Apresentação oral O sintoma da criança na Psicanálise: Escuta diferenciada do sofrimento psíquico Mafalda Luzia Coelho Madeira da Cruz¹; Ivy Faria Cunha Cardoso²; Miriane Menezes Lovisi³; Nathália Lopes Machado4 1.Psicóloga/Psicanalista, Mestre em Psicologia área de concentração: Psicanálise, Professora Titular do Centro de Ensino Superior de Juiz de Fora (CES/JF), Orientadora de Projetos de Extensão do CES/JF, Didata Supervisora em Psicanálise da Sobrap-Regional Juiz de Fora, Membro dos Fóruns do Campo Lacaniano Internacional; 2. Discente do Curso de Psicologia do CES/JF; 3. Discente do Curso de Psicologia do CES/JF; 4. Discente do Curso de Psicologia do CES/JF. Palavras-chave: Sintoma. Criança. Casal Parental. Conflito. Fantasma. Este estudo tem com objetivo analisar e compreender a formação do sintoma na criança, em uma direção psicanalítica, a partir dos textos de Freud e Lacan, em uma pesquisa de natureza bibliográfica. Esse sofrimento da criança aparece como algo que não só a incomoda, mas também interfere na relação com os pais e demais pessoas que convivem com a mesma. Freud nomeou gradativamente o sintoma como uma série de significações, tratando de colocá-lo como uma forma de compromisso que o sujeito tem com o seu conflito, como signo de um traumatismo psíquico ou mesmo uma mensagem cifrada que se escreve como hieróglifo a ser decifrado, equivalente ao sonho, enfim, o sintoma é sempre um texto a ser lido. Freud (1925), no texto “Inibição, sintomas e ansiedade“, define o sintoma como sendo “[...] Um sinal e um substituto de uma satisfação instintual que permaneceu em estado latente; é uma conseqüência do processo de repressão.“ (p. 112) Sendo assim, o sintoma seria a busca de uma conciliação entre a satisfação pretendida e o que interdita o desenvolvimento da criança, prejudicando sua subjetividade e individualidade. Para a Psicanálise, não há uma proposta de suprimir o sintoma e sim, o de trabalhá-lo para que algo possa ser mudado. Levando em consideração que o objeto de estudo da Psicanálise é o inconsciente e que o sintoma é a manifestação de conflitos deste, podemos destacar a importância do nosso estudo para a compreensão da relevância do sintoma na criança. O sintoma representa uma proteção para a criança, uma forma de pedir socorro. Apesar do sofrimento que o sintoma causa, ele também proporciona prazer, devido sua articulação com a fantasia. A partir disso destacamos a importância do desejo dos pais em relação aos filhos para que esses possam realizar o que aqueles não deram conta em suas vidas. Portanto, para Freud (1914), no texto “Uma introdução ao estudo do narcisismo“, “Sua majestade: o Bebê“ deve realizar os sonhos e os desejos dos pais compensando as frustrações destes e abrindo mão de seu próprio desejo. Com isso, a neurose dos pais tem um papel fundamental na eclosão dos sintomas da criança, pois ela fixa sua existência em um lugar determinado pelos pais em seu sistema de fantasias e desejos, e procura responder ao enigma das marcas obscuras propostas pelos adultos. Lacan, em outubro de 1969, em resposta a pergunta da psicanalista Jenny Aubry sobre o sintoma da criança, responde: “O sintoma da criança acha-se em condição de responder ao que existe de sintomático na estrutura familiar“ (p. 369), pois existe uma distância entre a criança e a mãe, devido à participação do pai. Para Lacan (1969), o sintoma da criança não é mais do que o representante de três verdades: a verdade do casal parental, a verdade do fantasma da mãe, e aquela de seu desejo quando seu filho encarna o objeto. Quando a criança é tomada como correlativo de um fantasma da mãe, poderá desencadear uma psicose, na qual a criança é fusionada a mãe. Isso diz respeito à subjetividade da mesma. Segundo Lacan (1969), outra verdade sobre o sintoma da criança é a que diz respeito ao seu desejo quando o filho encarna o objeto a, tornando a mãe completa. A partir dos estudos realizados, verifica-se que a relação entre a criança e a mãe é dual, especular e imaginária, na qual a criança sofre de uma dependência quase total na demanda pelo amor da mãe. Concluímos, portanto, que o sintoma é um enunciado fundamental do sujeito, do qual todos os outros são derivados. É uma frase única, que indica o que é o sujeito e qual é seu modo de gozar. Referências Freud, Sigmund (1 Ed.) (1914). A história do movimento psicanalítico artigos sobre melapsicologia e outros trabalhos. Sobre o narcisismo: Uma introdução. v. XIV (1914-1916). Rio de Janeiro: Trad. Imago Editora. Freud, Sigmund (1 Ed.) (1976). Um estudo autobiográfico: A questão da análise leiga e outros trabalhos. Inibição, Sintomas e Ansiedade. (v. XX). (1925 [1924]) (1926 [1925]) Rio de Janeiro: Trad. Imago Editora. Lacan, Jacques (1969). Outros escritos. Trad. Ver Ribeiro; versão final de Angelina Harari e Marcus André Vieira, 2003. Rio de Janeiro: Jorge Zahar.