PAPEL DO CIRURGIÃO DENTISTA NO TRATAMENTO DO RONCO PRIMÁRIO E APNEIA OBSTRUTIVA DO SONO SURGEON’S ROLE IN DENTIST HUSKY PRIMARY TREATMENT AND SLEEP APNEA OBSTRUCTIVE Stefan Fiuza de Carvalho DEKON¹ Marcelo Coelho GOIATO² Tahiana Pigozzi Codo AMARAL³ Tamires Miranda ALVES4 Nathália Valência QUINTINO4 Leonardo Pereira VIANA5 RESUMO A Síndrome da Apneia Obstrutiva do Sono (SAOS) vem despertando muito interesse por ser uma condição não estabelecida totalmente na medicina.Trata-se de microdespertares que geram a fragmentação do sono, e consequentemente, prejudica a coordenação motora, deficiências hormonais, capacidade de raciocínio, entre outros. Os sinais e sintomas comuns são o ronco, sonolência excessiva diurna, perda de memória, irritabilidade, falta de atenção. Para diagnóstico, a Polissonografia (PSG) é o exame padrão ouro e um treinamento aos cirurgiões dentistas é necessário para que saibam interpretá-lo e realizar o tratamento cabível a classe odontológica. UNITERMOS: Ronco, Síndrome da Apneia do Sono, Sono. INTRODUÇÃO Dormir bem é essencial para manter-se saudável, melhorar a qualidade de vida e até aumentar a longevidade. Durante o período de sono, nosso organismo realiza f unções importantes com consequências diretas à saúde, como o fortalecimento do sistema imunológico, secreção e liberação de hormônios (hormônio do crescimento, insulina e outros), consolidação da memória, relaxamento e descanso da musculatura4. Uma noite comprometida pode prejudicar a coordenação motora e a capacidade de raciocínio do indivíduo, além de outros danos. O ronco é considerado um problema social, sendo um fator de desagregação familiar, muitas vezes levando a pessoa que ronca a dormir em quarto separado, bem como torna a pessoa que ronca motivo de piadas entre companheiros de trabalho8. É causado pela vibração dos tecidos da garganta em função da turbulência do ar à medida que as vias aéreas se estreitam. A obesidade, a respiração bucal e o uso de cigarro e álcool agravam de modo significativo o ronco6. A interrupção abrupta do ronco durante alguns segundos pode indicar a ocorrência de um episódio de apnéia, seguindo-se um novo ronco de maior intensidade, forçando a abertura da via aérea e reiniciando a respiração. Esse fenômeno normalmente é acompanhado por movimentos do membros ou espasmo muscular12. 1 2 3 4 5 - Existe uma grande parcela da população que apresenta o que se denomina de Síndrome da apnéia obstrutiva do sono (SAOS). Trata-se de uma obstrução das vias aéreas quando há uma aproximação dos tecidos da garganta, dificultando a passagem do ar e impedindo a respiração por alguns segundos, com várias repetições. Como se trata de uma síndrome, apresenta outras características associadas, como hipersonolência diurna, irritabilidade, desvio de atenção, perda de memória, dentre outros. Alguns apresentam fatores de risco para essa enfermidade, como alterações no desenvolvimento crânio-facial, obesidade, deficiência hormonal e até mesmo fatores genéticos. A polissonografia é um exame indispensável para que o paciente possa ser diagnosticado com a SAO S, dev endo ser real izada por médi cos especialistas. No entanto, dependendo do grau de severidade da doença, a mesma poderá ser tratada em ambiente hospitalar ou até mesmo em consultório odontológico, caso seja considerada leve a moderada. Para isso, um conhecimento e treinamento geral do assunto são fundamentais para que o cirurgiãodentista atue no seu campo de trabalho. REVISÃO DE LITERATURA Apnéia obstrutiva do sono (SAOS) é uma parada respiratória provocada pelo colabamento das paredes da faringe. A repetição dos episódios de Prof. Ass. Dr. da Disciplina de Prótese Parcial Fixa da Faculdade de Odontologia de Araçatuba –UNESP Prof. Tit. Da Disciplina de Prótese Total da Faculdade de Odontologia de Araçatuba - UNESP; Graduanda do 5º ano Integral da Faculdade de Odontologia de Araçatuba (Unesp). Cirurgiãs Dentias Mestre em reabilitação oral - Foa - Unesp Revista Odontológica de Araçatuba, v.36, n.2, p. 70-74, Julho/Dezembro, 2015 70 apnéia tem como consequência a menor oxigenação do sangue e também a hipercapni a, o que pode redundar em danos ao organismo3. Apnéia (do grego “vontade de respirar”) é definida como a cessação da respiração por 10 ou mais segundos12. Estudos maisrecentes demonstram que essa redução do fluxo aéreo, em roncadores habituais e em apnéicos, não se restringe ao fluxo inspiratório, mas que o processo de obstrução das vias aéreas superiores (VAS) é evento inspiratório e expiratório9. As apnéias podem ser classificadas como obstrutivas, mistas ou centrais. Nas obstrutivas, o fluxo aéreo é impedido pelo colapso das vias aéreas superiores, apesar dos esforços repetidos para restabelecer a respiração. Durante as apnéias centrais, a ventilação cessa porque o sistema nervoso central é incapaz de ativar o diafragma e outros músculos respiratórios. As apnéias mistas começam com uma pausa do centro respiratório, seguida por aumento sucessivo do esforço respiratório contra uma via aérea obstruída12. FATORES DE RISCO O ronco é um pré-requisito para a síndrome de apnéia do sono, e estudos recentes enfatizam que essa síndrome tenha uma predisposição familiar. Havendo predisposição genética para o ronco e para a SAOS, essa predisposição poderia ser anatômica (estreitamento congênito das faces, cavidade oral pequena, por exemplo), funcional (por exemplo, defeito de coordenação da atividade dos músculos dilatadores da faringe e do diafragma) ou constitucional (por exemplo, hábito pletórico, pescoço curto, obesidade)9. Alterações na anatomia externa da cabeça e pescoço podem ser f atores de ri sco para desenvolvimento da SAOS, independentemente da obesidade. O dismorfismo craniofacial pode envolver um atraso no desenvolvimento da mandíbula, produzindo uma retroposição mandibular. Essa micrognatia ou hipoplasia mandibular é associada com o posicionamento posterior da base da língua, o que estreita as VAS15. Ainda, a forma e o tamanho das VAS dependem das estruturas do tecido mole (palato, úvula, língua e parede da faringe), as quais podem ser influenciadas pela ação da gravidade. A avaliação da morfologia craniofacial, com estudos cefalométricos diversificados, analisando estruturas ósseas e partes moles como a língua, o palato mole e a faringe, tem procurado encontrar parâmetros preditivos para o ronco e para a SAOS. Até o momento, não se sabe a relevância de anormalidades encontradas a partir desses estudos anatômicos. Por outro lado, há indícios de que anormali dades encontradas em estudos cefalométricos, particularmente em tecidos moles, ocorram mais provavelmente como conseqüência do ronco habitual e da SAOS do que de um evento primário. Assim, em estudos recentes, a instabilidade das VAS e seu controle muscular parecem fatores mais relevantes na fisiopatologia dos distúrbios respirat órios do sono (DRS) do que puros estreitamentos anatômicos9. Existe alguma evidência de que o status hormonal pode influenciar a atividade dilatadora dos músculos das VAS. Mulheres em pré-menopausa têm grande atividade da musculatura do genioglosso, quando comparadas com mulheres em pósmenopausa e homens da mesma idade. Acredita-se, então, que a progesterona pode ter um papel protetor da apneia antes da menopausa. O maior nível de progesterona ocorre na fase lútea do ciclo menstrual, e nesse período as mulheres experimentam um aumento no comando ventilatório, evidenciando uma das funções desse hormônio. Progesterona exógena tem sido associada a uma pequena, mas definitiva, melhora na ventilação durante o sono de homens e mulheres com apneia. Outro hormônio também importante é o estrogênio, e a sua administração está associada à diminuição plasmática de interleucina 6, a qual está elevada em pacientes com apneia. Portanto, mulheres em pós-menopausa em uso de terapia de reposição hormonal (progesterona e estrogênio) têm menor prevalência de SAOS, pois possuem dois mecanismos protetores15. Quanto ao tônus do músculo genioglosso, acredita-se que ele é maior nas mulheres, sugerindo um mecanismo de defesa para manutenção da permeabilidade das VAS. Dessa forma, quando deitados na posição de decúbito dorsal, os homens têm uma maior redução da luz das VAS do que as mulheres, visto que quando um indivíduo se situa nessa posição, a língua e o palato mole projetam-se posteriormente, reduzindo a área da orofaringe. Uma outra situação que corrobora essa hipótese é que quando há aumento da circunferência do pescoço, por acúmulo de gordura, as mulheres mantêm o diâmetro transverso das VAS maior que o dos homens, sugerindo, mais uma vez, que elas apresentam um melhor mecanismo de defesa15. Por outro lado, a administração exógena de testosterona em mulheres e homens sadios induz apnéias sem aumentar o peso, pois tem sido associada a uma maior colapsibilidade das VAS. Acredita-se que níveis elevados de andrógenos podem alterar a composição da gordura corpórea e levar a maior depósito de tecido mole na faringe, podendo atuar também sobre os músculos dilatadores da faringe, relaxando-os. A apneia é resolvida após a retirada exógena dohormônio ou, em casos de tumores produtores de testosterona, com a sua ressecção15. A obesidade aumenta a freqüência do ronco e da síndrome da apnéia obstrutiva do sono (SAOS), conf orme tem sido regi strado nos estudos epidemiológicos9. O maior acúmulo de gordura na região de circunferência do pescoço, aumenta o risco do indivíduo de desenvolver apnéia, uma vez que pode agravar o colabamento das VAS durante o período de sono. Idade, peso e circunferência do pescoço estão intimamente ligados, uma vez que, com o aumento Revista Odontológica de Araçatuba, v.36, n.2, p. 70-74, Julho/Dezembro, 2015 71 da idade, aumenta-se o nível de gordura corporal, com conseqüente elevação da deposição de gordura em torno do pescoço. Porém, dentre os fatores de risco para a SAOS, a obesidade é um dos de maior importância e pode ser reversível. Ainda, a ingestão de álcool é reconhecida como um dos fatores de piora das apnéias, aumentando sua freqüência e duração, intensificando as arritmias cardíacas concomitantes e as reduções de saturação de oxigênio. Por outro lado, sua influência na mortalidade da SAOS ainda está para ser determinada em estudos populacionais13. SINTOMAS E CONSEQUÊNCIAS Pacientes portadores da SAOS apresentam sonolência diurna excessiva não explicada por outros fatores ou no mínimo dois dos seguintes sintomas, também não explicados por outros fatores - engasgos durante o sono, despertares recorrentes, sono não reparador, f adiga diurna ou di f icul dade de concentração, monitorização polissonográfica durante a noite mostrando cinco ou mais eventos respiratórios obstrutivos por hora de sono. Estes eventos podem ser indistintamente redução (hipopnéia) ou interrupção completa (apnéia) do fluxo de ar apesar da manutenção do esforço inspiratório ou esforço respiratório relacionado ao despertar15. Apesar do ronco ser o problema mais incômodo, a apnéia do sono é o problema bastante relevante uma vez que afeta vários órgãos do nosso corpo, principalmente o coração, onde aumenta de modo significativo a possibilidade de desenvolver arritmias, hipertensão, infarto e derrame cerebral. Um paciente apneico, durante uma crise, não tem chances de morrer sufocado devido a mesma, já que o cérebro tem o controle sobre o nível de oxigênio e gás carbônico no sangue e quando eles se alteram a pessoa acorda e volta a respirar. A apneia obstrutiva não mata diretamente, mas aumenta muito a chance de desenvolver doenças que matam como o infarto do coração e os derrames cerebrais7. Esta síndrome é, atualmente, considerada um problema de saúde pública por causar aumento de acidentes de trânsito e trabalho, bem como, da morbimortalidade cardiovascular14. DIAGNÓSTICO Muitos pacientes procuram o médico com queixa de ronco, principalmente quando desencadeia conflitos matrimoniais e familiares insustentáveis. O barulho excessivo é o que realmente os incomoda, não se atentando para outros quadros associados. Em geral, as queixas de fadiga, sonolência diurna, alterações comportamentais e cognitivas são pouco valorizadas pelo próprio paciente que as atribui a desgastes físicos, emocionais e/ouenvelhecimento. No entanto, uma avaliação adequada pode diagnosticar que o ronco tem chances de fazer parte da SAOS14. Para obtenção do diagnóstico, deve-se fazer uma avaliação completa do paciente, realizando-se a princípio um exame físico e clínico geral. As variáveis antropométricas (peso e altura), a circunferência do pescoço e a pressão arterial devem ser mensuradas. Entre essas variáveis do exame físico, destacam-se, como de maior valor preditivo, a circunferência do pescoço, o índice de massa corpórea e a presença de hipertensão arterial1. Na parte odontológica do diagnóstico, é fundamental avaliar a morfologia craniofacial de cada indiv íduo, detect ando-se alterações do desenvolvimento da maxila (hipoplasia) e da mandíbula (retroposição mandibular)1. Os pacientes obesos com concentração de gordura no nível do tronco comumente apresentam pescoço curto, circunferência cervical alargada, excesso de gordura na região submentoniana e osso hioide deslocado inferiormente. As alterações da oclusão dentária (mordida cruzada, mordida aberta, má oclusão de classe II de Angle, presença de palato ogival e estreitamento lateral da maxila podem sugerir um crescimento inadequado da maxila e/ou da mandíbula, o que pode sugerir uma predisposição ao colabamento das vias aéreas superiores1. Uma anatomia desproporcional da cavidade oral, seja por aumento de t ecidos moles (principalmente do volume da língua) ou por hipodesenvolvimento da estrutura óssea bimaxilar, pode ser suspeitada aplicando a classificação de Mallampati modificada. Índice de Mallampati modificado: Classe I: visualiza-se toda a parede posterior da orofaringe, incluindo o polo inferior das tonsilas palatinas. Classe II: visualiza-se parte da parede posterior da orofaringe. Classe III: visualizam-se a inserção da úvula e o palato mole. Não é possível evidenciar a parede posterior da orofaringe. Classe IV: visualizam-se somente parte do palato mole e o palato duro. Após a avaliação do paciente como um todo, devem ser realizados exames específicos para detecção da SAOS. A polissonografia é considerada indispensável e consiste na monitorização, durante a noite inteira, de diversos parâmetros fisiológicos, incluindo o eletroencefalograma, eletrocardiograma, eletrooculograma, eletromiograma, medida de fluxo aéreo bucal e nasal, esforço respiratório por meio de pneumógrafo e medida desaturação transcutânea contínua de O2 por meio de oxímetro. Esta monitorização é feita em Centros de Distúrbios do Sono, em salas com temperatura constante e atenuação de sons. A severidade da SAOS é, via de regra, av ali ada com base nos dados da polissonografia2, verificando-se também se existem out ros distúrbios do sono cujos sintomas assemelham-se com a apnéia e, para que se possa Revista Odontológica de Araçatuba, v.36, n.2, p. 70-74, Julho/Dezembro, 2015 72 avaliar os resultados do tratamento, faz-se uma antes e uma depois, comparando-se ambas. Existe um outro exame, podendo este ser realizado por um cirurgião-dentista, que não deve substituir a polissonografia, mas pode auxiliar no acompanhamento do paciente, sendo de fácil aplicação, rápido e sem qualquer custo. Trata-se da escala de Epworth (Tabela 1), desenvolvida em 1991 por um médico australiano, Dr. John W. Murray, e desde então é utilizada em todo o mundo e, apesar de ser um método subjetivo, contribui para a avaliação do quadro. A escala citada acima possui numeração de 0 a 3, baseando-se nas chances do paciente cochilar, sendo considerada de nenhuma à alta chance de cochilar, acompanhando a ordem crescente de numeração. TRATAMENTO Os tratamentos para a SAOS irão depender do grau de severidade da doença, que pode ser leve, moderada ou severa. Existem métodos cirúrgicos e também paliativos para o tratamento. As cirurgias podem ser a redução dos tecidos da garganta (uvulopalatofaringoplastia) através da remoção da úvula e parte do palato mole e cirurgias para avanço uni ou bi-maxilar (cirurgias ortognáticas) que consistem no avanço da parte óssea bucal (maxila e mandíbula). São realizadas pelo Otorrino (Uvulopalatofaringoplastias) ou pelo Cirurgião Bucomaxilofacial (Ortognáticas)7. Dentre os métodos não-cirúrgicos e paliativos, tem-se os aparelhos de pressão positiva (CPAP, Figura 3) que são compostos de um compressor de ar, de um tubo e uma máscara que, injetando ar nas vias aéreas, mantém as paredes da faringe afastadas e impede o colapso da via aérea. Tem sua indicação principal noscasos de apnéias moderadas ou graves. São adaptados pelo médico especialista em sono7. Além disso, existem os aparelhos orais que são placas presas aos dentes, que se articulam entre si avançando a mandíbula e com isso afastam os tecidos da garganta, evitando o ronco e a apnéia do sono. De fácil adaptação, são indicados nos casos de ronco primário (sem apnéia) e nas apnéias obstrutivas leves e moderadas. Tem sido a alternativa mais conservadora no tratamento do ronco e da apnéia do sono. São adaptados por dentistas com conhecimento e treinamento em medicina do sono7. PAPEL DO CIRURGIÃO DENTISTA NA SAOS O cirurgião-dentista tem papel significativo no diagnóst ico da SAO S, podendo uti lizar da classificação de Mallampatti, a qual avalia o paciente quanto a sua predisposição para a doença por meio da anatomia da cavidade oral. Pode ainda realizar a avaliação do indivíduo através da Escala de sonolência de Epworth, a qual é baseada nas chances de cochilar do mesmo. O tratamento, dependendo do grau de severidade da doença, pode ser realizado também pelo cirurgião-dentista. Os aparelhos orais instalados por esse profissional são indicados quando a SAOS é considerada de leve a moderada. Porém, dentro desse critério, sua indicação possui algumas limitações, sendo elas: - Impossibilidade de reter o aparelho na boca, tendo como exemplo pacientes que têm poucos dentes, os que usam próteses removíveis extensas, portadores de prótese total (dentadura) inferior e problemas periodontais severos em que os dentes apresentam mobilidade acentuada4. - Casos em que a perspectiva de bons resultados é pequena. Pacientes muito obesos ou com índice de apnéia muito acentuado (acima de 30 apnéias por hora) precisam ser bem avaliados, pois a perspectiva de resultados é mais pobre, devendo-se optar por outro tipo de tratamento, ficando o aparelho como uma segunda opção ou para ser usado em conjunto com outros tratamentos4. - Nos casos em que o paciente tem problemas na Articulação (ATM) da mandíbula (dor, estalos ou desvios). Nestes casos é preciso uma avaliação detalhada da articulação e um tratamento diferenciado, pois o aparelho pode agravar estes problemas4. É necessário fazer uma avaliação, na qual o dentista ou o médico especialista em sono verificam as condições para a colocação do aparelho, se é preciso fazer alguns exames complementares, como radiografias ou outros exames médicos, avaliação da condição dentária verificando possíveis problemas que precisam ser tratados antes da colocação do aparelho7. O aparelho funciona avançando a mandíbula e mantendo-a firmemente nessa posição. O avanço da mandíbula faz com que os tecidos da garganta se “estiquem”, aumentando a abertura para a passagem do ar. O avanço mandibular estimula um reflexo que faz a musculatura da faringe e arredores ficarem mais tensos e mais firmes, evitando o ronco. Mantendo a mandíbula presa ao aparelho, ele não permite que ela “caia” durante o sono, abrindo a boca, pois esse movimento de abertura geralmente é seguido de um reflexo que faz a língua ir para trás obstruindo a passagem do ar7. Revista Odontológica de Araçatuba, v.36, n.2, p. 70-74, Julho/Dezembro, 2015 73 Vale ressaltar que o aparelho oral é paliativo, ou seja, não atua na causa da doença e sim na suspensão dos seus sintomas enquanto o paciente estiver sob seu uso. CONCLUSÃO A população procura médicos especialistas em tratamento para distúrbios do sono quando os mesmos passam a ser um incômodo e interferem em sua vida social. No entanto, o cirurgião-dentista pode fazer uma anamnese de rotina e constar, após uma escala subjetiva, se o paciente apresenta a SAOS, podendo encaminhar o mesmo a um atendimento especializado. E dependendo do grau de severidade desta, o profissional possui condições de realizar o tratamento através da placa intra-oral, que é um método mais barato e não-cirúrgico. ABSTRACT Obstructive Apnea Syndrome (OSAS) is attracting much interest because it is a condition not fully established in medicina.Trata up of arousals that generate sleep fragmentation, and consequently impairs motor coordination, hormone deficiencies, thinking ability , among others. The common signs and symptoms are snoring, excessive daytime sleepiness, memory loss, irritability, lack of attention. For diagnosis, polysomnography (PSG) is the gold standard examination and training to dentists need to know to interpret it and perform the appropriate treatment the dental profession. UNITERMOS: Snoring, sleep apnea syndrome, 5. http://www.cursospos.com.br/arquivos_biblioteca/ 3feeb13cf32fc98e5f45e3c50259003be1134277.pdf 6. h t t p : / / w w w. d e n t i s t a d o s o n o . c o m . b r / ronco_apneia.php 7. http://www.dentistadosono.com.br/tratamentos.php 8. http://www.fariadinizodontologia.com/artigosodontologicos/ronco-e-apneia-do-sono/ 9. CARDEAL, J.O.; OLIVEIRA, A.S.B. & GABBAI, A.A. É o Ronco Secundário a uma Miopatia Focal?; Rev. Neurociências 8(1): 26-30, 2000. 10. BALBANI, APS et al. Ronco e síndrome da apnéia obstrutiva do sono; Rev Ass Med Brasil 1999; 45(3): 273-8. 11. Boari, L; Cavalcanti, C.M; Bannwart, S.R.F.D; Sofia, O.B; Dolci, J.E.L. Avaliação da escala de Epworth em pacientes com a Síndrome da apnéia e hipopnéia obstrutiva do sono; Rev Bras Otorrinolaringol. V.70, n.6, 752-6, nov./dez. 2004. 12. BALBANI, APS et al. Ronco e síndrome da apnéia obstrutiva do sono; Rev Ass Med Brasil 1999; 45(3): 273-8. 13. R. Reimão, S.H. Joo. Mortalidade da apnéia obstrutiva do sono; Rev. Assoc. Med. Bras. vol.46 n.1 São Paulo Jan./Mar. 2000. 14. Boari, L; Cavalcanti, C.M; Bannwart, S.R.F.D; Sofia, O.B; Dolci, J.E.L. Avaliação da escala de Epworth em pacientes com a Síndrome da apnéia e hipopnéia obstrutiva do sono; Rev Bras Otorrinolaringol. V.70, n.6, 752-6, nov./dez. 2004. 15. Martins, A.B; Tufik, S; Moura, S.M.G.P.T.M. Síndrome da apnéia-hipopnéia obstrutiva do sono. Fisiopatologia; J. bras. pneumol. v.33 n.1 São Paulo jan./fev. 2007. Sleep. REFERÊNCIAS 1. Bittencourt LRA, Haddad FM, Fabbro CD, Cintra FD, Rios L. Abordagem geral do paciente com síndrome da apneia obstrutiva do sono; RevBrasHipertens vol.16(3):158-163, 2009. 2. http://docasuloaborboleta.blogspot.com.br/ 2012_01_01_archiv e.html via Rev ista da Associação Médica Brasileira 3. http://drauziovarella.com.br/obesidade/apneiaobstrutiva-do-sono-saos/?trackid=sp-006 (2011) 4. Bomfim, Marco Aurélio Gouvêa. Importância do Sono e Sua Principais Int erf erênci as; www.abcdasaude.com.br ENDEREÇO PARA CORRESPONDÊNCIA: Prof. Stefan Fiuza de carvalho Dekon Departamento de Materiais Odontológicos e Prótese, Faculdade de Odontologia de Araçatuba UNESP, Rua José Bonifácio 1193, CEP 16.015-050, Vila Mendonça, Araçatuba/SP. [email protected] Revista Odontológica de Araçatuba, v.36, n.2, p. 70-74, Julho/Dezembro, 2015 74