliam no desenvolvimento industrial e comercial da empresa. Conhecer os aspectos negativos e positivos de sucesso nas vendas internacionais já praticados por organizações comerciais, industriais e de serviços também é um grande passo para aprender, analisar e aproveitar os aspectos de sucesso que são relevantes, prestando atenção aos pontos falhos para não cometêlos. Um dos pontos que devem permanecer em todas as empresas que querem lançar e manter seus produtos no mercado externo, é sempre ser entusiasta e nunca perder a convicção sobre a capacidade de negociar da organização. Estas características são essenciais e determinantes para o departamento de marketing, que é o responsável por todas as estratégias estabelecidas e vencidas pela organização. Acima de qualquer perspectiva de recompensa financeira, comercial ou administrativa, o desejo de explorar um novo mercado, conhecer uma nova cultura e se beneficiar com o desconhecido, é o que impulsiona o profissional em marketing internacional e exportação a querer que a empresa tenha sucesso, que o seu trabalho dê certo e que enriqueça o seu lado profissional e pessoal, pois a experiência adquirida torna-se mais produtiva a cada processo em que é realizado. O poder de decisão, aceitar as mudanças, poder trabalhar com novas estratégias e aplicar da forma como achar certo é o que impulsiona estes profissionais a trabalharem para as empresas que estão iniciando suas atividades neste setor internacional. Poder explorar algo que ainda não foi explorado desperta o lado competitivo de cada um e, é claro que, o fato de se ter uma visão exploratória, não é garantia de sucesso. 75 Alguns princípios podem ser levantados como primordiais para o sucesso empresarial, bastando para a empresa prestar atenção a todos os detalhes exigidos pelas negociações internacionais. Após o entendimento do que é marketing internacional, de qual é a sua verdadeira função e papel dentro de uma organização, de levantar os aspectos que influenciaram as empresas na hora de exportar os seus produtos e foram destacados como fatores de sucesso ou de fracasso, faz-se necessário realizar um levantamento dos aspectos principais, e efetuar um diagnóstico das partes importantes e necessárias para uma empresa adotar e ser bem sucedida. O marketing é uma estratégia adotada pela organização e não uma tática comercial. Ele não é apenas uma propaganda, ou um comercial, ou uma publicidade, é um conjunto de normas, funções e atitudes que a empresa deve desenvolver para conseguir vender, negociar, ter o seu produto aceito, mantê-lo no mercado externo e manter clientes valiosos. O consumidor é a peça fundamental a ser considerada pela empresa. O produto deve ser adaptado às necessidades de cada consumidor, ele deve atingir as expectativas do comprador final. A comunicação é fundamental para a realização de um bom negócio. Comunicar-se com os clientes existentes e potenciais, dar valor ao que necessitam e pedem, saber compreender e entender o que desejam é o primeiro passo para conquistá-los realmente. A publicidade adotada deve ser importante para cada consumidor, e para o importador, que é a peça de transição entre o produto ofertado e o público alvo. Todas as informações obtidas devem ser analisadas e aproveitadas ao máximo. A pesquisa de mercado é muito importante para receber as informações necessárias, captar as necessidades externas e para auxiliar na escolha do melhor mercado a ser explorado. Quanto maior o número de informações coletadas, maior será o conhecimento da empresa sobre o novo mercado e maiores serão as chances de sucesso. A empresa que trabalha com o marketing, aplicando-o eficazmente, tem a oportunidade de encarar qualquer mercado e ser bem sucedida nas negociações e transações comerciais. Dados são uma despesa conhecimento é uma barganha. Reuna apenas os dados que possam se tornar informação que, por sua vez, podem se tornar conhecimento. Apenas o conhecimento pode construir o sucesso e 76 minimizar o fracasso. Uma empresa não é mais do que o que ela sabe. (WUNDERMAN, 1999, p. 15). A informação, além de ser o conhecimento, é o instrumento de poder da empresa. É ela que norteia todos aqueles que desejam desenvolver seus negócios no comércio global. As organizações devem ter, também, um espírito empreendedor para conseguirem manter suas atividades empresariais, industriais e comerciais. O espírito empreendedor é, portanto, uma característica distinta, seja de um indivíduo ou de uma instituição. O empreendimento é um comportamento, e não um traço de personalidade. E suas bases são o conceito e a teoria, e não a instituição. (DRUCKER apud KUAZAQUI,1999, p. 19) Não tem como deixar de comentar a importância do marketing internacional para qualquer organização que pretende crescer e sobreviver nos mercados internacionais. As qualidades exigidas e as características necessárias para o profissional de marketing e exportação, e para a estrutura interna da empresa, são os fatores indispensáveis para o sucesso empresarial. A informação, o espírito empreendedor, os dados, tudo se transforma em conhecimento, e este é a base para qualquer realização de negócios. Na aplicação do marketing internacional, duas características são fundamentais para a sua realização: ter a sensibilidade necessária em relação às culturas estrangeiras e a elaboração de estratégias eficientes e eficazes. Estes dois aspectos fazem parte da garantia da realização de um bom negócio, do sucesso da transação comercial internacional. Não existe um marketing internacional de sucesso, sem haver, por trás, um planejamento estratégico eficaz. Portanto, as estratégias e aplicação do marketing internacional são fundamentais para o sucesso da organização no mercado externo. As etapas a serem seguidas, para que a atividade de exportação tenha sucesso, podem ser realizadas através de uma pesquisa de mercado, que visa descobrir as tendências do mercado externo e o tamanho do país visado, sua estrutura, os concorrentes, os produtos consumidos, preços praticados, o comportamento dos compradores, os canais de comercialização, a comunicação adequada, as barreiras existentes e restrições e as vantagens competitivas que podem ser aproveitadas. 77 7 CONCLUSÃO O mundo globalizado é composto por inúmeros contrastes, por diferenças culturais, políticas e econômicas que se enfrentam dia-a-dia e resultam em abordagens convencionais e polidas, assim como em guerras e conflitos. Os desafios são grandes e as barreiras para vencer o mercado internacional são inúmeras, porém, a necessidade de expandir a produção e o comércio e internacionalizar as economias, permitem às organizações lutarem pelos objetivos e pelo sonho de conquistar um novo mercado, descobrir novas necessidades, novos costumes e tradições e o desafio de vencer estas barreiras. Mesmo diante da globalização, os países devem procurar preservar sua identidade, devem buscar explorar novos mercados e dar abertura para outros países entrarem em seus mercados, mas não devem se modificar por causa de outras culturas. Eles devem se manter soberanos, as outras economias é que têm que se adaptar ao seu estilo, pois suas características devem ser mantidas e conservadas para não perder sua individualidade e sua identidade. Assim, compreender como funcionam as estratégias de vendas e comercialização com os novos mercados, saber o que é uma exportação, como realizar um processo e quais as etapas que incidem sobre uma operação de exportação é muito importante e essencial para a empresa ingressar no mercado externo. Criar um departamento de marketing, considerar importante a sua aplicação e realizar uma pesquisa de mercado séria e rica em informações, são fundamentais para a realização de uma negociação e da transação comercial internacional, o que contribui com a tomada de decisão da empresa e com o atingir as metas propostas, a fim de alcançar os objetivos desejados e estabelecidos previamente. Para que as empresas tenham sucesso nas negociações internacionais e na exportação, é muito importante aprender com quem já percorreu estes caminhos. Descobrir as falhas cometidas por outras organizações é um dos passos para compreender como funciona um processo de exportação, saber como é o mercado estrangeiro, como agir diante das novas culturas e costumes e perceber a necessidade de estar atento aos detalhes de cada país. 78 Conhecer as soluções praticadas por outras empresas e as sugestões para os problemas que podem surgir, é um começo para as pequenas e médias empresas que estão iniciando as negociações com o novo mercado e que não têm experiência, e nem prática, em vendas com os mercados estrangeiros e não conhecem como funcionam as negociações internacionais. A preparação de funcionários e equipes especializadas nas estratégias de marketing, nos processos de exportação e nas formas de negociar com outros países, permite o desenvolvimento da empresa e o sucesso pessoal de cada profissional empreendedor e criativo. Conclui-se, aqui, que a experiência permite a realização de negócios sem muitas falhas. Conhecer, buscar informações e aprender com outros é importante e deve ser praticado pelas organizações para serem bem sucedidas no comércio internacional. O profissional de marketing internacional deve conhecer o mercado interno e ser um especialista no mercado externo. 79 REFERÊNCIAS AGUIAR, Marco Antônio de Souza. Manual básico de pesquisa de mercado. Brasília: Ed. SEBRAE, 1998. BANAS, Geraldo. Globalização: a vez do Brasil? São Paulo: Makron Books, 1996. CARNIER, Luiz Roberto. Marketing internacional para brasileiros. 3.ed. São Paulo: Aduaneiras, 1996. CASTRO, José Augusto de. Exportação: aspectos práticos e operacionais. 2.ed. São Paulo: Aduaneiras, 1999. COBRA, Marcos Henrique Nogueira. Marketing básico: uma perspectiva brasileira. 3.ed. São Paulo: Atlas, 1985, 8ª tiragem 1996. DEL CARPIO, Rómulo Francisco Vera. Carta de Crédito e UCP 500: comentada. 2.ed. São Paulo: Aduaneiras, 1996. FERREL, O.C.; HARTLINE, M.D.; LUCAS JR, G.H.; LUCK, D.;. Estratégia de marketing. Tradução: Ailton Bonfim Brandão. São Paulo: Atlas, 2000. FERNANDES, Francisco; LUFT, Celso Pedro; GUIMARÃES, F. Marques. 22.ed. Dicionário Brasileiro Globo. São Paulo: Globo, 1991. GRACIOSO, Francisco. Marketing: o sucesso em 5 movimentos. São Paulo: Atlas, 1997. KOTLER, Philip. Administração de marketing: análise, planejamento, implementação e controle. Tradução: Ailton Bonfim Brandão. 4.ed. São Paulo: Atlas, 1994. KUAZAQUI, Edmir. Marketing Internacional: como conquistar negócios em mercados internacionais. São Paulo: Makron Books, 1999. MENDONÇA, Paulo C. C.; KEEDI, Samir. Transportes e seguros no comércio exterior. São Paulo: Aduaneiras, 1997. MINERVINE, Nicola. Exportar: competitividade e internacionalização. São Paulo: Makron Books, 1997. 80 PIPKIN, Alex. Marketing internacional. São Paulo: Aduaneiras, 2000. RATTI, Bruno. Comércio internacional e câmbio. 9.ed. São Paulo: Aduaneiras, 1997. SACCHI, M. G. Marketing Internacional. 2001. (Apostila). SACCHI, M. G. Técnicas de Negociação. 2001. (Apostila). WUNDERMAN, Lester. Marketing direto: uma estratégia de lucros para empresas e clientes. Tradução Caetano Manuel Filgueira Pimentel. Rio de Janeiro: Campus, 1999. 81 APÊNDICE FICHA DE PESQUISA OBSTÁCULOS E DESAFIOS Est amos r ealizando uma pesquisa sobr e as exper iências das empr esas com os pr ocessos de expor t ação, dest acando os obst áculos e desaf ios encont r ados e enfrent ados pelas or ganizações quando iniciar am suas at ividades de expor t ação. Todas as inf or mações par t icular es de cada inst it uição ser ão t r at adas de maneir a confidencial. Data: Empresa: Endereço: Telefone/Fax: E-mail: Atividade principal: Produto exportado: Data de início da atividade exportadora: 1. Quando a empresa iniciou suas atividades de exportação, qual foi o método utilizado para a seleção do mercado ao qual está exportando atualmente? Pesquisa de mercado Feira internacional Internet Outras : 2. Os clientes para os quais exporta foram selecionados com base em uma pesquisa e um plano de trabalho? Se a resposta for sim , qual o plano de trabalho? Sim Não 82 3. Foram avaliadas várias alternativas para colocação do produto no mercado externo? (Como: tipos de agente, distribuidor, exportação direta, filial, tradings, consultores, etc.) Sim: Tipo: Não 4. Para quais países a empresa já exportou e exporta? 5. A empresa está protegida com um contrato de licença de uso da marca? A empresa é proprietária da marca no país para onde exporta? (Cuidados com patentes, registros da marca, logotipo, design). Sim Não 6. Se a resposta para a pergunta anterior for Não, existe algum motivo especifico? 7. A empresa tem um departamento de exportação próprio? Sim Não 8. A empresa utiliza estratégias de marketing internacional? Sim Não 9. A empresa utiliza consultas com especialistas periodicamente, em relação aos aspectos: marketing, logística, programação fiscal, política de preços e economia? Sim: quais? Não 10. O serviço de pós venda é exercido pela empresa? (garantias, qualidade e controle). Sim Não 83 11. Qual a opinião da empresa sobre os resultados obtidos na atividade de exportação? Ótimo Bom Regular Ruim 12. Qual a maior dificuldade encontrada na divulgação do produto no mercado internacional? (especificar as principais barreiras, os obstáculos e desafios) 13. O que seria necessário para uma melhoria na área de exportação? Lembr amos que as inf or mações aqui cont idas ser ão ut ilizadas de maneir a confidencial. Grata pela sua colaboração. Entrevistadora: _____________________ Data: ____/____/____ 84 GLOSSÁRIO BACEN: Banco Central do Brasil. BARREIRAS NÃO-TARIFÁRIAS: Mecanismos usados pelos governos com o objetivo de controlar o volume, a composição dos produtos e o destino do comércio internacional (exemplo: cotas de importação). BARREIRAS TARIFÁRIAS: Medidas impostas pelos governos mediante a fixação de tarifas aduaneiras (exemplo: imposto de importação). CCI: Câmara de Comércio Internacional. COMÉRCIO INTERNACIONAL: Intercâmbio de bens e serviços entre países, resultante de suas especializações na divisão internacional de trabalho. DECEX: Departamento de Operações de Comércio Exterior . DESPACHO ADUANEIRO (exportação): Procedimento fiscal mediante o qual se processa o desembaraço aduaneiro de mercadoria destinada ao exterior, seja ela exportada a título definitivo ou não. DRAWBACK: Incentivo fiscal que permite às empresas fabricantes exportadoras importarem, sem impostos e taxas, produtos destinados à fabricação, beneficiamento ou composição de um outro produto que será destinado ao mercado externo. EXPORTAÇÃO: Vendas, no exterior, de bens e serviços de um país. IMPORTAÇÃO: Entrada de mercadorias e serviços estrangeiros num país. 85 INCOTERMS - International Commerce Terms: Regras de âmbito internacional e de caráter facultativo. Definem responsabilidades (comprador e vendedor) quanto ao pagamento de frete, seguro e despesas portuárias. JOINT VENTURE: Empreendimento conjunto, associação com empresas estrangeiras para estabelecer negócios. Sociedade, união de interesses comerciais. MODALIDADE DE PAGAMENTO: Maneira pela qual o exportador receberá o pagamento por sua venda ao exterior. NCM: Nomenclatura Comum do Mercosul. OMC: Organização Mundial de Comércio. RE - Registro de Exportação: Documento obtido através do SISCOMEX Exportação e contém o conjunto de informações de natureza comercial, cambial e fiscal. Caracteriza a operação de exportação de uma mercadoria e define seu enquadramento. SISBACEN: Sistema de Informação do Banco Central. SISCOMEX: Sistema Integrado de Comércio Exterior. TRADING COMPANY (Empresa Comercial Exportadora): Que se dedica a operações de compra e venda de bens e serviços na área do comércio exterior e do comércio interno, agindo por conta própria ou de terceiros. 86 PATRICIA LUZ A IMPORTÂNCIA DA APLICAÇÃO DO MARKETING INTERNACIONAL NO LANÇAMENTO DE PRODUTOS NA HORA DE EXPORTAR E OS DESAFIOS E OBSTÁCULOS ENFRENTADOS PELAS EMPRESAS NACIONAIS. CRICIÚMA / 2004