Generalizando o gênero e pensando sua articulação com a prostituição. No decorrer dos estudos feministas, gênero foi um marco no debate, apontando uma nova perspectiva para os estudos; como forma de esboçar um recorte acerca do assunto, destacamos três teóricas: as historiadoras Joan Scott (1990) e Teresa de Lauretis (1987), e a filósofa Judith Butler (1990). Esse recorte foi produzido pois, em nosso entendimento, elas representam momentos significativos de definições teóricas e problematizações acerca da construção do debate em gênero. Joan Scott (1990) se destaca quando apresenta a importância da construção histórica de gênero enquanto categoria de analise, Teresa de Lauretis, articulando a produção, representação e autorepresentação de gênero, e Butler problematizando as representações e produções de gênero vinculadas a produção subjetiva. Joan Scott (1990), em seu artigo intitulado Gênero: uma categoria útil de análise, nos coloca que na gênese dos estudos de gênero, este seria literalmente uma referência à organização da relação entre os sexos, destacando que as distinções decorrentes das diferenças sexuais são de origem social. Gênero apontaria as “construções sociais” da mulher e do homem, e insistiria sobre “o caráter fundamentalmente social das distinções fundadas sobre o sexo”, sendo empregado para rejeitar o determinismo biológico e destacar “o aspecto relacional das definições normativas da feminidade”, portanto, o termo gênero foi adotado para introduzir “uma noção relacional em nosso vocabulário de análise” uma vez que os estudos feministas centravam-se demasiadamente sobre as mulheres e nenhuma compreensão destas pode ser feita de maneira isolada, já que mulheres e homens são definidos em termos recíprocos. (p.5) Scott (1990) propõe que gênero pode ser empregado como uma categoria de análise, escrevendo uma nova história, das mulheres e dos homens, uma vez que não se tratam de universos separados. Valendo-se de uma visão política mais global, esta nova história freqüentemente faz analogias entre gênero e mais dois outros eixos de análise, à constar: classe e raça (etnia). O interesse sobre esses eixos de análise, afirma a autora: “assinalava, primeiramente, o engajamento do pesquisador numa história que incluía os discursos das(os) oprimidas(os) e numa análise do sentido e da natureza de sua opressão” ao passo que o uso do gênero “implicou num leque tanto de posições teóricas quanto de referências descritivas das relações entre os sexos”.(p.6) Afirma que se empregando nos estudos o termo gênero como substituto ao termo mulheres, temos a vantagem deste possuir uma conotação mais neutra e mais objetiva do que „mulheres‟, pois seu uso: “não implica necessariamente uma tomada de posição sobre a desigualdade ou o poder” (p.7), portanto, para Scott (1990), a pesquisa histórica acerca das mulheres “transformaria fundamentalmente os paradigmas no interior de cada disciplina”, abrindo as possibilidades de abalar e transformar seus conceitos dominantes. (p.6) Para ela, gênero enfatiza “todo um sistema de relações que pode incluir o sexo, mas que não é diretamente determinado pelo sexo, nem determina diretamente a sexualidade” e propõe que para haver o engajamento feminista na elaboração de análises que levem à transformação, “temos necessidade de uma rejeição do caráter fixo e permanente da oposição binária, de uma historicização e de uma desconstrução autênticas dos termos da diferença sexual.” (1990, p.13) O estudo de Scott (1990) afirma todavia que o gênero é “elemento constitutivo de relações sociais fundadas sobre as diferenças percebidas entre os sexos”, e implica em quatro elementos principais: os símbolos culturalmente disponíveis; os conceitos normativos, evidenciando as interpretações do sentido dos símbolos; rompimento com a idéia de fixidez da representação do feminino e masculino; bem como a identidade subjetiva [que reflete os códigos, regras e símbolos culturalmente erigidos]. (p.14) Propondo que gênero seja “uma primeira maneira de dar significado às relações de poder” ou ainda “um primeiro campo no seio do qual, ou por meio do qual o poder é articulado”, Scott (1990) afirma que os conceitos de gênero “estabelecidos como um conjunto objetivo de referência... estruturam a percepção concreta e simbólica de toda a vida social”, (p.16) sendo o gênero uma “dimensão decisiva da organização da igualdade e da desigualdade”. (p.18) Por sua vez Teresa de Lauretis (1987) em seu artigo intitulado A tecnologia de Gênero, afirma que a associação de gênero às diferenças sexuais foi vastamente utilizada como base das reivindicações feministas nos idos 60 e 70 [aliás, ainda hoje faz parte da pauta de alguns trabalhos], no entanto, acabou por “se tornar uma limitação do pensamento feminista” uma vez que com sua ênfase no biológico [e daí o sexual], o conceito de diferença sexual é uma diferença da mulher em relação ao homem. Tal conceito cria “espaços marcados por especificidades de gênero” (re)conduzindo o conceito de gênero a uma idéia de binaridade (oposição masculino-feminino). (p.206) Para Lauretis (1987) o gênero não deve se confundir com a(s) diferença(s) sexual(is) pois desta forma implicaria em duas limitações: restringir “o pensamento crítico feminista ao arcabouço conceitual de uma oposição universal do sexo” (p. 207) e produzir uma tendência em “reacomodar ou recuperar o potencial epistemológico radical do pensamento feminista sem sair dos limites da casa patriarcal... [ou ainda] da “prisão domiciliar da linguagem”, entendendo por potencial epistemológico radical “a possibilidade já emergente... de conceber o sujeito social e as relações da subjetividade com a socialidade de uma outra forma... um sujeito... múltiplo em vez de único, e contraditório em vez de simplesmente dividido”. (p. 207-208) Lauretis (1987) propõe o gênero “como representação e auto-representação” sendo “produto de diferentes tecnologias sociais”, para tanto, recorre ao constructo teórico foucaultiano que compreende a sexualidade como uma „tecnologia sexual‟1, sendo assim, gênero “é produto de diferentes tecnologias sociais” (p. 208), a partir do que apresenta quatro proposições: gênero é (uma) representação; a representação do gênero é a sua construção; a construção do gênero se dá em vários períodos e sociedades, inclusive nos dias de hoje; a construção do gênero também se dá por meio de sua desconstrução. (p. 209) Discorrendo acerca dos significados da palavra gênero encontrado nos dicionários, Teresa de Lauretis (1987) aponta-o como “um termo classificatório”, ou ainda “classificação de sexo; sexo”, porém, nem todos os idiomas possuem essa conotação sexual do gênero. Acrescenta que “gênero é a representação de uma relação... de pertencer... entre uma entidade e outras... previamente constituídas como uma classe” [que não a de Marx] atribuindo à „entidade‟ certa posição dentro desta classe e por extensão uma posição frente outras pré-constituídas. Dessa forma representa “uma relação social” ou “um indivíduo por meio de uma classe”. (p.209-210) – ou seja, a constituição de identidade(s). Conclui que, “gênero não é sexo, uma condição natural, e sim a representação de cada indivíduo em termos de uma relação social preexistente ao próprio indivíduo e predicada sobre a oposição „conceitual‟ e rígida [estrutural] dos dois sexos biológicos.” (p. 211) Acerca das concepções culturais do feminino em oposição ao masculino, Lauretis (1987) nos aponta que isto forma um sistema de sexo-gênero (intimamente interligados a fatores políticos e econômicos) relacionando “o sexo a conteúdos 1 Foucault, Michel (1971) Histoire de la sexualité I: la vonlonté de savoir. culturais de acordo com valores e hierarquias sociais”, criando assimetrias. (p. 211-212) O sistema de sexo-gênero é para ela, ora “uma construção sociocultural” ora “um aparato semiótico”, desta forma “o fato de alguém ser representado ou se representar como masculino ou feminino subentende a [questionável] totalidade daqueles atributos sociais” (p. 212), sendo portanto a construção do gênero “tanto produto quanto processo de sua representação” o que a leva a afirmar que “o gênero tem a função (que o define) de constituir indivíduos concretos em homens e mulheres.” (p. 212-213) (grifo nosso) Acerca dos efeitos do gênero nas relações sociais Lauretis (1987) afirma haver uma “configuração variável de posicionalidades sexuais discursivas” ou seja, “os homens e as mulheres não só se posicionam diferentemente nessas relações (sociais) mas... as mulheres são diferentemente afetadas nos diferentes conjuntos.” (p. 215) Logo as possibilidades de representação são determinadas pelas “posicionalidades sexualdiscursiva.” Porém “abre-se uma possibilidade de agenciamento e auto-determinação ao nível subjetivo e até individual das práticas micro-políticas cotidianas” pois “a representação social do gênero afeta sua construção subjetiva” e “a representação subjetiva... sua auto-representação – afeta sua construção social.” A partir do que Lauretis reescreve sua segunda proposição: “a construção do gênero é o produto e o processo tanto da representação quanto da auto-representação”(p. 217) Segue então para o que chama de “o sujeito do feminismo” sendo “diferente de Mulher... a representação de uma essência... diferente de mulheres... sujeitos... engendrados nas relações sociais”, portanto, “uma construção teórica uma forma de conceitualizar, de entender, de explicar certos processos e não as mulheres”, o qual concebe como estando “ao mesmo tempo dentro e fora da ideologia do gênero” (1987, p. 217) ou seja, “dentro e fora da representação.” (p. 218) Ao explicar o processo pelo qual uma pessoa aceita e absorve determinada representação social como sua própria representação, bem como a forma através da qual a representação é construída e depois aceita e absorvida, Lauretis (1987) recorre a análise de Foucault, na qual constata que a “sexualidade... é de fato totalmente construída na cultura de acordo com os objetivos políticos da classe dominante” ou seja, há uma “tecnologia sexual” que elabora seus discursos à partir de quatro objetos privilegiados, a saber: “a sexualização das crianças e do corpo feminino, o controle da procriação, e a psiquiatrização do comportamento sexual anômalo como perversão.” (p. 220) Apontando para a transformação dos valores produzidos pela tecnologia de gênero, Lauretis (1987) argumenta que: “se em um dado momento existem vários discursos sobre a sexualidade competindo entre si e mesmo se contradizendo – e não uma única, abrangente e monolítica ideologia – então o que faz alguém se posicionar em um certo discurso e não em outro é um „investimento‟... algo entre um comprometimento emocional e um interesse investido no poder relativo (satisfação, recompensa, vantagem) que tal posição promete (mas não necessariamente garante).” (p. 225) Reescrevendo sua terceira proposição, afirma que “a construção do gênero ocorre hoje através das várias tecnologias do gênero e discursos institucionais com poder de controlar o campo de significação social e assim produzir, promover e „implantar‟ representações de gênero.” Afirma, entretanto, que justamente nas margens do discurso hegemônico é que existem os termos para uma construção de gênero que seja diferente. Reafirma, que tanto as teorias quanto as ficções nelas inspiradas contêm e promovem certas relações de gênero e que a “feminilidade é puramente uma representação” ou seja “um posicionamento dentro do modelo fálico de desejo e significação.” Retomando seu posicionamento pessoal em relação a compreensão de gênero afirma que: A compreensão da condição pessoal de ser mulher em termos sociais e políticos e a constante revisão, reavaliação e reconceitualização dessa condição vis-à-vis à compreensão que outras mulheres têm de suas posições sociossexuais geram um modo de apreender a realidade social como um todo que é derivado da conscientização de gênero. E a partir desse entendimento, desse conhecimento pessoal, intimo, analítico e político da universalidade do gênero, não há como retornar a inocência da biologia. (1987, p. 230-231) Aponta para o que chama de “novos espaços de discurso”, “pontos-cegos” ou “space-off”, “o espaço não visível no quadro, mas que pode ser inferido”, “espaços nas margens do discurso hegemônico” onde “os termos de uma construção diferente de gênero podem ser colocados” (Lauretis,1987, p. 236-237) Judith Butler, em seu livro originalmente lançado em 1990, intitulado Gender Trouble – Feminism and the Subversion of Identity2, parte do questionamento da viabilidade da política feminista alcançar seus objetivos sem um sujeito na categoria de mulheres, uma vez que o “nós” do feminismo não passa de uma construção imaginária que jamais representará de forma precisa todos os indivíduos que pretende representar; porém, aponta para a importância de que a representação se dê, “considerando a condição cultural difusa na qual a vida das mulheres era mal representada ou simplesmente não representada.” (p. 18) Refletindo acerca das formas tradicionais de compreensão das identidades, contrapõe-se ora ao raciocínio fundacionista [teoria essencialista vinculada ao discurso biológico], que supõe a necessidade de um “agente atrás do ato”, [um sujeito visto a partir de uma anatomia dualizada entre feminino e masculino] ora à teoria existencialista por esta afirmar uma estrutura pré-discursiva do “eu” e de seus atos [destacando características de caráter social, porém não rompendo completamente com o biológico]. Butler (2003), em um movimento de ruptura radical com a idéia do „ser‟ biologicamente determinado, desnaturaliza as identidades e afirma que ocorre uma “construção discursiva variável” entre ato e agente, na qual cada um deles é constituído no e através do outro. (p. 205) Afirma ainda que, a categorização do agente é geralmente associada à viabilidade do sujeito, supondo que este tenha uma existência estável preexistente ao campo cultural articulado por si mesmo. Ou ainda, mesmo que o sujeito seja culturalmente construído, isso não inviabiliza suas ações pois o sujeito é dotado de “mediação reflexiva” a qual mantém-se intacta “independentemente de sua inserção cultural” e, portanto, “a cultura” e o “discurso” enredariam o sujeito, não o 2 A versão brasileira: Problemas de Gênero: feminismo e subversão da identidade, 2003. constituiriam, deixando-lhe pois “um ponto de ação” não totalmente determinado nem pela cultura, nem pelo discurso (Butler, 2003, p. 205-206). Para Butler (2003) o sujeito por mais culturalmente enredado que se encontre “negocia suas construções”, mesmo porque a suposição de um sujeito culturalmente construído não inviabiliza a ação deste, pelo fato do sujeito culturalmente construído estruturar seu discurso na oposição (p. 206). Recorre a Beauvoir “a gente não nasce mulher, torna-se mulher” (p. 17) para ilustrar o “eu” que se torna seu gênero o que segundo a autora, “é todavia um ponto de ação nunca plenamente identificável com seu gênero”. (p. 206) Butler (2003) aponta então para a impossibilidade de “postular a identidade de uma vez por todas”, e diz que tal impossibilidade deve ser o novo ponto de partida da teoria feminista, expressa na forma do et coetera que invariavelmente acompanha qualquer tentativa de classificação do sujeito do feminismo, uma vez que o processo de significação é ilimitável. Para Butler (2003), “a questão da ação não deve ser respondida mediante recurso a um „eu‟ que preexista à significação” pois, é pelo processo de significação que a identidade se afirma: “as condições que possibilitam a afirmação do „eu‟ são providas pela estrutura de significação, pelas normas que regulam a invocação legítima ou ilegítima desse pronome, pelas práticas que estabelecem os termos de inteligibilidade pelos quais ele pode circular”, e a linguagem nunca reflete inteiramente esse “eu”. (p. 207) Valendo-se do modelo hegeliano de auto-conhecimento, Butler (2003) reconhece uma “adequação potencial entre o „eu‟ que confronta seu mundo, inclusive sua linguagem, como objeto, e o „eu‟que descobre a si próprio como objeto nesse mundo” (p. 207) A seguir convida-nos a refletir sobre a gama de possibilidades que muitas vezes não são nem imaginadas pelo fato de nosso pensamento estruturar-se a partir da oposição entre um “eu” e seu “Outro”, ocultando assim o “aparato discursivo pelo qual o próprio binário é instituído”. (2003, p.208) As regras que governam a identidade inteligível, parcialmente estruturadas “em conformidade com matrizes de hierarquia do gênero e da heterossexualidade compulsória, operam por repetição”, porém não determinam o sujeito que geram, pois “a significação não é um ato fundador, mas antes um processo regulado de repetição”. A significação se dá através da compulsão à repetição, situando a ação na possibilidade de uma “variação dessa repetição” sendo somente “no interior das práticas de significação repetitiva que se torna possível a subversão da identidade.” (p. 209) (grifos da autora) ou seja, “... repetir e por meio de uma proliferação radical do gênero afastar as normas do gênero que facultam a própria repetição.” (p. 213)3 Encara o gênero como um ato aberto a cisões, à auto-crítica, a paródia de si mesmo e a demonstrações exageradas do „natural‟ às quais escapam seu status fantasístico, sua condição de “performatividade”. Portanto, se “as superfícies corporais são impostas como o natural, podem tornar-se o lugar de uma performance dissonante e desnaturalizada, que revela o status performativo do próprio natural.” (Butler, 2003, p. 210-211) (grifos da autora) Retoma então, uma problemática fundamental ao livro que é se as categorias de identidade restringem e/ou limitam a priori “as próprias possibilidades culturais que o feminismo deveria abrir”, uma vez que não pretendemos renegar nossa inserção cultural, até porque, “construção não se opõe a ação; a construção é o cenário necessário da ação, os próprios termos em que a ação se articula e se torna culturalmente inteligível”, e reconceituar a identidade como produzida/gerada, “abre possibilidades de „ação‟ que são insidiosamente excluídas pelas posturas que tomam as categorias de identidade como fundantes e fixas... uma identidade ser efeito significa que ela não é nem inevitavelmente determinada nem totalmente artificial e arbitrária.” (Butler, 2003, p. 211) A investigação teórica de Butler (2003) “procurou situar o político nas próprias práticas significantes que criam, regulam e desregulam a identidade”, buscou desnaturalizar a idéia de um “feminismo, a espera da inscrição-como-corte do significante masculino para poder entrar na linguagem e na cultura”, questionou e problematizou o sexo, o gênero, as identidades, bem como as teorias da ciência, buscando “redescrever as possibilidades que já existem, mas que existem dentro de domínios culturais apontados como culturalmente ininteligíveis e impossíveis.” (p. 212213) (grifo da autora) Se acreditarmos numa essência naturalizada do feminino e outra do masculino, estaremos reafirmando a idéia de uma fixidez binária entre duas categorias antônimas, que pleonasticamente falando se opõem e se excluem mutuamente, com a conseqüência da produção de um juízo de valores acerca de uma e outra categoria, o que 3 q.v. repetição subversiva, p. 9. invariavelmente acarretaria em um processo de hierarquização baseada na valorização ou não dos atributos conferidos a uma e outra categoria. Falar em hierarquia, recorda-nos o patriarcado, uma teoria considerada ultrapassada por muitas/os teóricas/os, a qual, na reflexão de Lerner (1999), “em sua definição mais ampla, é a manifestação e a institucionalização do domínio masculino sobre as mulheres e os filhos da família e... sobre as mulheres da sociedade em geral” (p. 178), porém, assim, parece inviabilizar o uso da teoria pois fixa o caráter de dominação nas mulheres, universalizando-as. Enfim, a partir destas reflexões não se propõe postular uma identidade da prostituta, tampouco estudar a prostituição partindo de constructos limitantes pois, “as possibilidades históricas materializadas por meio dos vários estilos corporais nada mais são do que ficções culturais punitivamente reguladas.” (Butler, 2003, p. 199)