MARKETING DE MODA: uma discussão conceitual Dayane Georgea Chagas - FANP/UNIESP Marcela Bortotti Favero - FANP/UNIESP RESUMO O marketing promove uma comunicação integrada e coordenada, levando até ao consumidor o seu valor original. Assim o marketing acompanha as tendências, intercalando velocidade e público-alvo. Um dos ferramentais do marketing é o merchandising, que é responsável por todo o layout interno da loja, dando a identidade para a mesma. A vitrine é a mediadora entre a loja e o consumidor, tendo como objetivo atrair o cliente ao seu interior. A vitrine tem o poder de conquistar o cliente estimulando sua emoção. Esta pesquisa se trata de um ensaio teórico que tem o propósito de investigar a influência da vitrine no poder de decisão de compra. Para se alcançar o objetivo proposto, percorreu-se o seguinte caminho metodológico: inicialmente realizou-se pesquisa bibliográfica, seguida de observação em algumas vitrines. Os resultados obtidos apontam – dentre alguns achados – que as cores, iluminação e posição do preço atraem e influenciam os consumidores ao comportamento de compra. Palavras-Chave: Marketing. Merchandising. Vitrine. Consumo. 2 1 INTRODUÇÃO A essência do ser humano é a mudança. Mudar é a mais simples e assustadora decisão que qualquer pessoa pode tomar na vida. Se para uma pessoa isso já é um fato complicado, imagine para uma empresa. Hoje, com o avanço da tecnologia, o acesso a informações de forma rápida e instantânea, vem colaborando para o sucesso de algumas empresas, porém, na mesma velocidade, vem trazer o fracasso de outras. Trabalhar com setores que mudam constantemente, como a moda, é algo complexo e exige grande dedicação de quem atua nessa área, pois um passo atrás da tendência do momento e de seus concorrentes pode representar o fracasso de toda uma estrutura ou de todo um período de trabalho. Pondo em cheque empregos e até mesmo a sobrevivência da empresa no mercado. Sabe-se que, nos dias de hoje, qualquer empresa que busque números elevados de venda precisa anunciar e deixar os consumidores informados sobre o que tem a oferecer a eles, sabendo desta máxima, buscou-se analisar o papel da vitrina como forma de comunicação de marketing e ainda como ferramenta de conquista do cliente. Faz-se necessário ainda observar que a vitrina é a fonte estruturante das relações estabelecida entre empresa e cliente, colocando em questão os métodos de utilização das vitrinas, e até que ponto elas podem ser utilizadas de forma adequada para atingir seu objetivo principal que é a venda, observando sua relação com os consumidores, a forma como são montadas e o modo como os clientes percebem e são atraídos por elas. Com a elaboração do presente artigo, buscou-se elencar elementos indispensáveis para a construção de uma vitrina de sucesso, determinar os parâmetros usados para formar uma ferramenta de baixo custo, porém de grande impacto para a empresa, capaz de gerar números expressivos de vendas através de sua estrutura de marketing de comunicação com os clientes. Ainda como agente motivador, observou-se a seguinte questão: “A vitrina pode ser considerada um fator gerador de venda dentro de uma organização”? No mesmo sentido, temos como objetivos fundamentais, analisar a forma como são colocados os objetos e os preços para a montagem de uma vitrina; avaliar a imagem que os consumidores obtêm da loja através da vitrina; analisar como os elementos que compõe a vitrina influenciam os consumidores e, por fim, quais os pontos chamam mais a atenção dos clientes, e o que pode ser feito para fomentá-los. 3 2 MARKETING DE MODA: UMA DISCUSSÃO CONCEITUAL A moda é um processo que se renova a cada ano, em intervalos mais curtos. Antes era fácil identificar os lançamentos através de coleções definidas pelas estações do ano. Hoje, as lojas renovam seus estoques em prazos de até quinze dias, a ideia é que o consumidor possa frequentar mais de uma vez por mês e, mesmo assim, encontre novidades. Seguindo esse mercado, o marketing de moda também precisa acompanhar as tendências, afinal, é esta ferramenta que comunica os consumidores dos lançamentos e, por consequência, desperta nos mesmos o desejo do consumo. O sucesso das empresas de moda não está apenas concentrado na velocidade de comunicação destas novas tendências, e sim, na interligação entre essa velocidade, as tendências e seu público-alvo. Para Roman e Maas (1994), uma das razões do fracasso de algumas marcas está na falta de foco no seu consumidor, no público que consome sua marca. Perder esse ponto de vista, para uma grande empresa, é sinônimo de problemas eminentes e sua administração. Ainda, para Roman e Maas (1994, p. 79), a comunicação de marketing funciona como uma forte ferramenta para construção de marcas líderes, nas palavras do autor “pense em qualquer marca de sucesso. É quase certo que lhe venha à cabeça a propaganda que ajudou a construir este sucesso”. O ingrediente secreto e fundamental para o sucesso de uma campanha e, consecutivamente, de um produto é imputar em seus anúncios aquilo com que seu consumidor se relaciona ou tem algum desejo de se relacionar, pois, de forma sincera, precisa transmitir confiança ao consumidor e gerar uma necessidade, onde a compra de determinado produto ou serviço oferecido irá suprir os anseios do consumidor. O composto de comunicação de marketing promove a integração e coordenação dos esforços de propaganda, publicidade, relações-públicas, promoção de vendas, merchandising e qualquer outra ferramenta de comunicação de marketing, a fim de maximizar o impacto da mensagem sobre os consumidores (STEWART, 1996; HUTTON 1996; SOLOMON; ENGLIS, 1996; KOTLER, 2000; CHURCHILL; PETER, 2003). 2.1 VISUAL MERCHANDISING Kotler (2010, p.410) afirma que “Merchandising é o conjunto de operações efetuadas dentro do ponto de vendas, visando colocar o produto certo, na qualidade certa, com preço certo, no tempo certo, com impacto visual adequado e dentro de uma exposição correta”. 4 No ponto de vista de Las Casas (1997, p. 260) o termo marketing significa “ação no mercado”, o termo merchandising significa “ação na mercadoria”, de onde decorre que todos os elementos do composto de marketing. O visual merchandising é a peça chave necessária para fortalecer a imagem de um estabelecimento, o mesmo não envolve somente a criação de uma vitrina, mas também todo o espaço comercial, desde balcões a luminárias. O modo como o produto é exposto, seu fácil acesso, a harmonia do ambiente atrai a atenção dos consumidores, motivando-os ao consumo. Sendo que a vitrina mais o visual merchandising atraem e criam uma identidade para o produto e para o meio ao qual o mesmo está. As vitrinas procuram não só apresentar uma amostra representativa do tipo de produtos que a loja oferece, mas também estimular que os consumidores entrem na loja. As decisões sobre vitrinas englobam aspectos tais como: quantidade, tamanho, formato, cores, temas, produtos expostos e a frequência de vezes em que elas são renovadas. (PARENTE, 2000, p. 296). A vitrina já era usada como arte do passado e também vista em museus para proteger e criar o gosto e o desejo de se tocar o proibido, desta forma a vitrina ainda trabalha neste cenário, o desejo, porém com um diferencial, que é contato que o consumidor pode ter com o produto, basta o mesmo visitar a loja. As vitrines são reflexos do contemporâneo, do urbano, das transformações que ocorrem na sociedade e no homem, as vitrines “fabricam” uma realidade: a dos sonhos, a do consumo, a das identidades vendáveis, a da tradição. Fabricam e projetam aos transeuntes imagens, despertam sensações, desejo (POLITANO STELA, 2008, p. 5). Pode-se analisar também o quanto a localização do preço em uma vitrina pode influenciar no poder de decisão de compra. Sabe-se que quando o menor número, relacionado ao preço do produto exposto, está localizado ao lado esquerdo, ou seja, em caso de promoções, o mesmo influencia na percepção de análise consumidor, fazendo-o perceber que o produto está com preço diferenciado. No caso em que a vitrina é montada somente com os valores originais, o preço é colocado ao lado direito. Quando o desconto é exagerado, para aumentar a percepção do valor de venda, o mesmo fica localizado à direita do item exposto, com isso, deixa-se claro que o consumidor é altamente perceptível em ralação a itens e à disposição dos preços nas vitrinas, pois, quando o produto está em promoção, placas com tamanhos maiores são colocados, 5 facilitando a identificação do desconto, já nos casos de itens recém-chegados, com preços normais, as identificações são diminutas, com tamanhos menores. Entre outros, podemos considerar os elementos que compõem o Visual Merchandising, que são: a vitrina, layout, iluminação, temperatura, cor, aroma e o som, conforme apresentado a seguir: Quadro 01: Elementos Visuais do Merchandising Vitrina: “Uma ideia, um desejo, uma imagem, um símbolo, o sucesso de uma venda – uma vitrina vende tudo isso!” (DEMETRESCO, 1990, p. 60). Segundo Franz Wohlwend (apud DEMETRESCO, 1990, p. 18), “a vitrina deve ser concebida de modo que seja a essência do que é a loja, e de tudo o que ela oferece e simboliza, pois, quando habitualmente apresentada com imaginação e sedução, tem a eficácia da publicidade e triunfa se, além de atrair os olhares do mundo exterior para si, atrair também o consumidor para dentro da loja”. Através da vitrina, “[...] a loja faz uma declaração clara a respeito de público que pretende atingir” (BLESSA, 2001, p. 67). A vitrina pode ser, segundo Amato e Demetresco (2000): Fechada: indicada para lojas onde a elaboração cenográfica é frequente para todos os tipos de produto. Indicada também para lojas pequenas onde o produto é caro. É protegida e, nas pequenas lojas aceita bem a cenografia comunicando qualidade, segurança, status, etc.; Aberta: é a loja sem vitrina, com o interior arrumado e iluminado. Geralmente não são lojas grandes, tratando de vender produtos onde o toque manual é importante; Semiaberta: atrai o consumidor com poucos manequins ou expositor colocado na zona frontal da vitrina, mas, tendo como principal atração à arrumação da loja. Ajusta-se mais em lojas pequenas e médias. A decoração interna da loja deve ser mais elaborada, e a manutenção dessa arrumação, constante. Muito usada para moda jovem. O cuidado com vitrina é essencial, afirma Ferracciù (1997, p. 55): “[...] atrás de uma simples vitrina está exposto tudo o que sua loja é”. Layout: O layout da loja “[...] a organização interior de mobiliário e equipamentos, iluminação, pontos de vitrines e displays e disposição de mercadorias dentro da loja” (MORGADO e GONÇALVES, 2001, p. 106). Seu planejamento é importante, pois, “O layout influencia a percepção do cliente em relação ao estilo e ao posicionamento de mercado de cada loja” (PARENTE, 2000, p. 301). Sendo o layout “[...] determinado pelo tipo de loja, pelo nível de prestação de serviços desejado, pelo objetivo de segmentação de mercado e/ou pelo perfil do consumidor, consequentemente pelos planos de marketing” (MORGADO GONÇALVES, 2001, p. 106). Iluminação: Uma boa iluminação em uma loja envolve mais que uma simples iluminação do espaço. “A boa iluminação é responsável por clarear o ambiente, destacar mercadorias, decorar espaços especiais e acompanhar o estilo e a personalidade da loja. Além de transmitir uma sensação de limpeza, ambientes bem iluminados tornam-se agradáveis, atraindo o consumidor. A iluminação destaca partes atrativas da loja e disfarça partes visualmente desagradáveis que não podem ser mudadas” (BLESSA, 2001, p. 48). Sendo que, “O tipo de iluminação [...] precisa ser estudado com atenção, para não modificar as cores reais das mercadorias” (BLESSA, 2001, p. 48). Temperatura: Segundo Parente (2000, p. 300), “No Brasil, na maioria das regiões e dos meses do ano, faz calor. Os varejistas brasileiros vêm, cada vez mais, oferecendo lojas climatizadas com ar condicionado para atrair e reter seus consumidores”. É importante estar sempre atento à temperatura, para que ela não esteja nem abaixo, 6 nem acima do padrão considerado agradável, espantando os clientes. Cor: Segundo Farina (1990), a reação do indivíduo à cor está relacionada a vários fatores. Entretanto, os psicólogos estão de comum acordo quando atribuem significados a determinadas cores que são básicas para qualquer indivíduo que viva dentro da nossa cultura. Segundo Blessa (2001, p. 47), “Crianças são atraídas por cores primárias [...]; os adolescentes, por cores fortes e quentes; os esportistas por cores radicais e vivas; [...], os homens executivos, por cores apagadas e assim por diante”. Ou seja, é muito importante saber como dispor as cores e seus significados, também seu uso adequado para atrair o público-alvo da loja. Aroma: Segundo Reda (apud LEVY e WEITZ, 2000, p. 492), “A maioria das decisões de compra é baseada nas emoções. De todos os sentidos humanos, o olfato é o que tem maior impacto em nossas emoções”. Para Bone (apud PARENTE, 2000, p. 298), “Um aspecto importante é que o aroma pode proporcionar informações adicionais sobre o ambiente, o produto ou a loja”. Pois, o “Odor, mais do que qualquer outro sentido, é um caminho direto para os sentimentos de felicidade, fome, desgosto e nostalgia – os mesmos sentimentos que os responsáveis pelo marketing querem introduzir” (WILKIE, apud LEVY e WEITZ, 2000, p. 492). Som: Assim como a apresentação externa, o layout, a iluminação, a temperatura, as cores e o aroma, o som pode 10 acrescentar ou depreciar a imagem de uma loja. Segundo PARENTE (2000, p. 298), “Lojas de moda direcionadas para segmentos com certos estilos de vida procuram reforçar a característica da atmosfera com músicas de preferência de seus segmentos”. A música pode ser usada também, para “[...] controlar o ritmo de tráfego da loja, criar uma imagem e atrair ou distanciar a atenção dos consumidores” (LEVY e WEITZ, 2000, p. 491). Fonte: Adaptado de AMATO e DEMETRESCO, 2000; BLESSA, 2001; DEMETRESCO, 1990; FARINA, 2003; FERRACIÙ, 1997; LEVY e WEITZ, 2000; MORGADO e GONÇALVES, 2001; PARENTE, 2000. 2.2 VITRINE E CONSUMO A vitrina, no caso, deve se colocar como um mediador entre a loja e o consumidor, ou o interior e o exterior. Para Oliveira (1997), as vitrinas assumem o estilo e as peculiaridades dos locais onde estão inseridas, trazem pra si as características da sua população, seus costumes e singularidades, transformando assim, cada vitrina, numa peça única e incorporada à determinada região. A expectativa visual do observador em relação à imagem que a vitrina proporciona, está ligada à forma, à aparência e à atração, pois a estética contempla o belo e o prazer. Na idealização do espaço expositivo, além da venda, um dos principais objetivos é criar uma concepção estética adequada ao perfil do consumidor. Sendo assim, todos os elementos que compõem a vitrina deverão despertar a sensibilidade do observador, promovendo identidade cultural, emocional e comportamental. (LOURENÇO; SAM, p. 77). No mesmo sentido, pode-se ver que tal atitude é de grande valia, pois, de nada adianta elaborar uma vitrina com uma estrutura grandiosa, com elementos chamativos e diferenciados, para vender casacos de pele no Nordeste. A empresa precisa se adaptar ao seu 7 público consumidor, dispor aquilo que é costumeiro na região onde está inserida, para não se deslocar do mercado e ficar à deriva por oferecer aquilo que pouco ou quase nunca se usa em determinadas regiões. É preciso entender a realidade do público-alvo. Acompanhando esse movimento de identidade, o trabalho de vitrine é fundamental para complementar a identificação com o consumidor. Por meio da vitrine, a loja faz toda uma declaração clara a respeito do segmento de público que pretende atingir. [...] Mais do que qualquer área da loja, as vitrines refletem a imagem e o estilo de comercialização desta ou daquela loja. Pelo tipo de decoração (estilo) podemos até “julgar os preços” de certas lojas. “Na verdade, não importa o tipo de decoração, mas se ela transmite ao público uma personalidade consistente” (BLESSA, 2011 p. 54 e 55). Ainda para Oliveira (1997, p. 26) “sob várias formas, trata-se de uma contínua renovação dos recursos de manipulação das manifestações comerciais e, também, da adaptação a parâmetros [...] um locus de interações sociais com a finalidade de trazer o público para mais perto do objeto de venda”. Não somente o fator social ou financeiro que se enquadra, mas também o fator cultural, onde determinadas regiões anunciam aquilo que é de sua cultura, ou ainda, fazem um mix de várias culturas, em busca de atingir um público maior e acompanhar a evolução da moda. Seguindo esta linha tênue, observa-se que junto com o apontar mudanças no gosto, na moda, no estilo e nos modos de viver, essa evolução elucida que a vitrina mantém e lapida a sua função mais elementar, a de estimuladora de entrada do passante no interior da loja, de criação de recursos de sedução para desencadear o início de uma conversa cuja meta é a negociação e finalmente o contrato. [...] “Assumindo que todo pedestre é um consumidor em potencial, a vitrina” [...] “é também janela de contemplação”. Essencialmente, o que leva o pedestre a assumir um papel de observador e de interlocutor diante das ofertas de produtos é, sem dúvida, um encontro entre as suas motivações e as motivações propostas, em particular, nas vitrinas (OLIVEIRA, 2011 p. 30,35 e 42). Muito além de representarem singelos convites aos consumidores, as vitrinas devem assumir a característica da empresa, tendo o estilo, a cara e o contexto do local onde está inserido. Salienta-se aqui a disposição das vitrinas no Marketing de Varejo: Marketing de varejo ou Trade Marketing, tem como prioridade o relacionamento estratégico entre o fornecedor e os pontos de venda, criando ainda uma ligação entre as áreas de marketing e vendas – dentro da própria empresa. É uma atividade integrada que tem como objetivo planejar os canais de venda e os clientes-chave (key accounts), melhorando o posicionamento no varejo e garantindo a atuação da marca junto aos consumidores (BLESSA, 2011, p. 1). 8 Outro ponto crucial que deve ser levado em consideração para as empresas de marketing de varejo, é o de não expor aquilo que não tem, ou expor aquilo que tem em pouca quantidade, pois como bem salienta BLESSA (2011, p. 56), não se deve expor produtos que não se tem em estoque. A falta de produtos expostos ou disponibilidade de só alguns tamanhos frustra o consumidor profundamente. Não existe nada pior do que pedir um item exposto na vitrine, que não está disponível. Tornar a compra interessante, criar uma atmosfera, um clima, com intuito de que o cliente se sinta mais à vontade dentro da loja, livre para comprar, que não se atenha ou se prenda a preocupações externas. Existem cinco princípios básicos que formam o conjunto que precisamos imaginar para agradar o consumidor. Coloque-se no lugar dele e verifique: Como o consumidor “vê” o ponto de venda (decoração/visibilidade); Como se sente nele (conforto/facilidade); Como é atendido (simpatia e disposição dos funcionários); Como espera encontrar os produtos (localização/qualidade e preço); Qual a impressão que vai levar, comprando ou não. Os consumidores avaliam o ponto de venda e os produtos quase em conjunto e é muito importante que ele se sinta bem dentro da loja, pois assim será fiel a ela. Podemos perceber por nós mesmos que, num ambiente agradável e com comodidade, todos sentem mais prazer em comprar. (BLESSA, 2011, p. 30). No mesmo contexto, Blessa (2011) versa no sentido de que é extremamente necessário criar uma atmosfera de vendas dentro da empresa, utilizar recursos, tais como citados acima, de formas diversas, tendo como intuito desenvolver um ambiente propício à compra, capturar e atrair clientes e transeuntes. Porém, deve-se tomar cuidado com a forma estética das disposições dos produtos ofertados, evitando acúmulo ou poluição visual, o que dificulta e confunde os clientes. Para solucionar possíveis enganos que a exposição da vitrina apresente em relação às expectativas do público-alvo e convertê-las em propulsora do ato voluntário de consumo do cliente em potencial, é necessário que as características estéticas que ela apresenta estejam de acordo com os interesses e as necessidades do próprio público. Esse é o caminho entre o prazer, o desejo e o impulso da compra. (LOURENÇO; SAM, 2011, p. 77). 9 Ainda quanto à estética das vitrinas, tem-se que esta deve ser racionalmente elaborada, com produtos expostos dentro de um padrão, seguindo campanhas realizadas pela empresa, se houver alguma, seguindo tendências do mercado da moda, tendo produtos novos e modernos incorporados ao ambiente. Assim, junto com toda a estrutura e os elementos citados, principalmente, não é pelo fato da empresa vender 10 mil produtos diferentes que devem ficar amontoados no expositor. A vitrina tem a função primordial de atrair os consumidores e transeuntes para dentro da loja, para aí, sim, descobrirem a gama de produtos que a empresa comercializa. Conforme dito anteriormente, têm-se os moldes estruturais elementares que devem estar contidos numa vitrina, sintetizados nos quesitos básicos que uma vitrina deve conter: Simplicidade - O ápice de uma vitrina é a venda, para isso ocorrer da melhor maneira deve-se evitar a poluição visual, ou seja, o excesso de elementos, sendo tanto decoração como de produtos. O mais difícil em uma vitrina, por mais incrível que possa parecer, é conseguir manter a harmonia e a simplicidade da mesma. Sendo tudo calculado com muito critério, pois se for exorbitante nada fala, e nada vai vender. Mas, se bem projetada, seu resultado é enorme. Grupos - O vazio é tão importante quanto o cheio na vitrine. Assim nota-se que entre os objetos deve existir uma distância que deve ser respeitada. Este vazio, evita a poluição e também compõe os grupos que se assemelham. Essa montagem em grupo facilita e melhora a visualização das mercadorias que sempre deve se levar em consideração que existem os pontos focais. Humor - O humor na vitrine é um recurso que tem que ser adotado, mas é importante observar alguns cuidados: - Respeitar as condições socioculturais e econômicas do público a ser atingido; - Tratar com respeito às diferenças culturais e religiosas; Mas o humor não significa somente situações hilariantes ou caricatas. Ele está no humor leve que certos elementos ou circunstâncias carregam, como: leveza das flores, crianças, cores, etc. Impacto - Se aplica a várias ações pertinentes em uma vitrina. Pode ser montagem de vanguarda, humorística, cinética etc. Esse impacto pode ser benéfico como o contrário. Portanto só a monte com auxílio de um profissional ou com muita consciência do que está fazendo. 10 Sua decoração merece ser tratada com matérias de alta qualidade. Não se pode esquecer que nesta vitrina a surpresa é o inusitado, e por consequência causa comentário, o que leva as pessoas observá-la mais atentamente. O interessante desta montagem é que, quando seu resultado final é o esperado, ela tem uma característica, sendo que uma pessoa fala para outra. Só que no caso da vitrine devese tomar cuidado com o "Falem bem, fale mal, mas falem de mim". No nosso caso o único resultado que pode existir é "Falem bem e falem de mim!” (RODRIGUES, 2014). Ainda neste contexto, cabe observar que, para uma vitrina conseguir capturar a atenção dos passantes e dos clientes, deve conter uma estrutura, uma composição para que possa exercer sua função primordial, que é expor e anunciar os produtos e atrair os clientes para a compra. Para Lourenço e Sam (2011, p. 135), “O objetivo é tornar o espaço comercial atraente e facilitar a comunicação das distintas informações.” Tudo é uma questão de ordenar elementos, com a finalidade de evidenciar aquilo que se pretende vender ou anunciar. Tudo está dentro de uma questão de disponibilização dos recursos visuais, audiovisuais e até mesmo olfativos. De acordo, pode-se observar a composição dessa estrutura da seguinte forma: A característica principal da composição está atrelada à quantidade de elementos a serem distribuídos no espaço. Se forem harmoniosamente ordenados, o consumidor, automaticamente, estabelecerá inter-relação de valores, compreendendo a sua utilização e a compatibilidade entre todos eles. [...] Equilíbrio O equilíbrio é a harmonia obtida pela correta disposição dos elementos, a fim de os pesos óticos (aparentes) serem adequados ao espaço. O modo mais simples de se atingir o equilíbrio é distribuindo os elementos compositivos com simetria. [...] Motivo principal Na composição é chamado de “motivo principal” quando um produto ou grupo de produtos expostos [...] for priorizado em relação aos demais, sendo colocado no centro da vitrine. [...] Simetria Denomina-se simetria a distribuição dos elementos, linhas e formas, a partir de um eixo central (eixo imaginário ou centro imaginário no espaço compositivo) que divide o espaço, a fim de os dois lados ficarem equivalentes em formas, volumes, quantidades e cor. (LOURENÇO e SAM, 2011 p. 135 a 137). 11 Dentro dessa perspectiva, pode-se considerar que, uma vitrina bem montada se enquadra como porta de entrada para concretização da venda, desperta desejos e envolve o consumidor com os produtos expostos. No sentido inverso ao proposto, pode afastar os mesmos consumidores que pretende atrair se montada de forma confusa e dispersa. Funciona como uma via de duplo sentido, onde tem o papel de informar aos passantes os produtos que anuncia e de forma recíproca, despertar a necessidade desses produtos nos clientes, onde se cria a conexão e se concretiza a venda através de mecanismos como os que já citamos. Os meios de comunicação são um canal importante de diálogo entre consumidores e produtos, mas, muitas vezes, usam seus recursos para vender qualquer mercadoria, mesmo que de má qualidade. [...] Sendo assim, é preciso ficar atento aos recursos e processos da comunicação com o consumidor para que a mensagem tenha eficácia garantida. (LOURENÇO; SAM, 2011, p. 86). Dá-se destaque ainda à mensagem que a vitrina passa, o que ela pretende falar com o consumidor e levá-lo a saber, pois informação em excesso tende a confundir o consumidor, deixá-lo apreensivo e, por consequência, afastá-lo da loja. Cada vitrina, dependendo da concepção e da época, a ser trabalhada, trata o produto de distintas maneiras, e suas mensagens trazem diversos apelos contidos nos elementos que integram a composição. Podem estar vinculados a tendências, a uma característica específica do produto, assim como possuir um conceito pertinente a uma imagem ou a um determinado público. Vender hoje se tornou um desafio, e, para conquistar o consumidor, é necessário que a mensagem transmitida esteja em sintonia com os produtos oferecidos e que os demais elementos que compõe a vitrina estimulem a compra, facilitando a identificação da marca e do produto. As mensagens têm como intenção atingir públicos específicos, proporcionando benefícios e motivando o máximo possível o consumidor quanto aos seus interesses. Elas devem ser claras, objetivas e diretas (LOURENÇO; SAM, 2011, p. 86 e 87). Ainda, no mesmo sentido, quando existem promoções expostas nas vitrinas, elas devem possuir uma coerência, organização e lógica entre os produtos expostos. De forma alguma se deve amontoar produtos em promoção num só lugar ou todos juntos, é preciso que haja separação e ordem, que a característica de exposição dos itens não mude bruscamente, pois o consumidor não reagirá com as expectativas devidas ao observar os itens em promoção desordenados e amontoados, pois remete um sinal de desigualdade perante os outros produtos 12 da loja. Ainda, temos que é preciso haver definições claras sobre a promoção, produtos, tempo de duração, espaço necessário, preço, quantidades provendo a demanda, material de merchandising etc. Tanto para o varejo, como para a indústria, é preciso criar mecanismos e critérios racionais para aprovar ou reprovar uma promoção. A maioria das promoções é pedida para “ontem”, desprezando-se o tempo mínimo necessário para seleção de pessoal, treinamento, gráfica, entrega etc. Os projetos ainda ficam mais à mesa dos executivos do que na mão dos executantes, que em tempo recorde conseguem o melhor possível, para mais tarde serem cobrados pela “milagrosa eficiência” (BLESSA, 2011, p. 79). Tem-se ainda para Lourenço e Sam (2011) que a vitrina consiste numa mensagem muitas vezes sem nenhum tipo de linguagem escrita, mas que fala diretamente com os consumidores e passantes. Quando partindo para o aspecto emocional, consegue gerar grande influência e impacto, aliando a estrutura de elementos chamativos e expostos de forma coesa, despertando no consumidor interesse em adentrar a loja, ou conforme já mencionado, afastando este mesmo consumidor, devido a uma vitrina mal projetada. Quando estamos caminhando em uma rua ou passando em um shopping center, os motivos que nos levam a parar diante de uma vitrina são muitos. Estão relacionados ao simples fato de admirarmos algo pela forma de expressão, pela atração de estímulos ou ainda pelo tipo de mensagem. A função principal da mensagem nas vitrinas é motivar o observador dando-lhe respostas conectadas com seus interesses. As mensagens podem transmitir informações de várias fontes, advindas dos diferentes meios de comunicação, sejam elas específicas ou não específicas. Podem também ser trabalhadas de forma internacional com objetivos definidos ligados às necessidades da empresa. As vitrinas têm diferentes funções de acordo com a apresentação estética (LOURENÇO; SAM, 2011, p. 90 e 91). Retratando o trecho citado, a vitrina pode ter dois papéis na função informativa, de acordo com Lourenço e Sam (2011), um deles é o papel social, do qual a vitrina absorve e transmite para o público e para os clientes as características da sociedade contemporânea, tem um ponto focal na cultura e nas suas características. Ainda concentra o poder de veicular mensagens relacionadas aos mais diversos temas, tais como: saúde, educação, conscientização social entre outros, ainda, em épocas temáticas, como o natal, dia das mães e outros, transmite o valor da família, mensagens de amor e afeto. 13 Dando continuidade ao pensamento dos autores citados, a vitrina ainda possui a função Emotiva, que se define por ter a capacidade de despertar emoções aos observadores. Ainda, Lourenço e Sam (2011, p. 92) afirmam que “A vitrina com função emotiva tem como característica sensibilizar, focando geralmente em um tema que desperte anseio e atração.” Sendo seduzido pela vitrina, o observador faz compras por impulso, que é o grande objetivo de uma exposição de produtos destinados à venda. Para que a vitrina lance mão dessa função é necessário trabalhar questões relativas à cor, à luz, e ao tema proposto. Uma vitrina que trabalhe com temas comemorativos pode usar a função emotiva. Para isso, pode aproveitar o calendário promocional para desenvolver assuntos desde os mais tradicionais, como vitrinas natalinas, até os mais inusitados, desconhecidos por grande parte do comércio varejista e do público em geral, como o exemplo do Dia do Beijo (13/4), Dia da Ecologia (5/6), Dia do Motociclista (27/7) (LOURENÇO; SAM, 2011, p. 92). Para Blessa (2011), a estrutura de uma vitrina vai muito além da simples disposição dos objetos comercializados pela empresa. Mas sim está ligado diretamente com o psicológico do consumidor, no qual deve conter em sua estrutura elementos capazes de chamar a atenção e despertar o interesse nos consumidores pelos produtos expostos ou oferecidos pela loja. Não obstante, deve condizer com uma estrutura lógica de disposições dos itens e ainda, caso venha a surtir efeito nos passantes, que, em tese, é o princípio lógico da existência da vitrina, dispor de condições e capacidade para finalizar a venda, a exemplo de vendedores treinados, facilidade de acesso aos produtos, preços condizentes com os anunciados e ainda possuir aquilo que se expõe, evitando assim atrair o cliente e perdê-lo por falta de mercadoria ou estrutura. Ainda, todos os meios técnicos visuais empregados na construção da vitrina devem ser pensados como unidades somatórias, um conjunto, que faz com que os resultados sejam inúmeras possibilidades de compreensão e expressão, consoante com a percepção dos clientes. As sutilezas e a distribuição dos elementos precisam abranger com clareza a informação que quer se passar ou deixar transparecer, onde cada elemento da vitrina, quando somado a outro, acrescenta um valor maior do que individual, e ainda gera uma maior capacidade de interpretação de todos os fatores pelos clientes. 3 VITRINE E SUA INFLUÊNCIA NAS VENDAS 14 Para Rodrigues (2006), a vitrina é a pedra angular do processo de vendas, é a essência da conexão entre a loja e o consumidor. Esta conexão é o ponto de partida dos trabalhos relacionados com a estrutura e montagem das vitrinas, discorrendo que uma vitrina bem elaborada tem a capacidade de realizar vendas. De forma completamente direta, este meio de comunicação é responsável por trazer os consumidores até a loja, ainda, despertar a necessidade nestes, o que leva até a concretização das vendas. Observa-se a ação do merchandising de forma intrínseca, que ocorre pela comunicação dentro da loja, consistido numa ação de comunicação que se utiliza de recursos visuais dos mais diversos possíveis, com intuito de conseguir o objetivo de levar o consumidor à compra. Forma-se, assim, um conjunto harmônico com a vitrina, trabalhando em prol do sucesso da organização, de maneira tal que uma atrai o cliente, chamando a sua atenção para os produtos expostos ou pelo estilo da loja, e outro, dentro da loja, guia este consumidor e fortalece o desejo de compra através de mecanismos de comunicação visual. Consoante com o citado observa-se que a vitrina possui uma responsabilidade significativa dentro do volume de porcentagem de vendas das empresas que a utilizam, números importantes que acabam por ter um custo muito menor do que outras vias de comunicação, como por exemplo propagandas em jornais e televisões e, ainda, com resultados expressivos. Verifica-se, portanto, a importância da vitrina no processo decisório de compra do consumidor, deixando claro que possui um papel de extrema importância, confirmando que realmente consegue influenciar no processo de vendas, porém necessita observar e respeitar os quesitos de estrutura elencados neste trabalho para a garantia de sucesso e que possa cumprir corretamente com sua função. 4 CONCLUSÃO Falar em vendas dentro de qualquer empresa que trabalhe com exposição de produtos ao consumidor é diretamente, mesmo que não mencione, falar das vitrinas. Esta ferramenta, quando usada adequadamente, tem um poder de repercussão e de ação muito forte, são declaradamente fatores que impulsionam as vendas, porém, para alcançar determinados resultados, faz-se necessário obedecer a padrões estruturais da loja ou empresa onde estão inseridas, seu público-alvo e as características da região onde se encontra. 15 Ainda, observou-se, no decorrer do estudo, que a vitrina tem o papel de mediador entre a loja e o consumidor, ou o interior e o exterior, pois estas tomam para si características do ambiente onde estão inseridas, suas singularidades e particularidades, transformando assim cada vitrina numa peça única. Portanto, a consolidação de uma marca está ligada diretamente com a comunicação de marketing adotada pela empresa. Faz-se necessário observar que todo sistema de vendas da loja está interligado com a vitrina, e que o consumidor tem a capacidade de observar os elementos visuais que estão interpostos na mesma, considerando que tais elementos devem estar adaptados a seu públicoalvo ou ao tipo de segmento comercial da empresa. Como uma das funções principais da vitrina, está a de atrair os clientes para dentro da loja, cativá-los, despertar o interesse nos transeuntes aos produtos expostos e assim consolidar a venda. Desta forma, destaca-se a importância de uma gestão adequada da vitrina e dos elementos que a compõem, tendo a ciência de que tem o poder de influenciar as decisões dos consumidores, dos quais o presente artigo buscou elencar elementos que facilitassem sua gestão e organização. Através de inúmeras pesquisas, concluiu-se que a vitrina tem um papel de extrema relevância para as empresas, considerada como pedra angular do processo de vendas, é a essência da conexão entre a loja e o consumidor, devido à sua capacidade, quando bem gerida, de elevar consideravelmente o número de vendas, atrair e cativar os consumidores e passantes e informá-los sobre promoções, troca de coleção e qual tipo de produto pode-se encontrar ali. Funciona como um vendedor silencioso, ferramenta de baixo custo e de fácil acesso para a maioria das empresas e que não pode ser desprezada, devido à sua capacidade de se comunicar com os consumidores e de produzir resultados significativos quando bem aplicado. Conclui-se que a vitrina consegue cumprir com outra função, que é a de influenciar a escolha do consumidor e impactar nos resultados das vendas, logo, preenchendo a lacuna da pergunta motivadora deste artigo. REFERÊNCIAS AMATO, Constantino P.; DEMETRESCO, Sylvia. Vitrina: arte ou técnica. 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