UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS FACULDADE DE ENFERMAGEM PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENFERMAGEM ÉRICA POSSIDÔNEA PEREIRA ANÁLISE EPIDEMIOLÓGICA DA TUBERCULOSE EM INDIVÍDUOS COM HIV/AIDS EM GOIÁS GOIÂNIA, 2012. ÉRICA POSSIDÔNEA PEREIRA ANÁLISE EPIDEMIOLÓGICA DA TUBERCULOSE EM INDIVÍDUOS COM HIV/AIDS EM GOIÁS Dissertação de Mestrado apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Enfermagem, da Faculdade de Enfermagem da Universidade Federal de Goiás para obtenção do título de Mestre em Enfermagem. Área de concentração: A Enfermagem no Cuidado à Saúde Humana Linha de pesquisa: Prevenção, Controle e Epidemiologia das Infecções Associadas aos Cuidados em Saúde e das Doenças Transmissíveis Orientadora: Profa Dra Sandra Maria Brunini de Souza GOIÂNIA, 2012. Dados Internacionais de Catalogação na Publicação na (CIP) Pereira, Érica Possidônea. Análise epidemiológica da tuberculose em indivíduos com HIV/Aids em Goiás [manuscrito] / Érica Possidônea Pereira. - 2012. xv, 88 f.: il., figs, tabs. Orientadora: Profª. Drª. Sandra Maria Brunini de Souza Dissertação (Mestrado) – Universidade Federal de Goiás, Faculdade de Enfermagem, 2012. Bibliografia. Inclui lista de figuras, abreviaturas, siglas e tabelas. Apêndices. Anexos. FOLHA DE APROVAÇÃO ÉRICA POSSIDÔNEA PEREIRA ANÁLISE EPIDEMIOLÓGICA DA TUBERCULOSE EM INDIVÍDUOS COM HIV/AIDS EM GOIÁS Dissertação de Mestrado apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Enfermagem da Faculdade de Enfermagem da Universidade Federal de Goiás para obtenção do título de Mestre em Enfermagem. Aprovada em _____ de ___________________ de 2012. BANCA EXAMINADORA: ___________________________________________________________ Profa Dra Sandra Maria Brunini de Souza – Presidente da Banca Faculdade de Enfermagem – Universidade Federal de Goiás ___________________________________________________________ Profa Dra Maria Aparecida da Silva Vieira – Membro Efetivo, Externo ao Programa de Enfermagem – Universidade ___________________________________________________________ Profa Dra Márcia Maria de Souza – Membro Efetivo Faculdade de Enfermagem – Universidade Federal de Goiás ___________________________________________________________ Profa Dra Ruth Minamisava – Membro Suplente, Externo ao Programa de Enfermagem – Universidade ___________________________________________________________ Profa Dra Lilian Varanda Pereira – Membro Suplente Faculdade de Enfermagem – Universidade Federal de Goiás DEDICATÓRIA Ao meu esposo, Renan Stivi, pelo incentivo e encorajamento. Aos meus pais, Cloves e Almira que sempre incentivaram os estudos e a formação especialmente, acima à minha de tudo. E, pequenininha Mélanny, amada filha, que participou de alguma forma da fase mais complicada para a conclusão. AGRADECIMENTOS A Deus, nosso Pai Todo Poderoso, que nos confiou a vida, e muitas outras bênçãos que a cada dia me proporcionam realização pessoal e profissional. Ao meu esposo Renan Stivi pelo incentivo, parceria e compreensão. Obrigada por ajuda inúmeras e companheirismo. À minha família que sempre valorizou a formação pessoal, profissional e interior, proporcionando sempre incentivo e amor incondicional. Obrigada pelas orações e estímulo. À minha orientadora Profª Drª Sandra Maria Brunini de Souza pelo ensinamento e oportunidade de crescimento. Obrigada pelos tantos conselhos e por me ensinar que a vida tem valor inigualável e vai muito além daquele designado por nós. Meus sinceros agradecimentos pela consideração, amizade, carinho e confiança. A você muita admiração e respeito. À Profª Drª Ruth Minamisava que contribuiu significativamente para orientação deste estudo. Obrigada pelas sugestões e apontamentos que colaboraram no desenvolvimento deste trabalho. À Profa. Dra. Maria Alves Barbosa, que gentilmente aceitou participar da Banca de Qualificação e muito contribuiu para a melhoria deste manuscrito. À todas integrantes do NUCLAIDS - Núcleo de Ações Interdisciplinares em DST/HIV/aids que contribuíram para a realização deste trabalho, Christiane, Dalila, Janine, Letícia Dogackuchi, Lara e Letícia Rejane. Obrigada pelo apoio, participação na coleta de dados e cumprimento de metas. Todas fazem parte dessa conquista. Obrigada por tudo. Ao Programa de Pós-Graduação em Enfermagem - Mestrado e Doutorado pela possibilidade de crescimento. A todos os professores do Programa, pelos ensinamentos prestados e por tantos momentos de crescimento pessoal e profissional. É uma honra aprender com vocês. Aos secretários do Programa de Pós-Graduação, Gabriel e Jossane, sempre disponíveis. Obrigado pela atenção e paciência. A todos, agradeço de coração, essa vitória é um pouquinho de cada um de vocês. Às minhas amigas Adriana, Nathália e Pollyanna que me agraciaram com momentos inesquecíveis. Obrigada por tantas alegrias, pelo apoio, conselho e a companhia. À minha turma do mestrado: Alyne, Cynthia, Dayana Clênia, Dayane de Melo, Dayane Xavier, Efraim, Fernanda, Kamilla, Leonora, Liwcy, Luana Cássia, Myrian Karla, Nara Elizia, Nayla Cecília, Patrícia Moraes, Patrícia Vasconcelos, Roberta, Thatianny, Wilzianne. Tenho orgulho de ter dividido meu crescimento com todos. Aos funcionários da Faculdade de Enfermagem. Vocês dão toque especial a essa faculdade. Obrigada pelo cuidado e disponibilidade. À direção e funcionários do Hospital de Doenças Tropicais pela cooperação e disponibilização dos registros. À Secretaria de Saúde do Estado de Goiás pela colaboração e disponibilização dos bancos de dados. À Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Goiás (FAPEG) pelo apoio financeiro. “Creio nos milagres da ciência e na descoberta de profilaxia futura dos erros e violências do presente.” Cora Coralina SUMÁRIO LISTA DE ILUSTRAÇÕES LISTA DE TABELAS LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS RESUMO ABSTRACT RESUMEN 1. INTRODUÇÃO ................................................................................................... 19 1.1. Biologia do Mycobacterium ............................................................................. 21 1.2. Biologia do HIV................................................................................................ 21 1.3. O ciclo de vida do Mycobacterium tuberculosis .............................................. 19 1.4. A tuberculose .................................................................................................. 24 1.5. Patogenia e formas clínicas da Tuberculose .................................................. 25 1.6. Infecção latente por Mycobacterium tuberculosis ........................................... 31 1.7. Diagnóstico da tuberculose ............................................................................. 31 1.8. Coinfecção tuberculose e HIV ......................................................................... 33 1.9. Tratamento da tuberculose e coinfecção HIV/aids/TB .................................... 38 1.10. Importância epidemiológica........................................................................... 41 1.11. Vigilância Epidemiológica.............................................................................. 43 1.12. A Enfermagem e o controle da tuberculose...................................................44 2. JUSTIFICATIVA ................................................................................................. 47 3. OBJETIVOS ....................................................................................................... 48 3.1. Geral ................................................................................................................ 48 3.2. Específicos ...................................................................................................... 48 4. METODOLOGIA ................................................................................................. 49 4.1. Desenho do estudo ......................................................................................... 49 4.2. População e local do estudo ........................................................................... 49 4.3. Fontes de informação...................................................................................... 49 4.4. Critérios de elegibilidade e de exclusão dos registros .................................... 51 4.5. Coleta dos dados ............................................................................................ 51 4.5.1. Local e período da coleta dos dados............................................................51 4.5.2 Coleta de dados nos prontuários ..................................................................51 4.6. Variáveis do estudo ....................................................................................... 552 4.6.1. Variável de desfecho .................................................................................... 52 4.6.2. Variáveis de exposição ................................................................................ 53 4.7. Análise estatística dos dados .......................................................................... 56 4.8. Mecanismos gerenciais de execução ............................................................. 56 4.9. Aspectos éticos ............................................................................................... 57 5. RESULTADOS ................................................................................................... 58 5.1. Descrição inicial dos dados.............................................................................55 5.2. A coinfecção HIV/TB........................................................................................56 5.3. Descrição da população do estudo segundo o desfecho tuberculose.............60 6. DISCUSSÃO.......................................................................................................62 7. CONCLUSÃO.....................................................................................................67 8. CONSIDERAÇÕES FINAIS................................................................................68 REFERÊNCIAS ...................................................................................................... 69 APÊNDICES ........................................................................................................... 82 ANEXOS .............................................................................................................. 896 LISTA DE ILUSTRAÇÕES Figura 1. Taxas de incidência estimada de TB, 2010 ...........................................45 Figura 2. Fluxograma de seleção dos indivíduos do estudo .................................56 Figura 3. Tempo para o diagnóstico de tuberculose em coorte de infectados pelo HIV atendidos em uma unidade de referência de Goiás, no período de 2003-2009. Goiânia, 2012 .........................................................................................................58 Quadro 1. Contagem semi-quantitativa de baciloscopia de escarro .....................22 Quadro 2. Indicações para tratamento da TBL de acordo com a enduração do TT e com o grupo de risco . .........................................................................................32 Quadro 3. Recomendações terapêuticas para paciente HIV+ com tuberculose...40 LISTA DE TABELAS Tabela 1. Número de prontuários excluídos segundo ano e motivo, no período de 2003 a 2009. Goiânia, 2012 ...................................................................................55 Tabela 2. Tempo decorrido entre o diagnóstico de infecção pelo HIV e o diagnóstico de tuberculose, entre indivíduos atendidos em uma unidade de referência de Goiás, no período de 2003-2009. Goiânia, 2012 .............................57 Tabela 3. Características de indivíduos coinfectados atendidos em uma unidade de referência de Goiânia, no período de 2003-2009. Goiânia, 2012 ....................59 Tabela 4. Características sóciodemográficas de indivíduos com infecção pelo HIV atendidos em uma unidade de referência de Goiânia, segundo a presença ou não de tuberculose, no período de 2003-2009. Goiânia, 2012 .....................................61 LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS Aids – Síndrome da Imunodeficiência Adquirida BAAR – Bacilo álcool ácidorresistente BCG – Bacillus Calmette-Guérin BDR – Banco de dados relacionado BK – Bacilo de Koch CDC – Centers of Disease Control DOTS (Directly Observed Treatment Short Course) – Tratamento Diretamente Observado de Curta Duração E – Etambutol ELISA – Enzyme Linked Immunosorbent Assay H – Isoniazida HAART – Terapia antirretroviral HAART – Terapia antirretroviral altamente ativa HDT – Hospital de Doenças Tropicais Dr. Anuar Auad HIV – Vírus da imunodeficiência humana HTLV-III – Vírus III do linfomaleucemia de células T humanas IDH – Índice de desenvolvimento humano IFI – Imunofluorescência indireta IP – Inibidores da protease ITRNN – Inibidores não nucleosídeos da transcriptase reversa LAV – Vírus associado à linfadenopatia MBNT – Micobactérias não tuberculosas MBT – Mycobacterium tuberculosis MDR – Multidroga resistente MOTT – Mycobacteria Other Than Tuberculosis MS – Ministério da Saúde MS/FNS – Ministério da Saúde/ Fundação Nacional de Saúde OMS – Organização Mundial da Saúde OPAS – Organização Pan-Americana da Saúde PNCT – Política Nacional de Controle da Tuberculose PN-DST/AIDS – Política Nacional de Doenças Sexualmente Transmissíveis/aids PPD – Derivado protéico purificado R – Rifampicina RNA – Ácido ribonucleico SAME – Serviço de Arquivo Médico e Estatística SBPT – Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisologia SES/SP – Secretaria Estadual de Saúde de São Paulo SICLOM – Sistema de Controle Logístico de Medicamentos SI-CTA – Sistema de Informação dos Centros de Testagem e Aconselhamento SIM – Sistema de Informação de Mortalidade SINAN – Sistema de Informação de Agravos de Notificação SINAN-TB – Base de dados dos casos de TB notificados no SINAN de Goiás SINAN-TB – Sistema de Informação de Agravos de Notificação Tuberculose SISCEL – Sistema de Controle de Exames Laboratoriais SUS – Sistema Único de Saúde SVS – Secretaria de Vigilância em Saúde T – Terizidona TB – Tuberculose TBL – Tuberculose latente TBMDR – Tuberculose multi-droga resistente TBXDR – Tuberculose superressitente ou extremamente resistente TEP – Tuberculose extrapulmonar TT – Teste tuberculínico WHO – World Health Organization Z – Pirazinamida RESUMO Pereira EP. Análise epidemiológica da tuberculose em indivíduos com HIV/aids em Goiás [dissertação]. Goiânia: Faculdade de Enfermagem/UFG; 2012. 88p. A tuberculose é problema de saúde pública em todo mundo e a pandemia da infecção pelo HIV/aids foi grande responsável pelo aumento da morbimortalidade em indivíduos coinfectados. O objetivo deste estudo foi Investigar o perfil clínico e epidemiológico da coinfecção HIV/TB em indivíduos atendidos no único hospital de referência para tratamento de doenças infecciosas no Estado de Goiás. Tratase de um estudo de coorte retrospectiva (2003-2009) com dados de prontuários e do Sistema de Informação de Agravos de Notificação. Calculou-se o RR e respectivos intervalos de 95% de confiança em análise univariada, usando a tuberculose como desfecho. Foram arrolados 2.941 sujeitos que atenderam aos critérios de elegibilidade do estudo. Dentre os indivíduos incluídos, 262 apresentaram tuberculose em algum momento do arrolamento. O diagnóstico de tuberculose precedeu o de HIV em 14,4%; 58,5% em até seis meses; 38,2% foram diagnosticados simultaneamente ou até 30 dias; 27,1% desenvolveram a doença após seis meses do diagnóstico de HIV. A incidência de coinfecção HIV/TB foi de 7,7%. A idade variou de 16 a 65 anos com média de 35, 42 anos (dp:10,32); predomínio de indivíduos do sexo masculino (76,1%); 82,9% apresentou primeira contagem de linfócitos T-CD4+ < 350 células/mm3; 40,0% dos casos foi tuberculose extrapulmonar e forma mista; a baciloscopia do escarro foi realizada em 86,3% e o PPD em 43,4%; os esquemas de tratamento mais utilizados foram os I (85,1%), I - Reforçado (7,7%); tempo de tratamento da tuberculose inferior a seis meses foi observado em mais de 53,0% dos casos; 40,3% dos indivíduos com TB obituaram. Estiveram estatisticamente associados à coinfecção o sexo masculino (RR: 2,01; p<0,00); a baixa escolaridade (RR; 1,32;p=0,05); a primeira contagem de linfócitos T-CD4+menor que 350 cel/mm3 (RR:3,15; p<0,00); ter feito baciloscopia de escarro no primeiro atendimento (RR: 12,30; p<0,00); ter feito PPD também no primeiro atendimento (RR:1,37; p<0,01) e mortalidade (RR:1,86;p<0,00). A incidência de tuberculose segundo o ano do diagnóstico de HIV mostrou-se estável ao longo do período do estudo (p>0,05). Evidencia-se que indivíduos com HIV são mais vulnerável à tuberculose sendo responsável por grande morbimortalidade dessa parcela da população. Diante dessa dimensão, a realização de estudos sobre a coinfecção são importantes para fornecer informações sobre os fatores de risco desta coinfecção e contribuir para o planejamento de ações e estratégias voltadas às políticas públicas de controle da coinfecção. Palavras-chaves: Coinfecção; Tuberculose; HIV/aids; Coorte ABSTRACT Pereira EP. Epidemiological analysis of tuberculosis in individuals with HIV/AIDS in Goiás [dissertation]. Goiânia: Faculdade de Enfermagem/UFG; 2012. 88p. Tuberculosis is a public health problem worldwide and the pandemic of HIV / AIDS was largely responsible for the increased morbidity and mortality in coinfected individuals. The aim of this study was to investigate the clinical and epidemiological profile of coinfection HIV / TB patients seen only referral hospital for treatment of infectious diseases in the state of Goiás This is a retrospective cohort study (20032009) with data of charts and Sistema de Informação de Agravos de Notificação. We calculated the RR and respective 95% confidence in univariate analysis, using TB as the outcome. We enrolled 2941 subjects who met the eligibility criteria of the study. Of the subjects enrolled, 262 had tuberculosis sometime in enrollment. The diagnosis of tuberculosis in HIV preceded that of 14.4%, 58.5% within six months, 38.2% were diagnosed simultaneously or within 30 days, 27.1% developed the disease after 6 months of HIV diagnosis. The incidence of co-infection HIV / TB was 7.7%. Ages ranged from 16 to 65 years with a mean of 35, 42 years (SD: 10.32); predominance of males (76.1%), 82.9% presented first count of T-CD4+ lymphocytes <350 cells/mm3, 40.0% of cases were extrapulmonary tuberculosis and mixed form, the sputum smear microscopy was performed in 86.3% and 43.4% in PPD; treatment regimens were the most used I (85.1% ), IR (7.7%), duration of tuberculosis treatment less than six months was seen in more than 53.0% of the cases, 40.3% of individuals with tuberculosis deaths. Coinfection were statistically associated with male gender (RR 2.01, p<0.00), low education (RR 1.32, p=0.05), the first T-lymphocyte count than CD4 + <350 cells/mm3 (RR: 3.15, p <0.00); having done sputum smear microscopy in primary care (RR 12.30, p<0.00); PPD have done well in primary care (RR 1.37, p<0.01) and mortality (RR 1.86, p<0.00). The incidence of tuberculosis by year of diagnosis of HIV was stable throughout the study period (p>0.05). It is evident that individuals with HIV are more vulnerable to tuberculosis being responsible for high morbidity and mortality of this portion of the population. Given this dimension, conducting studies on coinfection are important to provide information on risk factors that coinfection and contribute to the planning of actions and strategies to control public policies coinfection. Keywords: Coinfection; Tuberculosis; HIV/aids; Cohort RESUMEN Pereira EP. El análisis epidemiológico de la tuberculosis en personas con VIH/SIDA en Goiás [disertación]. Goiânia: Faculdade de Enfermagem/UFG, 2012. 88p. La tuberculosis es un problema de salud pública a nivel mundial y la pandemia del VIH / SIDA fue en gran parte responsable del aumento de la morbilidad y la mortalidad en individuos coinfectados. El objetivo de este estudio fue investigar las características clínicas y epidemiológicas de la coinfección por VIH / enfermos de tuberculosis visto solo hospital de referencia para el tratamiento de enfermedades infecciosas en el estado de Goiás Se trata de un estudio de cohortes retrospectivo (2003-2009) con los datos de gráficos y sistema de información para enfermedades de declaración obligatoria. Se calculó el RR y la confianza respectivo del 95% en el análisis univariable, usando la tuberculosis como el resultado. Se incluyó a 2.941 pacientes que cumplían con los criterios de elegibilidad del estudio. De los sujetos inscritos, 262 tenían tuberculosis en algún momento de la inscripción. El diagnóstico de la tuberculosis en personas VIH precedió a la de 14,4%, 58,5% a los seis meses, el 38,2% fueron diagnosticados de forma simultánea o dentro de 30 días, el 27,1% desarrolló la enfermedad después de seis meses del diagnóstico de VIH. La incidencia de la coinfección VIH / TB fue del 7,7%. Las edades oscilaron entre 16 y 65 años con una media de 35, 42 años (DE: 10,32); predominó el sexo masculino (76,1%), el 82,9% presentaba primer recuento de linfocitos T CD4 + <350 células/mm3, el 40,0% de los casos fueron la tuberculosis extrapulmonar y forma mixta, la microscopía de frotis de esputo se realizó en el 86,3% y el 43,4% en el PPD, los regímenes de tratamiento fueron las más utilizadas I (85,1% ), I - Reforzados (7,7%), la duración del tratamiento antituberculoso menos de seis meses se ha visto en más de 53,0% de los casos, el 40,3% de los individuos con obituaram TB. La coinfección se asociaron significativamente con el sexo masculino (RR: 2,01, p <0,00), el bajo nivel educativo (RR, 1,32, p = 0,05), el primer recuento de linfocitos T CD4 + inferior a 350 células/mm3 (RR: 3,15, p <0,00), microscopía de esputo de haber realizado en atención primaria (RR: 12.30, p <0,00); PPD han hecho bien en atención primaria (RR: 1,37, p <0,01) y la mortalidad (RR: 1,86, p <0,00). La incidencia de tuberculosis por año de diagnóstico del VIH se mantuvo estable durante todo el período de estudio (p> 0,05). Es evidente que los individuos con VIH son más vulnerables a la tuberculosis es responsable de una elevada morbilidad y mortalidad de esta porción de la población. Teniendo en cuenta esta dimensión, la realización de estudios sobre la coinfección son importantes para proporcionar información sobre los factores de riesgo que la coinfección y contribuir a la planificación de acciones y estrategias para el control de la coinfección por las políticas públicas. Palabras-claves: Coinfección; Tuberculosis; VIH/SIDA; Cohortes 19 1. INTRODUÇÃO A tuberculose (TB), cujo agente etiológico é o Mycobacterium tuberculosis (MBT) (FIUZA DE MELO et al., 2005), é uma das doenças transmissíveis mais antigas do mundo (CONDE; SOUZA, 2002; DUCATI et al.,2006). Nas Américas, a disseminação iniciou após a colonização, com a vinda de imigrantes europeus (ROSEN, 1994; LEITE; TELAROLLI JR, 1997). Nos dias atuais é considerada um grave problema de saúde pública, sendo a principal causa mundial de morte por um único agente infeccioso (HORNES et al., 2010). A TB também é exemplo clássico de produção social de enfermidade. Está associada a determinantes socioeconômicos como desnutrição e deficiência de micronutrientes (KOYANAGI et al, 2004); aumento dos casos de aids (Síndrome da Imunodeficiência Humana Adquirida); má distribuição de renda e pobreza; precárias condições de vida, trabalho, transporte e habitação; difícil acesso a serviços de saúde e processo de urbanização acelerado (VENDRAMI et al, 2005; SANTOS et al., 2007). Apresenta ainda como fatores de vulnerabilidade, o alcoolismo e o baixo índice de desenvolvimento humano (SEVERO et al., 2007; LINDOSO; LINDOSO, 2009). Nos países desenvolvidos, os grupos mais afetados pela TB são os idosos, minorias étnicas e imigrantes, enquanto que nos países em desenvolvimento, a população mais afetada é a economicamente ativa, ou seja, com idade entre 15 e 54 anos, onde homens apresentam duas vezes mais risco que as mulheres (BATES; FENTON; GRUBER, 2004). Nos países em desenvolvimento, a tuberculose é uma doença endêmica e a principal causa de morbimortalidade em pessoas infectadas pelo vírus da imunodeficiência humana adquirida (HIV) (NARAIN; LO, 2004; SHARMA; MOHAN; KADHIRAVAN, 2005; WHO, 2011a). A infecção pelo HIV foi um dos principais fatores que contribuiu para o ressurgimento da TB (MUNIZ et al., 2006) impactando fortemente a epidemiologia, a história natural e a evolução clínica dessa morbidade (DALEY et al., 1992; YOUNG; WORER, 1994; CORBETT et al., 2003). 20 A coinfecção HIV/TB é responsável pelo aumento da incidência, prevalência e mortalidade por TB globalmente e, em particular, pode ser evidenciada no continente africano, que compreende um terço dos casos de TB no mundo (CHAISSON; MARTISSON, 2008; KARIM et al, 2009) e na América Latina (VILLARROEL, 2008). Em relação à morbidade da infecção simultânea HIV/TB evidencia-se que indivíduos infectados pelo HIV apresentam risco de adoecimento aumentado em 20 a 37 vezes quando comparados à população em geral (WORLD HEALTH ORGANIZATION, 2011b). Ademais o indivíduo imunocompetente quando infectado pelo MBT possui 10% de probabilidade de desenvolver a TB ao longo da vida enquanto que para o indivíduo imunocomprometido o risco é de 10% ao ano (DALEY et al., 1992; SWAMINATHAN et al., 2000). Adicionalmente, a infecção pelo HIV influencia na resistência aos medicamentos antituberculostáticos por meio de mecanismos comportamentais e ambientais ou biológicos, a partir da premissa que a resistência a essas drogas pode ser inicial, para aqueles sem tratamento anterior para TB, ou adquirida, para aqueles que já foram tratados anteriormente (AZIZ; WRIGHT; LASZLO, 2006). Os indivíduos com TB são acompanhados por uma equipe multiprofissional composta por médicos, enfermeiros, técnicos de enfermagem, odontólogos, agente comunitário de saúde, psicólogos, assistente social entre outros, em centros de referência especializados com participação ativa da unidade de atenção básica, principalmente no que diz respeito à observação da tomada de medicamentos (VILLA et al., 2008). Os profissionais de saúde e os estudantes da área de saúde tem maior risco de infecção e adoecimento por TB. A enfermagem está entre as categorias de profissionais de saúde mais vulneráveis quanto ao risco de infecção por TB em comparação à população em geral, cerca de três a vinte vezes maior (LOPES et al., 2008; MINISTÉRIO DA SAÚDE; SECRETARIA DE VIGILÂNCIA EM SAÚDE, 2011). 21 O enfermeiro realiza várias atividades na assistência direta, prevenção, promoção e reabilitação do indivíduo com TB, considerado profissional importante e essencial no controle da TB. 1.1. Biologia do Mycobacterium O MBT, também conhecido como Bacilo de Koch (BK), pertence ao gênero Mycobacterium, único da família Mycobacteriaceae, da ordem Actinomycetales e é um dos componentes do complexo Mycobacterium (PALOMINO; LEÃO, 2007). Trata-se de um bacilo reto ou ligeiramente curvo com dimensões que variam entre 0,2 e 0,6 µ por 1 a 10 µ, imóvel e não formador de esporos. Estritamente aeróbio, duplica sua população em 18 a 48 horas, dependendo da oferta de oxigênio, do pH do meio e acesso a nutrientes; infecta os pulmões preferencialmente, e aí se localiza, facilitando sua multiplicação e transmissão (RANGEL, 2004). Trata-se de um bacilo álcool ácidorresistente (BAAR), ou seja, uma vez exposto à fucsina fenicada e ao calor por cinco minutos, adquire coloração vermelha que não desaparece pela ação da mistura de álcool e ácido clorídrico técnica de Ziehl-Neelsen. Sua cápsula bacteriana apresenta alto teor de lipídios que corresponde a cerca de 40% do peso seco da célula. É resistente a agentes químicos, mas, facilmente destruído por agentes físicos como calor, raios ultravioletas da luz solar e radiações ionizantes (ALTERTHUM; TRABULSI, 2008). O MBT não se apresenta livre na natureza. É um parasita intracelular facultativo dependendo do homem para sobreviver (PALOMINO; LEÃO, 2007; LAWN; ZUMLA, 2011). Não produz nenhuma toxina, razão pela qual não consegue romper a barreira epitelial íntegra e infectar o interior do hospedeiro às suas próprias custas (RANGEL, 2004). Pode apresentar variação de virulência e sensibilidade a antibióticos por determinismo genético (FILHO, 2006). 1.2. Biologia do HIV O HIV é um retrovírus humano, pertencente à família Retroviridae do gênero Lentivírus (CLAVEL et AL, 1986; ICTV, 2010). Existem dois tipos do vírus, 22 o HIV-1 e HIV-2, ambos causadores da aids. O HIV-1 é o mais prevalente entre os humanos (MARLINK et al., 1994; LEVER, 2005). O HIV-2 mostrou-se difundido na África Ocidental, principalmente nos países de língua portuguesa (EHOLIE, ANGLARET, 2006). Os vírus dessa família se caracterizam por apresentarem curso crônico da doença, longo período de latência clínica, replicação viral persistente e envolvimento do sistema nervoso central e replicação em células T-CD4+ (LOMAR et al., 2006). Possui RNA de fita simples que se integra ao genoma de células infectadas do hospedeiro (MARQUES; MASUR, 2005). Medindo aproximadamente 100 nm de diâmetro, o HIV possui em sua superfície externa uma membrana lipídica e glicoproteínas (gp41 e gp120) formando um envelope. A proteína gp120 possui sítio de ligação para os receptores celulares. Logo abaixo dessa membrana existe uma capa protéica, composta pela proteína p17 e o capsídeo viral formado pela proteína p24 (SIERRA, KUPFER, KAISER, 2005). Dentro do capsídeo viral são encontradas as duas moléculas de RNA associadas às enzimas: transcriptase reversa, integrase e protease, como também as proteínas p9 e p6 (BARRÉ-SINOUSSI, 1996; GROTTO, PARDINI, 2006). 1.3. O ciclo de vida do Mycobacterium tuberculosis A infecção com MBT segue um padrão de eventos que foram estabelecidos através de pesquisas em animais e observações da tuberculose humana (FLYNN; CHAN, 2005; RUSSELL, 2007). Através das vias aéreas, os bacilos infecciosos são exalados para a atmosfera como gotículas. Dessas gotículas, as mais pesadas depositam-se rapidamente, e as mais leves permanecem suspensas no ar. E, apenas essas últimas com características aerodinâmicas semelhantes aos gases, ressecam-se e formam a partícula núcleo de Wells. Estes, com diâmetro de dois a 10 micras, e bacilos viáveis chegam até os alvéolos. Denominada fase simbiótica, caracteriza a chegada dos bacilos aos alvéolos e crescimento livre até serem fagocitados pelos macrófagos (AFIUNE, 2006). 23 Algumas partículas não se ressecam e formam grumos de bacilos que se depositam no trajeto da árvore brônquica e são, posteriormente, eliminadas pelo sistema mucociliar ou digeridas e eliminadas pelo sistema digestivo (WAARD; ROBLEDO, 2007). A fonte da infecção mais importante é o portador da forma pulmonar da doença com o bacilo detectável no escarro por meio da baciloscopia direta. Os macrófagos são as primeiras células de defesa ativadas contra o patógeno que através do processo fagocitário (ligação da bactéria ao macrófago; internalização dentro do fagossoma; morte ou inibição do crescimento do bacilo) será o responsável pela resposta inicial do organismo que, se efetivo, eliminará completamente a ameaça em associação a outros mecanismos na interação de linfócitos e citocinas (KAUFMANN, 2005). Como mecanismo de defesa e escape desenvolvido pelo MBT, a estrutura de sua parede bacteriana produz amônia que, alcaliniza o conteúdo dos lisossomas impedindo sua ligação com o fagossoma, que por sua vez, permite seu crescimento livre dentro do macrófago (parasitismo intracelular facultativo); inibe a fusão lisossomal e impede novas fagocitoses (SMITH et al, 2009). No pulmão, as bactérias são fagocitadas por macrófagos alveolares, que então invadem a camada epitelial. Essa resposta inflamatória localizada leva ao recrutamento de mais células mononucleares do sangue, que, posteriormente se tornarão células hospedeiras do bacilo para a expansão da população bacteriana. A partir dessas células será formado também o granuloma, característica patológica que define a doença. Inicialmente, o granuloma é uma massa amorfa de macrófagos, monócitos e neutrófilos (KAUFMANN, 2005). Com o desenvolvimento da resposta imune adquirida, e com a chegada de linfócitos, o granuloma adquire uma estrutura mais organizada, estratificada. O centro fica rico em macrófagos e torna-se rodeado por um manto de linfócitos de característica fibrosa que marca a periferia da estrutura (FLYNN; CHAN, 2001; FLYNN; CHAN; LIN, 2011). O aparecimento de linfócitos específicos para o MBT ocorre aproximadamente por volta de 2-3 semanas após infecção, marcando o fim da fase de replicação bacteriana e o início de um estado de "contenção", 24 caracterizada por relativa estabilidade do número de bactérias (FLYNN; CHAN, 2001; FLYNN; CHAN; LIN, 2011). Nesta fase, o granuloma é amplamente vascularizado e mais células são recrutadas para o local da infecção. Nos granulomas que exibem a patologia associada à progressão da doença, a bainha fibrosa torna-se mais acentuada com uma diminuição no número de vasos sanguíneos que penetram a estrutura (DANNENBERG, 1991; SAUNDERS; COOPER, 2000; ULRICHS; KAUFMANN, 2006; MINISTÉRIO DA SAÚDE; SECRETARIA DE VIGILÂNCIA EM SAÚDE, 2010). Há também um aumento no número de macrófagos que são responsáveis pelo aumento do centro do granuloma formando o caseum (cáseo) (RUSSELL et al., 2009). Nessa fase tardia, a porção caseosa do granuloma torna-se hipóxica (VIA et. al., 2008), condição que pode induzir um estado de não replicativo na persistência do MBT em cultura. A histologia dos tecidos infectados de pacientes imunocompetentes com a tuberculose ativa revela granulomas em todos os estados de desenvolvimento da contenção ativa da doença, o que implica que o destino de cada um dos granulomas é determinado localmente, não sistêmico. Granulomas da patologia ativa apresentam-se extensos e por último, pode ocorrer rupturas desses e liberação de milhares de bacilos viáveis e infecciosos nas vias aéreas (KAPLAN, 2003), resultando no desenvolvimento de tosse produtiva, o que facilita a propagação dos bacilos de aerossóis infecciosos. 1.4. A tuberculose A tuberculose é uma doença infectocontagiosa que apresenta uma clínica ampla decorrente de variações exercidas em seu processo de desenvolvimento em escalas e influência de eventos imunoalérgicos resultado da resposta imunológica que o organismo afetado sofre frente ao microrganismo infectante, identificado como MBT ou BK (FILHO, 2006). O desenvolvimento da infecção/doença depende da quantidade de microrganismos agressores e da sua virulência. Por outro lado, existe também a capacidade do hospedeiro desenvolver resposta imune eficaz ou reações de 25 hipersensibilidade retardada ao produto liberado pelo agente infeccioso. Assim, ocorrem dois processos simultâneos: a resposta inflamatória e a agressão tecidual na formação do tubérculo (AFIUNE, 2006). A transmissão do bacilo ocorre através da via respiratória, por meio da inalação de partículas infectantes (KRITSKI et al., 2005; MINISTÉRIO DA SAÚDE, SECRETARIA DE VIGILÂNCIA EM SAÚDE, 2010). Os condicionantes para o contágio direto são a forma pulmonar da fonte de infecção, infectividade e viabilidade do bacilo e o vigor da tosse. Ademais, fatores como contato próximo com o hospedeiro, condições de ventilação do ambiente, tempo de contato com o indivíduo hospedeiro e vulnerabilidade imunológica são fatores determinantes para viabilidade do contágio (FIUZA DE MELO et al., 2005). A baciloscopia do escarro fornece resultados que permitem classificar os indivíduos em bacilíferos positivos, paucibacilares e bacilíferos negativos. O indivíduo é considerado bacilífero positivo quando sua baciloscopia apresenta mais de 5.000 bacilos por mililitro de escarro. Aqueles que eliminam quantidade de bacilos inferiores ao estipulado são considerados paucibacilares e a ausência de bacilos no escarro determina a baciloscopia negativa (FILHO, 2006). Resultado da baciloscopia do escarro também pode ser apresentado na forma semi-quantitativa e, nesse caso, a leitura da lâmina pode ser interpretada de acordo com o quadro de resposta abaixo (Quadro 1). Quadro 1. Contagem semi-quantitativa de baciloscopia de escarro BAAR por campo microscópico Nenhum bacilo em 100 campos observados Resultado Negativo Menos de 01 bacilo por campo, em 100 campos observados + De 01 a 10 bacilos por campo, em 50 campos observados ++ Mais de 10 bacilos por campo, em 20 campos observados +++ Fonte: Adaptado de Ministério da Saúde (Brasil), Fundação Nacional de Saúde. Centro de Referência Prof. Hélio Fraga, Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia. Controle da tuberculose: uma proposta de integração ensino-serviço. FUNASA/CRPHF/SBPT: Rio de Janeiro, 2002. p. 236. 26 A propagação do bacilo da TB relaciona-se com a comunicabilidade do bacilo entre o foco transmissor e seus contatos, sendo que, a maior transmissibilidade do foco se relaciona à doença pulmonar ou laríngea; à presença de cavidades que são comuns nas formas de reativação e à maior carga de bacilos no escarro (FIUZA DE MELO et al., 2005). Entretanto, indivíduos com baciloscopia de escarro negativa podem apresentar cultura positiva de escarro e apesar de não serem considerados importantes fontes de infecção comunitária podem constituir-se foco de transmissão àqueles com baixa imunidade, como os doentes de aids (FILHO, 2006; FIUZA DE MELO, 2010). Em função dos determinantes socioeconômicos a TB tende a proliferar-se em áreas de grande concentração humana com serviços de infraestrutura urbana precários, coexistindo com a fome e a miséria e baixo nível de escolaridade (ALBUQUERQUE et al., 2007; MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2008; SILVEIRA; ADORNO; FONTANA, 2007; SANTOS et al., 2009). Tais fatores contribuem para uma maior incidência de TB dentre as populações habitantes nas periferias das grandes cidades e regiões metropolitanas, assim como as que vivem em áreas rurais (NGOWI et al., 2008). A comunicabilidade pode ser afetada por características da tosse como a quantidade e vigor; pelo melhor estado geral e nutricional do foco que apresenta tosse mais vigorosa e escarro mais fluido, e liberação de maior quantidade de partículas infectantes (SELIG et al., 2004; FIUZA DE MELO et al., 2005). Nem todas as pessoas expostas ao bacilo da TB se infectam, assim como nem todas as pessoas infectadas desenvolvem a doença. A probabilidade de que a TB seja transmitida depende do potencial de contágio do doente bacilífero, da concentração de bacilos no ar contaminado, da duração da exposição e da suscetibilidade genética ou predisposição imunológica dos contatos (PALOMINO; LEÃO; RITACCO, 2007; MINISTÉRIO DA SAÚDE; SECRETARIA DE ATENÇÃO EM SAÚDE, 2008b). A definição do risco exposição do contato com um portador de TB, sem proteção ambiental e individual, não está bem estabelecida na literatura, podendo ser interpretada como períodos de exposição entre 4h e 12h, em ambientes fechados, sem ventilação (TELLES; KRITSKI, 2007; JOSHI, et al., 27 2006) em um mesmo ambiente por ao menos uma semana (LAWN; ZUMLA, 2011). A intensidade do contato é uma das condições facilitadoras da transmissão da TB e é tanto maior quanto maior a proximidade e continuidade do contato. Presença de ambiente com pouca ventilação e aglomeração de pessoas compartilhando o mesmo espaço físico, implementa as condições de transmissibilidade (MINISTÉRIO DA SAÚDE; FUNDAÇÃO NACIONAL DE SAÚDE, 2002). Hospitais e serviços ambulatoriais que realizam atendimento aos portadores de TB também são considerados ambientes de risco, especialmente para populações de indivíduos imunodeprimidos e profissionais de saúde, necessitando o estabelecimento de medidas especiais de proteção e controle específicos para TB (AFIUNE, 2006; LOPES et al., 2008). O risco de adoecimento por TB aumenta nas situações em que o sistema imunológico encontra-se imaturo, como em crianças, ou debilitado como nos idosos, nos usuários de drogas imunossupressoras, em portadores de diabetes, neoplasias, doenças renais crônicas, desnutrição proteicocalórica e infecção pelo HIV (PALOMINO; LEÃO; RITACCO, 2007; DOMINGOS; CAIAFFA; COLOSIMO, 2008). Entre de 5 e 10% dos indivíduos que são infectados pelo bacilo da TB irão desenvolver a doença em algum momento de suas vidas, sendo o maior risco nos dois primeiros anos (HUSSAIN, 2007). A busca abrangente do caso índice propicia maior detecção de novos casos entre os comunicantes e instituição rápida e eficiente do tratamento, favorecendo a cura e a quebra da cadeia de transmissão. Essa busca baseia-se na identificação de indivíduos considerados “sintomáticos respiratórios”, os portadores de tosse com expectoração há pelo menos duas semanas; de contatos de casos de TB; do rastreamento em populações de risco, sobretudo os residentes em comunidades fechadas como presídios, manicômios, abrigos e asilos; usuários de drogas; moradores de rua e trabalhadores de saúde (MINISTÉRIO DA SAÚDE; SECRETARIA DE VIGILÂNCIA EM SAÚDE, 2010; 28 SOCIEDADE BRASILEIRA DE PNEUMOLOGIA E TISOLOGIA, 2009; MINISTÉRIO DA SAÚDE; SECRETARIA DE VIGILÂNCIA EM SAÚDE, 2011 ). 1.5. Patogenia da tuberculose Em indivíduos com integridade do sistema imunológico há um acúmulo de células de defesa composto por macrófagos e linfócitos T ativados no granuloma, que são responsáveis por conter a disseminação da bactéria (ADEREM; UNDERHILL, 1999; FLYNN; CHAN; LIN, 2011). Com a falha desses mecanismos de defesa iniciais na contenção do patógeno, a célula infectada rompe-se e libera os bacilos. Assim, ocorre a formação da lesão inicial, também chamada de cancro de inoculação (FIUZA DE MELO et al., 2005). Na primoinfecção a carga bacilar é pequena e, na maioria das vezes, o organismo é capaz de conter os bacilos no local de implantação, principalmente após a sensibilização do sistema de imunidade de base celular. Entretanto, caso não ocorra ou se houver desequilíbrio entre a imunidade e o bacilo, no local da implantação ou sistematicamente, é originado a condição básica para o adoecimento e desenvolvimento da doença (ADEREM; UNDERHILL, 1999; FLYNN et al., 2011). Isso é o que acontece com pacientes com HIV/aids, a TB tem curso rápido e progressivo, e, freqüentemente, evolui para formas mais disseminadas e com carga bacteriana maior, o que confere maior mortalidade e maior risco de transmissão para a comunidade, sendo importante o monitoramento constante da sistema imune, particularmente células T-CD4+, em longo prazo após infecção tuberculose primária e mesmo nos tecidos, que podem persistir por anos a possibilidade da reativação dos bacilos (BALCELLS, 2009). As formas de tuberculose primária, contemporâneas ao complexo primário, podem ser apenas ganglionares, ou envolverem gânglios e pulmão (MINISTÉRIO DA SAÚDE, SECRETARIA DE VIGILÂNCIA EM SAÚDE, 2010). O comprometimento pulmonar pode assumir diferentes formas clínico-radiológicas: pneumônicas, bronco-pneumônicas, cavitárias ou atelectásicas. Uma das formas mais graves de tuberculose primária é a forma miliar, conseqüente à disseminação hematogênica, e que apresenta lesões granulomatosas muito pequenas e difusas, 29 que atingem não apenas os pulmões, mas muitos órgãos. Outra é a meningoencefalite tuberculosa, que acomete o sistema nervoso central. Essas duas formas clínicas representam risco de morte elevado (CAMPOS, 2006). A tuberculose primária é observada mais em crianças que apresentam febre baixa, sudorese noturna, perda de peso e inapetência (KRITSKI, et al., 2005), e pode regredir espontaneamente após semanas ou meses, sobretudo quando realizado tratamento específico (LEE et al, 1993). A infecção pós-primária restringe-se aos pulmões e geralmente acomete adultos imunocompetentes. É responsável por 80% de todos os casos clínicos e quase 100% de transmissão da infecção. Seu desenvolvimento começa como uma pneumonia lipídica acompanhado por obstrução brônquica em que a infecção é restrita a macrófagos alveolares (HUNTER, 2011). Caso o macrófago alveolar não seja capaz de deter o MBT por desconhecimento imunológico do bacilo ou por depressão imunitária, ocorrerá multiplicação bacilar, destruição celular e tecidual com uma resposta inespecífica, tendo acúmulo local de polimorfonucleares que fagocitarão estes bacilos e retornarão à corrente sanguínea, procedendo assim a disseminação hematogênica primária (HOUBEN, NGUYEN, PIETERS, 2006) . Este processo é prevenido pela vacinação com o Bacillus Calmette-Guérin (BCG) que protege contra as manifestações graves da primoinfecção pelo MBT através do estímulo de mecanismos imunológicos (CONDE et al., 2009). Portanto, com a resposta imunológica ineficaz, ocorre disseminação do bacilo para a corrente linfática até os linfonodos regionais (linfonodos hilares), estes se enfartam, constituindo o complexo primário tuberculoso composto pelo cancro de inoculação, pela linfagite e pela adenomegalia hilar. Nesta fase, o teste tuberculínico positivo é o único indício da infecção bem sucedida, podendo ser inaparente clínica e radiologicamente pelo RX (FILHO, 2006). Em indivíduos com resposta imune eficaz, o MBT é contido e desenvolverão uma forma clínica de infecção caracterizada como infecção latente, na qual os bacilos permanecerão nesse estado por tempo indeterminado (anos ou 30 décadas), justificando o aparecimento da TB pulmonar a partir de uma reativação de foco primário contido em seu início (FIUZA DE MELO et al., 2005). Caso a disseminação ocorra após a primoinfecção, sua intensidade é inversamente proporcional à queda da resistência, condicionada à características passageira ou definitiva da imunodeficiência, os bacilos voltam a se multiplicar e reinicia então o processo inflamatório com origem da TB pósprimária ou secundária. Esse processo conhecido como reativação endógena, pode ocorrer também a partir de uma nova infecção - reinfecção exógena. O processo inflamatório específico prossegue com necrose do granuloma, coalescência de vários granulomas adjacentes e formação de grandes conglomerados (AFIUNE, 2006). Portanto, depois de penetrar no organismo pela via respiratória, o MBT pode se disseminar e instalar em qualquer órgão com manifestações clínicas graves (OLIVEIRA et al., 2006). Isso pode acontecer durante a primoinfecção, quando a imunidade específica ainda não está desenvolvida, e após a primoinfecção a qualquer momento caso a capacidade do hospedeiro em conter o bacilo no sítio primário diminua. A multiplicação bacilar ocorre lentamente dentro do macrófago que de duas a 12 semanas desencadeia, simultânea e independentemente, a resposta imunológica mediada por células (imunidade celular) e a hipersensibilidade retardada – conversão tuberculínica, detectada pela positividade do teste cutâneo (FIUZA DE MELO et al., 2005; FILHO, 2006). • Tuberculose Pulmonar A forma pulmonar é a mais comum da apresentação secundária, acomete adultos e, raramente, pode haver evolução para disseminação hematogênica com comprometimento de outros órgãos como pleura, pericárdio, peritôneo ou meninges (BURRILL et al., 2007). Manifesta-se com tosse, perda de peso, sudorese noturna, febre e astenia. A hemoptise ocorre, geralmente, em menos de 25% dos pacientes. Em exame radiológico pode-se observar o típico infiltrado em lobo superior, cavitação, derrame pleural e, raramente, padrão miliar (KRITSKI et 31 al., 2005; MINISTÉRIO DA SAÚDE, SECRETARIA DE VIGILÂNCIA EM SAÚDE, 2010). • Tuberculose Extrapulmonar (TEP) A disseminação da TEP pode ocorrer pela via linfoematogênica responsável pela maioria das formas extrapulmonares devido ao caminho normal que o bacilo percorre (TB Ganglionar, Renal, Adrenal, Óssea, Sistema Nervoso Central, Ganglionar Intrabdominal e Genital Feminina); hematogênica com a ruptura da lesão diretamente no vaso(formas disseminadas agudas - Miliar); por contiguidade responsável pelas formas pleural, pericárdica a partir dos gânglios mediastinais, peritoneal a partir de gânglios mesentéricos, alças intestinais ou trompas por ruptura de pequenos divertículos e, algumas formas de tuberculose cutânea periorificial a partir de focos ósseos; e intracanalicular com comprometimento das vias aéreas altas a partir do pulmão, trato urinário inferior e sistema genital masculino a partir do rim, e, do endométrio e peritônio a partir das trompas (FIUZA DE MELO et al., 2005; WAARD; ROBLEDO, 2007). Sobretudo, as localizações mais importantes pela freqüência de TEP são a pleura, alcançada por contiguidade a partir dos focos primários pulmonares, e o sistema linfático, caminho natural do bacilo, após sua entrada no pulmão (CAMPOS, 2006). Devido à dificuldade que o bacilo encontra em se multiplicar em condições diferentes das observadas no pulmão, a TEP apresenta tendência na curva epidemiológica constante, principalmente em países desenvolvidos, correspondendo sua incidência em pessoas já infectadas no passado (FIUZA DE MELO et al., 2005; WAARD; ROBLEDO, 2007). 1.6. Infecção latente por Mycobacterium tuberculosis A infecção latente por MBT ou TBL caracteriza o período entre a penetração do bacilo no organismo e o aparecimento da TB doença, podendo ser adotado medidas medicamentosas na prevenção da infecção e sua disseminação, hoje denominado tratamento da TBL em substituição ao termo utilizado 32 anteriormente como quimioprofilaxia (CONDE et al., 2009; MINISTÉRIO DA SAÚDE; SECRETARIA DE VIGILÂNCIA EM SAÚDE, 2011), mostrando-se eficaz. Todos os indivíduos devem ser avaliados com o teste tuberculínico (TT) no momento do diagnóstico da infecção pelo HIV, independentemente dos fatores de risco. A medicação de escolha nesta profilaxia é a isoniazida, devendo ser utilizada principalmente em pacientes infectados pelo HIV onde reduz significativamente o risco de reativação da TB (AKOLO et al., 2010). O antígeno usado para o TT é o derivado proteico purificado (purified protein derivative, PPD), sendo utilizado no Brasil a cepa denominada RT23 e aplicado na dose de duas unidades tuberculina (2UT), via intradérmica, na face ventral do antebraço esquerdo (FIUZA DE MELO et al., 2005). O resultado do teste é a medida do maior eixo transversal da enduração cutânea formada em milímetros, desprezando-se o eritema ao redor. O tamanho do nódulo do TT com o PPD orienta a necessidade de tratamento da TBL conforme apresentado o Quadro 2 apresentado pela SBPT (2009). Considera-se que contatos recentes com idade ≥ 12 anos, HIV negativos e com TT ≥ 5 mm tem um risco seis vezes maior de apresentar TBL do que contatos com TT < 5 mm, considerando o ponto de corte do TT de 5 mm. O tratamento da TBL preconizado pela SBPT (2009) é indicado para os grupos apresentados no Quadro 2, assintomáticos e com Rx de tórax normal, com isoniazida (H) na dose diária de 5-10 mg/kg de peso, máximo 300 mg/dia, por 6 meses. Apesar das reações adversas serem pouco frequentes, pode ocorrer raramente hepatopatia, queixas gástricas, urticária, prejuízo da memória, dificuldades no aprendizado, sonolência excessiva, insônia, alterações na caligrafia, bem como não há risco de seleção de cepas resistentes durante o tratamento (CONDE et al., 2009; MINISTÉRIO DA SAÚDE; SECRETARIA DE VIGILÂNCIA EM SAÚDE, 2011). Apesar de ser recomendado pelo Ministério da Saúde e ser uma das Diretrizes da SBPT, o PPD (TT) em indivíduos infectados com HIV ainda não é realizado como rotina, provavelmente devido suas limitações (HARRIES; MAHER; GRAHAM, 2004; CONDE et al., 2009). A sensibilidade do TT é significantemente 33 reduzido na presença de imunossupressão celular, apresentando linfócitos TCD4+ inferior a 100 células/mm3 (FISK et al., 2003). Quadro 2. Indicações para tratamento da TBL de acordo com o tamanho do halo de enduração do TT e com o grupo de risco. TT ≥ 5 mm Infectados com HIV Contatos recentes (< 2 anos) de TB pulmonar vacinados com a BCG há mais de 2 anos Indivíduos não tratados para TB e portadores de lesões sequelares na radiografia de tórax Pacientes candidatos a transplantes ou transplantados Imunossuprimidos por outras razões (uso de prednisona ≥ 15 mg/dia ou equivalente por tempo superior a 1 mês ou candidatos ao uso de bloqueadores de TNF-α) Viragem tuberculínica Trabalhadores do sistema prisional, cuidadores de idosos Pessoal de laboratórios de micobactérias Profissionais da área da saúde Contatos recentes de TB pulmonar de qualquer idade TT ≥ 10 mm Contatos recentes (< 2 anos) de TB pulmonar vacinados com a BCG há 2 anos ou menos Usuários de drogas injetáveis Pacientes com depressão da imunidade por diabetes mellitus insulinodependente, silicose, linfomas, neoplasias de cabeça, pescoço e pulmão ou procedimentos como gastrectomia, hemodiálise, by-pass gastrointestinal Populações indígenas Independente do TT Indivíduos HIV positivos com história de contato recente (< 2 anos) com TB pulmonar bacilífera ou apresentando imagem radiográfica de sequela de TB pulmonar sem história prévia de tratamento para TB, independente do valor do TT (mesmo com TT < 5 mm) Fonte: (SVS, 2010a). TT= teste tuberculínico. Além disso, a vacinação prévia com BCG pode levar à reação cruzada com antígenos do TT, particularmente, se a vacina foi administrada anteriormente (WANG et al., 2002; KANG et al., 2005). Da mesma forma, um teste de PPD podem ser falsamente positivos devido à reação cruzada com proteínas presentes no M. avium ou outras micobactérias não tuberculose, que atinge também a especificidade do TT (FARHAT et al., 2006). 34 1.7. Diagnóstico da tuberculose A TB é diagnosticada por meio da detecção do complexo bacilar do MBT em amostra do trato respiratório na TB pulmonar, ou ainda em outros locais do organismo em se tratando da TEP. Embora atualmente exista vários métodos diagnóstico baseado na identificação molecular, a baciloscopia direta do escarro (pesquisa de BAAR) e a cultura em meio de Löwenstein-Jesen são consideradas ainda o “padrão ouro” para o diagnóstico da TB ativa, especialmente nos países em desenvolvimento com recursos limitados (WAARD; ROBLEDO, 2007). A baciloscopia direta do escarro é um meio rápido, barato e útil na identificação do bacilo por meio de uma amostra do escarro em pacientes que se apresentam altamente contagiosos (TB pulmonar), também utilizada para monitorar a eficácia do tratamento e determinar quando um paciente torna-se menos infeccioso. Deve ser solicitado a todo paciente com tosse há mais de duas semanas, ao que apresenta lesões radiológicas compatíveis com a doença pulmonar ou de etiologia indefinida, e ainda aos pacientes com doença pulmonar infecciosa com resposta insatisfatória ao tratamento (AFIUNE, 2006). Deve ser realizado em pelo menos duas amostras de escarro coletadas para exame bacteriológico, ao menos uma amostra coletada pela manhã (CONDE et al., 2009). Porém, a pesquisa de BAAR apresenta limitações como a baixa sensibilidade (40 a 60%), chegando a 20% na presença de infecção pelo HIV (BALCELLS M, 2009), diminuída 60-70% nas crianças bem como nos países em desenvolvimento (STARKE, 2003; ZAR et al., 2005), sendo que sua utilidade é condicionada à qualidade da amostra de escarro e do desempenho do laboratório. A cultura é utilizada em casos com baixa carga da micobactéria como também nos casos de suspeita de resistência a medicamentos antibuberculostáticos para teste de sensibilidade ou identificação de outro gênero do Mycobacterium (WAARD; ROBLEDO, 2007), é automatizada com sensibilidade alta, mas apresenta uma demora do resultado de 2 a 3 semanas (BALCELLS, 2009). 35 Recomendações da “III Diretrizes para TB da SBTP” (2009) considera que indivíduo sintomático respiratório com radiografia de tórax sugestiva de TB deve realizar a cultura para TB com teste de sensibilidade e baciloscopia em pelo menos uma amostra de escarro sempre que possível, sendo que, paciente com suspeita de TB na radiografia de tórax sem expectoração espontânea deve ser submetido à indução de escarro. No Brasil, atualmente não existe nenhum outro método diagnóstico para TB validado para uso na rotina (CONDE et al., 2009), mas em outros países, principalmente nos desenvolvidos, são utilizados com mais complexidades e custo a fim de otimizar a detecção precoce da tuberculose (BONNET et al., 2008). Dentre eles, a microscopia de fluorescência apresenta-se 10% mais sensível que o esfregaço convencional, embora mantenha mesma especificidade (STEINGART et al., 2006a). Sobretudo, na presença da infecção pelo HIV, sua sensibilidade dobra em relação à microscopia convencional com especificidade semelhante à cultura (KIVIHYA-NDUGGA et al., 2003). Outra técnica alternativa utilizada, baseada na física e química que utiliza a concentração de bacilos na amostra antes da coloração, apresenta sensibilidade aumentada de 13 a 33% em comparação com a cultura (STEINGART et al., 2006b). Testes moleculares também são utilizados. Estes identificam rapidamente a presença de micobactérias na amostra clínica, porém requerer tecnologia de alto custo e especialização em seu desenvolvimento, sendo de difícil disponibilidade na maioria dos países com necessidades de aprimoramentos diagnósticos para TB. Estes testes (amplificação de ácidos nucléicos - NASC) consistem em identificar e amplificar regiões específicas do DNA das micobactérias diretamente das amostras tendo o resultado em menos de sete horas após seu processamento, sensibilidade equivalente à cultura, embora um percentual maior de amostras respiratórias apresentam falsos negativos, incluindo o líquido pleural e líquor, limitando-se sua utilidade em tais casos (BONNET et al., 2008). Essa ferramenta também permite discriminar o Mycobacterium tuberculosis do M. não 36 tuberculosa, o que facilita a identificação de infecções por micobactérias atípicas e comuns (GRECO et al., 2006). 1.8. Coinfecção tuberculose e HIV A TB e a aids são as duas principais causas de doenças infecciosas associadas a mortalidade no mundo, e estão indissoluvelmente juntas desde o início da epidemia HIV/aids, sendo um dos maiores desafios para o controle da tuberculose (FRIEDLAND et al., 2007; LAWN; ZUMLA, 2011). A imunossupressão aumenta o risco da reativação da infecção latente e a rápida progressão para a TB ativa (AARON et al, 2004). A tuberculose é comum entre os infectados pelo HIV principalmente entre aqueles com baixos níveis de células TCD4+ (JARYAL et al, 2011). A coinfecção entre o MBT e o HIV constitui agravo importante na saúde pública e tem contribuído para o aumento dos índices de morbimortalidade por TB (ALBUQUERQUE et al., 2007; DYE; BASSILI; BIERRENBACH, 2008; PACHECO et al., 2008; GETAHUN et al., 2010) mais do que a infecção isolada pelo HIV (OLIVEIRA; MARÍN-LEÓNA; CARDOSO, 2004). E, sobretudo, ainda é alto o número de indivíduos com TB que não realizam a sorologia para o HIV (LINS et al., 2012). Até 1993, distinguiam-se duas apresentações clínicas da coinfecção: TB no paciente infectado pelo HIV e sem aids e TB associada à aids (BARNES et al., 1999). Os CDC consideram a TB pulmonar como uma das patologias definidoras de aids nos infectados pelo HIV (CANTWELL et al., 1994; CDC, 2008). Entretanto, no Brasil, esse critério não é utilizado devido à elevada prevalência da tuberculose pulmonar no país (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2004). A coinfecção é favorecida pela progressiva disfunção do sistema imune causada pelo HIV que compromete a imunidade celular mediada pelos linfócitos TCD4+, tornando estas células incompetentes na defesa contra o MBT. A tuberculose por sua vez, acelera a replicação viral por meio de vários mecanismos dentre os quais a produção do Fator de Necrose Tumoral (GUPTA; STREET; MACRAE, 2008; KWAN; ERNST, 2011; NANICHE et al., 2011). 37 Apesar dos indivíduos infectados pelo HIV poderem apresentar sintomas clássicos da TB como febre, sudorese noturna e perda de peso, na maioria dos casos a doença é oligossintomática ou assintomática, especialmente nos países em desenvolvimento, onde existe uma elevada carga de infecção por HIV e TB. Pacientes HIV positivos com TB são menos propensos a ter a doença pulmonar cavitária do que os não infectados pelo HIV, sendo que 22% dos coinfectados portadores de TB pulmonar apresentam radiografia de tórax normal. Ainda, pessoas infectadas com HIV são mais propensas a desenvolver a forma extrapulmonar da doença e 40% a 80% destas têm a TB extrapulmonar em comparação com as não infectadas (10%a 20%) (STERLING, PHAM, CHAISSON, 2010). A radiografia de tórax nos indivíduos com contagem de linfócitos T-CD4+ ≤ a 200 células/mm3 pode apresentar vários padrões e a TB pode ser classificada como TB primária evolutiva, TB pósprimária e TB miliar. São encontradas alterações mínimas em até 5% dos casos e resultados com padrão radiológico normal em até 14% dos casos. Nos pacientes com T-CD4+ < 200 células/mm3 a forma primária evolutiva é a predominante assim como a radiografia de tórax normal. A forma pós-primária acontece mais freqüentemente nos pacientes com TCD4+ > 200 células/mm3 (GREENBERG et al., 1994; GENG et al, 2005). Na coinfecção, o diagnóstico da TB é realizado normalmente utilizando-se os mesmos meios diagnósticos (radiografia de tórax e baciloscopia de escarro). Acrescenta-se apenas a cultura para micobactérias no sangue e na urina para identificação de micobactérias, assim como os bacilos resistentes e MDRs, mais prevalentes nos pacientes soropositivos para HIV, havendo necessidade de determinar a sensibilidade das drogas (CONDE et al., 2009). Em relação ao manejo terapêutico dos portadores da coinfecção, sabe-se que a disponibilidade da HAART tem contribuído significativamente para a prevenção de infecções oportunistas e de modo especial para a prevenção da TB (PALOMINO, 2012). A sobrevida dos pacientes coinfectados tem aumentado ao longo dos anos e pode ser atribuída a melhorias nos tratamentos antiretrovirais e antituberculose, que são indispensáveis na gestão desses pacientes. No entanto, 38 importantes interações farmacocinéticas ocorrem entre a rifampicina, componente do tratamento antituberculose e alguns antiretrovirais, especialmente, os inibidores da protease e os não-nucleosídeos da transcriptase reversa. O tratamento na coinfecção HIV/TB tem sua particularidade devido ao uso concomitante da rifampicina com a HAART apresentando interações com frequência (ARBEX et al., 2010). Por sua vez, a HAART aumenta a resposta ao teste PPD e reduz a incidência e mortalidade por TB, constatando que os níveis de T-CD4+ antes do tratamento e seis meses após o início são os fatores determinantes (LAWN; BEKKER; WOOD, 2005). Os princípios fundamentais subjacentes ao tratamento da coinfecção são: a) o tratamento da TB sempre tem precedência sobre o tratamento da infecção; b) em pacientes que já estão em HAART, o mesmo tem que ser continuado com as modificações apropriadas e c) em pacientes que não estão recebendo HAART, a necessidade e o momento de início da HAART deve ser decidido após avaliação do risco de progressão da doença a curto prazo e morte, com base na contagem de T-CD4 + e do tipo de TB. 1.9. Tratamento da tuberculose e coinfecção HIV/aids/TB No Brasil, desde 1979, o tratamento da tuberculose é padronizado pelo Ministério da Saúde (MS) por meio de normas técnicas que regulamentam a dispensação da medicação a qual também é disponibilizada gratuitamente (MINISTÉRIO DA SAÚDE, SECRETARIA DE VIGILÂNCIA EM SAÚDE, 2010). A terapêutica baseia-se na associação de drogas quimioterápicas empregadas de acordo com a localização do bacilo e o seu comportamento metabólico. Os esquemas terapêuticos antituberculose objetivam ter atividade bactericida precoce; capacidade de prevenir a emergência de bacilos resistentes e ter atividade esterilizante (WORLD HEALTH ORGANIZATION, 2006). Assim, existe um conjunto de drogas que compõem o esquema básico e outras que são prescritas em situações especiais. De 2002 até outubro de 2009 prevaleceu um sistema de tratamento organizado em esquemas de composição de drogas, numerados em algarismos 39 romanos de I a III e recomendados de acordo com a forma clinica da tuberculose ou a condição de seguimento do tratamento (abandono, retratamento ou recidiva) (MINISTÉRIO DA SAÚDE, SECRETARIA DE VIGILÂNCIA EM SAÚDE, 2010). O Esquema I ou Esquema Básico, aplicado aos casos novos de tuberculose pulmonar ou extrapulmonar, exceto meningoencefalite, continha rifampicina (R), isoniazida (H) e pirazinamida (Z) utilizadas em duas fases. A primeira, com duração de dois meses, empregava as três drogas e a segunda, com duração de quatro meses, empregava a R e a H. Esse esquema com suas drogas, fases e duração era representado graficamente pela sigla 2RHZ/4RH (MINISTÉRIO DA SAÚDE; SECRETARIA DE VIGILÂNCIA EM SAÚDE, 2009a). O Esquema I Reforçado constituía uma opção para os casos de retratamento e acrescentava na segunda fase o Etambutol (E). Sua representação ficava assim: 2RHZE/4RHE. A forma meningoencefálica era tratada segundo o Esquema II, cujo diferencial era a ampliação do tempo de duração do tratamento de seis meses para nove meses, com as mesmas drogas usadas no Esquema I e representadas pela sigla 2RHZ/7RH. Finalmente, o Esquema III, indicado para os casos de falência do tratamento tinha duração de 12 meses e utilizava outros grupo de drogas para falência terapêutica (estreptomicina, etionamida, etambutol e pirazinamida) (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2002). A partir de outubro de 2009, os esquemas terapêuticos foram alterados por norma técnica indicando tratamento para todos os casos de tuberculose pulmonar e extrapulmonar, bem como para casos de recidiva e de retorno após abandono. Foi preconizado a utilização de quatro drogas em um único comprimido com dose fixa na fase intensiva combinada por rifampicina (R), isoniazida (H), pirazinamida (Z) e etambutol (E), nos dois primeiros meses, e manutenção com isoniazida e rifampicina nos quatro meses subsequentes (2RHEZ/4RH), compondo assim o esquema básico para indivíduos com idade ≥ 10 anos (CONDE et al., 2009). 40 Nos casos de meningoencefalite por tuberculose preconiza-se além do esquema inicial, estender a segunda fase por sete meses associando-se um corticosteróide no primeiro mês de tratamento (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2009a). Os indivíduos portadores de bacilos resistentes a isoniazida e rifampicina, ou bacilos resistentes a isoniazida, rifampicina e outro fármaco de primeira linha ou que apresentam falência ao esquema básico constituem o grupo classificado como portadores de tuberculose multirresistente (TBMDR). Para esses casos, é proposto o esquema constituído por estreptomicina (S), etambutol (E), terizidona (T), pirazinamida (Z) e um quinolona (levofloxacina ou ofloxacina). Na impossibilidade de se utilizar estreptomicina, essa é substituída por amicacina. Os portadores de tuberculose extensivamente resistente (TBXDR extensively drug resistant) devem ser acompanhados em centros de referência terciários com a utilização de esquemas individualizados compostos por fármacos de reserva que podem incluem capreomicina, moxifloxacina, ácido paraaminossalicílico e etionamida (CONDE et al., 2009). Pode ocorrer também particularidades em casos de intolerância a uma das drogas de primeira linha e outras situações clínicas como as hepatopatias sendo contemplado também com outras propostas de tratamento (MINISTÉRIO DA SAÚDE; SECRETARIA DE VIGILÂNCIA EM SAÚDE, 2010). Sobretudo, ainda é recomendação da “III Diretrizes para TB da SBPT” (2009) a supervisão direta de todos os esquemas de tratamento para TB utilizando-se a estratégia de tratamento diretamente observado (TDO) (EVANGELISTA; DE ASSIS; GOMES, 2010), bem como, oferta do teste anti-HIV a todos os indivíduos com TB, realização do TT por todo indivíduo HIV positivo sem diagnóstico de TB doença tratamento instituído aos pacientes com imunodepressão grave e suspeita de TB enquanto aguarda resultado de exames laboratoriais, e, realização de cultura com teste de sensibilidade do escarro aos pacientes com HIV/TB positivo. O tratamento da TB em pacientes HIV positivos está associado a questões complexas. A infecção pelo HIV prejudica na absorção de alguns medicamentos antibuberculostáticos com ocorrência de interações medicamentosas (SCHMALTZ 41 et al., 2009), reações adversas e risco elevado de toxicidade (KANT et al., 2010). Portanto, a coinfecção está relacionada à interrupção do tratamento, à resistência medicamentosa (BURMAN; JONES, 2001; BRITO et al., 2004), bem como falência terapêutica (ALBUQUERQUE et al., 2007), e óbito antes mesmo de concluir o tratamento da TB (MARUZA; XIMENES; LACERDA, 2008; LACERDA et al., 2009). Esses fatores são compensados pelo efeito benéfico do acesso à terapia antiretroviral altamente ativa (HAART) sobre o alto risco de mortalidade entre os pacientes infectados com HIV e tratados para TB. No Brasil, a introdução da HAART apresentou impacto importante na diminuição do número de casos da coinfecção HIV/TB. O fornecimento gratuito dos medicamentos antirretrovirais promoveu o acesso ao tratamento e contribuiu para redução na incidência de TB na população soropositiva para o HIV (MIRANDA et al., 2007) corroborando assim, na diminuição da mortalidade pela infecção simultânea (SCHMALTZ et al., 2009). Esta medida associada ao fornecimento de terapia preventiva para indivíduos com testes positivos ao derivado protéico purificado (PPD), e ainda a ampliação da testagem para o HIV em indivíduos com infecção pelo MBT são estratégias recomendadas pela Organização Mundial de Saúde (OMS) para o controle da tuberculose bem estruturado. (ROLLA et al., 2006; WORLD HEALTH ORGANIZATION, 2009; JAHDALI et al., 2010). No entanto, o tratamento tuberculostático na vigência do HAART é dificultado por altos índices de intolerância e interações medicamentosas com a sobreposição/potencialização de eventos adversos que aumentam assim a dificuldade de se identificar qual fármaco está associado a uma possível toxicidade. Portanto, em face da interação da rifampicina com os inibidores da protease (IP) e, com menor freqüência, com os inibidores não nucleosídeos da transcriptase reversa (ITRNN), o tratamento da coinfecção tuberculose e HIV apresenta algumas ressalvas que geram problemas que, de forma geral, é recomendado o início de HAART nas pessoas com indicação em torno de 30 dias após o início do tratamento para tuberculose, onde o início mais tardio é associado 42 a uma maior letalidade por TB ou HIV (MINISTÉRIO DA SAÚDE; SECRETARIA DE VIGILÂNCIA EM SAÚDE, 2010). A rifampicina deve preferencialmente fazer parte do esquema de tratamento da TB apresentando uma maior eficácia terapêutica, incide na negativação da baciloscopia e diminui a duração da terapia, apresentando menores taxas de recidiva, falência e de letalidade (BLUMBERG et al., 2003). Sobretudo, esquemas antirretrovirais compostos por dois ITRN + efavirenz constituem a opção de primeira escolha de HAART para pacientes em uso de rifampicina com disposição de outros esquemas indicados conforme Quadro 3. A TBMDR é um problema clínico observado mundialmente, onde cepas do MBT apresentam-se resistentes à RH. A prevalência da TBMDR varia de 0,7% em Madagascar e 3,9% em Ruanda. Em Botswana, em pacientes virgens de tratamento, a prevalência da resistência a uma medicação foi de 10,4% e de MDR, 0,8%. Já nos pacientes com tratamento prévio essas porcentagens aumentaram para 22,8% e 10,4%, respectivamente (ANDREWS et al, 2007; NELSON et al., 2005). No Brasil, essas taxas aumentam. Num estudo realizado com 217 pacientes internados com TB em hospital de referência na Bahia, 15 destes pacientes positivos para HIV e 202 negativos, 7% apresentaram resistência primária, 43,1% resistência adquirida, com 4,2% de cepas com MDR primária e 34,7% de MDR adquirida (MATOS et al., 2007). Além disso, há alguns países que já identificaram também a TB extensivamente resistente (Extensively Drug-Resistant, TBXDR), observada na África do Sul, onde 5,6% dos casos de TBMDR foram identificados como sendo TBXDR, tornando fatal a associação HIV/TB como demonstrado no surto ocorrido em Kuala Natal, África do Sul (GANDHI et al., 2006). A TBXDR apresenta cepas do MBT resistente a RH e fluoroquinolona, associada à resistência a um dos três fármacos injetáveis de segunda linha (amicacina, canamicina e capreomicina) (CONDE et al., 2009). A TBXDR tornou-se uma emergência mundial que desafia os órgãos sanitários no seu combate e controle (KRITSKI, 2010). 43 Quadro 3. Recomendações terapêuticas para paciente HIV+ com tuberculose*. SITUAÇÃO RECOMENDAÇÃO Paciente com TB cavitária e virgem de tratamento para tuberculose e para HIV Tratar TB por seis meses com Esquema Básico. Determinar a contagem de linfócitos T CD4+ e carga viral para monitoramento clínico. Iniciar HAART com um dos seguintes esquemas: • 2 ITRN + EFZ (preferencial) • 3 ITRN (alternativo) Tratar TB com Esquema Básico e iniciar HAART a partir de 30 dias de tratamento antituberculose. Iniciar HAART com um dos seguintes esquemas: • 2 ITRN + EFZ (preferencial) • 3 ITRN (alternativo) Tratar TB por seis meses com Esquema Básico – caso necessário, adequar HAART, individualizando a avaliação conforme histórico de uso de ARV e falhas terapêuticas anteriores, substituindo drogas incompatíveis com o uso de rifampicina, considerando um dos seguintes esquemas: • 2 ITRN + EFZ • 2 ITRN + SQV/RTV • 3 ITRN Tratar TB por nove meses com Esquema para meningoencefalite + corticoterapia. Iniciar ou substituir a HAART por esquemas compatíveis com uso concomitante de rifampicina: • 2 ITRN + EFZ • 2 ITRN + SQV/RTV • 3 ITRN Solicitar cultura, identificação e teste de sensibilidade. Manter o esquema básico até o recebimento do teste de sensibilidade. Encaminhar aos serviços de referência em tuberculose, para avaliação de especialista e avaliação da necessidade do esquema para multirresistência ou outros esquemas especiais Discutir o caso ou encaminhar para unidade de referência do programa de tuberculose para avaliar o esquema a ser introduzido Paciente com TB pulmonar não cavitária ou formas extrapulmonares (exceto meningoencefálica) e virgem de tratamento para tuberculose e para HIV Pacientes com Tuberculose (casos novos e retratamento por recidiva ou retorno após abandono, exceto meningoencefálica, experimentados em terapia antirretroviral Meningoencefalite tuberculosa Suspeita de Tuberculose multirresistente ou falência ao esquema básico Intolerância a dois ou mais fármacos antituberculose do esquema básico Fonte: adaptado do Manual de Recomendações para o Controle da Tuberculose no Brasil. Ministério da Saúde: Brasília/DF, 2010; * excluídas as recomendações referentes às exceções previstas no tratamento. Em Goiânia, Estado de Goiás, foi relatado um caso de TBXDR secundária em 2008. As cepas do MBT foi resistente à rifampicina, isoniazida, etambutol, etionamida, ofloxacina e amicacina, e teve como desfecho óbito com falência 44 múltipla de órgãos devido a septicemia secundária a pneumonia bacteriana (ARAÚJO-FILHO et al., 2008). 1.10. Importância epidemiológica do HIV/aids/TB Segundo estimativas do Ministério da Saúde (2011a), a incidência global da TB em 2010 (Figura 1) foi de 8,8 milhões de casos novos (8,5-9,2 milhões). O Sudeste Asiático e a África concentram a maioria dos casos com 59% e 26% respectivamente, proporções menores são encontradas nas regiões do Mediterrâneo Oriental (7%), Européia (5%) e Américas (3%). A Índia e a China estão entre os cinco países com as maiores taxas de incidência, sendo que a Índia sozinha responde por 26% do total de casos no mundo e juntos contabilizam 38% dos casos (WORLD HEALTH ORGANIZATION, 2011a). Estima-se que na Índia 60% a 70% dos indivíduos HIV positivo irão desenvolver tuberculose ao longo de sua vida (JARYAL, 2011). Nas Américas, o Brasil e Peru contribuem com 50% dos casos estimados de TB (WORLD HEALTH ORGANIZATION, 2011a). No Brasil, na última década, foram diagnosticados entre 80 a 90 mil casos novos ao ano, constituindo-se assim a nona causa de internação por doenças infecciosas e a quarta causa de mortalidade por doenças infecciosas (SECRETARIA DE VIGILÂNCIA EM SAÚDE, 2009; HIJJAR et al., 2005). 45 Figura 1. Taxas de incidência estimada de TB, 2010 Fonte: WORLD HEALTH ORGANIZATION, 2011a A incidência da TB está significativamente relacionada à alta prevalência da infecção pelo HIV. Aproximadamente 30% dos 33,4 milhões de indivíduos infectados com HIV em 2008, tinham TB latente ou ativa (KWAN, ERNST, 2011). Ainda, estima-se que 13% dos novos casos de tuberculose incidiram sob indivíduos coinfectados com o HIV (WORLD HEALTH ORGANIZATION, 2011a). A região africana, mais uma vez, detém o maior percentual de coinfectados, com 82% dos casos de TB entre as pessoas que vivem com HIV (WORLD HEALTH ORGANIZATION, 2011a). A testagem para o HIV entre os pacientes diagnosticados com TB é um importante indicador epidemiológico para o monitoramento dessa morbidade. Idealmente espera-se que todos os indivíduos adultos diagnosticados com TB sejam testados para o HIV (MINISTÉRIO DA SAÚDE; SECRETARIA DE VIGILÂNCIA EM SAÚDE, 2009b). Na África, em 2010, 44% dos indivíduos com TB testados para o HIV eram soropositivos (WORLD HEALTH ORGANIZATION, 2011a). Apesar da recomendação a realização de testagem para o HIV em todos 46 os pacientes com tuberculose ainda não ocorre efetivamente (SRIKANTIAH et al., 2007; GETAHUN et al., 2010). No Brasil, em 2004, a proporção de casos novos de TB testados para o HIV era cerca de 40%. Esse percentual vem aumentando ao longo dos anos chegando a 63% em 2007 (JAMAL; MOHERDAUI, 2007). Segundo o Ministério da Saúde (2009b) foram notificados no país 83.977 casos novos de TB sendo que 7.557 estavam coinfectados pelo HIV (9%) e os Estados com maiores percentagens foram Santa Catarina (20,25 %), Rio Grande do Sul (19,9 %), e São Paulo (15,6 %). Para os indivíduos vivendo com HIV/aids no Brasil, estima-se que 18% deles sofram de TB sendo uma das três principais causas de morte por doença infecciosa nestes indivíduos . A taxa de incidência da TB por regiões varia de 30 casos por 100 mil habitantes nas regiões Sul e Centro- Oeste para 50 casos por 100 mil habitantes nas regiões Norte, Nordeste e Sudeste (SOCIEDADE BRASILEIRA DE PNEUMOLOGIA E TISOLOGIA, 2009). A letalidade da tuberculose em indivíduos infectados pelo HIV é explicada pela combinação de fatores associados a coinfecção com o HIV. Dentre estes, observa-se a rápida progressão da doença devido à falta de respostas imunes para restringir o crescimento de Mycobacterium tuberculosis; diagnóstico tardio e tratamento da infecção tuberculosa devido a apresentação atípica e baixas taxas de positividade baciloscópica. Ainda, retardo no diagnóstico da infecção pelo HIV; e atraso no início ou, dificuldade de acesso à HAART, além de taxas elevadas de bacilos de TB multidrogas resistentes (ANDREWS, 2007; KWAN; ERNST, 2011). 1.11. Vigilância Epidemiológica O objetivo da vigilância epidemiológica é conhecer a magnitude da doença a partir dos dados de morbimortalidade, fatores de risco, distribuição e tendência temporal, fornecendo subsídios para ações de controle eficazes. Para isso, diversos Sistemas de Informação em Saúde são utilizados, os quais compõe-se de adequados mecanismos de coleta de dados, processamento, análise e transmissão de informação, necessárias ao planejamento, organização, 47 operacionalização e avaliação dos serviços de saúde (WORLD HEALTH ORGANIZATION, 2009). No Brasil, a vigilância epidemiológica da aids e da TB utiliza o Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN), sistema esse que permite a notificação e investigação de casos de doenças e agravos que constam da lista nacional de doenças de notificação compulsória, e que fornece subsídios para explicações causais dos agravos de notificação compulsória, além de indicar riscos aos quais as pessoas estão sujeitas, contribuindo assim, para a identificação da realidade epidemiológica de determinada área geográfica (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2007b). Apesar do esforço no monitoramento e na detecção precoce de casos, o controle da TB ainda enfrenta algumas dificuldades, principalmente pelas altas taxas de óbito entre os portadores de HIV sob tratamento da TB. A maior dificuldade se deve ao fato de a política de controle da TB estar atrelada ao nível básico de atenção à saúde, e a de assistência à aids aos níveis secundário e terciário. Diante da dimensão da comorbidade e do impacto que a TB e o HIV juntos configuram para a saúde pública, faz-se necessário pesquisas que contemplem conhecer o perfil epidemiológico dos doentes coinfectados (SANTOS et al., 2009). 1.12. A Enfermagem e o controle da tuberculose O profissional de enfermagem desenvolve importante papel no enfrentamento do problema da TB desde as dimensões políticas e operativas do trabalho, bem como, no ensino e na produção científica, contribuindo para gerar novos conhecimentos sobre os determinantes sociais e políticos, especialmente na compreensão de aspectos relacionados ao doente, à família e aos serviços de saúde (VILLA et al., 2006; VILLA, 2007; LOPES et al., 2008). Como objetivos do milênio, o Ministério da Saúde estabeleceu metas para o controle das doenças negligenciadas, sobretudo a TB, com o desenvolvimento de novas estratégias para o alcance destas (WORLD HEALTH ORGANIZATION, 2011a). E, a enfermagem brasileira segue as diretrizes do Plano Global para o 48 STOP TB na pesquisa e na assistência, sendo que os recursos humanos emergem como um dos grandes desafios para a expansão da estratégia DOTS (Directly Observed Treatment Short Course - Tratamento Diretamente Observado de Curta Duração) (VILLA et al., 2008). No Brasil, a estratégia DOTS é levada aos lares com a finalidade de satisfazer as necessidades sociais, culturais, econômicas e facilitar o acesso do paciente e sua família a diferentes níveis e serviços do sistema de saúde (BERTOLOZZI, 2005; CARDOZO GONZALES et al., 2008). Os profissionais de enfermagem, pela característica do trabalho que desenvolvem, têm oportunidade de atuarem mais proximamente dos clientes, nos diversos níveis de atenção. Isso contribui para aumento do tempo de exposição a diversos patógenos, dentre os quais o MBT. O risco aumenta quando existem condições insuficientes de proteção individual e coletiva, políticas de trabalho ineficientes, desorganização dos trabalhadores da saúde e baixa qualificação técnica do pessoal de saúde (LOPES et al., 2008; MACIEL et al., 2009). Na atenção direta ao paciente, a assistência de enfermagem baseia-se na promoção da saúde, prevenção da TB com vacinas e medidas de biossegurança; valorização e cuidado integral do paciente e família; reinserção social; empoderamento e educação crítica para a participação popular (OBLITAS et al., 2010). Além de que, administrativamente, o enfermeiro participa da elaboração das políticas públicas, normas e guias de atendimento e gestão do cuidado direto (OBLITAS et al., 2010). Sobretudo, há condições de vulnerabilidade para a enfermagem que trabalha diretamente com a TB, e que o conhecimento assim como a quantidade de tempo de exposição no serviço tem papel fundamental (BERTAZONE; GIR; HAYASHIDA, 2005; SOUZA; BERTOLOZZI, 2005). Aos profissionais de saúde, especialmente a enfermagem, deve-se considerar o risco da TB laboral tanto na assistência ambulatorial, domiciliar e hospitalar (LOPES et al., 2008; PRADO et al., 2008). A produção científica da enfermagem na TB está relacionada à produção de conhecimentos essenciais e prioritários para a saúde pública com inovações no 49 processo de atenção à saúde, como o DOTS e referencial teórico de conceitos vulnerabilidade, humanização, adesão/abandono (BERTOLLOZI, 2005; CARDOZO GONZALES et al., 2008). Também são abordadas aspectos de gestão do processo de atenção à TB (WILLIAMS et al., 2008) inserida no sistema de atenção primária a saúde (VILLA et al., 2008). Na pesquisa, a Enfermagem também se destaca na coordenação de projetos em TB, com a formação da Rede Brasileira de Pesquisa em Tuberculose – (REDE TB) (CARDOZO GONZALES et al., 2008) e a Rede Latino Americana de Enfermería em TB (VILLA et al., 2006; VILLA et al., 2008). Na docência, contribui com a formação de novos recursos humanos na enfermagem, ofertando cursos de capacitação no atendimento de portadores de tuberculose, enfatizando a iniquidade, desvantagens sociais, solidariedade, cidadania, direitos colaboradores ou humanos, pessoal de orçamento participativo; enfermagem; educação capacitação sanitária de crítica; autoformação; bem como produção de estudos sobre o ensino da TB em cursos de graduação em enfermagem no Brasil (VILLA et al., 2006). Portanto, a enfermagem viabiliza a construção de competências investigativas de forma integrada às práticas de saúde nos diversos cenários da TB, posibilitando avanços na qualificação de recursos humanos, pesquisadores e mesmo na produção de conhecimentos que contribuem para atenção à TB no Brasil. 50 2. JUSTIFICATIVA A TB é uma das principais doenças relacionadas com a infecção pelo HIV e responsável por alta mortalidade em todo o mundo. No Brasil, desde 2004, estão sendo desenvolvidas novas tentativas para a incorporação da coinfecção HIV/TB nas políticas de controle da TB. No entanto, a debilidade na comunicação entre o Programa Nacional de Controle da Tuberculose (PNCT) e o Programa Nacional de Doenças Sexualmente Transmissíveis e AIDS (PN-DST/ AIDS) representam um grande desafio para o controle da coinfecção. Uma vez que a política de controle da TB está atrelada ao nível básico de atenção à saúde e o da assistência à AIDS aos níveis secundário e terciário (SANTOS et al., 2009). Em Goiás, a taxa de incidência de TB é de 8,6 por 100.000 habitantes (MINISTÉRIO DA SAÚDE; SECRETARIA DE VIGILÂNCIA EM SAÚDE, 2009) e a incidência da aids é de 13,5 para a Região Centro-Oeste (MINISTÉRIO DA SAÚDE; SECRETARIA DE VIGILÂNCIA EM SAÚDE, 2010). No entanto, as taxas da coinfecção e do óbito são desconhecidos. E, diante da dimensão da comorbidade e do impacto que o HIV e a TB juntos configuram para a saúde pública, faz-se necessário pesquisar e conhecer o perfil epidemiológico desses indivíduos coinfectados. Profissionais de saúde, especialmente enfermeiros, devem estar atentos e corresponsabilizarem-se pelo monitoramento e avaliação das transformações epidemiológicas ocorridas no curso da coinfecção, tendo em vista sempre, o trabalho multidisciplinar que o enfrentamento desse agravo pressupõe. A produção de investigações científicas evidenciam contextos sociodemográficos e epidemiológicos que permitem a análise do comportamento da doença. A avaliação dos possíveis riscos e fatores de impacto de uma doença sobre a outra poderão contribuir na melhor compreensão da coinfecção HIV/TB no estado de Goiás. Assim, este trabalho contribuirá no planejamento das ações e estratégias voltadas às políticas públicas no controle e tratamento da coinfecção HIV/TB no estado de Goiás. 51 3. OBJETIVOS 3.1. Geral • Analisar o perfil clínico e epidemiológico da coinfecção HIV/TB em pacientes atendidos no único hospital de referência para tratamento de doenças infecciosas no Estado de Goiás. 3.2. Específicos 1. Verificar a incidência global de tuberculose entre os portadores de infecção pelo HIV atendidos no hospital de referência; 2. Descrever o tempo de desenvolvimento para a tuberculose a partir do diagnóstico de infecção pelo HIV; 3. Descrever as características sociodemográficas e clínicas dos portadores da coinfecção HIV/TB; 4. Analisar os fatores de risco para desenvolver tuberculose nos indivíduos infectados com HIV atendidos nessa unidade de saúde, comparando os indivíduos coinfectados com aqueles não infectados pela tuberculose. 52 4. METODOLOGIA 4.1. Desenho do estudo Trata-se de um estudo de coorte retrospectiva e dinâmica. Esse tipo de estudo epidemiológico é constituído por um grupo de indivíduos sem o agravo em estudo, com características diferentes quanto a uma determinada condição, mas com alguma característica em comum que os defina como uma coorte (FLETCHER, FLETCHER, 2006) e que serão observados por um período de tempo a fim de se identificar e analisar o desfecho esperado. Assim, parte-se da exposição em direção ao desfecho com a garantia que os membros do grupo em estudo não tenham sofrido o desfecho antes do recrutamento (NETO; LOTUFO, 2005). 4.2. População e local do estudo A população do estudo foi constituída por registros nos prontuários dos indivíduos com diagnóstico de infecção pelo HIV firmado no período de 01/01/2003 a 31/12/2009, atendidos no Hospital de Doenças Tropicais Dr. Anuar Auad (HDT) nesse mesmo período. O HDT é uma instituição pública estadual que atende usuários do Sistema Único de Saúde sendo considerado o único hospital de referência para o atendimento de pessoas vivendo com HIV/aids em Goiás. - Definição de caso de HIV: considerou-se caso de infecção pelo HIV o indivíduo que apresentasse em seu prontuário registro de testes laboratoriais de triagem e confirmatórios, positivos para o HIV, de acordo com algoritimo preconizado pelo Ministério da Saúde (MS, 2008a). O teste de triagem utilizado é o Enzyme Linked Immunosorbent Assay (ELISA) que permite a detecção de anticorpos específicos no plasma sanguineo enquanto os testes confirmatórios são o Imunofluorescência Indireta ou Western Blot. 4.3. Fontes de informação Nessa pesquisa as fontes de informação foram constituídas pelos registros de prontuários do hospital de referência e pela base de dados do SINAN-TB de Goiás, fornecida pela Secretaria Estadual de Saúde de Goiás. As variáveis do SINAN-TB utilizadas para complementar os dados do banco do HDT foram: tipo de 53 entrada (caso novo, recidiva, reingresso após abandono, transferência); teste tuberculínico (não reator, reator fraco, reator forte, não realizado); forma clínica (pulmonar, extrapulmonar, pulmonar + extrapulmonar); localização da TB extrapulmonar; baciloscopia de escarro (positiva, negativa, não realizada); data de início de tratamento para TB e esquema terapêutico utilizado. Essa base de dados foi linkada ao banco da pesquisa (HDT) para identificar os casos de tuberculose e também para complementar os dados obtidos nos prontuários. Para esse processo criou-se em ambos os bancos a variável “nome_modificado” que foi preparada no Excel. Nesse processo algumas padronizações foram adotadas, tais como transformação de todos os caracteres para caixa alta, eliminação de “espaços” em branco antes do nome e excedentes entre os nomes. Realizou-se então uma rotina de substituições de alguns componentes dos nomes, conforme descrita por Silva (2011), em seguimento ao trabalho anterior da autora supracitada, quem iniciou o tratamento deste banco de dados. Por isso, a importância de manter-se neste trabalho a mesma rotina de padronização dos nomes aplicada no banco de dados. Um processo de deduplicação foi executado para a verificação da existência de casos duplicados, sendo assim comparados e excluídos quando confirmados. Os casos suspeitos de duplicidade foram comparados por meio de três varreduras: análise de pares de nomes (paciente e mãe), análise dos pares de data de nascimento e análise de pares dos nomes modificados. Considerou-se como duplicidades verdadeiras aquelas que possuíam as variáveis nome do paciente, nome da mãe e data de nascimento, idênticas ou, aquelas com algum erro de grafia no nome do paciente, mas com as duas outras variáveis iguais. Os casos identificados como duplicados foram excluídos. Efetuou-se a conferência manual, caso a caso, dos sujeitos duplicados nos quais os critérios anteriormente citados não foram suficientes para identificar a duplicidade com segurança. Confirmada a existência de dois ou mais registros de uma mesma pessoa conservou-se o registro com diagnóstico de HIV mais antigo. Dados inexistentes no registro mais antigo foram recuperados de registros posteriores quando disponíveis. 54 4.4. Critérios de elegibilidade e de exclusão dos registros Foram elegíveis os prontuários de indivíduos atendidos no HDT com diagnóstico sorológico de infecção pelo HIV firmado no período de 01/01/2003 a 31/12/2009, idade igual ou superior a 13 anos no momento do diagnóstico sorológico de HIV; sem história de tratamento antiretroviral prévio no momento da primeira visita clínica ao hospital; com ou sem manifestação clínica de aids no momento do diagnóstico. Foram excluídos aqueles com diagnóstico confirmado de TB anteriormente ao diagnóstico de infecção pelo HIV. 4.5. Coleta dos dados 4.5.1. Local e Período da coleta de dados Os dados foram coletados no Serviço de Arquivo Médico e Estatística (SAME) do HDT no período de novembro de 2010 e agosto de 2011. 4.5.2. Coleta de dados nos prontuários No HDT, os prontuários dos pacientes com diagnóstico de infecção pelo HIV são arquivados no SAME em caixas especificas, por ano de abertura do prontuário, tendo sua numeração fixada na parte externa das caixas. Sendo assim, o auxiliar de pesquisa responsável pela coleta dos dados, dirigia-se ao SAME nos dias e horários previamente acordados, separava as caixas por ano e iniciava a leitura dos prontuários consecutivamente. Os mesmos eram lidos, analisados e transcritos para os instrumentos padronizados. Foram utilizados dois instrumentos para a coleta dos dados. O primeiro, para a coleta nos prontuários (Apêndice A), no qual foram transcritos os dados sóciodemográficos, comportamentais, clínico-laboratoriais, terapia antirretroviral, terapia anti-tuberculose e seguimento terapêutico. Nesse instrumento, os dados de identificação dos sujeitos foram registrados com as iniciais do nome do paciente e de sua mãe, juntamente com o número do prontuário. No segundo instrumento (Apêndice B) foram registrados os nomes completos do paciente e da mãe, juntamente com o número do prontuário. 55 Os instrumentos foram transportados para o Núcleo de Pesquisa (NUCLAIDS) da Faculdade de Enfermagem da UFG, em envelopes separados e por auxiliares de pesquisa distintos, em tempos também distintos. Os dados de cada banco foram digitados separadamente. Posteriormente, os bancos foram reunidos pelo pesquisador responsável (orientador). A utilização de dois instrumentos separados teve como finalidade garantir o sigilo dos sujeitos da pesquisa e a confidencialidade dos dados, evitando-se a identificação dos mesmos por ocasião da digitação do banco. A coleta dos dados foi realizada por uma equipe composta por duas auxiliares de pesquisa, uma aluna de iniciação cientifica e três alunas de pósgraduação. Todas as participantes eram enfermeiras ou acadêmicas de enfermagem e foram orientadas quanto ao sigilo das informações coletadas e treinadas para a execução do trabalho proposto. 4.6. Variáveis do estudo 4.6.1. Variável de desfecho: Tuberculose e óbito Neste estudo foram considerados casos de tuberculose aqueles confirmados segundo critérios adotados pelo MS (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2002), notificados ao SINAN e firmados após o diagnóstico de infecção pelo HIV ou simultaneamente a ele. Assim, foram incluidos os casos confirmados, conforme definição a seguir: a) Segundo critério clínico-laboratorial - Tuberculose pulmonar bacilífera: paciente com duas baciloscopias diretas positivas ou uma baciloscopia direta positiva e cultura positiva ou uma baciloscopia direta positiva e imagem radiológica sugestiva de tuberculose. - Tuberculose pulmonar escarro negativo (BK): paciente com duas baciloscopias negativas, com imagem radiológica sugestiva e achados clínicos ou outros exames complementares que permitam efetivar o diagnóstico de tuberculose. - Tuberculose extrapulmonar: paciente com evidências clínicas e achados laboratoriais, inclusive histopatológicos, compatíveis com tuberculose extrapulmonar ativa, tratados com esquema específico; ou paciente com, pelo menos, uma cultura positiva para M. tuberculosis, de material proveniente de uma localização extrapulmonar. 56 b) Segundo critério clínico-epidemiológico Casos confirmados clinico-epidemiologicamente, em situações em que o diagnóstico laboratorial não pode ser realizado principalmente quando de história de contato com doentes de tuberculose, fator de importância primordial para a suspeição diagnóstica. Tempo de seguimento para observação do desfecho: propôs-se um seguimento mínimo de 365 dias. Assim, indivíduos atendidos em 31 de dezembro de 2009 foram seguidos até 31 de dezembro de 2010. 4.6.2. Variáveis de exposição • Variáveis sócio-demográficas: sexo, idade, escolaridade, cor. • Variáveis clínicas e laboratoriais: data do primeiro teste anti-HIV reagente, data e valor da primeira contagem de linfócitos T-CD4+, data do diagnóstico de tuberculose; data do início do tratamento para TB; apresentação clínica da TB; realização e data de teste tuberculínico; datas das baciloscopias do escarro; esquema terapêutico indicado para TB; data da conclusão do tratamento; óbito. 4.7. Análise estatística dos dados Primeiramente, as variáveis foram analisadas de forma descritiva por meio de freqüências absolutas e relativas. As variáveis numéricas foram expressas em valores mínimos e máximos, média, desvio-padrão, mediana e intervalo interquartil (IIQ). Diferenças entre as proporções foram verificadas pelos testes estatísticos x² para tendência. A medida de associação utilizada na análise univariada foi o Risco Relativo (RR) com Intervalo de Confiança de 95% (IC 95%). Os dados foram analisados utilizando-se o software Statistical Package Social Science (SPSS) versão 15.0 para Windows. 4.8. Mecanismos gerenciais de execução Este projeto contou com o apoio financeiro da FAPEG (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Goiás) e integra a “Rede Goiana de Pesquisa em Agravos Transmissíveis com Ênfase em seus Aspectos Epidemiológicos, Preventivos e Diagnósticos”- REAT, do Núcleo de Ações Interdisciplinares de DST/HIV/aids (NUCLAIDS/FEN/UFG). Envolve a parceria com a Secretaria de Saúde do Estado de 57 Goiás (SES-GO) por meio da Superintendência de Políticas de Atenção Integral a Saúde (SPAIS) que congrega a Gerência de Vigilância Epidemiológica e a Gerência de Desenvolvimento das Ações e do Sistema de Saúde de Goiás, em especial a Coordenação Estadual de DST/HIV/aids; a Gerência de Vigilância Epidemiológica da Secretaria Municipal de Saúde de Goiânia e o Núcleo de Epidemiologia Hospitalar do HDT. 4.9. Aspectos éticos relacionados ao projeto Este estudo é um componente do projeto “Observatório de mulheres vivendo com HIV/aids: análise de incidência e de sobrevivência”, mas por apresentar objetivos diferentes, o sub-projeto foi encaminhado ao Comitê de Ética em Pesquisa do Hospital de Doenças Tropicais de Goiás e aprovado sob o protocolo número 004/2011 (Anexo 1). 58 5. RESULTADOS 5.1 Descrição inicial dos dados Foram atendidos pela primeira vez no serviço de referência, durante o período determinado na pesquisa, 4.515 indivíduos os quais tiveram seus prontuários lidos e avaliados. Desses, foram excluídos 1.538 (34,1%) registros que não atendiam aos critérios de elegibilidade. Os motivos da exclusão são mostrados na Tabela 1. Dos registros excluídos, 40,0% (615) eram de indivíduos menores de 13 anos, nos quais se incluem crianças expostas ao HIV por transmissão vertical e, 23,0% (354) eram de indivíduos com diagnóstico de HIV estabelecido fora do período determinado para o estudo. Tabela 1. Número de prontuários excluídos segundo ano e motivo, no período de 2003 a 2009. Goiânia, 2012 Motivos da exclusão 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 A.M Total < 13 anos de idade 93 78 79 83 113 67 84 18 615 TARV* anterior 44 36 39 82 07 01 88 74 371 Diagnóstico fora do período do estudo 84 45 43 48 46 36 07 45 354 Dados insuficientes 18 14 16 23 28 19 28 17 163 Data diagnóstico infecção HIV não confirmada 01 04 06 06 10 03 - 05 35 Total 240 177 183 242 204 126 207 159 1538 TARV: Terapia antiretroviral; A.M: Arquivo Morto Finalmente, foram arrolados 2.977 sujeitos que atenderam aos critérios de elegibilidade do estudo (Figura 2). 59 Figura 2. Fluxograma de seleção dos indivíduos do estudo 5.2 A coinfecção HIV/TB Dentre os indivíduos incluídos no estudo, 262 apresentaram tuberculose em algum momento do arrolamento. Em mais de 14% dos sujeitos, o diagnóstico de tuberculose precedeu o de HIV. A maioria dos casos de TB (58,5%) ocorreu em até no máximo seis meses após o diagnóstico da infecção do HIV sendo que 38,2% foram diagnosticados simultaneamente ou em até 30 dias depois da infecção pelo HIV. Entretanto, 27,1% desenvolveram a doença após seis meses do diagnóstico de HIV (Tabela 2). 60 Tabela 2. Tempo decorrido entre o diagnóstico de infecção pelo HIV e o diagnóstico de tuberculose, entre indivíduos atendidos em uma unidade de referência de Goiás, no período de 2003-2009. Goiânia, 2012 Tempo entre o diagnóstico de HIV e TB n % > 30 dias antes 18 7,2 1 a 30 dias antes 18 7,2 Simultâneo 15 6,0 1 a 30 dias depois 82 32,2 31 a 90 dias depois 40 15,5 91 a 180 dias depois 12 4,8 181 a 364 dias depois 15 5,6 >364 dias depois 62 21,5 Total 262 100,0 Para análise da coinfecção foram excluídos os indivíduos com diagnóstico de TB anterior ao do HIV, restando um total de 2.941 sujeitos. A incidência global de coinfecção HIV/TB nessa coorte foi de 7,7% (226/2.94; IC 95%: 6,8 – 8,7). Excluídos os casos de TB anteriores ao diagnóstico de HIV (36 casos), recalculou-se o tempo decorrido em meses para o diagnóstico de TB. O tempo variou de zero mês, que são aqueles casos cujo diagnóstico foi simultâneo ao do HIV, até 85 meses, com mediana de um mês e IIIQ=13 meses (Figura 3). 84 78 72 66 60 54 48 42 36 30 24 18 12 6 Tempo entre diagnóstico do HIV e Tuberculose (meses) 90 61 0 Figura 3. Tempo para o diagnóstico de tuberculose em coorte de infectados pelo HIV atendidos em uma unidade de referência de Goiás, no período de 2003-2009. Goiânia, 2012 As características sóciodemográficas e clínicas dos indivíduos coinfectados são apresentadas na Tabela 3. A idade variou de 16 a 65 anos com média de 35,42 anos (dp: 10,32), e predomínio de indivíduos do sexo masculino (76,1%). Em relação à primeira contagem de linfócitos T-CD4+, a maioria apresentou valores inferiores a 350 células/mm3 (82,9%). As formas clínicas de tuberculose foram agrupadas em três categorias: pulmonar, extrapulmonar e, pulmonar + extrapulmonar. A tuberculose extrapulmonar e a forma mista, juntas, foram responsáveis por mais de 40,0% dos casos (85/206; IC 95%: 37,7 - 48,1). A tuberculose ganglionar periférica foi a forma extrapulmonar mais importante (42,5%; 25/60; IC 95%: 29,7 – 59,4) seguida da tuberculose 62 meningoencefálica (16,6%; 10/60; IC 95%: 8,8 – 27,7), óssea (15%; 9/60; IC 95%: 7,6 – 25,7) e disseminada (10,0%; 6/60; IC 95%: 4,1 – 19,6). A baciloscopia direta do escarro foi realizada em 195 indivíduos (86,3%), já o teste tuberculínico (PPD) em apenas 98 (43,4%). Tabela 3. Características de indivíduos coinfectados atendidos em uma unidade de referência de Goiânia, no período de 2003-2009. Goiânia, 2012 Características n % Idade (média: 35,42; dp: 10,32) ≤ 19 20 -39 40 - 59 >=60 04 135 84 03 1,8 59,7 37,2 1,3 Sexo Masculino Feminino 172 54 76,1 23,9 Primeiro CD4+ < 350 >= 350 Não informado (80) 121 25 82,9 17,1 Tipo Pulmonar Extrapulmonar Pulmonar+extrapulmonar Não informado (20) 121 60 25 58,8 29,1 12,1 195 31 86,3 13,7 98 128 43,4 56,6 Esquema de tratamento I I - Reforçado I - Modificado II III Alternativo Isoniazida Não informado (05) 188 17 01 06 02 03 04 85,1 7,7 0,4 2,7 0,9 1,4 1,8 Tempo de tratamento de TB < 1 mês 1 a 5 meses ≥ 6 meses Não informado (10) 49 67 100 22,7 31,0 46,3 91 135 40,3 59,7 Baciloscopia de escarro Sim Não PPD Sim Não 1 1 Óbito Sim Não PPD: Derivado Proteico Purificado; *Exame realizado no momento do primeiro atendimento. 63 Os esquemas de tratamento mais utilizados foram os Esquemas I (85,1%) e I - Reforçado (7,7%). Os Esquemas I-Modificado, IIII, e Alternativo, utilizados nos casos de falência de tratamento, multidrogaresistência e intolerância a Rifampicina, respectivamente, contribuíram com 2,7% das indicações terapêuticas. A Isoniazida foi utilizada como droga única em 1,4% dos casos. Tempo de tratamento da tuberculose inferior a seis meses foi observado em mais de 53,0% dos casos. Mais de 40,0% dos indivíduos diagnosticados com TB obituaram durante o período do estudo. 5.3 Descrição da população do estudo segundo o desfecho tuberculose A população do estudo foi dividida em dois grupos: com e sem tuberculose, para fins da avaliação de possíveis fatores de risco relacionados à coinfecção. A Tabela 4 apresenta a análise univariada das características sociodemográficas e clínicas relacionadas ao desenvolvimento da tuberculose nos indivíduos HIV-positivos arrolados nesta coorte. Estiveram estatisticamente associados à coinfecção o sexo masculino (RR: 2,01; p<0,00); a baixa escolaridade (RR; 1,32;p=0,05); a primeira contagem de linfócitos T-CD4+menor que 350 cel/mm3 (RR:3,15; p<0,00); ter feito baciloscopia de escarro no primeiro atendimento (RR: 12,30; p<0,00); ter feito PPD também no primeiro atendimento (RR:1,37; p<0,01). A incidência de tuberculose segundo o ano do diagnóstico de HIV mostrouse estável ao longo do período do estudo (p>0,05). Nessa análise o ano de 2009 foi excluído para não enviesar o resultado em função do tempo de contribuição menor desse ano em relação aos demais (365 dias de acompanhamento). 64 Tabela 4. Características sóciodemográficas de indivíduos com infecção pelo HIV atendidos em uma unidade de referência de Goiânia, segundo a presença ou não de tuberculose, no período de 2003-2009. Goiânia, 2012 Características Idade Media (dp) Mediana < 34 ≥ 34 Total Com TB (226) n % Sem TB (2.715) n % TOTAL (2.941) n % 35,42 (10,32) 34 107 47,3 119 52,7 226 100,0 35,45 (10,81) 34 1.310 48,3 1.400 51,7 2.710 100,0 1.417 1.519 2.936 RR (IC 95%) p 48,3 51,7 100,0 0,96 (0,75 – 1,24) >0,05 Sexo Masculino Feminino Total 172 54 226 76,1 23,9 100,0 1.632 1.083 2.715 60,1 39,9 100,0 1.804 1.137 2.941 61,4 38,6 100,0 2,01 (1,49 – 2,70) <0,00 Anos de estudo < 8 anos >= 8 anos Total 108 78 186 58,1 41,9 100,0 1.093 1.063 2.156 50,7 49,3 100,0 1.201 1.141 2.342 51,3 48,7 100,0 1,32 (1,00 – 1,74) 0,05 Cor Negra / Parda Branca Total 154 27 181 85,1 14,9 100,0 1.659 382 2.041 81,3 18,7 100,0 1.813 409 2.222 81,6 18,4 100,0 1,29 (0,87 – 1,91) >0,05 Ano diagnóstico HIV 2003 2004 2005 2006 2007 2008 a 2009 Total 35 45 32 39 27 30 18 226 15,5 19,9 14,1 17,2 12,0 13,3 8,0 100,0 365 368 421 427 432 332 396 2.741 13,3 13,4 15,4 15,6 15,8 12,1 14,4 100,0 396 411 453 473 461 365 415 2.974 13,3 13,8 15,2 15,9 15,5 12,3 14,0 100,0 2,277 Primeiro CD4 < 350 >= 350 Total 121 25 146 82,9 17,1 100,0 1.160 808 1.968 58,9 41,1 100,0 1.281 833 2.114 60,6 39,4 100,0 3,15 (2,06 – 4,80) <0,00 195 31 226 86,3 13,7 100,0 800 1.914 2.714 29,5 70,5 100,0 995 1.945 2.940 33,8 12,30 (8,48–17,82) 66,2 100,0 <0,00 98 128 226 43,4 56,6 100,0 955 1.758 2.713 35,2 64,8 100,0 1.053 1.886 2.939 35,8 64,2 100,0 <0,01 Baciloscopia escarro Sim Não Total C >0,05 b b PPD Sim Não Total 1,37 (1,07-1,76) a: excluído do cálculo do qui-quadrado para tendência; b: Exame realizado no momento do primeiro atendimento; c: qui-quadrado para tendência Em relação ao óbito, observou-se que dentre os indivíduos coinfectados a proporção foi de 40,3% enquanto que nos sem tuberculose foi de 25,3%, representando um RR= 1,6; IC 95%: 1,3 – 1,9; p<0,000) e ainda uma diferença de risco igual a 14,98% (IC 95%: 8,3 – 21,6). 65 6. DISCUSSÃO A epidemia do HIV/aids mudou a evolução e o prognóstico da TB no mundo. A TB pode acometer a pessoa com HIV em qualquer momento do curso de sua doença, porém quando existe imunossupressão severa a TB pode apresentar-se de formas incomuns, subclinicamente ou com exames normais. Pacientes coinfectados com HIV/TB tendem a apresentar piores condições clínicas e laboratoriais que os doentes de TB com sorologia negativa para o HIV (CORBETT et al., 2003; MUGUSI et al., 2009; BENDAYAN et al,. 2010; VAN RIE et al., 2011). Neste estudo a maioria dos casos de TB (58,5%) ocorreu até 180 dias após o diagnóstico da infecção do HIV. Sendo que a maior parte dos casos (38,2%) foi detectada até 30 dias depois da infecção pelo HIV. Outros estudos mostram também a manifestação da TB ocorrendo simultaneamente (KRYVANOS; GRINEVICH, 2009), em intervalo de até 30 dias e até um ano do diagnóstico da infecção pelo HIV (CHEADE et al., 2009). Isso implica que está sendo realizada a busca ativa do diagnóstico da tuberculose nos indivíduos HIV+ no serviço (WILLIAMS et al., 2008a) recomendado no momento do diagnóstico da infecção pelo HIV, antes do início da TARV e em intervalos regulares durante o seguimento clínico (WORDL HEALTH ORGANIZATION, 2011b). Ao mesmo tempo, reforça a necessidade da realização de aconselhamento para a realização do teste de HIV em caráter voluntário em indivíduos com tuberculose na busca do diagnóstico precoce dessa infecção como recomendação do Ministério da Saúde e Secretaria de Vigilância em Saúde (2011). A sorologia para o HIV em indivíduos com TB é importante devido à alta prevalência da coinfecção MBT/HIV e por não ser conclusiva a identificação dos coinfectados baseando-se apenas na história clínica (WILLIAMS et al., 2008a). Sobretudo, recomenda-se o diagnóstico precoce da coinfecção, devido à interação sinérgica do HIV com o Mycobacterium tuberculosis, um acentua a progressão do outro, e às implicações terapêuticas do tratamento de tuberculose e de HIV/AIDS, predispondo ao agravamento clínico (SANTOS; BECK, 2009). A faixa etária predominante foi de 20 a 39 anos (59,7%), concordando com estudos anteriores (CHEADE et al., 2009; MORIMOTO et al., 2005), bem como com os dados do SINAN (MINISTÉRIO DA SAÚDE; SISTEMA NACIONAL DE VIGILÂNCIA EM SAÚDE, 2011). Esta corresponde a uma faixa etária em que o 66 indivíduo está em plena atividade laboral e de produtividade, o que prejudica social e economicamente o indivíduo, a família e toda a sociedade. Os achados deste estudo foram condizentes com a literatura quanto à predominância do sexo masculino entre os indivíduos coinfectados HIV/TB (CHEADE et al., 2009; LACERDA et al., 2009; LINS et al., 2012). Em um estudo internacional também foi confirmado maior frequência do sexo masculino entre os casos de TB nos indivíduos HIV+ (NAKANJAKO et al., 2010). Essa tendência da masculinização entre os casos de TB, possivelmente, pode ser explicada pela maior exposição dos homens à doença, produto das próprias características comportamentais do homem, e/ou pela maior dificuldade de adesão ao tratamento. No estudo considerou-se para análise a primeira contagem de células TCD4+ dos indivíduos HIV+ atendidos no serviço de referência. No grupo de coinfectados com exames disponíveis, os níveis de linfócitos T-CD4+ da maioria apresentaram menor que 350 células/mm3, e aproximadamente 17% tinham CD4 maior que 350 células/mm3. Quanto menor os níveis de linfócitos T-CD4+, maior a susceptibilidade à TB doença em indivíduos coinfectados, maior a ocorrência de TB extrapulmonar, e maior a mortalidade (DIEDRICH; FLYNN, 2011; LINS et al., 2012). A primeira contagem de células T-CD4+ abaixo de 350 células/mm3 está também relacionada com o diagnóstico tardio de infecção pelo HIV (DELPIERRE et al., 2007; SILVA et al., 2009; AJAYI; AJAYI; FASAKIN, 2009; LEE et al., 2010; ANTINORI et al., 2011), e fator de risco para TB (VAN RIE et al., 2011). Neste estudo, nos indivíduos coinfectados a forma clínica pulmonar foi predominante (58,8%), depois extrapulmonar (29,1%) e mistas (12,1%), condizentes com outros estudos (LINS et al., 2012; IFEBUNANDU; UKWAJA; OBI, 2012). A TB sob a forma pulmonar apresenta-se com maior contagiosidade, estando o indivíduo imunocompetente mais exposto. A TB doença pode se tornar ativa em qualquer fase da evolução da infecção por HIV, e nos indivíduos com estado avançado de comprometimento imunológico, a forma de apresentação mais comum é a extrapulmonar em comparação aos indivíduos apenas com TB (LEE et al., 2009; LEE et al., 2010). A disseminação da TB com a infecção HIV está diretamente relacionada com maior frequência de óbitos (KLAUTAU; KUSCHNAROFF, 2005; CLEVENBERGH et al., 2010; PRADO et al., 2011). Indivíduos HIV+ com TB em geral apresentam formas extrapulmonares e a doença mais grave com a diminuição do tempo de vida (KWAN; ERNEST, 2011). 67 Em indivíduos infectados pelo HIV a apresentação clínica da TB é influenciada pelo grau de imunossupressão e é sabidamente mais difícil de ser diagnosticada. Mas, de maneira geral, a investigação diagnóstica da TB na coinfecção é semelhante à investigação na população em geral (MINISTÉRIO DA SAÚDE; SECRETARIA DE VIGILÂNCIA EM SAÚDE, 2011). Nos achados deste estudo, 86,3% dos casos de coinfecção realizaram a baciloscopia direta do escarro e cerca de 13% não a realizaram. No Brasil, a realização deste exame é considerado importante na coinfecção para confirmar a presença de TB ativa, realizar o diagnóstico diferencial com outros agravos e conhecer o perfil de sensibilidade aos medicamentos para TB, devendo ser parte integrante do protocolo de atendimento do sujeito HIV-positivo (CONDE et al., 2009; MINISTÉRIO DA SAÚDE; SECRETARIA DE VIGILÂNCIA EM SAÚDE, 2011). Entretanto, um percentual elevado dos casos de TB com a baciloscopia de escarro negativa pode ser encontrado em portadores do HIV (BALCELLS, 2009), sendo necessária realização da cultura para micobactérias no diagnóstico de TB nesse grupo (CASTELO FILHO et al., 2004). O PPD deve ser realizado anualmente no indivíduo com infecção HIV/aids, segundo orientações do Ministério da Saúde e recomendações internacionais (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2008b; WORLD HEALTH ORGANIZATION, 2010). Porém, nosso estudo apontou que foi realizado em apenas 98 indivíduos da coorte (43,4%). Além disso, recomenda-se que diante de um teste positivo a quimioprofilaxia seja instituída imediatamente, que foi utilizado em apenas quatro indivíduos (1,6%) (CONDE et al., 2009). A TB, quando tratada adequadamente, apresenta índice de cura de aproximadamente 99% (CONDE et al., 2009; MINISTÉRIO DA SAÚDE, SECRETARIA DE VIGILÂNCIA EM SAÚDE, 2010). Até 2008, o tratamento da TB no Brasil era composto pelo esquema I (2RHZ/4RH), indicado para os casos novos de TB; esquema IM (modificado) quando reação adversa grave ao esquema usual; esquema IR, reforçado, (2RHZE/4RHE) indicado para o retratamento; esquema II (2RHZ/7RH) indicado para meningoencefalite; e esquema III para falência terapêutica (CONDE et al., 2009; MINISTÉRIO DA SAÚDE, SECRETARIA DE VIGILÂNCIA EM SAÚDE, 2010). A partir de 2009, foi associado o etambutol, na fase intensiva, e ao esquema tríplice anteriormente vigente. Isso ocorreu devido ao aumento do número de casos resistentes à isoniazida (de 4,4 para 6%) segundo o 68 Ministério da Saúde (2010). Tratando-se do tratamento utilizado até 2008, neste estudo confirma a preferência do esquema I no tratamento da TB com um total de 206 indivíduos da coorte (93,2%). O tempo de tratamento preconizado para a TB é, impreterivelmente, 180 dias (seis meses) para qualquer forma clínica, sendo que na presença da infecção pelo HIV, deve ser em regime supervisionado e instituído o mais breve possível na suspeita da doença e imunodepressão grave (CONDE et al., 2009). Neste estudo, 30,6% dos indivíduos da coorte realizaram o tratamento por menos de 60 dias (2 meses) e 44,4% ultrapassaram os 180 dias, considerando o índice elevado de óbito (40,3%), e mesmo a prorrogação do tratamento por falência de tratamento (LINS et al., 2012; IFEBUNANDU; UKWAJA; OBI, 2012). Esses dados justificam a opção do Brasil na adesão e utilização da estratégia DOTS em busca da garantia da continuidade do tratamento para a TB (CONDE et al., 2009; ALEXANDRE; CORDEIRO; RAMOS, 2009; PUNGRASSAMI et al., 2010). Comparando os indivíduos HIV+ sem TB e com TB, houve diferenças significativas quanto ao sexo e a escolaridade. Este estudo mostrou uma razão de 3 homens para cada mulher (3:1) entre os coinfectados e de 1,5 homens para cada mulher (1,5:1) no grupo de HIV sem TB, ambos com escolaridade menor que oito anos, respectivamente 58,1% e 50,7%. O predomínio do sexo masculino (RR 2,01; IC95% 1,49 – 2,70) já apontado em outros estudos (LEE et al., 2010; ZENTENOCUEVAS et al., 2011; KANTIPONG et al., 2012), acompanha a tendência dessa doença em todo o mundo. A população masculina mostra-se mais vulnerável e prevalente para coinfecção por HIV e Mycobacterium tuberculosis. A baixa escolaridade foi um importante fator de influência no número de casos nos dois grupos da coorte (RR 1,32; IC95% 0,99 – 1,74). A epidemia da HIV/aids vem atingindo novos grupos populacionais e cidades onde a doença não havia sido relatada anteriormente, afetando os segmentos sociais menos privilegiados do país (SILVEIRA et al., 2006). Historicamente, essas populações têm sido flageladas por altas taxas de TB; portanto, a introdução da epidemia do HIV/aids piorou o problema da TB. Utilizando a baixa escolaridade como uma medida substituta da pobreza, pode-se sugerir que os pacientes com HIV/TB são mais pobres do que aqueles somente com HIV/aids. As áreas pobres surgem a partir de um contexto sociopolítico baseado no acesso diferenciado a poder político e a recursos. Nesse contexto, a pobreza se associa a pouco ou nenhum poder político, 69 assim como a recursos extremamente limitados. Consequentemente, a pobreza aumenta o risco de HIV/AIDS e TB por promover maior exposição e vulnerabilidade às infecções (DAVID et al., 2007). Uma vez infectados, os indivíduos que fazem parte de populações mais pobres têm uma capacidade diminuída para lidar com as consequências da doença em razão da deficiência de acesso a serviços preventivos, diagnósticos e curativos (DAVID et al., 2007). Em relação à primeira contagem de linfócitos T-CD4+, a maioria dos resultados disponíveis apresentavam valores inferiores a 350 células/mm3 e mostraram-se significantes entre o grupo de indivíduos com HIV e de coinfectados (RR 3,15; IC 2,06 – 4,80). Esse dado mostra que o diagnóstico da infecção pelo HIV está sendo realizada tardiamente (ANTINORI et al., 2011). Isto ocorre freqüentemente e tem sido constatado em outros estados e países (SILVA et al., 2009; DELPIERRE et al., 2007; AJAYI, AJAYI, FASAKIN, 2009; LEE et al., 2010; ZENTENO-CUEVAS et al., 2011). A contagem de células T-CD4+ abaixo de 350 células/mm3 no momento do diagnóstico tem sido um preditor para a apresentação concomitante de doenças oportunistas e TB pulmonar (AJAYI, AJAYI, FASAKIN, 2009; PEREIRA et al., 2011; KANTIPONG et al., 2012). A realização da baciloscopia direta do escarro e o PPD também se mostraram significantes na análise univariada com, respectivamente, RR 12,30 (IC95% 8,48 – 17,82) e 1,37 (IC95% 1,07 – 1,76). A investigação bacteriológica no escarro permite conhecer o perfil da doença quanto ao contágio e orienta quanto ao tratamento efetivo, bem como a leitura do PPD (MINISTÉRIO DA SAÚDE; SECRETARIA DE VIGILÂNCIA EM SAÚDE, 2011). Quanto ao óbito, houve diferença significativa entre os grupos de coinfectados com HIV/TB e o HIV+ (RR 1,6; IC 95% 1,3 – 1,9). A tuberculose é uma doença grave e principal causa de morbimortalidade para pessoas que vivem com o HIV (AKKSILP et al., 2007; KINGKAEW et al., 2009; KANTIPONG et al., 2012). Além da TB, indivíduos com o HIV podem morrer de uma série de outras doenças (NISSAPATORN, 2008; MOOLPHATE et al., 2011). Neste estudo observa que os indivíduos com HIV apresentavam TB e imunossupressão avançada (T-CD4+ <350 células/mm3), o que pode ter contribuído para o incremento de óbitos naquele grupo. 70 7. CONCLUSÃO 1. A incidência global de coinfecção na população do estudo foi de 7,7%; 2. O tempo entre o diagnóstico de infecção pelo HIV e o aparecimento de tuberculose variou de zero mês até 85 meses, com mediana de um mês e IIQ=13 meses; 3. Os indivíduos coinfectados possuíam média de idade de 35,42 anos (dp: 10,32); em sua maioria eram homens (76,1%) e 82,9% apresentaram valores do primeiro T-CD4+ inferiores a 350 células/mm3. A tuberculose extrapulmonar e a forma mista foram responsáveis por mais de 40,0% dos casos. A tuberculose ganglionar periférica foi a forma extrapulmonar mais importante (42,5%) seguida da tuberculose meningoencefálica (16,6%), óssea (15%) e disseminada (10,0%). Pacientes coinfectados que realizaram a baciloscopia de escarro no primeiro atendimento corresponderam a 86,3% dos casos e com PPD, 43,4%. Quanto aos esquemas terapêuticos, os mais prescritos foram o Esquema I. Entretanto, esquemas para falência, retratamento, multidrogaresistência contribuíram com 2,7% das indicações terapêuticas. Mais de 53,0% dos pacientes coinfectados não completaram o esquema de tratamento mínimo preconizado pelo Ministério da Saúde que é de seis meses. Ainda, observou-se alta taxa de mortalidade (40,0%) entre os coinfectados. 4. Na análise univariada estiveram associados à coinfecção: ser do sexo masculino (RR 2,01; p<0,00); possuir baixa escolaridade (RR 1,32; p=0,05); ter apresentado a primeira contagem de linfócitos T-CD4+ menor que 350 cel/mm3 (RR 3,15; p<0,00); ter feito baciloscopia de escarro no primeiro atendimento (RR 12,30; p<0,00); ter feito PPD também no primeiro atendimento (RR 1,37; p<0,01). 5. O risco de morrer entre os coinfectados foi maior (RR 1,6; p<0,00). 71 8. CONSIDERAÇÕES FINAIS A metodologia utilizada permitiu melhor compreensão da dinâmica da infecção pelo HIV, pois agregou informações e aumentou a confiabilidade destas. Contudo, o estudo possui as limitações e fragilidades decorrentes do uso de bases de dados secundários e também por ter como referência uma população atendida em serviços especializados do Estado. A importância e a necessidade do diagnóstico precoce da infecção pelo HIV devem ser considerados na prática dos serviços de saúde e nas políticas públicas que estimulem testagem e aconselhamento, as quais acreditamos devam ser implementados na atenção básica. Ainda, no momento do diagnóstico da infecção do HIV implementar a solicitação da baciloscopia de escarro e teste tuberculínico, bem como o acompanhamento da viragem sorológica anualmente. Tais medidas podem contribuir para o diagnóstico precoce e tratamento de TB latente nesses pacientes. A não implementação dessas medidas pode perpetuar a condição atualmente observada em nossa região e no país, de diagnósticos de infecção pelo HIV tardios e/ou simultâneos com o diagnóstico de TB. De tal modo que os indivíduos pouco se beneficiam dos recursos tecnológicos disponíveis para o seguimento clínico e laboratorial da doença além do impacto negativo na sobrevida dos coinfectados. A análise do perfil epidemiológico dos indivíduos coinfectados com HIV/TB em nossa região permitiu verificar que a despeito da existência de recursos para diagnóstico laboratorial e garantia constitucional do acesso a eles, mais de 80% dos indivíduos apresentavam contagem de células T-CD4+ < 350, no momento do diagnóstico, indicando diagnóstico tardio da infecção pelo HIV. Sugere-se uma reestruturação da rede de atenção estruturada a esse agravo, incluindo a capacitação e sensibilização da equipe multidisciplinar para um atendimento mais adequado aos coinfectados, que necessitam de maior atenção do sistema de saúde face à sua gravidade e potencial letalidade. 72 REFERÊNCIAS Aaron L, Saadoun D, Calatroni I, Launay O, Mémain N, Vincent V, et al. Tuberculosis in HIV-infected patients: a comprehensive review. Clinical Microbiology and Infection. 2004;10(5):388–398. Aderem A, Underhill DM. Mechanisms of phagocytosis in macrophages. Annu Rev Immunol. 1999;17:593-623. Afiune JB. Tuberculose. 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