Esquizofrenia poderá não ter origem nos neurónios

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ID: 58803808
14-04-2015
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Period.: Diária
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Âmbito: Regional
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Esquizofrenia poderá não
ter origem nos neurónios
Universidade de Coimbra Investigação abre caminho a novas abordagens
terapêuticas para “uma das mais incapacitantes doenças psiquiátricas”
D.R.
Um estudo internacional liderado pela Universidade de
Coimbra (UC) contraria a ideia
até agora assumida pela comunidade científica de que a
esquizofrenia tem origem nos
neurónios.
A UC anunciou que os investigadores chegaram à conclusão
de que a origem desta patologia
poderá estar na glia, que «sustenta uma espécie de memória
de longa duração do cérebro e
que assume o suporte funcional
dos neurónios».
A descoberta surgiu no âmbito de um estudo liderada por
investigadores do Centro de
Neurociências e Biologia Celular (CNC) da UC que foi «desenvolvido ao longo dos últimos quatro anos» e que visou
«analisar o papel dos receptores A2A para a adenosina
(‘antenas’ que detectam a adenosina, molécula que indica
sinal de perigo no cérebro)
nos problemas de memória»,
divulgou ontem a Universidade de Coimbra.
Rodrigo Cunha, coordenador
da investigação internacional
«Experiências em ratinhos
permitiram observar que,
além de estarem presentes
nos neurónios, os receptores
A2A surgiam igualmente na
glia, especialmente nos astrócitos, as células mais abundantes da glia», refere a UC
numa nota de imprensa.
Os investigadores decidiram então recorrer à engenharia genética e retirar os
receptores A2A somente dos
astrócitos para analisar possíveis reacções. Ao bloquear
a presença de A2A na glia, os
especialistas observaram que
«a comunicação dos neurónios fica seriamente comprometida».
«Notou-se uma perturbação
disseminada ao sistema nervoso central e os ratinhos passaram a comportar-se como
indivíduos que padecem de esquizofrenia», explicou Rodrigo
Cunha, coordenador do estudo, que também envolveu
cientistas de dois grupos de investigação dos EUA.
Tal como acontece na esquizofrenia, «registaram-se três
grandes tipos de alterações no
funcionamento do sistema
nervoso central dos animais,
designadamente sintomas negativos (isolamento), sintomas
positivos (alucinações visuais
e sonoras, delírios, etc.) e problemas cognitivos (memória e
concentração)», descreveu Rodrigo Cunha.
«Verificou-se ainda que os
ratinhos ficaram ávidos de fármacos psicoativos», acrescenta
o investigador do CNC.
Os resultados do estudo, financiado pela Fundação para
a Ciência e Tecnologia, por fundos europeus e por duas fundações norte-americanas, evidenciam que «os receptores
A2A são responsáveis por garantir o equilíbrio entre a glia e
os neurónios e sugerem que a
glia pode ter um papel central
no desenvolvimento de doenças psiquiátricas», sustenta Rodrigo Cunha.
«Ao desvendar mais uma
peça chave no funcionamento
do sistema nervoso é agora
possível avançar para mais estudos tendo em vista o desenvolvimento de novas abordagens terapêuticas para uma
das mais incapacitantes doenças psiquiátricas», conclui a
Universidade de Coimbra.|
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Ciência à procura
da origem da
esquizofrenia
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