REGISTRO DE OCORRÊNCIA E BALANCED SCORECARD (BSC): UM ESTUDO DE CASO NO SENAI/SC – FLORIANÓPOLIS Diego de Castro Vieira (SENAI/SC em Florianópolis) Gustavo Lucas Alves (SENAI/SC em Florianópolis) RESUMO Este trabalho refere-se ao tema Gestão da Qualidade, com enfoque à tratativa de nãoconformidades vinculado ao Balanced Scorecard (BSC). O objetivo é propor melhorias para a sistemática de registro de ocorrência e não-conformidades com indicadores adaptáveis ao BSC no SENAI/SC – Florianópolis, levando em consideração a estrutura atual da instituição na tratativa de não-conformidades. Em termos metodológicos, a pesquisa caracteriza-se como teórico-empírica, pois parte de um referencial teórico para familiarização e delimitação mais preciso do tema, com uma abordagem predominantemente qualitativa e descritiva, que privilegiou o estudo de caso no SENAI/SC – Florianópolis. Os resultados indicam que a atual sistemática de registro de ocorrência e não-conformidades utilizado pela instituição objeto de estudo é burocrática e desintegrada do sistema de gestão do negócio, principal ferramenta para o controle de gestão da instituição. Por outro lado, essa sistemática se configura como um importante instrumento para a garantia da qualidade dos produtos e/ou serviços ofertados. Em síntese, a pesquisa serve de embasamento para propor ações de melhorias à instituição objeto de estudo, a fim de proporcionar maior agilidade, integração, otimização e acompanhamento do processo de registro de ocorrência e não-conformidades. Palavras-chave: Não-conformidades. Processos. Balanced Scorecard (BSC). Sistemática de Registro de Ocorrência. Gestão da Qualidade. ABSTRACT This work its refers Quality Management, with focus to dealings by unconformities associated to Balanced Scorecard (BSC). The objective is to propose improvements to occurrence record systematic and unconformities with adaptable indicators to BSC in SENAI/SC Florianopolis, it considerating current structure by institution in dealings unconformities. In methodological terms, this research its characterizes as theoretical and empirical, because its begins theoretical reference to familiarization and delineation more precise of subject with a qualitative and descriptive approach that its privileged to study case in SENAI/SC Florianopolis. The results indicate that occurrence registration system current and unconformities used by study object is bureaucratic and business system management disintegrate principal mechanism to institution management control. On the other hand, this systematic is configured as an important instrument to products quality guarantee and/or services offered. In summary, this research serves as the basement to propose improve actions to institution study object with objective to provide bigger agility, integration, optimization and monitoring occurrence process registration and unconformities. Key-words: Unconformities, Processes, Balanced Scorecard (BSC), Occurrence process registration, Quality Management. VIII Convibra Administração – Congresso Virtual Brasileiro de Administração – www.convibra.com.br 1 INTRODUÇÃO O cenário atual aponta para uma completa revolução organizacional, no sentido de que as organizações estão operando de maneira evolutiva sob a forma de redes dinâmicas e abertas (FNQ, 2007). No entanto, para se chegar a essa nova compreensão a respeito das organizações, foi necessária a disseminação das teorias organizacionais na medida em que novos contextos as exigiam como alternativas para as adaptações ambientais, constituindo-se num processo evolutivo. Dentro desse processo evolutivo, surgiram duas doutrinas de administração que se embatem dialeticamente: o modelo tradicional de organização (fundamentado na autoridade hierárquica, na especialização das pessoas e na divisão de responsabilidades entre administradores e operadores) e a autogestão (desenvolvimento de suas próprias soluções práticas da administração participativa) (MAXIMIANO, 1995). Para Drucker (1999), o novo paradigma no qual a administração deve basear-se está relacionado à definição dos resultados a partir do delineamento dos objetivos e metas estratégicas para posterior organização dos recursos da organização com foco nos resultados. Para tanto, a administração se apresenta como ferramenta específica para tornar a empresa capaz de gerar resultados. A Fundação Nacional da Qualidade - FNQ - (2007) entende as organizações como sistemas vivos, integrantes de ecossistemas complexos, com os quais interagem e dependem da administração e dos seus processos. Em outras palavras, uma organização é um arranjo sistemático de recursos que procuram compartilhar e realizar propósitos comuns, a partir de processos e da divisão do trabalho (MAXIMIANO, 2004; ROBBINS, 2005). A excelência em uma organização depende de sua capacidade de perseguir seus propósitos em harmonia com seu ecossistema, pois excelência não é um estado absoluto, mas uma disposição intensa e constante (FNQ, 2007). Para alcançar essa excelência perante o mercado, bem como a agregação de valor aos produtos e/ou serviços, é importante que a organização possua enraizada uma cultura voltada para a qualidade, tenha estratégias bem definidas e uma metodologia apropriada para traduzir tais estratégias em objetivos operacionais que direcionam comportamentos e performance. Num ambiente no qual prevalece a formulação de estratégias e procedimentos adequados para o desenvolvimento de uma organização competitiva e formadora de competências para a indústria, em face as transformações e as exigências das novas realidades do mercado, faz necessário a utilização de mecanismo eficientes para registrar e analisar as não-conformidades que permeiam os processos do dia-a-dia das organizações, que estejam integradas ao sistema de Gestão da Qualidade e a mensuração e acompanhamento do desempenho da organização. Nesse sentido, o objetivo geral deste trabalho é propor melhorias para a sistemática de registro de ocorrência e não-conformidades com indicadores adaptáveis ao Balanced Scorecard (BSC) no SENAI/SC – Florianópolis. Sobreviver em um mercado cada vez mais disputado representa o grande desafio de qualquer empresa nos dias de hoje. Não existem mais mercados regionais, os mercados são apenas um, de caráter global. Todas as empresas, independentes do seu segmento de atuação, do seu porte e mesmo da localização geográfica, estão sujeitas direta e indiretamente às regras de competição do mercado (SENAI/SC, 2007). VIII Convibra Administração – Congresso Virtual Brasileiro de Administração – www.convibra.com.br Portanto, competir significa conquistar, manter e ampliar sua atuação no mercado. Para isso, é fácil entender e concordar que as empresas devem ofertar produtos e/ou serviços que atendam às necessidades e expectativas dos clientes. Afinal, são eles quem pagam pelos produtos e/ou serviços adquiridos garantindo o faturamento e sobrevivência da empresa no mercado. Marshall Junior et al. (2006) destaca a importância da adoção do sistema de Gestão da Qualidade, haja vista seu papel decisivo em face ao processo de globalização, abertura de mercados, da acirrada competição entre as organizações em busca de competitividade e conquista de potenciais clientes. Dentro desse contexto de competição e busca por produtos e/ou serviços que atendam às necessidades e expectativas dos clientes, este estudo torna-se importante por tratar de uma instituição consolidada no mercado e que possui um modelo de Gestão da Qualidade estruturado baseado nos requisitos da ISO 9001 e no Modelo de Excelência da Gestão (MEG) da Fundação Nacional da Qualidade. Assim, esse estudo contribuirá para o desenvolvimento de melhorias para a sistemática de registro de ocorrência a ser utilizada concomitante o sistema de Gestão da Qualidade adotado pela instituição, objeto de estudo, bem como a consolidação de um instrumento gerencial que vá ao encontro do plano estratégico na busca por resultados mais efetivo. 2 DIAGNÓSTICO ORGANIZACIONAL O SENAI em Santa Catarina é uma entidade integrante do Sistema da Federação das Indústrias do Estado de Santa Catarina – FIESC e foi criado em 1954 com o objetivo de formar e aperfeiçoar profissionais para o setor industrial. Inicialmente as atividades constituíram-se, basicamente, na escolarização de trabalhadores através de aprendizagem industrial. Mais tarde, as inovações tecnológicas demandaram ao SENAI/SC novos desafios nas áreas de Educação Profissional e do desenvolvimento tecnológico. Nos últimos anos, os investimentos se direcionam prioritariamente para tecnologia de ponta, no atendimento das empresas e a comunidade por meio de atividades relacionadas à educação profissional, assessoria técnica e tecnológica, informação tecnológica e pesquisa aplicada. Desde sua criação, o SENAI/SC já qualificou mais de um milhão de trabalhadores, equivalente a duas vezes o total de trabalhadores empregados na indústria catarinense (SENAI/SC, 2007). O presente trabalho será sobre uma das unidades do SENAI/SC. O SENAI/SC - Florianópolis - Centro de Tecnologia em Automação e Informática – (CTAI), fundado em 14 de abril de 1994, visa oferecer às indústrias catarinenses um centro capaz de desenvolver e transferir tecnologia, apoiando a formação de empreendimentos inovadores e participando da formação e do amadurecimento das indústrias e da comunidade, em suas áreas de atuação, seja por meio da educação profissional, serviços técnicos e tecnológicos ou pesquisa e desenvolvimento. O SENAI/SC - Florianópolis desenvolve atividades dentro da sua missão e com ações voltadas à qualidade e melhoria contínua, estabelecidas na sua Política de Qualidade, visando competitividade industrial. 3 REVISÃO TEÓRICA VIII Convibra Administração – Congresso Virtual Brasileiro de Administração – www.convibra.com.br Nesta etapa da pesquisa apresenta-se primeiramente uma visão geral sobre a Gestão da Qualidade. Em seguida, menciona-se a Gestão por Processos e por fim, busca-se introduzir a metodologia Balanced Scorecard (BSC). Para tanto, foram pesquisados diversas fontes no intuito de realizar uma pesquisa com embasamento teórico consistente e que ao mesmo tempo, proporcionasse uma correlação as idéias pautadas ao tema do trabalho. 3.1 Gestão da Qualidade No decorrer da história, o termo qualidade foi associado a diversas definições, devido sua plenitude e abrangência em empresas de diversos ramos de atuação. Alguns conceitos do termo “Qualidade” foram mais comuns e aceitos em seu contexto, conforme mencionados a seguir. De acordo com Mezomo (1993, p. 35) qualidade pode ser conceituada como: [...] propriedade ou um conjunto de propriedades de um produto ou serviço que torna adequado à missão específica da organização (ou empresa), concebido para atender de forma efetiva e econômica as necessidades e legítimas expectativas de seus clientes (internos e externos). Segundo Juran (1990, p. 16) “Qualidade é a adequação ao uso”. De acordo com Jenkins (apud PALADINI, 2004, p. 31), “Qualidade é o grau de ajuste de um produto à demanda que pretende satisfazer”. Já para Gilmore (apud MARSHALL JUNIOR et al., 2006, p. 34) “Qualidade é o grau em que o produto específico está de acordo com o projeto ou especificação”. Essas definições colocam em destaque a conformidade do produto em função de suas especificações, o que demonstra que a qualidade estava diretamente relacionada ao controle de qualidade (JURAN, 1990). O Controle da Qualidade pode ser definido como um sistema dinâmico e complexo, que envolve todos os setores da empresa, com o intuito de assegurar e melhorar os serviços e/ou produtos de acordo com os requisitos especificados em sua estrutura (PALADINI, 2004). Segundo Paladini (1990, p. 21), há sempre uma dificuldade de se formular e definir conceitos acerca da palavra qualidade: Sempre que definida de forma intuitiva, a qualidade gera equívoco, tanto em termos conceituais quanto práticos. De fato, ainda que comporte diferentes abordagens na estruturação de sua definição, a qualidade é um termo essencialmente técnico, que envolve elementos básicos de um processo produtivo – como equipamentos ou mão-deobra -, e estratégias gerais da empresa – como definição da faixa de mercado onde atuar. E é em relação a estes aspectos que pode ser desenvolvido o raciocínio que fundamenta a importância da qualidade, que justifica o empenho em produzi-la, muito antes do que apenas controlá-la. VIII Convibra Administração – Congresso Virtual Brasileiro de Administração – www.convibra.com.br Por fim, segundo a NBR ISO 9000:2005 “Qualidade é o grau no qual um conjunto de características inerentes satisfaz a requisitos” (ABNT, 2005, p. 8). O Controle da Qualidade remonta ao início das civilizações, sendo utilizado pelos egípcios, chineses, gregos, romanos e outros em suas respectivas produções agrícolas de maneira artesanal, ou seja, quem definia e controlava a qualidade do que se produzia ou do serviço ofertado era o próprio produtor (GARVIN, 2002). O Controle da Qualidade não fica restrito a uma inspeção final, ou seja, não é um kit que possa ser instalado no produto, ela é formada durante o processo de produção. Portanto, suas ações devem ter como alvo os processos, e não os produtos resultantes, tornando o processo produtivo eficaz perante o controle de qualidade aplicado (CORRÊA; CORRÊA, 2005). Com o surgimento da produção massificada a partir da Revolução Industrial, surge a Era da Inspeção, com o objetivo de evitar que itens com possíveis defeitos chegassem à mão do consumidor. A partir desse contexto, a inspeção passa a ser utilizada de maneira formal nas empresas, sendo tratada como um processo no controle de qualidade (GARVIN, 2002). Contudo, os processos foram ficando mais complexos e apenas a inspeção não conseguia abranger a diversidade produtiva de uma fábrica. Portanto, começou-se a utilizar técnicas estatísticas para controlar a qualidade. A utilização dessa ferramenta consolidou-se como principal ferramenta para evitar a deterioração da qualidade em decorrência da produção em massa (CORRÊA; CORRÊA, 2005). Em decorrência da guerra na década de 1940, a indústria armamentista investiu pesadamente no desenvolvimento de novas metodologias para programas de controle de qualidade. Nessa fase, os programas de qualidade procuraram um novo enfoque, buscando aferir não apenas os produtos, mas também os processos inseridos no ambiente produtivo (CAMPOS, 1992). Com a disseminação do uso de controle estatístico de processo (CEP), Armand Feigenbaum desenvolveu o conceito de Controle Total da Qualidade, conhecido pela sigla TQC, do inglês Total Quality Control. A partir desse novo conceito, várias práticas foram introduzidas nos parques fabris em diversos países. O Controle Total da Qualidade é um sistema efetivo para integrar os esforços dos vários grupos de uma organização, no desenvolvimento da qualidade, na manutenção da qualidade e no melhoramento da qualidade, de maneira que habilite marketing, engenharia, produção e serviço com os melhores níveis econômicos que permitam a completa satisfação do cliente (CORRÊA; CORRÊA, 2005, p. 122). Com o intuito de assegurar a conformidade dos processos no desenvolvimento de um produto, buscou-se desenvolver um Sistema de Gestão da Qualidade, que posteriormente ficou conhecido como Total Quality Management – TQM (MARSHALL JUNIOR et al., 2006). A partir da difusão do Sistema de Gestão da Qualidade e sua conseqüente busca pela qualidade assegurada, surge a Internacional Organization for Standardization (ISO) Organização Internacional para Padronização – para estabelecer normas e padrões de qualidade, passando a integrar, portanto o cotidiano das organizações que almejam manter sua competitividade e posicionamento no mercado global (CORRÊA; CORRÊA, 2005). VIII Convibra Administração – Congresso Virtual Brasileiro de Administração – www.convibra.com.br Para que os processos de qualidade de uma empresa sejam implementados e acompanhados eficazmente, se faz necessário conhecer e dominar os conceitos que norteiam sua postura perante o mundo capitalista. Segundo Garvin (2002, p. 48) existem cinco abordagens principais para definição de qualidade: • Transcendental: condição de excelência que implica ótima qualidade, distinta de má qualidade; • Baseada no produto: refere-se às quantidades de atributos sem preço presentes em cada unidade do atributo com preço; • Baseada no usuário: consiste na capacidade de satisfazer desejos; • Baseada na produção: conformidade com as exigências; • Baseada no valor: é o grau de excelência a um preço aceitável e o controle da variabilidade a um custo aceitável. Segundo a NBR ISO 9000, Gestão da Qualidade é o conjunto de “atividades coordenadas para dirigir e controlar uma organização no que diz respeito à qualidade” (ABNT, 2005, p. 8). Implantar qualidade de acordo com suas especificações traz inúmeras vantagens e benefícios tanto para empresa quanto para os funcionários. Para as empresas pode-se citar: fidelização da clientela, conquista de novos mercados/segmentos, redução de custos, aumento da margem de lucro entre outros. Já para os funcionários, o foco na qualidade possibilita melhor qualidade de vida, autodesenvolvimento, estabilidade, empregabilidade, novos horizontes de planejamento entre outros (VIEIRA, 2003). De acordo com Marshall Junior et al. (2006), qualidade é uma necessidade vital em um mundo globalizado e faz parte do jargão das organizações, independentemente do ramo de atuação e abrangência. A norma NBR ISO 9001:2000 contempla oito princípios da qualidade que auxiliam a empresa no desenvolvimento de um sistema de gestão nos moldes exigidos pela classe mundial: • Foco no cliente: as organizações necessitam dos clientes, portanto, devem atendêlos de acordo com suas necessidades atuais e futuras; • Liderança: o papel dos líderes nas organizações é criar e manter um ambiente propício ao engajamento das pessoas em função dos objetivos estabelecidos; • Engajamento das pessoas: a essência das organizações são as pessoas que nela trabalham. Portanto, seu efetivo engajamento nos objetivos organizacionais possibilitará e permitirá a utilização de suas habilidades e conhecimentos em benefício da empresa; • Abordagem de processos: as atividades desenvolvidas devem estar focadas como processos, transformando as entradas em saídas com agregação de valor; • Abordagem sistêmica para gestão: é fundamental integrar os vários processos em uma rede inter-relacionada com todos os setores da empresa, com o intuito de otimizar os esforços individuais; VIII Convibra Administração – Congresso Virtual Brasileiro de Administração – www.convibra.com.br • Melhoria contínua: tudo pode ser melhorado na empresa, basta transformar a melhoria contínua em objetivo permanente; • Abordagem factual para a tomada de decisão: tomada de decisões eficazes baseadas em análise de dados e informações com abordagem de metodologias científicas; • Benefícios mútuos nas relações com fornecedores: relação de benefícios mútuos entre organização e fornecedor, com o intuito de agregar valor em suas respectivas negociações. A adoção desses princípios pelas organizações possibilita um cenário promissor e alinhado às perspectivas dos entes envolvidos no processo: cliente, fornecedores e empresa, promovendo de maneira interativa, uma gestão aos moldes do sistema de qualidade. De acordo com a norma ISO 9000:2005, os sistemas de Gestão da Qualidade irão dirigir e controlar a organização de acordo com os requisitos da qualidade. Portanto, o sistema de Gestão da Qualidade é uma parte do sistema de gestão da empresa, focando resultados relacionados à qualidade de seus produtos e/ou serviços, levando-se em consideração as especificações e necessidades das partes envolvidas (ABNT, 2005). A implantação de um sistema de Gestão da Qualidade coerente às suas especificações e requisitos acarretarão em inúmeros benefícios para a empresa, além de propiciar uma estrutura voltada para a melhoria contínua dos processos. Contudo, esse sistema de gestão deve atuar em três níveis organizacionais: alta direção (políticas e diretrizes); intermediário (gerencial) e operacional (planos e procedimentos), para que as informações e os conhecimentos advindos dessas práticas sejam disseminados, possibilitando a construção de uma nova cultura organizacional voltada para qualidade (MARSHALL JUNIOR et al., 2006). 3.2 Gestão por Processos O crescimento econômico após a Segunda Guerra Mundial ocorreu com certa estabilidade até a década de 70, do século XX, apesar de algumas crises, sobretudo do petróleo. A partir dos anos 90, ganhou uma dinâmica com a crescente globalização dos mercados e com o avanço da tecnologia e da informação. Tal cenário obrigou com velocidade cada vez maior, as empresas a reverem suas formas de administração (SANTOS; SILVEIRA; SANTINI, 2007). Todavia, objetivando maximizar o valor ao cliente, surgiu nos estudos organizacionais a idéia de “processos”, sendo utilizado para se referir as atividades e/ou tarefas presentes no contexto interno das organizações (CURY, 2005). Em maior ou menor grau, todas as organizações modernas que pretendem permanecer ativas e competitivas no mercado, necessitam rever seus modelos de negócio, estar atenta às mudanças que atingem o contexto organizacional, montar uma estrutura interna que permita realizar o planejamento por meio de processos integrados, monitorados e refinados, continuamente (SANTOS; SILVEIRA; SANTINI, 2007). Assim, é fundamental que o negócio da organização esteja alinhado aos objetivos organizacionais, que seja de conhecimento dos clientes e outras partes interessadas, para organizar da melhor maneira possível seus processos, na busca pela otimização do seu desempenho. VIII Convibra Administração – Congresso Virtual Brasileiro de Administração – www.convibra.com.br Por isso, é importante que as organizações conheçam e compreendam alguns conceitos sobre a gestão por processos, para auxiliá-la no planejamento por meio de processo. Segundo Harrington (1993), “processo é qualquer atividade que recebe uma entrada (input), agrega-lhe valor e gera uma saída (output) para um cliente interno e externo”. Em outras palavras, Ballestero-Alvarez, Marinho e Santos (2001, p. 19), definem processos como “qualquer atividade, ou conjunto de atividades, que use recursos (entradas = inputs) para transformá-los em produtos a serem colocados no mercado consumidor (saídas = outputs)”. No entanto, para D’Ascenção (2001, p. 56), “processo é um conjunto de causas (que provoca um ou mais efeitos)”. Corroborando com essa idéia, Cury (2005, p. 311), define processo como: [...] uma série de tarefas ou etapas que recebem insumos (materiais, informações, pessoas, máquinas, métodos) e geram produtos (produto físico, informação, serviço), com valor agregado, usados para fins específicos por seu receptor. Portanto, qualquer tipo de trabalho que uma empresa estiver realizando, em princípio, deve integrar um processo. Para reforçar o conceito de processo, Rodrigues (2006, p. 68) faz a seguinte exposição: Processo é um conjunto de atividades ou funções estruturadas em uma seqüência lógico-temporal, com objetivo definido, realizadas por pessoas e/ou máquinas, que visam transformar recursos (entrada), agregando valores, através de recursos de transformação e de uma lógica preestabelecida (metodologia de processamento), resultando em bens e serviços (produtos) para a sociedade e/ou clientes. Entretanto, diante dos conceitos apresentados e de uma nova visão das organizações orientadas por processos, uma organização pode ser definida como um processo, se for considerado que para produzir um bem ou um serviço (efeitos) existem vários elementos (causas) que colaboraram para a realização desses efeitos (D’ASCENÇÃO, 2001). Seguindo esse raciocínio, Rodrigues (2006), menciona que toda empresa é um processo, uma diretoria dessa empresa é um processo, um departamento dessa diretoria é um processo, um colaborador desse departamento é um processo. De acordo com Santos, Silveira e Santini (2007, p. 18-19), além dos conceitos apresentados anteriormente, é importante destacar outros conceitos que permitem compreender e elucidar melhor a definição de processo: • Requisitos - conjunto de necessidades ou perspectivas explícitas ou quantificadas de um cliente, que um produto e/ou serviço deve atender; • Entrada – recurso utilizado para realização do processo, necessário para que ocorra a transformação; • Fornecedores – responsáveis pela especificações/requisitos dos processos; • Saída – conseqüência de um processo após a transformação das entradas, satisfazendo os requisitos dos clientes dos processos; entrada e devem atender VIII Convibra Administração – Congresso Virtual Brasileiro de Administração – www.convibra.com.br às • Clientes – objetivo final do processo, podem ser internos e/ou externos; • Eficácia – grau com que as expectativas do cliente são atendidas, ou seja, ser eficaz é fazer o que o cliente quer; • Eficiência – grau de aproveitamento dos recursos para gerar uma saída, ou seja, ser eficiente é fazer o que o cliente quer, da melhor maneira possível para a organização; • Tempo de ciclo – tempo indispensável para transformar uma entrada em saída, sendo desejável que o tempo de ciclo seja o menor possível; • Custos – recursos despendidos no processo. Segundo a FNQ (2007, p. 47), processo é o “conjunto de atividades inter-relacionadas ou interativas que transformam insumos (entradas) em produtos (saídas)”. Contudo, a FNQ classifica os processos em diferentes perspectivas: • Processos de agregação de valor: são os processos por meio dos quais uma organização gera benefícios para os seus clientes e para o negócio da empresa. Esses tipos de processos geralmente são classificados como processos principais do negócio. • Processos principais do negócio: são os processos que agregam valor diretamente para os clientes, são conhecidos como processos fim ou processos primários. • Processos de apoio: são os processos que sustentam os processos fundamentais do negócio da organização, fornecendo produtos e insumos adquiridos, equipamentos, tecnologia, software, recursos humanos e informações. Os processos supracitados devem estar claros no planejamento por processos das organizações, a fim de alinhá-los aos objetivos e resultados organizacionais. Para a FNQ (2007, p. 47-48), os processos podem ser hierarquizados e classificados de acordo com seu grau de abrangência nas organizações: - macroprocesso: conjunto de processos agrupados, cuja operação tem impacto significativo nas demais funções, permitindo um melhor entendimento da cadeia de processos; - subprocesso: divisões de um processo com objetivos específicos, organizados a partir de linhas funcionais. Permite um melhor desdobramento do processo. Os subprocessos podem ser divididos nas diversas atividades que os compõem, e as atividades, por sua vez, podem ser divididas em níveis ainda mais detalhados como, por exemplo, em tarefas; - atividade: seqüência de operações que devem ser realizadas para que as tarefas sejam executadas. Se essa seqüência de operações for bem definida, fará com que todas as pessoas que executam a mesma tarefa conduzem o seu trabalho da mesma maneira, garantindo assim a “padronização” da atividade, tão importante para que a tarefa tenha um bom resultado. VIII Convibra Administração – Congresso Virtual Brasileiro de Administração – www.convibra.com.br Algumas organizações, ou mesmo algumas pessoas, podem confundir os conceitos e entender que gestão de processos e gestão por processos possui o mesmo significado. A gestão por processos é mais abrangente e pressupõe entender a organização de forma diferente. Esse termo começa a ser entendido quando se deixa de visualizar a organização de forma hierárquica, verticalizada, passando a entendê-la como um conjunto de processos que permeiam o contexto organizacional (SANTOS; SILVEIRA; SANTINI, 2007). De acordo com Santos, Silveira e Santini (2007, p. 25), “a gestão por processos é uma tendência mundial que está sendo tratada nas principais academias da Europa e dos EUA e já implementada em algumas organizações”. Para Rodrigues (2007), a gestão por processos é uma visão moderna de como gerenciar as organizações no intuito de minimizar perdas e interferências entre os subsistemas organizacionais, aumentando sua eficiência. Esse tipo de gestão vem sendo amplamente utilizado e disseminado por organizações em todo mundo, variando o grau de implementação. Essa tendência mundial voltada a visão de processo, vindoura da acirrada competitividade, implica das organizações uma visão cada vez mais horizontalizada, que envolva e contagia todas as partes interessadas, a partir de estruturas mais flexíveis e dinâmicas (BALLESTEROALVAREZ; MARINHO; SANTOS, 2001). Dessa maneira, segundo Sordi (2005), as organizações obtêm vantagens competitivas por meio da agilidade, pela definição da solução fundamentada na perspectiva do cliente, dando ênfase ao conceito de valor agregado. 3.3 Balanced Scorecard (BSC) O Balanced Scorecard (BSC) foi desenvolvido por Robert Kaplan e David Norton com o intuito de integrar as medidas derivadas da estratégia, sem deixar de lado as medidas financeiras de desempenho passado, incorporando os vetores de desempenho futuro. Esses vetores abrangem as perspectivas do cliente, dos processos internos e do aprendizado e crescimento, ao ponto de traduzir as estratégias organizacionais em metas e objetivos tangíveis (SCHLUPP; COSTA; SILVA, 2007). De acordo com Hikage, Spinola e Laurindo (2006), o BSC complementa e integra o planejamento, na medida em que traduz a missão e as estratégias da organização em um conjunto de indicadores de desempenho estruturados em uma relação de causa e efeito, que serve de alicerce para um sistema de medição e gestão estratégica, permitindo, assim, a implantação, o acompanhamento e a avaliação das estratégias organizacionais. Para Kaplan e Norton (1997, p. 24) “O Balanced Scorecard é, para os executivos, uma ferramenta completa que traduz a visão e a estratégia da empresa num conjunto coerente de medidas de desempenho”. Ainda segundo os autores, os indicadores do BSC são utilizados também para comunicar a estratégia a toda a organização e para ajudar a alinhar iniciativas individuais, organizacionais e interdepartamentais, visando alcançar uma meta comum. Em outras palavras, Niven (2005) descreve o Balanced Scorecard como grupo de medidas cautelosamente selecionadas que se originam da estratégia existente de uma empresa. Tais medidas são informações essenciais que serão usufruídas pelo líder para comunicar as partes interessadas ao que tange o alcance da missão e dos objetivos estratégicos preconizados. VIII Convibra Administração – Congresso Virtual Brasileiro de Administração – www.convibra.com.br Kaplan e Norton (1997) ressaltam que o BSC deve ser utilizado como um sistema de comunicação, informação e aprendizado, e não como um sistema de controle estratégico. Segundo a Fundação para o Prêmio Nacional da Qualidade (2005, p. 51) a estratégia pode ser descrita como: Caminho escolhido para posicionar a organização de forma competitiva e garantir sua continuidade no longo prazo, com a subseqüente definição de atividades e competências inter-relacionadas para adicionar valor de maneira diferenciada às partes interessadas. É um conjunto de decisões que orientam a definição das ações a serem executadas pela organização. As estratégias podem conduzir a novos produtos, novos mercados, crescimento das receitas, redução de custos, aquisições, fusões e novas alianças ou parcerias. Podem ser dirigidas a tornar a organização um fornecedor preferencial, um produtor de baixo custo, um inovador no mercado e/ou um provedor de serviços exclusivos e individualizados. As estratégias podem depender ou exigir que a organização desenvolva diferentes tipos de capacidades, tais como agilidade de resposta, individualização, compreensão do mercado, manufatura enxuta ou virtual, rede de relacionamento, inovação rápida, gestão de tecnológica, alavancagem de ativos e gestão da informação. Corroborando com essa idéia, Hikage, Spinola e Laurindo (2006, p. 141) esclarecem sobre as dimensões que permeiam uma posição estratégica da organização: Estratégia envolve fazer escolhas difíceis em três dimensões: em quais clientes focar, quais produtos oferecer e que atividade realizar. Uma posição estratégica é apenas a soma das respostas da empresa para estas três questões. [...] A origem mais comum de estratégias falhas é a incapacidade de fazer escolhas claras e explícitas nas três dimensões. Vale ressaltar que o BSC baseia-se em um conjunto de indicadores que, deve refletir o “equilíbrio entre os objetivos de curto e longo prazo, entre medidas financeiras e nãofinanceiras, entre indicadores de tendência e de ocorrência e entre as perspectivas interna e externa de desempenho” (KAPLAN; NORTON, 1997, p. VIII). Nesse sentido, as organizações deparam-se com uma dificuldade: a necessidade de determinar indicadores adaptados aos requisitos do BSC, que traduzam a visão, a missão e a estratégia da organização; que estejam equilibrados entre medidas de ocorrência e vetores de tendência, entre objetivos de curto e de longo prazo e que indiquem os resultados financeiros e nãofinanceiros da empresa; que representem a cadeia de causa e efeito para o desempenho organizacional; e que estejam distribuídos nas quatro perspectivas do BSC (KAPLAN; NORTON, 1997). Conforme Rodrigues (2007), o BSC surgiu com o intuito de preencher a lacuna existente nos sistemas gerenciais de muitas organizações, pois avaliavam o seu desempenho apenas com medidas financeiras. VIII Convibra Administração – Congresso Virtual Brasileiro de Administração – www.convibra.com.br Contudo, os precursores dessa metodologia, Robert Kaplan e David Norton, classificaram em perspectivas os enfoques sob os quais o desempenho organizacional deve ser medido. Segundo Niven (2005) a palavra “perspectiva” é intencional, representa o melhor método ao confrontar o Scorecard. Outras pessoas podem referir-se a palavra perspectiva como aos quatro “quadrantes”. São quatro as perspectivas: • Perspectiva financeira: “O BSC conserva a perspectiva financeira, visto que as medidas financeiras são valiosas para sintetizar as conseqüências econômicas imediatas de ações consumadas” (KAPLAN; NORTON, 1997, p. 26). Para Niven (2005) as medidas nesta perspectiva irão dizer se a execução das estratégias delineadas, que são detalhadas nas demais perspectivas, está conduzindo e melhores resultados na linha de produtos e/ou serviços. • Perspectiva do cliente: O BSC “permite que os executivos identifiquem os segmentos de clientes e mercado nos quais a unidade de negócios competirá e as medidas do desempenho da unidade nesses segmentos-alvo” (KAPLAN; NORTON, 1997, p. 26). Nessa perspectiva será incluído medidas importantes para gerenciar os resultados, como a satisfação do cliente, lealdade ao cliente, fatia de mercado entre outras (NIVEN, 2005). • Perspectiva dos processos internos: Segundo Schlupp, Costa e Silva (2007) nessa perspectiva “são identificados os processos nos quais a organização deve se superar para que continue a gerar valor aos clientes e, por fim, aos acionistas”. A tarefa dentro dessa perspectiva é identificar os processos e desenvolver medidas plausíveis para a melhoria contínua dos procedimentos (NIVEN, 2005). Para Kaplan e Norton (1997, p. 97), nessa perspectiva “os executivos identificam os processos mais críticos para a realização dos objetivos dos clientes e acionistas”. • Perspectiva do aprendizado e crescimento: Essa perspectiva forma o pilar para que os resultados ambiciosos explícitos nas demais perspectivas sejam alcançados (NIVEN, 2005). De acordo com Kaplan e Norton (1997, p. 29) “o aprendizado e o crescimento organizacionais provêm de três fontes principais: pessoas, sistemas e procedimentos organizacionais”. Em síntese, “o Balanced Scorecard traduz visão e estratégia em objetivos e medidas através de um conjunto equilibrado de perspectivas” (KAPLAN; NORTON, 1997, p. 29). Além disso, segundo os autores, o Scorecard compreende medidas dos resultados delineados e dos processos capazes de assegurar os resultados traçados estrategicamente. Para Niven (2005, p. 29) o BSC “auxilia as organizações na superação de dois problemas fundamentais: medir eficientemente o desempenho organizacional e implementar a estratégia com êxito”. 4 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS Este estudo caracteriza-se como téorico-empírico, pois num primeiro momento, parte de um quadro teórico de referência por meio de uma etapa exploratória do assunto, resultante de um diversificado levantamento de bibliografias, com o propósito de uma maior compreensão e delimitação do acadêmico acerca do tema objeto de estudo. VIII Convibra Administração – Congresso Virtual Brasileiro de Administração – www.convibra.com.br Num segundo momento do estudo, utilizou-se um delineamento descritivo, buscando-se, por meio do levantamento e análise da opinião dos elementos da amostra, a organização de informações relevantes para a proposição de melhorias para a sistemática de Registro de Ocorrência vinculado ao BSC do SENAI/SC - Florianópolis. O trabalho teve uma abordagem predominantemente qualitativa e buscou compreender e interpretar as informações coletadas por meio da aplicação de entrevistas semi-estruturada, a qual ofereceu subsídios para a proposição de melhorias para a sistemática de Registro de Ocorrência com indicadores adaptáveis ao BSC. O procedimento metodológico privilegiou o estudo de caso, realizado no SENAI/SC – Florianópolis. Segundo Vergara (1997), o estudo de caso consiste no estudo de uma ou poucas unidades, entendidas como uma pessoa, uma família, um produto, uma empresa ou mesmo um país, empiricamente verificáveis, permitindo a obtenção de um conhecimento amplo e detalhado. Desse modo, pelas características peculiares que apresenta, a adoção do estudo de caso possibilitou o conhecimento e o detalhamento dos processos do Sistema de Gestão da Qualidade da instituição, bem como suas ações para a melhoria dos procedimentos de registro de não-conformidades. 5 PROPOSIÇÃO DE ESTRATÉGIAS A sistemática atual de tratativa das não-conformidades do SENAI/SC – Florianópolis está baseada na implementação de Ações Corretivas e Ações Preventivas, a fim de eliminar as causas de não-conformidades reais ou potenciais, de forma a evitar sua repetição ou ocorrência. O Registro de Ocorrência (RO) e não-conformidade é uma das principais estratégias do SENAI/SC – Florianópolis para coletar informações referentes a qualidade de seus produtos e/ou serviços, bem como de seus processos. Desta forma, torna-se essencial a sistematização e integração do registro de ocorrência com os demais sistemas da instituição, sendo indispensável a proposição de melhorias para a sistemática de recebimento, análise, tratativa e ações para as ocorrências registradas, com base nas contribuições dos resultados da pesquisa aplicada neste trabalho. Nesse sentido, apresentam-se no quadro a seguir as estratégias propostas para o alcance do resultado da pesquisa, no intuito de sintetizar as principais estratégias desenvolvidas para atender a proposição de melhorias para a sistemática de registro de ocorrência e nãoconformidades com indicadores adaptáveis ao BSC do SENAI/SC – Florianópolis. Estratégias Objetivo Criação de uma interface de Registro de Ocorrência Gerenciar a ferramenta técnica da instituição acerca dos registros de não-conformidades, atuando desde o cadastro, análise, ação e acompanhamento das ocorrências cadastradas. Além disso, essa interface deverá ser desenvolvida por meio de duas premissas básicas: integração com os demais sistemas da instituição, principalmente o Sistema de Gestão de Negócios (SGN), e simplicidade em sua operacionalização por parte dos VIII Convibra Administração – Congresso Virtual Brasileiro de Administração – www.convibra.com.br envolvidos no processo. Utilização de ferramentas da Qualidade Facilitar a identificação, análise e solução dos problemas registrados, bem como proporcionar maior rapidez na condução desse processo, primordial para a eficácia da ocorrência. As ferramentas propostas na sistemática são: diagrama de causa e efeito, brainstorming, 6 Ms e PDCA. Relatórios Gerenciais Acompanhar o processo gerencial do registro de ocorrência e não-conformidades de forma sistêmica, proporcionando maior controle sobre a ferramenta, bem como a obtenção de dados para alimentar os indicadores propostos neste trabalho. Vale destacar, que esses relatórios também poderão ser visualizados por todos os colaboradores no sentido de acompanhar o processo de registro e ações para as não-conformidades. Indicadores de Desempenho do Registro de Ocorrência Sustentar o alcance do objetivo estratégico referente à perspectiva de processos internos do BSC, “Obter Excelência nos processos de negócio e apoio” do SENAI/SC – Florianópolis. Os indicadores gerados por meio da ferramenta de RO servirão de base para o atendimento desse objetivo estratégico, que é de fundamental importância para o cumprimento da missão e visão institucional. Treinamento da sistemática de Registro de Ocorrência Disseminar a utilização da sistemática para todos os colaboradores, a fim de torná-la uma ferramenta técnica e estratégica para a tratativa das não-conformidades que permeiam os processos da instituição, bem como otimizar os processos de apoio, que são a base para os processos de negócio. Além disso, é importante reforçar o processo de melhoria contínua e análise e solução de problemas atrelados a funcionalidade da ferramenta de RO, proporcionando uma cultura voltada para a qualidade. Quadro 1 – Principais Estratégias Vale destacar, que a proposição dessas estratégias está baseada nas informações coletadas durante a realização da pesquisa, levando-se em consideração sua viabilidade e operacionalidade. 6 CONSIDERAÇÕES FINAIS O presente estudo traz como tema central a Gestão da Qualidade, com enfoque ao registro de ocorrência e não-conformidades, tema este cada vez mais discutido nas organizações que adotam sistemas de gestão da qualidade, planejamento estratégico com base na metodologia BSC e uma gestão por processos. Tais temáticas foram abordadas a fim de proporcionar um VIII Convibra Administração – Congresso Virtual Brasileiro de Administração – www.convibra.com.br adequado gerenciamento das não-conformidades que permeiam os processos do SENAI/SC – Florianópolis, ponto decisivo para a prática de melhoria contínua do Sistema de Gestão da Qualidade. Como ponto de partida para o atendimento dos objetivos do trabalho, foi proposto algumas melhorias para a sistemática de registro de ocorrência e não-conformidades. Uma das melhorias propostas diz respeito à criação de uma interface para gerenciar a ferramenta, atuando desde o cadastro, análise, ação e acompanhamento das não-conformidades cadastradas. Por sua vez, essa interface será integrada ao SGN (Sistema de Gestão do Negócio), a fim de otimizar os processos que envolvam ambas as interfaces. O desenvolvimento da interface de RO será baseado em duas premissas básicas: integração e simplicidade, no intuito de otimizar o processo de registro de qualquer não-conformidade presente nos processos da instituição objeto de estudo. No que tange a premissa simplicidade, as melhorias propostas buscaram utilizar o menor índice de burocracia, tornando o processo mais ágil possível. Quando se trata de registros da qualidade, principalmente para atendimento a requisitos especificados pela norma ISO 9001, é quase que inexeqüível desburocratizar qualquer processo. Talvez numa organização utópica, cheguemos num nível zero de burocracia nos processos, o que proporcionaria grande vantagem competitiva para a mesma. Segundo Wood Jr. (2000) as implicações negativas da burocracia - rigidez, alienação, baixo comprometimento e lentidão - podem ser comuns às organizações burocráticas, mas não lhes são essenciais ou privativas. Uma organização, principalmente se for de grande porte, não pode sobreviver sem padrões mínimos de credibilidade e reprodutibilidade. Essas condições traduzem-se em normas, processos, hierarquia e autoridade. Em contrapartida, o desenvolvimento de burocracias melhores, que atenda as necessidades das organizações modernas, refere-se à adoção de técnicas coercitivas ou facilitadoras. As técnicas coercitivas dificultam a criatividade e a participação e levam à apatia e à falta de comprometimento. Já as técnicas facilitadoras instigam o elo entre colaboradores e organização e colaboram para atitudes empreendedoras. No sentido de colaborar com a identificação, análise e solução de problemas registrados na interface do RO, inseriu-se algumas das principais ferramentas da qualidade, tais como: diagrama de causa e efeito, brainstorming, 6 Ms, PDCA, entre outros, para proporcionar um melhor entendimento e visualização acerca das etapas que compõem o registro de ocorrência e não-conformidades. Vale destacar a importância dessas ferramentas principalmente para a etapa de análise e solução de problemas, essa fundamental para a eficácia da ocorrência. Outra melhoria proposta que se deva destaque, refere-se ao estabelecimento de relatórios gerenciais acerca das informações advindas da interface do RO. Esses relatórios poderão ser visualizados por qualquer colaborador, a fim de se ter um acompanhamento efetivo das ocorrências registradas, bem como acessar histórico das ações implementadas com eficácia. Uma sugestão a ser registrada, que poderá ser implementada futuramente é estabelecimento de níveis de acesso, em virtude do registro das informações (processos e custos), além da criação de um Banco de Boas Práticas das melhores ações registradas e que foram implementadas eficazmente. A partir desse banco, será possível disseminar as melhores práticas, para que as ações que obtiveram sucesso possam ser utilizadas em casos VIII Convibra Administração – Congresso Virtual Brasileiro de Administração – www.convibra.com.br semelhantes. As informações para alimentar o banco de boas práticas serão vindouras da interface do RO. O registro de ocorrência e não-conformidades é considerado um processo crítico dentro da cadeia de processos da instituição, por isso faz necessário sua medição e acompanhamento por meio da perspectiva de processos internos do BSC. A partir da interface do RO foi possível delinear alguns indicadores de desempenho que estão relacionados diretamente com um dos objetivos estratégicos da perspectiva de processos internos do BSC da instituição, que é “Obter excelência nos processos de negócio e apoio”. Esses indicadores propostos servirão de base para o alcance do objetivo estratégico, sendo medido e acompanhado por meio do software BS3, bem como estará explícito no mapa estratégico da instituição. Para que haja um efetivo gerenciamento da sistemática de registro de ocorrência e nãoconformidades as melhorias propostas foram estabelecidas a partir da necessidade do controle dos processos que permeiam as etapas de cadastro, análise, ações e acompanhamento das nãoconformidades, buscando o aprimoramento do processo de melhoria contínua, essencial para a disseminação das práticas da qualidade empregadas por qualquer organização. Aliado a esse gerenciamento, deve estar presente uma visão sistêmica da sistemática, a fim de torná-la uma ferramenta técnica e estratégica que possa trazer resultados expressivos para o controle e gerenciamento dos desvios da qualidade, tão importantes para assegurar a qualidades dos produtos e/ou serviços ofertados. Após a aplicação dessas melhorias na atual sistemática de registro de ocorrência e nãoconformidade da instituição objeto de estudo, se faz necessário o desenvolvimento de um treinamento, para que todos os envolvidos tenham conhecimento e entendimento do processo, além da aplicabilidade e funcionalidade da ferramenta de RO, vinculado à perspectiva de processos internos do BSC. Por fim, percebe-se a importância da sistemática de registro de ocorrência e nãoconformidades alinhadas ao BSC da instituição, como um diferencial para os processos de apoio, pois permitirá um acompanhamento mais efetivo da ferramenta e uma maior disseminação de sua operacionalização e funcionalidade perante as partes interessadas. Com processos de apoio bem delineados e com um suporte adequado e sistêmico, os processos principais de negócios serão por conseqüência favoráveis, proporcionando resultados positivos para a organização. Além de resultados mensurados, a sistematização da ferramenta proporcionará um maior envolvimento das pessoas com os processos da qualidade, tornandoos aliados em suas respectivas atividades. 7 REFERÊNCIAS ABNT. NBR NBR ISO 9000: Sistemas de gestão da qualidade: fundamentos e vocabulário. Rio de Janeiro, 2005 BALLESTERO-ALVAREZ, M. E.; MARINHO, A. C. R; SANTOS, A. D. Organizações como processos. In: BALLESTERO-ALVAREZ, Maria Esmeralda. Administração da qualidade e da produtividade. São Paulo: Atlas, 2001. VIII Convibra Administração – Congresso Virtual Brasileiro de Administração – www.convibra.com.br CAMPOS, V. F. TQC: controle da qualidade total (no estilo japonês). 8. ed. Belo Horizonte: EDG, 1992. CORRÊA, H. L; CORRÊA, C. A. Administração de produção e de operações: manufatura e serviços: uma abordagem estratégica. São Paulo: Atlas, 2005 CURY, A. Organização e métodos: uma visão holística. 8. ed. São Paulo: Atlas, 2005. D'ASCENÇÃO, L. C. M. 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