qualidade de vida no trabalho de docentes universitários

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FÓSFORO: FUNÇÃO, METABOLISMO E RECOMENDAÇÕES
PHOSPHORUS: FUNCTION, METABOLISM AND RECOMMENDATION
TATIANA COURA OLIVEIRA
Docente do Curso de Nutrição do Centro Universitário do Leste de Minas Gerais – UnilesteMG
E-mail: [email protected]
RESUMO
Os minerais são elementos inorgânicos amplamente distribuídos na natureza e que, no
organismo, desempenham uma variedade expressiva de funções metabólicas que incluem
ativação, regulação, transmissão e controle. O fósforo constitui aproximadamente 1% do peso
corpóreo do ser humano, estando presente principalmente na forma de PO4 -3. Cerca de 90%
do fósforo encontra-se nos ossos. O restante relaciona-se a uma série de funções metabólicas,
sendo metade dessa quantidade encontrada nos músculos. As principais funções do fósforo
relacionam-se com a mineralização óssea e dos dentes, mas também participa do metabolismo
energético. É importante ainda na absorção e no transporte de nutrientes, na regulação da
atividade protéica e no balanço ácido-básico. Assim este artigo se propôs a apresentar uma
revisão sobre o fósforo, considerando sua função, metabolismo e recomendações de acordo
com as Dietary Reference Intakes, para diferentes faixas etárias, estados fisiológicos e gênero.
Palavras-chave: fósforo, Ingestão Dietética de Referência, deficiência, biodisponibilidade
ABSTRACT
The minerals are inorganic elements widely distributed in the nature and play an expressive
variety of metabolic functions in the organism activation, regulation, transmission and
control. Phosphorus approximately constitutes 1% of the corporeal weight of the human
beings, and it is present mainly as PO4-3. About 90% of the phosphorus is found in the bones.
The rest is related to many metabolic functions, and half of this amount is found in the
muscles. The main functions of phosphorus are related to the bone and teeth mineralization,
but it also takes place in the energy metabolism. It is important in the absorption and transport
of nutrients, in the regulation of the protein activity and in the acid-basic balance. The purpose
of this article is to present a review of phosphorus considering its functions, metabolism and
recommendations, according to Dietary References Intakes, for different ages, physiological
conditions and gender.
Key words: phosphorus, Dietary References Intake, deficiency, bioavailability.
NUTRIR GERAIS – Revista Digital de Nutrição – Ipatinga: Unileste-MG, V. 1 – N. 1 – Ago./Dez. 2007.
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INTRODUÇÃO
A necessidade de uma alimentação balanceada e suficiente para garantir o crescimento
e o desenvolvimento normal dos seres humanos sempre foi motivo de pesquisa. Assim,
padrões de referência nutricional buscam identificar as quantidades de nutrientes necessárias à
alimentação de indivíduos saudáveis ou não.
Desde a década de 40 diversos pesquisadores, reunidos inicialmente nos Estados
Unidos e Canadá por meio da Food and Nutrition Board (FNB) e pelo National Research
Council (NRC), vêm realizando levantamentos nutricionais com o intuito de estabelecer
recomendações dietéticas (PADOVANI et al., 2006).
A primeira Recommended Dietary Allowances (RDA) surgiu em 1941, estava
direcionada à população americana e possuía valores recomendados para energia e proteína,
alguns minerais como ferro e cálcio e vitaminas A e D, tiamina, riboflavina e os ácidos
ascórbico e nicotinamínico (SANTOS et al., 2005).
Em 1989 foi publicada a décima edição da RDA e a partir da década de 90, mais
precisamente 1997, a FNB e o Institute of Medicine (IOM) deram início ao desenvolvimento
de um conjunto de valores de referência para nutrientes que abrangiam recomendações e
limites toleráveis de ingestão. Este conjunto de recomendações recebeu o nome de Dietary
Reference Intake (DRI) e é constituído dos seguintes conceitos: Adequate Intake – AI
(ingestão adequada), Estimated Average Requiremente – EAR (necessidade média estimada),
Recommended Dietary Allowances – RDA (cota diária recomendada) e Tolerable Upper
Intake Levels – UL (nível de ingestão máxima tolerável (IOM, 1997; IOM, 2006;
COZZOLINO, 2007).
A AI é baseada em níveis de ingestão derivados experimentalmente ou por
aproximação da média de ingestão do nutriente por um grupo (ou grupos) de indivíduos
aparentemente saudáveis, que mantêm um estado nutricional definido ou determinado critério
de adequação (crescimento normal, manutenção de níveis normais de nutrientes no plasma, e
outros aspectos de adequação nutricional ou estado geral de saúde). É utilizada quando não
existem informações suficientes para estabelecer a EAR e conseqüentemente a RDA. Esperase que a AI exceda a RDA em um critério específico de adequação. Na ausência de RDA, a
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AI é utilizada como meta de ingestão individual (PADOVANI et al., 2006; COZZOLINO,
2007).
A EAR representa o valor estimado de ingestão de um nutriente para cobrir a
necessidade de 50% dos indivíduos saudáveis de determinada faixa etária, estado fisiológico e
sexo.
A RDA refere-se ao nível de ingestão suficiente para cobrir as necessidades de quase
todos os indivíduos saudáveis (97 a 98%) em determinada faixa etária, estado fisiológico e
sexo. A RDA é feita individualmente, sendo RDA = EAR + 2 DPEAR. Se não houver dados
suficientes para estimar o desvio-padrão da ingestão, ou se o desvio-padrão relatado na
literatura for inconsistente, assume-se um coeficiente de variação (CV) de 10% ou 15% para a
maioria dos nutrientes (SANTOS et al., 2005).
A UL é o nível mais alto de ingestão diária do nutriente isento de efeitos adversos à
saúde para quase todos os indivíduos da população (MARCHIONI et al., 2004;
COZZOLINO, 2007).
Tendo em vista que algumas estratégias de combate às deficiências nutricionais
incluem a fortificação de alimentos com minerais ou mesmo o uso de suplementação em
populações de risco e considerando-se o delicado elo da biodisponibilidade entre minerais,
principalmente quanto ao fósforo e ao cálcio, o objetivo deste trabalho foi fazer uma
discussão sobre o fósforo, dando ênfase as recomendações de acordo com as DRIs, sua
função, metabolismo e sua inter-relação com o cálcio.
MÉTODOS
Realizou-se um levantamento bibliográfico em bases de dados eletrônicos ou não, com
o objetivo de identificar estudos publicados nos últimos anos, que apresentassem dados sobre
fonte, metabolismo, recomendação e interações do fósforo. A revisão de literatura foi
realizada utilizando-se para a base de dados eletrônica os termos “phosphorus intake,
phosphorus deficiency, Dietary Reference Intake, phosphorus/calcium balance”.
FONTES ALIMENTARES
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O fósforo (P) é amplamente distribuído na natureza, sendo encontrado em todas as
células, o que significa que todas as fontes alimentares (vegetais ou animais) são potenciais
fontes de fósforo. É encontrado também em bebidas carbonatadas na forma de fosfato. Assim,
pode-se considerar rara sua deficiência primária (BOUR et al., 1976).
Está intimamente associado ao cálcio (Ca) na nutrição humana, sendo chamado de seu
gêmeo metabólico. Para ajudar a manter o equilíbrio normal sérico Ca/P, as quantidades
desses minerais na dieta devem ser equilibradas na proporção de 1:1. Os fatores que
favorecem ou dificultam a absorção do fósforo são praticamente os mesmos que atuam na
absorção do cálcio (CALVO, 1988).
De maneira geral, sua biodisponibilidade é maior nos produtos de origem animal
(70%) do que nos de origem vegetal, é encontrado principalmente como composto orgânico e
quando hidrolisado no trato gastrintestinal, libera fósforo inorgânico que fica disponível para
absorção (SHAPIRO e HEANEYB, 2003).
Diversos alimentos são fontes de fósforo, mas merecem destaque os alimentos
protéicos de origem animal, principalmente as carnes vermelhas e brancas, víceras e produtos
lácteos, no leite, a biodisponibilidade pode variar de 65 a 90%, sendo mais biodisponível no
leite humano que no de vaca (COZZOLINO, 2007).
Na composição de uma dieta ocidental, aproximadamente 65% do fósforo é
proveniente das fontes protéicas animais; 20 % dos cereais e leguminosas; 10 % das frutas e o
restante de bebidas carbonatadas (SHAPIRO e HEANEYB, 2003). Verificam-se na Tabela 1
alguns alimentos fontes de fósforo.
Tabela 1 – Alimentos ricos em fósforo usualmente consumidos.
Alimentos
Peso (g)
Fósforo (mg)
Sardinha
100
425
Iogurte desnatado
100
144
Carne de porco cozida
100
228
Bife bovino
100
221
Soja assada
100
649
Ervilha verde cozida
100
90
Fonte: Adaptado de COZZOLINO, 2007.
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Indivíduos vegetarianos precisam de uma criteriosa avaliação da biodisponibilidade do
fósforo dietético, porque nos cereais, leguminosas, hortaliças e frutas o fósforo se encontra
principalmente na forma de ácido fítico, hexafosfato de mioinositol, um potencial formador
de quelatos (TZAPHIDOUA e ZAICHICK, 2002). Este por sua vez, é muito pouco digerido
no trato gastrintestinal humano, pois o homem não possui fitase, uma enzima necessária para
degradar e liberar o fósforo do fitato. Por isso ressalta-se importante a presença de seres
procariotas (leveduras e bactérias) na alimentação humana por promoverem o crescimento de
massas e por liberar seu conteúdo fosfórico, uma vez que contêm fitase (MECHICA, 1999).
O estudo multicêntrico realizado pelo Instituto Nacional de Alimentação e Nutrição
(INAN, 1990) observou uma diferença na ingestão de fósforo na dieta do brasileiro. O
consumo de fósforo dietético variava em função da renda per capita familiar, mesmo assim
verifica-se a uma abundância em seu consumo (Tabela 2).
Tabela 2 – Adequação da ingestão de fósforo de acordo com a renda per capita familiar.
Renda familiar (salários mínimos)
Até 0,5
> 10,1
Adequação no consumo de fósforo (%)
71 a 110
154 a 235
Fonte: INAN, 1990
FUNÇÃO E METABOLISMO
O fósforo tem a função de tamponar sistemas ácidos ou alcalinos, auxiliando na
manutenção do pH, no armazenamento temporário de energia provinda do metabolismo de
macronutrientes, na forma de ATP, além de ser responsável pela ativação, por meio da
fosforilação de diversas cascatas enzimáticas (COZZOLINO, 2007).
Numa dieta mista, cerca de 60 e 70% do fósforo é absorvido. A absorção ocorre ao
longo de todo o intestino, sendo maior no jejuno, menor no duodeno e mínima no íleo
(KAYNE et al., 1993; LOGHMAN-ADHAM, 1993).
O transporte do fósforo acontece através das microvilosidades intestinais envolve um
componente ativo transcelular e um componente difusional dependente de concentração
(HARRISON e HARRISON, 1961; LEE et al., 1986). O mais importante é o transporte ativo,
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dependente do gradiente de sódio, co-transporte (BERNER et al., 1976). O componente
difusional independente de sódio representa 30 a 50% da absorção total (BOROWITZ e
GHISHAN, 1989).
A absorção de fósforo é proporcional à sua ingestão, quando esta se encontra dentro de
valores normais. Entretanto, quando o aporte dietético de fósforo é reduzido, ocorre um
aumento na eficiência absortiva e, quando este se encontra elevado, a absorção diminui. Essa
resposta adaptativa ao fósforo dietético é específica do co-transporte sódio/fósforo
(LOGHMAN-ADHAM, 1993).
Aproximadamente 90% do fósforo absorvido é excretado por via renal, sendo essa
excreção mediada pelo paratormônio (PTH) e quando seus níveis plasmáticos encontram-se
abaixo de 2,5 mg/dL, em decorrência de uma anormalidade qualquer, instala-se um quadro de
hipofosfatemia (LOTSCHER et al., 1996).
Em um adulto normal, com taxa de filtração glomerular de 120 mL/min e com
ingestão normal de fósforo, aproximadamente 7.000 mg de fósforo são filtrados por dia.
Cerca de 90% do fósforo filtrado é reabsorvido pelos túbulos e aproximadamente 12% é
excretado na urina (LEMANN, 1993). O túbulo proximal é o maior sítio de reabsorção de
fósforo. Entre 60 a 70% da carga filtrada de fósforo é reabsorvida no túbulo proximal e 10 a
20% nos segmentos mais distais do néfron (STRICKLER et al., 1964; KNOX et al., 1977).
O transporte renal de fósforo é regulado por fatores hormonais e dietéticos. O principal
hormônio envolvido nessa regulação é o PTH. Na presença de níveis elevados de PTH, o
limiar da concentração plasmática na qual ocorre a máxima reabsorção de P em relação à
filtração glomerular (TmP/TFG) diminui. Esse fato está associado com uma redução no
transporte na membrana da borda em escova (EVERS et al., 1978). Os detalhes moleculares
da ação do PTH no transporte renal de fósforo ainda não foram totalmente compreendidos.
À medida que os níveis séricos de fósforo plasmático aumentam, ocorre uma elevação
nos mecanismos de filtração e a reabsorção de fósforo, sendo o mecanismo reabsortivo
rapidamente saturado e a excreção aumentada em proporção à carga filtrada. A concentração
plasmática na qual ocorre a máxima reabsorção de fósforo em relação à filtração glomerular é
muito próxima da concentração plasmática de fósforo no jejum, indicando que a regulação
renal de fósforo sucede em uma estreita faixa (SUKI e ROUSE, 1996).
A ingestão dietética de fósforo influencia sua reabsorção e excreção, a reabsorção
torna-se aumentada em animais submetidos a uma dieta restrita em fósforo e diminuída
quando o conteúdo de fósforo dietético está elevado. A adaptação tubular ao fósforo dietético
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é independente do PTH ou da calcitonina, uma vez que tal adaptação também é encontrada
em animais tireoparatiroidectomizados (CZAJKWSKI et al., 2003).
Os metabólitos da vitamina D, especialmente o mais potente deles, o 1,25-dihidroxicalciferol ou calcitriol, promovem aumento da absorção de fósforo, por mecanismo
ativo, tanto em indivíduos normais quanto em pacientes urêmicos (DANISI et al., 1990;
BUSHINSKY et al., 1985). Em ratos, a administração de 1,25-di-hidroxicalciferol aumentou
a absorção de fósforo em todos os segmentos do intestino delgado. O maior efeito, contudo,
ocorreu no jejuno (ALLEN e WOOD, 1994). O PTH, por outro lado, parece exercer efeito
indireto na regulação da absorção intestinal de fósforo através da estimulação da síntese renal
de 1,25-di-hidroxicalciferol (RIZZOLI et al., 1977).
Essa capacidade tubular adaptativa ocorre a partir de mudanças no componente ativo
de transporte de fósforo dependente de sódio, não acontecendo alterações no transporte
passivo. Este último, entretanto, representa menos de 10% da taxa de transporte total de
fósforo (CHENG et al., 1983; BARRETT et al., 1990; CZAJKWSKI et al., 2003).
Os efeitos do fósforo dietético no seu transporte renal refletem-se em alterações na
taxa máxima de transporte (Vmax) do co-transporte de sódio/fósforo (Na/P), sem
modificações na afinidade do transportador por fósforo, o que sugere um aumento no número
ou no turnover dos transportadores na membrana da borda em escova (KEMPSON, 1985).
A adaptação renal à restrição de fósforo envolve duas fases distintas: uma fase precoce
e outra crônica. A primeira ocorre rapidamente, entre 2 a 4 horas, é precedida por uma
redução na concentração de fósforo sérico, é independente de PTH e não requer síntese
protéica. A fase crônica leva vários dias para se completar e requer novamente a síntese de cotransportadores (LOTSCHER, 1996). Em ratos idosos, a adaptação renal à restrição de fósforo
está prejudicada e parece estar associada a alterações na composição e fluidez da membrana
lipídica da borda em escova, que ocorre com a idade e também com uma diminuição da
atividade e quantidade de co-transportadores Na/P (LEVI et al., 1989; SORRIBAS et al.,
1996).
O aumento adaptativo no transporte intestinal de fósforo dependente de sódio, em
resposta à restrição dietética, pode ocorrer precocemente, ou seja, 48 horas após o início da
dieta restrita (LOGHMAN-ADHAM, 1997). O papel da 1,25(OH)2D3 nessa resposta
adaptativa ainda é controvertido, visto que estudos in vitro demonstraram que vesículas da
membrana estriada das vilosidades intestinais de ratos eutróficos ou com deficiência induzida
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de vitamina D, apresentaram aumento adaptativo similar para absorção de fósforo em resposta
à dieta restrita (DANISI et al., 1990).
ADEQUAÇÃO DA NECESSIDADE DE FÓSFORO SEGUNDO FASES DA VIDA,
GÊNERO E GRUPO
No passado, não foram usados indicadores para a recomendação de fósforo. Ao
contrário, estas recomendações foram associadas às recomendações de cálcio, normalmente
em base equimolar (IOM, 2006). Nas DRIs os dois indicadores considerados para a
determinação da EAR foram: balanço do fósforo no organismo e valores fisiológicos de
fósforo sérico. Embora equilíbrio de fósforo possa parecer ser um indicador lógico de
suficiência nutricional, ele não é isoladamente o critério mais adequado, pois um adulto pode
estar com ingestão inadequada e ainda assim manter seu nível sérico dentro da normalidade
(PADOVANI et al., 2006; COZZOLINO, 2007).
Mesmo durante crescimento, o equilíbrio será positivo em proporção direta para
tecidos magros e acumulação óssea, mas o grau de equilíbrio positivo ou será limitado pela
programação genética ou por disponibilidade de outros nutrientes.
Com relação ao nível de fósforo sérico, há uma exigência clara e absoluta durante
crescimento. Assim, o menor nível estabelecido para fósforo sérico é 2,5 a 2,8 mg/dl. Para
uma evidência clara de deficiência orgânica de tecido ósseo ou magro, o nível de P sérico
deverá estar entre 0,9 a 1,6 mg/dl (PADOVANI et al., 2006).
Não há nenhum critério funcional para a recomendação de fósforo dietético do
nascimento até os 12 meses de idade. A recomendação de fósforo está baseada no crescimento
saudável de crianças alimentadas exclusivamente com leite materno e consideram-se os
valores encontrados no leite materno, os valores séricos, equilíbrio entre ingestão, utilização e
excreção como métodos determinantes da ingestão adequada deste mineral (COZZOLINO,
2007).
LEITE MATERNO
O leite materno é uma ótima fonte alimentar para crianças ao longo do primeiro ano de
vida e como fonte nutricional exclusiva durante os primeiros 4 a 6 meses de vida (IOM,
1997). Além disso, não existe nenhuma evidência de que uma criança nascida a termo,
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alimentada exclusivamente com leite materno, tenha manifestado qualquer evidência de
deficiência de fósforo (EVERTS et al.,1998). A Tabela 3 apresenta a composição de fósforo e
a razão molar entre fósforo e cálcio de diferentes fontes alimentares infantis.
Tabela 3 – Conteúdo de fósforo e relação molar Ca/P na alimentação infantil.
Alimento
Leite materno (1ª semana)
Leite materno (4ª semana)
Leite materno (16ª semana)
Fórmula infantil (leite de vaca)
Fórmula infantil (soja)
Leite de vaca integral
Fósforo mmol/L
5,1 ± 0,9
4,8 ± 0,8
3,9 ± 0,5
12
15
30
Razão cálcio/fósforo
1,3:1
1,4:1
1,5:1
1:1
1,2:1
1:1
Fonte: IOM, 1997.
Então, a consideração do AI para fósforo em crianças está baseada em dados de
crianças saudáveis, a termo, alimentadas com leite humano durante o primeiro ano de vida.
Destaca-se que a reduzida concentração de fósforo encontrado no leite materno é benéfica ao
recém nascido, uma vez que induz uma diminuição no pH fecal podendo levar a uma redução
na flora patogênica intestinal (COZZOLINO, 2007).
FÓSFORO SÉRICO
Usando a criança a termo, alimentada com leite materno, como descrito anteriormente
deve possuir valores de fósforo sérico entre 5,8 e 7,5 mg/dL. Esta variação é decorrente da
queda dos níveis séricos durante as primeiras 6 semanas de vida (GREER e GARN, 1982). As
razões desse declínio nas crianças são o aumento do ritmo de filtração glomerular
(CZAJKWSKI et al., 2003), o declínio na concentração de fósforo em leite materno com
avançar lactação e, possivelmente uma resposta inadequada do PTH para o fósforo sérico
durante o princípio da vida de neonatal (DeVIZIA e MANSI, 1992).
EQUILÍBRIO
A ingestão de 102 mg/dia de fósforo obtida por meio do leite humano, em crianças
saudáveis, fornece um balanço positivo de fósforo; com uma eficiência de 85% na absorção e
uma retenção líquida de 59 mg/dia (FOMON e NELSON, 1993).
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CRESCIMENTO
São calculados incrementos de fósforo corporal durante os primeiros 6 meses de vida,
variando de 11 a 28 mg/dia; quantidade esta facilmente obtida do leite materno (FOMON e
NELSON, 1993).
AI PARA CRIANÇAS DE 7 A 12 MESES
Baseando-se nos estudos de Dewey et al., (1987), a ingestão média de 600 mL/dia de
leite por crianças forneceria 75 mg/dia. Então, para se determinar a ingestão de fósforo nesta
faixa etária torna-se necessário estimar a contribuição da alimentação complementar.
Specker et al., (1997) mostraram que 40 crianças com idades entre 9 e 12 meses,
alimentadas com uma fórmula-padrão e alimentos complementares tiveram ingestão de 151
mg e 255 mg/dia de fósforo, respectivamente. Este resultado está de acordo com o obtido pelo
NHANES II (1976 – 1980) que após análise de recordatório de 24 horas de crianças de 7 a 12
meses, verificou uma ingestão dietética média de 155 a 186 mg/dia (MONTALTO e
BENSON, 1986). Assim a AI é dada na Tabela 4.
Tabela 4 – Ingestão Adequada para crianças de 0 a 12 meses.
Idade (meses)
Quantidade recomendada (mg/dia)
0a6
100
7 a 12
275
Fonte: IOM, 1997.
NECESSIDADE ESTIMADA PARA CRIANÇAS DE 1 A 3 ANOS
Em razão da inexistência de dados sobre o fósforo sérico ou balanço fosfórico e das
limitadas informações sobre o conteúdo mineral de crianças nesta faixa etária, um indicador
substituto foi adotado (IOM, 1997).
A estimativa do crescimento corporal foi usada baseando-se no conhecimento da
composição dos tecidos e na razão de crescimento. O conteúdo fosfórico dos tecidos ósseos
aumenta gradativamente com a idade (FOMON et al., 1982). O valor obtido para acréscimo
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de fósforo em massa magra e tecidos ósseos é amparado por estimativas de retenção de
fósforo, 10 g/kg de peso corporal adquirido, derivados de estudos de balanço em indivíduos
com idades entre 4 e 12 anos, corrigido pela média do ganho de peso para crianças de 1 a 3
anos (FOMON et al., 1982).
Quando meninos e meninas são avaliados, um total de 2,36 kg de peso é adquirido
neste período. Assim, ocorre um incremento total de fósforo de 23,6 g e que exige um
acréscimo diário de fósforo seja de 62 mg. Para se obter a EAR, os especialistas empregaram
um modelo fatorial com valor derivado para acréscimo de fósforo, o conhecimento sobre o
aumento do fósforo urinário relacionado ao seu consumo originou uma equação para adultos.
Uma aproximação foi desenvolvida para crianças. Usando a equação: Purinário = 1,73 +
0,512 x Pingerido, sendo o valor ingerido de 310 mg, chegou-se a um valor de Purinário de 54
mg. Para uma estimativa conservadora da eficiência da absorção de fósforo de 70% poder-seia utilizar a equação: EAR = acréscimo + perdas urinárias / fração da absorção. Assim a EAR
de fósforo para crianças de 1 a 3 anos é de 380 mg /dia (IOM, 1997).
COTA DIÁRIA RECOMENDADA PARA CRIANÇAS DE 1 A 3 ANOS
As necessidades não puderam ser determinadas a partir dos dados científicos
disponíveis. Assim, um coeficiente de variação (CV) de 10% foi usado, resultando na RDA
de 460 mg/dia (IOM, 1997).
NECESSIDADE ESTIMADA PARA CRIANÇAS DE 4 A 8 ANOS
O método de aproximação fatorial baseada no critério de substituição do acréscimo de
fósforo nos ossos e tecidos foi o mesmo para crianças de 4 a 8 anos. Ao se calcular o
acréscimo de fósforo neste intervalo de idade, evidenciou-se que não há grande diferença no
acúmulo de fósforo entre crianças de 4 a 6 e 6 a 8 anos. Isso forneceu o suporte para unir as
idades em termos de necessidade de fósforo (IOM, 1997).
O valor médio global de fósforo necessário para meninos é de 62mg/dia. O valor de
40,8 mg/dia para meninas reflete as diferenças na quantidade de tecidos ósseos de massa
magra entre os sexos neste intervalo de idade. O valor derivado para acréscimo de fósforo em
tecidos magros e ósseos é sustentado por estimativas de retenção de fósforo de estudos de
balaço em crianças de 4 a 12 anos, no qual a retenção de 10 g/kg foi aplicada para se calcular
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a média de ganho de peso a mais no intervalo de idade. Para meninos aproximadamente 2,5
kg são adquiridos a cada ano. Assim, o total em incremento será de 21,6 g, ou seja, 60 mg e
62 mg/dia para meninos e meninas, respectivamente (IOM, 1997).
As estimativas são similares às calculadas pela soma do acréscimo de fósforo nos
compartimentos corporais. Para a estimativa fatorial da EAR em crianças de 4 a 8 anos,
utilizando-se a quantidade previamente estimada para crianças de 1 a 3 e um acréscimo de 62
mg/dia, resultando num valor de EAR de 405 mg/dia (COZZOLINO, 2007).
COTA DIÁRIA RECOMENDADA PARA CRIANÇAS DE 4 A 8 ANOS
A variação nos requerimentos também não pôde ser determinada pelos dados
disponíveis. Assim um CV de 10% foi utilizado, resultando em uma RDA de 500 mg/dia
(COZZOLINO, 2007).
NECESSIDADE ESTIMADA PARA INDIVÍDUOS DE 9 A 18 ANOS
Durante o período de rápido crescimento da adolescência baseou-se a estimativa da
necessidade de fósforo através da observação do balanço do crescimento. Poucos estudos de
balanço têm sido ou foram conduzidos sobre este tema neste grupo. A insuficiência de dados
leva à mesma aproximação usada para calcular crescimento tecidual de crianças de 1 a 8 anos.
A ingestão necessária de fósforo para o crescimento ósseo e de tecidos pode ser calculada e
ajustada pela excreção e reabsorção urinária (IOM, 1997).
A limitação das aproximações desta categoria ocorre porque valores de crescimento
tecidual em adolescentes com mais de 14 anos não estão disponíveis. Assim predizer as
necessidades para adolescentes mais velhos poderia não ser o mais adequado (IOM, 1997).
Slemenda et al., (1994) observaram que ocorria em crianças brancas com idade entre 6
e 14 anos um aumento do peso de 10,9 ± 0,9 kg durante a puberdade, enquanto na póspuberdade este aumento era de 6,98 ± 4,54 kg. Sendo a razão de crescimento maior e mais
tardia em meninos do que meninas, o ganho de peso durante este período chegou a ser
aproximadamente 50 % do ideal do peso adulto.
O ganho de massa magra foi determinado pela subtração da gordura do total do ganho
de peso. A porcentagem da gordura corporal foi de 14,2 para meninos com 13,2 anos, e 20,2
para meninas com média de idade de 10,5 anos (SLEMENDA et al., 1994). O ganho de tecido
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ósseo foi baseado em estudo com adolescentes canadenses, os meninos apresentaram pico de
mineralização óssea com 13,3 anos em média e um incremento de fósforo 320 g/ano e
enquanto que as meninas apresentaram o pico de mineralização aos 11,4 anos em média com
um incremento de 240 g/ano. Considerando um conteúdo de mineralização óssea de 19 % e
0,23 % para ossos e tecidos respectivamente, a necessidade diária de fósforo durante o ápice
no crescimento é de aproximadamente 200 mg/dia para meninos e 150 mg/dia para meninas
(PENNINGTON, 1990).
Considerando-se que uma ingestão de 1000 mg/dia de fósforo prediz uma excreção
urinária de 565 mg/dia. Quando o fósforo urinário é adicionado à média do fósforo acumulado
para ambos os sexos (175mg), tem-se a necessidade dietética de 740 mg/dia (PENNINGTON,
1990).
A eficiência absortiva avaliada em poucos estudos de balanço realizados com este
grupo variou de 60 a 80 % (GREGER et al., 1978). Isto consiste num montante de absorção
com eficiência de 60 a 65% encontrado nos adulto. Usando o valor médio da eficiência da
absorção de 70%, a ingestão de fósforo pra cobrir o acréscimo tecidual e as perdas urinárias
seria de 1055 mg/dia para ambos os sexos. A EAR neste caso é de 1.055 mg/dia (IOM, 1997).
COTA DIÁRIA RECOMENDADA PARA INDIVÍDUOS DE 9 A 18 ANOS
A variação nos requerimentos não pode ser determinada pelos dados disponíveis,
portanto adotou-se um CV de 10%, o que resultou numa RDA de 1.250 mg/dia (IOM, 1997).
NECESSIDADE ESTIMADA DE INDIVÍDUOS 19 A 50 ANOS
A extrapolação de fósforo absorvido de acordo com o fósforo ingerido está baseada
em eficiência de absorção de 60 a 65 % valor este observado em estudos com adultos que
usavam dietas mistas (IOM, 1997). Desta forma, a EAR é descrita na Tabela 5.
Tabela 5 – Necessidade Média Estimada para indivíduos de 19 a 50 anos.
Idade
19 a 30
31 a 50
EAR mulheres e homens
580 mg (18.7 mmol)/dia
580 mg (18.7 mmol) /dia
Fonte: IOM, 1997.
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COTA DIÁRIA RECOMENDADA PARA INDIVÍDUOS DE 19 A 50 ANOS
Utilizando-se um CV de 10% divido à insuficiência de dados, obteve-se a RDA de 700
mg/dia (IOM, 1997)
NECESSIDADE ESTIMADA DE INDIVÍDUOS COM IDADE MAIOR OU IGUAL A
51 ANOS
Dados específicos para esta faixa etária não são encontrados, também não se conhece a
eficiência de absorção intestinal para fósforo, mas acredita-se que deva mudar
apreciavelmente. Assim considerou-se razoável adotar a mesma EAR de fósforo dos adultos
jovens para os adultos mais velhos. Sendo então a EAR estabelecida de 580 mg/dia (IOM,
1997).
COTA DIÁRIA RECOMENDADA PARA INDIVÍDUOS COM IDADE MAIOR OU
IGUAL HÁ 51 ANOS
Adotou-se um CV de 10%, considerando-se uma RDA de 700 mg/dia, para homens e
mulheres com idade igual ou superior aos 51 anos (IOM, 1997).
NECESSIDADE MÉDIA ESTIMADA DURANTE A GESTAÇÃO
O conteúdo de fósforo no organismo de uma criança a termo é de 17,1 g (FOMON et
al., 1982). Algumas adaptações fisiológicas no organismo materno favorecem a absorção
intestinal de cálcio e conseqüentemente também a de fósforo (EVERTS et al., 1998).
Estudo realizado em 24 mulheres grávidas demonstrou que o balanço de fósforo
positivo aumentava com a progressão da gestação (HEANEY e SKILLMAN, 1971). A
absorção líquida de fósforo calculada nestas mulheres foi de 70%, enquanto a de mulheres
não-gravidas é de 60 a 65% (HEANEY e RECKER, 1982; CZAJKWSKI et al., 2003).
Não há, até o momento, evidência da necessidade de um aumento do nível
recomendado ou RDA de não-grávidas para grávidas. Considera-se o aumento da eficiência
absortiva de 10%, durante a gestação, suficiente para prover o fósforo necessário para o
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crescimento fetal (HEANEY e SKILLMAN, 1971). Assim, a EAR a RDA do fósforo durante
a gestação são descritos nas Tabelas 6 e 7, respectivamente.
Tabela 6 – Necessidade Média Estimada durante a gestação.
Idade (anos)
EAR Gestação (mg/dia)
14 a 18
1.055
19 a 50
580
Fonte: IOM, 1997
Tabela 7 – Cota Diária Recomendada durante a gestação.
Idade (anos)
14 a 18
19 a 50
RDA Gestação (mg/dia)
1.250
700
Fonte: IOM, 1997
INGESTÃO MÁXIMA TOLERÁVEL
Sabe-se que altas doses de fosfato, como aditivo alimentar, podem interferir na
absorção de ferro, cobre e zinco, porém os efeitos descritos na literatura são pequenos (BOUR
et al., 1976). Não obstante, nota-se nos últimos anos uma tendência para uso aumentado de
variedade de produtos alimentícios ricos em fósforo, o que pode causar alguma interferência
em indivíduos suscetíveis (CALVO e KUMAR, 1996). Assim, verifica-se na Tabela 8 os
valores máximos toleráveis para ingestão oral.
Tabela 8 – Nível Máximo de Ingestão Tolerável em diferentes estágios fisiológicos.
Idade (anos)
1a8
9 a 18
19 a 70
> 70
Gestação
Lactação
UL (g/dia)
4,0
3,0
4,0
3,0
3,5
4,0
Fonte: IOM, 1997
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RELAÇÃO CÁLCIO-FÓSFORO
Um dos fatores que interferem na biodisponibilidade dos minerais diz respeito às
interações que ocorrem entre eles (; BREMNER e BEATTIE, 1995; COZZOLINO, 2007). As
interações entre minerais podem ocorrer de forma direta ou indireta. As interações diretas são
geralmente fenômenos competitivos que ocorrem durante a absorção intestinal ou utilização
tecidual, enquanto as indiretas ocorrem quando um mineral está envolvido no metabolismo do
outro, de modo que a deficiência de um acarreta prejuízo de função do outro (COUZI et al.,
1993).
Os efeitos do cálcio no metabolismo do fósforo foram estudados em adultos
utilizando-se 200, 800 e 2.000 mg/dia de cálcio e 200 e 800 mg/dia de fósforo. A adição de
diferentes quantidades de cálcio levou a uma significante diminuição na excreção urinária de
fósforo e a um aumento na excreção fecal de fósforo (SPENCER et al., 1984).
A ingestão de 1000 mg de cálcio numa dieta contendo 372 mg de fósforo reduz sua
absorção de 70 para 31%. Também o alto conteúdo de fósforo em fórmulas infantis usadas
para garantir o crescimento de prematuros pode reduzir a absorção de magnésio
(TZAPHIDOUA e ZAICHICK, 2002).
Al-Masri (1995) estudou a absorção e excreção endógena de fósforo em frangos
alimentados com dieta contendo diferentes relações Ca:P (1:1; 1,5:1; 2:1 e 2,5:1) e observou
que quanto maior esta proporção, menor eram a absorção e a excreção endógena e maior a
retenção do fósforo. Uma diminuição na absorção aparente do fósforo também foi
evidenciada em ratos suplementados com 2, 4, 6 e 8 g/kg de ração de cálcio (WALTER et al.,
2000). Assim, observa-se que o elevado conteúdo de cálcio numa refeição pode inibir a
absorção de fósforo (SCHILLER et al., 1989).
Devido à relação entre deficiência de cálcio e osteoporose, a suplementação deste
mineral tem sido utilizada em mulheres adultas com vistas a minimizar ou mesmo prevenir
possíveis perdas ósseas associadas à idade (DAWSON-HUGHES et al., 1986).
Diversos produtos alimentícios têm sido fortificados com cálcio, especialmente
produtos para pequenas refeições como biscoitos, bolos, leite e derivados lácteos (WOOD e
ZHENG, 1997). Entretanto, um potencial efeito adverso do cálcio quando oferecido com a
refeição é a diminuição na absorção de minerais traços. Ingestões elevadas de cálcio podem
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conduzir a uma diminuição na absorção de ferro, fósforo e zinco (ARNAUD e SANCHEZ,
1996).
O consumo de cálcio nos EUA tem aumentado substancialmente durante a última
década e alcançou níveis alarmantes. Em 1999 foram produzidos 119 novos produtos
fortalecidos em cálcio e introduzidos em aproximadamente 20 milhões de casas norteamericanas (SHAPIRO e HEANEYB, 2003). O carbonato de cálcio é atualmente usado como
fonte de cálcio em suplementos e produtos fortificados (COZZOLINO, 2007).
O uso limitado de suplementos de fósforo é em grande parte atribuível à ocorrência
onipresente, de fósforo natural na dieta norte-americana e ao consumo aumentado de fosfato
em bebidas, além disso, apesar da conclusão do IOM que o consumo de fósforo nos Estados
Unidos não afeta adversamente a saúde óssea, ainda permanecem preocupações de que um
alto consumo de fósforo adicionado a um baixo consumo cálcio pode causar hiperfosfatemia e
hipocalcemia, com aumento conseqüente da atividade da paratireóide, conduzindo a baixa
densidade óssea e suscetibilidade para fraturas (CERKLEWSKI, 2005).
Embora o consumo comum de fósforo no EUA geralmente seja considerado adequado,
possíveis deficiências de fósforo podem ser causadas por alterações principalmente no
metabolismo de energia, particularmente relacionado a programas de redução de peso, pelo
uso constante de antiácidos contendo alumínio ou mesmo através do consumo de dietas
vegetarianas (SHAPIRO, 2003). Talvez tenha maior significância a evidência de que
aproximadamente 10% de mulheres acima de 60 anos e 15% acima 80 consuma menos de 500
mg fósforo/dia, ou aproximadamente 70% da RDA (700 mg/dia). Estes baixos níveis de
ingestão de fósforo poderiam limitar atualmente o benefício do uso de terapias ósseas
(TZAPHIDOUA e ZAICHICK, 2002).
CONCLUSÃO
A Ingestão Dietética de Referência (DRI) considera informações sobre ingestão,
absorção e biodisponibilidade dos nutrientes no organismo de indivíduos eutróficos. Estas
recomendações são de extrema importância para a manutenção do estado nutricional.
Apesar do avanço que a DRI representa no campo da nutrição, sabe-se que está ainda
sujeita a alterações por causa das insuficientes informações sobre o metabolismo e balanço de
diversos nutrientes para cada faixa etária. Outro fator limitante é que são recomendações
baseadas em estudos realizados com populações de países desenvolvidos, em sua maioria
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Estados Unidos e Canadá, com características étnicas e populacionais notadamente diferentes
da população brasileira. Torna-se necessária uma visão crítica sobre os valores considerados
nas DRIs considerando-se o hábito alimentar da população brasileira quando de avaliações
populacionais de consumo alimentar.
Ressalta-se a importância de se analisar o consumo de fósforo em populações de risco,
principalmente as suplementadas com cálcio, uma vez que um desequilíbrio entre estes
nutrientes pode acarretar um desvio no metabolismo destes indivíduos.
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