ID: 58803808 14-04-2015 Tiragem: 8585 Pág: 2 País: Portugal Cores: Cor Period.: Diária Área: 25,10 x 11,31 cm² Âmbito: Regional Corte: 1 de 2 Esquizofrenia poderá não ter origem nos neurónios Universidade de Coimbra Investigação abre caminho a novas abordagens terapêuticas para “uma das mais incapacitantes doenças psiquiátricas” D.R. Um estudo internacional liderado pela Universidade de Coimbra (UC) contraria a ideia até agora assumida pela comunidade científica de que a esquizofrenia tem origem nos neurónios. A UC anunciou que os investigadores chegaram à conclusão de que a origem desta patologia poderá estar na glia, que «sustenta uma espécie de memória de longa duração do cérebro e que assume o suporte funcional dos neurónios». A descoberta surgiu no âmbito de um estudo liderada por investigadores do Centro de Neurociências e Biologia Celular (CNC) da UC que foi «desenvolvido ao longo dos últimos quatro anos» e que visou «analisar o papel dos receptores A2A para a adenosina (‘antenas’ que detectam a adenosina, molécula que indica sinal de perigo no cérebro) nos problemas de memória», divulgou ontem a Universidade de Coimbra. Rodrigo Cunha, coordenador da investigação internacional «Experiências em ratinhos permitiram observar que, além de estarem presentes nos neurónios, os receptores A2A surgiam igualmente na glia, especialmente nos astrócitos, as células mais abundantes da glia», refere a UC numa nota de imprensa. Os investigadores decidiram então recorrer à engenharia genética e retirar os receptores A2A somente dos astrócitos para analisar possíveis reacções. Ao bloquear a presença de A2A na glia, os especialistas observaram que «a comunicação dos neurónios fica seriamente comprometida». «Notou-se uma perturbação disseminada ao sistema nervoso central e os ratinhos passaram a comportar-se como indivíduos que padecem de esquizofrenia», explicou Rodrigo Cunha, coordenador do estudo, que também envolveu cientistas de dois grupos de investigação dos EUA. Tal como acontece na esquizofrenia, «registaram-se três grandes tipos de alterações no funcionamento do sistema nervoso central dos animais, designadamente sintomas negativos (isolamento), sintomas positivos (alucinações visuais e sonoras, delírios, etc.) e problemas cognitivos (memória e concentração)», descreveu Rodrigo Cunha. «Verificou-se ainda que os ratinhos ficaram ávidos de fármacos psicoativos», acrescenta o investigador do CNC. Os resultados do estudo, financiado pela Fundação para a Ciência e Tecnologia, por fundos europeus e por duas fundações norte-americanas, evidenciam que «os receptores A2A são responsáveis por garantir o equilíbrio entre a glia e os neurónios e sugerem que a glia pode ter um papel central no desenvolvimento de doenças psiquiátricas», sustenta Rodrigo Cunha. «Ao desvendar mais uma peça chave no funcionamento do sistema nervoso é agora possível avançar para mais estudos tendo em vista o desenvolvimento de novas abordagens terapêuticas para uma das mais incapacitantes doenças psiquiátricas», conclui a Universidade de Coimbra.| ID: 58803808 14-04-2015 Tiragem: 8585 Pág: 1 País: Portugal Cores: Cor Period.: Diária Área: 4,49 x 2,24 cm² Âmbito: Regional Corte: 2 de 2 Ciência à procura da origem da esquizofrenia Coimbra | P2