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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE
PRÓ-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA
NÚCLEO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM DESENVOLVIMENTO E MEIO AMBIENTE
ÁREA DE CONCENTRAÇÃO: DESENVOLVIMENTO REGIONAL
PROGRAMA REGIONAL DE DESENVOLVIMENTO E MEIO AMBIENTE
PROPAGAÇÃO ASSEXUADA DE GINDIROBA (Fevillea trilobata L.),
UMA ESPÉCIE COM POTENCIAL BIOTECNOLÓGICO
Autora: Karla Cunha
Orientadora: Drª Marlucia Cruz de Santana
Abril - 2009
São Cristóvão – Sergipe
Brasil
Livros Grátis
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Milhares de livros grátis para download.
UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE
PRÓ-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA
NÚCLEO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM DESENVOLVIMENTO E MEIO
AMBIENTE
ÁREA DE CONCENTRAÇÃO: DESENVOLVIMENTO REGIONAL
PROGRAMA REGIONAL DE DESENVOLVIMENTO E MEIO AMBIENTE
Dissertação apresentada ao Núcleo de
Pós-Graduação em Desenvolvimento e
Meio Ambiente da Universidade Federal
de Sergipe, como parte dos requisitos
exigidos para a aquisição do título de
Mestre em Desenvolvimento e Meio
Ambiente.
Autora: Karla Cunha
Orientadora: Drª Marlucia Cruz de Santana
Abril - 2009
São Cristóvão – Sergipe
Brasil
FICHA CATALOGRÁFICA ELABORADA PELA BIBLIOTECA CENTRAL
UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE
Cunha, Karla
C792p
Propagação assexuada de Gindiroba (Fevillea trilobata
L.), uma espécie com potencial biotecnológico / Karla
Cunha. – São Cristóvão, 2009.
58 f. : il.
Dissertação (Mestrado em Desenvolvimento e Meio
Ambiente) – Universidade Federal de Sergipe, 2009.
Orientadora: Profª. Dra. Marlucia Cruz de Santana
1. Meio ambiente - Flora. 2. Gindiroba. 3. Fevillea trilobata.
4. Biotecnologia. 5. Carmópolis - Sergipe. I. Título.
CDU 502.3/.7(813.7)
UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE
PRÓ-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA
NÚCLEO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM DESENVOLVIMENTO E MEIO AMBIENTE
ÁREA DE CONCENTRAÇÃO: DESENVOLVIMENTO REGIONAL
PROGRAMA REGIONAL DE DESENVOLVIMENTO E MEIO AMBIENTE
PROPAGAÇÃO ASSEXUADA DE GINDIROBA (Fevillea trilobata L.), UMA
ESPÉCIE COM POTENCIAL BIOTECNOLÓGICO
Dissertação de Mestrado defendida por Karla Cunha e aprovada em 14 de Abril de 2009
pela banca examinadora constituída pelos doutores:
________________________________________
Profª. Drª. Marlucia Cruz de Santana
Universidade Federal de Sergipe – PRODEMA
________________________________________
Profº. Drº. Lauro Xavier Filho
Universidade Tiradentes - UNIT
________________________________________
Profª. Drº. Carlos Dias da Silva Júnior
Universidade Federal de Sergipe – PRODEMA
Este exemplar corresponde à versão final da Dissertação de Mestrado em Desenvolvimento
e Meio Ambiente
________________________________________
Profª. Drª. Marlucia Cruz de Santana
Universidade Federal de Sergipe – PRODEMA
É concedida ao Núcleo responsável pelo Mestrado em Desenvolvimento e Meio Ambiente
da Universidade Federal de Sergipe permissão para disponibilizar, reproduzir cópias desta
dissertação e emprestar ou vender tais cópias.
_________________________________
Karla Cunha
Universidade Federal de Sergipe
Aos meus pais José Carlos
e Maria de Fátima que me
ensinaram o que é a vida.
OFEREÇO
Primeiramente ao meu
maravilhoso e eterno
DEUS, a minha filha
Karolyne e ao meu
marido e amigo Kenny.
DEDICO
AGRADECIMENTOS
A DEUS, pela saúde e perseverança concedida.
À minha linda filha Karolyne e esposo Kenny Rogers pelo apoio, compreensão e
companheirismo.
À minha maravilhosa mãe, Maria de Fátima pela força e compreensão nos meus momentos
de ausência.
Aos meus irmãos Enmeson, Luciana, Júnior e Antônio pela harmonia concedida.
À minha querida e amiga sogra, Maria Verônica pelo apoio, amizade e incentivo.
À minha cunhada Iracema Nunes pelo apoio no abstract.
Aos amigos Sheyla, Aléria, Edval e Moisés que proporcionaram descontração e alegria em
momentos de angústia.
Aos colegas do FPH, Paulo Valença, César, Homero, Eliude, Simone e Lurdinha pelas
palavras de incentivo e apoio.
À profª. Drª. Marlucia Cruz de Santana pela orientação, incentivo e dedicação.
Ao prof. Dr. Lauro Xavier Filho (UNIT) que sempre me incentivou me ensinando que “na
vida para acontecer basta querer”. Muito obrigada!
Ao Prof. Dr. Carlos Dias da Silva Júnior, pela participação da banca de qualificação e
defesa final.
À profª. Sheila Alves (UNIT), pela ajuda concedida.
À EMBRAPA Tabuleiros Costeiros pela doação de sementes e apoio técnico, em especial
ao Engº. Agrônomo Evandro Almeida Tupinambá e Erivaldo Fonseca Moraes (Supervisor
de campo).
Aos colegas de mestrado pelos momentos de harmonia e integração, em especial Carlos
David, Aline Borba e Carina Souza.
Ao Sr. João (Tec. Laboratório DBI/UFS), pela simpatia e apoio.
RESUMO
O presente trabalho é um estudo sobre duas técnicas para multiplicação e conservação da
Fevillea trilobata L., bem como uma avaliação sobre o conhecimento popular da referida
planta. Para o estudo de multiplicação foram utilizadas as técnicas de propagação “in vitro”
e estaquia. Para a avaliação do conhecimento popular da gindiroba foi aplicado um
questionário semi-estruturado a vendedores que comercializam sementes e/ou produtos
naturais no Mercado Municipal Albano Franco e da feira-livre da praia do Mosqueiro,
ambos situados em Aracaju/SE, além de alguns proprietários do município de
Carmópolis/SE. Plantas-matrizes de gindiroba, fontes de explantes para experimentos de
micropropagação, foram cultivadas no do mini-horto do Departamento de Biologia/UFS,
oriundas de sementes fornecidas pela EMBRAPA-CPATC. Na propagação “in vitro” o
meio de cultura utilizado foi o Murashige & Skoog (MS), suplementado com vitaminas de
Morel e Wetmore, sacarose a 3%, caseína e mio-inositol a 0,01%, ágar a 0,6%, acrescido
de BAP a (0; 1; 2; 4 e 6 mgL-1 ), pH ajustado em 5,8, temperatura de 27º±1º C, fotoperíodo
de 12 horas e irradiância de 45µmol.m-2.s-1 com luz branca fria. O experimento de estaquia
foi conduzido na estufa do Departamento de Biologia/UFS. Para essa técnica foram
desenvolvidos dois experimentos, sendo o primeiro com estacas medianas de planta em
fase juvenil e o segundo com estacas de plantas em fase reprodutiva. Os tratamentos
utilizados foram formados pela combinação tipo de estaca (caule e caule+folha) com
concentração de AIB(0; 1 e 2mgL-1), em substrato areia+solo argiloso (2:1). Os resultados
obtidos foram submetidos à análise de variância, onde as interações significativas foram
analisadas através do teste de Tukey em nível de 5% de probabilidade. Os dados foram
analisados como auxilio do software GraphPad Prism, versão 4. De acordo com os
resultados obtidos com a propagação in vitro, houve maior formação de calos em plântulas
tratadas com 1 mgL-1 de BAP e para a variável brotamento de folhas, o tratamento 2
apresentou diferença significativa estatisticamente. O experimento 1 de estaquia,
estaca+folha sem imersão em AIB apresentou maior formação de raízes e folhas novas. Já
para estacas em fase reprodutiva, estaca+folha imerso em 1mg L-1 de AIB foi mais efetivo
na formação de raízes e folhas. Estacas em fase juvenil e reprodutiva dos tratamentos 4, 5 e
6 apresentaram desidratação, embora algumas delas tenham emitido raízes e pequenas
folhas. Estacas mais jovem e sem imersão em AIB, mostraram-se mais adequadas para a
técnica de estaquia. De acordo com os resultados das entrevistas, a gindiroba é utilizada em
Sergipe como planta medicinal. Entretanto os usuários desconhecem o potencial
biotecnológico dessa espécie.
PALAVRAS-CHAVE:
biotecnológica.
Gindiroba,
propagação
in
vitro,
estaquia,
alternativa
ABSTRACT
The present work is a study of two techniques for multiplication and conservation of
Fevillea trilobata L., and an evaluation of popular knowledge of the related plant. For the
multiplication study, techniques were used for propagation “in vitro” and cutting. For the
evaluation of popular knowledge of gindiroba was applied a semi-structured questionnaire
to sellers who sell seeds and / or natural products in the Municipal Market Albano Franco
and in fair-free in Mosqueiro Beach, both located in Aracaju / SE, beyond some sellers
from the municipality of Carmópolis / SE. Plant-matrices of gindiroba, sources of explants
for micropropagation experiments, were grown in the mini-garden of the Department of
Biology / UFS, from seeds provided by EMBRAPA-CPATC. "In vitro" propagation, the
culture medium used was Murashige & Skoog (MS), supplemented with vitamins of Morel
and Wetmore, 3% sucrose, 0.01% casein and myo-inositol, and 0.6% agar plus the BAP (0,
1, 2, 4 and 6 mgL-1), pH adjusted to 5.8, temperature 27 º ± 1 º C, photoperiod of 12 hours
and irradiance of 45µmol.m-2.s-1 with cool white light. The cutting experiment was
conducted in the greenhouse of the Department of Biology / UFS. For this technique had
been developed two experiments. The first one with medium plant cuttings in juvenile
phase and the second with cuttings of plants in reproductive phase. The treatments were
formed by the combination type of cutting (stem and stem + leaf) with concentration of
AIB (0, 1 and 2mg L-1) in substratum sand + clay soil (2:1). The results were submitted to
analysis of variance, where significant interactions were analyzed by the Tukey test at 5%
level of probability. The data were analyzed by the software GraphPad Prism, version 4.
According to the results of the in vitro propagation, callus formation was higher in
seedlings treated with 1 mg/L-1 BAP. For the variable of sprouting of leaves, the treatment
2 showed a statistically significant difference. The cutting experiment 1, cutting + leaf
without immersion in AIB showed higher formation of new roots and leaves. For cuttings
in reproductive stage, cutting + leaf immersed in 1 mg L-1 of AIB was more effective in the
formation of roots and leaves. Cuttings in juvenile and reproductive phase of treatments 4,
5 and 6 had presented dehydration, although some of them have given roots and small
leaves. Stakes younger and without immersion in AIB, were most suitable for the
technique of cutting. According to the results of the interviews, gindiroba is used as a
medicinal plant in Sergipe. However the users are unaware of the biotechnological
potential of this species.
KEYWORDS: Gindiroba, in vitro propagation, cutting, alternative biotech.
SUMÁRIO
LISTA DE TABELAS
xii
LISTA DE FIGURAS
xiii
INTRODUÇÃO
1
CAPÍTULO 1- REVISÃO DE LITERATURA
4
1.1- SOCIEDADE, BIODIVERSIDADE E DESENVOLVIMENTO
5
1.2- FEVILLEA TRILOBATA L.
9
1.2.1- Características físico-químicas
10
1.2.2- Características morfofisiológicas
11
1.2.3- Importância econômica
13
1.3- BIODIESEL
14
1.4- BIOTECNOLOGIA
17
1.4.1- Micropropagação
18
1.4.2- Técnica de estaquia
19
CAPÍTULO 2- METODOLOGIA
22
2.1- Micropropagação
23
2.1.1- Obtenção do material vegetal
23
2.1.2- Desinfestação do material vegetal
23
2.1.3- Meio de cultura, procedimento e armazenamento
23
2.1.4- Tratamentos
23
2.1.5- Desenho experimental
24
2.2- Estaquia
25
2.3- Entrevistas
28
2.4- Análise estatística
29
CAPÍTULO 3- RESULTADO E DISCUSSÃO
30
3.1- Micropropagação
31
3.2- Estaquia
33
3.3- Entrevistas
40
CAPÍTULO 4- CONCLUSÕES
44
CAPÍTULO 5- SUGESTÕES
47
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
49
ANEXOS
56
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 – Influência de BAP em diferentes concentrações na formação de calos em
segmento de Fevillea trilobata L. ........................................................................ 31
Tabela 2 – Distribuição do número de entrevistados por localidade. ................................ 37
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 – Cultura de F. trilobata L. localizada no Campo Experimental da Embrapa
Tabuleiros Costeiros, situado no Município de Itaporanga D’ajuda/SE. ............... 9
Figura 2 – Flores masculinas em panículas (A) e femininas isoladas (B) de F. trilobata L 11
Figura 3 – Sementes maduras de gindiroba. ....................................................................... 12
Figura 4 – Óleo puro e biodiesel de gindiroba. .................................................................. 13
Figura 5 - Atividade antifúngica do óleo puro de gindiroba sobre duas diferentes cepas de
Candida spp comparada com o solvente hexano utilizado para extração e diluição
do óleo. .................................................................................................................. 14
Figura 6 – Estantes com inóculos de Fevillea trilobata L. em meio Murashige & Skoog
(1962). .............................................................................................................. 24
Figura 7 – Estacas sem folhas (a) e com folhas (b) de plantas em fase juvenil de Fevillea
trilobata L. ......................................................................................................... 25
Figura 8– Estacas de Fevillea trilobata L. com folhas (a e b) e sem folhas (c e d) de plantas
em fase reprodutiva ............................................................................................... 26
Figura 9 – Micro-estacas em meio MS apresentando calos após o 8º de inoculação (seta
vermelha) e crescimento de folhas 13 dias após a inoculação (seta azul). ........... 30
Figura 10 – Indução do BAP na formação de folhas em segmentos de F. trilobata L. ...... 31
Figura 11 – Influência do AIB , sobre a formação de raízes em estacas em fase juvenil de
Fevillea trilobata L. ............................................................................................ 32
Figura 12 – Influência do AIB na formação de folhas novas em estacas em fase juvenil de
Fevillea trilobata L. ............................................................................................ 33
Figura 13 – Influência do AIB na massa de folhas novas em estacas em fase juvenil de F.
trilobata L. ......................................................................................................... 33
Figura 14 – Estacas de plantas em fase juvenil com 60 dias . ........................................... 34
Figura 15 – Influência do AIB , sobre a formação de raízes em estacas de plantas em fase
reprodutiva de Fevillea trilobata L. ................................................................... 35
Figura 16 – Influência do AIB , sobre a formação de folhas em estacas de plantas em fase
reprodutiva de Fevillea trilobata L. ................................................................. 36
Figura 17 – Influência do AIB na massa de folhas novas em estacas de plantas em fase
reprodutiva de F. trilobata L. ............................................................................. 36
Figura 18 – Usos da gindiroba segundo a medicina popular. ............................................. 38
Figura 19 – Alternativas de propagação da Fevillea trilobata L. ........................................ 39
INTRODUÇÃO
1.0 INTRODUÇÃO
O homem, desde os seus primórdios retira da natureza a sua sobrevivência, mas
diante da exploração, crescimento populacional e a industrialização descontrolada, o
mundo começou a sentir os efeitos negativos na natureza. Uma alteração negativa
marcante que vem sendo estudada e criticada por todas as classes sociais é o chamado
efeito estufa gerado por grandes emissões de gases tóxicos e particulados, principalmente o
CO² liberado pelas indústrias e veículos que utilizam fonte de energia fóssil, ou seja, não
renovável.
Tal problemática levou o governo a investir em novas tecnologias para prevenção e
redução desses gases tóxicos. Uma alternativa foi o investimento em combustíveis
renováveis, dentre eles o biodiesel.
O biodiesel é uma evolução na tentativa de substituição do óleo diesel por
biomassa, iniciada pelo aproveitamento de óleos vegetais “in natura”. A busca de uma
alternativa energética para os combustíveis fósseis retoma a agenda internacional, como
um elemento novo: a crescente preocupação ambiental.
Uma das grandes vantagens do biodiesel é a adaptabilidade aos motores do ciclo
diesel, a viabilidade relacionada à substituição das importações e as vantagens ambientais
inerentes, como a redução de emissão de materiais particulados e de enxofre, que evitará
custos com a saúde pública e diminuição de gases responsáveis pelo efeito estufa.
O aproveitamento de óleos vegetais é, também, benéfico para a sociedade, pois gera
postos de trabalho e aumenta a oferta de fração protéica das oleaginosas – importante
insumo para a indústria de alimentos e de ração animal, além de nitrogenar o solo durante
o crescimento, viabilizando consorciar o plantio de outras culturas.
Entre as alternativas de oleaginosas podemos encontrar a Fevillea trilobata L. ,
conhecida como gindiroba que é uma trepadeira, dióica, perene (SILVEIRA, 1949), na
qual a planta feminina produz frutos que contém sementes riquíssimas em óleo (cerca de
70%). A gindiroba possui um alto potencial biotecnológico, pois além de ser uma grande
produtora de biodiesel, pode também nos beneficiar com várias atividades farmacológicas.
Apesar de tal vantagem em relação ao seu uso biotecnológico, a planta apresenta
uma grande dificuldade de germinação de suas sementes, e as mesmas quando germinadas,
referem-se a 95% de plantas do gênero masculino e apenas 5% do gênero feminino. Tal
fator pode ser decisivo na vida dessa espécie, pois com a exploração de plantas com alto
potencial biotecnológico, a Fevillea trilobata L. poderá entrar em extinção.
Tendo em vista que a propagação vegetativa é uma técnica com grande aplicação
na agricultura, além de ser uma ferramenta com alto potencial para aplicação no
melhoramento vegetal, o presente trabalho teve por finalidade, gerar conhecimentos sobre
a conservação e multiplicação da espécie, bem como apresentar alternativas de utilização
farmacológicas segundo a medicina popular.
CAPÍTULO 1
REVISÃO DE LITERATURA
Capítulo 1 – Revisão de Literatura
5
1.0 -REVISÃO DA LITERATURA
1.1- SOCIEDADE, BIODIVERSIDADE E DESENVOLVIMENTO
O homem sempre tirou da natureza o seu sustento atendendo suas necessidades
básicas, pois ele não vive sem a natureza e a sociedade não se desenvolve sem o meio
ambiente. O crescimento da sociedade bem como o atendimento das suas necessidades são
feitos à custa dos recursos naturais. Entender a natureza tornou-se um caminho para a
melhoria da qualidade de vida humana.
O conceito de natureza vem do latim natura, cujo sentido primitivo é “ação de
fazer nascer”, “nascimento” (KESSELRING, 1992). A dessacralização da natureza, a
quantificação do mundo a peso e medida e a exploração espoliativa, são posicionamentos
filosóficos frente à natureza que contribuem para mudança de atitudes. Dessa forma, a
relação sociedade-natureza aparece subordinada ao capital, a natureza é apenas fonte de
recursos, as unidades de produção passaram a responder à demanda do mercado, visando o
lucro, sem levar em conta possíveis efeitos sobre o meio ambiente e os recursos naturais.
Falar em uma consciência ambiental implica na busca e na consolidação de novos
valores na forma de ver e viver no mundo, a partir da complexidade ambiental, que
possibilita a construção de novos padrões cognitivos na relação homem/natureza, ou seja,
na produção de processos cognitivos que reconheçam a interdependência e o inacabamento
de qualquer ação, de (des)construir e (re)construir o pensamento a partir da ciência, da
cultura e da tecnologia, a fim de mover o processo criativo humano para gerir novas
possibilidades diante dos fenômenos da vida e da sobrevivência a partir da sinergia
existente no tecido social, ambiental e tecnológico (LEFF, 2001).
O meio ambiente é uma realidade histórica e social, seus problemas não podem ser
entendidos isoladamente, os fenômenos acontecem em rede, tudo está interconectado e
interdependente, inseridos nos processos cíclicos da natureza para a manutenção da vida.
As redes constituem o padrão básico de organização de todos os sistemas vivos, esses
Capítulo 1 – Revisão de Literatura
6
sistemas são todos cujas estruturas específicas resultam das interações e interdependência
de suas partes (COIMBRA, 2002; CAPRA, 2001).
O século XX testemunhou o maior e mais rápido avanço tecnológico da história da
humanidade e também as maiores agressões ao meio ambiente, decorrentes de um
desenvolvimento que não considerou os impactos relevantes da revolução industrial e a
finitude dos recursos naturais. Por outro lado, nas últimas décadas, o conceito ecológico
vem se ampliando, dentro de um modelo de desenvolvimento que busca uma relação de
equilíbrio, resgatando uma nova ética na relação do homem com a natureza (SCHRAMM,
1999). Foi então que surgiu o pensamento do desenvolvimento sustentável.
Segundo Leis (1999), o conceito de desenvolvimento sustentável faria parte de um
processo de “adoção oportunista e instrumental [...]”, por parte dos estados e das empresas,
de novos valores trazidos pelo ambientalismo, com o objetivo de garantir a continuidade
do sistema produtivo. Assim, a racionalidade econômica dominante diluiu o potencial
transformador das origens do movimento ambiental, confundindo e dispersando suas ações
(LEFF, 2000).
As causas sociais da insustentabilidade passaram a ser abordadas, e a
sustentabilidade social foi incluída como parte imprescindível do desenvolvimento
sustentável (LELÉ, 1991). Porém, isso não significou o reconhecimento das relações
sociais como responsáveis pela insustentabilidade ecológica.
A necessidade de conciliar desenvolvimento econômico e preservação ambiental,
duas questões antes tratadas separadamente, levou a formação do conceito de
desenvolvimento sustentável. A consciência de que é necessário tratar com racionalidade
os recursos naturais, uma vez que estes podem se esgotar mobiliza a sociedade no sentido
de se organizar para que o desenvolvimento econômico não seja predatório, mas sim
“sustentável”. No entanto o processo de desenvolvimento sustentável, baseado na
manutenção da biodiversidade e no equilíbrio dos ecossistemas, requer mudança completa
no comportamento dos processos humanos de produção diante da natureza (SOARES E
FERREIRA, 2004).
Capítulo 1 – Revisão de Literatura
7
Para Capra (1996; 2001) a crise ambiental é uma crise de paradigmas, fruto de uma
percepção equivocada da não finitude dos recursos naturais. Desta forma, a população e os
governos desenvolvem os seus planejamentos, políticas e práticas sem a preocupação com
a escassez, já que esta não é percebida na sua real dimensão. Esta visão pode ser válida
para a macroeconomia, a qual, desvinculada da visão micro e local de mundo e sua
limitação física e temporal, está buscando mecanismos para a inserção da externalidade
econômica quanto à análise dos recursos naturais, através de instrumentos econômicos.
A consciência ambiental é estruturada, na atualidade, sobre fatos reais e confiáveis:
a existência do chamado “efeito-estufa”, por exemplo, confirmada por meteorologistas e
cientistas renomados, assim como outros problemas ecológicos de natureza global, vem
sendo enfocados por organismos de credibilidade internacional como a ONU, que
notabilizou o seu programa de estudos ambientais (PNUMA, 2003), cuja importância vem
sendo acolhida inclusive pelas classes empresariais dos países em desenvolvimento.
O mundo atual nos apresenta a soberania da ciência e da tecnologia através dos
avanços científicos jamais registrados anteriormente pela história da humanidade. A
ciência e a tecnologia confirmaram benefícios para o homem, mas também possibilitou
comprometimentos negativos relativos ao ambiente social e natural. Esses efeitos
colocaram em pauta a necessidade de uma reapropriação subjetiva do conhecimento. A
inserção das novas tecnologias da informação e comunicação nos processos educativos,
assim como o estímulo a percepção crítica do que é oferecido como novas tecnologias,
poderá induzir que, o homem enquanto sujeito se reaproprie do conhecimento para
promover suas escolhas na perspectiva da construção do pensamento.
Uma nova forma de civilização, fundamentada no aproveitamento sustentável dos
recursos renováveis, não é apenas possível, mas essencial (SACHS, 2002).
Uma tarefa operacional primordial é a de disponibilizar a biotecnologia moderna
para os pequenos fazendeiros, capacitando-os assim, a participarem da segunda revolução
verde (GRIFFON, 1995).
Capítulo 1 – Revisão de Literatura
8
Para os Países tropicais, esta oportunidade é particularmente desafiadora. O clima
tropical, por muito tempo encarado como uma deficiência desponta agora como uma
duradoura vantagem comparativa natural, por permitir produtividades maiores que as
apresentadas nas zonas temperadas. Freqüentemente, diz-se que os recursos naturais
perderam a sua importância diante dos recursos humanos e do conhecimento (SACHS,
2002).
Por mais difícil que possa parecer, essa tarefa não é impossível. Existe, todavia,
uma série de políticas complementares (acesso justo a terra, ao conhecimento, ao crédito e
ao mercado, bem como uma melhor educação rural). Igualmente importante na busca de
uma moderna civilização de biomassa serão os esforços direcionados em favor do
desenvolvimento de uma química verde, como complemento ou até como substituto pleno
da petroquímica, trocando energia fóssil por biocombustíveis (SACHS, 2002).
O Brasil em particular, tem hoje uma chance de pular etapas para chegar a uma
moderna civilização de biomassa, alcançando uma endógena “vitória tripla”, ao entender
simultaneamente os critérios de relevância social, prudência ecológica e viabilidade
econômica, os três pilares do desenvolvimento sustentável (SACHS, 2002).
Enfim, de acordo com Larrère (1997), o objetivo das idéias sustentáveis deveria ser
o do estabelecimento de um aproveitamento racional e ecologicamente sustentável da
natureza em benefício das populações locais, levando-as a incorporar a preocupação com a
conservação da biodiversidade aos seus próprios interesses, como um componente de
estratégia de desenvolvimento.
1.2-FEVILLEA TRILOBATA L.
A Fevillea trilobata L. é uma planta dióica, oleaginosa e perene, pertencente à
família Cucurbitaceae e vulgarmente conhecida como nhandiroba ou gindiroba em Sergipe
e Bahia, é encontrada no Brasil e em países ao norte da América do Sul (CORREA, 1984).
Típica de Mata Atlântica, o seu habitat predominante são lugares sombreados e úmidos,
Capítulo 1 – Revisão de Literatura
9
com solo rico em matéria orgânica, de constante renovação pela ação das águas, como
várzeas de rios e base de encostas (SILVEIRA, 1949).
Em Sergipe podemos encontrar a F. trilobata em suas condições ambientais em
resquícios de Mata Atlântica, a exemplo de Carmópolis e em cultivo no Campo
Experimental da Embrapa Tabuleiros Costeiros, situado no Município de Itaporanga
D’ajuda/SE (Figura 1), servindo assim como local de coleta das sementes para realização
do trabalho em questão.
Figura 1 – Cultura de F. trilobata L. localizada no Campo Experimental da Embrapa Tabuleiros Costeiros,
situado no Município de Itaporanga D’ajuda/SE (Foto: Karla Cunha), 2007.
1.2.1- Características físico-químicas
A primeira tentativa do estudo por Sterllfield sobre a composição química data de
1937, mas somente em 1979, Tullocht e Bergter, empregando principalmente a técnica de
ressonância magnética nuclear de C-13 (RMN 13C), detectaram a presença de ácidos
graxos saturados e insaturados neste óleo (VALENTE, 1996).
Capítulo 1 – Revisão de Literatura
10
As propriedades físico–químicas do óleo da semente da gindiroba foram analisadas
por vários pesquisadores. Os dados mais recentes descrevem: acidez: 0,48%; ponto de
fusão: 21,6 °C; densidade a 15ºC: 0,925g/mL; coloração: 1,8 red e 22,0 yellow; e odor
característic. Além de o óleo apresentar grandes concentrações de esteróides, média
concentração de flavonóides, fósforo e saponinas e inexistência de alcalóides e taninos
(RAMOS, 1986).
Observa-se que em termos quantitativos ao teor de lipídios encontrados foi superior
ao das sementes oleaginosas já comercializadas a exemplo da soja (17%), algodão (15%),
amendoim (40-43%), dendê (20%), girassol (28-48%), mamona (43-45%) e pinhão manso
(50-52%). Os constituintes majoritários no mesocarpo foram os ácidos palmíticos
(26,53%), ácido esteárico (20,47%), ácido oléico (10,86%) e ácido linoléico (7,97%). Nas
amêndoas foram detectados os ácidos palmíticos (30,97%), ácido esteárico (16,03%), ácido
oléico (12,60%) e o ácido linoléico (7,85%). O resultado da análise do óleo da semente de
F. trilobata apresentou 48% de gordura saturada. As análises físicas das sementes
apresentam 71,7% de amêndoa; 27,0% de casca e 1,3% de mesocarpo (RAMOS, 1986).
A composição centesimal da amêndoa foi 5,64% de umidade; 51,48% do teor de
lipídios; 33,1g/100g de proteína; 1,85g de fibra; 8,1% de amido e 0,046g de cinza,
enquanto que no mesocarpo foram encontrados 4,18% de umidade; 37,38% de lipídios;
31,1g/100g de proteínas; 6,30g de fibra e 0,035g de cinza (RAMOS, 1986).
Análises feitas com o extrato metanólico da amêndoa da semente deram conta de
alguns compostos polares, foram eles: quatro norcucurbitacinas glicosiladas, três
norcucurbitacinas diglicosiladas e uma heptanocucurbitacinas (VALENTE, 1996).
Das sementes da gindiroba, a amêndoa é parte da planta com possibilidades de
extração de óleo para produção de biodiesel, uma vez que o porcentual de óleo bruto
extraído pode chegar a 70% do seu peso/volume. Assim, 1kg de sementes pode gerar uma
até 700mL de óleo bruto (RAMOS, 1985).
Capítulo 1 – Revisão de Literatura
11
1.2.2 - Características morfofisiológicas
A gindiroba apresenta flores de cor amarela ou rósea, as masculinas em panículas
(figura 2), as femininas separadas, raramente em pares (figura 2). Frutos arredondados e
casca resistente de 2mm de espessura, com 6 a 14 sementes redondas, tão juntas que
formam uma bola de aproximadamente 4,5cm de diâmetro. Sem a casca, a semente tem
um sabor amargo forte (RÊGO; XAVIER-FILHO, 2003).
A
B
A
Figura 2 – Flores masculinas em panículas (A) e femininas isoladas (B) de F. trilobata L. (Foto: Karla
Cunha) 2007.
As sementes são irregularmente circulares com 2,5 a 3,5cm de largura, formadas
por três camadas distintas. A primeira camada é amarelada, tenra, fácil de destruir pelo
atrito, corresponde à amêndoa. A camada média e escura, muito delgada, quebradiça
formada de fibras muito curtas aglutinadas, perpendiculares à sua superfície, ou irradiando
do centro da amêndoa para sua circunferência, o mesocarpo. A camada mais externa, a
casca, é escura, dura e resistente (Figura 3).
Capítulo 1 – Revisão de Literatura
12
Figura 3 – Sementes maduras de gindiroba (Foto: Evandro Tupinambá), 2007.
Cunha et al. (2007a) demonstraram que sementes de F. trilobata L. que receberam
diferentes tratamentos para quebra de dormência quando submetidas a testes de
germinação apresentaram melhor desenvolvimento, em termos de tempo e quantidade de
sementes, quando tratadas com escarificação ou quando cultivadas ao natural, mas ainda
assim, apresentava valores baixos de germinação.
Cunha et al. (2007b) ainda em pesquisas, concluíram que o período de 15 dias após
coleta das sementes, representa mais fidedignamente o período de maior produtividade de
óleo, alcançando valores de até 70%.
Tupinambá et al. (2007) em estudos preliminares, demonstraram que a gindiroba
com um ano de plantada, produz cerca de 13 frutos por planta, pesando por volta de 32,3 a
77,2 g por fruto o qual produz em torno de 3 a 17 sementes, gerando uma produtividade de
268,5 Kg/ha. Quanto à extração de óleo das amêndoas foi constatado que de cada 1000g
utilizados na extração, eram obtidos 685 mL de óleo bruto, e após a transesterificação esse
volume variava de 380 a 430 mL de biodiesel (Figura 4).
Capítulo 1 – Revisão de Literatura
13
Figura 4 – Óleo puro e biodiesel de gindiroba (Foto: Sheila Alves), 2008.
1.2.3 - Importância econômica
Além da potencial produção do biodiesel, a presente atividade antimicrobiana do
óleo sobre a bactéria Staphylococcus aureus, abriu possibilidade de confecção de sabões
para o tratamento de infecções na pele visto os resultados significativos obtidos em
laboratório (RAMOS, 1986).
A F. trilobata já há muito tempo é usada na medicina popular. A fécula que se
extrai da raiz é denominada “tapioca de purga” ou “goma de batata” e é empregada no
combate ás doenças exantematicas (febres eruptivas). As sementes, na forma de chá, são
conhecidas como febrífugas, tônicas, estomáticas, eméticas e emenagogas. É ainda usada
como anti-helmíntica (principalmente contra ancilostomíase), e com atividade contra
afecções renais causadas pela febre amarela (CORRÊA, 1984; CASTRO, 1940).
É indicada também contra flatulência, prisão de ventre e cólicas intestinais bem
como na icterícia e outras doenças hepáticas. O óleo das sementes é usado topicamente
como, antiofídico, contra picada de escorpião e ferroada de abelha, e também para erisipela
Capítulo 1 – Revisão de Literatura
14
e impigens, mas principalmente como anti-reumático friccionando-se o óleo sobre a região
dolorida (CORRÊA, 1984; CASTRO, 1940). É ainda possível, a utilização do óleo como
antifúngico combatendo a candidíase (Figura 5).
Figura 5 - Atividade antifúngica do óleo puro de gindiroba sobre duas diferentes cepas de Candida spp
comparada com o solvente hexano utilizado para extração e diluição do óleo (Foto: Sheila Alves,
2007).
1.3 - BIODIESEL
Biodiesel é o nome de um combustível alternativo de queima limpa, produzido de
recursos renováveis. O biodiesel não contém petróleo, mas pode ser adicionado a ele
formando uma mistura; pode ser usado num motor de ignição a compressão (diesel) sem
necessidade de modificação. O biodiesel é simples de ser usado, biodegradável, não tóxico
e essencialmente livre de compostos sulfurados e aromáticos (PARENTE, 2003).
O
biodiesel
é
fabricado
através
de
um
processo
químico
chamado
“transesterificação”, na qual a glicerina é separada da gordura ou do óleo vegetal. O
processo gera dois produtos: ésteres (o nome químico do biodiesel) e glicerina-produto
valorizado no mercado de sabões (PARENTE, 2003). O biodiesel de qualidade deve ser
produzido seguindo especificações industriais restritas, em nível internacional tem-se a
ASTM D6751; no Brasil, recentemente, a Agência Nacional do Petróleo (ANP) emitiu a
portaria nº 255, especificando as características do produto.
Capítulo 1 – Revisão de Literatura
15
Nos EUA o biodiesel é o único combustível alternativo a obter completa aprovação
no Clean Air Act de 1990 e autorizado pela Agência Ambiental Americana (EPA) para
venda e distribuição. Os óleos vegetais puros não estão autorizados a serem utilizados
como óleo combustível. A lei que regulamenta o biodiesel no Brasil é a de nº 11097, de
janeiro de 2005, na qual estão especificadas todas as regras para sua produção e
comercialização de biodiesel.
No Brasil os estudos acerca de combustíveis alternativos iniciaram na década de
1970, com a experiência do Proálcool, o qual foi implementado em razão do choque do
petróleo (PLÀ, 2002). A idéia de utilizar o biodiesel no Brasil surgiu na Universidade do
Ceará, nos últimos anos da década de 70. O uso do biodiesel como combustível poderá se
tornar um apoio às políticas governamentais na área social e ambiental, tendo em vista a
contribuição que este combustível poderá representar para a atividade econômica do país.
Dentre elas pode-se destacar (MCT, 2005):
• Criação de emprego e geração de renda no campo;
• Redução dos índices de emissões de gases causadores do efeito estufa;
• Redução da emissão de poluentes locais com melhorias na qualidade de vida e da saúde
pública;
• Possibilidade de utilização dos créditos de carbono vinculados ao mecanismo de
desenvolvimento limpo decorrentes do Protocolo de Quioto;
• Uso de terras inadequadas para a produção de alimentos;
• Diversificação da matriz energética.
Em oposição a essas vantagens, a viabilidade econômica para o uso comercial do
biodiesel ainda requer análises mais aprofundadas, que deverão envolver, além das
variáveis meramente econômicas, a mensuração das vantagens indiretas com a utilização
de um combustível de origem renovável e a maior utilização de mão-de-obra na cadeia
produtiva, promovendo, assim, a inclusão social dos brasileiros menos favorecidos (MCT,
2005), além da possibilidade de o País se beneficiar dos créditos de carbono, advindos dos
projetos de produção de combustíveis renováveis, dentre outras ações.
O desenvolvimento de um projeto dessa envergadura requer análises detalhadas e
integradas das condições necessárias para sua implantação, em especial as relacionadas
Capítulo 1 – Revisão de Literatura
16
com as garantias de oferta regular e qualidade do produto e suas conseqüências para os
usuários, logística de produção e distribuição (MCT, 2005).
A exemplo do que ocorreu com o programa de produção de etanol, existe a
possibilidade de uma redução dos custos de produção de biodiesel pelo aproveitamento dos
subprodutos e otimização das cadeias de fornecimento de insumos, ou seja, com o
aprendizado e a organização da cadeia produtiva do biodiesel novas possibilidades surgirão
para contribuir para sua viabilização (MCT, 2005).
Dentro do projeto brasileiro de biodiesel existem estudos que visam apoiar e
difundir novas tecnologias. Dentre as principais diretrizes do programa estão:
• Sustentabilidade da matriz energética: desenvolver tecnologias ambientalmente corretas;
• Sustentabilidade e autonomia energética comunitária: propiciar às comunidades isoladas,
agricultores e assentamentos disporem de energia elétrica;
• Conquista e manutenção da liderança do Brasil como biotrade.
As propostas envolvem a formação de equipes multidisciplinares, parcerias
organizacionais e a mobilização das competências para atuar no programa resolvendo seus
principais entraves (MCT, 2005). Especificamente em relação ao biodiesel, a atuação na
cadeia produtiva visa, preliminarmente, dentre outras ações:
• Propiciar o adensamento energético da matéria-prima, tendo como referencial 2.000
kg/há-1 de óleo para curto prazo e de 5.000 kg/há-1 para longo prazo;
• Aprimorar as atuais rotas de produção de biodiesel, com valorização do etanol como
insumo, e desenvolvimento de novas rotas;
• Desenvolver tecnologias para racionalização do uso de energia na propriedade e
substituir fontes de carbono fóssil por fontes renováveis.
Em síntese, o programa brasileiro de biodiesel tem programas, metas e ações bem
definidas para os próximos anos. Embora planejar não seja a garantia de execução, já é um
passo na direção de tornar o Brasil um player importante no cenário mundial.
Capítulo 1 – Revisão de Literatura
17
1.4 - BIOTECNOLOGIA
Todas as formas de melhoramento de plantas envolvem a seleção. Há 10.000 anos
que este processo se realiza, por meios progressivamente mais científicos, conduzindo a
maiores ganhos em produtividade, conservação, qualidade e diversidade das plantas
exploradas. O mais recente estágio de desenvolvimento da tecnologia de melhoramento de
plantas é a moderna biotecnologia. Os ganhos que se podem atingir pela biotecnologia de
plantas têm reflexo sobre os agricultores, a indústria alimentar, os consumidores e,
sobretudo, o meio ambiente (OLIVEIRA, 2003).
O desenvolvimento tecnológico recente, especialmente com relação à biotecnologia
abriu inúmeras oportunidades para investimento no aproveitamento sustentável dos
recursos genéticos e da diversidade biológica. Atualmente as novas técnicas de exploração
dessa biodiversidade permeiam o conceito conservacionista, através do manejo sustentado.
Objetivando-se não somente o ganho econômico, mas, principalmente a conservação dos
recursos naturais (ODALIA-RÍMOLI, et al., 2000).
A biotecnologia em seu sentido mais amplo compreende a manipulação de
microorganismos, plantas e animais, objetivando a obtenção de processos e produtos de
interesse púbico. Desta maneira, toda atividade que envolva a aplicação dos conhecimentos
de fisiologia, bioquímica e genética, é considerada como técnica biotecnológica, podendo
assim, ser uma ferramenta importante para tentar solucionar as dificuldades encontradas na
propagação da F. trilobata. Em seu senso mais restrito as biotecnologias estão associadas
ao emprego das técnicas modernas de biologia molecular e celular, incluindo entre outros,
o uso das técnicas de propagação vegetal (FERNANDES, 2003).
Uma das principais características das biotecnologias modernas são sua
abrangência ampla e seu caráter multidisciplinar. Assim biotecnologias apropriadas seriam
aquelas que contribuem com o desenvolvimento sustentável por serem tecnicamente
viáveis no atual contexto de desenvolvimento técnico-científico do país, proporcionarem
benefícios mensuráveis aos destinatários, serem ambientalmente seguras, sócioeconomicamente e culturalmente aceitáveis no atual estágio de desenvolvimento do país,
Capítulo 1 – Revisão de Literatura
18
entre as quais, podemos citar a micropropagação e a estaquia vegetal, duas ferramentas de
alto poder biotecnológico (GUERRA & NODARI, 2006).
Dentro deste contexto a biotecnologia deve ser entendida como mais uma forma de
propiciar a conservação da biodiversidade, através de ferramentas biotecnológicas como: a
utilização dos seres vivos (vegetais, animais e microorganismos) ou dos seus produtos no
processamento de materiais para produzir bens de consumo ou serviços, incluindo-se para
tal, as aplicações dos atuais métodos científicos e das técnicas de modificação, de
melhoramento e de conservação dos sistemas biológicos (ODALIA-RÍMOLI et al., 2000).
1.4.1-Micropropagação
A micropropagação é uma técnica com grande aplicação na agricultura. Nessa
técnica, pequenos fragmentos de tecido vivo, chamados explantes são isolados de um
organismo vegetal, desinfestados e cultivados assepticamente, por períodos indefinidos em
um meio de cultura apropriado. O objetivo é obter uma nova planta idêntica a original, ou
seja, realizar uma clonagem vegetal que é definida como uma propagação assexuada de
células ou organismos de modo a obter novo indivíduo, mantendo-se o genótipo idêntico
àquele do ancestral comum (TORRES et al., 2000).
As diferentes formas de propagação promovem a captura do fator genético da
planta-matriz com suas características desejadas. Com a recombinação gênica, as plantas
resultantes destes processos possuem uma uniformidade de crescimento e morfologia
(ASSIS & TEIXEIRA, 1998).
A micropropagação pode ser empregada para a multiplicação de espécies de difícil
propagação, como por exemplo, algumas espécies nativas do Cerrado. Outro exemplo de
grande importância é a limpeza clonal por meio da qual é possível, em algumas espécies,
como abacaxi, citrus, morango, batata e outras, a produção de mudas livre de vírus
(FERREIRA et al., 1998).
Capítulo 1 – Revisão de Literatura
19
A propagação por meio de micropropagação pode ser feita por via direta ou
indireta, esta última, via formação de calos que é considerada uma forma potencial de
propagação em massa (PIERIK, 1987; LANDA et al., 2000). Estudos com calos devem ser
desenvolvidos para determinar as condições de cultura que os explantes requerem para
sobreviver e crescer (SIQUEIRA & INOUE, 1992).
O cultivo de calos pode ser utilizado para se estudar o desenvolvimento celular,
explorar produtos provenientes do metabolismo primário e secundário, obter suspensão
celular e propagação via formação de gemas ou embriões somáticos (LANDA et al., 2000).
A variabilidade genética é a base para um programa de melhoramento e,
normalmente, conservada em acesso de bancos de germoplasma in vivo. No entanto, em
alguns casos, sobretudo, em espécies propagadas vegetativamente, a manutenção in vitro é
uma alternativa menos dispendiosa que in vivo. A micropropagação vegetal também pode
aumentar a variabilidade genética pela variação somaclonal ou dando suporte para outras
técnicas como a introgressão de genes e a transformação genética. Finalmente a
micropropagação permite a multiplicação do material genético, auxiliando a troca de
germoplasma para avaliação em diversos ambientes, como por exemplo, a multiplicação de
genótipos para análise em experimentos replicados (FERREIRA et al., 1998).
1.4.2- Técnica de estaquia
Segundo Pasqual et al. (1997) e Hartmann et al. (2002) a estaquia é um processo de
propagação altamente desejável, notadamente pelo fato de as plantas originadas serem
idênticas entre si e a planta matriz, além de simples, rápido e não requer técnicas especiais
como no caso da enxertia, em que pode haver problemas de incompatibilidade entre o
porta-enxerto e o enxerto. É ainda uma técnica de multiplicação vegetativa apropriada para
a produção de mudas de plantas em grande quantidade e qualidade (FLORIANO, 2004).
O termo estaquia é usado para designar o processo de propagação no qual ocorre a
indução do enraizamento adventício em segmentos destacados da planta mãe, que em
Capítulo 1 – Revisão de Literatura
20
condições favoráveis, originam uma nova planta. O termo estaca é utilizado para
denominar qualquer segmento de uma planta, com pelo menos uma gema vegetativa, capaz
de originar uma nova planta, podendo haver estacas de ramos, raízes e folhas
(FACHINELLO et al., 1995).
A estaquia é preferida por possibilitar um maior rendimento do número de mudas
obtidas e conseqüentes reduções de custos. O sucesso de sua utilização é variável devido a
uma série de fatores, quer sejam de natureza genética ou ambiental, necessitando-se de
estudos mais aprofundados para cada espécie (FACHINELLO et al., 1995).
Alguns fatores podem influenciar a propagação por estaquia, entre eles a posição da
estaca no ramo, pelo grau de lignificação, quantidade de reservas e diferenciação dos
tecidos, o tipo de substrato, pelas suas características químicas e físicas, o genótipo, as
condições fisiológicas da planta matriz e as condições ambientais, além dos resultados
poderem ser melhorados com um tratamento prévio das estacas com hormônios vegetais
(HARTMANN et al., 2002).
A presença de folhas e gemas influenciam bastante na formação de raízes em
estacas. O efeito estimulante de folhas no início da formação de raízes tem, em geral, sido
atribuído à produção de carboidratos pela fotossíntese, auxina endógena e cofatores de
enraizamento sintetizados pelas folhas e a regulação do estado hídrico na estaca
(FACHINELLO et al., 2005).
O método de propagação por estacas é baseado na capacidade na regeneração de
tecido e na emissão de raízes (Meletti, 2000). A formação de raízes adventícias se deve a
interação de vários fatores existentes dos tecidos e a translocação de substâncias
localizadas nas folhas e gemas. Os reguladores de crescimento são de fundamental
importância (FACHINELLO et al., 2005).
Segundo Floriano (2004), os fatores ambientais mostram que as estacas são
sensíveis às variações de temperatura e umidade, assim com a incidência luminosa e o
fotoperíodo a que a planta é exposta na área de cultivo precisam ser controlados para não
haver ressecamento.
Capítulo 1 – Revisão de Literatura
21
Os hormônios vegetais, em pequenas quantidades, inibem ou aceleram
qualitativamente o crescimento e o desenvolvimento de plantas. Podem ser usados na
propagação visando possibilitar ou acelerar a formação de raízes de estacas de espécies que
apresentem difícil enraizamento (PASQUAL et al., 2001). Os principais hormômonios
utilizados são o ácido indolacético (AIA), ácido naftaleno acético (ANA) e o ácido
indolbutírico (AIB) (FLORIANO, 2004).
O grupo de reguladores de crescimento usado com maior freqüência é o das auxinas
(HINOJOSA, 2000). O ácido indolbutirico (AIB), além de ser o hormônio sintético mais
recomendado para a propagação vegetativa devido ao seu caráter fotoestável, atóxico e não
ser biodegradado, nos tratamentos de estaquia promove a indução do número e qualidade
das raízes (HOFFMANN et al., 1996).
As estacas de muitas espécies de plantas enraízam com facilidade numa grande
diversidade de meios, porém, em plantas que as estacas apresentem essa dificuldade, o
substrato é um dos fatores que mais influenciam nesse processo, com reflexo direto na
porcentagem de raízes formadas e na qualidade das mesmas (HOFFMANN et al., 1996).
CAPÍTULO 2
METODOLOGIA
Capítulo 2 – Metodologia
23
2 - METODOLOGIA
2.1 – MICROPROPAGAÇÃO
2.1.1 – Obtenção do material vegetal
Plantas-matrizes de gindiroba (Fevillea trilobata L.), fontes de explantes para
experimentos de micropropagação, foram cultivadas no do mini-horto do Departamento
de Biologia/UFS, oriundas de sementes fornecidas pela EMBRAPA-CPATC.
2.1.2 – Desinfestação do material vegetal
Segmentos internodais com 2cm de comprimento, foram desinfestados através de
lavagem em uma solução com três gotas de detergente em água destilada autoclavada,
durante 10 minutos, seguido de imersão rápida em álcool a 70%, enxágüe em água
destilada autoclavada. Em seguida o material foi imerso em hipoclorito de sódio (NaClO),
1% de cloro ativo, durante vinte minutos, seguido de enxágüe com água destilada
autoclavada.
2.1.3 – Meio de cultura, procedimento e armazenamento
O meio de cultura utilizado foi o Murashige & Skoog (1962), chamado de MS,
suplementado com vitaminas de Morel e Wetmore (1951), sacarose a 3%, caseína e mioinositol a 0,01% e ágar a 0,6%. O pH foi ajustado em 5,8 antes da autoclavagem.
Todo o procedimento de inoculação foi executado em câmara de fluxo laminar
previamente desinfetada com álcool a 70% e luz UV por 15 minutos. Os explantes foram
inoculados em tubos de ensaio contendo 10 mL de meio de cultura e em seguida foram
Capítulo 2 – Metodologia
24
transportados para a sala de crescimento e mantidos a temperatura de 26º±1º C e
fotoperíodo de 12 horas, com irradiância de 45µmol.m-2.s-1 com luz branca fria (Figura 6).
Figura 6 – Estantes com inóculos de Fevillea trilobata L. em meio Murashige & Skoog (1962). Foto: Karla
Cunha
2.1.4 – Tratamentos
Foram testados quatro concentrações do fitormônio benzilaminopurina (BAP) (1; 2;
4 e 6 mgL-1) mais o controle , sem BAP.
2.1.5 – Desenho experimental
O delineamento experimental utilizado foi inteiramente casualisados com cinco
tratamentos e dez repetições onde buscou-se observar as seguintes variáveis: a) presença de
calos; b) presença de folhas. Foram feitas 3 observações em intervalos de 7 dias. A
unidade experimental foi constituída de um explante por tubo de ensaio.
Capítulo 2 – Metodologia
25
2.2 - ESTAQUIA
2.2.1 – Obtenção e seleção das estacas de Fevillea trilobata L.
As estacas foram obtidas de plantas cultivadas no mini-horto do Departamento de
Biologia/UFS. Após coleta de ramos de gindiroba, foram selecionadas estacas da região
mediana medindo 15 cm de comprimento contendo apenas um nó por estaca.
2.2.2 – Tipos de experimentos
Foram instalados dois experimentos, o primeiro com estacas retiradas de plantas em
fase juvenil e o segundo com ramos de plantas em fase reprodutiva.
2.2.3 – Experimento 1: Estacas obtidas de plantas em fase juvenil
Os tratamentos utilizados foram formados pela combinação tipo de estaca (caule e
caule+folha) tratadas com AIB (0, 1 e 2mgL-1), perfazendo um total de 6 tratamentos, com
20 repetições sendo a unidade experimental representada por 1 estaca. O delineamento
experimental utilizado foi o de blocos completamente casualizados. Detalhando os
tratamentos, encontramos:
T1- caule com folha + 0mg L-1 AIB
T2- caule com folha + 1mg L-1 AIB
T3- caule com folha + 2mg L-1 AIB
T4- caule sem folha + 0mg L-1 AIB
T5- caule sem folha + 1mg L-1 AIB
T6- caule sem folha + 2mg L-1 AIB
As estacas foram obtidas de segmentos de caule com 15 cm de comprimento, cuja
base, cortada em bisel foi mergulhada em solução líquida de AIB por 10 minutos. Após o
tratamento, as estacas foram colocadas em sacos plásticas cujo substrato foi composto por
areia+solo argiloso (2:1). O experimento foi desenvolvido em condições semi-controladas,
Capítulo 2 – Metodologia
26
na estufa do Departamento de Biologia/UFS. As estacas foram regadas uma vez ao dia
(Figura 7).
a
b
Figura 7 – Estacas sem folhas (a) e com folhas (b) de plantas em fase juvenil de Fevillea trilobata L.
Para coleta foi utilizado o método destrutivo, onde em intervalos de 15 (quinze)
dias, através de sorteio eram avaliadas quatro estacas por tratamento perfazendo um total
de cinco coletas.
2.2.4 – Experimento 2 – Estacas obtidas de plantas em fase reprodutiva
Os tratamentos utilizados foram formados pela combinação tipo de estaca (caule e
caule+folha) imersos em AIB (0, 1 e 2mgL-1), perfazendo um total de 6 tratamentos, com
20 repetições, sendo a unidade experimental representada por duas estacas (verificar
modelo do experimento 1). O delineamento experimental utilizado foi o de blocos
completamente casualizados (figura 8).
Capítulo 2 – Metodologia
27
a
b
c
d
Figura 8– Estacas de Fevillea trilobata L. com folhas (a e b) e sem folhas (c e d) de plantas em fase
reprodutiva.
A base das estacas foi cortada em bisel e tiveram 2,0cm da sua base mergulhadas
em solução líquida de AIB por um período de 10 minutos. Em seguida, as estacas foram
colocadas em copos descartáveis contendo como substrato areia+solo argiloso (2:1) em
condições semi-controladas, na estufa do Departamento de Biologia/UFS, as quais eram
regadas uma vez ao dia.
Assim como no experimento 1, para a coleta de dados foi utilizado o método
destrutivo. Em intervalos de 15 dias, através de sorteio eram analisadas 4 (quatro) estacas
por tratamento perfazendo um total de 5 (cinco) coletas.
Capítulo 2 – Metodologia
28
2.2.5 – Variáveis
As variáveis analisadas para os dois experimentos foram a massa fresca das raízes,
massa seca das raízes, presença de folhas novas, massa fresca das folhas novas, massa seca
das folhas novas.
Para determinar a massa fresca das raízes e folhas novas foi utilizada uma balança
analítica And modelo HR200. Para a obtenção da massa seca das raízes e folhas novas
utilizou-se estufa de secagem onde as raízes permaneceram por um período de 12 horas a
temperatura de 50ºC e logo foi feito o aferimento do peso.
2.3 – ENTREVISTAS
Foram realizadas 32 entrevistas semi-estruturadas direcionadas aos vendedores que
comercializam sementes e/ou produtos naturais no Mercado Municipal Albano Franco e
da feira-livre da praia do Mosqueiro, ambos situados em Aracaju/SE. Ainda foram
escolhidos alguns proprietários do município de Carmópolis localizado no sertão do Estado
de Sergipe. A escolha deste município foi devido ao conhecimento da existência da planta
em seu entorno. As entrevistas foram realizadas no período de agosto a dezembro de 2008.
O conteúdo das entrevistas foi elaborado de modo a analisar a importância da gindiroba
quanto a sua ação na terapêutica de algumas enfermidades segundo a medicina popular,
bem como o conhecimento da população enquanto uma espécie produtora de biodiesel. As
entrevistas foram feitas individualmente e todas registradas por escrito.
Capítulo 2 – Metodologia
29
2.4 – ANÁLISE ESTATÍSTICA
Os resultados obtidos foram submetidos à análise de variância, onde as interações
significativas foram analisadas através do teste de Tukey em nível de 5% de probabilidade.
Os dados foram analisados como auxilio do software GraphPad Prism, versão 4.
CAPÍTULO 3
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Capítulo 3 - Resultados e discussão
31
3.0 - RESULTADOS
3.1 – MICROPROPAGAÇÃO
As estacas de Fevillea trilobata L. não apresentaram sinais de oxidação após coleta.
A imersão do material vegetal em NaClO a 2% durante o processo de desinfestação
mostrou-se eficiente para o controle fitossanitário, além de não acelerar o processo de
oxidação por liberação de compostos fenólicos. Após inoculação dos segmentos, foram
feitas três avaliações quantitativas em intervalos de sete dias, buscando analisar a formação
de calos e folhas (Figura 9).
Figura 9 – Micro-estacas em meio MS apresentando calos após o 8º de inoculação (seta vermelha) e
crescimento de folhas 13 dias após a inoculação (seta azul).
3.1.1 – Surgimento de calos
Foi observado que nos tratamentos com BAP houve formação de calo a partir do
oitavo dia após inoculação e apenas o primeiro tratamento começou a responder ao
tratamento após o décimo quinto dia. As plantas dos tratamentos 2, 3, 4 e 5 começaram a
formar calos a partir do oitavo dia, mas apenas no tratamento com 1mg L-1 de BAP obtevese maior formação de calos, ou seja, nas dez repetições, houve a formação de calos em
nove.
Capítulo 3 - Resultados e discussão
32
Diante do exposto é possível avaliar que a planta (Fevillea trilobata L.) respondeu
mais, ao tratamento com 1mgL-1 de BAP (tabela 1).
Tabela 1 – Influência de BAP em diferentes concentrações na formação de calos em segmento de Fevillea
trilobata L.
Presença de calos
T1
T2
0
0
0
9
1
0
Dias após inoculação
0a7
8 a 14
15 a 21
T3
0
4
0
T4
0
4
0
T5
0
2
0
Após esse período os explantes apresentaram rápida oxidação, provavelmente
devido à ação do etileno, levando a morte dos explantes.
3.1.2 – Surgimento de folhas
A figura 10 mostra a ação dos tratamentos no desenvolvimento de folhas, onde
planta com 1 mgL-1 de BAP no período de 21 dias respondeu mais ao tratamento. Segundo
Santos (2001) na indução de brotações em segmentos nodais de salix (Salyx humboldtiana
Willd.), em função da utilização do BAP, houve maior número de brotações ao utilizar
1mgL-1 de BAP.
Presença de folhas
1.0
T1
T2
T3
T4
T5
0.5
0.0
7
14
21
Dias após inoculação
Figura 10 – Indução do BAP na formação de folhas em segmentos de Fevillea trilobata L.
Capítulo 3 - Resultados e discussão
33
3.2 – ESTAQUIA
Experimento 1 - Estacas medianas com e sem folhas de plantas em fase juvenil de Fevillea
trilobata L. submetidas a 0; 1 e 2mgL-1 de AIB.
A – Massa fresca e seca das raízes
Massa fresca(g)
1.5
T1
T2
T3
T4
T5
T6
1.0
0.5
0.0
15
30
45
60
75
Dias após implantação
Massa seca(g)
0.3
T1
T2
T3
T4
T5
T6
0.2
0.1
0.0
15
30
45
60
Dias após implantação
75
Figura 11 – Influência do AIB , sobre a formação de raízes em estacas de plantas em fase juvenil de Fevillea
trilobata L.
Capítulo 3 - Resultados e discussão
34
Aos 15 e 60 dias após implantação do experimento, o T3 (caule com folha + 2mg
-1
L BAP) apresentou diferença significativa pelo teste Tukey ao nível de 5% em relação
aos outros tratamentos. Em T2 (caule com folha + 1mgL-1 BAP) houve diferença
significativa apenas no 30º dia, mas na comparação do desenvolvimento rizogênico entre
as estacas, verificou-se que o T1 apresentou diferença estatística ao 75º dia após a
implantação do experimento (Figura 11).
O efeito estimulante de folhas no início da formação de raízes tem, em geral, sido
atribuído à produção de carboidratos pela fotossíntese, auxina endógena e cofatores de
enraizamento sintetizados pelas folhas e a regulação do estado hídrico na estaca
(FACHINELLO et al., 2005). Estacas de gindiroba dos tratamentos 4, 5 e 6 apresentaram
desidratação, embora algumas ainda tenham formado raízes(Figura 12).
T3
T1
T4
T5
T6
T2
Figura 12 – Estacas de plantas em fase juvenil com 60 dias (Foto: Karla Cunha, 2008).
Capítulo 3 - Resultados e discussão
35
B – Presença de folhas novas, massa fresca e seca
Nº de folhas novas
30
T1
T2
T3
T4
T5
T6
20
10
0
15
30
45
60
Dias após inoculação
75
Figura 13 – Influência do AIB na formação de folhas novas em estacas de plantas em fase juvenil de
Fevillea trilobata L.
8
T1
T2
T3
T4
T5
T6
Massa fresca (g)
7
6
5
4
3
2
1
0
15
30
45
60
Dias após implantação
75
Capítulo 3 - Resultados e discussão
36
Massa seca (g)
3
T1
T2
T3
T4
T5
T6
2
1
0
15
30
45
60
Dias após implantação
75
Figura 14 – Influência do AIB na massa de folhas novas em estacas de plantas em fase juvenil de F.
trilobata L.
Ao verificar a formação de folhas novas e suas massas (fresca e seca) foi observado
que houve diferença estatística apenas para o tratamento 1(caule com folha + 0mg L-1
BAP), concordando com Ferreira (2000) quando fala que o uso de auxinas auxilia na
formação de raízes e conseqüentemente na formação de folhas, porém não é uma técnica
essencial (Figuras 13 e 14). As concentrações de fitorreguladores devem variar mediante
estudo aprofundado para a sensibilidade da espécie que se está trabalhando, tendo em vista
os vários níveis de absorção e necessidades da planta (Hartmann et al., 2002, apud Pio et
al., 2006). Pio et al. (2006) ainda ressaltam que os benefícios conseguidos com
fitorreguladores tornam-se inviáveis quando observada a concentração de auxina endógena
de reserva na estaca.
Ainda vale lembrar que segundo Hartmann et al. (2002), a auxina natural é
sintetizada principalmente em gemas apicais e em folhas jovens e, de maneira geral, movese através da planta, do ápice para a base, o que favoreceu um maior desenvolvimento em
estacas na fase juvenil e com presença de uma folha.
Capítulo 3 - Resultados e discussão
37
Experimento 2 - Estacas medianas com e sem folhas de plantas em fase
reprodutiva de Fevillea trilobata L. submetidas a 0; 1 e 2mg L-1de AIB.
A - Massa fresca e seca das raízes
Massa fresca (g)
1.25
T1
T2
T3
T4
T5
T6
1.00
0.75
0.50
0.25
0.00
15
30
45
60
75
Dias após implantação
Massa seca (g)
0.2
T1
T2
T3
T4
T5
T6
0.1
0.0
15
30
45
60
75
Dias após implantação
Figura 15 – Influência do AIB sobre a formação de raízes em estacas de plantas em fase reprodutiva de
Fevillea trilobata L.
Houve uma efetiva formação de raízes nos tratamentos 1, 2 e 3, em que as estacas
tinham um par de folhas. Entretanto os valores obtidos no tratamento 2 foram maiores e
estatisticamente diferentes dos demais durante o período estudado (Figura 15).
Nos tratamentos em que as estacas não tinham folhas (T4,T5 e T6), não houve
formação de raízes. Como pode ser verificado as folhas exerceram um papel fundamental
sobre a formação de raízes, independente da utilização do AIB. Essses resultados
concordam com Meletti & Nagai (1992) quando em estudo de estaquia em maracujazeiro
amarelo e doce, verificaram que as folhas são determinantes no enraizamento. Segundo
Taiz & Zeiger(2004), a biossíntese de auxina está associada aos tecidos onde ocorre uma
rápida divisão celular e crescimento, especialmente nas partes aéreas. A auxina tem ainda
papel fundamental na formação de raízes adventícias, que podem surgir em vários tipos de
tecidos a partir de células maduras que retomam sua atividade de divisão celular.
Capítulo 3 - Resultados e discussão
38
Para a variável massa seca de raízes, o tratamento 2 (Figura 15) apresentou valores
maiores e estatisticamente diferentes dos demais, desde os 30 dias após a implantação do
experimento, estes dados diferem dos de Nogueira (1995) que trabalhando com
enraizamento de estacas de figueira, obteve resultados na ausência de AIB, ocorrendo
queda potencial de enraizamento com a aplicações de sucessivas concentrações desse
fitorregulador.
Com o aumento da concentração de auxinas de 1 para 2mg L-1, verificou-se um
decréscimo na formação de raízes. Ainda verifica-se que a aplicação exógena de auxina
promove o enraizamento de estacas em muitas espécies (Inoue & Putton, 2007; Goulart et
al. 2008); no entanto, sabe-se que isso acontece até um valor máximo, ou seja, qualquer
valor acima poderá ter efeito inibitório ou fitotóxico.
B – Presença de folhas novas, massa fresca e seca
Nº de folhas novas
2.5
T1
T2
T3
T4
T5
T6
2.0
1.5
1.0
0.5
0.0
15
30
45
60
75
Dias após implantação
Figura 16 – Influência do AIB sobre a formação de folhas em estacas de plantas em fase reprodutiva de
Fevillea trilobata L.
1.25
T1
T2
T3
T4
T5
T6
Massa fresca (g)
1.00
0.75
0.50
0.25
0.00
15
30
45
60
Dias após implantação
75
Capítulo 3 - Resultados e discussão
39
0.35
T1
T2
T3
T4
T5
T6
Massa seca (gr)
0.30
0.25
0.20
0.15
0.10
0.05
0.00
15
30
45
60
75
Dias após implantação
Figura 17 – Influência do AIB na massa de folhas novas em estacas de plantas em fase reprodutiva de F.
trilobata L.
De acordo com os resultados obtidos, a utilização de AIB foi benéfico para a
formação de folhas (Figura 16). Aos 15 dias, apenas no tratamento 6 houve formação de
folhas. Aos 30 dias houve formação de folhas nos tratamentos 3 e 6 , o que sugere uma
ação da auxina exógena na formação de folhas. Decorridos 45 dias, foi observada a
formação de folhas nos tratamentos 2, 5 e 6, sem diferença estatatística. Aos 75 dias houve
formação de folhas nos tratamentos 2 e 6, embora os valores do tratamento 2 tenham sido
mais altos, diferindo estatisticamente do tratamento 6. Provavelmente a ausência de folhas
neste tratamento tenha concorrido para a redução na formação de novas folhas, em
decorrência da ausência de fotossíntese e da exaustão de reservas contidas na estaca.
Comparando-se os resultados obtidos na formação de raízes e de folhas, verifica-se
a existência de correlação entre o número de folhas novas e o peso seco de raízes,
especialmente aos 75 dias (Figuras 15 e 16). Isto demonstra a ação sinérgica da auxina na
formação da parte aérea e do sistema radicular (TAIZ & ZEIGER, 2004).
Apesar de ter havido brotação de folhas novas nos tratamentos com AIB ao longo
do período observado (Figura 16), quando os dados são comparados com a massa de folhas
em cada tratamento (Figura 17), observa-se o efeito positivo da auxina na concentração de
1mgL-1 nas estacas com folha, embora tenha havido formação de folha nos tratamentos
com 2mgL-1 . É provável que a falta de reservas na estaca para suprir as necessidades
nutricionais das folhas em expansão, que são drenos fortes, tenha sido decisivo para o
pouco crescimento das mesmas, aqui apresentado como matéria seca.
Capítulo 3 - Resultados e discussão
40
3.3 - ENTREVISTAS
As entrevistas foram aplicadas individualmente a 32 pessoas, com faixa etária entre
28 e 53 anos, divididos entre 25 pessoas do sexo masculino (78,13%) e 7 do sexo feminino
(21,87%). A maior parcela dos entrevistados, 37.5%, de moradores do Município de
Carmópolis, região que além de possuir resquícios de Mata Atlântica na qual se pode
encontrar a Fevillea trilobata L., possui também uma Farmácia Verde administrada pela
Prefeitura da região, a qual distribui produtos naturais à população (Tabela 2).
Tabela 2 – Distribuição do número de entrevistados por localidade.
Localidade
Número de entrevistados
%
Mercado Municipal Albano Franco
11
34.38
Feira – livre do Mosqueiro
09
28.12
Proprietários de Carmópolis
12
37.5
Total
32
100
Antes de iniciar a entrevista, uma breve explicação sobre a morfo-fisiologia da
gindiroba foi dada aos entrevistados por se tratar de uma espécie vegetal ainda não
domesticada.
A análise dos dados revelou que 71,8% dos entrevistados tinham conhecimento da
gindiroba e apenas 28,2% não ouvira falar. Quando questionado sobre a utilidade da
planta, foi possível constatar que todos os entrevistados que tinham o conhecimento da
gindiroba sabiam da sua utilização enquanto medicamento. Ao ser questionado sobre os
usos medicinais, verificou-se que de acordo com a medicina popular, existe uma vasta
utilização desta espécie (Figura 18).
Capítulo 3 - Resultados e discussão
41
Figura 18 – Usos da gindiroba segundo a medicina popular.
A figura 18 representa algumas patologias tratadas com a gindiroba segundo a
medicina popular. Ainda, de acordo com a entrevista foi possível saber que a parte da
planta utilizada como medicamento é a semente, a qual foi citada pelos mesmos 23
entrevistados que diziam saber da existência desta. Ainda foi questionado aos entrevistados
a forma de preparo do medicamento, onde 9 (39,13%) responderam que utilizam a semente
na forma pastosa (ungüento) e outros 14 (60,87%) na forma de chá (infusão).
Segundo Cunha (dados não publicados), resultados preliminares ainda mostram a
eficiência do óleo no combate às candidíases, ou seja, além dos usos referidos acima, a
gindiroba também possui ação antifúngica.
As 23 pessoas que afirmaram conhecer a espécie foram questionadas sobre como e
aonde se adquire as sementes de gindiroba, 100% delas responderam que são compradas de
outros vendedores e por isso não sabiam exatamente a origem destas. Quando questionado
sobre o método mais eficiente de propagação da espécie vegetal foram apresentada 4
Capítulo 3 - Resultados e discussão
42
opções de respostas às quais foram explicadas detalhadamente (os métodos de propagação,
a saber: propagação por semente e estaquia) para que não houvesse dúvidas nas respostas.
(Figura 19).
Figura 19 – Alternativas de propagação da Fevillea trilobata L.
Mesmo após a explicação detalhada quanto ao método de propagação, a maioria
(65%) acredita ser através de sementes a melhor forma de propagar a espécie. Vale ainda
lembrar, que dentro das explicações sobre o melhor método de propagação, foi mostrado
todos os pontos positivos e negativos de uma propagação por sementes. Muitos optaram
pela propagação por semente por se tratar de um método tradicional, que segundo os
entrevistados seria um desenvolvimento natural e não “forçado”.
Estes resultados demonstram que a gindiroba ainda é pouco conhecida pela
população, apesar de ter potencial para o uso como planta medicinal. Tal desconhecimento
decorre do fato de a espécie ser utilizada de forma extrativista, pois é uma espécie não
domesticada.
Capítulo 3 - Resultados e discussão
43
As recentes pesquisas que apontam para o potencial da gindiroba para a produção
de biodiesel deverão despertar o interesse de pesquisadores de várias áreas tais como
recursos genéticos e fenologia dentre outras.
CAPÍTULO 4
CONCLUSÕES
Capítulo 4 - Conclusões
45
4.0 – CONCLUSÕES
Micropropagação
1. Houve maior formação de calos e folhas em micro-estacas tratadas com 1mgL-1 de
BAP.
2. Quando analisado o brotamento de folhas, o tratamento 2 (1mgL-1 BAP) foi
significativamente diferente quando comparado com os outros tratamentos
utilizados.
Estaquia
1. Os materiais analisados apresentaram comportamentos diferenciais para o
enraizamento e brotamento de folhas, apresentando resultados mais promissores
para estacas de plantas em fase juvenil, com folha e sem imersão em AIB.
2. A presença de folhas em estacas estimulou a formação de raízes em F. trilobata.
3. A maior formação de raízes e folhas em estacas com folha e em fase juvenil devese possivelmente a juvenilidade da planta que possui em reserva auxina endógena.
4. O AIB (1mgL-1) respondeu de forma positiva em estacas em fase reprodutiva e com
presença de uma folha.
Capítulo 4 - Conclusões
46
5. Estacas de plantas em fase juvenil apresentaram resultados mais significativos
quando comparados com estacas de plantas em fase reprodutiva.
6. Estacas de plantas em fase juvenil, com folha e sem imersão em fitorregulador foi
mais adequada para ser utilizada em estaquia.
Entrevistas
1. Mais de 70% dos entrevistados conhecem a gindiroba, e desses 100% relataram
sobre a utilização da semente na medicina popular.
2. Na medicina popular, as sementes são utilizadas no combate a inflamação das
articulações, dor de cabeça, hipertensão, ferimentos de pele e inflamação de fígado.
3. A origem das sementes adquiridas pelos entrevistados não foi relatada,
provavelmente por serem adquiridas por atravessadores.
4. 65% dos entrevistados acreditam ser através da semente a melhor maneira de
propagar a gindiroba.
5. Apesar de tratar-se de uma planta ainda não domesticada, a gindiroba despertou
interesse dos entrevistados quando mencionado sobre a possível produção de
biocombustível enquanto alternativa de renda familiar.
CAPÍTULO 5
SUGESTÕES
Capítulo 5 – Sugestões
48
5.0 - SUGESTÕES
As pesquisas de propagação “in vitro” de Fevillea trilobata L. encontram-se em
fase inicial necessitando de novos testes com outras concentrações de fitorreguladores e
diferentes tipos de explantes. Vale ainda lembrar que essa é uma técnica promissora que
visa a multiplicação e conservação da espécie.
A técnica de estaquia mostrou-se favorável para a multiplicação de F. trilobata
devido ao fácil domínio e resultados rápidos. Técnicas como essa poderão ser usadas em
projetos que necessitem dessa metodologia.
Dados sobre a gindiroba ainda são bastante escassos na literatura e pouco das
informações que se conseguem a respeito da planta ainda é obtido através da população.
Há então, a necessidade de se conhecer mais sobre a Fevillea trilobata L., a fim de
desvendar seu potencial biotecnológico.
Os agricultores poderiam utilizar a técnica de estaquia para o cultivo de gindiroba,
gerando mais uma alternativa de renda familiar.
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Referências Bibliográficas
56
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UFRJ. Rio de Janeiro, 1996.
ANEXOS
58
Anexos
1- Conhece a gindiroba, nhandiroba ou fava de santo inácio?
Sim
Não
2 – Quais as utilidades da planta, para que serve?
Remédio
Alimentação
Não sabe
Outros
3- Quais os usos medicinais?
4- Qual a parte da planta utilizada como medicamento?
5- Como o medicamento é feito?
6- Como o Sr (a) adquire o vegetal?
Compra
Cultiva
Recebe de doação
Retira da mata
Outros
7- A planta é cultivada?
Sim
Não
Não sei
59
Anexos
8- Como a gindiroba é propagada?
Sementes
Estacas
Não sabe
Outros
9- Sabe da ocorrência da espécie no meio ambiente?
Sim
Não
10- Sabe que a gindiroba está sendo pesquisada para a produção de biocombustível?
Sim
Não
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