A IMPORTÂNCIA DA PSICOMOTRICIDADE NA EDUCAÇÃO INFANTIL Ana Claudia Silva 6º semestre de pedagogia na Finan Danila Aparecida ferreira Souza 6º semestre de pedagogia na Finan 1. Apresentação O desenvolvimento da criança é um aspecto que deve ser constantemente observado pelos professores. Dessa maneira, é de extrema relevância as pesquisas que discorram sobre a prática pedagógica e suas implicações para o desenvolvimento pleno da criança. Nesse sentido, a Psicomotricidade representa uma importante contribuição para o processo de ensino-aprendizagem, pois se dá por meio de ações educativas de movimentos espontâneos e atitudes corporais da criança, proporcionando-lhe uma imagem do corpo, contribuindo para a formação de sua personalidade. 2. Introdução De acordo com Alves (2007, p. 15), a Psicomotricidade envolve tudo que é realizado pelo ser humano. A integração psiquismo-motricidade e as ações do ser humano e possibilitam a relação das pessoas. Segundo a Sociedade de Psicomotricidade Brasileira, (apud Alves, 2007, p. 15), a psicomotricidade pode ser entendida como “uma ciência que tem por objeto o estudo do homem através do seu corpo em movimento nas suas relações com seu mundo interno e externo". A Psicomotricidade reflete um estado da vontade, que corresponde à execução de movimentos voluntários ou involuntários. Sendo assim, a Psicomotricidade vem sendo desenvolvida na prática pedagógica com o objetivo de contribuir para o desenvolvimento integral da criança no processo ensino aprendizagem. Nesse sentido, a Psicomotricidade se dá através de ações educativas dos movimentos espontâneos e atitudes corporais da criança, proporcionando-lhe uma imagem do corpo e contribuindo para a formação de sua personalidade. Por isso, algumas crianças não aprendem certos conteúdos porque o desenvolvimento das habilidades psicomotoras não foi adequado. Exige-se então, uma análise minuciosa das características dessa criança, por parte dos profissionais especializados. Portanto, a não aprendizagem está diretamente relacionada com o trabalho psicomotor no início escolar, trazendo, então, prejuízos na aprendizagem futura. A metodologia da presente pesquisa é um estudo dos teóricos que abordam a questão da Psicomotricidade. 3. Conceito de Psicomotricidade O dicionário brasileiro da Língua Portuguesa - Mirador (1976, p. 1416) define Psicomotricidade como "autocontrole muscular". Já o dicionário Houaiss da Língua Portuguesa (2001, p. 2326) define Psicomotricidade como "integração das funções motoras e psíquicas em conseqüência da maturidade do sistema nervoso". Chazaud (apud Alves, 2007, p. 15) postula que "a Psicomotricidade consiste na unidade dinâmica das atividades, dos gestos, das atitudes e postura, enquanto sistema expressivo, realizador e representativo do "ser-em-ação" e da "coexistência" com outrem". Ainda afirma que "É uma ciência que tem por objeto o estudo do homem através do seu corpo em movimento nas suas relações com seu mundo interno e externo". (SPB, 1984, apud Alves, 2007, p. 15). Portanto, os conceitos acima sobre Psicomotricidade deixam claro que a integração psiquismo-motricidade e as ações do ser humano, representam suas necessidades e possibilitam sua relação com outras pessoas. A motricidade é uma resposta a um estímulo sensorial, resultante de uma ação do sistema nervoso sobre a musculatura e o psiquismo, um conjunto de sensações, percepções, imagens, pensamentos, afeto, etc. (ALVES, 2007). Nesse sentido, Fonseca (1995, p.12) postula que a Psicomotricidade traduz a solidariedade profunda e original entre a atividade psíquica e a atividade motora. O movimento é equacionado como parte integrante do comportamento. A Psicomotricidade é hoje concebida como a integração superior da motricidade, produto de uma relação inteligível entre a criança e o meio, e instrumento privilegiado através do qual a consciência se forma e materializa-se. Para Oliveira (1997, p. 15) existem alunos que, devido a um atraso na maturação, o desenvolvimento das funções neuropsicológicas é lento e isso pode interferir em seu aprendizado. A autora ainda afirma que deve "levar os recursos da Psicomotricidade para serem desenvolvidos em classe, tanto no âmbito da educação quanto da reeducação dos alunos." De acordo com os vários autores, trabalhando com a Psicomotricidade, na prática pedagógica concomitantemente com os conteúdos, o desenvolvimento integral do aluno acontece de forma natural. Lourenço Filho (apud Oliveira, 1997, p. 20) declara que a maturidade é um fator essencial para esse desenvolvimento. Segundo o autor: A aprendizagem supõe um mínimo de maturidade de onde possa partir qualquer que seja o comportamento considerado. Para que o exercício de uma atividade complexa como a leitura possa integrar-se, exigir-se-á a priori, determinado nível de maturidade anterior. Sem ele, será inútil iniciar a aprendizagem. Fonseca (1995, p. 6) coloca que a psiconeurologia estuda as relações entre o comportamento humano e as funções do seu sistema nervoso, ramo de conhecimento fundamental para o desenvolvimento não só da Psicomotricidade, mas da aprendizagem e da educação. A Psiconeurologia vai estudar, portanto, as "disfunções de comportamento e de aprendizagem que têm uma base neurológica, isto é, desordens, dificuldades ou desvios de comportamento que encerram um problema de aprendizagem, como diagnosia, dispraxias, dislexia etc." 4. Etapas do Desenvolvimento Psicomotor De acordo com Oliveira (2002, p.101) o desenvolvimento psicomotor acontece do nascimento e progride lentamente ao longo da vida. Para a autora o ser humano passa por três etapas em seu desenvolvimento. São elas: o corpo vivido (até 3 anos de idade); corpo percebido (de 3 a 7 anos de idade) e o corpo representado (de 7 a 12 anos). Como o foco é a Educação Infantil o trabalho destaca apenas as duas primeiras etapas. A etapa referente ao corpo vivido vai do nascimento até os três anos de idade. Essa fase é marcada pela inteligência sensório-motora, cuja atividade é incessante e espontânea. Segundo Oliveira (2002, p.102), a criança aprende a manipular objetos e a andar. Ela se movimenta, mas não percebe esse movimento, utilizando a imitação para se mover no seu meio. Já a segunda etapa, conforme Oliveira (2002., p.102) corresponde-se ao corpo percebido ou descoberto. Nessa fase a criança passa a ter um maior domínio sobre seu corpo, desenvolvendo uma percepção mais centrada, denominado as partes de seu corpo, associando-os os objetos de sua vida cotidiana. Essas etapas do desenvolvimento, de acordo com Oliveira (2002, p.107), podem ser percebidas conforme o quadro: ] Quadro 1: Principais conhecimentos e habilidades psicomotoras Habilidades Até 3 anos Até 4 anos Até 5 anos Coordenação e Esquema Equilíbrio A criança sobe e desce escadas, alternando os pés. Ela é capaz de parar um gesto rápido. Consegue andar por obstáculos. corporal Conhecimento das partes do corpo: mãos, pés, nariz, cabelos, orelhas, olhos, boca, língua, pernas, cabeça, barriga. A criança representa seu corpo por Le bonhome rudimentar. Dentes, ombros, costas, joelhos, unhas, umbigo, pescoço. 4 anos e meio começa a aparecer um corpo mais correto. A criança pode ficar sobre um pé só durante alguns segundos. Pode saltar a uma distância de 2m e uma altura de 10cm com o pé dominante. A criança tem condições de executar exercícios simples de dissociação de movimentos. Os exercícios de coordenação global vão poder ser realizados por imitação de forma mais ou menos correta. Lábios, queixos, peito, bochecha, testa. 5 anos e meio: desenho dinâmico, começam os detalhes das roupas. Lateralidade Estruturação Estruturação Não se pode ainda falar em dominância: a criança se utiliza ora da mão ou pé direito ora do esquerdo. Dominância ocular fixa. espacial temporal Frente, atrás, Agora, sobre, sob, depressa, dentro, fora, rápido, grande, lentamente, pequeno, no hoje, alto, embaixo amanhã, (em relação pára, espera. a si mesmo) Continua a experienciação dos dois lados do corpo. Ao lado, longe, em torno de, perto, em redor de, médio, deitar, de pé, redondo, quadrado,po uco, muito, progressão de tamanho. Instabilidade no domínio manual. Em frente, em toda parte, direito, inteiro, retângulo, entrar, sair, voltar. Noite, dia, mais velho, antes, depois, maior, manhã, tarde, sua idade, reprodução de estrutura rítmicas de 2 ou 3 movimentos. Estações do ano, sequência lógica do tempo, num nível mais elementar, noções de 1º e último, noções de ordem e sucessão. Ainda sobre as fases do desenvolvimento psicomotor, Alves (2007, p. 31) destaca que "não devem ser consideradas apenas segundo um quadro de maturação neurológica, mas como resultado de um processo reacional e relacional complexo”. Ou seja, ao enfocarmos o desenvolvimento psicomotor, levamos em conta as reações do ser no ambiente que o cerca e as relações com os demais. Alves (2007, p. 17) considera que, para que haja um bom desenvolvimento físico, intelectual e emocional da criança é necessário que se faça movimentos e exercícios, pois estimula a respiração, a circulação e os músculos e os ossos são fortalecidos. Através de movimentos as crianças exploram o mundo exterior e têm grandes experiências que contribuirão no seu desenvolvimento intelectual. Segundo Alves (2007, p.87) o desenvolvimento da criança é um "processo ordenado, regular e contínuo que envolve todas as áreas do organismo e da personalidade". A criança se desenvolve desde o seu primeiro dia de vida e suas capacidades futuras podem ser prejudicadas, caso não se perceba a dificuldade a tempo de ser tratada, podendo ainda, afetar a aprendizagem da leitura e da escrita. Por isso é de suma importância se atentar para o desenvolvimento psicomotor, nos primeiros anos de vida. Dessa forma, Le Boulch (1982, p. 37) pontua que o recém-nascido desenvolve o seu comportamento como uma unidade e suas reações são organizadas em torno de um conjunto de ações. A unidade do ser recém-nascido depende da evolução harmônica das principais funções. Le Boulch também apresenta sua teoria sobre a evolução psicomotora até os 3 anos de idade e dos 3 aos 6 anos: na etapa da vida intra-uterina: O primeiro modo de expressão do embrião é traduzido pela função muscular. Sem necessitar de um estímulo sensorial, o sistema motor pode manter sua atividade e o tono caracteriza o dinamismo do organismo. Assim, durante a vida fetal, as necessidades do organismo da criança é garantido pelo organismo da mãe. A partir do momento em que nasce, a criança tem a sensação de perda, pois ela se separa da circulação materna. Assim o recémnascido oscila entre um estado de necessidade, que é transmitido através da elevação do tono e de gritos. Durante as primeiras semanas (até os 7 meses): estágio pré-objetal em que o comportamento se organiza sob a influência de estímulos sensoriais. É de suma importância os estímulos externos para a organização do equilíbrio tônicoemocional da criança, uma vez que na vida uterina o feto vivia todas as sensações cutâneas, sonoras e proprioceptivas e ao nascer sente a carência desse estímulo. Estágio objetal (8° mês): importante etapa na evolução do "eu". Antes desse período, a criança só tem da mãe um conhecimento vivido, adquirido através do "diálogo tônico". E neste estágio que ela vai adquirir uma verdadeira identificação da figura materna, a criança sentirá o prazer da presença da mãe e sua ausência provoca uma frustração que explica "a angústia do 8° mês". A organização do eu, a partir do 2° ano: vai girar em torno da relação da criança com o objeto material, ou seja, os interesses da criança que recaíam apenas nas pessoas, vão agora incidir sobre as coisas. Com a ação sobre o objeto, a criança experimentar o peso e a resistência do real. O adulto deverá contribuir com essa situação e valorizar os êxitos da criança. Nesse sentido, para Le Bouch: Na medida em que o meio ajuda a criança a afirmar-se como uma unidade afetiva e expressiva, favorece o equilíbrio entre o espontâneo e o controlado, sua motricidade global coordenada e rítmica traduz o bom desenvolvimento de sua função de ajustamento. (1982, p. 85) Conforme Le Boulch (1982), dos 3 aos 6 anos a criança entra no estágio da personalidade que tem como característica, a busca da independência e do enriquecimento de seu Ego. O estágio dos 3 aos 6 anos é um período transitório tanto na estruturação espaço temporal quanto na estruturação do esquema corporal. Nessa fase a educação psicomotora é importante, pois a criança, com a emergência da função de interiorização para conhecer o seu próprio "eu", passa a perceber o seu corpo e suas características corporais, começa a importante etapa na evolução da imagem do corpo, a estruturação do esquema corporal, sendo este o instrumento de inserção na realidade. Alves (2007, p. 35) afirma que um sujeito passa a ser confiante em si mesmo, quando conhece bem o funcionamento do seu corpo e sabe se expressar através dele. Esse conhecimento corporal se dá através de suas vivências, a harmonia do seu corpo com o seu meio será traduzida na sua expressão corporal. Para se trabalhar com a Psicomotricidade, é de fundamental importância que se conheça sobre o esquema corporal. "O esquema corporal não é um conceito inicial ou uma entidade biológica ou física, mas o resultado e a condição da justa relação entre o indivíduo e o próprio ambiente." (Wallon, apud Alves, 2007, p. 47) Já para Le Boulch (apud Alves, 2007, p. 48), o esquema corporal pode ser considerado como uma intuição de conjunto ou um conhecimento imediato que temos do nosso próprio corpo, seja em posição estática ou em movimento, em relação às diversas partes entre si e, sobretudo, nas relações com o espaço e os objetos que o circundam. A partir do momento que o indivíduo descobre, utiliza e controla o seu corpo, o esquema corporal é estruturado e passa a ter consciência dele e suas possibilidades, na relação com o meio ambiente em que vive. Para Alves, 2007, p.48, o corpo expressa emoções e possuem significados que são adquiridos pela criança através do seu contato com o meio em que vive, portanto o corpo não é somente biológico e orgânico. Através do corpo a criança descobre o mundo, se interage com ele. Como se pode perceber, as etapas de desenvolvimento são de extrema importância para que o educador trabalhe adequadamente os aspectos relacionados à Psicomotricidade. 5. A Psicomotricidade e o trabalho pedagógico Quanto ao trabalho pedagógico, Alves (2007, p. 18) afirma que a educação deve ser pensada em função da criança, preocupando-se com sua idade, necessidades e interesses. A determinação do estágio de desenvolvimento da criança implicará na adaptação da mesma ao meio em que vive, pois se estabelecerá as condutas educativas que poderão favorecer os diversos aspectos de desenvolvimento e conhecimento. Para a autora, é importante a função do professor da Educação Infantil, pois ele vai lidar com o processo inicial de desenvolvimento da criança e nessa fase, a sua personalidade está em formação, além dos aspectos inerentes à Psicomotricidade. O RCNEI (1998, p. 25) destaca que "a aquisição da consciência dos limites do próprio corpo é um aspecto importante do processo de diferenciação do eu e do outro e da construção da identidade”. Por meio do contato físico com outras pessoas e ao observar o outro, a criança irá aprender sobre o mundo e sobre si mesma, colocando em prática a comunicação através da linguagem corporal. Portanto, é necessário que o professor proporcione aos alunos atividades de interação, respeitando as diferenças e em espaços adequados, pois, a atividade é uma das formas de ajudar a criança a desenvolver sua capacidade de se relacionar com o outro. Segundo o RCNEI (1998, p. 27-28) deve-se oferecer à criança uma diversidade de atividades, tanto de brincadeiras quanto de aprendizagens. "Toda brincadeira é uma imitação transformada, no plano das emoções e das idéias, de uma realidade anteriormente vivenciada”. Ao brincar, a criança cria sua independência, quando se deixa que ela escolha seus companheiros de brincadeira e os papéis que cada um irá desempenhar. Através da brincadeira a criança experimenta o mundo, passa a compreender melhor o outro, seus próprios sentimentos e amplia seus conhecimentos. Nesse sentido, conforme o RCNEI: O brincar apresenta-se por meio de várias categorias de experiências que são diferenciadas pelo uso do material ou dos recursos predominantemente implicados. Essas categorias incluem: o movimento e as mudanças da percepção resultantes essencialmente da mobilidade física das crianças; a relação com os objetos e suas propriedades físicas assim como a combinação e associação entre eles; a linguagem oral e gestual que oferecem vários níveis de organização a serem utilizados para brincar; os conteúdos sociais, como papéis, situações, valores e atitudes que se referem à forma como o universo social se constrói; e, finalmente, os limites definidos pelas regras, constituindo-se em um recurso fundamental para brincar. (1998, p.63) Ainda de acordo com o RCNEI (1998, p. 28) os professores têm a possibilidade de observar o processo de desenvolvimento de cada criança ou de um grupo de crianças, por meio das brincadeiras, verificando, assim, suas capacidades de uso das linguagens, capacidades sociais e os recursos dos quais elas se dispõem, como o afetivo e o emocional. A brincadeira é uma atividade espontânea e imaginativa, nela as crianças recriam e estabilizam o que sabem sobre os mais diversos assuntos. Nesse contexto, Alves (2007, p. 127-128) destaca: "A Psicomotricidade existe nos menores gestos e em todas as atividades que desenvolve a motricidade da criança, visando ao conhecimento e ao domínio do seu próprio corpo”. A mesma autora postula que, por esse motivo é dito que a Psicomotricidade é indispensável para o desenvolvimento da criança. A educação psicomotora é a base para o processo de desenvolvimento intelectual da criança e também para que ocorra a aprendizagem. Se a criança apresenta problemas na base de desenvolvimento psicomotor, é bem provável que esta apresentará dificuldades de aprendizagem, como por exemplo, na escrita, na leitura, na direção gráfica, na distinção de letras (Ex.: b/d), na ordenação de sílabas, na abstração (matemática), na análise gramatical, entre outras. Nesse sentido, Le Boulch (1982, p. 13) postula que: A educação psicomotora concerne uma formação de base indispensável a toda criança que seja normal ou com problemas. Responde a uma dupla finalidade: assegurar o desenvolvimento funcional tendo em conta possibilidades da criança e ajudar sua afetividade a expandir-se e a equilibrar-se através do intercâmbio com o ambiente humano. Para Loureiro (apud Alves, 2007, p. 129) a psicomotricidade não é vista usada isoladamente, mas dentro de uma rede interdisciplinar, com estudos de outras áreas, juntamente com profissionais da educação. A autora considera que ainda existem escolas com o caráter mecanicista na Educação Infantil. Muitos alunos apresentam dificuldades e são taxados como portadores de distúrbios de aprendizagem, porém isso poderia ser facilmente resolvido se a escola não desprezasse a Psicomotricidade nas séries iniciais do Ensino Fundamental e trabalhasse com atividades enriquecedoras. Na Educação Infantil, a prioridade deve ser ajudar a criança a ter uma percepção adequada de si mesma, compreendendo suas possibilidades e limitações reais e ao mesmo tempo, auxiliá-la a se expressar corporalmente com maior liberdade, conquistando e aperfeiçoando novas competências motoras. (ALVES, 2007, p. 131). Então, Alves (2007, p. 132) defende que o trabalho, fora de sala de aula, envolvendo atividades corporais, proporciona aos alunos experiências que resultam no desenvolvimento da motricidade. Essas atividades auxiliam os alunos de ritmo normal e os de aprendizagem lenta a vencer melhor, os desafios da leitura e da escrita. O objetivo da educação psicomotora é um desenvolvimento adequado do indivíduo nas várias etapas de crescimento. "O ideal seria que todos os educadores tivessem como respaldo para as suas atividades a Psicomotricidade, pois fariam com que nossas crianças realizassem experiência com o corpo, sendo indispensável no desenvolvimento das funções mentais e sociais”. Conforme Alves (2007, p. 136), no trabalho do professor com a Psicomotricidade ele deve assumir o papel de facilitador do desenvolvimento da capacidade de aprender e não somente transmitir conhecimentos já existentes. É necessário que o professor permita que a criança faça suas próprias descobertas, estimulando-os e utilizando atividades em que se trabalhe plenamente, com todo o corpo. O material de trabalho do professor é o aluno, ele nunca poderá se esquecer disso, portanto, não se deve preocupar em preparar apenas o ambiente escolar, mas também a si mesmo. É necessário que ele conheça seu aluno. Para a mesma autora, a Psicomotricidade é uma grande ferramenta que pode ser utilizada em todas as áreas de estudo sobre a organização afetiva, motora, social e intelectual do aluno, considerando que ele é um ser ativo que pode se conhecer cada dia mais e se adaptar a situações e ambientes. Valoriza o toque como forma de aproximação das pessoas e auxilia para que a criança conheça o seu corpo em diferentes situações, com diferentes sensações. Assim, quando o professor conscientizar-se de que a educação pelo movimento é uma peça mestra da área pedagógica, que permite à criança resolver, mais facilmente os problemas atuais de sua escolaridade e a prepara, por outro lado, para a sua existência futura de adulto, essa atividade não ficará mais para segundo plano, sobretudo porque o professor constatará que esse material educativo não verbal, constituído pelo movimento é, por vezes, um meio insubstituível para afirmar certas percepções, desenvolver formas de atenção, pondo em jogo certos aspectos da inteligência. Portanto, o pedagogo tem a função de orientar o professor da importância da utilidade da Psicomotricidade na escola, motivando-o e despertando o interesse do mesmo, para que ajudem aos que estão no processo ensino-aprendizagem a alcançar o sucesso. Essa conscientização não serve apenas para o pedagogo, mas também para o sistema do qual ele participa, pois o pedagogo precisa desejar o trabalho e o sistema deixar que ele o faça. 6. Considerações finais Ao empreender um estudo acerca da importância da Psicomotricidade percebe-se que preocupação com a individualidade dos alunos, preocupa-se principalmente com a formação de sujeitos autônomos. Nesse sentido, é importante trabalhar, na maioria das vezes através de brincadeiras e situações de aprendizagens prazerosas, diversas atividades psicomotoras que englobam desde o esquema corporal, cuja a lateralidade, a proprioceptividade e o conhecimento do corpo se aliam às formas de organização e de expressão, até à motricidade, percepção sensorial, figura de fundo, entre outras. Dessa maneira, conclui-se que a Psicomotricidade é de grande importância no trabalho com a Educação Infantil, pois, a partir do estudo do próprio corpo, a criança se situa em relação ao mundo em que vive, orienta-se e, aos poucos, vai conhecendo-se para desenvolver sua própria personalidade. Pode-se afirmar que a Psicomotricidade tem realmente grande relevância no âmbito da Educação Infantil, devendo, porém, ser discutida em outras dimensões. Contudo, conforme a pesquisa realizada pode-se constatar a importância da Psicomotricidade para o desenvolvimento cognitivo e todos os outros aspectos. O resultado dessa investigação aponta que os educadores infantis têm conhecimento sobre a importância da Psicomotricidade para o trabalho pedagógico. Mas, os educadores, ainda estão reticentes quanto ao trabalho consistente e diário com os alunos na faixa etária de 4 meses a 5 anos. Espera-se que esta pesquisa colabore na conscientização dos educadores infantis sobre a Psicomotricidade para o desenvolvimento integral do aluno. 7. Referências ALVES, Fátima. Psicomotricidade: corpo, ação e emoção. 38 ed. Rio de Janeiro: Wak Editora, 2007. 164 p. BRASIL. Ministério da Educação e do Desporto. Secretaria de Educação Fundamental. Referencial curricular nacional para a educação infantil. Brasília: MEC/SEF, 1998. FONSECA, Vítor da. Manual de observação psicomotora: significação psiconeurológica dos fatores psicomotores. Porto Alegre: Artes Médicas, 1995. HOUAISS, Antônio. Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa. Rio de Janeiro. Editora Objetiva, 2001. 2925 p. LE BOULCH, Jean. O desenvolvimento psicomotor: do nascimento aos 6 anos. 78 ed. Porto Alegre: Artes Médicas, 1982. 220 p. OLIVEIRA, Gislene de Campos. Psicomotricidade: educação e reeducação num enfoque psicopedagógico. Petrópolis, Rio de Janeiro: Vozes, 1997. __________________________. 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