SEPI - Sistema de Ensino Presencial Integrado

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O pensamento científico sobre o social
Até aqui percebemos que a preocupação em conhecer e explicar os fenômenos
sociais sempre foi uma preocupação da humanidade. Porém a explicação com base
científica, é fruto da sociedade moderna, industrial e capitalista. A formação da
Sociologia no século XIX significou que o pensamento sobre o social desvinculou-se
das tradições morais e religiosas. Como afirma Costa: 2005,18.
“Tornava-se necessário entender as bases da vida social humana e da organização
da sociedade, por meio de um pensamento que permitisse a observação, o controle
e a formulação de explicações plausíveis, que tivessem credibilidade num mundo
pautado pelo racionalismo”.
Augusto Comte (1798-1857) foi o autor que desenvolveu, pela primeira vez,
reflexões sobre o mundo social sob bases científicas. Em sua análise sobre o mundo
social, compreendia a sociedade como um grande organismo, no qual cada parte
possui uma função específica. O bom funcionamento do corpo social depende da
atuação de cada órgão.
Segundo Comte, ao longo da história a sociedade teria passado por três fases: a
teológica, a metafísica e a científica. Concebia a fase teológica como aquela em que
os homens recorriam à vontade de Deus para explicar os fenômenos da natureza. A
segunda fase, o homem já seria capaz de utilizar conceitos abstratos, mas é
somente na terceira base, correspondente à sociedade industrial, que o
conhecimento passa a se pautar na descoberta de leis objetivas determinantes dos
fenômenos.
Comte procurou estudar o que já havia sido acumulado em termos de
conhecimentos e métodos por outras ciências como a matemática, biologia, física,
para saber quais deles poderiam ser utilizados na sociologia.
O conhecimento sociológico permite ao homem transpor os limites de sua condição
particular para percebê-la como parte de uma totalidade mais ampla, que é o todo
social. Isso faz da sociologia um conhecimento indispensável num mundo que, à
medida que cresce, mais diferencia e isola os homens e os grupos entre si.
14.1 TRANSFORMAÇÕES SOCIAIS DO SÉCULO XVIII
14.1.1 Revoluções burguesas
Por revoluções burguesas entende-se um conjunto de movimentos que ocorreram
no século XVIII na Europa e nos Estados Unidos. O que caracterizou estes
movimentos foi sua capacidade de suplantar as formas de organização social
feudais1.
A importância dessas revoluções é que estimularam o desenvolvimento do
capitalismo, pondo fim às monarquias absolutistas, eliminaram as barreiras que
impediam o livre desenvolvimento econômico.
14.1.2 Revolução Francesa
No final do século XVIII a monarquia francesa procurava garantir os privilégios da
nobreza em um contexto no qual crescia a miserabilidade do povo. A burguesia
também opunha-se ao regime monárquico, pois este não permitia a livre constituição
de empresas, impedindo a burguesia de realizar seus interesses econômicos.
Em 1789, com a mobilização das massas em torno da defesa da igualdade e da
liberdade, a burguesia toma o poder e passa a atuar contra os fundamentos da
sociedade feudal. Procura organizar o Estado de forma independente do poder
religioso e promove profundas inovações na área econômica ao criar medidas para
favorecer o desenvolvimento de empresas
capitalistas.
As massas que participaram da revolução logo foram surpreendidas pelas medidas
da burguesia, que proibiram as manifestações populares, e os movimentos
contestatórios passaram a ser reprimidos com violência.
14.1.3 Revolução Industrial
A Revolução Industrial eclodiu na Inglaterra na segunda metade do século XVIII. Ela
significou algo mais do que a introdução da máquina a vapor e aperfeiçoamento dos
métodos produtivos. A revolução nasceu sob a égide da liberdade: permitir aos
empresários industriais que desenvolvessem e criassem novas formas de produzir e
enriquecer.
Aparecimento da maquina a vapor
↓
Aumento da produção
↓
Melhoria nos transportes
↓
Crescimento das cidades
Desde modo, a Revolução Industrial constitui uma autêntica revolução social que se
manifestou por transformações profundas na estrutura institucional, cultural, política
e social.
O desenvolvimento de técnicas leva os empresários a incrementar o processo
produtivo e aumentar as taxas de lucro. Isto leva os empresários a se interessar
cada vez mais pelo aperfeiçoamento das técnicas de produção, visando produzir
mais com menos gente. A relação de classes que passa a existir entre a burguesia e
os trabalhadores é orientada pelo contrato – o que permite inferir que há liberdade
econômica e a democracia política – temos o trabalhador livre para escolher um
emprego qualquer e o empresário livre para empregar quem desejar1. Ela significou
uma profunda transformação na maneira dos homens se relacionarem.
Ponto de reflexão:
O trabalho sempre foi uma fonte de riquezas?
Aspectos importantes da Revolução Industrial
1. A produção passa a ser organizada em grandes unidades fabris, onde predomina
uma intensa divisão do trabalho.
2. Aumento sem precedentes na produção de mercadorias.
3. Concentração da produção industrial em centros urbanos.
4. Surgimento de um novo tipo de trabalhador: o operário
A Revolução Industrial desencadeou uma maciça migração do campo para cidade,
tornando as áreas urbanas o palco de grandes transformações sociais. Formam-se
as multidões que revelam nas ruas uma nova face do desenvolvimento do
capitalismo: a miserabilidade.
No interior das fábricas as condições de trabalho eram ruins. As fábricas não
possuíam ventilação, iluminação e os trabalhadores eram submetidos a jornadas de
trabalho de até 16 horas por dia. Era usual nas fábricas a presença de mulheres e
crianças a partir de 5 anos atuando na linha de produção. Quanto aos homens,
amargavam a condição de desemprego.
Os problemas sociais inerentes à Revolução Industrial foram inúmeros: aumento da
prostituição, suicídio, infanticídio, alcoolismo, criminalidade, violência, doenças
epidêmicas, favelas, poluição, migração desordenada...
Ponto de Reflexão:
Nos dias de hoje, as condições de vida dos trabalhadores melhoraram?
Por fim, é preciso esclarecer que os problemas acima expostos são típicos da
sociedade capitalista. Torna a vida em sociedade altamente complexa, por isso
precisamos de uma ciência para compreender os nexos que ligam à realidade.
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